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Mato Grosso não tem plano de emergência para atuação em caso de transbordamento ou rompimento de barragens

das pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) e usinas hidrelétricas construídas em rios de suas três bacias
hidrográficas.

Até então, o Estado em todas as suas esferas somente se preocupou com a questão a montante das barragens, mas
nunca se interessou pelo que pode ocorrer a jusante em caso de tragédia provocada por inundações.

A falta de planejamento, de acompanhamento de situação e monitoramento das chuvas fica claro agora, com o falso
alarme de rompimento de barragem no rio Santana, o que levou moradores de Nortelândia ao desespero na noite de
ontem, com centenas de famílias deixando suas casas em busca de abrigos em áreas mais distantes das margens e
em pontos elevados.

Em Nortelândia, a construtora Camargo Corrêa e a Firenze Energética (que provavelmente pertence ao grupo da
Camargo) construíram no rio Santana duas PCH’s e uma terceira barragem está a um passo de ganhar materialidade.
Essas usinas se localizam perto de Nortelândia e Arenápolis.

O caso em Nortelândia precisa despertar as autoridades para a necessidade de elaboração de inventário dos
reservatórios das usinas e a consequente elaboração de plano de defesa civil para evacuação e adoção de outras
medidas.

Lamentável que as autoridades atuais e suas antecessoras não tenham se atentado para o fato de que nos últimos 13
anos foram aprovados mais de 100 projetos no setor de geração de energia elétrica em Mato Grosso sendo que muitas
barragens foram construídas, outras estão em obra ou embargadas e algumas ainda não passam de projeto.

Não é concebível que tal indiferença administrativa perdure. É preciso rever essa situação. Também seria importante
que a bancada federal apresentasse projeto no Congresso exigindo que toda obra de barragem seja precedida de
plano de defesa civil. Vale observar que a maior parte dessa gigantesca caixa d’água pontilhada em todas as regiões
foi construída com financiamento pelo BNDES, que é banco do povo brasileiro.

Em Mato Grosso a visão monocular sobre meio ambiente deixa o ser humano em plano inferior. Antes que barragem
ecologicamente construída roube a vida de milhares de moradores ribeirinhos ao curso das águas que movimentam
suas turbinas o governo tem que cumprir o papel que até agora nunca foi pauta de seus compromissos.

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