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Livre-arbítrio: Afinal, temos ou não temos? http://www.ipb.org.br/portal/artigos/61-artigos/431-...

Livre-arbítrio: Afinal, temos ou não


temos?
por Rev. Waldemar Alves da Silva Filho

Introdução

Neste estudo, iremos procurar entender a questão que envolve o termo


“Livre-arbítrio”.

Trata-se de um tema que trouxe grande discussão durante alguns


períodos da História. O entendimento diferente acerca deste tema, ou
seja a defesa da existência de um “livre-arbítrio” ou a sua negação, tem
divido pessoas até hoje.

Mas, afinal temos ou não temos livre-arbítrio? É isto mesmo que iremos
verificar, não só analisando as posições teológicas acerca do assunto,
mas, buscando luz da Bíblia para clarear nosso entendimento.

Antes de mais nada precisamos definir o que seja esse tal “Livre-
arbítrio”:

1. Livre-arbítrio

“Livre-arbítrio”, tem sido definido, como a capacidade dada ao homem,


por ocasião de sua criação, para escolher entre o bem e o mal, entre
agradar a Deus ou desobedecê-Lo. Seria o “livre poder de eleger o bem
ou o mal”.

Héber Carlos de Campos também a define como tendo sido a capacidade


que o homem teve, “de escolher as coisas que combinavam com a sua
natureza santa, mas que, mutavelmente, pudesse escolher aquilo que era
contrário à sua natureza santa”.

Vejam que tais definições, estão de acordo com o que prescreve a nossa
Confissão de Fé:

O homem em seu estado de inocência , tinha a liberdade e o poder de


querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente,
de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder.

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É importante dizermos que quanto a definição, não existe dificuldade. O


problema todo que envolve o tema, é se o homem hoje, depois da queda ,
possui ou não esse tal de livre-arbítrio.

Antes mesmo de entrar propriamente na discussão, se o homem ainda


dispõe dessa capacidade, precisamos dizer algo acerca de uma faculdade
natural e inalterada no homem, mesmo depois da queda, chamada de
“livre agência” ou “capacidade de escolha”.

2. Livre Agência ou Capacidade de Escolha

Existe no homem uma capacidade tal que lhe dá condições de fazer


escolhas, de acordo com o que lhe é agradável. O homem sempre e em
qualquer condição, faz as suas escolhas, de tal forma que ele é
responsabilizado por elas. “Essa capacidade ou aptidão é um aspecto
inalienável da natureza humana normal”. Ele é livre para escolher o que
lhe agrada, de acordo com suas inclinações.

Sobre este aspecto da existência humana a CFW diz o seguinte:

Deus dotou a vontade do homem com tal liberdade natural, que ela nem
é forçada para o bem nem para o mal, nem a isso determinada por
qualquer necessidade absoluta de sua natureza. Ref. Tiago 1:14; Deut.
30:19; João 5:40; Mat. 17:12; At.7:51; Tiago 4:7.

Comentando acerca desta seção da CFW, A. A. Hodge diz o seguinte:

...que a alma humana, inclusive todos os seus instintos, idéias, juízos,


emoções e tendências, tem o poder de decidir por si mesma; isto é, a
alma decide em cada caso como geralmente lhe agrade.

O homem é livre para escolher, sendo que nada externamente pode


forçar suas escolhas. Isto é essencial no homem, faz parte da sua criação
a imagem e semelhança de Deus. “À parte dela, não pode haver qualquer
responsabilidade, confiança ou planejamento. À parte dela, não pode
haver educação, religião ou adoração. À parte dela, não pode haver
qualquer arte, ciência ou cultura. A capacidade de escolher é uma
condição sine qua non de toda a vida humana”.

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A definição de Campos sobre este assunto é também esclarecedora:

Livre Agência, por outro lado, poderia ser definida como a capacidade
que todos os seres racionais têm de agir espontaneamente, sem serem
coagidos de fora, a caminharem para qualquer lado, fazendo o que
querem e o que lhes agrada, sendo, contudo, levados a fazer aquilo que
combina com a natureza deles.

Campos ainda falando sobre este aspecto, enfatizando a responsabilidade


humana em suas escolhas diz:

É importante que o ser racional que ele aja sempre movido pelo seu ego.
A responsabilidade dele sempre estará diretamente ligada à
voluntariedade do seu ato. Todos os atos dele devem ser auto-inclinados
e auto-determinados.

Portanto, para que haja responsabilidade, não é necessário que haja o


poder de escolha contrária, mas sim, que haja o poder de
auto-determinação, que a ação seja nascida nas inclinações do ser
racional.

Pelo que ficou demonstrado, em qualquer época o homem é livre para


agir conforme sua condição, sua natureza, ou seja, ele sempre faz o que
quer conforme a sua inclinação.

3. A queda do homem: O que aconteceu ao livre-arbítrio?

Como dissemos acima, na criação o homem recebeu a capacidade de


fazer escolhas e possuía também a liberdade de fazer escolhas certas, ou
seja podia escolher agradar a Deus, de tal forma que pudesse cair desse
estado em que foi criado. O homem foi criado totalmente santo, integro,
contudo podia escolher algo que fosse contrário a essa sua natureza. E
foi isso o que aconteceu, ou seja, escolheu pecar. “No princípio,
portanto, o homem não era um ser neutro, nem bom nem mau, mas um
ser bom que era capaz de, com a ajuda de Deus, viver uma vida
totalmente agradável a Deus”. Como dizia Agostinho, o homem tinha a

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“capacidade de não pecar” (posse non peccare).

Neste sentido, até antes de sua queda podemos dizer, o homem possuía o
livre-arbítrio, contudo com a desobediência, ele perdeu tal capacidade,
sendo que não mais consegue fazer escolhas certas, não consegue
agradar a Deus. Suas escolhas serão sempre determinadas pelo estado
em que caiu. Suas escolhas serão de acordo com a sua natureza.

É neste ponto que surgem então discussões, pois, diferente da posição


Reformada Calvinista, os Arminianos irão afirmar que o homem ainda
possui o livre-arbítrio. Ele pode sem a intervenção de Deus, em seu
estado natural, fazer escolhas espirituais acertadas.

Para os arminianos a queda do homem, embora tenha trazido algum


prejuízo não afetou totalmente o homem, sendo que, continua em seu
estado natural a ter habilidades para escolher a salvação, para escolher
agradar a Deus. Desta forma, a depravação não foi total.

Vejam mais detalhadamente a posição dos arminianos quanto a


depravação do homem:

Embora a natureza humana tenha sido seriamente afetada pela queda, o


homem não ficou reduzido a um estado de incapacidade total. Deus,
graciosamente, capacita todo e qualquer pecador a arrepender-se e crer,
mas o faz sem interferir na liberdade do homem. Todo pecador possui
uma vontade livre (livre arbítrio), e seu destino eterno depende do modo
como ele usa esse livre arbítrio. A liberdade do homem consiste em sua
habilidade de escolher entre o bem e o mal, em assuntos espirituais. Sua
vontade não está escravizada pela sua natureza pecaminosa.. O pecador
tem o poder de cooperar com o Espírito de Deus e ser regenerado ou
resistir à graça de Deus e perecer. O pecador perdido precisa da
assistência do Espírito, mas não precisa ser regenerado pelo Espírito
antes de poder crer, pois a fé é um ato deliberado do homem e precede o
novo nascimento. A fé é o dom do pecador a Deus, é a contribuição do
homem para a salvação.

O ensino arminiano segue o raciocínio de Pelágio, com diferença apenas


no fato de que este, dizia que a queda não afetou em nada a humanidade,
de tal forma que “o homem continua nascendo na mesma condição em
que Adão estava antes da queda. Esta isento não só de culpa, como
também de polução.” Por isso, os arminianos são considerados

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semi-pelagianos, pois pensam que o homem depois da queda tenha


capacidade para fazer escolhas certas.

Os reformados calvinistas, em contra partida, afirmam que a queda


incapacitou totalmente o homem, afetando todas as suas faculdades. O
homem após a queda perdeu tal liberdade, sendo agora escravo do
pecado, morto espiritualmente.

Vejam mais detalhadamente o pensamento calvinista sobre a depravação


total

Devido à queda, o homem é incapaz de, por si mesmo, crer de modo


salvador no Evangelho. O pecador está morto, cego e surdo para as
coisas de Deus. Seu coração é enganoso e desesperadamente corrupto.
Sua vontade não é livre, pois está escravizada à sua natureza má; por
isso ele não irá - e não poderá jamais - escolher o bem e não o mal em
assuntos espirituais. Por conseguinte, é preciso mais do que simples
assistência do Espírito para se trazer um pecador a Cristo. É preciso a
regeneração, pela qual o Espírito vivifica o pecador e lhe dá uma nova
natureza. A fé não é algo que o homem dá (contribui) para a salvação,
mas é ela própria parte do dom divino da salvação. É o dom de Deus para
o pecador e não o dom do pecador para Deus.

Os calvinistas neste sentido, seguem os ensinos de Agostinho, que por


sua vez combateu os ensinamentos de Pelágio. Agostinho ensinou que
quando os seres humanos “pecaram, embora não perdessem a sua
capacidade de fazer escolhas, perderam a sua capacidade de servir a
Deus sem o pecado – em outras palavras, a sua verdadeira liberdade. O
homem tornou-se, então, um escarvo do pecado; ele passou ao estado de
‘não ser capaz de não pecar’ (non posse non peccare).”

A CFW afirma o seguinte acerca disso:

O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o


poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a
salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse
bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder,
converter-se ou mesmo preparar-se para isso. Ref. Rom. 5:6 e 8:7-8; João
15:5; Rom. 3:9-10, 12, 23; Ef.2:1, 5; Col. 2:13; João 6:44, 65; I Cor. 2:14;
Tito 3:3-5.

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Calvino também disse o seguinte acerca desta situação do homem:

As Escrituras atestam que o homem é escravo do pecado; o que significa


que seu espírito é tão estranho à justiça de Deus que não concebe,
deseja, nem empreende coisa alguma que não seja má, perversa, iníqua e
impura; pois o coração, completamente cheio do veneno do pecado, não
pode produzir senão os frutos do pecado.

O homem, após a queda não possui mais o livre-arbítrio, não pode mais
escolher algo que é contrário a sua natureza pecaminosa. Ele está morto,
cego, é escravo do pecado.

Esta doutrina defendida pelos calvinistas, pelos reformados, que por sua
vez é negada pelos arminianos, não se trata apenas de uma posição
teológica diferente, e sim de afirmação bíblica. Nega-la é o mesmo que
renunciar a Palavra de Deus neste assunto.

São inúmeros os textos que afirmam tal verdade, falando que o homem
está incapacitado totalmente de atender ao convite de salvação, de
atender as exigências divinas. Isto acontece por seu próprio pecado, por
sua própria inclinação e desejo. À parte da graça de Deus o homem, por
sua própria iniciativa não pode salvar-se, ou escolher isto.

Vejamos textos que servem de base para a doutrina calvinista:

1. O homem está morto, incapaz de qualquer bem, precisando da


intervenção divina: Jr 13.23; Ef. 2.1-10; Rm 3.9-18, 23; Cl 2.13; Tt 3.3-5.

2. O homem não consegue ir até Jesus, senão com a ajuda somente de


Deus: Jo 6.44, 65; Rm 9.16.

3. O homem precisa nascer de novo, contudo, isto só aconteça através da


atuação do Espírito Santo, que age soberanamente: Jo 3.1-15.

4. O homem não pode compreender as coisas espirituais, senão pelo


Espírito: I Co 2.14-16.

5. A Bíblia declara que o homem está cego, é escarvo do pecado. Não


pode fazer outra coisa senão pecar, a não ser que Deus mude seu estado:
Ef. 4.18; Jo 8.31-36; Jo 9.35-41; Rm 6.15-23; 2 Tm 2.26.

6. O homem não pode apresentar um fruto diferente daquilo que ele é:

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Mt 7.16-18; Tg 1.16-18.

Percebam que, afirmar que o homem tem o livre-arbítrio, é o mesmo que


ignorar tais textos da Bíblia.

É importante enfatizar que, o homem mesmo neste estado, continua ser


um agente livre, ou seja, ele exerce “a livre agência”. Isto quer dizer que
continua a fazer as suas escolhas, contudo, não escolhe nada que seja
contrário a sua natureza pecaminosa (Jo 5.40; Tg 1.14; Mt 17.12; At
7.51; Ef 2.3). O homem nunca é forçado a fazer algo que não deseja. Faz
sempre aquilo que lhe traz prazer.

Sobre isto, diz Calvino:

Não pensemos, entretanto, que o homem peca como que impelido por
uma necessidade incontrolável; pois peca com o consentimento de sua
própria vontade continuamente e segundo sua inclinação. Mas, visto
que, por causa da corrupção de seu coração, odeia profundamente a
justiça de Deus; e, por outro lado, atrai para si toda sorte de maldade,
por isso afirmamos que não tem o livre poder de eleger o bem ou o mal –
que é o que chamamos livre-arbítrio.

Campos diz também o mesmo:

Originalmente, antes da queda, o homem teve tanto o livre arbítrio como


a livre agência. Depois da queda o homem ficou somente com a livre
agência, pois perdeu tanto o desejo quanto a capacidade de fazer o bem,
isto é, o poder de agir contrariamente à sua natureza.

Assim, é o homem quem escolhe continuar no pecado, contudo, não tem


capacidade, por causa do seu próprio pecado e maldade, para escolher
coisa diferente a não ser que suas inclinações e vontade sejam
transformadas por Deus, recebendo habilidade para escolher o que é
bom e reto. Por isso o homem é sempre responsabilizado por seus atos,
pois, sempre escolhe o que lhe agrada.

4. Na Redenção do Homem: O que acontece ao livre-arbítrio?

Quando Deus em sua livre graça, resolvendo salvar o homem, age em seu

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coração, pela ação do Espirito lhe implanta vida, o que acontece é que o
homem recebe habilidade para escolher o que é reto e bom. A Bíblia
descreve este ato, como o da libertação de um escravo, dando-lhe
liberdade para escolher o que é agradável a Deus, contudo, muito
embora liberto, pode ainda inclinar-se para o pecado. O homem passa a
desejar o que é bom. Isto não significa que não deseje o pecado, pois,
ainda permanece nele a imperfeição.

Sobre isto diz a CFW:

Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça,


ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado e, somente pela sua
graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é
espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção,
ainda nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja
somente o que é bom, mas também o que é mau. Ref. Col.1: 13; João
8:34, 36; Fil. 2:13; Rom. 6:18, 22; Gal.5:17; Rom. 7:15, 21-23; I João 1:8,
10.

Estaria o homem regenerado na mesma condição de Adão antes da


queda, ou seja, teria ele agora novamente o livre-arbítrio? Não, pois, não
voltamos a ser como era Adão. Ele era perfeitamente reto, santo, e podia
escolher algo que fosse contrário ao que era a sua natureza. O homem
regenerado, recebe liberdade para escolher o que é bom, contudo, não
tem o livre arbítrio, pois não escolhe algo contrário ao que ele é. Ou seja,
quando escolhe o que é bom, faz isso de acordo com a sua nova natureza
criada em Cristo e quando escolhe pecar, faz isso, conforme a sua
natureza carnal. Esta é a luta que reside dentro do homem restaurado.
Ele não pode dar lugar ao velho homem (Ef 4.17-24; Cl 3.1-11).

É importante ressaltar que, sendo regenerado o homem recebe


habilidade, que antes não tinha, para escolher a Deus. Conforme
Agostinho, o homem recebe a capacidade de não pecar (posse non
peccare). Por isso, e somente assim, pode atender ao convite do
Evangelho para a sua salvação. O homem na regeneração, continua a
exercer a sua “livre agência”.

Vejam como a CFW, fala da condição que o homem para fazer escolhas
espirituais, como um ser ativo:

Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele

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servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela


sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele
estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os
para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos
espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a
salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações
de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua
onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus
Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso
dispostos pela sua graça. Ref. João 15:16; At. 13:48; Rom. 8:28-30 e
11:7; Ef. 1:5,10; I Tess. 5:9; 11 Tess. 2:13-14; IICor.3:3,6; Tiago 1:18; I
Cor. 2:12; Rom. 5:2; II Tim. 1:9-10; At. 26:18; I Cor. 2:10, 12: Ef.
1:17-18; II Cor. 4:6; Ezeq. 36:26, e 11:19; Deut. 30:6; João 3:5; Gal.
6:15; Tito 3:5; I Ped. 1:23; João 6:44-45; Sal. 90;3; João 9:3; João6:37;
Mat. 11:28; Apoc. 22:17.

Esta vocação eficaz é só da livre e especial graça de Deus e não provem


de qualquer coisa prevista no homem; na vocação o homem é
inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo,
fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e
comunicada.

Ref. II Tim. 1:9; Tito 3:4-5; Rom. 9:11; I Cor. 2:14; Rom. 8:7-9; Ef. 2:5;
João 6:37; Ezeq. 36:27; João5:25.

É o homem que diz sim a Deus, que diz sim ao chamado do Evangelho,
depois de Ter sido habilitado, libertado do pecado. O abrir do olhos, a
nova criação, o nascer de novo, é obra da livre graça de Deus e se não
for assim, ninguém poderá crer em Cristo. Se não recebermos a fé que
vem do Senhor, nunca poderemos crer. Maravilhosa graça!

5. Na glorificação do Homem: Terá o livre-arbítrio?

Quando formos glorificados, por ocasião da vinda de Cristo e


completação de nossa salvação, teremos de volta o livre-arbítrio? Não, na
glorificação, não voltaremos a ser como Adão, estaremos à frente dele,
pois, ele quando criado não gozava de uma perfeição permanente, ou

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seja, podia cair de tal estado. Ele podia escolher algo contrário a sua
natureza, contudo, se tivesse sido obediente poderia Ter alcançado a
perfeição permanente. Os crente glorificados alcançarão o que Adão não
pode alcançar. Teremos perfeita liberdade para servir a Deus.
Continuaremos a ser agentes livres, pois, escolheremos o que estará de
acordo com a nossa natureza perfeita. Nunca escolheremos pecar, pois,
não haverá tal possibilidade, então, nunca mais teremos o livre-arbítrio.

Desta forma, como disse Agostinho, alcançaremos o estado “não posso


pecar” (non posse peccare).

Diz a CFW:

É no estado de glória que a vontade do homem se torna perfeita e


imutavelmente livre para o bem só. Ref. Ef. 4:13; Judas, 24; I João 3:2.

Comentando a CFW, Hodge diz:

Quanto ao estado dos homens glorificados no céu, nossa Confissão ensina


que continuam, como antes, agentes livres; contudo, os restos de suas
velhas tendências morais corruptas, sendo extirpadas para sempre, e as
graciosas disposições implantadas na regeneração, sendo aperfeiçoadas,
e o homem todo, sendo conduzido à medida da estatura do varão
perfeito, à semelhança da humanidade glorifica de Cristo, permanecem
para sempre perfeitamente livres e imutavelmente dispostos à perfeita
santidade. Adão era santo e instável. Os homens não regenerados são
impuros e estáveis; isto é, são permanentes na impureza. Os homens
regenerados possuem duas tendências morais opostas, digladiando-se
pelo domínio em seus corações. São lançadas entre elas, contudo a
tendência graciosamente implantada gradualmente por fim prevalece
perfeitamente. Os homens glorificados são santos e estáveis. São todos
livres e, portanto, responsáveis.

Portanto na glorificação, seremos para sempre livres, sem também o


livre-arbítrio para sempre.

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Conclusão

Os reformados, os calvinistas crêem no livre-arbítrio, como tendo sido


uma habilidade concedida a Adão e perdida na queda. Desde então o
homem ficou desprovido de qualquer habilidade para fazer escolhas
santas, agradáveis a Deus. Não lhe resta outro desejo senão o de pecar,
conforme as inclinações de seu próprio coração, sendo assim, um agente
livre e responsável.

Cremos que, nunca mais tal habilidade fará parte da existência humana.
O fato de Deus nos libertar do pecado nos habilitando a fazer escolhas
acertadas, não é o mesmo que dizer que temos o livre-arbítrio. As
escolhas sempre estarão de acordo com a nossa natureza, ou naturezas.

Nem antes, nem depois, voltaremos a ser como era Adão. Na glorificação
estaremos à frente dele, num estado em que o pecado não será possível.

Dizermos que existe um tal de livre-arbítrio, seria o mesmo que dizer que
Deus não é soberano sobre a salvação do pecador, que Ele está sujeito ao
querer do homem.

Se não fosse Deus, sua graça o que seria de nós, nunca escolheríamos a
Ele.

Que o estudo acerca desse tema, possa-nos motivar a glorificar a Deus


por causa da sua graça que, agindo em nós mudou nos inclinações e
vontade, fazendo-nos querer, desejar, o que não queríamos nem
desejávamos.

Sola Gratia!

Soli Deo Gloria!

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