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SEGUNDA-FEIRA, 4 DE ABRIL DE 2011 / CAMPINAS / ANO 83 / Nº 26536 / R$ 2,20

www.rac.com.br

BOMBAS MATAM DESTROÇOS DE AVIÃO DA


AIR FRANCE SÃO ACHADOS
CONSUMIDORES
USAM REDES SOCIAIS
NO OCEANO ATLÂNTICO PARA RECLAMAR
41 EM SANTUÁRIO Localização de turbinas ontem, quase
dois anos depois do acidente que deixou
Internet amplifica a voz
de insatisfeitos, que divulgam
Duas explosões atingiram templo muçulmano em 228 vítimas, reacende esperanças de suas queixas e exigem soluções
Punjab, na região central do Paquistão. PÁGINA B20 recuperar caixa-preta. PÁGINA B3 pela web. PÁGINA E1

Janaína Maciel/AAN

CMDU apoia
mais espaço
urbano na
Macrozona 2
Projeto aumenta perímetro em
Obstáculos na escadaria lateral da Catedral Metropolitana de Campinas, exemplo da “arquitetura anti-indesejáveis” 3,5 milhões de metros quadrados

VISITANTE INDESEJADO A ampliação do perímetro urbano


da Macrozona 2, na porção Norte/
Nordeste de Campinas, obteve pare-
cer favorável do Conselho Munici-
vários trechos urbanos em meio à
zona rural e a ocupação sem plane-
jamento tem causado danos am-
bientais. Os novos empreendimen-
A sensação de insegurança faz sur- nas muretas de lojas e pedras co- rua. A “arquitetura anti-indesejá- pal de Desenvolvimento Urbano tos deverão oferecer contrapartidas
gir nas cidades uma série de obstá- locadas sob viadutos, como o Lau- veis” na cidade foi objeto de pes- (CMDU). A proposta Prefeitura pre- e observar regras de sustentabilida-
culos criados para afastar os “inde- rão, na Norte-Sul, procuram afas- quisa do geógrafo Lucas de Melo vê a incorporação de 3,5 milhões de de. O projeto cria também cinco
sejáveis”. Em Campinas, lanças tar, especialmente, moradores de Melgaço. PÁGINA A8 metros quadrados na região, corta- parques lineares e áreas de interes-
da pela SP-340. Atualmente, já há se e proteção ambiental. PÁGINA A4

opinião

Editorial RMC cobra do Estado custo pago por municípios


Os problemas estruturais brasileiros ain-
da são graves e demandam investimen- Estrutura deficiente do governo estadual tira recursos das prefeituras PÁGINA A7
tos altos e subsequentes para suprir os
anos de atraso. PÁGINA A3
Rogério Capela/AAN

Leitores
Palmeiras vence
o Santos na Vila
e segue na ponta
O Palmeiras venceu ontem o clás-
Seus torcedo- Carlos Gomes sico contra o Santos, por 1 a 0, na
res fizeram um fez o Brasil e Vila Belmiro, e continua na lide-
sonho tornar-se rea- Campinas serem co-
lidade. O tomba- nhecidos no mundo rança do Paulista. O resultado
mento do Majestoso todo, em pleno sécu- mantém a série de jogos sem der-
é mais do que justo. lo 19. rota diante do rival — foram qua-
Luis Lima, Denise Maricato, tro vitórias e dois empates — e
porteiro professora amplia as chances do time de con-
firmar a primeira colocação na fa-
tempo se final. Nos dois últimos jogos, a
equipe tem pela frente o Prudente
MÁXIMA MÍNIMA e a Ponte Preta. PÁGINA A14

24˚ 18˚
A previsão é de sol, com períodos nubla-
dos e chuva a qualquer hora.
Lucas garante
indicadores 1 a 0 do S. Paulo
Dólar compra venda Tiago Luís comemora, em Bragança Paulista, o gol que deixou a Ponte bem perto da classificação para a próxima etapa sobre o Mirassol
Comercial 1,610 1,612

Ponte Preta quebra o jejum


Paralelo 1,720 1,780
Turismo 1,593 1,690
O São Paulo derrotou o Mirassol,
ontem, por 1 a 0, e se manteve na
Euro 2,223 2,393 segunda colocação do Paulista,
com 37 pontos. Em jogo morno
radares móveis na maior parte do tempo, o meia

Saiba onde estão localizados os


Campineiros venceram o Bragantino ontem por 1 a 0 Lucas foi o destaque. Numa gran-
de jogada individual, partiu do
equipamentos hoje meio de campo, passou por dois
Av. Marechal Rondon Mesmo desfalcada, a Ponte Preta no, ontem, em Bragança Paulista. ção bem diferente da do adversá- marcadores e driblou o goleiro pa-
(Jd. IV Centenário - 60km/h) quebrou o jejum de quatro jogos Com 29 pontos, o time de Campi- rio, que amargou a terceira derro- ra fazer o golaço são-paulino. An-
Rua da Abolição sem vitórias no Campeonato Pau- nas está bem perto da classifica- ta consecutiva e vê o risco de re- tes do jogo, Rogério Ceni foi home-
(Jd. Proença - 60km/h) lista e fez 1 a 0 diante do Braganti- ção para as quartas de final, situa- baixamento aumentar. PÁGINA A13 nageado pelo 100º gol. PÁGINA A12

Elcio Alves/AAN

Guarani dá vitória Djokovic bate


de presente para Nadal de virada
edição de hoje torcida no Brinco e leva o 4º título
28 Primeiro Caderno
Economia
10 páginas
1 página Em dia de festa na arquibancada, o Após três horas e 21 minutos de
PÁGINAS
Brasil 2 páginas Guarani iniciou a segunda fase da duelo, o tenista sérvio Novak
Mundo 1 página Série A2 do Paulista com um presen- Djokovic levou a melhor sobre o
Digital Esportes 6 páginas te para a torcida. Venceu o São José espanhol Rafael Nadal e conquis-
4 páginas Caderno C 4 páginas por 2 a 0, ontem, com gols no pri- tou ontem, de virada, o título do
meiro minuto de jogo e aos 45’ do Masters 1.000 de Miami, com par-
segundo tempo. A vitória, um dia de- ciais de 4/6, 6/3 e 7/6 (7/4). Invic-
pois de completar 100 anos, levou o to no ano, o vice-líder do ranking
Bugre ao primeiro lugar do Grupo 4, mundial Djokovic acumula ago-
em um importante passo na luta pa- ra 24 vitórias seguidas e sua quar-
ra conquistar o acesso. PÁGINA A11 O atacante Fabinho (à esq.) vibra com o meia Rafael Ipuã após o primeiro gol ta taça na temporada. PÁGINA A16
A8 CORREIO POPULAR CIDADES
Campinas, segunda-feira, 4 de abril de 2011

CIDADE ||| COTIDIANO

Prédios têm obstáculos a ‘indesejáveis’


Objetos pontiagudos, cercas e muretas impedem que cidadão sente, apesar da ausência de bancos
Fotos: Janaina Maciel/AAN
Fábio Trindade
DA AGÊNCIA ANHANGUERA REAÇÕES
fabio.silveira@rac.com.br

A primeira concepção de so-


ciedade perfeita que se conhe- Leonilde
ce surgiu no século 4 a.C, na Moreira de
obra política A República, de Souza
Platão. O filósofo falou sobre Dona de casa,
o sonho de uma vida harmô- 46 anos
nica, fraterna, que dominasse
para sempre o caos da realida- “Se incomoda o banco que as
de. Idéias que ainda servem pessoas fiquem sentadas na
como matriz inspiradora de mureta, não vejo problema em
todas utopias de cidade per- colocar as lanças, porque é
feita e da maioria dos movi- decisão da organização. Mas
mentos de reforma social que acho que ficaria pior realmente
a humanidade conhece des- um monte de gente sentada no
local.”
Tese de geógrafo Antônio
analisa a arquitetura Nascimento
da segregação social
Gesseiro,
de então. Quando a teoria é 31 anos
diferente da realidade, entre-
tanto, a sociedade cada vez “Acho muito complicado uma
mais diversificada usa a con- igreja achar uma forma de evitar
dição social como um muro as pessoas, mesmo que seja
entre os não pertencentes a possível entrar de outra forma.
mesma classe. O geógrafo Lu- Deveria ser o primeiro lugar a
cas de Melo Melgaço anali- querer receber o povo, além do
sou essa situação em Campi- fato de que algumas pessoas
nas e constatou que a procu- podem se machucar nos ferros.”
ra por igualdade na cidade se
transformou em negação ao Renan
outro, desencadeando for- Bagnarelli
mas urbanas voltadas a sepa-
rar e afastar os “indesejáveis”. Estudante,
Melgaço informa no proje- 16 anos
to, defendido como tese de
doutorado na Universidade “É horrível essa cerca. Qual o
de São Paulo (USP), em cotu- problema em sentar em um lugar
tela com a Universidade de que é público. Além disso, fica
Paris I Panthéon Sorbonne, muito perto do chão e as pessoas
que a população busca um podem se machucar. Duvido que
controle total do território a Em frente de loja no Centro de Campinas, ferros pontudos impedem que estranhos sentem na mureta; abaixo, barras de ferro alguém vai se responsabilizar se
partir da informatização do dentadas na lateral de estabelecimento na Av. Francisco Glicério são obstáculos para quem procura um lugar para descansar isso acontecer.”
cotidiano (instalação de câ-
meras, sistema de impressão Renato
digital para entrar nas residên- Oliveira
cias, entre outras) e da cria-
ção de espaços exclusivos em Frentista,
resposta à sensação de inse- 45 anos
gurança e de imprevisibilida-
de. Para ele, a própria existên- "Essas pedras deixaram o Laurão
cia de entradas e elevadores horroroso. Se a intenção era evitar
de serviço são formas de de- os mendigos, não está dando
marcar os espaços de circula- certo. Muitos ainda ficam por
ção e manter distantes os “in- aqui. Era mais fácil colocar uma
desejáveis”, ou seja, aqueles grade ou qualquer outra coisa que
que não estão na mesma con- não fosse tão feia"
dição.
Mas arquiteturas anti-inde-
sejáveis estão presentes em que o poder público transfere
praticamente todos os luga- para a iniciativa privada ten-
res, independente da classe tar resolver um problema ha-
social. A escada lateral da Ca- bitacional e social. Para ele, a
tedral Metropolitana de Cam- ausência de espaços públicos
pinas, por exemplo, contêm adequados na região, como
em todos os degraus espetos praças, bancos e árvores, faz
que impedem que as pessoas com que as empresas cer-
fiquem e/ou se sentem ali. quem o próprio patrimônio.
“Não foram instalados na mi- “É falta de planejamento da
nha gestão, mas nunca nin- Prefeitura. Com espaços de-
centes de descanso, as pes-
soas não iam precisar sentar
A FRASE na porta de uma loja ou na es-
cada de uma igreja. Não exis-
te nenhuma sombra no Cen-
tro, ou seja, é algo que preci-
“Essa intransigência sa ser revisto. Os vilões não
são os estabelecimentos priva-
não se restringe aos dos, eles estão apenas garan-
atos, pois se tindo o que é deles. O executi-
vo que tem que proporcionar
concretiza em formas segurança.”
urbanas repulsivas e A própria Administração
pública cria arquiteturas anti-
segregadoras. indesejáveis. Depois que foi
Confirmando-se essa reformado, entre 2008 e 2009,
o Viaduto São Paulo (Laurão)
tendência, chegará recebeu enormes pedras on-
certamente o de antes funcionava como
guém reclamou e por isso agir com violência”, explicou mureta de quase um metro Para o geógrafo, essas fa- moradia de muitos mendi-
momento em que as não nos preocupamos em re- o cônego Álvaro Ambiel, páro- que, atualmente, tem lanças tos se tratam mais de uma es- gos. “É muito uma questão
cidades de poucos tirar. Não é para agredir ne- co da Catedral desde 1999. em toda a extensão. tratégia de segregação. “A ma- de estética. Existe uma elitiza-
nhuma pessoa. Faço todo o Muitos comércios do Cen- Uma loja varejista, localiza- neira pela qual a segurança ção dos espaços públicos em
‘iguais’ se tornarão esforço para acolher os ir- tro de Campinas também co- da na Avenida Francisco Gli- tem sido buscada aumenta as que algumas pessoas são con-
insuportáveis para mãos e por isso não fico preo- locam objetos pontiagudos cério e em frente a um posto desigualdades espaciais e pro- sideradas inadequadas para fi-
cupado com essa pequena es- na frente dos prédios como da Polícia Civil, colocou cer- move uma privatização dos car em determinado ponto.
uma grande maioria cada insignificante. A escada- uma forma de evitar que as cas metálicas pontiagudas na espaços públicos.” Trata-se de apropriação de es-
de ‘outros’.” ria da frente é maior e qual- pessoas, principalmente mo- lateral do estabelecimento a O pesquisador do Núcleo paço público para segregação
quer um pode sentar lá, nun- radores de rua, se instalem pouco mais de 30 centíme- de Estudos de População (NE- de pessoas. Mas, de fato, é
LUCAS DE MELO MELGAÇO ca tiramos ninguém da igreja, no local. A fachada de um tros do chão. Dessa forma, as PO) da Universidade Esta- apenas a transferência desse
Geógrafo ao contrário, acolhemos. Não banco localizado na Rua Cos- pessoas não podem sentar e dual de Campinas (Uni- problema para outras re-
temos intuito nenhum de ta Aguiar foi projeta com uma nem apoiar os pés. camp), Ricardo Ojima, diz giões”, disse Ojima.

Secretário diz que Centro precisa melhorar vivência


Alair Roberto Godoy afirma que é necessário requalificar as áreas que são procuradas por moradores de rua
O secretario municipal de Pla- tana, acaba atraindo muitas mente diferente quando che- são procuradas por morado- O secretário concorda que vimento, deixar o Centro com
nejamento e Desenvolvimen- pessoas e, parte desse pes- gam aqui e não conseguem res de rua, como no caso do o Centro de Campinas preci- uma qualidade melhor.”
to Urbano e Meio Ambiente, soal, chega sem condições fi- se estabelecer. Mas é um tra- Laurão. “Nós tiramos de lá e sa ser melhorado e dar melho- Godoy afirma que a pasta
Alair Roberto Godoy, disse nanceiras ou qualificação, e balho contínuo, de orienta- vamos atrás de um lugar ade- res condições de vivência. “A já está estudando uma forma
que o problema não é apenas acabam agravando ainda ção, procurando abrigo, dar quado para instalá-los, atra- Rua 13 de maio, por exemplo, de colocar isso em prática, ou-
uma questão de planejamen- mais o problema habitacio- assistência, tudo para melho- vés de programas sociais. O depois que as lojas fecham, vindo as pessoas e colhendo
to, e sim de toda uma ques- nal do município. “É comum rar a situação.” que não podemos é deixar não tem mais nada lá, não propostas. Porém, disse que
tão social. Para ele, o fato de ter indivíduos de áreas rurais Godoy explica que junto que continuem nesses espa- tem vida. É preciso reviver a ainda não é possível divulgar
Campinas ser a cidade cen- vindo para Campinas, que en- com o trabalho social é preci- ços, então adotamos o que área, com áreas de lazer, ilu- as ações que estão sendo ela-
tral em uma região metropoli- contram uma realidade total- so requalificar as áreas que foi necessário.” minação adequada, criar mo- boradas. (FT/AAN)

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