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Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Norte e Noroeste
do Estado do Rio de Janeiro

Avaliação da Relação Situacional dos Mercados

Setembro 2010
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Av. do Contorno, 8000- Sl. 1701- SAnto Agostinho


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Coordenador geral | Eduardo Nery


Gestor | Ricardo Carvalho

Projeto:
Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Norte e Noroeste do
Estado do Rio de Janeiro

Coordenadores dos Módulos

História e Etnografia | Elisiana Alves


Meio Ambiente Natural | Luciano Cota
Meio Ambiente Modificado | Milton Casério
Economia | Nildred Martins
Social | Karen Menezes e
Samantha Nery
Rede Social | Ênio Silva
Sistema Físico e
Infraestrutura | Milton Casério
Político Administrativo,
Municipal e Regional | Eduardo Nery
Sistema de Informação | Rosângela Milagres
Cartografia | Miguel Felippe

Coordenadoras de Módulo Avaliação Situacional


dos Mercados | Samantha Nery
Karen Menezes

Aquarelas | Elisiana Alves

Praça (Miracema)
O Caxambu (Porciúncula)
Capoeira (São Francisco do Itabapoana)
O Rio Muriaé II (Laje do Muriaé)
O Sitio dos Milagres (Natividade)
Carroceiro em Cardoso (Distrito de Itaperuna)
O Jongo IV (Região Norte-Noroeste)
Reizado (Região Norte-Noroeste)
O Rio Muriaé I (Itaperuna)
O Jongo I (Região Norte-Noroeste)
Boi Pintadinho (Itaperuna)
APRESENTAÇÃO

Os vultosos investimentos que estão sendo e serão realizados na Região Norte Fluminense
associados à Bacia de Campos constituem um forte elemento indutor do seu desenvolvi-
mento, se adequadamente geridos segundo os preceitos da sustentabilidade econômica
social e ambiental. Neste sentido, a elaboração de um plano de desenvolvimento sustentá-
vel, de longo prazo, certamente trará, depois de concluído, um diferencial estratégico com-
petitivo para os gestores públicos, empreendedores privados e do terceiro setor e, igualmen-
te, para toda a sociedade que vive nessa Região e na Noroeste, sua vizinha integrada.

Assim, o projeto do Planejamento Estratégico do Norte e Noroeste Fluminense representa,


portanto, o refinamento de um olhar focalizado no desenvolvimento continuado, baseando-
se no fato de que a sua implementação, como resultado dos esforços dos diversos agentes
socioeconômicos regionais e do Estado do Rio de Janeiro, entre outros, representa um con-
junto de ações e programas coordenados, devidamente priorizados, comprometidos com a
criação e crescimento de um estado de bem estar para sua sociedade. O seu escopo princi-
pal abrange inclusive a identificação de outras potencialidades dessas Regiões, além das já
conhecidas, qual sejam o pólo petrolífero, o pólo de extração mineral e os tradicionais pólos
de agricultura. O desenvolvimento sustentável será produzido de forma conseqüente, sobre
o conhecimento e a exploração dos fatores diferenciais que caracterizam e que as suas lo-
calidades e populações podem promover.

A metodologia utilizada no projeto, conforme a especificação consistente de seu termo de


referência, foi testada e amadurecida, com sucesso, em outros estados da federação, e os
seus resultados responderão as seguintes indagações:

onde estamos em relação ao restante da sociedade? e, onde queremos chegar numa visão
de futuro, dos próximos 25 anos?

Como produto, ao final de sua realização, estará disponível uma carteira de projetos estrutu-
rantes e articulados de curto, médio e longo prazos, capazes de induzir e promover o pro-
cesso de desenvolvimento regional. Essa carteira será incorporada ao Sistema de informa-
ção de Gestão Estratégica do Estado do Rio de Janeiro, SIGE- RIO, onde tornar-se-á aces-
sível, via Internet, para os interessados em sua implementação,

Para sua viabilização, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão se articulou com a


Petrobras, por meio da unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos
(UM-BC), a qual vem desenvolvendo um conjunto de ações regionais relevantes através do
seu Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região, PRODESMAR, especifica-
mente constituído com o objetivo de aprimorar o planejamento e as ações de desenvolvi-
mento, em bases sustentáveis, para as Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Ja-
neiro, afetadas direta e indiretamente pelas atividades do setor petrolífero. Desse entendi-
mento, como uma decisão de responsabilidade social da empresa, a Petrobrás assumiu a
responsabilidade pelo aporte financeiro para a execução desse projeto, cuja gestão está a
cargo da SEPLAG, Rio de Janeiro, em um prazo de dez meses, conclusão programada para
setembro de 2010, em quatro etapas, sequenciadas, que também produzirão resultados,
parciais, da maior significação, para os processos de tomada de decisão sobre o desenvol-
vimento do Norte e Noroeste Fluminense e os seus reflexos na economia do Estado do Rio
de Janeiro.

Francisco Antônio Caldas Andrade Pinto


Subsecretário Geral
Rio de Janeiro, março de 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Governo do Estado do Rio de Janeiro

Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG


Sérgio Ruy Barbosa Guerra Martins
Secretário de Estado

Subsecretário Geral de Planejamento e Gestão - SUBGEP


Francisco Antonio Caldas Andrade Pinto

Av. Erasmo Braga, 118 - Centro


20.020-000 - Rio de Janeiro/RJ
Brasil

Edição Final

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


EXPLICAÇÃO INICIAL

O Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


foi desenvolvido em quatro etapas consecutivas, num total de dez meses.

A Etapa 1, denominada Análise Situacional, foi realizada em quatro meses e teve como pro-
dutos, os seguintes relatórios:

• Análise Situacional da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, Volume 1, em 2 to-


mos, o qual está estruturado em nove capítulos com os seguintes conteúdos história,
etnografia, meio ambiente natural, meio ambiente modificado, economia(1), sistema so-
cial(1), rede social, sistema físico e infraestrutura, sistema político-administrativo muni-
cipal e regional(1), nos quais os capítulos sinalizados com (1) são individualizados por
Região Norte ou Noroeste, os demais sendo comuns a ambas as Regiões;

• Análise Situacional da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, Volume 2, em 2


tomos, estruturado de maneira análoga ao anterior;

• Relatório Análise da Relação Situacional de Mercados que trata especificamente dos


da inclusão da população no sistema socioeconômico regional, tendo como temas cen-
trais a estrutura social, o trabalho, a renda e a democracia econômica, designado Vo-
lume 3; e

• Cenários Prospectivos, designado como Volume 4.

Os trabalhos, que se referem à situação existente anterior, estão referenciados a menos


quinze anos, ou seja, cobrem o período 1994 a 2009, exceção à história e cultura que re-
montam às origens do processo civilizatório regional, nos idos de 1532. As evoluções futu-
ras consideram o horizonte 2035, às vezes 2040, com períodos menores intermediários,
sempre que tal condição mostre significado e agregue valor.

Para a execução da Etapa 1, foram adotados diferentes modos de participação da socieda-


de fluminense e regional, dependendo do momento em que ocorreram, a saber:

Primeiro Momento

• levantamento e compilação de dados secundários de fontes oficiais ou reconhecidas;

• conjunto de entrevistas com formadores de opinião líderes empresariais, municipais e


associações de classe e população;

• visitas técnicas e levantamentos de campo nas regiões norte e noroeste fluminense


com a realização de um novo conjunto de entrevistas e conversas com representantes
da sociedade local e regional, incluindo prefeitos municipais.

Segundo Momento

• implantação da rede social regional e realização de oficinas de trabalho regulares em


Campos dos Goytacazes e Itaperuna com os participantes que se filiaram;

• os resultados escritos pelos grupos, nessas oficinas, foram considerados como contri-
buições passando a constar do conteúdo dos relatórios;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Terceiro Momento

• distribuição de pesquisas sistemáticas, sob a forma de questionários, para resposta


por representantes das secretarias municipais das duas Regiões;

• nova interação direta para esclarecimento e complementação de informações para a


elaboração da análise situacional.

A Etapa 2, denominada Estratégia de Desenvolvimento Regional, produziu um único relató-


rio com o mesmo nome, possuindo um conjunto de Macroprogramas de Desenvolvimento –
com seus Objetivos, Metas, Programas, Empreendimentos ou Iniciativas correspondentes -,
associados a cada um dos assuntos que configuram as realidades regionais. A partir desta
plataforma foram constituídas a Visão, os Eixos de Desenvolvimento Estratégicos e os Pro-
gramas Estruturantes que geram, na Etapa 3, o Programa de Desenvolvimento Sustentável
do Norte e Noroeste Fluminense, entre outros produtos. Para a realização desta Etapa 2,
houve duas baterias de reuniões e oficinas e um questionário que apresentaram ampla pos-
sibilidade de participação para representantes regionais (e membros da Rede Social) e re-
presentantes do Governo Estadual e PETROBRÁS, tendo sido obtidas contribuições impor-
tantes que alimentaram o relatório correspondente.

A Etapa 3 compreende a Carteira de Projetos Iniciais correspondendo ao Programa de De-


senvolvimento Regional, um relatório reunindo tudo o que se identificou deve ser feito, já
classificado e priorizado tecnicamente pelos especialistas, assim como os relatórios do mo-
delo de Regulação e Regulamentação Institucional-Legal, os Modelos de Governança e
Gestão, “Funding” e a Metodologia de Acompanhamento e Desempenho a ser usada na
implementação. Para a sua realização, duas novas oficinas nas duas Regiões, produziram
idéias e propostas muito profícuas, que foram desenvolvidas e incorporadas aos conteúdos
dos relatórios mencionados.

Do Programa de Desenvolvimento Regional, citado, foram extraídos e especificados 52 Ma-


croprojetos que serão priorizados para execução gradual. Estes Macroprojetos constituem o
Relatório Carteira de Projetos, objeto da Etapa 4.

As operações da Rede Social, passarão a operar em um Portal específico, desenvolvido


especificamente para permitir o acompanhamento da implementação deste Plano de De-
senvolvimento Sustentável Norte-Noroeste, sob a supervisão da SEPLAG. A este Portal
está igualmente conectado o Sistema de Informação de Acompanhamento, SIGEP, estru-
turado com as bases de dados e informações usadas para o desenvolvimento deste Plano,
bem como o módulo instrumental de gerenciamento da Carteira de Projetos, nos moldes
especificados pela SEPLAG.

Finalmente, mas da maior importância, cumpre lembrar que os relatórios deste Plano rece-
beram, desde sua divulgação inicial, inúmeras sugestões, comentários e ajustes, que foram
devidamente considerados em uma revisão completa de todo o material produzido, que foi ,
por conseguinte, integralmente reeditado, nesta sua versão final.

Coordenação Geral
Setembro de 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Autoras:
Samantha Nery
Karen Menezes

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

1.1 Grandes Empreendimentos ................................................................................... 18

1.1.1 Principais Investimentos da Região Norte e Noroeste............................................ 22

1.1.2 Programas e Projetos do Governo do Rio de Janeiro para o Norte e o Noroeste


Fluminense ............................................................................................................ 34

2 ESTRUTURA SOCIAL ........................................................................................... 36

2.1 Demografia e Migração .......................................................................................... 36

2.1.1 Região Norte.......................................................................................................... 36

2.1.2 Região Noroeste .................................................................................................... 46

2.2 Composição e Estratificação Social das Famílias .................................................. 55

2.2.1 Região Norte.......................................................................................................... 55

2.2.2 Região Noroeste .................................................................................................... 62

3 CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DE NECESSIDADES ................................. 70

3.1 Pobreza e Miséria .................................................................................................. 71

3.2 PIB per Capita........................................................................................................ 71

3.3 Renda per Capita e Pobreza .................................................................................. 75

3.4 Segurança Pública ................................................................................................. 80

3.5 Condições Habitacionais........................................................................................ 86

3.6 Favelização............................................................................................................ 88

3.7 Educação ............................................................................................................... 90

3.8 Saúde .................................................................................................................. 102

3.9 Vulnerabilidade Familiar....................................................................................... 110

4 TRABALHO.......................................................................................................... 114

4.1 PEA...................................................................................................................... 114

4.2 Divisão do Trabalho ............................................................................................. 119

4.2.1 Divisão Regional do Trabalho .............................................................................. 119

4.2.2 Divisão Intrarregional do Trabalho ....................................................................... 120

4.3 Oferta e Rotatividade do Mercado........................................................................ 124

4.4 Demandas e Ofertas do Mercado Existente e Potencial (Condições de Acesso) . 126

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


4.5 Produção de Conhecimento, Profissionalização e Qualificação ........................... 132

4.5.1 Condições Estruturais da Formação de Nível Superior e Técnico........................ 132

4.5.2 Produção de Conhecimento................................................................................. 141

4.5.3 Inclusão Digital..................................................................................................... 146

4.5.4 Projetos Regionais de Qualificação Profissional................................................... 147

4.5.5 Conexões sobre as Atividades Produtivas e a Capacitação da Mão de Obra ...... 150

5 RENDA ................................................................................................................ 152

5.1 Índice de Qualidade dos Municípios (IQM)........................................................... 152

5.1.1 IQM Região Norte ................................................................................................ 154

5.1.2 IQM Região Noroeste .......................................................................................... 157

5.1.3 Comparação IDH, IFDM e IQM Norte e Noroeste ................................................ 161

5.2 Distributividade da Renda .................................................................................... 166

5.3 Exclusão e Gastos Sociais................................................................................... 168

5.3.1 Proteção Social Básica ........................................................................................ 169

5.3.1.1 Região Norte e Noroeste Fluminense - Serviços Prestados na Proteção Social


Básica .................................................................................................................. 172

5.3.2 Proteção Social Especial...................................................................................... 176

5.3.2.1 Região Norte e Noroeste Fluminense - Serviços Prestados na Proteção Social


Especial ............................................................................................................... 178

5.3.3 Outros Programas Sociais ................................................................................... 186

5.4 Considerações ..................................................................................................... 191

6 DEMOCRACIA ECONÔMICA .............................................................................. 192

6.1 Avaliaçao Situacional – Condições Estruturais e Conjunturais ............................. 192

6.1.1 Acesso a Bens de Consumo ................................................................................ 193

6.2 Desigualdades e Assimetrias ............................................................................... 195

7 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 199

8 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 203
ANEXOS.............................................................................................................. 210
ANEXO I – CONCEITO DE POBREZA ................................................................ 210
ANEXO II – INSTITUIÇÕES DE ENSINO NORTE E NOROESTE ....................... 211
ANEXO III – TERRITÓRIO DA CIDADANIA......................................................... 221
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
LISTAS

FIGURA

Figura 1 - Proposta para o Complexo Logístico de Barra do Furado.................................... 26

Figura 2 - Benefícios de Investimentos no Complexo Logístico de Barra do Furado............ 27

Figura 3 - Bacia de Campos e Suas Plataformas................................................................. 28

Figura 4 - Rocha Reservatório de Pré-Sal ........................................................................... 31

Figura 5 - Petrobrás, Poços Testados do Pré-Sal ................................................................ 31

FOTOS

Fotos 1 e 2 - Projeto do Complexo Portuário do Açu ........................................................... 23

Foto 3 – Complexo Portuário do Açu ................................................................................... 23

Foto 4 – Complexo Portuário do Açu ................................................................................... 24

Fotos 5 e 6 – Projeto do Heliporto Farol de São Tomé Campos .......................................... 25

Fotos 7, 8 e 9 - Canal da Flechas e Comunidade Local....................................................... 25

Fotos 10 e 11 – Comunidade Local de Pescadores e Canal das Flechas............................ 26

Foto 12 - Petrobrás Macaé - Porto de Imbetiba ................................................................... 29

Fotos 13 e 14 – Campos e Macaé, Centro Urbano .............................................................. 37

Fotos 15 e 16 - Região Norte Fluminense, Atividades Econômicas ..................................... 38

Foto 17 – Campos dos Goytacazes, Centro Urbano ............................................................ 43

Fotos 18 e 19 – Itaperuna e Santo Antônio de Pádua.......................................................... 47

Foto 20 – Miracema, Praça Central ..................................................................................... 48

Foto 21– Laje do Muriaé, Centro Urbano ............................................................................. 64

Foto 22 – Macaé, Lote Vago na Área Urbana...................................................................... 86

Fotos 23 e 24 – Campos dos Goytacazes, Condições Habitacionais Precárias................... 90

Fotos 25 e 26 – Macaé, Condições Habitacionais de Luxo.................................................. 90

Fotos 27 e 28 – Macaé, Multinacional Localizada em uma de suas Áreas Industriais e


Maquete de Plataforma de Petróleo da Petrobrás ............................................................. 119

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Foto 29 - Campos dos Goytacazes, Escola Técnica .......................................................... 132

Foto 30 – Campos dos Goytacazes, Escola Técnica ......................................................... 139

Foto 31 – Laboratório de Ciências do Homem, UENF ....................................................... 142

Foto 32 – LENEP Macaé ................................................................................................... 145

Foto 33 – Campos dos Goytacazes, Centro de Inclusão Digital......................................... 146

Foto 34 - Macaé................................................................................................................. 152

Foto 35 - Macaé, Beira Mar ............................................................................................... 162

Foto 36 – Quissamã, Praça Pública Central ...................................................................... 163

Fotos 37 e 38 - Campos dos Goytacazes .......................................................................... 166

Foto 39 - Programa Petrobrás Mosaico ............................................................................. 187

Fotos 40 e 41 - Programa de Leitura e Programa Jovem Aprendiz.................................... 188

Foto 42 – Campos dos Goytacazes, Coral......................................................................... 188

Foto 43 - Campos dos Goytacazes, Vista .......................................................................... 199

GRÁFICOS

Gráfico 1 - Investimentos no Brasil, Petróleo e Gás, 2009-2013 .......................................... 29

Gráfico 2 - Petrobrás, Produção Total de Óleo e Gás .......................................................... 30

Gráfico 3 - Treze grandes Projetos de Óleo e Gás no Brasil, 2010 - 2013 ........................... 30

Gráfico 4 - Estimativa de Produção no Pré-Sal Concedido à Petrobrás - 1.000 bpd ............ 32

Gráfico 5 - Bacia de Campos, Investimentos no Pré-Sal, 2009-2013................................... 33

Gráfico 6 - Rio de Janeiro, Distribuição Percentual da População por Regiões do Estado -


2007 .................................................................................................................................... 39

Gráfico 7 - Região Norte Fluminense, Distribuição Percentual da População por Município -


2009 .................................................................................................................................... 39

Gráfico 8 - Região Norte Fluminense, Evolução da População - 1991 a 2009 ..................... 40

Gráfico 9 - Região Norte Fluminense, Evolução da Taxa de Crescimento - 1991 a 2009 .... 42

Gráfico 10 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição Percentual da População, 2009..... 49

Gráfico 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 a 2009............... 49

Gráfico 12 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009 ............... 52

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 13 - Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2009 56

Gráfico 14 - Região Norte Fluminense, Pirâmide Etária, 2009 ............................................. 59

Gráfico 15 - Região Norte Fluminense, Taxas Brutas de Natalidade, 2006.......................... 60

Gráfico 16 - Região Norte Fluminense, Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a 19


Anos, 2006 .......................................................................................................................... 61

Gráfico 17 - Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2009 63

Gráfico 18 - Região Noroeste Fluminense, Pirâmide Etária, 2009 ....................................... 67

Gráfico 19 – Região Norte Fluminense, Taxas Brutas de Natalidade, 2006......................... 68

Gráfico 20 - Região Noroeste Fluminense, Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a


19 Anos, 2006...................................................................................................................... 69

Gráfico 21 - Região Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Subsetor


de Atividade Econômica Segundo IBGE, 1994 – 2008 ...................................................... 122

Gráfico 22 - Região Norte Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Subsetor de


Atividade Econômica Segundo IBGE, 1994 – 2008 ........................................................... 122

Gráfico 23 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Percentagem de Admissões por Tipo de


Movimentação, 1994 - 2009............................................................................................... 125

Gráfico 24 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Percentagem de Desligamentos por


Tipo de Movimentação, 1994 - 2009.................................................................................. 126

Gráfico 25 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Taxa de Crescimento do Emprego


Formal no Período, 1994 - 2008 ........................................................................................ 127

Gráfico 26 - Região Norte Fluminense, Evolução do IQM, 1998 - 2000 ............................. 154

Gráfico 27 - Região Norte Fluminense, Evolução na posição dos Municípios segundo IQM,
1998 - 2005 ....................................................................................................................... 155

Gráfico 28 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do IQM – 1998, 2000....................... 158

Gráfico 29 - Região Noroeste Fluminense, Evolução na posição dos Municípios segundo


IQM, 1998 - 2005............................................................................................................... 158

Gráfico 30 - Região Norte Fluminense, Distribuição do Número de Vagas X Modalidade de


Atendimento, 2009............................................................................................................. 181

Gráfico 31 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição do Número de Vagas x Modalidade


de Atendimento, 2009........................................................................................................ 181

Gráfico 32 - Região Norte Fluminense, Ranking Estadual – GINI, 2003 ............................ 196

Gráfico 33 - Região Noroeste Fluminense, Ranking Estadual – GINI, 2003....................... 198

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


MAPAS

Mapa 1 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Divisão Político Administrativa ............... 18

Mapa 2 - Região Norte Fluminense, Crescimento Populacional, 1991-2009........................ 44

Mapa 3 - Região Noroeste Fluminense, Fluxo Migratório da População.............................. 53

Mapa 4 - Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Distrito, 2000............... 62

Mapa 5 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Distrito, 2000......... 69

Mapa 6 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Distribuição do PIB, 2006........................ 75

Mapa 7 – Rio de Janeiro, Taxa de Pobreza ......................................................................... 78

Mapa 8 - Rio de Janeiro, Intensidade da Indigência, 2000................................................... 80

Mapa 9 - Região Norte Fluminense, Homicídio da População Total, por 1.000 hab., 2008.. 82

Mapa 10 - Região Noroeste Fluminense, Homicídio da População Total, por 1.000 hab.,
2008 .................................................................................................................................... 82

Mapa 11 - Região Norte e Noroeste Fluminense, Cobertura do Programa Saúde da Família,


2008 .................................................................................................................................. 104

Mapa 12 - Região Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Municípios,


2008 .................................................................................................................................. 123

Mapa 13 - Região Norte Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Municípios,


2008 .................................................................................................................................. 124

Mapa 14 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Instituições de Ensino


Superior, 2009 ................................................................................................................... 135

Mapa 15 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Instituições de Ensino


Técnico, 2009 .................................................................................................................... 136

Mapa 16 - Rio de Janeiro, Serviços da Proteção Social Especial, 2009 ............................ 179

Mapa 17 - Região Norte Fluminense – Índice GINI, 2003 .................................................. 196

Mapa 18 - Região Noroeste Fluminense - Índice GINI, 2003 ............................................. 198

TABELAS

Tabela 1 - Rio de Janeiro, Vinte Maiores Investimentos, Período 2010 - 2012 .................... 19

Tabela 2 - Rio de Janeiro, Investimentos Previstos por Região, 2010 - 2012 ...................... 20

Tabela 3 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Principais Investimentos Previstos, 2010 -


2012 .................................................................................................................................... 21

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 4 - Petrobrás – Investimentos e Gastos Operacionais.............................................. 29

Tabela 5 - Impactos da Atividade Petrolífera, Diagnóstico Econômico Local, Macaé, 2009,


IBAM.................................................................................................................................... 34

Tabela 6 - Região Norte Fluminense, Evolução da População - 1991, 1996, 2000, 2007,
2009 .................................................................................................................................... 40

Tabela 7 - Região Norte Fluminense, Taxa de Crescimento, 1991 - 2009 ........................... 41

Tabela 8 - Região Norte Fluminense, Pessoas Não Residentes em Macaé, por Origem
Migratória, 1996................................................................................................................... 45

Tabela 9 - Região Norte Fluminense, População Residentes por Nacionalidade, 2000 ....... 45

Tabela 10 - Região Norte Fluminense, População Residente, por Deslocamento para


Trabalho ou Estudo, 2000.................................................................................................... 46

Tabela 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991, 1996, 2000, 2007,
2009 .................................................................................................................................... 50

Tabela 12 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Crescimento, 1991 - 2009.................... 51

Tabela 13 - Região Noroeste Fluminense, População Residentes por Nacionalidade, 200053

Tabela 14 - Região Norte Fluminense, População Residente, por Deslocamento para


Trabalho ou Estudo - 2000................................................................................................... 54

Tabela 15 - Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2000. 55

Tabela 16 - Região Norte Fluminense, Situação de Domicílios, 2000.................................. 56

Tabela 17 - Região Norte Fluminense, População por Domicílio, 2000 ............................... 57

Tabela 18 - Região Norte Fluminense, Composição Familiar, 2000..................................... 58

Tabela 19 - Região Norte Fluminense, População Residente por Sexo, 2009 ..................... 58

Tabela 20 - Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009... 59

Tabela 21 - Região Norte Fluminense, População Feminina em Idade Fértil, 2009 ............. 60

Tabela 22 - Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2000
............................................................................................................................................ 63

Tabela 23 - Região Noroeste Fluminense, Situação de Domicílios, 2000 ............................ 64

Tabela 24 - Região Noroeste Fluminense, População por Domicílio, 2000.......................... 65

Tabela 25 - Região Noroeste Fluminense, Composição Familiar, 2000............................... 65

Tabela 26 - Região Noroeste Fluminense, População Residente por Sexo, 2009 ............... 66

Tabela 27 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009
............................................................................................................................................ 66

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 28 - Região Noroeste Fluminense, População Feminina em Idade Fértil, 2009 ....... 67

Tabela 29 - Mesorregiões Fluminense, PIB, 2006 ............................................................... 72

Tabela 30 - Região Norte Fluminense, Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per
Capita, 2003, 2006 (preços correntes)................................................................................. 73

Tabela 31 - Região Noroeste Fluminense, Produto Interno Bruto a Preços Correntes e


Produto Interno Bruto per Capita, 2003, 2006...................................................................... 74

Tabela 32 - Região Norte Fluminense, Indicadores de Renda e Pobreza, 1991 e 2000 ...... 76

Tabela 33 – Região Noroeste Fluminense, Indicadores de Renda e Pobreza, 1991 e 2000 77

Tabela 34 – Região Norte Fluminense, Percentual de Indigência, 1991 – 2000 .................. 79

Tabela 35 – Região Noroeste Fluminense, Percentual de Indigência, 1991 e 2000............. 79

Tabela 36 - Região Norte Fluminense, Déficit Habitacional por Tipo, 2000.......................... 87

Tabela 37 – Região Noroeste Fluminense, Déficit Habitacional por Tipo, 2000 ................... 87

Tabela 38 - Região Norte Fluminense, Taxa de Reprovação do Ensino Fundamental, 2005


............................................................................................................................................ 92

Tabela 39 - Região Norte Fluminense, Taxa de Reprovação do Ensino Médio, 2005.......... 93

Tabela 40 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Reprovações do Ensino Fundamental,


2005 .................................................................................................................................... 94

Tabela 41 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Reprovação no Ensino Médio, 2004 .... 95

Tabela 42 – Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo População Jovem, 1991,


2000 .................................................................................................................................... 95

Tabela 43 - Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo da Adulta,– 1991 e 2000 .... 97

Tabela 44 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo População Jovem, 1991 e


2000 .................................................................................................................................... 97

Tabela 45 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Adulta,


1991 e 2000......................................................................................................................... 99

Tabela 46 - Região Norte Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 e 2000
.......................................................................................................................................... 100

Tabela 47 - Região Noroeste Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 e


2000 .................................................................................................................................. 101

Tabela 48 - Região Norte Fluminense, Leitos de Internação por 1000 habitantes, Janeiro
2000 .................................................................................................................................. 105

Tabela 49 – Região Noroeste Fluminense, Leitos Internação por 1000 habitantes, Janeiro
2000 .................................................................................................................................. 105

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 50 - Região Norte Fluminense, Outros Indicadores de Mortalidade, 2000 a 2006.. 107

Tabela 51 - Região Noroeste Fluminense, Outros Indicadores de Mortalidade, 2000 a 2006


.......................................................................................................................................... 108

Tabela 52 - Região Norte Fluminense, Indicadores de Vulnerabilidade Familiar, 1991 e 2000


.......................................................................................................................................... 111

Tabela 53 - Região Noroeste Fluminense, Indicadores de Vulnerabilidade Familiar, 1991 -


2000 .................................................................................................................................. 113

Tabela 54 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade,


Economicamente Ativas e População Ocupada por Sexo e Situação do Domicílio, 2000.. 115

Tabela 55 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Indicadores de Ocupação, 2000 ....... 116

Tabela 56 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Formalidade Ocupacional, 2000 e 2007


.......................................................................................................................................... 116

Tabela 57 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Informalidade e Precariedade e


Remuneração Média dos Setores Formal e Informal, 2000 ............................................... 117

Tabela 58 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade,


Economicamente Ativas, com Rendimento, por Classe de Rendimento Nominal Mensal,
2000 .................................................................................................................................. 118

Tabela 59 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado no Setor Formal (%),
por Faixa de Remuneração Média, 2008 ........................................................................... 118

Tabela 60 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por


Gênero, 1994 - 2008.......................................................................................................... 121

Tabela 61 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por


Faixa Etária, 1994 - 2008.................................................................................................. 121

Tabela 62 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Empregados por Faixa de Tempo de


Emprego (%), 1994 - 2008................................................................................................. 125

Tabela 63 - Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Taxa de Crescimento


do Emprego e da Remuneração Média em Salários Mínimos entre 2006 e 2008 ............ 129

Tabela 64 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Taxa de Crescimento do


Emprego e da Remuneração Média em Salários Mínimos entre 2006 e 2008 ................... 130

Tabela 65 - Número de Instituições e Número de Curso Superior no Estado do Rio de


Janeiro por Região, 2009................................................................................................... 133

Tabela 66 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Conclusões dos Cursos Técnicos do


SENAC, 2008 .................................................................................................................... 138

Tabela 67 - Região Norte Fluminense, Cursos Superiores Oferecidos, 2007 .................... 139

Tabela 68 - Região Noroeste Fluminense, Cursos Superiores Oferecidos, 2007............... 140

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 69 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Estatísticas do Diretório dos Grupos de
Pesquisa do CNPq no Censo 2008.................................................................................... 143

Tabela 70 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Produção dos Grupos de Pesquisa do


CNPq no Censo 2008 ........................................................................................................ 144

Tabela 71 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Taxa de Inclusão Digital, 2003 .......... 147

Tabela 72 - Região Norte Fluminense, Variação das Posições do IQM por Grupo de
Indicadores, 1998 - 2005 ................................................................................................... 156

Tabela 73 - Região Noroeste Fluminense, Variação das Posições do IQM por Grupo de
Indicadores, 1998 - 2005 ................................................................................................... 160

Tabela 74 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Comparação IDHM, IFDM e IQM ...... 163

Tabela 75 - Região Norte Fluminense, Porcentagem da Renda Apropriada por Extratos da


População, 1991 - 2000..................................................................................................... 167

Tabela 76 - Região Noroeste Fluminense, Porcentagem da Renda Apropriada por Extratos


da População, 1991 e 2000 ............................................................................................... 168

Tabela 77 - Região Norte Fluminense, Famílias Beneficiárias do Bolsa Família, 2009 ...... 172

Tabela 78 - Região Noroeste Fluminense, Famílias Beneficiárias do Bolsa Família, 2009 173

Tabela 79 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Políticas de Atenção ao Idoso, 2009 . 174

Tabela 80 - Região Norte Fluminense, Proteção Social Básica Região Norte, 2009.......... 174

Tabela 81 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Atendimento do CREAS, 2009.......... 178

Tabela 82 - Região Norte Fluminense, Programas de Atenção à Criança e ao Adolescente


com Deficiência, 2007 - 2008............................................................................................. 180

Tabela 83 - Região Noroeste Fluminense, Programas de Atenção à Criança e ao


Adolescente com Deficiência, 2007 - 2008 ........................................................................ 181

Tabela 84 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Mapa Indicativo do Trabalho da Criança


e do Adolescente, 2007 - 2008 .......................................................................................... 182

Tabela 85 - Região Norte Fluminense, Atendimento do PETI, 2009 .................................. 183

Tabela 86 - Região Noroeste Fluminense, Atendimento do PETI, 2009............................. 184

Tabela 87 - Região Norte e Noroeste Fluminense, Atendimentos Liberdade Assistida e


Prestação de Serviços à Comunidade, 2009 ..................................................................... 184

Tabela 88 - Região Norte e Noroeste Fluminense, Atendimentos em Abrigos, 2009 ......... 185

Tabela 89 - Região Norte Fluminense, Programa de Aceleração do Crescimento, 2007 -


2010 .................................................................................................................................. 190

Tabela 90 - Região Noroeste Fluminense, Programa de Aceleração do Crescimento, 2007 -


2010 .................................................................................................................................. 190

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 91 - Região Norte Fluminense, Acesso a Bens de Consumo, 1991 e 2000 ........... 193

Tabela 92 - Região Noroeste Fluminense, Acesso a Bens de Consumo – 1991 e 2000.... 194

Tabela 93 - Região Norte Fluminense, Índice de GINI, 1991, 2000, 2003.......................... 195

Tabela 94 - Região Noroeste Fluminense, Índice de GINI, 1991, 2000, 2003.................... 197

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


1 INTRODUÇÃO

O Módulo da Avaliação Situacional se dedica à abordagem de algumas questões estruturais


do sistema social das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, considerando-se os horizontes
atual e projetado.

O conceito da avaliação ou análise situacional se propõe a explicar a realidade em que se


vive, na qual deve inclui considerar o papel dos atores que nela comparecem com suas ex-
plicações. A apreciação situacional sempre assume o modus de um diálogo com a situação,
onde os analistas coexistem com os outros. “A vida humana é o que é em cada momento,
tendo em conta um passado que ainda existe e atua no presente, em trocas relacionais
constantes.”

Nesta avaliação situacional não há ação na distância, a história está presente na situação,
portanto, atua-se apenas no presente. Segundo esta concepção, a avaliação situacional
abrange, entre outras:

• uma indicação, na medida em que sendo uma explicação que distingue algumas vari-
áveis do sistema social, o propósito definido é alimentar uma alteração do mesmo,
conforme um plano preestabelecido;

• uma explicação ativa, uma vez que os analistas vivenciam a ação para antecipar as
conseqüências das intervenções;

• uma explicação auto-referencial, desde que expresso o ponto de vista do autor e não
um propósito pessoal;

• uma explicação auto-confirmante, desde que o analista estará acompanhando os es-


tágios subseqüentes, verificando como as ações se desenvolvem;

• uma explicação policêntrica, desde que considera múltiplos referenciais para sua ela-
boração;

• uma explicação dinâmica, que se baseia na diacronia das condições existentes e pro-
jetadas, nos projetos unitários e assim por diante;

• uma explicação totalizante, trabalhando com distintas dimensões das realidades, en-
tendidas como momentos dos processos de produção social, cruzando os ambientes
compartimentados pelas ciências sociais;

• uma explicação que procura ser rigorosa, pois deverá refutar-se a si mesma com ou-
tras explicações, de maneira recursiva, desde que aplicável a diferentes coberturas da
totalidade e das relações entre situação e cenário;

• uma explicação do estado de equilíbrio dinâmico do sistema social, como um produto


resultante de seus conflitos e contradições.

Neste sentido, este trabalho aborda a constituição das famílias locais, os fluxos inter munici-
pais de pessoas, os diferenciais e as potencialidades constatadas, através da discussão
sobre a estrutura social regional, as condições de crescimento e desenvolvimento, os des-
dobramentos locais do tema trabalho, educação profissionalizante, renda e sua distributivi-
dade - a qualificação da população e a democracia econômica - as condições de inclu-
são/exclusão social, que incluem uma avaliação das desigualdades e assimetrias presentes,

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 17


a regulação econômico-financeira e sua influência nas condições de equidade, condições
distributivas nas sociedades do Norte e Noroeste Fluminense, observando-se o que se faz
necessário (indicações) para ampliar o processo de desenvolvimento das Regiões.

Mapa 1 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Divisão Político Administrativa

Fonte: CIDE, 2008

Portanto, a partir de uma apresentação contextual dos empreendimentos previstos para as


Regiões, que englobam a visão de um futuro próximo, serão descritos diversos aspectos da
Estrutura Social local, as questões de trabalho e renda, incluindo sua conexão com a produ-
ção de conhecimento e qualificação da mão de obra e alguns indicadores locais.

Complementariamente, apresentam-se dados de exclusão social da população e ações so-


ciais que buscam amenizar e/ou reverter este quadro e temas relativos à Democracia Eco-
nômica.

Assim, o intuito central do trabalho é ampliar o conhecimento dos sistemas social e econô-
mico e estabelecer uma conexão entre eles, para entender maneiras de minimizar os pro-
blemas sociais em consonância com o incremento do sistema econômico local, buscando
um futuro mais inclusivo e equânime para seus habitantes e mais promissor, desde o viés
econômico.

1.1 Grandes Empreendimentos

De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviço,


SEDEIS, “passados quase 50 anos deste esvaziamento político e econômico, o Rio de Ja-
neiro dá sinais de reencontrar suas vocações e potencialidades, redefinindo seu papel na
federação brasileira.

18 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Atualmente, o Estado do Rio de Janeiro passa por uma fase de grandes investimentos, que
chegam a quase R$ 100 bilhões. A conjuntura política também é favorável. Registra-se um
inédito alinhamento entre os governos federal, estadual e municipais, incluindo a Prefeitura
da Cidade do Rio de Janeiro, que permite que esses investimentos sejam articulados com
os interesses e as necessidades da sociedade Fluminense”. (Decisão Rio – Investimentos
2008-2010, Firjan, 2009).

Grande parte destes investimentos se conecta a um importante recurso natural, que é a e-


xistência de abundantes reservas de petróleo e gás na Bacia de Campos no Norte Flumi-
nense.

Baseado em diversas apresentações oficiais da SDEIS, de alguns Secretários Municipais,


da Petrobrás, da MMX e com informações fornecidas pelos documentos “Decisão Rio – In-
vestimentos 2008-2010” e “Decisão Rio – Investimentos 2010-2012”, elaborados pela Fede-
ração das Industrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN (2009), são apresentados os
principais empreendimentos previstos para o Norte e o Noroeste Fluminense, considerando
que eles são grandes fatores de mudança nestas Regiões, esperando-se impactos bastante
profundos quando estiverem totalmente implantados.

De acordo com a FIRJAN, estão previstos investimentos para o período 2010-2012, em um


total de R$126,3 bilhões para o Estado do Rio de Janeiro, distribuídos em infraestrutura
(R$28,6 bilhões), indústria de transformação (R$20,3 bilhões), Petrobrás (R$77,1 bilhões) e
outros (R$0,3 bilhão). Estes investimentos estão distribuídos entre os objetivos de implanta-
ção (75,5%), expansão/modernização (20,2%) e construção de embarcações (4,3%).

Os investimentos apresentados na Tabela seguinte são os vinte maiores previstos e corres-


pondem a 34% do total, com destaque para os de implantação, que correspondem a empre-
endimentos novos, concentrados em petroquímica e energia. O setor de transporte e logísti-
ca também apresenta grandes investimentos, embora em menor escala, seguido pela indús-
tria naval. Importante ressaltar que há um expressivo número de investidores envolvidos.

Do ponto de vista de sua localização, apenas os municípios de Campos dos Goytacazes


(Quissamã) e São João da Barra, ambos na Região Norte Fluminense, receberão investi-
mentos específicos. Outros investimentos não ficarão restritos a um único município e pode-
rão contemplar inclusive outras regiões do Estado, não explicitadas na tabela.

Tabela 1 - Rio de Janeiro, Vinte Maiores Investimentos, Período 2010 - 2012


Valor
Investimento Setor Municípios Objetivo
(BR$)
Comperj Petroquímica Itaboraí Implantação 14,6
Chevron Energia Campos Implantação 4,4
Usina Termelétrica do Açu Energia São João da Barra Implantação 4,3
Angra 3 Energia Angra dos Reis Implantação 4
CSN – Plataforma Logística Expansão /
Transporte / Logística Itaguaí 3,7
em Itaguaí Modernização
Complexo Portuário do Açu Transporte / Logística São João da Barra Implantação 2
OGX Energia Campos Implantação 1,5
Construção de
Eisa Indústria Naval Rio de Janeiro 1,4
Embarcação
Expansão /
Grupo Fisher Indústria Naval Vários 1,3
Modernização
Expansão /
Governo Federal Desenvolvimento Urbano Vários 1,1
Modernização

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 19


(continuação)
Valor
Investimento Setor Municípios Objetivo
(BR$)
Porto do Sudeste Transporte / Logística Itaguaí Implantação 1,1
Light S/A – UHE Itaocara Energia Vários Implantação 0,6
Gerdau – Terminal Portuário Transporte / Logística Itaguaí Implantação 0,6
Expansão /
Metrô – Linha 1A Transporte / Logística Rio de Janeiro 0,5
Modernização
Aeroporto Internacional Expansão /
Transporte / Logística Rio de Janeiro 0,4
Tom Jobim Modernização
Expansão /
Porto Maravilha Desenvolvimento Urbano Rio de Janeiro 0,4
Modernização
Expansão /
MRS Logística Transporte / Logística Vários 0,4
Modernização
Construção de
STX Europe Indústria Naval Niterói 0,4
Embarcação
Coquepar – Companhia Coque
Petroquímica Seropédica Implantação 0,3
Calcinado de Petróleo
Michelin Borracha Itatiaia Implantação 0,3
Fonte: FIRJAN, 2009
De todo o montante de investimentos previstos, a Região Norte Fluminense deverá receber
o segundo maior volume de recursos, 10,3%, R$ 12,9 bilhões, superado apenas pela Regi-
ão Leste, 12,3% de valor total. Já os investimentos destinados à Região Noroeste confun-
dem-se com os de outras regiões e representam um volume menor de recursos. O volume
total para o conjunto de Regiões, no qual se encontra a Região Noroeste, soma R$1,9 bi,
correspondendo a 1,5% do investimento total e a apenas 14,7% do total previsto para a Re-
gião Norte.

Esta desigualdade é reflexo, entre outros fatores, das especializações produtivas de cada
região o que, combinado aos setores que receberão investimentos, levam à concentração
destes em algumas regiões. Conseqüentemente, se prevê a intensificação da concentração
destes setores nas respectivas regiões especializadas, bem como o aprofundamento das
especializações atuais.

Tabela 2 - Rio de Janeiro, Investimentos Previstos por Região, 2010 - 2012


Investimentos Programados por Região
Região R$ bilhões %
Leste 15,6 12,3
Norte 12,9 10,3
Baixada I 6,2 4,9
Município do Rio de Janeiro 5,3 4,2
Sul 5,0 3,9
Outros - incluindo a Região Noroeste 1,9 1,5
Investimentos não restritos a uma única Região 79,4 62,9
Total Geral 126,3 100
Fonte: FIRJAN 2009

Considerando-se cada Região, o Norte revela uma concentração dos seus principais inves-
timentos em infra-estrutura, todos a serem implantados.

Além disto, observa-se apenas a indústria naval entre os principais investimentos e a au-
sência do setor petroquímico, o que aponta para duas possibilidades: primeiro, que os inves-
timentos previstos no segmento petroquímico nesta Região sejam de menor porte e estejam
20 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
alocados em outros empreendimentos, resultado do peso da cadeia produtiva local do petró-
leo, que requer ações mais localizadas para ampliação de sua capacidade, ao mesmo tem-
po em que demanda fortes investimentos em energia e logística para obter ganhos de efici-
ência.

Em segundo lugar, pode ser o resultado de uma complementaridade entre as regiões do


Estado mais especializadas no setor petroquímico, de tal forma que a ampliação de sua
capacidade produtiva necessite de investimentos em transporte e logística, que complemen-
tem as atividades relacionadas à extração do petróleo e gás, localizadas nas regiões vizi-
nhas.

De qualquer forma, a Região Norte beneficia-se não apenas com os investimentos diretos
em infra-estrutura, mas também dos demais investimentos previstos em outras regiões no
setor petroquímico, uma vez que isso significa uma ampliação da demanda para a sua pro-
dução industrial.

Tabela 3 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Principais Investimentos Previstos, 2010 -


2012
R$
Região Investimento Setor Município Objetivo
bilhões
Chevron Energia Campos Implantação 4,4
Usina Termelétrica do Açu Energia São João da Barra Implantação 4,3
Transporte /
Complexo Portuário do Açu São João da Barra Implantação 2,0
Logística
Norte OGX – Exploração de Petróleo Energia Campos Implantação 1,5
Transporte/
Aeroporto Farol de São Tomé Campos Implantação 0,3
Logística
Centro Logístico de Barra do
Indústria Naval Quissamã Implantação 0,1
Furado
Light S/A – Itaocara Energia Vários Implantação 0,62
Desenvolvimento Expansão/
Noroeste Governo Federal Vários 0,01
Urbano Modernização
Godiva Alimentos – GODAM Alimentos São José de Ubá Implantação 0,01
Fonte: FIRJAN 2009
Por sua vez, os principais investimentos previstos para a Região Noroeste são bem mais
modestos e abrangem os setores de energia, desenvolvimento urbano e alimentos, conside-
rando-se algumas Possíveis causas.

Em primeiro lugar, isto pode relacionar-se à reduzida presença de atividades industriais na


Região, resultando em um ritmo mais lento no investimentos desta natureza. Contudo, o
investimento em infra-estrutura (energia) tende a induzir e possibilitar a expansão da indús-
tria local. Em segundo lugar, o próprio investimento no desenvolvimento urbano caracteriza
a possibilidade de uma demanda maior de energia para fins não industriais, como efeito da
maior urbanização regional e/ou porque existem ainda algumas lacunas regionais com rela-
ção ao recebimento de energia elétrica e estes investimentos irão solucionar os problemas.

De modo geral, todos estes investimentos podem ampliar o crescimento das respectivas
Regiões, bem como do Estado como um todo, incluindo a tendência em ocorrer um efeito
multiplicador, que potencializa o aumento de renda e empregos locais e a diversificação de
sua estrutura produtiva, proporcionado por economias de aglomeração e de escala.

Contudo, um segundo efeito possível é o aprofundamento das desigualdades intra e inter-


regionais. As desigualdades intra-regionais, destacando-se aqui a Região Norte, seriam re-
sultado do aumento da especialização nas atividades produtivas já presentes. Desta forma,

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 21


o crescimento da cadeia produtiva do petróleo e, em alguma medida, da cadeia metal me-
cânica e da indústria naval, poderão tornar a região mais dependente das poucas atividades
para as quais já apresenta especialização, reduzindo-se o ritmo da diversificação.

O possível aprofundamento das desigualdades inter-regionais são conseqüência, ao mesmo


tempo, da concentração de investimentos de maior vulto já relativamente mais desenvolvi-
dos e resultado do próprio crescimento destas regiões em virtude dos investimentos. Na
medida em que tais investimentos ampliam o emprego e a renda em determinadas regiões
tendem também a absorver mão de obra proveniente das outras regiões de crescimento
mais lento e a concentrar novos investimentos, acentuando os fluxos migratórios do Estado,
como o que já ocorre de habitantes do Noroeste para o Norte e todos os processos que lhes
acompanham de falta de qualificação da mão de obra e pobreza, resultando em mais faveli-
zação, violência e degradação ambiental. Deve-se, portanto, buscar formas compensatórias
para estes efeitos, considerando primordialmente a integração do Noroeste e do Norte Flu-
minense1.

1.1.1 Principais Investimentos da Região Norte e Noroeste

No Norte os investimentos concentram-se em Campos, São João da Barra e Quissamã,


sendo os mais vultuosos o investimento da Chevron em Campos na área de energia, totali-
zando R$4,4 bilhões e os investimentos da Usina Termoelétrica de Açu e do Complexo Por-
tuário de Açu, em São João da Barra.

O Complexo de Açu

A partir de um investimento previsto da ordem de R$ 2,0 bilhões, o Complexo Portuário do


Açu incrementará o apoio logístico à produção de comércio e petróleo da Bacia de Campos.
Ocupa grande parte do território de São João da Barra e compreende, entre outras instala-
ções:
• um terminal portuário;
• uma usina de pelotização;
• piers off-shore, com acesso por meio de um canal com 21 metros de profundidade e
capacidade para receber navios de grande porte, com berços de atracação especiali-
zados e dedicados a diferentes famílias de produtos.
O Complexo do Açu é parte integrante de um projeto ainda maior da MMX, conhecido como
Sistema Minas-Rio. Este compreende a construção de uma usina para extração de minério
de ferro localizada no município de Alvorada, em Minas Gerais, com capacidade de produ-
ção estimada em 26,5 milhões de toneladas ao ano de finos de pelotização e um minerodu-
to, de 525 km de extensão – praticamente todo ele subterrâneo – que será o maior do mun-
do, utilizado para transportar polpa de minério de ferro até o terminal portuário do Açu.

O Sistema Minas-Rio é o maior empreendimento da MMX e irá viabilizar um eficiente corre-


dor de exportação das regiões Centro-Oeste/Sudeste, com forte impacto no crescimento
econômico do Rio de Janeiro.

O Porto do Açu terá capacidade para movimentar 11.500.000 t. de carvão, atendendo à de-
manda de empresas siderúrgicas situadas na sua área de influência, assim como às neces-
sidades de uma planta termoelétrica que fará parte do Complexo. Ele contará ainda com um
terminal de carga geral, com capacidade para movimentar contêineres, granito e produtos

1
Texto desenvolvido em conjunto com Leandro Alves Silva.

22 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


siderúrgicos. Foi projetado também um terminal de granel líquido, que atenderá primeira-
mente as necessidades de movimentação de etanol, derivados de petróleo e Gás Natural
Liquefeito (GNL), com capacidade de 4.000.000 m3 por ano. Além disso, foram destinados
dois berços de atracação para logística offshore, com capacidade para aproximadamente
1.200 atracações e movimentação de 90.000 t. de carga por ano, além de área de armaze-
nagem de fluido de perfuração. O Complexo terá uma retroárea enorme, de 6.900 ha, proje-
tada para abrigar diferentes segmentos econômicos, se constituindo como um dos maiores
distritos industriais do país.

Por meio de Lei Municipal, o Complexo Portuário do Açu foi contemplado com a condição de
Distrito industrial, estabelecendo condições favoráveis para a instalação e desenvolvimento
de indústrias, incluindo plantas de siderurgia, termoelétrica, gaseificação, indústria automoti-
va, pólo metal-mecânico, refinaria, armazenagem e logística, entre outros. Já são conside-
radas pelo menos 2 siderurgias e 2 termoelétricas para o Complexo.

Fotos 1 e 2 - Projeto do Complexo Portuário do Açu

Fonte: Equipe da RIONOR, dezembro 2009

Assim, o Complexo terá capacidade para receber navios cape size (com capacidade igual
ou superior a 80.000 t.), de até 250. 000 tpb (toneladas de porte bruto). Pelo Porto serão
escoados até 26.500.000 t/ano de minério de ferro de alto teor, com previsão para 2011.

Foto 3 – Complexo Portuário do Açu

Fonte: Apresentação de Aquino, V., Universidade Cândido Mendes, nov. 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 23


Foto 4 – Complexo Portuário do Açu

Fonte: Apresentação de Aquino, V., Universidade Cândido Mendes, nov. 2009


Usina Termelétrica do Açu

Com montantes ainda mais expressivos, da ordem de R$ 4,3 bilhões, a Usina Termelétrica
do Açu também é um investimento da MMX, através da MPX Mineração e Energia S.A. e
quotistas de auto-produção da UTE Porto do Açu. Está localizada a aproximadamente 40
km do Porto de Açu.

Sua produção visa principalmente o atendimento ao submercado elétrico-energético do Su-


deste. O empreendimento está instalado na retroárea do Complexo Portuário do Açu, em
São João da Barra e a energia gerada se destina ao Ambiente de Contratação Livre (ACL),
para o atendimento a consumidores que hoje representam 30% do mercado de energia elé-
trica do país.

A potência instalada da Usina será de 1.400 MW, sendo duas unidades geradoras a carvão,
de 700 MW. Para minimizar os impactos ambientais do projeto, a Empresa deverá utilizar na
planta tecnologias de uso ambientalmente sustentável e serão instalados sistemas de trata-
mento de efluentes gasosos, líquidos, sólidos e oleosos.

A torre mecânica de refrigeração utilizará a água do aqüífero e do mineroduto do Sistema


Minas-Rio da MMX Mineração e Metálicos. O suprimento de carvão mineral será realizado
com carvão importado, de baixo teor de enxofre e filtros de alta qualidade. contando com o
apoio logístico da LLX Logística S.A.
A conexão ao Sistema interligado Nacional será feita através da Subestação de Campos,
pertencente a FURNAS Centrais Elétricas, a partir da construção de uma linha de transmis-
são de cerca de 35 km.
Através de sua empresa OGX, a MMX investirá também cerca de 1,5 bilhões de reais, em
Campos, em exploração de petróleo.
Aeroporto Farol de São Tomé

Será implantado também em Campos dos Goytacazes, o Aeroporto Farol de São Tomé, um
investimento da ordem de 300 milhões de reais, na área onde atualmente funciona o Heli-
porto Farol de São Tomé, responsável por 40% dos vôos de helicóptero efetuados pela Pe-
trobrás para as plataformas de petróleo. Os outros 60% de seus vôos saem de Macaé, do
aeroporto local e pretende-se que este novo Aeroporto possa atender a toda à demanda.

24 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Fotos 5 e 6 – Projeto do Heliporto Farol de São Tomé Campos

Fonte: Apresentação Weinhardt, L., dez. 2009.


Barra do Furado
O Complexo Logístico e Industrial de Barra do Furado implantado em Quissamã, inclui a
construção de um estaleiro de grande porte, um porto para servir como base de apoio à Ba-
cia de Campos, um terminal pesqueiro, uma marina e um condomínio industrial com núcleo
habitacional.
Fotos 7, 8 e 9 - Canal da Flechas e Comunidade Local

Fonte: Fotos de Adilson dos Santos, jan. 2009.


As indústrias de petróleo, gás e do setor pesqueiro instaladas no Canal das Flechas, na á-
rea que abrange os municípios de Quissamã e Campos, serão as principais beneficiadas
pelo investimento de 210 milhões de reais em obras de infra-estrutura.

Já foram iniciadas as obras de dragagem do Canal das Flechas e a construção de um sis-


tema de by-pass de areia, que liga a Lagoa Feia ao Oceano Atlântico, transformando-o em
um canal navegável, com profundidade mínima de 7 m.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 25


Fotos 10 e 11 – Comunidade Local de Pescadores e Canal das Flechas

Fonte: Foto das autoras, 2009.

Figura 1 - Proposta para o Complexo Logístico de Barra do Furado

Fonte: Prefeitura Municipal de Quissamã, 2009

O espaço possui 200 hectares para apoio off-shore, serviços de apoio logístico, reparos de
construções navais. Espera-se que os benefícios do Complexo sejam crescentes, atraindo
um série de indústrias e empresas voltadas especialmente para o atendimento ao setor pe-
trolífero.

26 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Figura 2 - Benefícios de Investimentos no Complexo Logístico de Barra do Furado

Fonte: Prefeitura Municipal de Quissamã, 2009.


Petróleo e Gás

A participação do setor de Petróleo e Gás no PIB do Estado evidencia seu protagonismo


econômico, pois as atividades da Petrobrás, sozinha, representam aproximadamente 20%
de toda a economia Fluminense (CIDE, 2005, apud Biazzo e Marafon, 2008, p.1949), influ-
enciando por conseguinte, a economia nacional. Além disto, o setor é visto como estratégico
e transversal aos outros setores (IBAM, 2009).

Ainda em 2005, a participação Fluminense sobre o total de petróleo extraído no país tinha
subido mais de dois pontos percentuais, passando de 81,96% para 84,15%. Observa-se que
em 2003 e 2004 a produção havia ficado praticamente estacionada, apresentando inclusive,
em 2004, pequena queda em comparação com 2003 (Plano Diretor de São João da Barra,
2006).

Em 2004 houve um acidente com a plataforma P-36, que afundou devido a uma explosão. O
acidente com a P-36 que na época era a maior plataforma de petróleo do mundo, capaz de
processar 180 mil barris de petróleo por dia, e o próprio atraso na sua substituição acaba-
ram por reduzir a produção, potencializando a elevação de 2005.

O bom desempenho neste ano decorreu da entrada em operação de novas plataformas de


petróleo. Este crescimento interrompeu a estagnação e devolveu à produção Fluminense a
dinâmica que havia se tornado característica da atividade, durante mais de 10 anos. Assim
como o petróleo, a produção estadual de gás natural apresentou forte aumento, de 17,53%,
em 2005.

O aumento foi bem superior ao apresentado pela produção nacional, que cresceu
4,29%/ano, fazendo com que a participação Fluminense sobre o total da produção brasileira
de gás natural avançasse de 39,94% para 45,01%. (Plano Diretor de São João da Barra,
2006). Este crescimento produtivo resultou, em 2006, na auto-suficiência brasileira em pro-
dução petrolífera.

A retomada na produção petrolífera teve impacto direto nas finanças do Estado do Rio, pelo
aumento do repasse de participações governamentais que tornaram-se, em 2005, a segun-
da maior fonte de receitas fiscais para o Estado, atrás apenas do ICMS.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 27


Em 2008, seguindo a tendência de crescimento, a produção de petróleo no Brasil foi para
633.000.000 bpd (barris de petróleo/dia), sendo que 570.000.000 bpd. foram produzidos na
Bacia de Campos, representando cerca de 86% da produção nacional, com uma média diá-
ria de 1.600.000 bpd. A produção de gás também alcançou, neste ano, 24 milhões de
m3/dia.

A Bacia de Campos2 vai do Estado do Espírito Santo, próximo à Vitória, até Arraial do Cabo,
no litoral norte do Rio, com cerca de 100.000 km2 de extensão. Na Bacia de Campos, atual-
mente, estão em fase produção 55 campos de petróleo e gás da Petrobrás, sendo que des-
tes, 11 são em parceria com outras empresas.

Figura 3 - Bacia de Campos e Suas Plataformas

Fonte: Apresentação de Renault, A., nov. 2009.

A Petrobrás é uma das maiores empresas brasileiras e tem investido maciçamente nos sis-
temas de produção do petróleo e no desenvolvimento da atividade, considerando-se novas
tecnologias, preparação de profissionais, logística, negócios. Entre 2009-2013, a Empresa
continuará sendo a majoritária em termos de investimentos em petróleo e gás no Brasil, per-
fazendo o total de 81% de todos os investimentos feitos no país, da ordem de US$ 195,8
bilhões.

2
Acima, estão representados alguns dados suplementares, como as plataformas com suas caracte-
rísticas e informações técnicas na Base Imbetiba, localizada em Macaé.
28 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Gráfico 1 - Investimentos no Brasil, Petróleo e Gás, 2009-2013

US$ 195,8 bi

Fonte: Petrobrás e IBP, apresentação Renault, A., novembro de 2009.

Segundo a Petrobrás, o valor adicionado gerado no país por suas atividades, acrescido do
impacto na cadeia produtiva dos investimentos e gastos operacionais representam, em mé-
dia, 10% do PIB brasileiro, o que reflete a dimensão de seus negócios.
Tabela 4 - Petrobrás – Investimentos e Gastos Operacionais
Investimentos B US$
Petrobrás no Brasil 170
Cadeia produtiva dos investimentos 73
Cadeia produtiva dos gastos operacionais 66
Total do valor adicionado 309
Fonte: Apresentação Weinhardt, L., dez. 2009.

Foto 12 - Petrobrás Macaé - Porto de Imbetiba

Fonte: Apresentação Weinhardt, L., dez. 2009.


Além disto, observa-se que, entre 2001-2008, a empresa apresentou um crescimento produ-
tivo de 5,6% ao ano, aumentando sua produção de óleo e gás e pretende aumentar ainda
mais a produtividade na próxima década, conforme o gráfico seguinte.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 29


Gráfico 2 - Petrobrás, Produção Total de Óleo e Gás

Fonte: Apresentação Weinhardt, L., dezembro de 2009.

As perspectivas futuras apontam para o crescimento produtivo, conforme dados da Petro-


brás, que pretende ter um crescimento médio anual de 8,8% entre 2008 e 2020. Conforme
suas previsões, produção de óleo deverá aumentar, de 1,6 mil barris/dia de 2008, para 1,9
mil barris/dia em 2012.

O próximo gráfico confirma este objetivo. São apontados os grandes projetos de óleo e gás
no Brasil, da Petrobrás, entre 2010-2013, com a inclusão de novas plataformas e também
contando-se com o início da exploração do pré-sal que, juntos, representam um crescimento
bastante expressivo para os próximos anos.

Gráfico 3 - Treze grandes Projetos de Óleo e Gás no Brasil, 2010 - 2013

Fonte: Apresentação Weinhardt, L., dez. 2009.

30 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


A exploração de petróleo no pré-sal, que vem sendo confirmada há poucos anos como rea-
lidade, se mostra um recurso exponencial que, acredita-se, irá causar impactos sem prece-
dentes na economia brasileira, podendo duplicar a produtividade petrolífera.
A camada de pré-sal fica muito próxima ao local de exploração atual, a níveis de profundi-
dade maiores. Existem pelo menos duas regiões distintas no denominado ambiente do pré-
sal:
• a Bacia de Santos (com os poços Tupi, Iara, Guará), que ficam a 300 km da costa,
em profundidade de 5.000 m até 10.000 m e uma camada de sal a 2.000 m de pro-
fundidade;
• a Bacia de Campos (com o poço ES/Jubarte), que fica a 70 km da costa, com infra-
estrutura já montada, em uma profundidade de 2.000 m até 5.000 m e uma camada
de sal a 200 m de profundidade.
Figura 4 - Rocha Reservatório de Pré-Sal

Fonte: Apresentação Weinhardt, L., dezembro de 2009.

Segundo informações da Petrobrás, dos testes efetuados na Bacia de Santos houve 100%
de sucesso, nos poços de Tupi, Iara e Guará. Estão em teste no momento 28 sondas de
perfuração do pré-sal.
Figura 5 - Petrobrás, Poços Testados do Pré-Sal

Fonte: Apresentação Renault, A. nov. 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 31


Estima-se que a produção de petróleo extraído do pré-sal será iniciada em 2013, com apro-
ximadamente 219 mil barris/dia, mais que dobrando-se sua produção até 2015 e chegando
em 2020, a produzir 1.815 mil barris/dia, valor um pouco acima da produção total de petró-
leo da Bacia de Campos atualmente, ou seja, espera-se que dentro de um cenário positivo a
produção petrolífera dobre com o pré-sal, conforme sugerido pelo gráfico seguinte.
Gráfico 4 - Estimativa de Produção no Pré-Sal Concedido à Petrobrás - 1.000 bpd

Fonte: Apresentação Weinhardt, L., novembro de 2009.

Mais ainda, a partir do pré-sal acredita-se que o Brasil alcançará sua auto-suficiência na
produção de gás natural.

Entretanto, existem vários desafios neste processo exploratório recém implementado, con-
forme Renault (2009) aponta, especialmente tecnológicos, como o desenvolvimento de ma-
teriais especiais, modelagens, nanotecnologia, automação, dutos inteligentes, reservatórios,
logística de gás associados, Engenharia Submarina e Engenharia de Poços, formas de a-
proveitamento do gás natural – todos estes variáveis que influem nos resultados alcança-
dos.

Outras questões que deverão ser discutidas são o sistema tributário, a necessidade de re-
cursos humanos qualificados, as indefinições no marco regulatório e a complexidade no
sistema de regulação, fiscalização e controle dos órgãos da União sobre a atividade econô-
mica, gerando inúmeras incertezas.

Assim, a exploração do pré-sal apresenta perspectivas inovadoras que demandam novos


contratos, acordos e leis que regulem a área de exploração e produção, resultando em te-
mas como o Regime de Partilha da Produção, a Criação da Petro-Sal, o Fundo Social e ou-
tros, que vem sendo intensamente discutidos atualmente no Congresso Nacional e em ou-
tras esferas sociais - apontando a Petrobrás como a maior operadora do pré-sal, dentro dos
possíveis arranjos já sugeridos até o momento.

De acordo com Renault (2009), dentre as principais oportunidades geradas pelo pré-sal no
Brasil estão o aumento de reservas provadas, que pode ultrapassar os 100%, o aumento do
valor de Mercado, a partir da produção do óleo médio-leve e um aumento considerável de
produção. Além disto, se ganhará escala na produção industrial, ampliando as encomendas
e gerando condições objetivas para criar-se uma indústria de suprimentos “offshore” de es-
cala mundial, com perspectivas de investimentos para um longo período.

32 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Acredita-se que serão ampliadas as oportunidades locais tradicionais nos seguintes setores:
Construção civil, canteiros para “offshore”, máquinas e equipamentos, materiais e insumos,
instrumentação, transporte/dutos, construção e operação naval, telecomunicações, informá-
tica, infra-estrutura portuária, terminais, armazenagem/tancagem, manutenção, eletro-
eletrônico, construção e montagem industrial, cadeia de suprimento de consumíveis, entre
outros.

Os investimentos totais no Pré-Sal somam 45 bilhões de dólares sendo que, destes, U$28
bilhões serão realizados pela Petrobrás, representando 62% do total, e U$17 bilhões por
outras operadoras. Do montante total, entre 2009-2013, U$18,6 bilhões serão investidos na
Bacia de Campos, com previsão de um grande aumento de inversões/ano, passando para
U$98,8 bilhões, entre 2009-2020.

Gráfico 5 - Bacia de Campos, Investimentos no Pré-Sal, 2009-2013

Fonte: Apresentação Renault, A. Novembro de 2009

Além da receita gerada diretamente através da produção de petróleo e gás, a Petrobrás


gera na Bacia de Campos cerca de 61 mil empregos diretos e 230 mil empregos indiretos,
sendo em sua maioria terceirizados. (Petrobrás, 2009).

A pujança econômica promovida regionalmente a partir da distribuição dos “royalties” para


diversos municípios que são considerados diretamente influenciados pela Bacia: aumenta
as receitas, atrai novas empresas dentro de sua cadeia produtiva, gera empregos especiali-
zados e incentiva o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias de ponta.

Por outro lado, há que considerar também os impactos negativos advindos da atividade pe-
trolífera, conforme pesquisa realizada pelo IBAM sobre a realidade de Macaé.

Este impactos se traduzem em aumento no nível geral dos preços praticados localmente – o
que foi comentado por diversos habitantes durante o trabalho de campo realizado - aumento
da demanda por serviços básicos e infraestrutura, concentração de renda, bem como a de-
sestruturação dos setores tradicionais da economia, a exemplo da atividade pesqueira local.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 33


Tabela 5 - Impactos da Atividade Petrolífera, Diagnóstico Econômico Local, Macaé, 2009, IBAM
Impactos Positivos Impactos Negativos
Aumento das receitas Aumento no nível geral de preços da economia
Atração de empresas prestadoras de serviços Aumento da demanda por serviços básicos e
para o setor infraestrutura urbana
Geração de empregos especializados Desestruturação dos demais setores tradicionais
Possibilidades de desenvolvimento de pesquisa
Concentração de renda
e tecnologia de ponta
Fonte: Diagnóstico Econômico Local, Macaé, IBAM, 2009

Assim, é importante observar-se este efeitos para minimizá-los na medida do possível, atra-
vés de mecanismos que atuem, sempre que possível, como preventivos.
Principais Investimentos da Região Noroeste
Usina de Itaocara - Light

Um dos investimentos do Noroeste Fluminense compreende a construção da hidrelétrica de


Itaocara, com capacidade instalada de 195 MW, no Rio Paraíba do Sul, entre os municípios
de Itaocara e Aperibé.

O investimento previsto é da ordem de R$740 milhões, sendo que R$616 milhões deverão
ser gastos entre 2010-2012, realizados pela Light.

Além das inversões para construção da Central, a Light deverá despender anualmente R$1
milhão para o Estado e os dois municípios locais, que são “royalties” como compensação
pelas áreas a serem alagadas, durante 35 anos. Fez parte do acordo que a Companhia ar-
cará também com os custos de desapropriação das terras inundadas.

Com a hidrelétrica de Itaocara funcionando, a Light aumentará sua capacidade total de


geração para 833MW, devendo reduzir o porcentual de falhas no sistema, além de garantir
mais agilidade no restabelecimento do fornecimento de energia, em caso de interrupção.
(Carro, 2001).

Godiva Alimentos, GODAM


Em 2009 foi assinado, em São José de Ubá, o projeto de implantação da unidade industrial
da GODIVA Alimentos Ltda., proprietária da marca GODAM, que faz parte dos projetos do
Governo para os municípios, apresentados no próximo item. A empresa irá produzir leite
longa vida UHT Integral e UHT desnatado.

O Projeto será financiado pela INVESTE-RIO, com recursos do FREMF (Fundo de Recupe-
ração Econômica dos Municípios Fluminenses) com investimentos estimados em R$14 mi-
lhões, gerando inicialmente cerca de 70 empregos diretos e 1.500 indiretos.

A proposta foi desenvolvida através da parceria com a FIRJAN Noroeste, que ficou respon-
sável pela elaboração técnica e acompanhamento da mesma junto à INVESTE-RIO e a Pre-
feitura de São José de Ubá, que disponibilizou o terreno para a instalação da empresa.

1.1.2 Programas e Projetos do Governo do Rio de Janeiro para o Norte e o Noroes-


te Fluminense

Além dos empreendimentos apresentados, a SEDEIS, Secretaria de Desenvolvimento Eco-


nômico, Indústria e Serviços, possui algumas propostas relativas aos Programas e Projetos
do Governo do Estado para estas Regiões, considerando-se seus potenciais produtivos já
34 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
estabelecidos e as necessidades de ampliação dos mercados, que definem algumas alter-
nativas econômicas para os próximos anos (Gurgel, A., 2009):

Petróleo e Gás

Como já descrito, o Estado Fluminense passa por uma fase expressiva de investimentos,
com uma parcela significativa destes voltada para a exploração e produção de petróleo e
gás na Região Norte Fluminense.

Silvicultura

Uma nova alternativa à geração de emprego e renda é o setor da silvicultura econômica no


território fluminense, com o plantio de eucalipto e outras espécies, destinados a produção de
papel, à indústria moveleira e produção de matéria prima e inclusive para a produção de
biocombustível.

Já foi realizado um mapeamento de áreas prováveis para o Projeto, que agora conta com
apoio da Lei que institui o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) do Estado. Assim, o
desenvolvimento florestal recebeu um novo reforço, com a aprovação do Projeto de Lei
383/07, melhorando a competitividade na atração de projetos, pois favorece as plantações
industriais de eucalipto, seringueira, bambu e pinho no interior, incluindo o Noroeste Flumi-
nense. Como compensação, as empresas deverão plantar em média 20 hectares de espé-
cies de Mata Atlântica para cada 100 hectares de monocultura implantada.

Fomento para a Plantação à Seringueiras – Projeto Látex

De acordo com a Pesagro/Embrapa, o Sul e o Noroeste Fluminense apresentam excelentes


condições climáticas e de solo para o plantio da seringueira, que é uma das melhores cultu-
ras em termos de geração de renda e emprego no campo. Mais ainda, o preço do látex vem
subindo no mercado internacional e o Brasil importa 2/3 do que consome, ou seja, esta é
uma cultura com grandes possibilidades de expansão.

A expectativa do Projeto Látex é a redução da dependência de importação da matéria prima,


ampliando o plantio para mil hectares nos próximos dois anos, gerando inicialmente 250
empregos, incentivando a agricultura familiar e fomentando a industrialização da borracha
no Estado. Suas principais ações incluem o desenvolvimento de novos jardins clonais e vi-
veiros de mudas, em parceria com as prefeituras; a realização de seminários de sensibiliza-
ção e divulgação das oportunidades de investimentos oferecidas pela seringueira e a capa-
citação de técnicos e da mão-de-obra (sangradores).

Setor Moveleiro

Este Programa busca dar apoio à expansão das indústrias do setor, contribuindo para a
consolidação do Pólo Moveleiro Fluminense, além de atrair novas indústrias e fornecedores
do setor, que inclui Campos dos Goytacazes. Suas principais ações são o apoio a esta ex-
pansão, promovendo o aperfeiçoamento do design, a melhoria da qualidade e produtividade
e qualificação da mão-de-obra.

Agroenergia

Atualmente, apenas 6 das 24 usinas que operavam nas regiões Norte e Noroeste estão ati-
vas, com a produção de cana-de-açúcar ocupando pouco mais de 100 mil hectares.

O Programa Rio Agroenergia tem como objetivo devolver ao Estado sua posição no ranking
nacional de grandes produtores de álcool e, neste sentido, ambas as localidades em estudo
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 35
tem potenciais na área. Vários setores de infra-estrutura tem trabalhado em conjunto para
melhorarem as tecnologias utilizadas, as condições de financiamento e incentivos fiscais na
produção de açúcar e biodiesel.

Implantação de APLs e Turismo

A proposta de implantação de APLs visa elaborar estudos e acompanhar a proposição de


planos voltados para o desenvolvimento regional e planejamento territorial de áreas sob
influência de grandes projetos de impacto no território estadual. Suas principais ações estão
direcionadas para a viabilização de Arranjo Produtivo Local – APL, de Entretenimento e Tu-
rismo da Região Norte e Noroeste Fluminense e a elaboração de perfil para as áreas de
influência dos Portos do Açu e Barra do Furado;

2 ESTRUTURA SOCIAL

2.1 Demografia e Migração

2.1.1 Região Norte

A Mesorregião Norte Fluminense é constituída por nove Municípios, distribuídos em duas


microrregiões: Campos dos Goytacazes e Macaé. A primeira é formada por Campos do
Goytacazes, Cardoso Moreira, São Fidelis, São Francisco de Itabapoana e São João da
Barra. A segunda se constitui por Macaé, Conceição do Macabú, Carapebus e Quissamã.

A ocupação da Região Norte Fluminense, na primeira metade do século XVII, deu-se com a
função de instalar currais de gado bovino para transporte e moagem de cana, suprindo as
necessidades dos senhores dos engenhos. Desde então, a atividade econômica da cana-
de-açúcar passou a desempenhar um papel fundamental na sua organização socioeconô-
mica. Durante o século XIX ocorreu a modernização da produção, com a instalação de di-
versas usinas, tendo em vista o aumento da produção da cana e a necessidade de diminui-
ção de custos operacionais. (Silva, L., 2006, p.03).

O principal pólo econômico da Região, baseado na atividade açucareira, foi o município de


Campos dos Goytacazes, que apresentou também importante representatividade nacional
no campo intelectual e cultural e exerceu uma função polarizadora sobre o Noroeste Flumi-
nense. Os demais municípios ocupavam posições periféricas, tanto em termos de produção
econômica como em número de usinas. São João da Barra se diferenciava, entretanto, pelo
porto e pela forte presença da pesca e do turismo em seu território.

De maneira similar à trajetória da cana-de-açúcar, na década de 70, a descoberta de petró-


leo na plataforma continental da Bacia de Campos apontou para novas perspectivas socioe-
conômicas regionais. A partir daí, por questões de ordem natural e logística, a Petrobrás
instalou em Macaé uma base terrestre de operações. Durante o processo, outras prestado-
ras de serviço nacionais e multinacionais também montaram suas sedes na cidade, atraídas
pelo seu desenvolvimento potencial.

Assim, a inserção da indústria petrolífera no cenário regional representou uma transição em


seus ciclos econômicos, promovendo o início de uma reestruturação sócio-espacial e uma
nova dinâmica de desenvolvimento econômico e demográfico. A cultura canavieira tradicio-
nal perdeu espaço e força, tornando-se uma atividade econômica secundária.

Entretanto, ainda hoje, o cultivo da cana e a produção do açúcar/álcool se destaca em


Campos. Estes setores se modernizaram e novo perfil da agroindústria contribuiu para au-
mentar sua capacidade produtiva.
36 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Por outro lado, reduziu-se sua população mantida permanentemente pela agricultura e pelas
lavouras de subsistência, fazendo crescer o setor informal e a migração, pois mais da meta-
de da população economicamente ativa trabalha atualmente no setor terciário. No setor se-
cundário, o município concentra o maior número de estabelecimentos da Região, destacan-
do-se as indústrias de produtos alimentares, química, transformação de produtos de mine-
rais não metálicos e mecânica. (Fundação CIDE, 2009, p. 03).

Ressalta-se que Quissamã é o maior produtor de coco do Estado e possui um elevado po-
tencial para o turismo ecológico, histórico e cultural, resultante de um dos maiores patrimô-
nios culturais preservados. Já em São Francisco de Itabapoana se destacam a fruticultura
de abacaxi, maracujá e pinha e outras.

Em Macaé, a atividade extrativa mineral tem sido uma alavanca desenvolvimentista, a partir
da qual novas perspectivas se abrem para a população regional, recebendo migrantes intra
e inter-regionais, movidos pelas novas oportunidades de trabalho e pela implantação de
uma base de operações da Petrobrás no seu território. Conseqüentemente, o pólo de atra-
ção regional que estava historicamente localizado em Campos, está sendo substituído pelo
bipolo Campos-Macaé, ambos apresentando diversas potencialidades e fragilidades.

Fotos 13 e 14 – Campos e Macaé, Centro Urbano

Fonte: Foto das Autoras, 2009.


Além disto, a Petrobrás possui instalações em Campos dos Goytacazes e em São João da
Barra, além do oleoduto que atravessa os municípios de Quissamã, Carapebus e Macaé.
Até o momento, a contribuição da Petrobrás considerada mais expressiva para a economia
regional consiste no pagamento dos “royalties” e de participações especiais em vários muni-
cípios do Estado, sem que nenhum barril de petróleo tenha sido processado ou refinado no
Norte Fluminense (Biazzo e Marafon, 2008, p.1949).

Alguns setores chave industriais estão surgindo a partir de ações independentes, como é o
caso da construção naval, ainda incipiente, da indústria química e de uma série de ativida-
des que englobam tanto a cadeia produtiva do petróleo e gás, particularmente, como outras
manifestações do setor de serviços que são demandados a partir do grande aumento popu-
lacional local.

Assim, Macaé se depara com um crescimento exacerbado que, apesar de promover o in-
cremento de sua economia, também provoca o crescimento acelerado e desordenado da
malha urbana, contribuindo com a proliferação de favelas, a degradação ambiental e com
novos direcionamentos da incorporação imobiliária local. (Dias, 2005).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 37


Além do setor petrolífero, também existem outros manifestações econômicas no Norte: fruti-
cultura irrigada, agricultura, agroindústria, bebidas, biotecnologia, móveis, pecuária, piscicul-
tura e turismo.

Fotos 15 e 16 - Região Norte Fluminense, Atividades Econômicas


Criação de Gado em São João da Barra Comunidade Pesqueira em Quissamã

Ponto turístico em São João da Barra Vendedores ambulantes nas margens da


Rodovia Campos/São João da Barra

Fonte: Fotos das autoras, 2009

Ressalta-se ainda que, na década de 90 a Região passou por um processo de reordena-


mento territorial, com a criação de quatro novos Municípios: Quissamã (emancipado de Ma-
caé, em 1990), Conceição de Macabu (emancipado de Campos, em 1993), Carapebus (e-
mancipado de Macaé, em 1997) e São Francisco do Itabapoana (emancipado de São João
da Barra, em 1997), o que mudou o panorama de inúmeras maneiras, gerando mudanças
administrativas, populacionais e as próprias demandas pelas políticas públicas ofertadas.

Dados referentes ao ano de 2000 indicam que a densidade demográfica da Região foi signi-
ficativamente inferior à do Estado do Rio de Janeiro, correspondendo respectivamente a
51,75 e 328,6 hab./km². Campos do Goytacazes e Macaé são os municípios mais populo-
sos, ambos com mais de 100.000 habitantes, apresentando densidade demográfica superior
a 100 hab./km². Conceição de Macabu e São João da Barra aparecem em seguida, com as
taxas de 53,7 e 59,5 hab./km².

O restante dos municípios apresenta densidades demográficas relativamente baixas, contri-


buindo para as menores densidades demográficas regionais do Estado, que ocorrem no
Norte e Noroeste Fluminenses, conforme os gráficos a seguir revelam.
38 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Gráfico 6 - Rio de Janeiro, Distribuição Percentual da População por Regiões do Estado - 2007

Fonte: TCE - Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2008.


Gráfico 7 - Região Norte Fluminense, Distribuição Percentual da População por Município -
2009

Fonte: IBGE - Censos DemoGráficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009


A Região Norte conta atualmente com uma população total de 811.089 habitantes, o que
equivale a 5% da população do Rio de Janeiro. Esta população se distribui em uma exten-
são territorial de aproximadamente 9.797,4 Km, correspondendo a 22% da área total do Es-
tado. A população de Campos corresponde a 53,5% do total da Região, enquanto Macaé
abriga 23,9% da população regional.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 39


Gráfico 8 - Região Norte Fluminense, Evolução da População - 1991 a 2009

Evolução da População Total da Região Norte Fluminense


hab.

900.000 811.089
766.320
800.000 698.783
653.844
700.000 611.576

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000
1.991 1.996 2.000 2.007 2.009* ano
* Estimativa

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009


Pesquisas e prospecções do IBGE, no período de 1991 a 2009, apontam para um aumento
populacional gradativo na Região, não se diferenciando muito das tendências estadual e
nacional.

No entanto, percebe-se que a taxa de crescimento demográfico da Região, nestas décadas,


foi mais expressiva do que a do Estado e a do Brasil. Neste período, a taxa de crescimento
total estadual foi de 25%, o que corresponde a uma média de 1,39% ao ano, enquanto o
Brasil apresentou a taxa de crescimento total de 30,4%, perfazendo a média de 1,69% ao
ano.

A Região Norte, por sua vez, apresentou taxa de crescimento total de 32,6% e a média anu-
al de crescimento foi de 1,81%. Ou seja, seu crescimento populacional foi 7,6% maior que o
crescimento estadual e 2,2% maior que o crescimento do país.

Tabela 6 - Região Norte Fluminense, Evolução da População - 1991, 1996, 2000, 2007, 2009
Evolução da População Total - 1991 - 2009
Municípios da Região
1.991 1.996 2.000 2.007 2.009*
Norte Fluminense
Campos dos Goytacazes 389.109 389.547 406.989 426.154 434.008
Carapebus - - 8.666 10.677 11.939
Cardoso Moreira - 11.940 12.595 12.206 12.481
Conceicao de Macabu 16.963 18.206 18.782 19.479 20.687
Macaé 100.895 121.095 132.461 169.513 194.413
Quissamã 10.467 12.583 13.674 17.376 19.878
São Fidélis 34.581 36.534 36.789 37.477 39.256
São Francisco Itabapoana - - 41.145 44.549 47.832
São João da Barra 59.561 63.939 27.682 28.889 30.595
Total da Região Norte 611.576 653.844 698.783 766.320 811.089
Total do Estado RJ 12.807.706 13.406.308 14.391.282 15.420.450 16.010.429
Total do Brasil 146.825.475 157.070.163 169.799.170 183.989.711 191.481.045
-- = sem informação * Estimativas da População
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009
40 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Este aumento de população pressupõe novas demandas e impactos sociais, econômicos e
estruturais, que freqüentemente ocorrem com a chegada de novos habitantes, levando ao
aumento de problemas enfrentados nos municípios.
No entanto, este crescimento não se deu de forma homogênea. No período 1991 - 2000, ao
se comparar os indicadores de cada município, surgem grandes discrepâncias nas tendên-
cias de crescimento populacional, sugerindo um indicador da dinâmica interna desigual da
Região.
Tabela 7 - Região Norte Fluminense, Taxa de Crescimento, 1991 - 2009
Taxas de Crescimento (%)
Intervalo Taxa de
Municípios da Região Crescimento
Norte Fluminense 1991 - 1996 - 2000 - 2007 - 1991 - Média Anual -
1996 2000 2007 2009 2009 1.991 a 2.009
Campos dos Goytacazes 0,11 4,48 4,71 1,84 11,54. 0,64
Carapebus - - 23,21 11,82 - -
Cardoso Moreira - 5,49 -3,09 2,25 - -
Conceicao de Macabu 7,33 3,16 3,71 6,20 21,95. 1,22
Macaé 20,02 9,39 27,97 14,69 92,69. 5,15
Quissamã 20,22 8,67 27,07 14,40 89,91. 5,00
São Fidélis 5,65 0,70 1,87 4,75 13,52. 0,75
São Francisco Itabapoana - - 8,27 7,37 - -
São João da Barra 7,35 -56,71 4,36 5,91 -48,63. -2,70
Total da Região Norte 6,91 6,87 9,66 5,84 32,62. 1,81
Total do Estado RJ 4,67 7,35 7,15 3,83 25,01. 1,39
Total do Brasil 6,98 8,10 8,36 4,07 30,41. 1,69
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009
De acordo com a Tabela anterior, entre 1991 e 1996, Macaé e Quissamã apresentaram as
maiores taxas de crescimento populacional regional, em torno de 20%. Em contraponto,
Campos apresentou uma taxa de crescimento inexpressiva de 0,11%.

De acordo com a tabela acima, entre 1991 e 1996, Macaé e Quissamã apresentaram as
maiores taxas de crescimento populacional regional, em torno de 20%. Em contraponto,
Campos apresentou uma taxa de crescimento inexpressiva de 0,11%.

Ressalta-se que, anteriormente a este período, Macaé já havia apresentado um grande au-
mento de contingente populacional, em virtude da consolidação da indústria petrolífera em
seu território. Em 1970, segundo o IBGE, a população total de Macaé correspondia a 47.221
habitantes. Em 2009, a população alcançou 194.413. De tal forma, calcula-se que em quatro
décadas sua população se tornou 4,11 vezes maior, ou seja, a cada dez anos duplicou-se a
população total no Município. Mesmo com este crescimento tão expressivo, os dados ainda
são subestimados, dada a forte presença de população flutuante, constituída principalmente
por pessoas que trabalham em Macaé, mas residem em outros municípios.

Entre 1996-2000, as taxas de crescimento diminuíram em praticamente todos os municípios,


exceto em Campos, que seguiu uma lógica inversa, aumentando apenas 4,48% de sua po-
pulação e São João da Barra sofreu uma imensa perda populacional de 56,71%, neste
mesmo intervalo de tempo.

Entre 2000-2007 as taxas de crescimento municipais, de maneira geral, voltaram a crescer


ou, em alguns casos, se mantiveram constantes. Macaé e Quissamã registraram o maior
aumento e apresentaram taxas de crescimento similares, em torno de 27%, cada. Cardoso
Moreira apresentou diminuição da população neste período (-3,09%), enquanto São João da
Barra retornou seu crescimento, aumentando o contingente populacional em 4,36%.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 41
O gráfico a seguir representa este movimento do fluxo populacional nos Municípios da Regi-
ão.

Gráfico 9 - Região Norte Fluminense, Evolução da Taxa de Crescimento - 1991 a 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009

Ao se analisar as taxas de crescimento total entre 1991-2009, observa-se que os municípios


costeiros e pertencentes à zona principal de produção petrolífera apresentaram altas taxas
de crescimento. Macaé e Quissamã registraram o maior aumento populacional da Região,
sendo respectivamente 92,69 % e 89,1%, o que corresponde a uma média de crescimento
de 5% /ano.

No caso de Macaé, conforme comentado, este valor expressivo pode ser vinculado especi-
almente às movimentações geradas pela instalação de grandes empreendimentos, a partir
do seu pólo petrolífero, que atraem constantemente novos públicos em busca de oportuni-
dades de emprego, sejam eles diretos ou indiretos e conectados às supostas vantagens
creditadas pelo recebimento dos royalties. Outro atrativo local, que também contribui para
este crescimento, é o número crescente de instituições de ensino técnico e superior e seu
comércio mais diversificado.

No entanto, estes atrativos terminam sendo ilusórios, porque grande parcela dos migrantes
não possui qualificações adequadas para a ocupação dos postos de trabalho e não conse-
guem ter acesso às oportunidades locais e ainda, não há correlação direta entre os recebi-
mentos dos royalties e benefícios para as populações.

Outros Municípios interioranos, como São Fidelis, Conceição de Macabu e Cardoso Moreira,
também revelaram baixo crescimento ou mesmo perda populacional.

42 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Ainda considerando o intervalo de tempo entre 1991 e 2009, Campos dos Goytacazes apre-
sentou taxa de crescimento total de 11,54%, correspondendo a um aumento populacional
médio de 0,64%/ano, inferior à média regional de 1,81%: conforme Terra (2004, apud Ajara
e Neto, 2005), “este é um crescimento reduzido, se comparado aos municípios da zona de
produção principal da bacia de Campos e da “expectativa de vultosos investimentos diante
do volume de “royalties” e participações especiais recebidos”.

Foto 17 – Campos dos Goytacazes, Centro Urbano

Fonte: Foto das autoras, 2009.


O aumento populacional diferenciado que ocorre entre estes Municípios possui diversas
causas. Considerando que em Campos existem inúmeras instituições de ensino que atraem
um grande número de estudantes e que a cidade também recebe vultosos “royalties” e já foi
o pólo regional, é importante investigar seu baixo crescimento ou mesmo perda populacio-
nal. A chegada contínua de estudantes pode estar ainda encobrindo um êxodo de nativos
importante, supõe-se que em busca de melhores condições de trabalho, inclusive migrando
para Macaé.

Por outro lado, a perda de população sugere uma oferta local limitada de oportunidades de
estudo e trabalho e/ou a insuficiência de serviços públicos ofertados para a população, as-
pectos que incentivam o êxodo populacional em busca de melhores condições de formação
e renda, principalmente o estrato jovem da população economicamente ativa.

Em Quissamã, supõe-se que pela proximidade com Macaé e por apresentar uma qualidade
de vida aparentemente mais elevada, conseqüência de índices menores de criminalidade,
porte populacional pequeno, índices de saúde bastante positivos e por ser uma cidade lito-
rânea, etc. favorece a atração de migrantes pendulares, temporários ou definitivos.

O Mapa seguinte reflete os valores de crescimento municipais entre 1991-2009, sendo que
em alguns, por ausência de dados não foi possível constatar o valor total, inclusive porque a
pesquisa foi realizada antes de suas instalações administrativas. Nestes municípios que
possuem dados incompletos, entre 2000-2007, Carapebus teve aumento populacional de
23%, São Francisco de Itabapoana também aumentou sua população em 8% e Cardoso
Moreira enfrentou perda populacional de (-3,09%).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 43


Mapa 2 - Região Norte Fluminense, Crescimento Populacional, 1991-2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.

Relativo às perdas e aumentos populacionais, foram constatados fluxos migratórios internos,


mas não se tem mapeada as condições de origem-destino. Os dados disponíveis do IBGE
apontam apenas que, entre os anos de 1995 e 2000, Campos recebeu um total de 8.358
habitantes originários das diversas regiões do Estado do Rio de Janeiro, enquanto Macaé
recebeu 11.572 imigrantes.

Em uma pesquisa, realizada com ano base 1996, os dados apontam que do total de 25.322
novos habitantes recebidos no Norte, 12.291 foram para Macaé e 7.588 foram para Campos
dos Goytacazes.

Ou seja, pela magnitude de seu crescimento e geração de riquezas muito acima das médias
municipais e nacionais, já em 1996, Macaé era o município da Região que mais recebia no-
vos habitantes, tanto de população interna do Norte, como do Noroeste, e de outras regiões
do Estado, do país e inclusive habitantes internacionais, recrutados para o trabalho nas em-
presas petrolíferas concentradas em serviços. Campos dos Goytacazes comparece como o
segundo município mais procurado, seguido por São João da Barra. Aquele que recebeu
menos migrantes, neste ano, foi Quissamã.

Em 2000, segundo informações constantes do Anuário Estatístico do Rio de Janeiro, existi-


am na Região um total de 1.341 estrangeiros, dentre eles os naturalizados brasileiros. Deste
total, 63% residiam em Macaé e outros 25,6% em Campos. São Fidélis aparecia como o
terceiro município, onde residia o maior número de estrangeiros, 62, 4,6% dos estrangeiros
residentes em toda a Região. Nos demais municípios, a presença de residentes estrangei-
ros era bastante inferior, variando de nenhum em Cardoso Moreira a 34, em Carapebus.

44 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 8 - Região Norte Fluminense, Pessoas Não Residentes em Macaé, por Origem Migrató-
ria, 1996
Outra
Estado do
Região e Municípios Total Unidade da Outro País Ignorado
Rio de Janeiro
Federação
Região Norte Fluminense 25.322 18.981 5.846 242 253
Campos dos Goytacazes 7.588 5.456 1.976 86 70
Carapebus 354 285 68 - 1
Cardoso Moreira 499 443 45 - 11
Conceição de Macabu 891 816 66 1 8
Macaé 12.291 8.816 3.270 149 56
Quissamã 295 214 15 - 66
São Fidélis 851 792 50 1 8
São Francisco de Itabapoana 904 624 263 3 14
São João da Barra 1.649 1.535 93 2 19

Fonte: CIDE, 2001, apud Silva, E. 2003, p.33

Com a implantação dos grandes empreendimentos na Região, espera-se que o fluxo popu-
lacional migratório, especialmente para Macaé, Quissamã, Conceição de Macabu – cidade
dormitório de muitos trabalhadores de Macaé - São João da Barra e Campos dos Goytaca-
zes seja bastante expressivo nos próximos anos e muito acima do que suportam as infra-
estruturas locais existentes, os serviços públicos disponíveis e a própria dinâmica socioeco-
nômica municipal e regional. (Silva E., p.20, 33).

Conseqüentemente, trata-se de um dos pontos críticos do processo de expansão da eco-


nomia, a preparação dos Municípios para o aumento/redução populacional no sentido de
buscar formas tanto dotar as Municipalidades de recursos necessários, não apenas financei-
ros mas estruturais, como também buscar mecanismos que contenham os fluxos indeseja-
dos, evitando a formação e/ou proliferação de bolsões de pobreza e favelização que já ocor-
rem, por exemplo, em grande parcela no território de Macaé e Campos dos Goytacazes.

Tabela 9 - Região Norte Fluminense, População Residentes por Nacionalidade, 2000


População Residente por Nacionalidade - 2000
Naturalizados
Municípios da Região
População Total Brasileiros Natos Brasileiros e
Norte Fluminense
Estrangeiros
Campos dos Goytacazes * 407.168 406.824 344
Carapebus 8.666 8.632 34
Cardoso Moreira 12.595 12.595 0
Conceição de Macabu 18.782 18.773 9
Macaé 132.461 131.614 847
Quissamã 13.674 13.657 17
São Fidélis 36.789 36.727 62
São Francisco de Itabapoana * 41.475 41.466 9
São João da Barra 27.682 27.663 19
Região 699.292 697.951 1.341
* Os dados da população total possuem uma pequena diferença dos dados apresentados pelo IBGE
em 2000.
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 45


Foi possível verificar também em 2000 os deslocamentos da população do Norte, segundo
destino de trabalho e estudo. Neste ano, 14.609, ou seja, 2% de sua população total traba-
lhavam ou estudavam em outros municípios do Rio de Janeiro e 582 em outros estados,
0,08%, indicando que a emigração para outros estados ocorre com pouca significância na
Região. Mais inexpressivo ainda foi o número de pessoas da Região que saiu do país para
estudar e trabalhar, apenas 52, sendo que deste total, 79% foram de Macaé.
Em números absolutos, Campos foi o Município que apresentou mais deslocamentos para
outros municípios. No entanto, proporcionalmente à sua população total, os dados signifi-
cam que apenas 1,4% de sua população se deslocou neste ano, um pouco acima de Ma-
caé e de São Francisco do Itabapoana que tiveram deslocamento de 1,2% de suas popula-
ções, cada.
Conceição de Macabu e Cardoso Moreira tiveram respectivamente o deslocamento de 10,4
e 9,8% de sua população para outros municípios do Estado. Aparecem, em seguida, Cara-
pebus, com deslocamento de 6,7%, Quissamã 5,4% e São João da Barra, 4,7% da popula-
ção total.
Tabela 10 - Região Norte Fluminense, População Residente, por Deslocamento para Trabalho
ou Estudo, 2000
Trabalhavam Trabalhavam Trabalha-
Trabalhavam Não ou Estudavam ou vam ou
Municípios da
População ou Estudavam Trabalha- em Outro Estudavam Estudavam
Região Norte
Total no Município vam nem Município de Em Outra em País
Fluminense
Residência Estudavam Unidade da Unidade da Estrangei-
Federação Federação ro
Campos dos
407.168 258.390 142.618 5.757 389 6
Goytacazes *
Carapebus 8.666 5.208 2.863 589 0 5
Cardoso Moreira 12.595 7.204 4.676 711 0 0
Conceição de
18.782 10.455 6.348 1.960 19 0
Macabu
Macaé 132.461 90.464 40.216 1.628 112 41
Quissamã 13.674 8.096 4.823 749 6 0
São Fidélis 36.789 21.458 13.931 1.379 21 0
São Francisco de
41.475 25.864 15.073 511 26 0
Itabapoana *
São João da Barra 27.682 15.659 10.689 1.325 9 0
Região 699.292 442.798 241.237 14.609 582 52
* Os dados da população total possuem uma pequena diferença dos dados apresentados pelo IBGE
em 2000.
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
2.1.2 Região Noroeste

A Mesorregião Noroeste Fluminense é constituída por treze municípios distribuídos em duas


microrregiões: Itaperuna e Santo Antônio de Pádua. A primeira é formada pelos municípios
Bom Jesus do Itabapoana, Italva, Itaperuna, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula e Var-
re-Sai. A segunda se constitui pelos municípios de Aperibé, Cambuci, Itaocara, Miracema,
Santo Antônio de Pádua e São José de Ubá.

A consolidação da ocupação da Região Noroeste aconteceu através a cultura cafeeira. Após


seu declínio, as atividades agropecuárias que a substituíram se caracterizam por uma estru-
tura fundiária arcaica com muitas culturas de subsistência.

Ao longo das últimas décadas, a Região vem apresentando um esvaziamento populacional


contínuo, verificado principalmente pelas limitações no processo de comercialização da pro-
dução, pela má utilização de suas terras e ainda, pela pecuária extensiva.

46 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Além disto, as atividades industriais não apresentam movimentos de expansão expressivos,
afetando a região de forma negativa no que tange a geração de trabalho e renda da popula-
ção. Esse aspecto se reflete nos PIB per capita dos municípios, inferiores à média estadual,
à exceção de Itaocara (Caderno de Informações em Saúde, 2009).
Atualmente, além da pecuária, se configura em formação na Região um Pólo Econômico de
Rochas Ornamentais, em Santo Antônio de Pádua, já formado o Pólo de Confecções de
Itaperuna, além de outros setores econômicos diversificados e pouco estruturados com ma-
nifestações na agricultura, agroindústria, água mineral, bebidas, confecções, fruticultura,
pecuária, piscicultura e turismo.
Itaperuna é o centro regional tanto historicamente, como também por possuir uma rede viá-
ria que a conecta com os demais municípios da Região e com outras partes do Estado.
Quando incluída a pecuária de corte na sua economia, o Município se destacou dos outros,
desenvolvendo atividades comercias e se tornando referência na prestação de serviços para
toda a Região.

Atualmente, dois Municípios também despontam como pólos regionais, Santo Antônio de
Pádua e Bom Jesus do Itabapoana. O primeiro é um importante núcleo de especialização no
setor de extração mineral, direcionado para a exploração de rochas ornamentais (gnaisses,
denominados pedra paduana e pedra madeira) que, apesar da baixa qualificação gerencial
e técnica e do baixo nível tecnológico processoal, é um importante gerador de renda e em-
prego. Novas empresas também vem sendo instaladas neste município e sua influencia já
se faz sentir no território mineiro. (Fundação CIDE, 2009).

Fotos 18 e 19 – Itaperuna e Santo Antônio de Pádua

Fonte: Foto das autoras, 2009.


Bom Jesus do Itabapoana situa-se em uma posição privilegiada, um nó viário em rota de
escoamento de produção, por onde passam veículos do Espírito Santo e de municípios mi-
neiros, favorecendo a multiplicação de empresas de apoio logístico ao transporte. Nesta
perspectiva, o município tem fortalecido seu comércio e alguns serviços especializados, a-
lém de incrementado suas atividades rurais. (Fundação CIDE, 2009).

Já Miracema é pioneira no processo de tombamento patrimonial desde 1985 e já possui


projetos para a restauração de imóveis e fazendas locais, além de investir no Projeto Flo-
rescer, que pretende constituir no município um Pólo na produção e comercialização de mu-
das e flores.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 47


Foto 20 – Miracema, Praça Central

Fonte: Foto das autoras, 2009.

Itaocara é o Município que se localiza mais próximo da Capital do Estado, 178,6 Km. Os
mais distantes correspondem a Varre-Sai, 259 km, seguido de Bom Jesus do Itabapoana,
251,8 Km e Porciúncula, 246,9 Km. Devido às longas distancias, aumentam-se os limites de
acesso aos serviços centrais do Estado e tornam-se menos viáveis as Migrações Pendula-
res, o que significa o habitante que tem sua moradia em um município e se desloca para
outro diariamente, por motivos de trabalho e/ou estudos.

Em termos administrativos, na década de 90 a Região Noroeste passou por um processo de


reordenamento territorial, com a emancipação de três municípios: Aperibé, em 1993, Varre-
Sai, emancipado de Natividade no mesmo ano e São José do Ubá, emancipado de Cambuci
em 1997, o que trouxe mudanças administrativas, populacionais e nas próprias demandas
pelas políticas públicas ofertadas.

Dados referentes ao ano de 2000 indicam que a densidade demográfica da Região foi signi-
ficativamente inferior a do Estado do Rio de Janeiro, correspondendo respectivamente a
52,9 e 328,6 habitantes por km². Os maiores índices de densidade demográfica são encon-
trados nos Municípios de Aperibé 89,4 e Miracema 89,5 habitantes/km². Em seguida apare-
ce Itaperuna, 78,2 e Santo Antônio de Pádua 62,9. São José de Ubá e Cambuci são os que
apresentam os menores índices de população por km², respectivamente, 25,6 e 26, contribu-
indo para a baixa densidade demográfica regional. À exceção de Laje do Muriaé, todos os
outros enfrentaram emancipações recentes, provável causa para uma população ainda pe-
quena.

Nenhum dos municípios apresenta população superior a 100.000 habitantes, segundo da-
dos do IBGE, sendo que quatro deles possuem população menor que 10.000 habitantes:
Aperibé, Laje do Muriaé, São José de Ubá e Varre-Sai.

48 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 10 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição Percentual da População, 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.

A Região Noroeste conta atualmente com uma população total de 323.436 habitantes, o que
equivale a 2% da população do Rio de Janeiro. Esta população se distribui em uma exten-
são territorial de aproximadamente 5.388 Km, o que corresponde a 13% da área total do
Estado. A população de Itaperuna corresponde a 30,74% do total da Região Noroeste, en-
quanto Santo Antônio de Pádua abriga 13,11%. São estes seus municípios mais populosos.

Gráfico 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 a 2009

Fonte: IBGE, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 49


Tabela 11 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991, 1996, 2000, 2007, 2009

Evolução da População Total - 1.991 a 2.009


Municípios da Região Ano
Noroeste Fluminense 1.991 1.996 2.000 2.007 2009*
Aperibé - 7.201 8.018 8.820 9.556
Bom Jesus do Itabapoana 29.873 32.231 33.655 33.888 35.303
Cambuci 21.011 20.803 14.670 14.368 14.770
Italva 12.764 13.199 12.621 13.645 14.676
Itaocara 22.933 23.273 23.003 22.069 22.452
Itaperuna 78.000 82.650 86.720 92.852 99.454
Laje do Muriaé 7.464 7.580 7.909 7.769 7.997
Miracema 25.091 24.450 27.064 26.231 26.824
Natividade 21.765 15.125 15.125 14.930 15.406
Porciúncula 14.561 15.407 15.952 17.178 18.444
Santo Antônio de Pádua 39.600 34.123 38.692 40.145 42.405
São José de Ubá - - 6.413 6.829 7.297
Varre-Sai - 7.554 7.854 8.309 8.852
Total da Região Noroeste 273.062 283.596 297.696 307.033 323.436
Total do Estado do RJ 12.807.706 13.406.308 14.391.282 15.420.450 16.010.429
Total do Brasil 146.825.475 157.070.163 169.799.170 183.989.711 191.481.045
* Estimativas da População
-- = sem informação
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.

Pesquisas e prospecções do IBGE no período de 1991 a 2009 apontam para um aumento


populacional gradativo na Região. Assim como na Região Norte, a população dos municí-
pios vem crescendo paulatinamente, ainda que de forma heterogenia. Todavia, este cresci-
mento populacional se apresenta inferior ao crescimento do Estado.

Neste período, a taxa de crescimento total estadual foi de 25%, o que corresponde a uma
média de 1,39% ao ano. O Brasil apresentou a taxa de crescimento total de 30,4%, perfa-
zendo a média de 1,69% ao ano. A Região Noroeste, por sua vez, apresentou taxa de cres-
cimento total 18,45%, o que corresponde a 1,02% ao ano, ou seja, menor que as médias
estaduais e nacionais.

Embora enfrentando proporções de crescimento demográfico menores que o estadual, o


aumento de população da Região Noroeste pressupõe novas demandas e impactos sociais,
econômicos e estruturais, que freqüentemente ocorrem com a chegada de novos habitantes,
levando ao aumento de problemas enfrentados nos municípios.

Na tabela abaixo, são observados alguns períodos de redução populacional considerável


em alguns municípios. No início da década de 90 até 1996, Natividade apresentou a maior
perda populacional da Região Noroeste, (-30,51%). Outros Municípios seguiram o mesmo
movimento de êxodo, como Santo Antônio de Pádua (-13,83), Miracema (-2,55) e Cambuci
(-0,99).

50 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 12 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Crescimento, 1991 - 2009

Taxas de Crescimento (%)


Taxa de
Municípios da Região Período Crescimento
Noroeste Fluminense Média Anual
1991 a 1996 a 2000 a 2007 a 1991 a 1.991 a
1996 2000 2007 2009 2009 2.009
Aperibé - 11,35 10,00 8,34 - -
Bom Jesus do Itabapoana 7,89 4,42 0,69 4,18 18,18 1,01
Cambuci -0,99 -29,48 -2,06 2,80 -29,70 -1,65
Italva 3,41 -4,38 8,11 7,56 14,98 0,83
Itaocara 1,48 -1,16 -4,06 1,74 -2,10 -0,12
Itaperuna 5,96 4,92 7,07 7,11 27,51 1,53
Laje do Muriaé 1,55 4,34 -1,77 2,93 7,14 0,40
Miracema -2,55 10,69 -3,08 2,26 6,91 0,38
Natividade -30,51 0,00 -1,29 3,19 -29,22 -1,62
Porciúncula 5,81 3,54 7,69 7,37 26,67 1,48
Santo Antônio de Pádua -13,83 13,39 3,76 5,63 7,08 0,39
São José de Ubá - - 6,49 6,85 - -
Varre-Sai - 3,97 5,79 6,54 - -
Total da Região Noroeste 3,86 4,97 3,14 5,34 18,45 1,02
Total do Estado do RJ 4,67 7,35 7,15 3,83 25,01 1,39
Total do Brasil 6,98 8,10 8,36 4,07 30,41 1,69
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.

Posteriormente, no período entre 1996 e 2000, estes mesmos municípios voltaram a revelar
aumento populacional, exceto Cambuci que, ao contrário, perdeu 29,48% da população e
Natividade, que manteve sua população estável após a grande perda populacional. Em con-
trapartida, apresentaram as maiores taxas de crescimento Bom Jesus do Itabapoana,
7,89%, seguido de Itaperuna, 5,96% e Porciúncula, 5,81%. Tais índices se apresentam mai-
ores, inclusive, que a taxa de crescimento regional, 3,86% e também Estadual, 4,67%.

Se considerado o período de 1991 a 2009, totalizando 18 anos, verifica-se que estes tam-
bém foram os municípios que apresentaram as maiores taxas de crescimento, atingindo
média anual superior a 1%.

Itaperuna e Santo Antônio de Pádua, neste mesmo período, foram os Municípios que apre-
sentaram o maior crescimento populacional, 27,5% e 26,6, respectivamente. Em seguida,
Bom Jesus de Itabapoana com 18,18% e Italva com 14,98%. Outros municípios revelaram
esvaziamento populacional, como por exemplo, Cambuci que perdeu 29,7% de sua popula-
ção, ou seja, (- 1,65%)/ano; Natividade que se aproximou deste valor e teve sua população
reduzida em 29,22%, atingindo (-1,62%)/ano e Itaocara que teve sua população reduzida
em 0,12%/ano.

De acordo com estes movimentos populacionais supõe-se que enquanto Bom Jesus do Ita-
bapoana, Itaperuna e Porciúncula têm mantido e/ou criado novos atrativos para a população
em geral, tanto no sentido de fixá-la em seu território ou atrair novos habitantes, Cambuci,
Natividade e Itaocara tem sofrido efeito inverso, perdendo continuamente população, o que
sugere problemas com relação às oportunidades de emprego e renda e/ou serviços públicos
e educacionais insatisfatórios.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 51


Entretanto, recentemente entre 2007-2009 as taxas de crescimento municipais, em sua
maioria, voltaram a crescer ou, em alguns casos, se mantiveram constantes. Bom Jesus de
Itabapoana e Pádua registraram o maior aumento populacional.

Este crescimento pode ser explicado, em parte, porque Santo Antônio de Pádua se apresen-
ta como o principal produtor local das atividades extrativas de rocha e integra o APL – Arran-
jo Produtivo Local de base mineral da Região3 e, juntamente com Itaperuna, ambos consti-
tuem os dois principais pólos econômicos atuais do Noroeste. Nestes municípios encontram-
se mais oportunidades de acesso à saúde, educação e trabalho, o que atrai a instalação fixa
ou temporária de grande público externo e, principalmente, de habitantes vindos de áreas
rurais.

Bom Jesus do Itabapoana tem se despontado como um novo pólo de desenvolvimento regi-
onal, destacando-se no comércio, serviços de logística e pecuária de corte; consequente-
mente apresentando o terceiro maior crescimento populacional do Noroeste nas duas últi-
mas décadas.

Assim como a Região Norte concentra atividades extrativas minerais, a Região Noroeste
está ligada a extração de rochas, que também aparece como um importante setor econômi-
co, em processo ascendente nas últimas décadas. Apesar de que sua base econômica cen-
tral continue sendo a pecuária e, em segundo lugar, a agricultura.

Gráfico 12 - Região Noroeste Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.


O mapa abaixo reflete os valores de crescimento municipais entre 1991-2009, sendo que
em alguns municípios, por ausência de dados não foi possível constatar o valor total, inclu-
sive porque a pesquisa foi realizada antes de suas instalações administrativas. Nestes mu-
nicípios que possuem dados incompletos, Aperibé teve aumento populacional de 10%, São
José de Ubá também aumentou sua população em 6,49% e Varre-sai aumentou em 5,78%,
entre 2000-2007.

3
Praticamente todos os Municípios do Noroeste integram o APL à exceção de Aperibé e Itaocara.
52 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Mapa 3 - Região Noroeste Fluminense, Fluxo Migratório da População

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.

Considerando esta perda ou aumento populacional, sabe-se que existem fluxos migratórios
internos, mas não se tem mapeado os seus locais de saída-destino.

Segundo informações do Anuário Estatístico do Rio de Janeiro, em 2000, sabe-se que exis-
tiam na Região um total de 283 estrangeiros, dentre eles os naturalizados brasileiros. Des-
tes, 27,5% residiam em Itaperuna e outros 20% em Bom Jesus do Itabapoana.
Porciúncula aparece como o terceiro município onde residia o maior número de estrangei-
ros, 38, correspondendo a 13,4% dos estrangeiros residentes em toda a Região e em Santo
Antônio de Pádua residiam mais 10,9%.

Nos demais municípios, a presença de residentes estrangeiros foi inferior, variando entre 6,
em Laje do Muriaé e 22, em Itaocara.
Tabela 13 - Região Noroeste Fluminense, População Residentes por Nacionalidade, 2000
População Residente por Nacionalidade - 2000
Naturalizados
Municípios da Região Brasileiros
População Total Brasileiros e
Noroeste Fluminense Natos
Estrangeiros
Aperibé 8.018 8.018 -
Bom Jesus do Itabapoana 33.655 33.598 57
Cambuci 14.670 14.663 7
Italva 12.621 12.606 15
Itaocara 23.003 22.981 22

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 53


(continuação)
Naturalizados
Municípios da Região Brasileiros
População Total Brasileiros e
Noroeste Fluminense Natos
Estrangeiros
Itaperuna 86.720 86.642 78
Laje do Muriaé 7.909 7.903 6
Miracema 27.064 27.043 21
Natividade 15.125 15.117 8
Porciúncula * 16.093 16.055 38
Santo Antônio de Pádua 38.692 38.661 31
São José de Ubá 6.413 6.413 -
Varre-Sai 7.854 7.854 -
Região 297.837 297.554 283
-- = sem informação
* Os dados da população total possuem uma pequena diferença dos dados apresentados pelo IBGE
em 2000.
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
Também foi possível verificar, em 2000, os deslocamentos da população do Noroeste se-
gundo o destino de trabalho e estudo.

Neste ano, 9.720, ou seja, 3,2% de sua população trabalhavam ou estudavam em outros
municípios do Estado do Rio de Janeiro e 1.723, 0,5%, em outros estados.

Embora em número bem mais expressivo que na Régio Norte, a emigração para outros es-
tados também ocorre com pouca significância no Noroeste.

Mais inexpressivo ainda foi o número de pessoas da Região que saiu do país para estudar e
trabalhar, apenas 21, sendo que deste total 9 eram de Santo Antônio de Pádua, 7 de Mira-
cema e 5 de Natividade.

Em números absolutos, Itaperuna apresentou mais deslocamentos para outros municípios,


1.460. No entanto, proporcionalmente a sua população total, os dados significaram que a-
penas 1,6% de sua população se deslocou neste ano, sendo esta a menor porcentagem
regional.

Aperibé teve deslocamento de 8,2% de sua população e Laje do Muriaé de 7,1%. Itaocara,
Miracema, Natividade e Cambuci tiveram deslocamento de aproximadamente 5%, cada,
enquanto os demais municípios apresentaram percentuais em torno de 2%.

Tabela 14 - Região Norte Fluminense, População Residente, por Deslocamento para Trabalho
ou Estudo - 2000

Trabalha- Trabalhavam Trabalha-


Trabalhavam
vam ou Não ou Estudavam vam ou
Municípios da ou Estudavam
População Estudavam Trabalhavam em Outro Estudavam
Região Noroeste em Outra
Total no ou Município da em
Fluminense Unidade da
Município Estudavam Unidade da País Es-
Federação
Residência Federação trangeiro

Aperibé 8.018 4.731 2.613 659 16 -


Bom Jesus do
33.655 20.976 11.226 859 594 -
Itabapoana
Cambuci 14.670 8.558 5.290 822 0 -
Italva 12.621 6.973 5.127 485 36 -
Itaocara 23.003 14.092 7.734 1.165 12 -
Itaperuna 86.720 55.618 29.407 1.460 208 -
Laje do Muriaé 7.909 4.514 2.808 563 24 -
54 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Trabalha- Trabalhavam Trabalha-
Trabalhavam
vam ou Não ou Estudavam vam ou
Municípios da ou Estudavam
População Estudavam Trabalhavam em Outro Estudavam
Região Noroeste em Outra
Total no ou Município da em
Fluminense Unidade da
Município Estudavam Unidade da País Es-
Federação
Residência Federação trangeiro
Miracema 27.064 16.250 9.323 1.367 117 7
Natividade 15.125 9.321 4.923 824 53 5
Porciúncula 16.093 10.265 5.351 380 98 -
Santo Antônio de
38.692 24.358 13.010 816 500 9
Pádua
São José de Ubá 6.413 4.261 2.007 131 14 -
Varre-Sai 7.854 5.315 2.298 189 51 -
Região 297.837 185.232 101.117 9.720 1.723 21
-- = sem informação
* Os dados da população total possuem uma pequena diferença dos dados apresentados pelo IBGE
em 2000.
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
2.2 Composição e Estratificação Social das Famílias

2.2.1 Região Norte

Simultaneamente ao fluxo migratório ocorrido nas últimas décadas, o processo de urbaniza-


ção também vem crescendo na Região, seguindo a própria dinâmica brasileira. No período
de 1991 a 2000, todos os seus municípios tiveram aumentos consideráveis na taxa de urba-
nização, destacando-se São João da Barra, que em 1991 apresentou taxa de urbanização
de 50,02% e em 2000, de 70,92%.

Em 1991, aqueles que apresentaram taxas mais elevadas de urbanização foram Conceição
de Macabu, 82,43%, Campos, 83,44% e Macaé 88,54%. Em 2000, estas taxas aumentaram
ainda mais, sendo que em Macaé o índice alcançou 95,13% e os demais apresentaram ur-
banização superior a 60%, à exceção de São Francisco de Itabapoana, com 46,73%.

Tabela 15 - Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2000
Taxa de Urbaniza-
Municípios da Região População Urbana População Rural
ção %
Norte Fluminense
1.991 2.000 1.991 2.000 1.991 2.000
Campos dos Goytacazes 324.667 364.177 64.442 42.812 83,44 89,48
Carapebus - 6.875 - 1.791 - 79,33
Cardoso Moreira - 8.041 - 4.554 - 63,84
Conceição de Macabu 13.982 16.542 2.981 2.240 82,43 88,07
Macaé 89.336 126.007 11.559 6.454 88,54 95,13
Quissamã 4.410 7.699 6.057 5.975 42,13 56,30
São Fidelis 22.160 26.513 12.421 10.276 64,08 72,07
São Francisco de Itabapoana - 19.228 - 21.917 - 46,73
São João da Barra 29.791 19.631 29.770 8.051 50,02 70,92
Total da Região Norte 484.346 594.713 127.230 104.070 79,20 85,11
Total do Estado do Rio de Janeiro 12.199.641 13.821.466 608.065 569.816 95,25 96,04
* Estimativas da População
-- = sem informação
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 55


Gráfico 13 - Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009

Estas elevadas taxas de urbanização apontam para a perda de população rural da Região
Norte, principalmente devido à substituição crescente dos meios produtivos rurais, em de-
trimento dos grandes processos industriais e do mercado de trabalho presumivelmente po-
tencializado nos centros urbanos. Embora a indústria açucareira e alcooleira ainda tenham
importância na atividade econômica regional, nos últimos anos se destaca a produção do
petróleo e do gás natural na Bacia de Campos. Soma-se a esse fator a maior oferta de polí-
ticas públicas e serviços nas áreas urbanas, que não atendem (na mesma proporção) às
áreas rurais.

Neste cenário, constata-se que o processo de urbanização local vinha ocorrendo de forma
mais acelerada no Norte do que no Estado. No período de 9 anos, a taxa de urbanização do
Rio de Janeiro cresceu cerca de 0,79%, passando de 95,25% em 1991 para 96,04% em
2000. No mesmo período, a taxa de urbanização da Região Norte cresceu 5,9%, subindo de
79,20% para 85,11%, ou seja sete vezes maior do que o indicador estadual.

Tabela 16 - Região Norte Fluminense, Situação de Domicílios, 2000


Situação de Domicílios – 2000
Taxa de uso
Total de
Municípios da Região Total de Taxa de Ocasional dos
Domicílios
Norte Fluminense Domicílios Ocupação (%) Domicílios não
não Ocupados
Ocupados (%)
Campos dos Goytacazes 137.823 81 25.407 27
Carapebus 3.149 78 686 40
Cardoso Moreira 4.811 78 1033 17
Conceição de Macabu 6.287 83 1.080 26
Macaé 47.666 80 9.578 25
Quissamã 5.108 73 1.395 45
São Fidélis 14.056 80 2.840 23
São Francisco de Itabapoana 20.503 57 8.758 64
São João da Barra 17.450 47 9.253 82
Total da Região Norte 256.853 76 60.030 -
Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos 2008.

Com relação aos domicílios, segundo os Estudos Socioeconômicos realizados pelo Tribunal
de Contas do Estado do Rio de Janeiro, em 2000 existiam cerca de 256.853 domicílios no

56 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Norte Fluminense sendo que, destes, 60.030 estavam desocupados, representando uma
taxa de ocupação total de 76%.

Em 2000, São João da Barra apresentou a menor taxa de ocupação domiciliar, 47%, segui-
do por São Francisco de Itabapoana, 57%. Ambos tiveram também as maiores taxas de uso
ocasional dos domicílios não ocupados, 82% e 64% respectivamente, o que se relaciona ao
fato dos municípios possuírem atrativos turísticos importantes, com habitações praianas,
onde é grande o fluxo temporário de moradores, principalmente no verão.

Tabela 17 - Região Norte Fluminense, População por Domicílio, 2000

Total de Média de
Municípios da Região População Total de
Domicílios Pessoas por
Norte Fluminense Total Domicílios
Ocupados Domicílio

Campos dos Goytacazes 406.989 137.823 112.416 3,62


Carapebus 8.666 3.149 2.463 3,52
Cardoso Moreira 12.595 4.811 3.778 3,33
Conceicao de Macabu 18.782 6.287 5.207 3,61
Macaé 132.461 47.666 38.088 3,48
Quissamã 13.674 5.108 3.713 3,68
São Fidélis 36.789 14.056 11.216 3,28
São Francisco de Itabapoana 41.145 20.503 11.745 3,50
São João da Barra 27.682 17.450 8.197 3,38
Total da Região Norte 698.783 256.853 196.823 3,55
Fontes: TCE – Estudos Socioeconômicos 2000.
IBGE, Censos e Estimativas, 2009.

Buscando uma melhor compreensão sobre a composição familiar regional, foi calculada a
média de moradores por domicílio, dividindo-se a população total de cada município pelo
número de domicílios ocupados, de acordo com os dados do Censo realizado pelo IBGE,
em 2000, dados da tabela a seguir.

Como resultado, as famílias residentes na Região são compostas em média por 3,55 mem-
bros. Separadamente, os municípios também não se distanciam muito da média, ficando
São Fidélis com a menor média, 3,28 e Quissamã com a média mais elevada, 3,68.

Importante ponderar, no entanto, que embora estas médias sejam equiparadas, os dados
não estabelecem com fidelidade as discrepâncias e desigualdades existentes entre os mu-
nicípios, ou seja, não se pode conhecer em quais localidades se encontram as famílias mais
ou menos numerosas internamente.

Além disto, de acordo com a realidade histórica, por exemplo, sabe-se que as famílias rurais
e de bairros pobres tendem a ser mais numerosas do que nos centros urbanos. Uma outra
questão é que alguns destes núcleos urbanos podem concentrar um grande número de pro-
fissionais jovens/solteiros e estudantes, que fazem parte de uma classe média/alta e que
não possui filhos, ou possui poucos filhos, o que pode “encobrir” um número elevado de
habitantes por famílias de classe baixa. Mas para conhecer essas especificidades, torna-se
necessária uma pesquisa mais aprofundada de cada realidade.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 57


Tabela 18 - Região Norte Fluminense, Composição Familiar, 2000
Famílias e Pessoas Residentes em Domicílios Particulares, por Condição na Família - 2000
Pessoas Residentes em Domicílios Particulares, por
Municípios da Região Condição na Família
Famílias
Norte Fluminense População Pessoa Responsável
Total * Total Homens Mulheres
Campos dos Goytacazes 121.196 407.186 121.196 86.787 34.409
Carapebus 2.616 8.662 2.616 2.073 543
Cardoso Moreira 3.941 12.589 3.941 3.048 893
Conceição de Macabu 5.560 18.785 5.560 4.131 1.429
Macaé 40.297 132.470 40.297 29.806 10.491
Quissamã 3.993 13.670 3.993 3.098 895
São Fidélis 11.697 36.788 11.697 8.773 2.924
São Francisco de Itabapoana 12.352 41.482 12.352 9.687 2.665
São João da Barra 8.741 27.689 8.741 6.849 1.892
Total da Região 210.393 699.321 210.393 154.252 56.141

Nota: * Os dados da população total apresentam pequenas variações dos dados apresentados pelo
IBGE no mesmo ano.
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009
Em 2000, do total de famílias do Norte, 73% era chefiada por homens e 27% era chefiada
por mulheres. Todos os municípios apresentaram proporções relativamente similares. Cam-
pos dos Goytacazes apresentou a maior proporção de famílias chefiadas por mulheres,
28,3% seguido por Macaé, 26%, enquanto Carapebus revelou a menor proporção destas
famílias, 20,7%.

As razões de sexo da Região Norte apontam para uma pequena tendência de predomínio
feminino em sua composição populacional, salvo em Quissamã, São Francisco de Itabapo-
ana e Carapebus, onde predomina o sexo masculino. Em Cardoso Moreira e São João da
Barra as razões de sexo se apresentam bem equilibradas.

Tabela 19 - Região Norte Fluminense, População Residente por Sexo, 2009

População Residente por Sexo - 2009


Municípios da Região Sexo
Total
Norte Fluminense Masculino Feminino
Campos dos Goytacazes 208.739 225.269 434.008
Carapebus 6.045 5.894 11.939
Cardoso Moreira 6.220 6.261 12.481
Conceição de Macabu 10.305 10.382 20.687
Macaé 96.489 97.924 194.413
Quissamã 10.183 9.695 19.878
São Fidelis 19.165 20.091 39.256
São Francisco de Itabapoana 24.709 23.123 47.832
São João da Barra 15.308 15.287 30.595
Total da Região Norte 397.163 413.926 811.089
Total do Estado do Rio de Janeiro 7.657.302 8.353.127 16.010.429
Total do Brasil 94.050.601 97.430.444 191.481.045
Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATA SUS, 2009.

Segundo o Caderno de Informações em Saúde (2009), contribui para o aumento da popula-


ção feminina no Norte a variação da mortalidade entre os homens e as mulheres. As causas
58 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
externas de morte associadas à agressões, homicídios e acidentes de trânsito tiveram au-
mento significativo entre os anos de 1999 e 2005, nas quais os homens estão mais envolvi-
dos do que as mulheres.

Tabela 20 - Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009
Faixa Etária Total % em relação a população total
Menor 1 10.461 1,29
1a4 48.411 5,97
5a9 67.526 8,33
10 a 14 64.903 8,00
15 a 19 65.656 8,09
20 a 29 139.595 17,21
30 a 39 119.392 14,72
40 a 49 114.558 14,12
50 a 59 85.450 10,54
60 a 69 50.843 6,27
70 a 79 29.999 3,70
80 e + 14.295 1,76
Total da Região Norte 811.089 100,00
Fonte: IBGE, Censos e Estimativas, 2009.
Como se vê na pirâmide abaixo, com relação à faixa etária, verifica-se que o maior percen-
tual de população está entre 20 a 59 anos, sendo especialmente elevado nos jovens de 20 a
29 anos. O grupo considerado infantil de 1 a 9 anos correspondeu a 15, 57% da população,
enquanto os adolescentes de 10 a 19 anos somaram 16,09% do total e a população de 20 a
59 anos representou 56,45%, sendo aquela considerada aptas para o trabalho, constituindo
a PEA, população economicamente ativa.

Estes valores apontam para o percentual de pessoas que demandam políticas públicas es-
pecíficas para a infância, adolescência e adultos em idade produtiva, respectivamente, sen-
do que os dois primeiros grupos somam aproximadamente 32% da população, o grupo pro-
dutivo cerca de 57% e o grupo de idosos os outros 11% do total, demandando também cui-
dados particulares.

Gráfico 14 - Região Norte Fluminense, Pirâmide Etária, 2009

Fonte: IBGE, Censos e Estimativas, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 59


Os índices de envelhecimento, por outro lado, apontam para variações significativas. Pro-
porcionalmente à sua população total, São Fidelis concentra o maior número de população
idosa na Região, enquanto Macaé apresenta os menores índices, o que provavelmente re-
flete o aumento de população economicamente ativa, causada pelos movimentos migrató-
rios das últimas décadas. Os idosos (acima de 60 anos) representam 11,73% da população
total regional, considerado um percentual de envelhecimento mediano.
Outra questão relevante é que do total da população feminina da Região, cerca de 61% se
encontrava em idade fértil em 2009. Junto a este dado, de acordo à pesquisa que resultou
no Caderno de Informações da Saúde (2009), o Norte apresentou altas taxas de fecundida-
de, superiores a média estadual e acima do nível de reposição de 2,1 filhos por mulher.
Tabela 21 - Região Norte Fluminense, População Feminina em Idade Fértil, 2009
Mulheres em Idade Proporção da População
Municípios da Região
Fértil (10-49 anos), Feminina em Idade Fértil,
Norte Fluminense
2009 2009 (%)
Campos dos Goytacazes 136.731 60,7
Carapebus 3.719 63,1
Cardoso Moreira 3.708 59,2
Conceição de Macabu 6.361 61,3
Macaé 64.096 65,5
Quissamã 6.023 62,2
São Fidelis 11.566 57,6
São Francisco de Itabapoana 14.320 61,9
São João da Barra 9.357 61,2
Fonte: IBGE, Censos e Estimativas, 2009.

As taxas brutas de natalidade de 2006 constam do gráfico seguinte, revelando um percentu-


al mais elevado em Macaé, 19,6%, seguido de perto por Quissamã, 18,5% e Campos,
17,4%. Carapebus, Cardoso Moreira e Conceição do Macabu tiveram em média 14,5% de
natalidade, seguido de perto por São João da Barra, 13,7% e São Francisco do Itabapoana,
13%.
A menor frequência de natalidade foi encontrada em São Fidelis, com 11,6%. Verifica-se
também que entre este e Macaé, com a maior taxa, 19,6% há uma variação expressiva, de
9% a menos.
Gráfico 15 - Região Norte Fluminense, Taxas Brutas de Natalidade, 2006

Taxas Brutas de Natalidade dos Municípios da Região Norte Fluminense - 2006


Taxa Bruta de Natalidade (%)
30

25

19,6
20 18,5
17,4
14,5 14,8 15,0
15 13,0 13,7
11,6

10

0
Campos dos Carapebus Cardoso Conceição de Macaé Quissamã São Fidélis São Francisco São João da
Goytacazes Moreira Macabu de Itabapoana Barra
Municípios

Fonte: Ministério da Saúde


60 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Além disto, na maioria dos municípios do Norte foi pequeno o percentual de mães de 10-14
anos, sendo maior em Conceição do Macabu e São Francisco de Itabapoana, 1,3%, com
valores inexistentes em Carapebus e São Fidelis e próximo de zero em Quissamã, 0,3%.

Já o percentual de mães de 10 -19 anos foi bastante elevado: todos os municípios apresen-
taram taxa acima de 20%, à exceção de Campos e São Fidelis. Os maiores índices se reve-
lam em Cardoso Moreira e Conceição de Macabu, 27,2%.

Gráfico 16 - Região Norte Fluminense, Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a 19 Anos,


2006

Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a 19 Anos dos Municípios da Região Norte Fluminense- 2006
% de mães
30
27,2 27,2
24,9
25 23,9
22,5
20,7 21,3 21,5

20

14,3
15

10

5
1,0 1,1 1,3 0,6 1,3 0,8
- 0,3 -
0
Campos dos Carapebus Cardoso Moreira Conceição de Macabu Macaé Quissamã São Fidélis São Francisco de São João da Barra
Goytacazes Itabapoana
Municípios

% de Mães com 10-14 anos % de Mães com 10-19 anos

Fonte: Ministério da Saúde, 2009.

Este cenário indica os efeitos de serviços insuficientes de planejamento familiar no Norte,


que sofreram queda de 9,1% entre os anos de 2000 e 2005. Destaca-se que a prestação
destes serviços na Região é a menor de todo o Estado e a cobertura do PSF ocupa a se-
gunda pior posição no ranking.

Complementando a análise demográfica, os dados da distribuição da população por distrito


do Censo 2000 das mesorregiões Norte e Noroeste demonstram uma maior concentração
populacional nas sedes municipais e menores concentrações à medida em que os distritos
se afastam das sedes, para cada município, conforme representado no Mapa seguinte. No
Norte destaca-se a zona urbana de Campos, seguida pela zona urbana de Macaé.

Esta situação, comum, é explicada em grande parte pelas centralidades das sedes e sua
concentração de recursos físicos e financeiros, como centro produtivo e comercial e de ser-
viços, criando hierarquias entre estas e os distritos e influenciando nas distribuições popula-
cionais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 61


Mapa 4 - Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Distrito, 2000

Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2008.

2.2.2 Região Noroeste

No período de 1991 a 2000, todos os seus municípios tiveram aumentos consideráveis na


taxa de urbanização, destacando-se Italva que apresentou aumento em seu processo de
urbanização de 20,29% de 1991 para 2000, passando de 49,76% para 70,05% e Laje do
Muriaé cuja taxa de urbanização aumentou 20,15% no mesmo período de 50,96% para
71,11%.

Assim como o Norte concentra atividades extrativas minerais, a Região Noroeste está ligada
à agropecuária e à extração de rochas, a qual aparece como um setor econômico em as-
censão, em processo de operação mais estruturado. Ressalte-se, no entanto, que a sua
base econômica continua sendo a pecuária, em primeiro plano, e a agricultura, logo em se-
guida.

As elevadas taxas de urbanização indicam que a população rural da Região vem sofrendo
quedas constantes, principalmente devido à substituição crescente dos meios produtivos
rurais, reforçado pelas limitações nas cadeias produtivas, especialmente nos processos de
comercialização das produções locais, resultando no êxodo rural e em uma urbanização
crescente.

Comparando-se a Região com o Estado, observa-se que esta vem se aproximando dos ní-
veis de urbanização estadual, ao longo dos anos. Em 1991, o Estado apresentou taxa de
urbanização de 95,25%, enquanto a Região Noroeste atingiu 68,33%, ou seja, uma diferen-
ça percentual de 26,92%. No ano de 2000, essa diferença cai para 16,88%, indicando que a
urbanização regional está ocorrendo em ritmo mais acelerado do que a estadual.

62 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Em 1991, a população urbana do Noroeste foi de 186.584 habitantes e aumentou para
235.660 habitantes, 26,30% a mais em 2000. Neste período, a população rural decresceu
de 86.478 para 64.036 habitantes, isto é, 25,9% a menos, em 2000.

Gráfico 17 - Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009

Tabela 22 - Região Noroeste Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2000

Municípios da Região População Urbana População Rural Taxa de Urbanização %


Noroeste Fluminense 1.991 2.000 1.991 2.000 1.991 2.000
Aperibé - 6.842 - 1.176 - 85,33
Bom Jesus de Itabapoana 21.180 27.425 8.693 6.230 70,90 81,49
Cambuci 9.362 9.946 11.649 4.724 44,56 67,80
Italva 6.352 8.841 6.412 3.780 49,76 70,05
Itaocara 13.494 15.928 9.439 7.075 58,84 69,24
Itaperuna 61.742 77.378 16.258 9.342 79,16 89,23
Laje do Muriaé 3.804 5.624 3.660 2.285 50,96 71,11
Miracema 20.954 24.044 4.137 3.020 83,51 88,84
Natividade 12.136 11.741 9.629 3.384 55,76 77,63
Porciúncula 9.535 12.018 5.026 3.934 65,48 75,34
Santo Antonio de Pádua 28.025 29.415 11.575 9.277 70,77 76,02
São José de Ubá - 2.326 - 4.087 - 36,27
Varre-Sai - 4.132 - 3.722 - 52,61
Total Região Noroeste 186.584 235.660 86.478 64.036 68,33 79,16
Total do Estado do RJ 12.199.641 13.821.466 608.065 569.816 95,25 96,04
* Estimativas da População -- = sem informação
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.
Em 1991, as maiores taxas de urbanização apresentadas na Região foram em Miracema,
83,51%, Itaperuna com 79,16%, Bom Jesus do Itabapoana, 70,90% e Santo Antônio de Pá-
dua, 70,77%. Cambuci e Italva apresentaram os índices menores, sendo 44,56% e 49,76%
respectivamente.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 63


Foto 21– Laje do Muriaé, Centro Urbano

Fonte: Fotos das autoras, 2009.


Em todos os municípios, dos quais se possuem registros, houve um aumento nas taxas de
urbanização em 2000, cujos valores ultrapassaram os 67%, com exceção de São José de
Ubá, 36,27% e Varre-Sai, 52,61%. Neste ano, em Itaperuna, a urbanização alcançou
89,23%, em Miracema 88,84% e em Aperibé 85,33%.

Tabela 23 - Região Noroeste Fluminense, Situação de Domicílios, 2000


Total de Taxa de Uso
Taxa de
Municípios da Região Total de Domicílios Ocasional dos
Ocupação
Noroeste Fluminense Domicílios Não Domicílios Não
(%)
Ocupados Ocupados (%)
Aperibé 3.028 81 566 19
Bom Jesus de Itabapoana 11.549 84 1.825 19
Cambuci 5.392 81 997 23
Italva 4.811 80 960 11
Itaocara 8.580 83 1.481 22
Itaperuna 29.867 84 4.682 22
Laje do Muriaé 2.713 81 511 16
Miracema 8.601 85 1.269 18
Natividade 5.458 80 1.062 19
Porciúncula 5.589 81 1.079 15
Santo Antônio de Pádua 14.098 81 2.667 20
São José de Ubá́ 2.190 82 393 35
Varre-Sai 2.693 78 576 14
Total da Região Noroeste 104.569 82 18.068 -
Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos, 2008

Com relação aos domicílios, segundo os Estudos Socioeconômicos realizados pelo Tribunal
de Contas do Estado do Rio de Janeiro (2008), existiam cerca de 104.569 domicílios na Re-
gião Noroeste em 2000, cuja taxa de ocupação variou entre 78%, de Varre-Sai e 85%, de
Miracema, seguido por Itaperuna e Bom Jesus de Itabapoana, ambas com índices de 84%.
As taxas de ocupação são bastante similares entre os municípios e são elevadas. O uso de
domicílios ocupados ocasionalmente foi próximo a 20%, diferenciando-se da maior taxa em
São José de Ubá, 35%, e da menor taxa em Italva, de 11%, seguido por Varre-Sai, 14% e
Porciúncula, 15%.
64 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 24 - Região Noroeste Fluminense, População por Domicílio, 2000
Total de Média de
Municípios da Região População Total de
Domicílios Pessoas
Noroeste Fluminense Total Domicílios
Ocupados por Domicílio
Aperibé 8.018 3.028 2.462 3,26
Bom Jesus do Itabapoana 33.655 11.549 9.724 3,46
Cambuci 14.670 5.392 4.395 3,34
Italva 12.621 4.811 3.851 3,28
Itaocara 23.003 8.580 7.099 3,24
Itaperuna 86.720 29.867 25.185 3,44
Laje do Muriaé 7.909 2.713 2.202 3,59
Miracema 27.064 8.601 7.332 3,69
Natividade 15.125 5.458 4.396 3,44
Porciúncula 15.952 5.589 4.510 3,54
Santo Antônio de Pádua 38.692 14.098 11.431 3,38
São José de Ubá 6.413 2.190 1.797 3,57
Varre-Sai 7.854 2.693 2.117 3,71
Total da Região Noroeste 297.696 104.569 86.501 3,44
Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos, 2008 / IBGE, Censos e Estimativas, 2009.
Além disto, buscando uma melhor compreensão sobre a composição familiar regional, foi calcu-
lada a média de moradores por domicílio, assim como para a Região Norte, dividindo-se a popu-
lação total de cada Município pelo número de domicílios ocupados, de acordo com os dados do
Censo realizado pelo IBGE, em 2000.
Como resultado, pode-se dizer que as famílias residentes na Região Noroeste eram compostas,
em média, por 3,44 membros. Isoladamente, os municípios também não se distanciam muito
dessa média, sendo Itaocara o município com a menor média, 3,24 e Varre-Sai com a média
mais elevada, 3,71, embora estes dados não sejam capazes de estabelecer as discrepâncias e
desigualdades existentes entre os Municípios, ou seja, não se pode conhecer em quais localida-
des se encontram as famílias mais ou menos numerosas.
Tabela 25 - Região Noroeste Fluminense, Composição Familiar, 2000
Famílias e Pessoas Residentes em Domicílios Particulares, por Condição na Família - 2000
Pessoas Residentes em Domicílios Particulares,
Municípios da Região por Condição na Família
Famílias
Noroeste Fluminense População Pessoa Responsável
Total * Total Homens Mulheres
Aperibé 2.621 8.015 2.621 1.963 658
Bom Jesus do Itabapoana 10.209 33.648 10.209 7.527 2.682
Cambuci 4.716 14.675 4.716 3.658 1.058
Italva 3.975 12.619 3.975 3.183 792
Itaocara 7.492 22.995 7.492 5.724 1.768
Itaperuna 26.698 86.726 26.698 19.956 6.742
Laje do Muriaé 2.409 7.912 2.409 1.817 592
Miracema 7.959 27.060 7.959 5.531 2.428
Natividade 4.653 15.126 4.653 3.424 1.229
Porciúncula 4.768 16.093 4.768 3.381 1.387
Santo Antônio de Pádua 12.189 38.690 12.189 9.278 2.911
São José de Ubá 1.899 6.416 1.899 1.649 250
Varre-Sai 2.251 7.857 2.251 1.777 474
Região 91.839 297.832 91.839 68.868 22.971
Nota: * Os dados da população total apresentam pequenas variações dos dados apresentados pelo IBGE no
mesmo ano.
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 65


Em 2000, do total de famílias do Noroeste, 75% era chefiada por homens e 25% era chefia-
da por mulheres. Em todos os municípios a grande maioria das famílias eram chefiadas por
homens, no entanto, apresentaram-se variações importantes na Região, diferente do que
ocorre no Norte.
Miracema foi o município que teve a maior proporção de famílias chefiadas por mulheres,
30,5%, seguido de Porciúncula, 29%. Natividade e Bom Jesus do Itabapoana apresentam
em torno de 26% cada, enquanto em São José de Ubá, apenas 13% das famílias estão sob
responsabilidade das mulheres.
Nos demais municípios, esta proporção variou entre 19,9% em Italva e 24,5% em Laje do
Muriaé.
Tabela 26 - Região Noroeste Fluminense, População Residente por Sexo, 2009

Municípios da Região Sexo


Total
Noroeste Fluminense Masculino Feminino
Aperibé 4.723 4.833 9.556
Bom Jesus de Itabapoana 17.272 18.031 35.303
Cambuci 7.462 7.308 14.770
Italva 7.259 7.417 14.676
Itaocara 11.011 11.441 22.452
Itaperuna 48.410 51.044 99.454
Laje do Muriaé 3.942 4.055 7.997
Miracema 12.889 13.935 26.824
Natividade 7.604 7.802 15.406
Porciúncula 9.220 9.224 18.444
Santo Antônio de Pádua 21.028 21.377 42.405
São José de Ubá 3.777 3.520 7.297
Varre-Sai 4.568 4.284 8.852
Total da Região Noroeste 159.165 164.271 323.436
Total do Estado do Rio de Janeiro 7.657.302 8.353.127 16.010.429
Total do Brasil 94.050.601 97.430.444 191.481.045
Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATA SUS, 2009.
As razões de sexo na Região Noroeste apontam para uma pequena tendência de predomí-
nio feminino em sua composição populacional, totalizando-se 159.165 homens e 164.271
mulheres nos municípios, salvo Cambuci, São José de Ubá e Varre-Sai, que tem um peque-
no percentual a mais de população masculina. No geral, as razões de sexo se apresentam
bem equilibradas.
Tabela 27 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009
Região Noroeste – Distribuição da População por Faixa Etária - 2009
Faixa Etária Total % em Relação a População Total
Menor 1 3676 1,14
1a4 17410 5,38
5a9 24938 7,71
10 a 14 23703 7,33
15 a 19 24006 7,42
20 a 29 53324 16,49
30 a 39 47271 14,62
40 a 49 46626 14,42
50 a 59 36170 11,18
60 a 69 23454 7,25
70 a 79 14853 4,59
80 e + 8005 2,47
Total da Região Noroeste 323436 100,00
Fonte: IBGE, Censos e Estimativas, 2009.
66 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Com relação à faixa etária, verifica-se que o maior percentual de população está entre 20 a
59 anos, sendo especialmente elevado nos jovens de 20 a 29 anos, 16,49%. O grupo infan-
til, de 1 a 9 anos correspondeu a 14,23% da população, enquanto os adolescentes de 10 a
19 anos somaram 14,75% do total e a população de 20 a 59 anos representou 56,71% da
população total da Região, sendo o grupo considerado economicamente ativo para o traba-
lho.
Estes valores apontam para o tamanho dos grupos que demandam políticas públicas espe-
cíficas para a infância, adolescência e adultos em idade produtiva, respectivamente, sendo
que os dois primeiros somam aproximadamente 28,98% da população, o grupo produtivo
cerca de 57% e o grupo de idosos os outros 14,31% do total, demandando também cuida-
dos particulares.
Na Pirâmide Etária é possível uma melhor visualização destes dados, com destaque para
seu centro, reforçando que a maior proporção da população se encontra em idade produtiva.
Gráfico 18 - Região Noroeste Fluminense, Pirâmide Etária, 2009

Fonte: IBGE, Censos e Estimativas

Proporcionalmente à sua população total, a Região Noroeste é a que concentra o maior per-
centual de idosos no Estado, correspondendo à aproximadamente 14% do total da popula-
ção residente na Região. Portanto, o índice de envelhecimento regional é elevado, desta-
cando Cardoso Moreira, Cambuci, Italva e Itaocara.
Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, não houve nestes municípios uma au-
mento na expectativa de vida da população, de maneira geral, supondo-se que o número
mais elevado da população idosa se deve, principalmente, a um evasão significativa de jo-
vens e não necessariamente à melhoria na qualidade e aumento da expectativa de vida.
Tabela 28 - Região Noroeste Fluminense, População Feminina em Idade Fértil, 2009

Municípios da Região Mulheres em Idade Proporção da População Feminina


Noroeste Fluminense Fértil (10-49 anos), 2009 em Idade Fértil, 2009 (%)
Aperibé 3.009 62,3
Bom Jesus de Itabapoana 10.574 58,6
Cambuci 4.233 57,9
Italva 4.279 57,7
Itaocara 6.623 57,9
Itaperuna 31.140 61,0
Laje do Muriaé 2.416 59,4
Miracema 8.185 58,7
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 67
(continuação)
Municípios da Região Mulheres em Idade Proporção da População Feminina
Noroeste Fluminense Fértil (10-49 anos), 2009 em Idade Fértil, 2009 (%)
Natividade 4.538 58,1
Porciúncula 5.530 60,0
Santo Antonio de Pádua 12.879 60,2
São José de Ubá 2.252 64,0
Varre-Sai 2.669 62,3
Fonte: IBGE, Censos e Estimativas, 2009

Outra questão relevante é que do total da população feminina da Região Noroeste, cerca de
60% se encontra em idade fértil. Junto a este dado, de acordo com a pesquisa da Secretaria
de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio (2009), as taxas de fecundidade do Noroeste se
assemelham à média estadual, à exceção de Varre-Sai, Cardoso Moreira, Miracema e Laje
do Muriaé, que são mais elevadas, diferente do que foi apresentado pelo IBGE. Considera-
se ainda que as datas de avaliação desta pesquisa são muito mais recentes e os dados po-
dem ter sido modificados.
Ressalta-se ainda que vários municípios apresentaram quedas expressivas na natalidade
entre 1997-2006, exceto em Laje do Muriaé, São José de Ubá e Varre-Sai, este último apre-
sentando uma pequena variação da taxa de 24,2% em 1997 para 25,1% em 2006, o que
representa a maior taxa de natalidade da Região. Em Itaocara, a taxa permaneceu pratica-
mente a mesma, 13%.
Em 2006, a taxa dos municípios variou bastante, entre 11,4% em Aperibé a 24,2% em Var-
re-Sai, cerca de 100% a mais, ficando entretanto entre 13 a 15% na maioria dos municípios.
Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna, Miracema, Porciúncula, Pádua, Natividade, que dimi-
nuíram 5/6 pontos percentuais em seus valores.
Gráfico 19 – Região Norte Fluminense, Taxas Brutas de Natalidade, 2006

Taxas Brutas de Natalidade dos Municípios da Região Norte Fluminense - 2006


Taxa Bruta de Natalidade (%)
30

25

19,6
20 18,5
17,4
14,5 14,8 15,0
15 13,0 13,7
11,6

10

0
Campos dos Carapebus Cardoso Conceição de Macaé Quissamã São Fidélis São Francisco São João da
Goytacazes Moreira Macabu de Itabapoana Barra
Municípios

Fonte: Ministério da Saúde, 2009


Além disto, na maioria dos municípios do Noroeste foi pequeno o percentual de mães de 10-
14, sendo maior em Conceição do Macabu e São Francisco de Itabapoana, 1,3%, com valo-
res inexistentes em Carapebus e São Fidelis e próximo de zero em Quissamã, 0,3%.
Já o percentual de mães de 10 -19 anos foi bastante elevado, apontando para um tema que
precisará ser melhor trabalhado nas políticas públicas junto à sua população jovem e suas
famílias, com uma média de 20% de gravidez nesta faixa etária, sendo menor em São Fide-
lis, 14,3% e maior em Cardoso Moreira e Conceição de Macabu, 27,2%.
68 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Gráfico 20 - Região Noroeste Fluminense, Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a 19
Anos, 2006
Percentual de Mães com 10 a 14 Anos e com 10 a 19 Anos dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - 2006

% de Mães
30
25,1
23,7 23,9 24,2
25
21,4 21,7
20,0 20,0 19,1
20 18,9
18,0
16,9 16,9

15

10

5
1,9 1,7
0,6 0,6 0,7 0,7 0,5 0,5 0,5 0,8 0,9
- -
0
Aperibé Bom Jesus do Cambuci Italva Itaocara Itaperuna Laje do Muriaé Miracema Natividade Porciúncula Santo Antônio São José de Varre-Sai
Itabapoana de Pádua Ubá
Municípios

% de Mães com 10-14 anos % de Mães com 10-19 anos

Fonte: Ministério da Saúde, 2009.


Destaca-se que entre 2000 e 2005, houve um crescimento da oferta de serviços de plane-
jamento familiar na Região em 61,5%, mas não o suficiente para reverter determinados pro-
blemas. O Noroeste ainda ocupa a terceira pior posição estadual no que se refere à disponi-
bilidades destes serviços.
Assim como no Norte, a análise demográfica se encerra com os dados da distribuição da
população por distrito, do Censo 2000, que possuem o mesmo processo de maior concen-
tração populacional nas sedes municipais e menores concentrações à medida em que os
distritos se afastam das sedes.
Mapa 5 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição da População por Distrito, 2000

Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2008.


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 69
Estas questões demográficas se complementam com uma avaliação dos problemas de po-
breza enfrentados nas Regiões e de seus espaços de necessidades, a partir dos temas de
Segurança Pública, Habitação, Educação, Saúde e aspectos da vulnerabilidade familiar,
discutidos nos próximos itens.

3 CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DE NECESSIDADES

No Plano Estratégico do Rio de Janeiro aponta-se um panorama geral de problemas enfren-


tados no Estado, dentre os quais vários são constatados no Norte e Noroeste Fluminense,
como mesorregiões integrantes de sua dinâmica interna (2007, p. 12-17).

Ressalta-se no Plano que, “se por um lado, a reconfiguração econômica vivenciada pelo Rio
de Janeiro ao longo do século XX representou o desenvolvimento do parque industrial do
Estado e a aceleração da urbanização, por outro lado deixou algumas cicatrizes no tecido
social. Nesse sentido, fazer com que o Rio de Janeiro registre indicadores socioambientais
equivalentes à sua pujança econômica é o grande desafio do Estado neste início do século
XXI”. (2007, p.12).
Por conseguinte, os principais gargalos ao desenvolvimento estadual estão relacionados ao
contexto social, ressaltando-se no Plano:

• A violência, que registrou uma escalada impressionante nos últimos anos, é vista co-
mo um dos mais importantes inibidores do desenvolvimento econômico e da melhoria
da qualidade de vida no Rio de Janeiro. Entre 1980 e 2002, a taxa de homicídios no
Estado experimentou um crescimento de 100%, alçando a liderança no ranking nacio-
nal: 57 homicídios por 100 mil habitantes, resultando em elevados níveis de insegu-
rança, criminalidade e violência urbana;
• Desigualdade social e pobreza: o Estado apresenta altos percentuais de pobreza e
indigência — 22% e 6%, respectivamente, em 2005. Além disto, possui um padrão de
elevada desigualdade de renda, quase sempre a maior entre os estados mais desen-
volvidos do Brasil — com índice de GINI de 0,61 em 2000, um índice maior do que
São Paulo (0,59) e Santa Catarina (0,56).
• Ocupação territorial desordenada e favelização: o Rio de Janeiro é o estado que apre-
senta o segundo maior percentual de domicílios em favelas, melhor apenas que o es-
tado de Alagoas. Além disso, possui o maior percentual de pessoas residindo em do-
micílios subnormais (9,67%, em 2000) no âmbito nacional.
• Informalidade excessiva: no Rio de Janeiro em 2005, havia mais trabalhadores na in-
formalidade, 3,4 milhões, do que no mercado formal, 3,2 milhões. Quando analisada a
situação cadastral das empresas, o Estado possuía 900 mil empresas não formaliza-
das, em 2003, representando 8,4% do total nacional.
• Disponibilidade limitada dos recursos hídricos: com disponibilidade hídrica per capita
de 2,208 m3 em 2000, o estado apresentava o sétimo valor mais baixo da escala na-
cional.
• Baixa articulação dos atores sociais, econômicos e políticos: pesquisas indicam que
nas duas últimas décadas predominou um padrão de conduta caracterizado pela baixa
sinergia entre as esferas federal, estadual e municipal, e destas com as lideranças dos
demais segmentos da sociedade Fluminense.
• Gestão ineficiente, desarticulação institucional e baixa qualidade do gasto público: a
70 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
expansão das despesas com a prestação e o custeio dos principais serviços públicos
no Estado não foi acompanhada de avanços significativos na qualidade de vida da po-
pulação, em especial nas áreas de segurança, saúde e educação. Em 2001, o Rio de
Janeiro registrava uma expectativa de vida ao nascer inferior à dos Estados das regi-
ões Sudeste e Sul e um dos piores índices de distorção idade-série no ensino público
estadual, a despeito dos elevados valores de dispêndios públicos nestes setores.
• Desequilíbrio fiscal: apesar do expressivo influxo de royalties e participações especi-
ais resultantes da exploração do petróleo, o Estado vivenciou a redução da participa-
ção dos investimentos no total da despesa governamental. Se, em 2002, com 8,65%,
o Estado registrava a melhor posição neste quesito dentre os estados do Sudeste, em
2005 esta posição se inverteu, e os investimentos representavam apenas 5,02% da
despesa total.
Particularmente nas localidades pesquisadas, a maioria dos gargalos avaliados se repete e
refletem condições desfavoráveis em algumas áreas, como a segurança pública, a saúde, a
educação, as condições habitacionais e desigualdades de renda, que aumentam a exclusão
social para grande parcela dos habitantes. A situação recente destas áreas para o Norte e
Noroeste Fluminense será apresentada em seguida.

3.1 Pobreza e Miséria

Apesar do crescimento econômico brasileiro dos últimos anos, ainda é preocupante o nível
de pobreza de grande parte da população, especialmente constatando-se algumas de suas
piores manifestações, a indigência e a fome.

Uma das causas da pobreza é a insuficiência de renda e isto se traduz em perdas que en-
globam as necessidades básicas: Uma família é pobre quando a soma de seus rendimentos
não lhe permite satisfazer as necessidades básicas de alimentação, transporte, moradia,
saúde e educação.

A forma mais utilizada para calcular-se a pobreza parte do custo de uma cesta básica de
alimentos considerada adequada, do ponto de vista nutricional e/ou calórico. Em seguida,
supondo que a alimentação deve representar aproximadamente metade do orçamento ne-
cessário para o atendimento de todas as necessidades básicas, estima-se a renda mínima
necessária para superar a condição de pobreza. Este parâmetro de renda passa a ser co-
nhecido como a “linha de pobreza”.

Assim, são considerados pobres aqueles cuja renda é inferior a meio salário mínimo. Entre
os pobres, são considerados indigentes aqueles cuja renda não é sequer suficiente para que
se alimentem adequadamente. Por este critério, indigentes são os indivíduos que ganham
menos de uma quarta parte do salário mínimo.

Para a compreensão dos graus de pobreza e miséria das populações do Norte e Noroeste
Fluminense foram analisados como referência o PIB das regiões, seguido de uma avaliação
do PIB per capita de seus municípios para, por fim, comparar estes valores com os indicado-
res de pobreza e miséria per si, observando-se a conceituação da pobreza e os graus de
pobreza e indigência do contexto nos quais se inserem as Regiões estudadas.

3.2 PIB per Capita


O crescimento da produção líquida de bens e serviços é um indicador básico do comporta-
mento de uma economia. Na qualidade de um indicador sintético, o PIB per capita resulta
útil para sinalizar o estado do desenvolvimento econômico, em muitos aspectos - assim co-
mo o estudo de sua variação informa sobre o comportamento da economia ao longo do
tempo.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 71
É comumente utilizado como um indicador síntese do nível de desenvolvimento de um país,
ainda que insuficiente para expressar, por si só, o grau de bem-estar da população, especi-
almente em circunstâncias de desigualdade na distribuição de renda. (Indicadores de De-
senvolvimento Sustentável, IBGE, 2008).

Na Tabela a seguir se constata uma grande diferença entre os PIBs das Mesorregiões Flu-
minense, sendo que o maior foi o da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, como era es-
perado, de R$116,24 bilhões, seguido pelo PIB do Norte Fluminense, quase seis vezes me-
nor, de R$20,22 bilhões, e dos PIBs do Sul Fluminense, de R$12,04 bilhões e das Baixadas,
R$10,37 bilhões, ambos com valores próximos. Os menores valores foram o PIB do Centro
Fluminense, R$2,85 bilhões e do Noroeste Fluminense, R$1,73 bilhões, sendo este o último
lugar do Estado e destacadamente apresentando um valor muito baixo comparado à outras
Regiões.

Assim, o PIB do Noroeste representa menos de 10% do valor do PIB do Norte Fluminense,
sua região vizinha e com a qual promove integrações em serviços de saúde, comércio, edu-
cação e outros.

Este valor do PIB da Região Noroeste, per si já aponta para uma grande desigualdade nas
receitas estaduais regionais e sugere que devem haver graves e acentuadas dificuldades
econômicas no Noroeste com relação à produção da riqueza, incluindo a geração de em-
prego e renda.

Tabela 29 - Mesorregiões Fluminense, PIB, 2006


Mesorregiões Fluminense PIB Total (MR$)
RJ-Baixadas 10.370.093
RJ-Centro Fluminense 2.851.329
RJ-Metropolitana do Rio de Janeiro 116.244.634
RJ-Noroeste Fluminense 1.736.542
RJ-Norte Fluminense 20.220.680
RJ-Sul Fluminense 12.048.681
Fonte: Elaboração de Nildred Martins, a partir dos dados do IBGE/IPEA, 2009.

Considerando-se apenas os municípios da Região Norte, na tabela abaixo observa-se pri-


meiramente que o aumento de receitas foi imenso de 2003-2006, variando entre 20% até
mais de 120% de aumento, destacando-se Campos onde, em 2006, o PIB a preços corren-
tes foi o maior da Região, seguido por Macaé. Em seguida todos os outros municípios tive-
ram PIBs bem menores, ainda apresentando-se diferenças significativas os valores de Quis-
samã e São João da Barra com os outros municípios, sendo o pior valor de Cardoso Morei-
ra.

O PIB per capita, por sua vez, acompanhou o aumento do PIB de 2003-2006. Entretanto,
como ele resulta da divisão do PIB total pelo número de habitantes, com as alterações polí-
tico territoriais, ocorreram diferenças extraordinárias, pois Quissamã, que possui o menor
número de seus habitantes/receita recebida, apresentou a maior renda per capita em 2006,
MR$ 147,704, seguido por Campos, MR$ 53,842 e por Macaé, MR$ 40,299, próximo do
valor de Carapebus, MR$ 39,959, valores absolutamente fantasiosos em relação ao que os
habitantes de fato recebem.

Próximos a estes resultados vem São João da Barra, com renda per capita de MR$ 31,906,
em 2006, e com valores bem menores se encontram São Fidélis, São Francisco de Itabapo-
ana, Conceição de Macabu e Cardoso Moreira, com valores aproximados de MR$ 6,500.

72 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 30 - Região Norte Fluminense, Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per Capi-
ta, 2003, 2006 (preços correntes)

Produto Interno Bruto


2003 2006
Municípios da Região
a Preços a Preços
Per Capita Per Capita
Norte Fluminense Correntes Correntes
(R$) (R$)
(MR$) (MR$)
Campos dos Goytacazes 9.572.418 22.831 23.134.307 53.842
Carapebus 228.680 23.498 415.130 39.959
Cardoso Moreira 61.449 4.911 76.231 6.127
Conceição de Macabu 97.925 5.083 124.310 6.255
Macaé 3.952.120 26.751 6.477.109 40.299
Quissamã 995.044 66.527 2.369.765 147.704
São Fidélis 206.366 5.478 272.608 7.095
São Francisco de Itabapoana 224.323 5.068 323.015 6.887
São João da Barra 455.768 16.120 918.109 31.906
Mesorregião Norte 15.794.092 19.585 34.110.584 37.786
Fonte: IBGE – Contas Nacionais, Produto Interno Bruto dos Municípios 2003, 2007.

Na Região Noroeste, também se observou em 2003 uma grande variação entre os PIBs
municipais, apesar de bem menor do que aquela observada na Região Norte. Seus valores
mais baixos são menos da metade dos valores menores da Região Norte e , internamente,
Itaperuna apresentou um valor bem acima dos demais.

Entre 2003-2006 ocorreram aumentos em todos os PIBs municipais, em alguns casos bai-
xos e com um grande aumento ocorrido em Itaperuna, que chegou ao valor de MR$
1.230.453, seguido por Santo Antônio de Pádua, MR$ 345.046, Bom Jesus de Itabapoana,
MR$ 286.243 e Italva, MR$ 225.316. Seguem os municípios com PIB na faixa de MR$
175.697 a MR$ 106.620, Miracema e Porciúncula, Natividade e Cambuci, e Italva, MR$
89.640. Os piores valores do PIB foram de Varre-Sai, MR$ 63.228, Aperibé e São José de
Ubá, ambos com cerca de MR$ 55.259.

Considerando-se o PIB per Capita, os valores se assemelham entre os municípios, ficando


entre MR$ 5,000 e MR$ 7,800, similar aos piores valores da Norte, onde não ocorrem ga-
nhos expressivos com a exploração petrolífera.

Ou seja, não houve variação intermunicipal muito acentuada, destacando-se como o melhor
da Região Itaperuna MR$ 13,207 - com menos de 1/10 do maior valor da Região Norte -
Itaocara, MR$ 9,773 e Santo Antônio de Pádua, São José de Ubá e Bom Jesus de Itabapo-
ana, com aproximadamente MR$ 8,000, cada. Os outros municípios tiveram a renda per
capita entre MR$ 6,000, em Aperibé a MR$ 7,700, em Natividade.

Com isto, constata-se que, internamente, o PIB per Capita variou menos no Noroeste e que
há um grau de desigualdade menor do que os existentes no Norte, apresentando todavia o
problema dos valores serem demasiado pequenos e insuficientes para fazerem face às ne-
cessidades de grande parcela dos habitantes.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 73


Tabela 31 - Região Noroeste Fluminense, Produto Interno Bruto a Preços Correntes e Produto
Interno Bruto per Capita, 2003, 2006

Produto Interno Bruto


2003 2006
Municípios da Região
a Preços a Preços
Per Capita Per Capita
Noroeste Fluminense Correntes Correntes
(R$) (R$)
(MR$) (MR$)
Aperibé 50.447 5.798 55.720 6.005
Bom Jesus do Itabapoana 234.483 6.668 286.243 7.853
Cambuci 80.392 5.535 106.620 7.405
Italva 70.666 5.624 89.640 7.163
Itaocara 149.124 6.475 225.316 9.773
Itaperuna 707.894 7.847 1.230.453 13.207
Laje do Muriaé 40.268 4.979 56.349 6.840
Miracema 143.307 5.145 175.697 6.160
Natividade 86.439 5.642 119.937 7.745
Porciúncula 100.754 6.103 133.649 7.871
Santo Antônio de Pádua 257.114 6.293 345.046 8.083
São José de Ubá 36.482 5.537 55.259 8.201
Varre-Sai 40.037 4.915 63.228 7.535
Mesorregião Noroeste 1.997.406 5.889 2.943.158 7.988
Fonte: IBGE – Contas Nacionais, Produto Interno Bruto dos Municípios 2003, 2007.

O gráfico seguinte permite uma visualização conjunta de ambas as Regiões, com relação à
distribuição do PIB per Capita, em 2006. Verifica-se que o maior valor foi de R$147.704,00,
calculado para Quissamã, seguido pelo valor de Campos, de R$53.842,00, menos de sua
metade.

No grupo de valores próximos a Campos estão Macaé, Carapebus e São João da Barra,
todos estes cinco municípios associados à produção de petróleo.

Em seguida, vem o grupo de municípios com PIB per Capita entre R$13.207,00 até o valor
de R$ 8.201,00, com Itaocara e Itaperuna.

Todos os outros municípios do Norte e Noroeste Fluminense estão no grupo onde o PIB per
Capita é mais baixo, variando entre R$8.201,00 a 6.005,00, considerando-se que destes
pertencem ao Norte, Conceição de Macabú, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis e
Cardoso Moreira e ao Noroeste, englobando quase todos os seus municípios, à exceção de
Itaperuna e Itaocara.

Os dados revelam que a grande discrepância nos valores do PIB per Capita não está ligada
à afluência das Regiões, mas exclusivamente à existência da economia do petróleo, sem o
qual seus PIBs per capita seriam próximos entre si, salvo provavelmente as cidades pólo de
cada Região.

74 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 6 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Distribuição do PIB, 2006

Fonte: TCE - Estudo Socioeconômico de São Fidelis, 2004.

3.3 Renda per Capita e Pobreza

A partir das últimas análises, se entende que o PIB municipal não trata com fidedignidade as
realidades econômicas da população, especialmente considerando aqueles municípios que
recebem receitas expressivas e experimentam desigualdades sociais igualmente acentua-
das, como é o caso de vários municípios do Noroeste Fluminense e mesmo de alguns muni-
cípios do Norte.

Como o cálculo do PIB considera todas as receitas municipais e se divide o valor pelo nú-
mero de habitantes, municípios que recebem grandes quantias a serem divididas numeri-
camente para populações relativamente pequenas resultam em um PIB per Capita discre-
pante com a realidade, uma vez que os ganhos não são distribuídos para a população de
maneira equitativa, ao contrário, concentram-se para um grupo restrito.

As Tabelas seguintes apresentam um outro cálculo da renda per capita, baseado no cálcu-
los de renda da população por amostragem, realizados pelo PNUD. Isto revela valores inex-
pressivos de renda per capita quando comparados ao PIB per capita municipal de todos os
municípios estudados, reafirmando a desigualdade social, pois enquanto receitas expressi-
vas são geradas, a população, de maneira geral, recebe valores próximos a 1 salário míni-
mo e a proporção de pobres apresentada foi muito elevada.

Foram consideradas pobres as famílias com renda domiciliar per capita inferior a meio salá-
rio mínimo. Nestas Tabelas não se distinguiram a pobreza da situação de extrema pobreza,

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 75


ou indigência, que representam as famílias com renda mensal per capita de até ¼ do salário
mínimo/família. (Rezende e Tafner, 2005). (ver conceito de pobreza no Anexo 1).

Ressalta-se que o ano final de referência das Tabelas a seguir foi 2000, enquanto para os
cálculos de PIB municipal e PIB per capita o ano final foi 2006. Ainda assim, os seis anos de
diferença entre os dados não são a causa de tamanha desigualdade encontrada.

Como contexto, as elevadas taxas de pobreza e indigência que o Estado apresentava, em


2005, respectivamente de 22% e 7% de sua população praticamente se mantiveram iguais
ao longo dos últimos dez anos. O Norte e o Noroeste também apresentaram índices muito
elevados de pobreza e um pouco menores de indigência.

Como agravante, o Rio apresenta um padrão de elevada desigualdade de renda, frequen-


temente a maior entre os estados mais desenvolvidos do Brasil, valor que também se man-
teve quase constante nos últimos 30 anos, conforme descrito no Plano Estratégico do Rio
(2007).

No Norte, em 2000, a renda per capita média variou entre R$ 156,00 em São Francisco de
Itabapoana a R$ 392,94 em Macaé, a melhor renda regional e próxima à renda per capita
estadual, de R$ 413,90. Os municípios com renda per capita inferior a R$ 200,00 foram
Cardoso Moreira, Quissamã e São João da Barra e um pouco acima deste valor, Campos,
Carapebus, Conceição de Macabu e São Fidélis.

Apesar de todos haverem melhorado sua renda per capita média entre 1991-2000, a pro-
porção de pobres ainda era em torno de 40%, sendo que em Conceição de Macabu e Ma-
caé aumentou-se o número de pobres, totalizando-se mais do que o dobro da proporção de
pobres do Estado do Rio em 2000, que era de 19,20% da população.

Tabela 32 - Região Norte Fluminense, Indicadores de Renda e Pobreza, 1991 e 2000

Indicadores de Renda e Pobreza - 1991 e 2000


Renda per Capita Média Proporção de Pobres
Municípios da Região (R$ de 2000) (%)
Norte Fluminense
1.991 2.000 1.991 2.000
Campos dos Goytacazes 190,56 247,20 43,15 38,29
Carapebus 125,93 203,22 37,75 40,01
Cardoso Moreira 81,86 166,05 53,08 36,71
Conceição de Macabu 143,74 213,91 40,07 43,07
Macaé 295,34 392,94 39,28 40,58
Quissamã 115,84 181,91 44,70 37,48
São Fidélis 151,89 212,84 47,08 37,80
São Francisco de Itabapoana 76,60 156,00 47,76 43,66
São João da Barra 140,93 177,33 40,33 38,32
Estado do Rio de Janeiro 312,00 413,90 25,50 19,20
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.
Nos municípios do Noroeste também houve melhorias expressivas na renda per capita mé-
dia entre 1991-2000, mas seus valores ainda foram extremamente baixos. O melhor valor foi
de Itaocara, R$ 287,50, seguido por Itaperuna, R$ 261,87 e por quatro municípios com ren-
da per capita próxima a R$ 240,00, Aperibé, Bom Jesus de Itabapoana, Miracema, Nativida-
de e Pádua. A pior renda per capita foi encontrada em Laje do Muriaé, R$ 166,94 e em Var-
re-Sai, 176,02. Também próximo a R$ 200,00 encontraram-se os valores de São José de

76 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Ubá, Porciúncula e Cambuci. Ressalta-se que a maioria dos valores foram menos da meta-
de da média estadual, de R$ 413,90, em 2000.

apitã entemente, a proporção de pobres foi extremamente elevada, cerca de 35%, bem
maior do que os índices estaduais de 2000, 19%, todavia um pouco menor do percentual
médio encontrado na Região Norte.

Os percentuais de pobres mais baixos do Norte foram encontrados em Miracema, 41, 65% e
em Itaperuna, Laje do Muriaé, Porciúncula, São José de Ubá e Varre-Sai todos apresentan-
do aproximadamente 38% de pobres, muito acima da média estadual e os menores índices
foram os de Pádua e Itaocara, cerca de 31%, em 2000.

Tabela 33 – Região Noroeste Fluminense, Indicadores de Renda e Pobreza, 1991 e 2000

Indicadores de Renda e Pobreza – 1991 e 2000


Renda per apitã Mé- Proporção de Pobres
Municípios da Região dia (R$ de 2000) (%)
Noroeste Fluminense
1.991 2.000 1.991 2.000
Aperibé 120,72 240,16 45,16 34,89
Bom Jesus do Itabapoana 142,12 242,49 44,21 35,33
Cambuci 139,08 199,09 52,26 33,46
Italva 142,01 212,05 43,01 36,35
Itaocara 146,93 287,50 44,38 31,82
Itaperuna 211,86 261,87 39,94 38,47
Laje do Muriaé 102,97 166,94 48,68 38,30
Miracema 151,34 236,98 42,76 41,65
Natividade 148,35 242,38 45,52 34,73
Porciúncula 153,95 180,80 42,22 38,99
Santo Antônio de Pádua 163,72 242,03 40,99 30,71
São José de Ubá 148,40 199,51 48,27 38,39
Varre-Sai 115,04 176,02 49,60 38,50
Estado do Rio de Janeiro 312,00 413,90 25,50 19,20
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD
No geral, a proporção de pobres no Norte e no Noroeste Fluminense atingiu cerca de 40%
das populações de cada um de seus municípios, em 2000, sendo um pouco mais elevada
no Norte, com a maior proporção de pobres encontrada em São Francisco de Itabapoana e
em Conceição de Macabu, 43% e os menores índices encontrados em Pádua e Itaocara,
31%, o que aparece como uma disparidade, tendo em vista as altas receitas geradas no
Norte, apontando novamente para a alta iniqüidade interna enfrentada nesta Região.

No Mapa seguinte, com dados atualizados de 2009, fica visível que a proporção de pobres
mais elevada continuava predominando no Norte e no Noroeste Fluminense em compara-
ção com as outras Regiões do Estado, sendo que o Noroeste apresentou uma situação de
pobreza ainda mais acentuada, a pior de todo o Estado.

De acordo com estes dados, no Noroeste, Pádua, Aperibé e Itaperuna apresentaram os


menores índices de pobreza, de 21,44 a 26,43%. Seguiram-se Itaocara, Bom Jesus de Ita-
bapoana e Italva, com índices de 26,95% a 31,3%. O grupo mais empobrecido, de 31,33% a

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 77


50,19% foi formado por Varre-Sai, Porciúncula, Natividade, Laje de Muriaé, Miracema, São
José de Ubá e Cambuci, ou seja, a maioria dos municípios desta Região está classificado
no nível de pobreza mais acentuado de todo o Estado, uma situação efetivamente alarman-
te.

Nos municípios do Norte a situação é um pouco melhor, mas não menos preocupante. Ma-
caé apresentou o menor índice de pobreza de ambas as regiões, situando-se na faixa de
0,01% a 14,17%, seguido por Carapebus, com o nível de pobreza de 14,18% para 21,43%.
No outro grupo, com percentuais entre 21,44% e 26,94% estavam Campos dos Goytacazes
e São Fidélis. Os demais municípios se encontraram no grupo com maior índice de pobreza,
de 31,33% a 50,19%: Cardoso Moreira, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra e
Quissamã.

Mapa 7 – Rio de Janeiro, Taxa de Pobreza

Fonte: Plano Estratégico do Rio, 2007, p.58, 59.


Indigência

Referente ao percentual de indigência no Norte, em 2000, se constata na Tabela abaixo que


o mais alto o município de São Francisco de Itabapoana, 21,51%, seguido por Cardoso Mo-
reira, 13,86%.

O outro grupo de municípios com índices de indigência de aproximadamente 12% constituiu-


se por Quissamã, São Fidélis, São João da Barra, depois vem Campos e Conceição de Ma-
78 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
cabu, ambos com cerca de 11% de indigência. Os melhores percentuais foram os de Cara-
pebus, 8,41% e Macaé, 4,93%, os únicos que possuíam igual ou próximo ao percentual es-
tadual de indigência, 7,94% da população total.

Nota-se que, entre 1991-2000, todos estes municípios apresentaram um queda expressiva
de seus valores, especialmente Cardoso Moreira, que passou de 41,53% de indigência –
quase a metade de sua população – para 13,86%.

Tabela 34 – Região Norte Fluminense, Percentual de Indigência, 1991 – 2000

Indicadores de Indigência – 1991 e 2000


Índice de Indigência (%)
Municípios da Região Norte Fluminense
1.991 2.000
Campos dos Goytacazes 18,70 10,71
Carapebus 12,29 8,41
Cardoso Moreira 41,53 13,86
Conceição de Macabu 16,10 10,85
Macaé 7,97 4,93
Quissamã 22,31 12,09
São Fidélis 28,02 12,59
São Francisco de Itabapoana 32,74 21,51
São João da Barra 17,25 12,65
Estado do Rio de Janeiro 9,18 7,94
Brasil 20,24 16,32
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

No Noroeste Fluminense, em 2000, o maior percentual de indigência foi o de Porciúncula,


15,10%, similar ao percentual encontrado no Norte. Em ordem decrescente, seguiram-se
Varre-Sai, com 14,93%, Laje do Muriaé, com 14,53%, Miracema, com 13,92%, São José de
Ubá, com 13,97% e Cambuci, com 11,32% de população indigente.

Este percentual variou entre 7% a 9%, em Aperibé, Bom Jesus de Itabapoana, Italva, Itaoca-
ra, Itaperuna e Pádua, este último com o valor regional mais baixo de 7,19% de indigência,
menor que o índice estadual de 7,94. Portanto, observa-se que os índices de indigência do
Noroeste foram, em sua maioria, menores do que os apresentados nos municípios do Norte
e que também apresentaram grandes diminuições em seus percentuais entre 1991-2000.

Tabela 35 – Região Noroeste Fluminense, Percentual de Indigência, 1991 e 2000

Indicadores de Indigência – 1991 e 2000

Índice de Indigência (%)


Municípios da Região Noroeste Fluminense
1.991 2.000
Aperibé 25,81 7,67
Bom Jesus do Itabapoana 23,23 8,63
Cambuci 32,63 11,32
Italva 19,35 8,71
Itaocara 21,06 8,09
Itaperuna 15,33 8,34
Laje do Muriaé 34,65 14,53

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 79


(continuação)
Índice de Indigência (%)
Municípios da Região Noroeste Fluminense
1.991 2.000
Miracema 20,61 13,92
Natividade 26,71 11,50
Porciúncula 19,55 15,10
Santo Antônio de Pádua 18,01 7,19
São José de Ubá 27,42 12,97
Varre-Sai 33,43 14,93
Estado do Rio de Janeiro 9,18 7,94
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

No Mapa seguinte, todavia, se constata que ambas as Regiões possuíam índices de indi-
gência similares em grande parcela de seus municípios, apresentando os percentuais meno-
res do Estado.

Mapa 8 - Rio de Janeiro, Intensidade da Indigência, 2000

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

Desta forma, a recente recuperação econômica experimentada, de maneira geral, pelo Es-
tado ainda não se refletiu em melhoria na condição social para os extratos mais pobres de
seus habitantes.

Com os programas assistenciais do Governo Federal e outras ações locais implantadas nos
últimos 5 anos, para os quais ainda não há informações censitárias sistematizadas, espera-
se uma melhoria nestes dados.

3.4 Segurança Pública

A criminalidade geralmente ocorre associada ao processo de urbanização descontrolado,


aliado à condições econômicas e educacionais antagônicas, que não permitem a inserção
social de algumas camadas da população no mercado de trabalho, relegando-as ao mundo
da marginalidade, tanto econômica como social.

80 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Assim, a criminalidade brasileira não é fruto apenas da miséria, mas do desenvolvimento
descontrolado que dilata a periferia dos centros urbanos mais ricos. Existe uma massa da
população urbana que convive com a abundância e a riqueza, beneficiando-se dela, se
comparada a Estados menos desenvolvidos, mas que não se integraram nem possuem
condições suficientes de se integrar e ter acesso a inúmeros bens, riqueza e serviços.

No Estado do Rio de Janeiro a criminalidade e os índices de violência tem se constituído


com um dos problemas mais graves e de difícil “controle”, envolvendo o crime organizado e
o império do tráfico de drogas. Ressalta-se ainda que este fenômeno, antes desprivilégio da
capital, alcança cada vez mais o interior do Estado. Os índices de violência revelam que a
criminalidade tem crescido mais nas cidades antes consideradas “pacatas”, no interior do
Estado, do que na capital e na Baixada Fluminense.

Macaé é um exemplo clássico deste fenômeno de expansão acelerada e descontrolada de


da população e da ocupação territorial, em decorrência da migração e das grandes trans-
formações em torno da produção de petróleo. O espaço urbano e a população cresceram
sem planejamento e, paralelamente, cresceram a ocorrência de crimes, o tráfico de drogas,
a destruição de patrimônio, dentre outras manifestações de violência.

Estes dados podem sem verificados no Mapa da Violência (2008). Os pesquisadores do


desenvolveram um mapeamento dos 556 municípios que possuíam o maior percentual de
taxa de homicídio/população total. Apesar deste número representar apenas 10% dos muni-
cípios brasileiros, foram responsáveis por 73,3% dos homicídios acontecidos no país, duran-
te o ano de 2006.

O Estado do Rio de Janeiro possui em torno de 40% de seus municípios compondo este
grupo crítico, constituído pelas cidades mais violentas do país. Da Região Norte são 4 os
municípios: Macaé, Carapebus, Conceição de Macabu e Campos dos Goytacazes.

Destes municípios, destaca-se Macaé, sendo o 15° mu nicípio com a maior taxa de homicí-
dio do país/população total, referente ao ano de 2006. Sua taxa foi de 85,9 homicídios a
cada 100.000 habitantes. No ranking estadual ocupou o 1o lugar como cidade com mais ho-
micídios proporcionais à sua população, no Estado do Rio. Destaca-se a presença de várias
facções criminosas do Rio, contribuindo para a existência de crime organizado atuante no
Município.

Carapebus ocupou a 196° posição, com uma taxa de 45 ,4 homicídios/população total, Con-
ceição de Macabu ocupou a 259° posição, com a taxa de 41,1 homicídios/população total e
Campos dos Goytacazes, cidade com maior população da Região, ocupou a 308° posição,
apresentando a taxa de 37,8 homicídios/população total.

Quanto à Região Noroeste, apenas um município compõe esse grupo crítico: Itaperuna,
sendo o 509º município com maior taxa de homicídios no país, no ano de 2006, com taxa
média de 30,6 homicídios/população total.

Os Mapas a seguir revelam o percentual de homicídios por população total por 1.000 habi-
tantes, em 2008. Macaé e Carapebus tiveram os piores resultados do Norte e os melhores
índices foram encontrados em São Fidelis e em São João da Barra. No Noroeste os piores
índices foram dos municípios de Itaperuna e Laje do Muriaé e os melhores se apresentaram
em São José de Ubá, Varre-Sai e Bom Jesus do Itabapoana.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 81


Mapa 9 - Região Norte Fluminense, Homicídio da População Total, por 1.000 hab., 2008

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008


Mapa 10 - Região Noroeste Fluminense, Homicídio da População Total, por 1.000 hab., 2008

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008.

82 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Para complementar a análise da criminalidade nas localidades estudadas, são apresentadas
também informações dos relatórios das AISPs - Áreas Integradas de Segurança Pública das
Regiões. Foram consideradas as ocorrências registradas nestas AIPSs entre os meses de
janeiro a outubro dos anos de 2006 a 2009, conforme as diferentes categorias de crime de-
finidas, possibilitando assim a comparação dos dados quantitativos contabilizados.

Tal análise possibilitou uma leitura mais pontual, identificando quais as modalidades de cri-
mes ocorrem com mais freqüência e se estas ocorrências apresentaram aumento ou diminu-
ição ao longo dos anos.

Para cada umas das Regiões existem duas AISPs. No Norte, a AISP 08 é constituída por
Campos do Goyacazes, São João da Barra, São Fidélis e São Francisco do Itabapoana. A
AISP 32 é formada por Conceição de Macabu, Carapebus, Macaé, Quissamã, Rio das Os-
tras e Cassimiro de Abreu, sendo que os dois últimos municípios não pertencem à Região
Norte administrativa.

A AISP 08, no geral, apresentou um quantitativo mais expressivo de ocorrências, em com-


parando-se com a AISP 32. Em ambas as maiores ocorrências registradas nos anos anali-
sados corresponderam à: lesão corporal dolosa, lesão corporal culposa por acidentes de
trânsito e roubo a transeunte.

A apreensão de drogas também apareceu com bastante frequência em 2009 sendo que,
neste caso, a AISP 08 superou a AISP 32, com 178% a mais de ocorrências desta natureza,
indicando que o tráfico e o uso de drogas tem se tornado um problema muito expressivo
nesta área. Com relação aos furtos e roubos de veículos, a AISP 32 apresentou o maior
número de ocorrências.

Somando -se todos os valores de categorias de crimes ocorridos, em 2006 foram registra-
das 14.414 ocorrências e em 2009, 14.930, um aumento de 3,5% durante o período na AISP
08. Na AISP 32 foram 10.352 ocorrências em 2006 para 13.209 em 2009, um aumento de
27,5 %.

Uma observação relevante é que, enquanto na AISP 08 o número de ocorrências – que era
bem maior – aumentou 3,5% de 2006 a 2009, na AISP 32 o número de ocorrências aumen-
tou 27,5%, chegando a aproximar-se muito dos índices contabilizados na AISP 08.

No Noroeste, a AISP 29 é constituída por Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, Varre-


Sai, Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna, Italva e Cardoso Moreira, que não pertence à
esta Região. A AISP 36 é formada pelos municípios Miracema, São José de Ubá, Cambuci,
Santo Antônio de Pádua, Aperibé, Itaocara, São Sebastião do Alto. Este último município
também não pertence a Região Noroeste administrativa.

Relativo à Apreensão de Drogas, a AISP 29 teve quase o dobro de ocorrências que a AISP
36, 417 e 219, respectivamente. Os registros de prisões seguiram processo similar, com 138
casos na AISP 36 e 370 na AISP 29. Os Furtos e Roubos, na maioria dos casos apresenta-
ram aumento nas quantidades de ocorrências registradas ao longo dos anos.

Somando-se todos os valores de categorias de ocorrências registradas, na AISP 29 foram


registradas em 2006, 4.707 ocorrências e em 2009, 5.075, aumentando 7,8% durante este
período. Na AISP 36, em 2006 foram 3.298 ocorrências e em 2009, 3.693, revelando um
aumento pouco expressivo neste último ano, mantendo menores ocorrências de criminalida-
de do que na AISP 29.

Em síntese, no Norte e no Noroeste Fluminense os crimes mais registrados pelo Instituto de


Segurança Pública do Estado, neste período, foram lesão corporal dolosa, lesão corporal
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 83
culposa por acidentes de trânsito e roubo a transeunte, com a maioria destas ocorrências
registrando um aumento no número de registros ao longo dos anos.

Desde outra perspectiva, o Sistema Prisional das Regiões Norte e Noroeste constitui-se por
2 penitenciárias, sendo uma localizada em Campos dos Goytacazes (Penitenciária Carlos
Tinoco da Fonseca), com a capacidade para 795 presos, e outra localizada em Itaperuna
(Presídio Diomedes Vinhosa Muniz), com capacidade para 410 presos.

Não foi possível obter informações oficiais sobre a situação quanto à lotação dessas peni-
tenciarias, não sendo possível confirmar qual a situação de sua ocupação.

No entanto, os dados de ocorrências das AISPs fornecem um indicador a este respeito, ao


se observar que somente no ano de 2009 foram realizadas 1.464 prisões no Norte e mais
508 no Noroeste, números estes muito superiores às capacidades somadas das penitenciá-
ria da Região. Diante disso, é de se supor que muitas das detenções, realizadas nessas
Regiões, se mantém no âmbito dos municípios.

Considerando-se todos os dados estatísticos avaliados nas AISPs e no Mapa da Violência e


a influência das questões financeiras no funcionamento do Sistema de Segurança Pública,
faltaria uma avaliação qualitativa do Sistema de Segurança no que diz respeito à efetividade
dos serviços de prevenção e repressão ofertados pelos municípios em suas respectivas
áreas de atuação.

Os estudos realizados pelo Tribunal de Contas do Estado em 2007, apresentam a análise


da Segurança Pública dos municípios do Norte e Noroeste Fluminense desde a influência
das questões financeiras na efetividade as ações da Segurança Pública.

Por fim, apresenta-se um outro viés na análise da Segurança Pública dos municípios do
Norte Fluminense, que trata da influência das questões financeiras e de planejamento na
efetividade as ações da Segurança Pública (Estudos Socioeconômicos do Tribunal de Con-
tas do Estado do Rio de Janeiro, 2007).

No estudo, o TCE-RJ aborda um trabalho realizado em parceria com a Fundação Getúlio


Vargas, lançado em 2006, denominado “O Investimento Público e a Efetividade das Ações
Estatais na Segurança”. Para tal, foram realizadas entrevistas com diferentes gestores de
Segurança Pública do Estado, profissionais da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Sistema
Prisional, buscando-se dados que contribuíssem para maior eficácia na elaboração das polí-
ticas públicas estaduais.

Considerando-se a execução orçamentária do Governo do Estado, entre janeiro de 2003 a


junho de 2006, o aparelhamento das policias e demais instituições públicas absorveu, em
média, 12,6% dos gastos totais do Estado, fatia inferior apenas àquelas inscritas nas rubri-
cas Encargos Especiais e Educação. Entretanto, quando se analisa a distribuição de gastos,
confirma-se que os recursos se mostram insuficientes para fazer frente às necessidades de
investimento e custeio.

Dos recursos públicos estaduais destinados à área, em média, mais de 30% se destinam ao
Fundo Único da Previdência Social e mais de 40% aos gastos com pessoal da ativa e seus
respectivos encargos. Por outro lado, só 3,25% costumam ser direcionados para o policia-
mento propriamente dito, sugerindo-se um desequilíbrio entre o que é gasto nas atividades-
meio e o que é gasto nas atividades-fim na área de Segurança Pública.

As principais observações do estudo foram:

84 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


• A preocupação central demonstrada pelos entrevistados se relacionou à ausência de
planejamento e de critérios de gestão sobre as questões orçamentárias. A elaboração do
orçamento viria sendo executada com base no que foi feito em anos anteriores, sem a
preocupação com os aumentos de custos registrados no período, nem com o estabeleci-
mento de um elo entre receitas, despesas e objetivos de longo prazo para a área. Além
disto, faltava considerar diversos fatores exteriores às organizações de segurança – co-
mo crises, demandas da opinião pública, julgamentos morais, adequação ao sistema le-
gal – que influem no seu cotidiano, apontando para a necessidade de antecipação às
contingências, o que, de maneira ampla, demanda instrumentos gerenciais eficazes para
que a política de segurança cumpra sua função. Outras deficiências relatadas foram a
improvisação constante, o excesso de burocracia e a falta de comunicação no interior da
organização (fosse esta Polícia Militar ou Civil) e entre as organizações de uma maneira
em geral (Polícias, Sistema Penitenciário, Executivo, etc.);

• Aponta-se também para um conflito entre os critérios técnicos e políticos na construção


dos orçamento das instituições da área, com forte influência política na definição de prio-
ridades em detrimento de questões técnicas, levando questões fundamentais a recebe-
rem um tratamento superficial, comprometendo a própria subsistência de algumas institu-
ições.

• Além disto, a partir dos discursos dos gestores foi identificada a existência de um orça-
mento insuficiente – por exemplo, faltando verbas para a manutenção e compra de viatu-
ras - e a execução precária que o acompanha. As verbas são liberadas de formas reativa,
de acordo com as necessidades - sem planejamento - de forma emergencial, geralmente
quando um problema ganha repercussão pública. Os atrasos de verbas são constantes,
prejudicando o andamento de projetos. Falta ainda investir-se no sistema prisional que
necessita de grandes recursos, freqüentemente gastos de forma inadequada.

• A quarta categoria de problemas discutidos foi a utilização de sobras das despesas com
alimentação (“rancho”) para custear outras atividades dos batalhões e unidades da PM,
como combustível e manutenção. Tal fato reflete tanto a precariedade de verbas quanto a
ausência de planejamento. Ressalta a necessidade de melhor treinamento dos recursos
humanos para lidar com as questões orçamentárias, sendo solicitada ao menos formação
básica na área.

O fundamental, acima de tudo, é que o conceito de estratégia seja incorporado não só ao


dia-a-dia das instituições de Segurança, mas à própria forma como o Estado trata a Segu-
rança Pública no contexto das políticas sociais.

Nesta perspectiva, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), que coordena o


Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) identificou e definiu sete ações estruturantes
para alcançar-se um Sistema de Segurança Pública adequado:
1 - modernização organizacional;
2 – melhoria do sistema de informações gerenciais;
3 - implementação e modernização da infra-estrutura;
4 - valorização profissional;
5 - prevenção;
6 - reaparelhamento;
7 - repressão classificada, que tem como premissa básica buscar os criminosos mais “peri-
gosos” para a sociedade e no mais breve espaço de tempo investigá-los, processá-los e
condená-los.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 85
Todos estes estudos e dados apontam que o indicador “homicídio/população total” foi ex-
tremamente elevado, tanto em municípios do Norte como do Noroeste Fluminense, compa-
rando-se com todos os municípios brasileiros e que as ocorrências de diversos “tipos” de
crime aumentou muito em todas as AISPs que compõem as Regiões.
A análise se completou com a verificação de que a capacidade do Sistema Prisional parece
insuficiente, considerando apenas os números de prisões efetuadas nos últimos anos e que
há lacunas complexas do planejamento e na gestão dos orçamentos destinados à Seguran-
ça Pública no Estado e mesmo insuficiência orçamentária.
No geral, constata-se que há inúmeros problemas a serem equacionados na área da Segu-
rança Pública, envolvendo ações e atores sociais múltiplos.
3.5 Condições Habitacionais

Condições habitacionais adequadas são fundamentais para o bem-estar dos habitantes.


Neste sentido, são apresentadas a seguir duas lacunas significativas da área, a saber, o
déficit habitacional e o processo de favelização, que se fazem presentes no Norte e no No-
roeste Fluminense.

Déficit Habitacional
De acordo com o Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro (2007), em 2000, a Regi-
ão Norte apresentava um déficit de 14.105 domicílios sendo que 89,5% se concentrava em
áreas urbanas. Campos foi o Município com a maior demanda habitacional, apresentando
um déficit de 8.980, 63,6% de toda a demanda regional. Macaé apresentou o segundo maior
déficit habitacional, 2.402, ou seja, 17% do total regional.
Em seguida, ficaram os municípios de Itabapoana com 619, São João da Barra , 599 e Con-
ceição de Macabu, 365. Carapebus e Cardoso Moreira apresentaram os menores déficits,
em torno de 170 cada.
Em todos estes municípios os déficits habitacionais nas áreas urbanas foram mais intensos
que nas áreas rurais, exceto em São Francisco do Itabapoana, cujo déficit rural foi de 327,
enquanto na área urbana correspondeu a 292, ficando atrás somente de Campos, 536.
Além do déficit habitacional foram verificados os dados relacionados aos domicílios improvi-
sados, que se configuram como moradias desqualificadas. Das 619 moradias improvisadas
contabilizadas no Norte, a grande maioria, 79,1% também se concentrava nos grandes cen-
tros urbanos. Campos e Macaé apresentaram novamente as maiores demandas, 250 e
167, respectivamente. São João da Barra possuía 80 domicílios improvisados, e Itabapoana,
43. Carapebus, Cardoso Moreira e Quissamã não possuíam domicílios improvisados na
área rural.
Foto 22 – Macaé, Lote Vago na Área Urbana

Fonte: Foto das autoras, 2009


86 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 36 - Região Norte Fluminense, Déficit Habitacional por Tipo, 2000
(1)
Déficit Habitacional Simplificado
Municípios da Região
Norte Fluminense Total Domicílios Improvisados
Total Urbano Rural Total Urbano Rural
Campos dos Goytacazes 8.980 8.445 536 250 225 25
Carapebus 172 138 34 11 8 3
Cardoso Moreira 173 112 61 9 9 -
Conceição de Macabu 365 328 36 37 37 -
Macaé 2.402 2.241 161 167 136 31
Quissamã 286 160 126 6 6 -
São Fidélis 510 441 69 15 8 7
São Francisco de Itabapoana 619 292 327 43 12 31
São João da Barra 599 477 121 80 49 32
Região 14.105 12.635 1.469 619 490 129
(1) Não inclui os domicílios rústicos, em função da inexistência da informação no Censo 2000
-- = sem informação Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009
No Noroeste o déficit habitacional foi de 5.550 domicílios, valor este menos elevado do que
no Norte. Deste total, 80,5% se concentrava nas áreas urbanas. O maior déficit foi observa-
do em Itaperuna, 1.553, o que representa 28% de toda a demanda regional. Pádua apresen-
tou o segundo maior déficit, 798, seguido de Miracema, 603 e Bom Jesus do Itabapoana,
535.
As menores demandas habitacionais, por sua vez, foram constatadas em São José de Ubá,
111, Varre-Sai, 118, Italva, 133 e em Aperibé, 163. Em todos os municípios os déficits habi-
tacionais nas áreas urbanas também foram mais intensos do que nas áreas rurais.
A Região também apresentava em 2000, o total de 254 domicílios improvisados, dos quais
67,7% estava na área urbana.
A maior demanda estava em Itaperuna, com a existência de 90 domicílios improvisados,
todos eles urbanos. Itaocara tinha 29, sendo apenas 5 na área rural. Cambuci e Natividade
apresentavam 25 improvisos domiciliares, sendo que no segundo, 100% se concentrava em
área rural. Além de Natividade, outros municípios também tiveram domicílios improvisados
somente em área rural, como Miracema, São José de Ubá, Varre-Sai e Italva. Aperibé e
Porciúncula não possuíam domicílios improvisados neste ano, de acordo com o Anuário
Estatístico do Estado do Rio de Janeiro (2009).
Tabela 37 – Região Noroeste Fluminense, Déficit Habitacional por Tipo, 2000
(1),
Déficit Habitacional Simplificado 2000
Municípios da Região
Noroeste Fluminense Total Domicílios Improvisados
Total Urbano Rural Total Urbano Rural
Aperibé 163 128 35 - - -
Bom Jesus do Itabapoana 535 436 99 12 12 -
Cambuci 353 264 89 25 19 6
Italva 133 80 53 8 - 8
Itaocara 412 259 152 29 24 5
Itaperuna 1.553 1.414 139 90 90 -
Laje do Muriaé 209 189 20 7 7 -
Miracema 603 528 75 18 - 18
Natividade 287 189 98 25 - 25
Porciúncula 275 225 50 - - -
Santo Antônio de Pádua 798 678 120 26 18 8
São José de Ubá 111 31 80 3 - 3
Varre-Sai 118 49 69 10 - 10
Região 5.550 4.470 1.080 254 172 82
(1) Não inclui os domicílios rústicos, em função da inexistência da informação no Censo 2000
-- = sem informação Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 87
Os dados sugeriram problemas expressivos na área, principalmente em termos do déficit
habitacional, em especial nos municípios de Campos e Macaé, revelando a necessidade
premente de investimentos em Políticas Habitacionais em ambas as Regiões.

Importante ressaltar que, a última pesquisa apresentada foi do ano de 2000 e em uma dé-
cada é muito provável que a situação dos municípios tenha sofrido grandes transformações,
necessitando de uma atualização destes índices novos e/ou mapeamento ampliado para
classificar a situação habitacional atual das Regiões.

Outro problema recorrente enfrentado na maioria destes municípios são as enchentes e


inundações freqüentes, que acometem as moradias locais.

Considerando-se as localizações geográficas dos municípios, que foram se constituindo ao


redor de seus rios, bem como a ocupação desordenada que refletiu no padrão de urbaniza-
ção comum de todos estes - a construção das moradias se deu muito próxima às margens
dos rios, demandando que os municípios se preparem para a recorrência destes desastres
materiais, investindo em infra-estrutura para contenção das águas e sempre que necessário,
na realocação de moradias para a prevenção e redução de danos.

3.6 Favelização

A ocupação territorial desordenada se constitui como um dos maiores desafios enfrentados


no Estado e a sua ocorrência contribui para a baixa qualidade de vida com que uma grande
parte da população fluminense convive.

Atualmente, o Rio de Janeiro é o estado que apresenta o segundo maior percentual de do-
micílios em favelas, conforme apresentado anteriormente. Como catalisadores desse fenô-
meno estão a baixa escolaridade média da população local - 4,5 anos de estudo - e a má
definição e baixa fiscalização dos direitos de propriedade de imóveis. (Plano Estratégico do
Rio de Janeiro, 2007, p.59).

Na Região Norte, fenômeno similar ocorreu em alguns de seus municípios, em parte porque
as atividades petrolíferas e para-petrolíferas, assentadas em vultosos investimentos, atraí-
ram grandes grupos de população, em grande parte desqualificada. Além disto, a geração
de empregos diretos e indiretos atraiu diversos perfis de trabalhadores, com remuneração
muito variadas.

Consequentemente, a distribuição espacial destes trabalhadores reproduziu um processo de


segregação sócio-espacial pautado, de um lado, na ocupação dos espaços pouco valoriza-
dos por parte das camadas sociais desfavorecidas que se agrupam em bairros pobres e
favelas e, de outro, numa ocupação movida pelos mecanismos de auto-segregação das
classes de maior poder aquisitivo, a exemplo dos condomínios de luxo em áreas valoriza-
das. (Ajara e Neto, 2005, p.02).

Nestes municípios há um elevado número de favelas acompanhando as emergências de


grandes concentrações de renda, com oportunidades limitadas para pessoas sem condições
de acesso (baixa escolaridade), não podendo haver uma distribuição de oportunidades con-
sentânea, pois a maior parte dos “favelados”, são migrantes que se incorporam à população
local.

Isto ocorreu especialmente em Campos dos Goytacazes e em Macaé, onde a desigualdade


social se faz visível no território urbano, convivendo lado a lado favelas e bairros de luxo,
mais aparente ainda em Macaé, que tem desenvolvido a prática de condomínios fechados
dentro dos próprios bairros da cidade, sendo vizinhos de favelas grandes e pequenas distri-
buídas por todo seu território.
88 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
De acordo com dados dos Censos Demográficos do IBGE, nos anos de 1991 e 2000, foi
possível analisar a evolução da população residente em favelas em ambos municípios. Os
demais municípios da Região não registraram estas modalidades de habitação.

Na década de 1980, segundo pesquisa de Pessanha (2004, p.308), Campos dos Goytaca-
zes possuía 13 favelas. No Censo do IBGE, de 1991 e 2000 foram identificadas 30 favelas.
Esse crescimento foi favorecido especialmente pelo processo de desemprego que atingiu o
campo e “expulsou” o trabalhador rural, levando-o a procurar oportunidades nas áreas urba-
nas e instalar-se nas periferias da cidade.

Durante a década de 90, identificou-se que o percentual de domicílios em favelas na Região


Norte sofreu elevação pouco significante, passando de 5,25%, em 1991, para 5,40%, em
2000. Em 1991, o percentual de domicílios em favela de Campos foi de 5,41%, enquanto em
2000 observou-se leve decréscimo percentual, mostrando que o município teve uma peque-
na “desfavelização”, similar à tendência da Mesorregião.

Este decréscimo observado em Campos ocorreu tanto no número de domicílios ocupados


em favelas, quanto no número de moradores destes domicílios. Segundo Ajara e Neto
(2005, p. 08), em 1991 eram 5.184 domicílios para 22.648 moradores e em 2000 verificou-
se uma queda, totalizando 4.639 domicílios para 18.081 moradores, isto é, a relação mora-
dores por domicílio caiu de 4,37, em 1991 para 3,90 em 2.000.

Segundo os autores, em Macaé foi identificado um fenômeno inverso ao de Campos, pois


neste mesmo intervalo houve neste município um aumento significativo de quase 100% do
número de moradores e de domicílios nas áreas de favelas. Em 1991 Macaé apresentou
10,50% de domicílios em favelas, enquanto em 2000 estes números alcançaram 16,79%, no
distrito sede, perfazendo um percentual três vezes maior do que o índice regional.

Infere-se que, como já discutido no tema “Demografia”, os fluxos migratórios de pessoas


pouco qualificadas se deslocaram para Macaé, em busca de oportunidades para as quais,
na sua maior parte, não estavam preparadas, deixando-se ficar no Município sustentados
por ganhos em atividades de menor qualificação, como empregos domésticos, biscates e os
da atividade informal4.

Especialmente em Macaé observa-se um forte contexto de segregação espacial, que delimi-


ta o território visivelmente, em espaços de desigualdades ou assimetrias socioeconômicas.
Ao lado das áreas de favelas se encontram prédios com câmeras de segurança e condomí-
nios de luxo, fechados, e o fenômeno da verticalização também se multiplica, segregando-
se claramente a população marginalizada (horizontalizada ou com pequena verticalização)
da população de maior poder aquisitivo (muito verticalizada ou em casas protegidas).

Assim, os condomínios de luxo que continuam se multiplicando rapidamente pela cidade


foram uma maneira que os habitantes (e/ou os investidores imobiliários) encontraram de se
defender dos altos índices de violência, criando um “pretensa” e ilusória tranqüilidade dentro
dos muros fechados.

O que distingue este fenômeno em Macaé de outras cidades com condomínios fechados é
que esta delimitação ocorre distribuída em todo seu território urbano e em quantidades mui-
to expressivas, de forma que em uma pequena distância encontram-se favelas, condomí-
nios, áreas comerciais e distritos industriais, ou seja, em áreas de um bairro de classe mé-
dia, por exemplo, fecham-se ruas para dar lugar aos condomínios.

4
Este movimento migratório ocorrido em Macaé e em Campo tende a se repetir em São João da Bar-
ra, devido a seus grandes empreendimentos, se não forem realizados aí processos de controle e
planejamento locais.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 89
Fotos 23 e 24 – Campos dos Goytacazes, Condições Habitacionais Precárias

Fonte: Fotos das autoras, 2009

Fotos 25 e 26 – Macaé, Condições Habitacionais de Luxo

Fonte: Fotos das autoras, 2009


Referente ao Noroeste Fluminense não foram encontradas informações sobre a existência
de favelas, apesar de que, como apresentado em uma Tabela anterior, existem déficits habi-
tacionais e domicílios improvisados na Região.

3.7 Educação

A concepção de democracia atribui à Educação uma função central na relação com a cida-
dania, com o intuito de garantir a todos igualdade de oportunidades e a possibilidade de
aquisição contínua de conhecimentos.

No seu sentido mais abrangente, a Educação constitui a atividade primordial e permanente


para o desenvolvimento dos indivíduos no que se refere à constituição do sistema de rela-
ções entre eles e deles com o meio ambiente em que vivem; à formação de regras de convi-
vência e de respeito às diferenças individuais; ao desenvolvimento de sua cidadania e inter-
nalização dos seus direitos e deveres na sociedade; à sua qualificação para o trabalho e
ainda, à conquista de sua liberdade, na medida em que vão desenvolvendo sua capacidade
de discernir, avaliar, criticar e decidir sobre suas posições no mundo.

90 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Entende-se que a Educação afeta as condições de vida dos indivíduos em inúmeros aspec-
tos, quiçá em todas as dimensões do comportamento, como um caminho para todas as o-
portunidades essenciais ao desenvolvimento e ao reconhecimento social dos seres huma-
nos.

Na perspectiva da Saúde, a Educação contribui com a formação de hábitos mais saudáveis


de higiene, alimentação, métodos contraceptivos e prevenção de doenças diversas. Demo-
graficamente, níveis educacionais mais elevados estão diretamente relacionados com a
possibilidade de haver um planejamento familiar, resultando atualmente em menores níveis
de fecundidade e de mortalidade, em função do maior acesso aos métodos preventivos e
outros cuidados com a saúde, prática de esportes, etc. A dimensão educacional também é
um fator determinante para o desenvolvimento do trabalho, na elevação das condições de
renda e na estabilidade dos vínculos profissionais que se estabelecem sendo, portanto, fator
preponderante na redução da pobreza e das desigualdades sociais.

Analogamente, o déficit educacional é um dos maiores entraves para o desenvolvimento


socioeconômico. As demandas do mercado, principalmente o mercado de territórios como o
Norte Fluminense, que privilegiam indústrias de alta tecnologia, exige competências e habi-
lidades específicas, cuja a base educacional é essencial e sem a qual se torna inviável sua
expansão e consolidação. Mesmo para funções de trabalho menos sofisticadas, cada vez
mais se fazem necessárias capacidades elaboradas de articulação, postura, manuseio de
maquinários, computadores, tecnologias de informação, dentre outras. A concorrência au-
menta continuamente e as oportunidades privilegiam aqueles mais capacitados e com con-
dições mais criativas, dinâmicas e multifuncionais.

Em síntese, pode-se dizer que a Educação influi diretamente na qualidade de vida e no bem
estar das pessoas. Uma população mais educada é mais saudável, mais crítica e conscien-
te, mais fortalecida no exercício da cidadania, ou seja, mais capaz de participar ativamente
da vida social, política e cultural do país, promovendo reflexos em âmbitos locais, regionais
e nacionais.

Todavia, o contrário se faz pertinente, ou seja, uma população com níveis educacionais
mais baixos se encontra mais vulnerável frente às questões sociais e econômicas de sua
realidade.

Enfim, a Educação representa uma das principais ferramentas para diminuir as inequidades,
contribuindo para a “reconstrução” da dimensão social e ética do desenvolvimento econômi-
co. Cada vez mais a oferta de ensino de boa qualidade é requisito para que se pense em
justiça social, proporcionando condições para que os indivíduos compitam em graus seme-
lhantes. (Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2007): “Ideal seria que todas as crian-
ças e adolescentes tivessem acesso à escola, não desperdiçassem tempo com repetências,
não abandonassem os estudos precocemente e, ao final de tudo, aprendessem” (Fernan-
des, p.07, 2007).

Cabe mencionar que a Educação também é um elemento diferenciador e estratégico de um


Município, um Estado e/ou de uma Nação, repercutindo diretamente no desempenho indivi-
dual e no desempenho coletivo das organizações as quais pertence e, em decorrência, no
desempenho do próprio Estado. De tal forma, os processos de reconhecimento e produção
do conhecimento, de empreendedorismo e inovação, devem atuar como decisivos em pro-
cessos de desenvolvimento, imprescindíveis para a noção de sustentabilidade.

No Norte e Noroeste Fluminense, na área educacional também foram identificadas deficiên-


cias graves, que são parte de demandas não atendidas dos habitantes, repercutindo negati-
vamente nas várias etapas de suas vidas, com destaque para a baixa qualificação profissio-

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 91


nal e a diminuição da capacidade de grande parcela da População Economicamente Ativa,
em disputar com igualdade as oportunidades, em uma sociedade que se faz crescentemen-
te competitiva.

Serão apresentados a seguir dados sobre o rendimento escolar do Ensino Fundamental e


Médio locais, bem como indicadores de analfabetismo de jovens e adultos e o nível educa-
cional dos adultos, como parâmetros de análise parcial das situações educacionais nas Re-
giões estudadas.

Rendimento Escolar

Segundo dados do Observatório Socioeconômico (2001), o Estado apresenta taxas de a-


provação e de abandono compatíveis com a Região Sudeste do Brasil, com índices de a-
provação de aproximadamente 25%, mais elevados do que nas Regiões Norte e Nordeste
do país e 16% maiores que a Região Centro–Sul. No entanto suas taxas de reprovação tem
sido extremamente elevadas. Os índices encontrados nas Regiões Norte e Nordeste Flumi-
nense foram, por sua vez, os piores índices de rendimento escolar estadual.

Tomando o ano de 2005 como última referência, ao se comparar o número de matrículas


realizadas no Ensino Fundamental e o número de repetências ocorridas neste mesmo ano,
pode-se perceber que os índices de rendimento escolar são preocupantes.

Das 140.270 crianças matriculadas em toda a Região Norte em 2005, 17,82% foram repro-
vadas no Ensino Fundamental.

Quissamã foi o município onde mais ocorreram repetências, 21,55% seguido de Campos,
onde 20,10% dos alunos matriculados foram reprovados. São Francisco do Itabapoana tam-
bém apresentou índice bem elevado, 18,43%, todos estes valores superiores ao da própria
Região, 17,82%.

Conceição de Macabu e São Fidélis apresentaram as menores taxas de repetência, 9,76% e


10,05%. As taxas de repetência dos demais variaram entre 12,26%, em Carapebus e
16,82%, em São João da Barra.

Tabela 38 - Região Norte Fluminense, Taxa de Reprovação do Ensino Fundamental, 2005

Ensino Fundamental - Taxa de Reprovação 2005

Taxa de
Municípios da Região Número de Número de
Reprovação
Norte Fluminense Matrículas Reprovação
(%)
Campos dos Goytacazes 77.863 15.653 20,10
Carapebus 2.161 265 12,26
Cardoso Moreira 2.698 424 15,72
Conceição de Macabu 3.842 375 9,76
Macaé 29.540 4.319 14,62
Quissamã 3.503 755 21,55
São Fidélis 5.963 599 10,05
São Francisco de Itabapoana 8.631 1.591 18,43
São João da Barra 6.069 1.021 16,82
Total da Região Norte 140.270 25.002 17,82
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009

92 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Ao se fazer a mesma análise das taxas de reprovação no Ensino Médio, observa-se que os
municípios enfrentaram situações mais diferenciadas entre si. São um pouco melhores em
alguns casos, mas não menos preocupantes quando considerada a proporção relevante-
mente menor do número de alunos matriculados nessa etapa do ensino.

Embora constatado que houve um decréscimo destas matrículas entre os anos de 2003 e
2006, as taxas de repetência revelam aumentos praticamente constantes, passando de
2.322, em 1998 para 4.332, em 2005.

Dos 37.910 adolescentes matriculados em toda a Região no Ensino Médio, em 2005,


11,04% foram reprovadas, porcentagem significativamente menor que a taxa de reprovação
do Ensino Fundamental, 17,82%.

Conceição de Macabu, que já havia apresentado a menor taxa de repetência no Ensino


Fundamental, também apresentou a maior repetência regional no Ensino Médio, 15,49%.
Carapebus vem em seguida, com a segunda taxa de reprovação mais elevada, 13,09%,
ambos os municípios revelando os piores índices de reprovação regional.

Campos dos Goytacazes e Quissamã também revelaram taxas elevadas, em torno de 12%
de reprovação dos alunos matriculados no Ensino Médio. São Francisco do Itabapoana se
destacou com apenas 3,56% dos seus alunos reprovados nesta etapa, o oposto do ocorrido
no Ensino Fundamental, quando apresentou um valor elevado de reprovação. São Fidélis,
com taxa de 6,14% também teve um dos melhores índices regionais.

Tabela 39 - Região Norte Fluminense, Taxa de Reprovação do Ensino Médio, 2005

Ensino Médio - Taxa de Reprovação , 2005


Municípios da Região Número de Número de Taxa de
Norte Fluminense Matrículas Reprovação Reprovação (%)
Campos dos Goytacazes 21.606 2.673 12,37
Carapebus 550 72 13,09
Cardoso Moreira 448 42 9,38
Conceição de Macabu 1.246 193 15,49
Macaé 9.007 855 9,49
Quissamã 790 98 12,41
São Fidélis 1.548 95 6,14
São Francisco de Itabapoana 1.744 62 3,56
São João da Barra 971 96 9,89
Total da Região Norte
37910 4186 11,04
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009.

Já na Região Noroeste, das 51.555 crianças matriculadas em 2005, 8,4% foram reprovadas
no Ensino Fundamental. Varre-Sai foi o município onde ocorreram mais repetências, 14,5%,
seguido de São José de Ubá, onde 13,4% dos alunos matriculados foram reprovados. Itao-
cara, Italva e Porciúncula também apresentaram índices maiores que 10%, superiores aos
da própria Região.

Aperibé e Itaperuna apresentaram a menor taxa de repetência, 6,3% cada, seguidos por
Bom Jesus do Itabapoana, 7,1%, Laje do Muriaé, 7,6% e Santo Antônio de Pádua, 8,1%.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 93


Não é possível verificar em nenhum dos municípios em questão uma melhora constante que
revelasse a redução dos índices de reprovação de forma sistemática. Ao contrário, entre os
anos de 1998-2005, em todos os municípios pôde verificar-se aumentos e decréscimos rela-
tivamente pequenos, indicando resultados oscilantes.

Entretanto, neste período, os municípios que apresentaram aumentos no número de repro-


vações foram São Jose de Ubá, que cresceu de 105, em 1998, para 168, em 2005, Cambuci
que aumentou de 203 para 224, e Aperibé, de 58 para 86.

Nos demais municípios verificou-se decréscimo das taxas de reprovação, com destaque
mais expressivos para Itaperuna que reduziu de 2.133 para 900, em 2005, o que significa
uma redução de 57% no período, conforme verifica-se na Tabela a seguir.

Tabela 40 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Reprovações do Ensino Fundamental, 2005

Ensino Fundamental - Taxa de Reprovações - 2005


Taxa de
Municípios da Região Número de Número de
Repetência
Noroeste Fluminense Matrículas Repetência
(%)
Aperibé 1.361 86 6,3
Bom Jesus do Itabapoana 7.016 502 7,1
Cambuci 2.307 224 9,7
Italva 1.958 253 12,9
Itaocara 3.413 381 11,1
Itaperuna 14.299 900 6,3
Laje do Muriaé 1.526 116 7,6
Miracema 5.090 462 9,0
Natividade 2.380 206 8,6
Porciúncula 3.007 316 10,5
Santo Antônio de Pádua 6.135 503 8,1
São José de Ubá 1.253 168 13,4
Varre-Sai 1.810 263 14,5
Total da Região Noroeste 51.555 4.380 8,4
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ.

Apesar dos índices de rendimento escolar serem um pouco melhores na Região Noroeste,
não são satisfatórios.

No Ensino Médio, dos 17.212 adolescentes matriculados em toda a Região Noroeste, 6,2%
foram reprovadas, porcentagem um pouco inferior à taxa de reprovação do Ensino Funda-
mental, 8,4%. As taxas de repetência variaram entre 1,7% em São José de Ubá a 9,6%, em
Porciúncula, com o maior índice.

São José de Ubá, que havia apresentado a segunda maior taxa de reprovação no Ensino
Fundamental, apresentou por sua vez a menor taxa regional de reprovação no Ensino Mé-
dio, 1,7%. Cambuci vem em seguida, com a segunda menor taxa de reprovação, 3,1%,
enquanto para o Ensino Fundamental ocupava a terceira maior taxa de reprovação do No-
roeste.

94 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 41 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Reprovação no Ensino Médio, 2004

Ensino Médio - Taxa de Reprovação – 2004


Municípios da Região Número de Número de Taxa de
Noroeste Fluminense Matrículas Repetência Repetência (%)
Aperibé 501 37 7,3
Bom Jesus do Itabapoana 2.577 128 4,9
Cambuci 643 20 3,1
Italva 700 31 4,4
Itaocara 1.340 71 5,2
Itaperuna 4.655 357 6,6
Laje do Muriaé 471 27 5,7
Miracema 1.574 96 6,1
Natividade 1.016 60 5,9
Porciúncula 1.012 98 9,6
Santo Antônio de Pádua 2.051 128 6,2
São José de Ubá 231 4 1,7
Varre-Sai 441 24 5,4
Total da Região Noroeste 17.212 1.081 6,2
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE RJ, 2009.
Analfabetismo

No Estado do Rio de Janeiro o analfabetismo atingia a 12,7% da população de 7 a 14 anos


em 1991, caindo para 6,7%, em 2000. À medida que a idade se elevava, ocorria uma dimi-
nuição da porcentagem da população analfabeta, sendo que no primeiro ano analisado há-
via 4,3% da população de 15 a 17 anos analfabeta, caindo para 1,5% em 2000. Para a
epulação jovem de 18 a 24 anos, o analfabetismo reduziu-se em igual período, de 4,5%
para 2,2%.

Comparando-se os índices municipais com os alcançados pelo Estado, observa-se que in-
terregionalmente ocorrem grandes diferenças no nível educacional da população, indicando
diferentes graus de vulnerabilidade. Além disso, os indicadores revelam que, nas egiões,
as taxas de analfabetismo são, em sua maioria, mais elevadas que as estaduais, especial-
mente da população adulta.

Tabela 42 – Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo População Jovem, 1991, 2000

Taxa de Analfabetismo da População Jovem – 1991 e 2000


Municípios da Região Taxa de Analfabetismo
Faixa Etária (anos)
Norte Fluminense 1991 2000
7 a 14 20,7 9,1
Campos do Goytacazes 15 a 17 8,0 3,2
18 a 24 9,6 4,0
7 a 14 14,8 11,3
Carapebus 15 a 17 5,0 2,7
18 a 24 10,7 2,9
7 a 14 33,2 9,6
Cardoso Moreira 15 a 17 17,7 2,4
18 a 24 17,7 7,2

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 95


(continuação)
Municípios da Região Taxa de Analfabetismo
Faixa Etária (anos)
Norte Fluminense 1991 2000
7 a 14 17,6 6,1
Conceição de Macabu 15 a 17 7,3 1,1
18 a 24 7,6 7,5
7 a 14 12,6 6,6
Macaé 15 a 17 7,4 1,6
18 a 24 6,3 2,9
7 a 14 16,8 8,7
Quissamã 15 a 17 12,4 3,7
18 a 24 9,0 4,4
7 a 14 17,7 5,6
São Fidelis 15 a 17 9,1 3,3
18 a 24 11,3 4,6
7 a 14 32,2 13,1
São Francisco de Itabapoana 15 a 17 21,0 5,3
18 a 24 24,8 10,4
7 a 14 18,5 6,5
São João da Barra 15 a 17 6,1 4,3
18 a 24 10,1 4,5
7 a 14 12,7 6,7
Total do Estado do Rio de Janeiro 15 a 17 4,3 1,5
18 a 24 4,5 2,2
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

Os indicadores de analfabetismo da população adulta, de 25 anos para cima, vem diminuin-


do consideravelmente, mas ainda continuam em proporções alarmantes.

Como agravante, destaca-se que a partir desta idade se torna mais difícil o retorno das pes-
soas aos estudos, devido a uma série de questões: a participação no mercado de trabalho
de forma mais consolidada, as relações conjugais que se estabelecem e freqüentemente
“dificultam” a retomada dos estudos, principalmente para as mulheres, que se tornam mães
e assumem responsabilidades domésticas, o próprio desinteresse e conformismo referente
à situação educacional; o receio e a “vergonha” de voltar para a escola em idade mais avan-
çada, e ainda, a insuficiência de políticas públicas que sejam capazes de atender a toda a
demanda existente e reprimida, de forma acessível, motivadora e eficaz.

No Estado do Rio, em 1991, 10,9% da população adulta era analfabeta, enquanto em 2000
este valor havia abaixado para 7,6%. Os índices de analfabetismo do Noroeste, todavia, são
mais alarmantes. Itaperuna apresentou os menores índices, 21,8% em 1991 e 14,5% em
2000, seguido de Bom Jesus do Itabapoana, com 22,1% em 1991 e 16,1% em 2000.

Novamente, os municípios que ficaram em posições mais desprivilegiadas no Norte foram:


Cardoso Moreira com 41,7% de analfabetos em 1991 e 23,5% em 2000 e São Francisco de
Itabapoana, com 29,6% em 2000. São Fidélis também apresentou a taxa elevada de 27,5 %
em 1991 e 17,1% em 2000, assim como São João da Barra, 21,4% em 1991 e 16,1% de
analfabetos em 2000.

96 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 43 - Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo da Adulta,– 1991 e 2000
Taxa de Analfabetismo da População Adulta (25 anos ou mais) - 1991 e 2000
Municípios da Região Taxa de Analfabetismo
Norte Fluminense
1991 2000
Campos do Goytacazes 17,5 11,6
Carapebus
- 15,9
Cardoso Moreira 41,7 23,5
Conceição de Macabu 23,2 14,4
Macaé 15,0 9,0
Quissamã 26,8 19,9
São Fidelis 27,5 17,1
São Francisco de Itabapoana - 29,6
São João da Barra 21,4 16,1
Total do Estado do Rio de Janeiro 10,9 7,6
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

Em 2000, os maiores índices de analfabetismo para os jovens entre 18 a 24 anos no Norte


(quando o Ensino Fundamental já deveria estar concluído) foram em São Francisco de Ita-
bapoana, 24,8%, reduzindo-se em 2000 para 10,4%, Conceição de Macabu, 7,6% com re-
dução irrelevante de 0,1% em 2000 e Cardoso Moreira, que baixou seu valor de 17,7% para
7,2%. Houve uma considerável melhora nas taxas de analfabetismo da população jovem em
todos os municípios, neste período. Praticamente todas as taxas em 10%, à exceção do
grupo de 7 a 14 anos, de Carapebus e São Francisco de Itabapoana, que ficou um pouco
mais elevado.

Por sua vez, no Noroeste, os indicadores de 2000 revelam que as taxas de analfabetismo
da população de 7 e 14 anos foram inferiores às do Estado em alguns dos municípios, como
é o caso de Itaocara que possuía 3,1% de analfabetos entre a população desta faixa etária,
em Pádua, com índice de 4,7%, em Itaperuna e Natividade, com 6,3% cada e São José de
Ubá com 6,5%. Outros apresentaram taxas equivalentes às do Estado, como Aperibé, Cam-
buci e Italva, 6,7% de analfabetos.

As maiores taxas de analfabetismo desta faixa etária foram encontradas em Laje do Muriaé,
9,4%, Varre-Sai e Porciúncula, 9,2% cada e ainda em Miracema, com 7,3%.

Para a população de 15 a 17 anos, as taxas de analfabetismo também tiveram quedas im-


portantes de 1991 a 2000. Neste último ano, as taxas variaram entre 0,9% em Bom Jesus
de Itabapoana e Itaocara e 3,1 em Varre-Sai, que apresentando-se um pouco mais reduzi-
das do que no Norte Fluminense.

Tabela 44 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo População Jovem, 1991 e


2000

Nível Educacional da População Jovem - 1991 e 2000


Taxa de
Municípios da Região
Faixa Etária (anos) Analfabetismo
Noroeste Fluminense
1991 2000
7 a 14 9,5 6,7
Aperibé 15 a 17 4 1,3
18 a 24 6,3 2,5

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 97


(continuação)
Taxa de
Municípios da Região
Faixa Etária (anos) Analfabetismo
Noroeste Fluminense
1991 2000
7 a 14 15 8,3
Bom Jesus de Itabapoana 15 a 17 7,8 0,9
18 a 24 9,6 3,7
7 a 14 26,4 6,7
Cambuci 15 a 17 12,1 1,4
18 a 24 15,6 4,3
7 a 14 15,8 6,7
Italva 15 a 17 6 1,2
18 a 24 9,1 3,8
7 a 14 15,3 3,1
Itaocara 15 a 17 7,4 0,9
18 a 24 9,1 4,4
7 a 14 16,3 6,3
Itaperuna 15 a 17 7,6 1,7
18 a 24 8,3 3,5
7 a 14 22,1 9,4
Laje do Muriaé 15 a 17 10,9 2,1
18 a 24 12,7 3,5
7 a 14 19,1 7,3
Miracema 15 a 17 8,8 1,9
18 a 24 7,2 7,1
7 a 14 17,8 6,3
Natividade 15 a 17 5,5 1,9
18 a 24 7,3 3,7
7 a 14 19,9 9,2
Porciúncula 15 a 17 8,1 1,5
18 a 24 10 7,5
7 a 14 12,6 4,7
Santo Antonio de Pádua 15 a 17 5,2 1,7
18 a 24 6,8 3,6
7 a 14 25,7 6,5
São José de Ubá 15 a 17 8,7 2,5
18 a 24 18,3 5,7
7 a 14 29,4 9,2
Varre-Sai 15 a 17 19,3 3,1
18 a 24 15 6,6
7 a 14 NA NA
Total da Região Noroeste 15 a 17 NA NA
18 a 24 NA NA
7 a 14 12,7 6,7
Total do Estado do Rio de Janeiro 15 a 17 4,3 1,5
18 a 24 4,5 2,2
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

Em 2000, os maiores índices de analfabetismo para os jovens entre 18 a 24 anos (quando o


Ensino Fundamental já deveria estar concluído) do Noroeste foram verificados em Porciún-
cula, 7,5%, seguido de Miracema, com 7,1%. Já os menores percentuais de população anal-
fabeta nesta idade foram observados em Aperibé, 2,5%, Itaperuna e Laje do Muriaé, com
3,5% cada. Observa-se que todos estes valores foram maiores que os estaduais.

98 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Entretanto, como ressaltado, houve uma considerável melhora nas taxas de analfabetismo
da população jovem em todos os municípios, neste período, que ficaram abaixo de 10% no
Noroeste.

Seguindo a mesma lógica, os indicadores de analfabetismo da população adulta, de 25 anos


para cima, vem diminuindo consideravelmente. Novamente os municípios que aparecem em
posições mais desprivilegiadas são: Cambuci e Laje do Muriaé, com aproximadamente 31%
de analfabetos cada, em 1991, diminuindo para 21% e 22,4% em 2000, respectivamente.

Tabela 45 - Região Noroeste Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Adulta, 1991 e


2000
Taxa de Analfabetismo da População Adulta (25 anos ou mais) – 1991, 2000
Municípios da Região Taxa de Analfabetismo
Noroeste Fluminense 1991 2000
Aperibé - 17,2
Bom Jesus de Itabapoana 22,1 16,1
Cambuci 31,1 21
Italva 26,6 21,3
Itaocara 25,8 16,1
Itaperuna 21,8 14,5
Laje do Muriaé 31,8 22,4
Miracema 24,8 17,5
Natividade 25,4 17,4
Porciúncula 25,9 19,6
Santo Antônio de Pádua 23,3 17
São José de Ubá - 24,3
Varre-Sai - 24,3
Total do Estado do Rio de Janeiro 10,9 7,6
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

Nível Escolar da População Adulta

Em ambas as Regiões analisadas o nível de escolaridade da população jovem também ele-


vou-se nesta década. Entretanto, na leitura dos indicadores que revelam a porcentagem da
população com menos de 4 e 8 anos de estudo, constata-se que o nível de escolaridade da
população, tanto do Estado quanto do Norte e do Noroeste Fluminense estava bem abaixo
do desejado, em 2000.

Neste ano, considerando-se a população de 15-17 anos do Norte Fluminense, os indicado-


res de menos anos de estudo eram bem elevados, sendo que em São Francisco do Itaba-
poana, 80% da população possuía menos de 8 anos de estudo, seguido de 77% em São
João da Barra.

Os municípios que, por sua vez, apresentavam os melhores níveis de escolaridade nesta
faixa etária foram Macaé, com 53,6% com menos de 8 anos de estudo e 7,9% com menos
de 4 anos, seguido de Conceição de Macabu apresentando 58% com menos de 8 anos e
8,4% com menos de 4 anos escolares.

São Francisco de Itabapoana possuía também a maior porcentagem de população entre 18-
24 anos com menos de 8 anos de estudo, 70,7% e com menos de 4 anos de estudo, 32,1%.
No caso desta faixa etária, o segundo município que revelava a maior porcentagem era
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 99
Cardoso Moreira, sendo 63,3% da população com menos de 8 anos de estudo e 25% com
menos de 4 anos.

Para a população de 18-24 anos os maiores índices continuavam baixos em São Francisco
de Itabapoana 70,7% com menos de 8 anos de estudo e 32,1% possuía menos de 4 anos.
São João da Barra e Cardoso Moreira apareciam em seguida, revelando que, neste mesmo
ano, a população com menos de 8 anos de estudo era de aproximadamente 63%, enquanto
a população com menos de 4 anos de estudo correspondia a 19% em São João da Barra e
25% em Cardoso Moreira. Nos demais Municípios, a porcentagem da população desta faixa
etária com menos de 8 anos de estudo variava entre 43,5%, em Macaé e 54,5%, em Quis-
samã.

Com relação ao nível escolar da população adulta, Campos e Macaé apresentaram os me-
lhores valores mas, mesmo assim, longe do que poderia ser chamado de “ideal”. Em 2000,
Campos possuía 60,9% de seus habitantes com menos de 8 anos de estudo e Macaé pos-
suía 54,3%. A média de anos de estudo da população nestes municípios foi de 6,2 e 6,9.
São as maiores médias comparadas aos demais municípios do Norte, ainda inferiores às
observadas no Estado que possuía, em 2000, 50,8% da população com menos de 8 anos
de estudo, 21,1% com menos de 4 anos e uma média de 7,2 anos de estudo.

São Francisco de Itabapoana e Cardoso Moreira tiveram os índices mais elevados de popu-
lação com menos de 8 anos de estudo em 2000, 87,2% e 82,2% e também de população
com menos de 4 anos de estudo, 59%, e 51,7%, cada.

Tabela 46 - Região Norte Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 e 2000

Nível Educacional da População Adulta (25 anos ou mais)- 1991, 2000

% com menos de % com menos de Média de anos


Municípios da Região
4 anos de estudo 8 anos de estudo de estudo
Norte Fluminense
1991 2000 1991 2000 1991 2000
Campos do Goytacazes 38,2 29,5 68,8 60,9 5,3 6,2
Carapebus
- 39,1 - 74,5 - 4,8
Cardoso Moreira 63,9 51,7 88,9 82,2 2,8 3,9
Conceição de Macabu 46,5 33,5 75,6 64,6 4,5 5,7
Macaé 33,0 23,3 61,8 54,3 6,0 6,9
Quissamã 56,5 41,4 87,5 77,7 3,2 4,6
São Fidelis 55,5 41,2 79,5 71,2 3,8 5,0
São Francisco de Itabapoana - 59,0 - 87,2 - 3,3
São João da Barra 48,8 43,7 78,7 76,2 4,2 4,6
Total da Região Norte
NA NA NA NA 3,3 5,0
Total do Estado do Rio de Janeiro 26,3 21,1 57,5 50,8 6,5 7,2
= sem informação
NA = Não se aplica
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003
Já no Noroeste, em 2000, considerando-se a população de 15-17 anos, os piores indicado-
res foram os de Varre-Sai, que apresentava a maior porcentagem de pessoas com menos
de 8 anos de estudo, 73,8%, caindo para 15,9% os que possuíam menos de 4 anos. São
José de Ubá apareceu em seguida, com 69,7% com menos de 8 anos de estudo e 15,6%
com menos de 4 anos.

100 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Os municípios com os melhores níveis de escolaridade nesta faixa etária foram Pádua e
Natividade, ambos com 53% de seus habitantes com menos de 8 anos de estudo, apresen-
tando 10,9% e 7,3% destes com menos de 4 anos de estudo, respectivamente.

No que se refere à população de 18-24 anos, os piores indicadores também foram os de


Varre-Sai, com a maior porcentagem de jovens com menos de 8 anos de estudo, 66,5%,
caindo para 15,9% os que possuíam menos de 4 anos. São José de Ubá apareceu em se-
guida, com 69,7% de seus jovens com menos de 8 anos de estudo e 15,6% com menos de
4 anos.

Com relação ao nível escolar da população adulta, Miracema teve os melhores índices, com
58,1% de pessoas adultas com menos de 8 anos de estudo e 30,2% com menos de 4 anos.
A média de anos de estudo também foi a mais elevada nesta localidade, correspondendo a
6,2 anos. Mesmo apresentando os melhores índices de desempenho regional, o nível edu-
cacional foi inferior ao observado no Estado que possuía, em 2000, 50,8% da população
com menos de 8 anos de estudo, 21,1% com menos de 4 anos e uma média de 7,2 anos de
escolaridade.

São José de Ubá, Italva e Varre-Sai apresentaram os índices mais elevados de população
adulta com menos de 8 e 4 anos de estudo em 2000, todos com mais de 70%. As médias de
anos estudados nestas cidades foram, consequentemente as piores, regionalmente, varian-
do de 3,8, em São José de Ubá a 4,5 em Italva.

Tabela 47 - Região Noroeste Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 e 2000

Nível Educacional da População Adulta (25 anos ou mais) - 1991, 2000

% com menos de % com menos de Média de anos


Municípios da Região
4 anos de estudo 8 anos de estudo de estudo
Noroeste Fluminense
1991 2000 1991 2000 1991 2000
Aperibé - 37,4 - 69,8 - 5,2
Bom Jesus de Itabapoana 41,9 34,5 71,8 62,8 4,8 5,7
Cambuci 54,9 41,5 78,7 70,6 3,9 4,9
Italva 52,2 44,9 84 76,5 3,6 4,5
Itaocara 49,2 36,7 74,2 67,3 4,5 5,4
Itaperuna 43 32,7 72 65,1 4,8 5,8
Laje do Muriaé 53,1 41,2 80,2 72,9 3,9 4,8
Miracema 41,8 30,2 65,8 58,1 5,1 6,2
Natividade 49,8 32,7 77,1 65,2 4,3 5,6
Porciúncula 45,9 39,4 78,6 73,4 4,3 4,8
Santo Antônio de Pádua 49,4 37,9 77,1 70,5 4,3 5,2
São José de Ubá - 49,6 - 83,9 - 3,8
Varre-Sai - 44 - 79,4 - 4,3
Total da Região Noroeste NA NA NA NA 3,3 5,1
Total do Estado do Rio de Janeiro 26,3 21,1 57,5 50,8 6,5 7,2
= sem informação
NA = Não se aplica
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

A partir dos resultados apresentados, constata-se que o nível de escolaridade da população


estadual e da Região Norte e Noroeste estavam muito aquém do esperado, em 2000, à ex-

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 101


ceção do Ensino Infantil, sendo que quase a metade da população de 18 a 24 anos e prati-
camente mais da metade da população adulta não haviam completado o Ensino Fundamen-
tal, o que mostra um panorama educacional preocupante, ainda que não distinto dos indica-
dores nacionais.

Este cenário indica que grande parcela da população abandona os estudos muito antes de
sua conclusão e quanto mais “idosa” se torna, maiores são as taxas de analfabetismo e a
baixa escolaridade.

Como discutido anteriormente, o hiato educacional constitui o maior entrave para o desen-
volvimento socioeconômico regional, do ponto de vista de seus habitantes As demandas do
mercado, principalmente o mercado de territórios, que privilegia indústrias de alta tecnologia,
exige competências e habilidades específicas, cuja base educacional é essencial e sem a
qual se torna inviável sua continuidade.

Mesmo para funções de trabalho menos sofisticadas, cada vez mais se faz necessário ca-
pacidades elaboradas de articulação, postura, manuseio de maquinários, tecnologias de
informação, dentre outras. A concorrência aumenta continuamente e as oportunidades privi-
legiam aqueles mais capacitados e com condições mais criativas, dinâmicas e multifuncio-
nais.

Nesta perspectiva, a deficiência verificada no nível de escolaridade da população, agravada


pelo analfabetismo funcional, se reflete em sérios problemas enfrentados nas Regiões, co-
mo a escassez de mão de obra qualificada, que contribui para a proliferação das desigual-
dades socioeconômicas.

3.8 Saúde

Na área da Saúde, recentemente, o Ministério e as Secretarias Estaduais e Municipais de


Saúde desencadearam diversas atividades de planejamento e adequação de seus modelos
assistenciais e de gestão, ponderando avanços e desafios que as novas diretrizes organiza-
cionais trouxeram à sua realidade.

Dentre as mudanças propostas está a criação dos Territórios da Saúde, dividido em 10 regi-
ões, que não necessariamente coincidem com a divisão administrativa do Estado. A diferen-
ça encontrada no Norte e Noroeste Fluminense é que o município de Cardoso Moreira, ao
invés de ser integrante da Norte faz parte da região Noroeste, para o Sistema de Saúde.

Para o presente trabalho, na área da Saúde foram consultados os dados estatísticos do


DATASUS/2009 e do Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio, realizado pela
Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, SESDEC, em maio de 2009, além de consul-
tas aos sites municipais e alguns outros documentos citados durante o texto.

O Caderno de Informações em Saúde foi elaborado a partir de Oficinas Regionais, com uma
ampla equipe de técnicos, gestores e representantes dos Conselhos de Saúde de todos os
92 municípios do Rio, resultando em um panorama amplo e ao mesmo tempo detalhado da
situação. As análises foram realizadas por Região de Saúde e fundamentaram o processo
de revisão do Plano Diretor de Regionalização, PDR, após a implantação do Pacto pela Sa-
úde, auxiliando também na atualização da Programação Pactuada Integrada, PPI, de assis-
tência à Saúde.

Posteriormente, o “Caderno” foi distribuído nas Oficinas Regionais para orientar o processo
de monitoramento e qualificação da saúde pública e fomentar o planejamento regional. Para
tal, foram utilizados diversos indicadores diretamente vinculados à Atenção Básica de Saú-
102 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
de, incluindo a contagem da demanda por “Internações por condições sensíveis à Atenção
Básica”, ISAB, juntamente com as análises da oferta de serviços em Média e Alta Complexi-
dade, fluxos migratórios na Saúde e outros.

Após a problematização da situação de saúde em cada Região foram identificadas necessi-


dades e ações comuns que devem ser implantadas para alcançar-se uma melhor resolutivi-
dade do sistema.

Durante todo o processo, foi comum aos gestores que a Atenção Básica é uma responsabi-
lidade da Gestão Municipal e deve ser a principal porta de entrada do SUS, enquanto o Es-
tado deve formular políticas e regular o sistema, viabilizando ações que garantam a integra-
lidade da atenção e oferecendo apoio técnico para fortalecer as ações básicas. (Caderno de
Informações em Saúde, 2009, p.7).

Assim, o Estado do Rio definiu para cada Região de Saúde: que cuide de suas ações de
Atenção básica e ações básicas de Vigilância Sanitária, que cada Região deve oferecer su-
ficiência em ações de Média Complexidade e algumas de Alta Complexidade (de acordo
com critérios de oferta e acessibilidade) e que arranjos inter-regionais devem garantir as
demais ações de Alta Complexidade que, se não forem resolvidas nos próprios municípios,
deverão fazer parte de propostas futuras.

A Saúde apresenta avanços e lacunas no Norte e Noroeste Fluminense nos últimos anos,
sendo utilizados como aspectos relevantes para a análise os seguintes dados: os indicado-
res do Programa de Saúde da Família, o número de leitos existentes por habitantes e as
taxas de mortalidade infantil e adulto, pois são dados que também se interligam com muitos
outros, refletindo a qualidade dos Sistemas de Saúde regionais .

Programa Saúde da Família

No Norte Fluminense foram muito baixos os índices de cobertura do PSF, em 2000, apre-
sentando melhoras significativas, em 2008, No Mapa abaixo observa-se que ficaram com
cobertura igual ou próxima de 25% as populações de São Fidelis, São Francisco de Itaba-
poana e Carapebus. São João da Barra ocupou uma posição intermediária, oferecendo co-
bertura a até 50% de sua população. Campos dos Goytacazes melhorou expressivamente a
oferta deste serviço desde 2000, passando a ocupar, juntamente com Quissamã, as posi-
ções de maior cobertura do PSF na Região, variando entre 75 e 100% de população atendi-
da.

Ressalta-se que a Região Noroeste concentrou o maior número de municípios com as maio-
res coberturas do PSF, indicando uma vantagem no que se refere à saúde preventiva em
relação à Região Norte, pois este é o cunho do Programa, favorecer para as famílias ações
preventivas, evitar enfermidades e/ou suas pioras.

Itaocara apresentou a menor cobertura regional, de 25 a 50%, seguido por Laje do Muriaé,
São José de Ubá, Italva e Cardoso Moreira, com cobertura de 50 a 75%. O restante dos
municípios oferecem o PSF para mais de 75% da população, o que reflete uma situação
positiva.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 103


Mapa 11 - Região Norte e Noroeste Fluminense, Cobertura do Programa Saúde da Família,
2008

Fonte: Caderno de Informações em Saúde, 2009.

Número de Leitos

O número de leitos das Regiões variou bastante nos âmbitos municipais. Segundo a Tabela
seguinte, São Fidelis apresentou, em 2000, mais leitos/ 1.000 hab., 5,5, sendo 4,6 destes do
SUS, seguido por Campos, 4,3 leitos/1.000 hab., com 3,3 destes sendo do SUS. Conceição
do Macabú e Macaé oferecem 3,5 leitos/1.000 hab. cada, sendo que no primeiro 3,5 são do
SUS e no segundo estes número do SUS cai para 2,0, revelando que em Macaé quase a
metade é privado.
No Norte, os municípios com menos oferta de leitos/1.000 hab. em 2000 foram São João da
Bar, com 2,2 (sendo 1,7 do SUS) e São Francisco do Itabapoana com 0,9 leitos/1.000 hab.
(todos do SUS).
Mais recentemente, no Estado, em dezembro de 2008 havia um total de 24.341 leitos gerais
destinados ao SUS (excluídos leitos psiquiátricos, leitos de crônicos e hospital-dia), numa
razão 1,5 leitos/ 1000 hab. A distribuição de leitos, todavia, foi muito desproporcional entre
as regiões, sendo que a Noroeste apresentou o maior número de leitos, de 7,8/ 1.000 habi-
tantes.

Comparando-se com esta referência em 2000, na Região Norte apenas São Francisco do
Itabapoana apresentou o número de leitos abaixo da média de estadual 1,5 leitos/1.000 hab.
e a maioria de seus municípios possuía este indicador bem acima da média.

104 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Entretanto, os parâmetros mais atuais da Portaria GM/MS n° 1.101/2002, consideram que
os valores satisfatórios devem ser de 2,5 a 3 leitos/1.000 hab. Com base nesta referência,
em 2002, a Região apresentou um quantitativo de leitos gerais SUS (excluídos leitos de Psi-
quiatria, crônicos e hospital-dia) de 1.732, 2,2 leitos/1.000 hab., valor este inferior aos parâ-
metros, que representaria entre 1.972 a 2.336 leitos para o Norte. (Caderno da Saúde,
2009). Nesta perspectiva, apenas 3 municípios atingiram o parâmetro, São Fidélis, 4,2 lei-
tos, Conceição do Macabu, 3,5 leitos e Quissamã, 2,5 leitos/1.000 hab.

Tabela 48 - Região Norte Fluminense, Leitos de Internação por 1000 habitantes, Janeiro 2000
Leitos de Internação/1.000 hab.
Municípios da Região
Leitos Existentes / 1.000 hab. Leitos do SUS / 1.000 hab.
Norte Fluminense
Campos dos Goytacazes 4,3 3,3
Carapebus - -
Cardoso Moreira - -
Conceição de Macabu 3,5 3,5
Macaé 3,5 2,0
Quissamã (0,2) 3,0
São Fidélis 5,5 4,6
São Francisco de Itabapoana 0,9 0,9
São João da Barra 2,2 1,7
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009
Já na Região Noroeste, apenas Miracema não alcançou a meta - não possui unidade hospi-
talar. A distribuição de leitos foi, também, muito desproporcional à Norte, apresentando o
maior número de leitos, 7,8/ 1.000 habitantes, valor este elevado por Bom Jesus de Itaba-
poana.

Todos os municípios estavam bem acima da média, de 1,5 leitos/1000 hab., dado bastante
positivo. Mais ainda, no geral, em 2002, a Região apresentou um quantitativo de leitos ge-
rais SUS - excluídos leitos de psiquiatria, crônicos e hospital-dia - de 1.353 leitos, 4,1 lei-
tos/1.000 hab., valor superior ao parâmetro, de 2,5 a 3 leitos/1.000 hab. de acordo o Cader-
no de Informações em Saúde (2009).

Tabela 49 – Região Noroeste Fluminense, Leitos Internação por 1000 habitantes, Janeiro 2000
Leitos de Internação/1.000 hab.
Municípios da Região
Leitos Existentes / 1.000 hab. Leitos do SUS / 1.000 hab.
Noroeste Fluminense
Aperibé 3,7 3,7
Bom Jesus do Itabapoana 18,1 15,0
Cambuci 5,6 5,6
Italva 10,2 10,2
Itaocara 5,2 4,4
Itaperuna 8,3 5,2
Laje do Muriaé 6,3 6,3
Miracema 2,6 1,6
Natividade 3,2 2,8
Porciúncula 3,3 2,9
Santo Antônio de Pádua 8,3 7,9
São José de Ubá - -
Varre-Sai 4,2 4,2
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 105


Mortalidade Adulto e Infantil
As taxas de mortalidade adulto e infantil representam outros indicadores importantes para
avaliar-se a saúde de uma população. Podem contribuir também para a avaliação da dispo-
nibilidade e acesso aos serviços e recursos relacionados à Saúde.
No caso da mortalidade infantil auxiliam a avaliar a atenção ao pré-natal e ao parto, a vaci-
nação contra doenças infecciosas infantis, a disponibilidade de saneamento básico, entre
outros. (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – Brasil, 2008, p. 256).
Por estar estreitamente relacionada ao rendimento familiar, ao nível da fecundidade, à edu-
cação das mães, à nutrição e ao acesso aos serviços de saneamento, a redução da mortali-
dade infantil é um dos objetivos do desenvolvimento sustentável.
As taxas de mortalidade infantil foram classificadas de: altas, aquelas de 50 óbitos/ mil nas-
cidos vivos ou mais; médias aquelas de 20-49/mil e baixas as que consideram os óbitos
menores que 20/mil nascidos vivos, pela Organização Mundial da Saúde – OMS5.
O Brasil vem experimentando um declínio acelerado nas taxas de mortalidade infantil, pas-
sando de 47,0% para 25,8%, entre 1990 e 2005, correspondendo a uma queda de 45%, que
ocorreu sobretudo devido à melhoria das condições de vida da população, como melhor
nível educacional, ampliação da vacinação contra doenças infecciosas infantis e o incentivo
ao aleitamento materno, reduzindo os óbitos de menores de 1 de idade. (Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável - Brasil 2008, p. 256, 257).
Conforme a Tabela seguinte, observando-se os anos de 2000 a 2006 – nos quais aconteceu
aumento de população na maioria dos municípios - houve um pequeno aumento no número
de óbitos/1.000 hab., em Campos, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu e São João da
Barra.
Macaé, São Fidélis e São Francisco do Itabapoana mantiveram seus valores praticamente
estáveis, enquanto apresentaram decréscimo no número de óbitos Carapebus e Quissamã.
Assim, apesar das mudanças populacionais não se verificaram grandes variações deste
indicador no período, observando-se que o número de óbitos/1.000 hab. ficou entre 5 a
8/1.000 hab. na maioria nos municípios. Cardoso Moreira foi o que apresentou maior au-
mento do indicador, sendo que em 2006 seu valor foi o mais elevado, 10,6 óbitos/1.000
hab., quase o dobro do menor valor de Macaé, 5,7 óbitos/1.000 hab.
Neste âmbito, em 2006 o percentual de óbitos infantis no total de óbitos decresceu significa-
tivamente em Campos, chegando a 4,2% do total, seguido por São João da Barra, 3,5%,
Carapebus, 3,1%, Macaé e São Francisco de Itabapoana, ambos com taxa de 2,8%, e pró-
ximo à Conceição do Macabu, 2,7% e São Fidélis, 2,4%. Destaque para Quissamã, que
apresentou a menor taxa de mortalidade infantil do Estado, 1,8% do total de óbitos. Ao con-
trário, Cardoso Moreira apresentou em 2006 a taxa de óbito infantil de 5,5%, a maior da Re-
gião.
Ressalta-se ainda que neste período, quase todos os municípios apresentaram decréscimo
na taxa, a exceção de Cardoso Moreira, que praticamente quintuplicou seu valor, o que de-
manda uma investigação sobre as causas de tamanha piora.
A partir de um outro cálculo, que considera a taxa de mortalidade infantil por 1.000 nascidos
vivos, em 2008 os índices se apresentaram extremamente elevados em Cardoso Moreira,
38%, seguido de Campos, 19,6, a metade do seu percentual. Os menores valores foram os
de Macaé, 8,3% e Quissamã, 6,7%. O restante dos municípios apresentaram variações en-
tre 18%, em São Fidélis e São João da Barra e 11,5%, em São Francisco do Itabapoana.

5
A Assembléia Geral das Nações Unidas estabeleceu as Metas do Milênio para implementar a Declaração do
Milênio, adotada por unanimidade pelos países-membros da ONU, em 2000. Para a mortalidade infantil, os paí-
ses se comprometeram a reduzir suas taxas em 2/3 até 2015, adotando 1990 como ano de referência. (Indicado-
res de Desenvolvimento Sustentável – Brasil, 2008, p. 256, 257).
106 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 50 - Região Norte Fluminense, Outros Indicadores de Mortalidade, 2000 a 2006
Outros Indicadores de Mortalidade
Municípios da Região
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Norte Fluminense
Nº de óbitos por 1.000
7,6 7,5 7,7 7,9 8,0 7,7 8,1
Campos habitantes
dos % de óbitos infantis no
7,3 6,6 6,2 5,2 5,4 4,4 4,2
Goytaca- total de óbitos *
zes Mortalidade infantil por
27,9 26,0 25,4 22,4 23,9 19,0 19,6
1.000 nascidos-vivos **
Nº de óbitos por 1.000
8,5 8,8 6,4 6,1 5,3 3,7 6,2
habitantes
% de óbitos infantis no
Carapebus 8,1 2,6 5,2 6,9 - 2,6 3,1
total de óbitos *
Mortalidade infantil por
44,1 15,9 27,8 29,9 - 8,7 13,2
1.000 nascidos-vivos **
Nº de óbitos por 1.000
8,4 7,1 7,7 8,9 7,3 8,8 10,2
habitantes
Cardoso % de óbitos infantis no
0,9 2,2 6,3 0,9 5,5 2,7 5,5
Moreira total de óbitos *
Mortalidade infantil por
5,3 11,2 33,7 6,2 30,7 18,1 38,0
1.000 nascidos-vivos **
Nº de óbitos por 1.000
6,3 6,6 7,6 6,1 6,9 7,5 7,5
habitantes
Conceição % de óbitos infantis no
6,7 11,3 7,6 2,6 1,5 2,7 2,7
de Macabu total de óbitos *
Mortalidade infantil por
21,7 42,4 35,9 10,0 6,4 13,8 13,4
1.000 nascidos-vivos **
Nº de óbitos por 1.000
5,2 6,1 5,9 5,8 6,4 5,8 5,7
habitantes
% de óbitos infantis no
Macaé 5,5 5,9 3,6 3,9 3,6 5,4 2,8
total de óbitos *
Mortalidade infantil por
14,4 18,7 12,1 11,9 11,4 15,4 8,3
1.000 nascidos-vivos **
Nº de óbitos por 1.000
7,6 5,3 5,9 6,8 5,3 6,4 7,0
habitantes
% de óbitos infantis no
Quissamã 7,7 5,3 1,2 4,0 6,3 3,0 1,8
total de óbitos *
Mortalidade infantil por
30,9 13,1 3,6 14,1 17,2 9,0 6,7
1.000 nascidos-vivos **
Nº de óbitos por 1.000
8,4 6,9 7,4 7,6 6,8 8,3 8,6
habitantes
% de óbitos infantis no
São Fidélis 2,6 1,9 3,3 5,6 2,3 1,9 2,4
total de óbitos *
Mortalidade infantil por
14,4 10,5 17,5 34,0 11,8 13,9 17,9
1.000 nascidos-vivos **
Nº de óbitos por 1.000
5,6 5,8 6,4 5,3 4,8 5,9 5,4
São habitantes
Francisco % de óbitos infantis no
7,4 5,7 6,6 3,9 1,9 6,3 2,8
de total de óbitos *
Itabapoana Mortalidade infantil por
26,4 20,3 27,4 13,7 6,4 26,4 11,5
1.000 nascidos-vivos **
Nº de óbitos por 1.000
6,2 6,1 7,9 6,8 6,9 6,3 6,9
habitantes
São João % de óbitos infantis no
5,8 3,6 4,1 5,3 1,5 5,0 3,5
da Barra total de óbitos *
Mortalidade infantil por
19,1 12,7 20,2 22,5 7,0 18,1 17,7
1.000 nascidos-vivos **
* Coeficiente de mortalidade infantil proporcional
**considerando apenas os óbitos e nascimentos coletados pelo SIM/SINASC
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 107


As doenças cardiovasculares foram a principal causa de óbito na Região, com valores bem
maiores do que os outros grupos de causas, seguido pelo câncer. Ressalta-se também que
em alguns municípios os homicídios e/ou acidentes de trânsito são a terceira maior causa
de mortalidade da população e não as enfermidades.

A taxa de mortalidade por homicídio/100.000 hab. foi extremamente maior em Macaé, 68,4,
seguido por Carapebus, 48, Campos e Conceição de Macabu, ambos com 40. Destacaram-
se São Fidélis e São João da Barra com as menores taxas, de 5,2 e 7, respectivamente.
Com relação aos óbitos por acidentes de transporte/100.000 habitantes os índices mais ele-
vados ocorreram em Cardoso Moreira, 64,3, seguido por Quissamã, 49,9. As menores taxas
foram de São João da Barra e Macaé, ambas próximas de 21.

Considerando os dados do Noroeste Fluminense, observa-se os anos de 2000 e 2006 hou-


ve um pequeno aumento do número de óbitos/1.000 hab. em Cambuci, Italva, Natividade.
Itaocara, Itaperuna, Laje do Muriaé, Porciúncula mantiveram seus valores praticamente es-
táveis.

Neste mesmo período, apresentaram decréscimo no número de óbitos Aperibé, Bom Jesus
do Itabapoana, Miracema, Pádua, São José de Ubá e Varre-Sai.

Assim, apesar do aumento populacional não se verificam grandes variações deste indicador
no período, para os municípios do Noroeste Fluminense, observando-se que em 2006 o
número de óbitos/1.000 hab. ficou entre 6 a 9/1.000 hab., com destaque para o menor valor
em São José de Ubá, 4,5 e o maior valor de Italva, 9,3 óbitos/1.000 habitantes.

Destes valores, em 2006 o percentual de óbitos infantis no total foi maior em São José de
Ubá, 4,5% seguido por Itaperuna, 4,4% do total, Varre-Sai, 3,9% e Natividade, 3,5%, repre-
sentando os valores mais elevados da Região. Para os outros municípios os percentuais
foram mais baixos, entre 2 e 3%. Destaque para Porciúncula, com o percentual de óbitos
infantis no total de 1,4% e Itaocara, 1,5%, que apresentaram taxas de mortalidade infantil
pequenas e avaliadas pela OMS como baixas.

Observa-se ainda que, entre 2000-2006, quase todos os municípios apresentaram decrés-
cimo na taxa, especialmente Varre-Sai, com queda de 13,8% para 3,9% e Natividade, que
apresentou queda de 9,3% de óbitos infantis do total para 3,5% em 2006. O único aumento
expressivo ocorreu em São José de Ubá, de 2,4% para 10%, praticamente quintuplicando
seu valor, o que demanda uma investigação sobre as causas de tamanha piora.

Algumas variações nestes resultados foram constatados a partir do cálculo da taxa de mor-
talidade infantil por 1.000 nascidos vivos. Esta se apresentou elevada em São José de Ubá,
31,6%, seguido por Itaperuna, 25,2% e Natividade, 18,8%. Existe um grupo de municípios
com taxas entre 9 a 17%, com os menores valores apresentados por Porciúncula, 9,0%,
Aperibé, 9,4% e Varre-Sai, 9,5%.

Tabela 51 - Região Noroeste Fluminense, Outros Indicadores de Mortalidade, 2000 a 2006


Outros Indicadores de Mortalidade
Municípios da Região
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Noroeste Fluminense
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 6,6 8,3 7,9 5,9 6,7 7,8 5,9
% de óbitos infantis no total
Aperibé
de óbitos * 3,8 1,5 1,5 2,0 3,4 - 1,8
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 19,6 8,1 8,5 8,0 20,0 - 9,4

108 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Municípios da Região
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Noroeste Fluminense
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 9,0 7,8 7,3 7,4 8,8 8,2 8,0
Bom Jesus
% de óbitos infantis no total
do
de óbitos * 3,6 3,4 5,2 4,7 2,6 3,4 2,4
Itabapoana
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 18,0 16,5 24,3 21,7 15,1 17,1 13,6
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,6 8,2 9,8 7,5 7,2 8,7 8,1
% de óbitos infantis no total
Cambuci
de óbitos * 1,8 4,2 0,7 4,6 1,0 5,6 2,6
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 9,5 25,0 6,3 25,0 5,6 37,6 16,7
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 8,2 9,0 7,5 7,7 10,2 9,3 9,3
% de óbitos infantis no total
Italva
de óbitos * 3,8 5,3 2,1 1,0 0,8 2,6 1,7
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 19,8 28,0 11,8 5,6 5,2 17,5 11,6
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 8,8 8,0 6,6 9,0 8,6 8,7 8,5
% de óbitos infantis no total
Itaocara
de óbitos * 1,5 1,6 2,0 1,9 2,0 2,5 1,5
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 9,4 8,6 9,8 14,5 12,3 18,0 10,0
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,4 7,6 7,2 7,4 8,2 7,3 7,3
% de óbitos infantis no total
Itaperuna
de óbitos * 5,0 3,3 3,1 3,9 3,4 2,8 4,4
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 21,6 16,1 15,0 20,0 19,9 15,1 25,2
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,0 9,0 6,4 8,1 7,5 7,2 7,0
Laje do % de óbitos infantis no total
Muriaé de óbitos * 5,5 2,8 2,0 4,6 - 3,4 3,4
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 20,3 13,2 8,3 25,2 - 15,6 17,1
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,8 8,0 8,0 7,8 6,6 7,9 6,9
% de óbitos infantis no total
Miracema
de óbitos * 2,8 5,0 3,2 5,1 2,2 3,6 2,5
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 12,0 23,5 15,4 25,5 9,0 18,6 11,9
Nº de óbitos por 1.000
habitantes 7,1 6,9 7,0 8,2 8,5 9,3 7,4
% de óbitos infantis no total
Natividade
de óbitos * 9,3 7,6 4,7 2,4 3,1 1,4 3,5
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 43,1 31,1 21,1 13,7 17,8 9,6 18,8
Nº de óbitos por 1.000 habi-
tantes 8,5 8,1 6,5 7,5 7,5 8,1 8,2
% de óbitos infantis no total
Porciúncula
de óbitos * 3,7 5,4 7,6 3,3 2,4 2,9 1,4
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 19,2 28,0 31,0 16,7 12,7 16,0 9,0
Nº de óbitos por 1.000 habi-
tantes 7,5 7,7 7,1 7,7 8,2 6,4 7,0
Santo
Antônio de % de óbitos infantis no total
de óbitos * 3,5 4,3 3,9 4,2 2,4 2,6 2,0
Pádua
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos ** 15,3 22,0 18,9 25,0 13,4 12,8 12,0

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 109


(continuação)
Municípios da Região
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Noroeste Fluminense
Nº de óbitos por 1.000
habitantes
6,5 3,9 6,1 8,1 4,9 6,4 4,5
São José % de óbitos infantis no total
2,4 4,0 5,0 1,9 3,1 - 10,0
de Ubá de óbitos *
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos **
9,3 11,4 20,6 12,5 11,5 - 31,6
Nº de óbitos por 1.000
habitantes
8,3 4,5 6,2 5,8 7,0 5,7 6,1
% de óbitos infantis no total
Varre-Sai 13,8 11,1 8,0 12,8 - 8,5 3,9
de óbitos *
Mortalidade infantil por 1.000
nascidos-vivos **
42,3 22,6 19,8 26,9 - 17,2 9,5
* Coeficiente de mortalidade infantil proporcional
**considerando apenas os óbitos e nascimentos coletados pelo SIM/SINASC
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.
As doenças cardiovasculares também foram, assim como no Norte, a principal causa de
óbito na Região, com valores bem maiores do que os outros grupos de causas, seguido pelo
câncer. Ressalta-se também que na maioria dos municípios a diabetes foi a terceira causa
de óbitos/100.000 hab. e as taxas de homicídios não são altas, na maioria dos casos estan-
do próximas do percentual de mortalidade por acidentes de transporte.

Assim, a partir destes indicadores pode-se inferir que a área da saúde não apresentou ques-
tões tão graves como outras e tem melhorado seus dados ao longo dos anos.

Na Atenção Básica a cobertura de PSF teve grande aumento e tem atendido à boa parcela
dos habitantes. O número de leitos também foi suficiente na maioria dos municípios, salvo
algumas exceções e os indicadores de mortalidade não aumentaram proporcionalmente aos
aumentos populacionais, pelo contrário, diminuíram em algumas localidades.

Destaca-se que no Norte houve alguns municípios onde os homicídios e/ou os acidentes de
transporte ficaram entre as causas de óbito mais freqüentes.

Referente à mortalidade infantil/1.000 nascidos vivos, ela apresentou taxas baixas de acordo
com os parâmetros da OMS, para ambas as Regiões, com poucos municípios possuindo
taxas médias.

Nota-se ainda que, no geral, os dados de saúde do Noroeste são significativamente melho-
res do que os da Norte e que falta à esta análise uma avaliação qualitativa dos serviços de
saúde ofertados e ainda de suas questões cotidianas - positivas e negativas - vivenciadas
em ambas as Regiões.

3.9 Vulnerabilidade Familiar

Complementando a avaliação dos “Espaços de Necessidades” regionais, os indicadores de


vulnerabilidade familiar integram o panorama das demandas atendidas e não atendidas e
dos problemas enfrentados nas Regiões pesquisadas.
São apresentadas neste tema o percentual de mulheres que são chefes de família e possu-
em filhos menores de 15 anos, o percentual de razão de dependência maior que 75%, cri-
anças que trabalham e aqueles que estão fora da escola, entre outros indicadores que refle-
tem seqüelas sociais graves.
Observa-se que no Norte o percentual de mulheres chefes de família e com filhos menores
de 15 anos variou entre 3,98% em Quissamã e 8,05% em Campos em 1991, enquanto este
110 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
percentual abaixou em todos os municípios em 2000, variando de 3,75%, em São Francisco
de Itabapoana a 5,45%, em Conceição de Macabu, aproximando-se os valores regionais
deste indicador.
Quanto ao percentual de pessoas que vivem em famílias com razão de dependência maior
que 75%, este valor também enfrentou queda na maioria dos municípios, à exceção de
Conceição de Macabú, que manteve o percentual de 41%. O percentual de crianças de 10 a
14 anos que trabalhavam teve uma queda mais expressiva nos municípios, variando de
1,7% em Quissamã a 5,78% em São João da Barra, destacando que houve um pequeno
aumento neste indicador em Carapebus, onde o trabalho de crianças aumentou para 3,97%.
Nesta mesma faixa etária, em 2000 o percentual de crianças fora da escola foi bem elevado
em São João da Barra, 10,94% e em São Francisco de Itabapoana, 8,24%, sendo menor
em Quissamã, 2,41% e em Macaé, 2,8%.
Na Região, enquanto o percentual de crianças do sexo feminino entre 10 apenas em São
João da Barra, 2,26%, o percentual de adolescentes de 15 a 17 anos com filhos era bastan-
te elevado na maioria, ficando entre 5% em Cardoso Moreira e 12,41% em Quissamã. Res-
salta-se que houve aumento expressivo deste índice em todos os municípios, menos em
Cardoso Moreira, apontando para provável ineficiência dos programas de controle de natali-
dade direcionados para esta faixa etária, e mesmo de outras ações como esportes e lazer,
que ajudam a prevenir este tipo de problema.
Já o percentual de crianças em domicílios com renda per capita menor que R$ 37,75, em
2000, foi muito elevado em todos as localidades, apesar de haver diminuído consideravel-
mente entre 1991-2000. Destaca-se o menor valor de Macaé, 7,72%, seguido por 13,46% -
quase o dobro – de Carapebus. No outro extremo, o pior valor foi contabilizado em São
Francisco de Itabapoana, 31,53%, significando que grande parcela das crianças neste mu-
nicípios viviam em domicílios que se encontravam em situação de extrema vulnerabilidade,
em ambientes de indigência.
Tabela 52 - Região Norte Fluminense, Indicadores de Vulnerabilidade Familiar, 1991 e 2000
Indicadores de Vulnerabilidade Familiar - 1991 – 2000
Percentual
Percentual Percentual
de Percentual Percentual
Mulheres Percentual de
Pessoas que Percentual de Crianças de Adoles-
Municípios Chefes de de Crianças em
Vivem em de Crianças do Sexo centes do
da Região Família sem Crianças de Domicílios
Famílias com de 10 a 14 Feminino Sexo Femi-
Norte Cônjuge e 10 a 14 Anos com Renda
Razão de Anos que entre 10 e nino Entre 15
Fluminen- com Filhos Fora da per Capita
Dependência Trabalham 14 anos e 17 anos
se Menores de Escola Menor que
Maior que com Filhos com Filhos
15 anos R$37,75
75%
1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000
Campos
dos 8.05 5.26 42.65 36.73 6.5 2.62 17.26 5.21 ND 0.15 4.36 7.93 27.83 17.68
Goytacazes
Carapebus 6.2 3.98 40.87 36.24 3.39 3.97 13.73 5.76 ND 0.11 4.71 11.11 19.01 13.46
Cardoso
6.18 4.47 42.84 36.11 4.45 3.30 28.97 5.52 ND 0.43 11.34 5.00 54.29 23.77
Moreira
Conceição
8.02 5.45 41.65 41.35 7.93 3.82 16.38 5.08 ND 0.02 4.96 8.44 26.42 17.4
de Macabu
Macaé 7.24 4.56 43.56 36.62 5.66 3.6 12.74 2.80 ND 0.39 7.52 10.51 12.03 7.72
Quissamã 3.98 4.87 43.44 41.09 5.26 1.7 30.25 2.41 ND 0.04 10.13 12.41 30.5 17.64
São Fidélis 4.7 4.3 42.16 36.23 7.83 4.96 16.71 3.14 ND 0 5.86 8.42 41.06 22.17
São Fran-
cisco de 6.81 3.75 50.48 42.02 8.37 3.84 33.32 8.42 ND 0.64 8.38 8.04 44.28 31.53
Itabapoana
São João
4.56 4.18 40.69 34.65 7.3 5.78 24.33 10.94 ND 2.26 5.35 8.93 22.89 19.39
da Barra
ND - não disponível
Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, PNUD, 2003

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 111


Fazendo esta mesma descrição para o Noroeste, o percentual de mulheres chefes de famí-
lia e com filhos menores de 15 anos variou entre 1,6% em São José de Ubá e 6,02% em
Laje do Muriaé, em 1991. Em 2000, este percentual abaixou em quase todos os municípios,
à exceção de São José de Ubá, que elevou-se para 2,63%, mantendo-se, todavia, como o
menor da Região. O maior percentual de mulheres chefes de família neste ano foi em Cam-
buci, 3,75% e Miracema, 8,78%.

Quanto às pessoas que viviam em famílias com razão de dependência maior que 75% este
valor também apresentou queda em todos os municípios, variando em 2000 entre 33,11%
em Varre-Sai e 42,52%, em Porciúncula.

O percentual de crianças de 10 a 14 anos que trabalhavam também sofreu reduções bas-


tante expressivas entre 1991-2000, caindo para menos da metade em alguns municípios
como em Laje do Muriaé, de 12,76% para 4,7%, em Miracema, passando de 12,68% para
4,54% e em Porciúncula, de 21,1% para 10,81% e Natividade de 16,31% para 7,38. São
José de Ubá não apresentou variação significativa neste período, mantendo sua taxa bas-
tante elevada, 11,97%.

Em 2000, Italva apresentou o menor percentual de crianças trabalhando, 3,69%, enquanto


Varre-Sai teve o maior valor, 12,59%. Itaocara foi o único Município que sofreu aumento no
percentual de crianças que trabalhavam alcançando, em 2000, uma participação de 9,54%.

O percentual de crianças de 10 a 14 anos fora da escola também diminuiu de forma expres-


siva indicando uma diminuição da situação de vulnerabilidade em todos os municípios do
Noroeste. Em 2000, embora com uma grande redução, Porciúncula teve o maior percentual
regional, 11,38% das crianças fora da escola, seguido de Italva, 7% e Cambuci, 6,38%. Os
demais municípios apresentaram variação de 3,61 em Aperibé e 5,64 em Varre-Sai.

Na Região, não foi possível estabelecer comparações entre o percentual de crianças do


sexo feminino de 10 a 14 anos com filhos entre os anos de 1991-2000 por ausência de da-
dos. Contudo, verifica-se que no último ano de análise não se verificou em Itabapoana e
Pádua a presença de adolescentes grávidas nesta faixa etária. O maior percentual foi en-
contrado em Miracema, 2,17%, seguido de Varre-Sai, 1,17. Os demais municípios apresen-
taram índices baixos, todos inferiores a 1%, variando entre 0,03 em Natividade e Porciúncu-
la e 0,99 em Laje do Muriaé, ou seja, supõe-se que sejam casos isolados de gravidez pre-
coce.

Já o percentual de adolescentes de 15 a 17 anos com filhos foi bastante elevado na maioria,


ficando entre 5% em Itaocara e 12,7% em Santo Antônio de Pádua. Ressalta-se que, assim
como no Norte, houve aumento expressivo deste índice em todos os municípios, menos em
Natividade, apontando também para provável ineficácia e/ou ausência de programas e a-
ções preventivas.

Já o percentual de crianças em domicílios com renda per capita menor que R$ 37,75 em
2000 foi muito elevado em todas as localidades, apesar de haver diminuído consideravel-
mente no período analisado. O menor valor foi o de Aperibé, 12,98%, seguido por 13% em
Pádua e em Itaocara. No outro extremo, o pior valor encontrou-se em Porciúncula, 27,15%,
seguindo por valores próximos, em torno de 24%, em Laje do Muriaé e Miracema.

112 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 53 - Região Noroeste Fluminense, Indicadores de Vulnerabilidade Familiar, 1991 - 2000
Indicadores de Vulnerabilidade Familiar - 1991 - 2000
Percentual
Percentual Percentual
de Percentual Percentual
Mulheres Percentual de
Pessoas que Percentual de Crianças de Adoles-
Chefes de de Crianças em
Municípios Vivem em de Crianças do Sexo centes do
Família sem Crianças de Domicílios
da Região Famílias com de 10 a 14 Feminino Sexo Femi-
Cônjuge e 10 a 14 Anos com Renda
Noroeste Razão de Anos que entre 10 e nino Entre
com Filhos Fora da per Capita
Fluminense Dependência Trabalham 14 anos 15 e 17 anos
Menores de Escola Menor que
Maior que com Filhos com Filhos
15 anos R$37,75
75%
1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000
Aperibé 5.44 4.6 41.85 33.7 9.44 7.63 14.84 3.61 ND 0.14 5.21 10.49 36.93 12.98
Bom Jesus
do 5.03 3.91 42.98 37.18 6.37 5.04 11.63 3.75 ND 0 3.78 10.2 36.04 15.44
Itabapoana
Cambuci 3.66 3.75 40.96 32.81 5.93 4.76 18.01 6.38 ND 0.05 4.97 9.9 45.99 22.51
Italva 6 4.44 41.86 32.43 9.5 3.69 17.22 7 ND 0.68 4.32 8.5 30.39 15.69
Itaocara 5.59 5.07 41.62 33.11 8.54 9.54 17.72 3.74 ND 0.01 2.31 5.03 29.29 13.45
Itaperuna 6.02 3.99 41.96 34.32 9.77 4.91 15.59 3.68 ND 0.47 4.13 7.19 24.45 14.65
Laje do
4.49 4.17 43.93 37.65 12.76 4.7 16.92 4.73 ND 0.99 4.85 10.74 50.61 24.03
Muriaé
Miracema 6.69 8.78 44.23 39.59 12.68 4.54 15.35 4.84 ND 2.17 5.08 8.83 31.01 24.41
Natividade 4.89 4.11 46.92 39.53 16.31 7.38 18.03 3.22 ND 0.03 8.49 5.8 40.9 20.95
Porciúncula 6.01 5.73 43.26 42.52 21.1 10.81 21.08 11.38 ND 0.03 5.13 6.9 27.86 27.15
Santo
Antônio de 4.69 4.2 40.77 34.74 13.67 8.31 13.96 5.32 ND 0 7.54 12.7 28.48 13.22
Pádua
São José
1.96 2.63 40.36 33.5 11.97 11.95 25.48 3.86 ND 0.17 2.88 5.67 41.54 22.92
de Ubá
Varre-Sai 4.1 4.05 51.64 40.37 19.96 12.59 32.37 5.64 ND 1.17 5 8.4 47.02 23.09
ND - não disponível
Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, PNUD, 2003

Assim, comparando-se os índices de vulnerabilidade encontrados nas Regiões, podem ser


realizadas algumas inferências. Seus percentuais de mulheres chefes de famílias, sem con-
jugue e com filhos menores de 15 anos foram similares e, salvo exceções, tiveram uma mé-
dia de aproximadamente 4%, alcançando 8,78% apenas em Miracema e 2,63% em São
José de Ubá.

O percentual de pessoas que vivia em famílias com razão de dependência maior que 75%
foi elevado em ambas as Regiões, apresentando uma média municipal de 35%, sendo mais
elevado em São Francisco do Itabapoana e Porciúncula, 42% e menor em Itaocara, 33,1%.

O percentual de crianças de 10 a 14 anos que trabalhava foi, na maioria dos casos, maior
do que o percentual de crianças nesta faixa etária fora da escola. Não foi possível estabele-
cer, contudo, correlações diretas entre ambos os indicadores, quer dizer, apenas através do
percentual de crianças fora da escola, não podem ser inferidos os percentuais daqueles que
trabalham e vice-versa.

Além disto, há muitas variações intermunicipais nos percentuais de crianças trabalhando, de


1,7 a 5,7% no Norte e de 3,69 a 12,59% no Noroeste sendo que, neste caso, os valores do
Noroeste foram claramente superiores aos do Norte, possivelmente devido a sua tradição
agropecuária. Situação similar ocorreu com os valores das crianças que estavam fora da
escola, variando de 2,4 a 10,9% no Norte e de 3,2 a 11,3% no Noroeste, apesar de que esta
variável não teve muitas distinções interregionais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 113


Enquanto em ambas as Regiões o percentual de crianças do sexo feminino entre 10 a 14
anos com filhos foi próximo a 1% nas localidades pesquisadas, o valor elevou-se muito para
a gravidez de 15 a 17 anos, com percentuais expressivos.

Por fim, o percentual de crianças em domicílios com renda per capita menos que R$37,75
teve média equivalente a 19% no Norte e no Noroeste Fluminense.

Conclui-se que os índices de vulnerabilidade, apesar de no geral terem melhorado, ainda


são muito insatisfatórios nas duas Regiões, destacando-se as crianças de 10 a 14 anos que
ainda trabalham e estão fora da escola, aquelas que vivem em domicílios em situação de
indigência e a gravidez precoce entre 15 a 17 anos e que, apesar de uma suposição inicial
de que o Norte poderia ter melhores valores, esta hipótese não foi confirmada, pois há da-
dos muito negativos em municípios de ambas as Regiões.

4 TRABALHO

Tendo em vista a descrição dos principais problemas socioeconômicos enfrentados, este


próximo tópico descreve, através de diferentes perspectivas, a dinâmica do mercado de tra-
balho das regiões Noroeste e Norte do Estado Fluminense, tendo como base de compara-
ção, sempre que possível, o desempenho brasileiro, regional e estadual das variáveis anali-
sadas.

Este estudo parte de uma caracterização geral da população economicamente ativa – PEA
e das condições de inserção desta no mercado de trabalho. Para tanto, são analisados os
níveis de informalidade e precariedade deste mercado.

Em seguida analisa-se o mercado de trabalho, considerando sua divisão regional e intra-


regional, onde são observadas as variáveis como gênero, faixa etária, subsetores de ativi-
dade e especialização produtiva municipal.

A oferta e a rotatividade do mercado são avaliadas em uma outra seção, seguindo-se uma
análise conjunta das condições de demanda e oferta do mercado de trabalho de tais Regi-
ões.

Por fim, realiza-se uma caracterização dos níveis de educação e profissionalização da PEA
e também da infra-estrutura existente, na promoção de capacitação e formação qualificada
da mão-de-obra6.

4.1 PEA

Ao se analisar os dados da População Economicamente Ativa – PEA e da população ocu-


pada das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, conforme a Tabela seguinte, percebe-se
claramente que o percentual de população ocupada é relativamente maior entre os homens
e na zona rural.

Na Região Noroeste, de acordo com os levantamentos censitários de 2000, aproximada-


mente 89% da PEA encontrava-se efetivamente ocupada. A população masculina ocupada
equivalia a 92% da PEA masculina, enquanto a feminina equivalia a 85% da PEA feminina.
Já na zona rural 93% da PEA encontrava-se ocupada, enquanto na área urbana esta por-
centagem equivalia a 88%.

6
O tema “Trabalho” foi desenvolvido por Nildred Martins e Leandro Alves Silva.
114 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
A mesma tendência de ocupação foi observada na Região Norte, apesar desta apresentar
percentuais inferiores aos apresentados pelo Noroeste. Cerca de 85% da PEA estava ocu-
pada e a taxa de ocupação entre os homens foi de 89%, mostrando-se superior à das mu-
lheres, 79% e a zona rural, 89% também apresentou nível de ocupação superior à urbana,
85%.

Tabela 54 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Eco-
nomicamente Ativas e População Ocupada por Sexo e Situação do Domicílio, 2000

População Ocupada
PEA
Mesorregião Situação do (PO)
Sexo
Geográfica Domicílio
Percentual
Pessoas Percentual Pessoas
(PO/PEA)
Total 138.860 100 123.812 0,89
Total Urbana 111.484 80,29 98.450 0,88
Rural 27.376 19,71 25.362 0,93
Total 85.124 61,3 78.036 0,92
Noroeste
Homens Urbana 64.620 46,54 58.431 0,90
Fluminense
Rural 20.504 14,77 19.606 0,96
Total 53.735 38,7 45.776 0,85
Mulheres Urbana 46.863 33,75 40.020 0,85
Rural 6.872 4,95 5.756 0,84
Total 310.036 100 264.744 0,85
Total Urbana 270.502 87,25 229.594 0,85
Rural 39.534 12,75 35.150 0,89
Total 189.472 61,11 168.927 0,89
Norte
Homens Urbana 160.325 51,71 141.659 0,88
Fluminense
Rural 29.147 9,4 27.268 0,94
Total 120.564 38,89 95.817 0,79
Mulheres Urbana 110.177 35,54 87.935 0,80
Rural 10.387 3,35 7.882 0,76
Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000.

Comparando-se os dados de ocupação, ou analogamente, os de desemprego das Regiões


Norte e Noroeste com outras localidades, caracteriza-se um bom desempenho destas. De
acordo com o Censo Demográfico de 2000, estas apresentaram desempenho melhor em
relação à taxa de desemprego, quando comparados com o Estado do Rio de Janeiro, com a
Região Sudeste Brasileira e com o Brasil.

Apesar do Estado do Rio de Janeiro apresentar uma taxa de desemprego de 17,1% superior
à brasileira, de 15,4% e a da Região Sudeste brasileira de 16,4%, o Noroeste Fluminense
apresentou melhor desempenho, com uma taxa de desemprego de 10,8% em 2000. Já o
Norte mostrou uma taxa superior ao Noroeste, ainda que aquém das demais, de 14,6%.

Outro importante indicador da dinâmica do mercado de trabalho é a taxa de participação,


que demonstrou, tanto no Norte como no Noroeste desempenho inferior às demais localida-
des. Ou seja, ao medir a taxa de participação da PEA em relação à população em idade
ativa – PIA, ela revelou uma menor inserção da PEA em relação à PIA (no Norte, 54,1% e
no Noroeste, 55,7%) quando comparados com o Estado do Rio de Janeiro, 56%, com o Su-
doeste Brasileiro, 58,2% e com o Brasil, 56,6%.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 115


Tabela 55 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Indicadores de Ocupação, 2000

Indicadores Brasil Sudeste RJ Noroeste Norte


PIA 136.910.35 59.780.090 11.975.390 249.258 573.188
8
PEA 77.467.473 34.811.384 6.703.839 138.860 310.036
Ocupados 65.629.892 29.088.409 5.555.968 123.812 264.744
Desocupados 11.837.581 5.722.975 1.147.871 15.048 45.292
Taxa de desemprego 15,3 16,4 17,1 10,8 14,6
Taxa de participação 56,6 58,2 56,0 55,7 54,1
Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000

Seguindo a tendência de crescimento da população, em 2007, a PEA equivaleria a 143.215


pessoas no Noroeste, das quais 42.213 encontravam-se empregadas no mercado de traba-
lho formal, de acordo com os dados publicados na RAIS para este mesmo ano. Consideran-
do que o percentual de ocupação permaneça o mesmo (89%), infere-se que aproximada-
mente 33% dos trabalhadores estariam ocupados no mercado de trabalho formal e 67% no
mercado informal.

Fazendo o mesmo exercício para o Norte Fluminense, chegou-se a uma PEA de 339.968
pessoas, das quais 211.573 encontravam-se empregadas no mercado de trabalho formal
(RAIS). Considerando a taxa de ocupação de 85%, calcula-se a uma porcentagem aproxi-
mada de 73% dos trabalhadores atuando no mercado formal e 27% no mercado informal de
trabalho.

Estes números, quando comparados com os resultados de 2000, apontam para uma ex-
pressiva melhora de desempenho do mercado de trabalho de ambas as Regiões, se consi-
derado o grau de formalidade. De acordo com os indicadores estimados, no período 2000-
2007, a taxa de informalidade passou de aproximadamente 75% no Noroeste, para cerca de
67%. Já o Norte apresentou uma expressiva redução da informalidade, passando de
62,74% em 2000, para 26,78%, em 2007.

Tabela 56 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Formalidade Ocupacional, 2000 e 2007


Noroeste Norte
Indicadores
2000 2007 2000 2007
População ocupada* 123.812 127461 264.744 288973
Número trabalhadores formais 30760 42213 98640 211573
Taxa de formalidade 24,84 33,12 37,26 73,22
Número trabalhadores informais** 93.052 85248 166.104 77400
Taxa de informalidade 75,16 66,88 62,74 26,78
*Para 2007, estimativa de população ocupada com base nos dados de 2000 e taxa de crescimen-
to da população no período 2000/2007.
**Obtido pela diferença entre a população ocupada e o emprego formal.
Fonte: Elaboração de Nildred Martins a partir de dados do Censo 2000, RAIS 2000 e 2008

As análises tradicionais do mercado de trabalho consideram o grau de formalidade7 como


indicador da qualidade do emprego e do bem estar do trabalhador. De uma forma geral, as

7
Numa concepção mais abrangente, o setor informal compreende o emprego assalariado sem carteira assinada
e o trabalho por conta própria. Neste caso, devido à indisponibilidade de dados recentes, foi usado como indica-
dor de informalidade a diferença entre a população ocupada, estimada com base na taxa de crescimento da
população entre 2000 e 2007 e o número de trabalhadores formais, publicados pela RAIS para estes anos.

116 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


atividades que não respeitam as regras institucionais, especialmente as legislações fiscais e
trabalhistas, são consideradas de baixa qualidade.

No entanto, devem-se considerar as mudanças estruturais pelas quais o setor produtivo vem
passando e os impactos destas mudanças nas relações de trabalho. Um exemplo é o pro-
cesso de reorganização da estrutura produtiva do setor industrial, com a terceirização de
atividades antes realizadas dentro das empresas. Este fenômeno tem causado o desloca-
mento de trabalhadores mais qualificados para o setor informal, na condição de trabalhado-
res por conta própria, com níveis mais elevados de remuneração.

Deste modo, classificar a qualidade do posto de trabalho com base apenas na questão da
formalidade ou não deste torna-se insuficiente, diante das mudanças atuais nas relações
trabalhistas.
Assim, para melhor caracterizar o perfil do mercado de trabalho optou-se por analisar, jun-
tamente com o indicador de informalidade, um indicador de precariedade, com base no ren-
dimento dos trabalhadores.
Na Tabela a seguir, foi calculado o grau de informalidade e de precariedade com base nos
dados censitários de 2000. Para o cálculo destes indicadores, o setor informal da economia
foi considerado como compreendendo o emprego assalariado sem carteira assinada e o
trabalho por conta própria. Já o indicador de precariedade foi medido pelo número de traba-
lhadores no trabalho informal que recebem menos de dois salários mínimos.
Quando comparados com os indicadores do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro, nota-se
que ambas as Regiões apresentaram graus de informalidade e precariedade superiores.
Ressalta-se que o Estado do Rio apresenta menor grau de informalidade, 45%, do que o
Brasil, 47,9%, e, na média, não apresentou trabalho precário.
O Noroeste, confirmando tendência revelada anteriormente, apresentou maiores índices de
informalidade e de precariedade nas relações de trabalho. De acordo com os dados de
2000, 56,4% dos trabalhadores do Noroeste estavam ocupados no mercado informal e
61,5% destes recebiam menos de dois salários mínimos. No mesmo ano, o Norte mostrou
melhor desempenho, com 52,3% dos trabalhadores ocupados no mercado informal, dos
quais 55,5% recebiam menos de dois salários mínimos.

Tabela 57 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Informalidade e Precariedade e Remunera-


ção Média dos Setores Formal e Informal, 2000

Índices Remuneração Média


Localidades
Informalidade Precariedade Formal Informal Precário Não Precário
Brasil 47,9 50,5 1.535 460,67 291,45 629,88
Rio de Janeiro 45,0 - 1.671 561,03 - 561,03
Noroeste Fluminense 56,4 61,5 1.113 333,74 207,66 459,82
Norte Fluminense 52,3 55,5 1.255 384,63 253,13 516,12
Fonte: Elaboração de Nildred Martins a partir de dados do Censo Demográfico, 2000

Os dados da Tabela seguinte confirmam esta realidade: Na Região Noroeste, 64,33% das
pessoas de 10 anos ou mais, ocupadas na semana de referência e com rendimento de tra-
balho, recebiam até dois salários mínimos. Esta proporção se mostrou maior que a apresen-
tada pelo Brasil, 51,36%, pelo Estado do Rio de Janeiro, 40,72% e pela Região Norte,
56,05%.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 117


Tabela 58 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoas de 10 Anos ou Mais de Idade, Eco-
nomicamente Ativas, com Rendimento, por Classe de Rendimento Nominal Mensal, 2000
Brasil, Unidade da Federação e
Mesorregião Geográfica (%)
Classes de rendimento nominal mensal
Rio de Noroeste Norte
Brasil
Janeiro Fluminense Fluminense
Até 1/4 de salário mínimo 1,55 0,38 1,18 0,58
Mais de 1/4 a 1/2 salário mínimo 4,09 1,48 4,33 3,15
Mais de 1/2 a 1 salário mínimo 18,8 12,44 29,28 22,28
Mais de 1 a 2 salários mínimos 26,92 26,42 29,54 30,04
Mais de 2 a 3 salários mínimos 13,82 15,55 12,15 14
Mais de 3 a 5 salários mínimos 14,03 16,84 10,5 13,18
Mais de 5 a 10 salários mínimos 12,3 15,6 8,44 10,41
Mais de 10 a 15 salários mínimos 3,33 4,34 2,01 2,65
Mais de 15 a 20 salários mínimos 2,05 2,73 1,03 1,67
Mais de 20 a 30 salários mínimos 1,36 1,89 0,63 1,02
Mais de 30 salários mínimos 1,76 2,31 0,91 1,04
Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000.

Dados mais recentes de 2008, da RAIS, referentes ao mercado formal de trabalho mostram
que, com exceção da Região Norte, há uma proporção maior de pessoal ocupado nas faixas
de remuneração até dois salários mínimos.

Na Região Noroeste, 73,01% dos trabalhadores receberam em média até dois salários mí-
nimos, dos quais 51,18% recebiam em média entre 1,01 e 1,50 salários mínimos.

Na Região Norte estes percentuais foram de 43,02% e 26,46%, respectivamente, os quais


se mostraram inferiores aos apresentados pelo Estado, 50,33% e 31,27% e pelo Brasil,
52,90% e 29,17%.

À medida que aumentava a faixa de remuneração média, se reduzia a quantidade de traba-


lhadores por faixa de remuneração. No entanto, ao se comparar os diferentes percentuais
de pessoal ocupado por faixa de remuneração média entre as localidades, nota-se uma ex-
pressiva diferença no desempenho das Regiões Noroeste e Norte Fluminense, quando
comparadas aos percentuais apresentados pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil.

Nas faixas entre 0,51 e 2 salários mínimos, a Região Noroeste apresentou percentuais de
pessoal ocupado superiores às demais localidades, enquanto os apresentados pelo Norte
foram inferiores.

No entanto, esta situação se inverteu nas faixas de remuneração média superior a 2 salários
mínimos, quando o Norte apresentou percentuais superiores às demais localidades, caracte-
rizando um melhor desempenho regional, quando considerados os indicadores de remune-
ração média do trabalho formal.

Tabela 59 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Pessoal Ocupado no Setor Formal (%), por
Faixa de Remuneração Média, 2008

Faixa de Remuneração Média Brasil Rio de Janeiro Noroeste Norte


Até 0,5 salário mínimo 0,36 0,22 0,18 0,12
De 0,51 a 1,00 salário mínimo 4,55 2,03 2,94 1,88
De 1,01 a 1,50 salários mínimos 29,17 31,27 51,18 26,46
De 1,51 a 2,00 salários mínimos 18,82 16,82 18,71 14,96
De 2,01 a 3,00 salários mínimos 17,70 15,99 14,41 15,23
118 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Faixa de Remuneração Média Brasil Rio de Janeiro Noroeste Norte
De 3,01 a 4,00 salários mínimos 8,58 8,92 5,10 9,31
De 4,01 a 5,00 salários mínimos 5,03 5,38 2,11 5,66
De 5,01 a 7,00 salários mínimos 5,59 6,22 2,00 6,38
De 7,01 a 10,00 salários mínimos 3,78 4,52 1,03 5,78
De 10,01 a 15,00 salários mínimos 2,47 3,18 0,59 4,65
De 15,01 a 20,00 salários mínimos 1,13 1,55 0,25 2,63
Mais de 20,00 salários mínimos 1,51 2,31 0,10 5,16
Ignorado 1,32 1,59 1,40 1,77
Fonte: MTE – RAIS, 2008.

4.2 Divisão do Trabalho

A seguir é analisada a divisão do trabalho das Regiões Noroeste e Norte Fluminense com
base em duas perspectivas: a divisão regional do trabalho e a especialização produtiva de
cada uma delas; e a divisão intra-regional do trabalho, tendo como variáveis básicas de aná-
lise o gênero, a faixa etária, os sub-setores de atividade e a especialização produtiva muni-
cipal.
A divisão do trabalho é tradicionalmente definida como a distribuição de tarefas entre os
indivíduos ou agrupamentos sociais, de acordo com a posição que cada um deles ocupa na
estrutura social e nas relações de propriedade. Esta distribuição de tarefas leva a uma es-
pecialização do trabalho cooperativo em papéis específicos e delimitados, com o objetivo de
aumentar a eficiência da produção.

4.2.1 Divisão Regional do Trabalho

O papel de uma região dentro da divisão do trabalho é caracterizado pela especialização


produtiva desta, a qual é resultante da combinação de sua base de recursos disponíveis
(população, reservas naturais e disponibilidade de capital) e da sua base social (inter-
relações do macrossistema social).

A interação destes fatores, juntamente com o nível de riqueza e de inovação tecnológica


determinam a alocação dos fatores produtivos e o conseqüente nível de desenvolvimento
econômico, caracterizando a divisão do trabalho desta sociedade. (Anita Kon, 1992)

Fotos 27 e 28 – Macaé, Multinacional Localizada em uma de suas Áreas Industriais e Maquete


de Plataforma de Petróleo da Petrobrás

Fonte: Foto das autoras, 2009


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 119
Partindo desta perspectiva, analisa-se o papel desempenhado pelas Regiões Noroeste e
Norte Fluminense na divisão regional do trabalho.

A Região Noroeste, considerada a menos desenvolvida economicamente do Estado, é histo-


ricamente caracterizada pela sua especialização na produção agropecuária. Inicialmente
produtora de café, atividade que ainda hoje permanece em alguns municípios situados em
sua parte mais alta, destaca-se atualmente na produção pecuária, especificamente a bovi-
nocultura leiteira, na prática da fruticultura irrigada e no plantio da lavoura de tomates.

Tais atividades são desenvolvidas, predominantemente, em pequenos estabelecimentos e


por agricultores familiares. Estes são, em sua maioria, proprietários dos estabelecimentos,
homens, com idade acima de 35 anos e com baixa escolaridade.

Então, o Noroeste se caracteriza pela especialização em uma atividade intensiva em mão-


de-obra, apesar de não ser a principal geradora de trabalho e renda para a sua população.
Este fato, somado ao baixo nível de riqueza regional leva a uma atual alocação de recursos
produtivos incapaz de garantir um nível satisfatório de desenvolvimento regional.

Já a Região Norte tem seu nível de desenvolvimento caracterizado pelo desempenho do


setor agropecuário, com a plantação de cana-de-açúcar e sua destinação para a indústria
sucroalcooleira e pela indústria extrativa, com a exploração de petróleo e gás. Tais ativida-
des determinaram um dinamismo maior à Região, levando ao desenvolvimento do setor
terciário, especialmente através do fornecimento de serviços de Educação e Saúde e tam-
bém do comércio.

As atividades nas quais a Região Norte possui especialidades demandam força de trabalho
mais especializada, o que a caracteriza como um pólo regional para a atração de trabalha-
dores altamente qualificados em áreas correlatas a estas especialidades, como as engenha-
rias e os serviços especializados, incluindo os de saúde, em virtude da maior densidade de
trabalhadores com mais anos de estudo e maiores salários. Além disto, a Região Norte a-
presenta uma concentração maior de emprego público, dado o tamanho de sua economia,
em comparação à Região Noroeste.

4.2.2 Divisão Intrarregional do Trabalho

Além disto, considerando como o trabalho se divide e se caracteriza intrarregionalmente,


tanto do ponto de vista econômico, como demográfico e social, analisa-se a divisão do tra-
balho por gênero, faixa etária, subsetores de atividade, estrutura ocupacional e espacializa-
ção produtiva municipal, sendo que cada uma destas variáveis é apresentada em seguida.

Gênero

Tradicionalmente o mercado de trabalho é caracterizado pelo predomínio dos trabalhadores


homens em relação às mulheres. Os dados mostram que esta tendência vem sendo seguida
pelas Regiões Noroeste e Norte Fluminense, ao longo dos anos, como aponta a próxima
Tabela.

No Noroeste, entre 1994 e 2008, a porcentagem de homens no trabalho formal diminuiu,


passando de 65% para 59%, e analogamente, a feminina aumentou, passando de 35% para
41% - seguindo uma tendência mundial de aumento da participação da força de trabalho
feminina no mercado de trabalho.

O Norte também seguiu esta tendência, porém de uma maneira mais tímida. A mudança
relativa da participação masculina e feminina no mercado de trabalho foi de 3%, a masculina
passou de 70% para 67% e a feminina passou de 30% para 33%.
120 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 60 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por
Gênero, 1994 - 2008
Noroeste (% de trabalhadores) Norte (% de trabalhadores)
Gênero
1994 2008 1994 2008
Masculino 0,65 0,59 0,70 0,67
Feminino 0,35 0,41 0,30 0,33
Fonte: MTE RAIS, 1994 e 2008.

Faixa Etária
Com relação à idade, entre 1994-2008, a Região Noroeste apresentou redução na participa-
ção relativa dos trabalhadores formais com idade até 39 anos, passando de 68,3% para
56,7% do total. Ainda que haja uma maior concentração de trabalhadores com idade entre
18 e 39 anos, revela-se uma tendência de aumento da participação de trabalhadores com
idade acima de 40 anos, especialmente na faixa etária de 50 a 64 anos, que apresentou um
aumento de participação de 6,6 %, ficando com 16,5%, em 2008.
Já a Região Norte apresentou um aumento da população com idade entre 18 e 29 anos e
entre 40 e 49 anos, e redução da participação dos trabalhadores nas demais faixas etárias.
Em 2008, todavia, os percentuais de participação dos trabalhadores estavam similares entre
as Regiões, sendo maior no grupo de 25 a 29 anos no Norte e de 50 a 64 anos no Noroeste.
Tabela 61 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por
Faixa Etária, 1994 - 2008
Noroeste Norte
Faixa Etária
1994 2008 1994 2008
até 17 anos 1,1 0,5 1,0 0,5
18 a 24 anos 15,1 12,9 13,8 14,7
25 a 29 anos 18,0 15,6 16,3 18,4
30 a 39 anos 34,1 27,7 35,5 28,2
40 a 49 anos 20,6 25,9 21,4 23,5
50 a 64 anos 9,9 16,5 10,4 13,8
65 ou mais 0,6 1,0 0,9 0,8
Fonte: MTE RAIS, 1994 e 2008.
Subsetores de Atividade
Os dados das Tabelas seguintes mostram a distribuição dos trabalhadores formais entre os
vinte e seis subsetores de atividade classificados pelo IBGE, nos anos de 1994 e 2008, pu-
blicados pela RAIS, para as Regiões Noroeste e Norte Fluminense, respectivamente.

Na Região Noroeste a administração pública, com 11.526 trabalhadores em 2008 (26,5%) e


o comércio varejista, com 9.438 (21,7%) revelaram-se como os principais empregadores
locais. Juntos, estes dois subsetores responderam por aproximadamente 50% do total de
vagas ocupadas pelos trabalhadores formais em 2008. Neste mesmo ano, em menor esca-
la, destacaram-se os serviços de alojamento e comunicação (3.728), médicos, odontológi-
cos e veterinários (2.414), a agricultura (2.578) e a indústria de alimentos e bebidas (2.179).

Percebe-se que esta é uma tendência que vem sendo mantida na Região. Ao se comparar
os dados de 2008 com os de 1994, nota-se que os subsetores de atividade vem mantendo
suas importâncias relativas na geração de emprego formal.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 121


Gráfico 21 - Região Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Subsetor de
Atividade Econômica Segundo IBGE, 1994 – 2008

Fonte: MTE-RAIS, 2008.

O Norte Fluminense apresentou uma distribuição do emprego um pouco menos concentrada


que o Noroeste. Apesar da administração pública e do comércio varejista concentrarem im-
portante parcela dos postos de trabalho formais gerados, verifica-se um maior número de
setores que, em menor escala, constituem-se em importantes geradores de trabalho formal
para a população.
Em 2008, a administração pública (14,5%) e o comércio (14,9%) varejista responderam por
aproximadamente 30% das vagas de emprego formal da Região. Foram seguidos pela in-
dústria extrativa mineral (10,8%), pela construção civil (10%) e pelos serviços de alojamento
e comunicação (11,1%). Juntos, estes 5 sub-setores responderam por cerca de 60% do em-
prego formal em 2008.
Assim como no Noroeste, esta é uma tendência que, de certa maneira, vem se concretizan-
do ao longo dos anos.
Nota-se entretanto que, entre 1994 e 2008, a indústria extrativa aumentou significativamente
sua participação no mercado formal de trabalho regional, assim como a construção civil e os
serviços de administração técnica e profissional.
Gráfico 22 - Região Norte Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Subsetor de Ati-
vidade Econômica Segundo IBGE, 1994 – 2008

Fonte: MTE-RAIS, 2008.

122 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Especialização Produtiva Municipal
De acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em 2008,
o município da Mesorregião Noroeste Fluminense que apresentava o maior número de tra-
balhadores formais era Itaperuna. Na classe intermediária, encontram-se os municípios de
Bom Jesus do Itabapoana e Santo Antônio de Pádua. Todos os demais municípios possuem
menos de 3.000 trabalhadores formais.

No Norte a situação foi um pouco diferente. Os municípios de Campos dos Goytacazes e


Macaé apresentavam, cada um, mais de 16.000 trabalhadores formais, o que coloca ambos
na classe mais alta. São Fidélis e São João da Barra apareceram na classe de 2.989 a
6.572 trabalhadores. Os demais municípios não alcançaram o limiar de 2.989 trabalhadores
formais, em 2008, conforme os Mapas abaixo demonstram.

Mapa 12 - Região Noroeste Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Municípios,


2008

Fonte: IBGE, 2005

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 123


Mapa 13 - Região Norte Fluminense, Número de Trabalhadores Formais por Municípios, 2008

Fonte: IBGE, 2005

4.3 Oferta e Rotatividade do Mercado

Os dados da RAIS de 1994 e 2008, relativos ao tempo de permanência no emprego, mos-


tram que existe uma tendência de concentração de um número maior de trabalhadores nas
faixas de tempo de emprego compreendidas entre 6 e 24 meses e de 36 meses e mais, no
Brasil, no Estado do Rio de Janeiro e nas regiões Norte e Noroeste Fluminense.

O Brasil apresentou um aumento da concentração de trabalhadores na faixa entre 6 e 24


meses de permanência no emprego, passando de 25,5%, em 1994, para 30,2%, em 2008.
Já na faixa acima dos 36 meses, houve uma queda do percentual de trabalhadores, que
passou de 48,7%, para 40,9%, com uma queda percentual maior ainda ocorrendo na faixa
entre 60 e 119,9 meses.

O Estado do Rio de Janeiro apresentou comportamento semelhante ao nacional, com au-


mento do percentual de trabalhadores na faixa de tempo de emprego entre 6 e 24 meses,
de 22,7%, para 28,2%, e redução deste percentual na faixa de tempo acima dos 36 meses,
de 53,4%, para 43,9%.

A Região Norte, por sua vez, acompanhando as tendências nacional e estadual, apresentou
aumento do percentual de trabalhadores na faixa de tempo de emprego entre 6 e 24 meses,
passando de 22,3%, para 33,8%, e redução deste percentual na faixa de tempo acima dos
36 meses, de 55,8%, para 37,6%.

Já o Noroeste apresentou um desempenho inverso, apesar de mais tímido, às localidades


acima consideradas. O percentual de trabalhadores na faixa de tempo de emprego entre 6 e
24 meses caiu de 28,2%, para 26%, e na faixa acima de 36 meses aumentou de 51%, para
52,4%.

124 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 62 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Empregados por Faixa de Tempo de Empre-
go (%), 1994 - 2008
Faixa de tempo de emprego Noroeste Norte Rio de Janeiro Brasil
do vínculo informado
(% em relação ao total) 1994 2008 1994 2008 1994 2008 1994 2008
Ate 2,9 meses 7,1 5,8 7,1 9,2 8,8 9,8 9,4 9,8
De 3,0 a 5,9 meses 6,3 7,0 6,4 9,2 6,8 8,7 7,6 9,5
De 6,0 a 11,9 meses 15,8 13,0 9,8 13,0 10,5 12,8 11,5 14,3
De 12,0 a 23,9 meses 12,4 13,0 12,5 20,7 12,2 15,4 14,0 15,8
De 24,0 a 35,9 meses 7,4 8,8 8,4 10,2 8,1 9,4 8,7 9,5
De 36,0 a 59,9 meses 12,6 11,9 14,0 12,1 12,0 11,6 12,4 11,4
De 60,0 a 119,9 meses 23,2 17,1 20,2 13,8 18,2 13,9 18,0 12,8
120 meses ou mais 15,1 23,4 21,6 11,7 23,2 18,5 18,3 16,7
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da RAIS 1994 e 2008

Este padrão de desempenho do mercado de trabalho em relação ao tempo de permanência


no emprego, apesar do predomínio de empregados em faixas de tempo de emprego maio-
res, revelou um aumento do número de empregados ocupados em faixas de tempo menores
de emprego, podendo sinalizar o aumento da rotatividade de emprego nestas localidades,
quando considerados os anos de 1994 e 2008, à exceção da Região Noroeste, que apre-
sentou desempenho contrário, neste período.
Considerando outra perspectiva, a tendência apresentada pelas localidades em análise,
tanto para o comportamento das admissões como dos desligamentos, mostrou-se seme-
lhante no período compreendido entre 1994 e 2009, de acordo com os dados do MTE –
CAGED para o mercado formal.
No Norte, aproximadamente 80% das admissões no período foram por reemprego, reinte-
gração e contrato de trabalho por prazo determinado, enquanto no Noroeste este percentual
foi um pouco menor, de cerca de 75%.
A admissão por primeiro emprego foi proporcionalmente maior no Noroeste, 23,52%, ao
passo que a Região Norte apresentou a menor proporção, 15,17%, quando comparadas
com o Brasil, 17,57% e com o Estado do Rio de Janeiro,15,31%, o que é uma situação posi-
tiva para o Noroeste.
No caso da admissão por transferência, esta foi pouco significativa no período, para todas
as localidades.
Gráfico 23 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Percentagem de Admissões por Tipo de
Movimentação, 1994 - 2009

Fonte: MTE – CAGED, 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 125


Já os desligamentos foram, em sua maior parte, por demissão sem justa causa, término de
contrato e término de contrato de trabalho por prazo determinado.
O Noroeste apresentou a maior proporção de desligamentos pelos motivos acima listados,
de aproximadamente 85%, seguido pelo Norte, 81,04%, pelos dados nacionais, 76,5% e por
último pelo Estado do Rio de Janeiro, 75,17%.
Os desligamentos a pedido apresentaram maiores proporções no Brasil, 18,8% e no Esta-
do,18,34%, seguidos pela Região Norte, 15,54% e Noroeste, 11,29%.
Os demais tipos de movimentação de desligamento, demissão por justa causa, aposentado-
ria, por morte e por transferência, mostraram-se pouco expressivos.
Gráfico 24 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Percentagem de Desligamentos por Tipo de
Movimentação, 1994 - 2009

Fonte: MTE – CAGED, 2009.


Esse padrão de admissões e desligamentos soma-se ao padrão apresentado pelo número
de empregados por faixa de tempo de emprego, sinalizando uma intensificação do processo
de rotatividade do trabalho nas duas Regiões.

4.4 Demandas e Ofertas do Mercado Existente e Potencial (Condições de Acesso)


Analisando as estatísticas de emprego formal da Relação Anual de Informações Sociais –
RAIS, durante o período 1994-2008, verifica-se que tanto a Região Norte, como a Noroeste,
mostraram-se bastante dinâmicas, com taxas de crescimento do emprego superiores às
estaduais, regionais e nacionais, especialmente no Norte.
Em termos setoriais, a desagregação, pelos nove sub-setores de atividade do IBGE, revela
que o crescimento da ocupação formal foi expressivo em todos eles, com exceção do setor
de serviços industriais, para o qual apenas o Norte Fluminense apresentou crescimento po-
sitivo de emprego, no período.
O Norte Fluminense se revelou como a localidade mais dinâmica, se destacando em todos
os setores, com as maiores taxas de crescimento do emprego formal no período, despon-
tando a construção civil, seguida pela extrativa mineral, pelos serviços e pelo comércio.
Estes dados confirmam o visível crescimento da Região nos últimos 15 anos, alavancado
pela indústria extrativa mineral, especificamente pela extração de petróleo e pelos seus efei-
tos indiretos sobre o desenvolvimento dos demais setores, especialmente na construção
civil, no comércio e nos serviços.
Depois do Norte Fluminense, a Região Noroeste foi a que apresentou as maiores taxas de
crescimento de emprego no período 1994/2008. No entanto, não mostrou o mesmo bom
desempenho em todos os setores, destacando-se a taxa de crescimento de emprego na
126 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
indústria de transformação, superior às taxas apresentadas pelas demais localidades, o que
caracterizou o Noroeste Fluminense como o mais dinâmico neste setor.
Com relação aos serviços de utilidade industrial, acompanhando a tendência nacional, a
Região apresentou uma queda expressiva do emprego neste setor, com taxas negativas. A
extrativa mineral apresentou as maiores taxas de crescimento local, apesar de inferiores às
apresentadas pelo Estado.
Gráfico 25 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Taxa de Crescimento do Emprego Formal
no Período, 1994 - 2008

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MTE- RAIS, 1994 e 2008


Adicionalmente, a Tabela seguinte permite observar com maior detalhe a dinâmica da de-
manda e oferta de trabalho na Região Noroeste nos anos recentes. São apresentadas as
taxas de crescimento para o emprego e para a remuneração média em salários mínimos,
entre 2006-2008, discriminada pelo grupo de atividade CNAE (versão 2.0).
Está ótica permite inferências a respeito de tendências mais recentes e possibilidades futu-
ras. Vale ressaltar que, por ser medida em salários mínimos, a taxa de crescimento da re-
muneração média já considera o aumento real observado no salário mínimo ao longo do
período.
Portanto, é importante observar a dinâmica nas atividades da indústria de transformação;
construção; educação; serviços domésticos e agricultura e pecuária. A indústria de trans-
formação, no total da Região, apresenta uma taxa de crescimento positiva, tanto para o em-
prego quanto para a remuneração média. O emprego neste setor parece estar se deslocan-
do para níveis mais qualificados, tendo em vista as taxas negativas para a instrução mais
baixa, com maior crescimento para trabalhadores com pelo menos o ensino médio comple-
to.
Também é importante considerar as diferenças entre a taxa de crescimento no emprego e
na remuneração. Neste sentido, de modo geral, para a Região Noroeste observa-se que a
remuneração média do trabalhador na indústria de transformação é positiva (10%), o que
sugere que a demanda por trabalhadores neste setor tem crescido e não apenas a disponi-
bilidade de mão-de-obra. De fato, espera-se que a remuneração aumente na medida em
que a demanda por mão-de-obra supere a oferta. Embora isto não possa ser tomado de
forma taxativa representa, no mínimo, uma tendência a ser observada.
Destaca-se, desta forma, a carência de mão-de-obra com alta qualificação (mestrado ou
doutorado) para a indústria de transformação, tendo em vista o crescimento nulo do número

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 127


de empregados frente a uma taxa de crescimento de 455% da remuneração média, deno-
tando um aumento mais rápido na demanda do que a disponibilidade de pessoal.
O setor da construção chama a atenção por dois motivos. Primeiro, por apresentar cresci-
mento positivo em todos os graus de instrução, exceto para mestrado ou doutorado. Este
crescimento tem se concentrado em trabalhadores com menor grau de instrução, principal-
mente em termos do volume de emprego.
O segundo aspecto a ser destacado é a superioridade das taxas de crescimento da remune-
ração em todos os graus de instrução, exceto também para mestrado e doutorado. Este fato
reflete um movimento geral do setor de construção no Estado e também no Brasil. O setor
vem crescendo ao logo dos últimos anos e isto ocorreu também na Região Noroeste Flumi-
nense, com certo destaque, por estar acima da média estadual, sendo responsável pelo
emprego de trabalhadores com nível superior e pela progressão da remuneração destes
profissionais, muito provavelmente ligados à área de engenharia.
Como esperado, o setor de educação apresentou suas principais taxas de crescimento do
emprego e da remuneração média para o pessoal com nível de mestrado e doutorado. Con-
tudo, deve-se observar que a remuneração cresceu menos rapidamente que o emprego,
denotando uma maior agilidade para o aumento da oferta de trabalho em comparação com
a demanda.
Além disto, para o Noroeste como um todo o crescimento do trabalho foi positivo, 24%, en-
quanto a remuneração caiu 1%. Isto leva a considerar uma deterioração relativa do trabalho
neste setor e pode levar a uma escassez de mão-de-obra no futuro, bem como a queda na
qualidade do pessoal empregado.
Os serviços domésticos também apresentaram crescimento positivo na Região, com maior
crescimento da remuneração (30%) que do emprego (18%). Isto revela um crescimento da
demanda por trabalho neste setor, cuja explicação pode passar por dois pontos. Primeiro, o
crescimento da renda na Região, dado pela taxa positiva de crescimento do emprego (10%)
e da remuneração (8%), tende a gerar maior demanda por trabalhadores especializados
nestas atividades.
Em segundo, o crescimento negativo do setor para trabalho menos qualificado (em grau de
instrução) pode revelar a perda deste tipo de trabalhador para outros setores como o da
construção, levando a uma substituição desta mão-de-obra por pessoas com mais anos de
estudo e, conseqüentemente, com maiores exigências salariais. Isto pode ser visto pelas
taxas de crescimento para o emprego de nível médio completo no setor.
Por fim, analisa-se o setor de agricultura e pecuária, que apresentou taxas negativas tanto
para o emprego quanto para a remuneração, no total da Região Noroeste e no Estado. Vale
também para todos os níveis de instrução, com exceção do Ensino Fundamental completo,
que apresentou taxas positivas de 14% para o emprego e 18% para a remuneração.
Este quadro é preocupante, na medida em que o setor agrícola e de pecuária tem grande
importância regional. Verifica-se a partir destes dados, uma tendência à degradação do tra-
balho neste setor, pela perda de trabalhadores ou pela perda de remuneração. Isto significa
que, ao menos em termos de geração de emprego e renda do trabalho, o setor vem perden-
do espaço na economia da regional.
Caso este seja um movimento estrutural, é possível que venha a contribuir para o desem-
prego formal no Noroeste Fluminense, se os demais setores da economia não puderem ab-
sorver estes trabalhadores. Desde outra perspectiva, é possível que o setor esteja perdendo
postos de trabalho formais, principalmente os menos qualificados, em virtude da grande
demanda e também melhores salários oferecidos em outros setores, como a construção, por
exemplo. Consequentemente, é importante encontrar mecanismos para aumentar a produti-
vidade regional da agricultura e pecuária, com vistas ao aumento da remuneração e melho-
ria da qualificação nos postos de trabalho.
128 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 63 - Estado do Rio de Janeiro e Região Noroeste Fluminense, Taxa de Crescimento do Emprego e da Remuneração Média em Salários
Mínimos entre 2006 e 2008
Pelo menos
Ensino Pelo menos Pelo menos Mestrado ou Total
Ensino Total
Grupo CNAE 2.0 Analfabetos Fundamental Ensino Médio Grau Superior Doutorado Rio de Ja-
Fundamental Noroeste
Incompleto Completo Completo Completo neiro
completo
Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem.
AGRICULTURA, PECUÁRIA, PRODUÇÃO FLORESTAL,
PESCA E AQÜICULTURA. -8% -20% -7% -4% 14% 18% -18% -18% -46% -63% - - -3% -3% -17% -25%
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 9% 13% -12% -15% 5% -4% 27% 1% 50% -29% - - -3% -10% 24% 30%
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO -18% -15% -9% -12% 25% 16% 39% 29% 11% 3% 0% 455% 17% 10% 12% 6%
ELETRICIDADE E GÁS - - -31% -66% 177% 133% 17% -5% -7% -19% -100% -100% 6% -18% 11% 3%
ÁGUA, ESGOTO, ATIVIDADES DE GESTÃO DE RESÍDUOS E
DESCONTAMINAÇÃO. 0% 1% 58% 114% 127% 150% 233% 181% 0% 30% - - 96% 117% 8% -1%
CONSTRUÇÃO 229% 286% 5% 34% 152% 197% 75% 143% 154% 843% -100% -100% 71% 128% 33% 40%
COMÉRCIO; REPARAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES E
MOTOCICLETAS. 0% -1% -11% -14% -6% -8% 26% 22% 29% 2% -25% 62% 9% 6% 18% 10%
TRANSPORTE, ARMAZENAGEM E CORREIO. - - -13% -11% 16% 14% 34% 27% -7% -17% - - 14% 12% 18% 11%
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 50% 51% -24% -22% 18% 14% 53% 45% 31% 43% - - 17% 14% 18% 12%
-
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO -100% 100% -47% -50% -3% -61% 21% -2% 36% 11% - - 10% -26% 15% 10%
ATIVIDADES FINANCEIRAS, DE SEGUROS E
SERVIÇOS RELACIONADOS. - - 0% 15% -42% -74% 25% 2% 20% 4% - - 17% -2% 17% 6%
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS - - -67% -81% 25% 4% 0% -4% 67% 0% - - 2% -11% 0% 3%
ATIVIDADES PROFISSIONAIS, CIENTÍFICAS E TÉCNICAS. - - 25% 63% 102% 95% -18% -22% 63% 157% - - 10% 16% 23% 11%
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS E SERVIÇOS
COMPLEMENTARES 100% 138% -2% 2% 33% 20% -1% -4% -55% -79% - - 7% 2% 15% 4%
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DEFESA E SEGURIDADE SOCIAL -64% -61% -37% -37% 27% 29% -13% -14% 83% 50% - - 2% 3% 9% 6%
EDUCAÇÃO 0% 5% 1% -5% 131% 114% 5% -7% 23% -5% 320% 257% 24% -1% 11% 7%
SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS SOCIAIS 11% 81% -16% -18% -39% -36% 6% 7% -2% -1% -100% -100% -10% -7% 8% 2%
ARTES, CULTURA, ESPORTE E RECREAÇÃO. 0% 4% -21% -17% 2% 17% 30% 15% 0% 73% - - 3% 5% -6% -4%
OUTRAS ATIVIDADES DE SERVIÇOS 233% 173% -25% -22% 38% 29% 50% 50% 116% 86% 200% 551% 41% 46% 25% 21%
SERVIÇOS DOMÉSTICOS -75% -77% -17% -9% 0% 10% 450% 546% - - - - 18% 30% 12% 13%
ORGANISMOS INTERNACIONAIS E OUTRAS INSTITUIÇÕES
EXTRATERRITORIAIS - - - - - - - - - - - - - - 52% 26%
Total -10% -15% -16% -16% 14% 13% 14% 8% 53% 23% 123% 327% 10% 8% 15% 10%
Fonte: RAIS 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 129


Tabela 64 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Taxa de Crescimento do Emprego e da Remuneração Média em Salários Míni-
mos entre 2006 e 2008
Pelo menos
Ensino Pelo menos Pelo menos Mestrado ou Total
Ensino Total
Grupo CNAE 2.0 Analfabetos Fundamental Ensino Médio Grau Superior Doutorado Rio de Ja-
Fundamental Norte
Incompleto Completo Completo Completo neiro
Completo
Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem. Emp. Rem.
AGRICULTURA, PECUÁRIA, PRODUÇÃO FLORESTAL, PESCA E
AQÜICULTURA. -38% -45% -41% -47% -39% -40% -7% -10% -3% -2% - - -39% -44% -17% -25%
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS -29% -59% 2% -2% -5% -12% 24% 20% 34% 28% 169% 93% 23% 20% 24% 30%
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO -38% -48% 25% 12% 12% 2% 32% 23% 38% 43% 0% 134% 21% 20% 12% 6%
ELETRICIDADE E GÁS - - -83% -69% -24% -30% -16% -16% -4% 0% -29% -24% -18% -13% 11% 3%
ÁGUA, ESGOTO, ATIVIDADES DE GESTÃO DE RESÍDUOS E
DESCONTAMINAÇÃO. 24% 42% -6% -6% 4% 5% 9% 5% -59% -86% -100% -100% -2% -7% 8% -1%
CONSTRUÇÃO -6% 1% 14% 10% 47% 30% 42% 24% 32% 17% 67% 143% 33% 22% 33% 40%
COMÉRCIO; REPARAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES E
MOTOCICLETAS. -28% -9% 4% -2% 16% 8% 39% 38% 52% 50% 71% 79% 24% 23% 18% 10%
TRANSPORTE, ARMAZENAGEM E CORREIO. 70% 161% -3% 16% 23% 36% 73% 112% 154% 220% - - 45% 105% 18% 11%
ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO -55% -59% -10% -15% 12% 5% 62% 67% 64% 84% 200% 1938% 23% 27% 18% 12%
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 0% -4% -40% -46% -9% -20% 5% -3% 17% -10% -67% -94% -1% -10% 15% 10%
ATIVIDADES FINANCEIRAS, DE SEGUROS E SERVIÇOS RELA-
CIONADOS. - - -27% -35% -18% -56% 28% 14% 34% 10% 0% -71% 27% 8% 17% 6%
ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 0% 24% -22% -25% 6% 28% 16% 47% 71% 173% -100% -100% 9% 35% 0% 3%
ATIVIDADES PROFISSIONAIS, CIENTÍFICAS E TÉCNICAS. 63% 6% 23% 16% 31% 37% 47% 45% 60% 58% 700% 418% 44% 47% 23% 11%
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS E SERVIÇOS COMPLEMEN-
TARES -2% -14% -37% -46% -23% -48% -23% -35% -32% -43% 0% 38% -26% -41% 15% 4%
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DEFESA E SEGURIDADE SOCIAL. -7% -7% 31% 34% 46% 46% -36% -15% 67% 65% 800% 653% -1% 22% 9% 6%
EDUCAÇÃO 0% -5% 4% -17% -2% -6% 15% -5% 3% -35% 90% 53% 9% -25% 11% 7%
SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS SOCIAIS 67% 30% 6% 10% -25% -34% -1% -8% 5% 20% 160% 104% -3% 2% 8% 2%
ARTES, CULTURA, ESPORTE E RECREAÇÃO. -60% -72% -45% -48% 81% 32% -9% -12% 82% 32% - - 13% -3% -6% -4%
OUTRAS ATIVIDADES DE SERVIÇOS -27% -4% 218% 287% 142% 155% 184% 205% 104% 101% 32% 48% 161% 158% 25% 21%
SERVIÇOS DOMÉSTICOS 100% 108% -31% -29% 65% 61% 267% 251% 100% 202% - - 24% 29% 12% 13%
ORGANISMOS INTERNACIONAIS E OUTRAS INSTITUIÇÕES
EXTRATERRITORIAIS - - -100% -100% -100% -100% -100% -100% - - - - -100% -100% 52% 26%
Total -33% -38% 0% -2% 16% 6% 15% 19% 40% 35% 80% 69% 15% 19% 15% 10%
Fonte: RAIS 2008.

130 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Em relação à Região Norte, a Tabela acima apresenta as taxas de crescimento aos moldes
da Tabela da Noroeste. Destacam-se nesta Região as taxas de crescimento nos setores de
agricultura e pecuária; indústria extrativa; indústria de transformação; construção e transpor-
te, armazenagem e correio.

O setor de agricultura e pecuária chama a atenção pelas taxas de variação negativas do


emprego e da remuneração, entre 2006 e 2008. Embora tenha ocorrido a redução em todos
os graus de instrução, dois pontos devem ser observados. Em primeiro lugar, a queda no
emprego e na remuneração só foram menos intensas para trabalhadores com pelo menos o
ensino médio completo, revelando a maior fragilidade da mão-de-obra menos instruída fren-
te a alterações na dinâmica do trabalho, em setores intensivos em mão-de-obra.

Em segundo lugar, as taxas de decréscimo na agricultura e na pecuária foram mais fortes


na remuneração do que no nível de emprego, para graus de instrução mais baixos, refor-
çando a deterioração do emprego menos qualificado.

A indústria extrativa mineral apresentou taxas de crescimento positivas do emprego e da


remuneração, embora esta última tenha crescido a um ritmo mais lento. Ressalta-se o cres-
cimento positivo para o pessoal de nível superior completo, 34% e para mestrado e doutora-
do, 169%. Isso indica um movimento no sentido de intensificar a base de conhecimento apli-
cada a este setor, através do emprego de mão-de-obra altamente qualificada e melhor re-
munerada.

Para a indústria de transformação destaca-se também o crescimento do emprego e da re-


muneração nos níveis superior completo e mestrado e doutorado. É importante anotar a
superioridade do crescimento da remuneração média em relação ao emprego nestes níveis
de instrução. Os trabalhadores com curso superior completo observaram um aumento de
43%, em média, na sua remuneração, enquanto o emprego cresceu 34%.

Mais ainda, quando o foco foi para o nível de mestrado e doutorado, que o emprego não
apresentou variação, ao passo que a remuneração cresceu 134%. Isto indica que há um
aumento na demanda de trabalhadores com este grau de instrução, que não vem sendo
atendida adequadamente. O movimento reflete também uma necessidade crescente de for-
mação para esta atividade, que pode estar atravessando uma mudança no seu padrão tec-
nológico, assim como ocorre com a indústria extrativa.

Porém, a capacidade regional em atender à demanda crescente parece ser reduzida, po-
dendo levar a impactos negativos para as outras Regiões, como a capacidade de reter pes-
soal qualificado e para a própria Região, na medida em que pode experimentar um cresci-
mento exagerado no custo da mão-de-obra qualificada, em determinados períodos.

O setor de construção no Norte merece destaque em virtude das taxas de crescimento do


emprego, 67% e da remuneração, 143%, para trabalhadores com mestrado e doutorado
completo. Isto indica o mesmo movimento observado na indústria extrativa e na indústria de
transformação. Além disso, considerando a importância da cadeia produtiva do petróleo e
gás no Norte, estas variações mostradas na Tabela sugerem uma dinâmica conjunta destes
setores, no sentido de uma mudança qualitativa em direção à atividades mais complexas,
com maior exigência de conhecimentos e tecnologia.

A atividade de transporte, armazenagem e correio acompanha o que foi destacado até aqui
para a Região. Observa-se um crescimento superior na remuneração para todos os graus
de instrução, exceto para mestrado e doutorado, que não possuem dados passíveis de
comparação no período.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 131


Isto, de fato, sugere um crescimento do setor como resultado do crescimento dos demais
setores que dele dependem, para se ter acesso à matéria-prima e ao mercado consumidor,
gerando uma demanda de crescimento mais rápida do que a oferta, o que pode ter dois efei-
tos distintos: A absorção de trabalhadores de outras áreas, contribuindo positivamente para
as taxas gerais de crescimento do emprego regional e a possibilidade de gerar distorções no
mercado de trabalho, em função do rápido aumento dos salários para todos os graus de
instrução.

Por fim, observa-se que a Região Norte perdeu emprego e renda em níveis mais baixos de
escolaridade. As taxas negativas, tanto para o emprego (-33%) quanto para a remuneração
(-38%) no total regional, apontam para a possibilidade de uma realocação do trabalho em
direção a postos com maior qualificação, uma vez que a taxa total de crescimento do em-
prego foi positiva (15%). Aparentemente, estes trabalhadores com menos anos de estudo
não estão sendo absorvidos na Região em postos de trabalho de mesmo nível, o que au-
menta ainda mais a necessidade de qualificar-se adequadamente à mão de obra local.

4.5 Produção de Conhecimento, Profissionalização e Qualificação


Complementando os dados do tema “Trabalho”, foram observadas as condições da produ-
ção de conhecimento e qualificação dos trabalhadores nas Regiões em análise.
4.5.1 Condições Estruturais da Formação de Nível Superior e Técnico

Para conhecimento das instituições de ensino que compõe o sistema de Educação Superior
e Técnico das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, buscou-se informações de diversas
fontes como o MEC – Ministério da Educação, o SiedSup – Sistema Integrado de Informa-
ção da Educação Superior, a Fundação CIDE, os sites das Prefeituras Municipais e ainda os
próprios sites de divulgação e apresentação institucional (ver descrição mais detalhada das
instituições de ensino e os serviços oferecidos em anexo), sendo possível que ainda não
tenham se esgotado todos os dados existentes.

A análise da estrutura de qualificação profissional e produção de conhecimento das Regiões


passa pela observação de três pontos principais: A capacidade de formação de recursos
humanos de nível superior e técnico; a capacidade de formar e fixar pesquisadores nos mu-
nicípios; a produção e diversificação do conhecimento e da formação profissional emergen-
te, considerando-se os cenários regionais.

Foto 29 - Campos dos Goytacazes, Escola Técnica

Fonte: Foto das autoras, 2009


132 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Inicialmente, a Tabela a seguir apresenta o número de instituições que oferecem cursos de
nível superior e o número de cursos oferecidos, de acordo com o Ministério da Educação.
Do total de 206 instituições existentes no Estado do Rio de Janeiro, são oferecidos ao todo
3.074 cursos.
No Norte e Noroeste Fluminense as ofertas de ensino não estão distribuídas de forma ho-
mogênea em todos os Municípios, pelo contrário, algumas localidades concentram as ofer-
tas de cursos, enquanto que em outros esta oferta é inexistente.
Destaca-se que esta concentração educacional em determinados municípios é um dos fato-
res que acarreta os movimentos migratórios intra e interregionais, contribuindo com o au-
mento populacional em algumas localidades e o esvaziamento daquelas com possibilidades
restritas de formação, promovendo uma forma de integração regional não planejada.

No caso da Região Norte, as instituições de ensino superior estão em apenas três de seus
nove municípios. Por sua vez, estes três municípios – Campos, Macaé e Quissamã - somam
24 instituições e 239 cursos correspondendo, respectivamente, a 11,6% e 7,7% do total do
Estado, percentuais bastante positivos.

O Noroeste possui 12 instituições de ensino superior, a metade da Norte, incluindo universi-


dades e faculdades em apenas quatro dos treze municípios que compõem a Região, em um
total de 12 instituições, que perfazem 5,8% do total estadual, oferecendo 70 cursos, 2,2% do
total estadual.

Verifica-se, portanto, que o Norte é mais privilegiado do que o Noroeste do ponto de vista da
capacidade de formar recursos humanos de nível superior, com maiores ofertas de cursos e,
conseqüentemente, vagas para os alunos em formação.

Ressalta-se que em ambas as Regiões a ponderação do número de cursos de nível superior


ofertados é superior à verificada para a capital do Estado. Isto sugere a possibilidade de que
a estrutura para graduação esteja minimamente adequada à suas populações, em termos
relativos. Esta relação seria melhor medida a partir da comparação oferta de vagas ao invés
do número de cursos ofertados. Contudo, estas informações não estão disponíveis em âm-
bito municipal/microrregional e precisam de uma pesquisa mais aprofundada para saber se
as ofertas de graduação estão realmente adequadas às demandas populacionais.

Tabela 65 - Número de Instituições e Número de Curso Superior no Estado do Rio de Janeiro


por Região, 2009
População Cursos/ mil
Região Município Instituições Cursos
2009 habitantes
Campos dos Goytacazes 13 176 434.008 0,41
Macaé 8 56 194.413 0,29
Norte
Quissamã 3 7 19.878 0,35
Total 24 239 648.299 0,37
Itaperuna 6 55 99.454 0,55
Santo Antônio de Pádua 3 9 42.405 0,21
Noroeste Bom Jesus do Itabapoana 2 5 35.303 0,14
Miracema 1 1 26.824 0,04
Total 12 70 203.986 0,34
Capital Rio de Janeiro 80 1.572 6.186.710 0,25
Outros Outros 90 1.193 - -
Total 206 3.074 - -
Fonte: Ministério da Educação, 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 133


De acordo com a Tabela acima, Campos dos Goytacazes possui a maior concentração de
estabelecimentos de ensino e cursos oferecidos, fazendo com que seja a principal referên-
cia regional na área de educação superior e técnica, representando o segundo maior pólo
de educação superior do Estado, com 13 instituições superior de ensino e a oferta de 176
cursos.
Campos polariza a demanda por este nível de ensino não apenas para as localidades pró-
ximas, como também para o Sul do Espírito Santo e dos municípios fronteiriços de Minas
Gerais. A atividade exerce um efeito multiplicador em outros setores da economia local, tais
como alojamento, alimentação, serviços médicos e odontológicos.

O Município abriga instituições de importância significativa em produção de conhecimento


em inúmeras áreas, como a UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ri-
beiro; a UFF - Universidade Federal Fluminense; a UCAM - Universidade Cândido Mendes –
Campos; IFF- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (antigo Ce-
fet-Campos), a Faculdade de Medicina de Campos; Faculdade de Direito de Campos;
Faculdade Batista Fluminense; ESANNF – Escola Superior de Administração e Negócios
Norte Fluminense; UNIVERSO – Universidade Salgado de Oliveira; ISECENSA – Institutos
Superiores de Ensino do CENSA; a Universidade Estácio de Sá.

Como várias das municipalidade regionais possuem recursos financeiros e há grande acei-
tação pública com gastos efetivados em educação, as bolsas tem sido concedidas em nú-
mero elevado. Diariamente observa-se a chegada de diversos ônibus de estudantes para
suas universidades, o que auxilia na existência e no crescimento do mercado das institui-
ções de Ensino Superior.

A Prefeitura de São João da Barra, por exemplo, oferece aproximadamente 700 bolsas para
alunos cursarem o ensino superior em outras localidades, principalmente em cursos de Me-
dicina e Odontologia – considerados os de maior custo. Disponibiliza ainda transporte para o
deslocamento dos estudantes universitários.

Macaé se apresenta como o segundo pólo regional na área do Ensino Superior e profissio-
nalizante, abrigando 8 instituições de nível superior, com 56 ofertas de cursos e mais 06
instituições de nível técnico. Em Macaé se encontram a Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ e a UFF, porém com o número de cursos reduzidos em relação a Campos
dos Goytacazes. A UENF já teve sua expansão aprovada para Macaé, com a possibilidade
de ter unidades também em Itaperuna e Italva, no Noroeste.

A Prefeitura Municipal de Macaé também oferece transporte universitário gratuito, desde


2005, para o deslocamentos dos universitários a outras cidades e dos distritos para sua se-
de. São 64 ônibus, que beneficiam aproximadamente 3 mil estudantes universitários.

A UFF também possui unidades em Quissamã, que possui 3 instituições de Ensino Superi-
or, com 7 cursos disponíveis. Nos demais Municípios do Norte não se verificou a existência
de cursos superiores.

No Noroeste, Itaperuna pode ser considerado como pólo educacional. Abriga a FSJ - Facul-
dade São José; Faculdade Redentor; UFF - Universidade Federal Fluminense; UNIG - Uni-
versidade Iguaçu; UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro e o Instituto Superior
de Educação da FAETEC. De acordo com a Prefeitura Municipal oferece quase 30 cursos
de graduação, além de cursos de pós graduação em Psicopedagogia e Direito.

Santo Antônio de Pádua possui mais de 3000 alunos nos cursos técnicos da FAETEC, que
oferece Informática, Normal Superior, Mineração de Rochas, Inglês e Espanhol. A UFF -
Universidade Federal Fluminense oferece curso superior de Matemática e a FASAP, Facul-

134 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


dade de Santo Antônio de Pádua possui os cursos de Direito, Administração e Fisioterapia.
O município tem também a Academia Paduana de Letras, Artes e Ciências.
Italva e Itaocara possuem 2 instituições de nível técnico cada. Italva tem se destacado regi-
onalmente em pesquisas técnicas e de incentivo à agropecuária, com a presença de institui-
ções governamentais tais como a Siagro-Rio, a Emater-Rio e uma Fazenda Experimental.
Itaocara não possui instituições de Ensino Superior, apesar da possibilidade de que a Esco-
la de Engenharia Agrícola seja implantada em seu território, através da UENF, segundo in-
formações da Prefeitura Municipal.
No Mapa a seguir fica visível a predominância de Instituições de Ensino Superior em Cam-
pos, seguido pelo maior número de instituições em Macaé e em Itaperuna. Na série abaixo,
de 2 a 3 instituições estavam os municípios de Bom Jesus do Itabapoana, Santo Antônio de
Pádua e Quissamã e a maioria dos municípios possui 1 ou nenhuma instituiçao de Ensino
Superior.
Mapa 14 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Instituições de Ensino Superior,
2009

Fontes: Ministério da Educação e Sistema Integrado de Informação da Educação Superior, 2009.


A formação de nível técnico também contribui em grande escala com a qualificação e a pro-
fissionalização da população regional, se distribuindo também de forma desigual entre os
Municípios.
A maior concentração e ofertas de formação técnica também está em Campos, com 11 insti-
tuições que dispõe de diversificados cursos nas áreas de saúde, tecnologia, meio ambiente
segurança do trabalho, design, administração, agropecuária, petróleo e gás, dentre outros.
Em Conceição de Macabu há 01 escola com curso técnico em Agropecuária. Quissamã
possui 01 escola de nível técnico com cursos de Eletrotécnica e Segurança do Trabalho e

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 135


São Fidelis possui 03 escolas técnicas, ofertando Enfermagem, Administração e outros cur-
sos.

São João da Barra possui 02 escolas, a FAETEC e a IFF e, dentre os cursos oferecidos
estão o de Logística e Segurança do Trabalho. Também está sendo implantado no municí-
pio uma Cozinha Escola, considerando o aumento da demanda prevista no setor alimentício
a partir da implantação do Porto do Açu e outros empreendimentos.

No Noroeste, Santo Antônio de Pádua possui mais de 3.000 alunos nos cursos técnicos da
FAETEC, que oferece cursos de Informática, Normal Superior, Mineração de Rochas, Inglês
e Espanhol. Italva e Itaocara possuem 2 instituições de nível técnico cada. No caso de Ital-
va, o município possui órgãos governamentais de pesquisas técnicas e incentivo à agrope-
cuária, a Siagro-Rio, a Emater-Rio e terras de propriedade da Fazenda Experimental, que
atuam na cidade e nos municípios vizinhos.

Itaocara não possui Ensino Superior apesar de que, segundo a Prefeitura Municipal, está
prevista a implantação de um curso de Engenharia Agrícola, através da UENF. Em Mirace-
ma também se prevê a implantação da FAETEC em 2010, com cursos de Moda, Informáti-
ca, Línguas e Serralheria.

Assim como o Mapa anterior, este mostra a distribuição de Instituições de Ensino Técnico
nas Regiões. Campos e Itaperuna foram os municípios com maior oferta de cursos, de 08 a
11, seguido por Santo Antônio de Pádua e Macaé, que possuíam de 04 a 07 unidades de
Ensino Técnico, cada. Outro grupo de municípios composto por Italva, Miracema, São Fide-
lis e Itaocara ficaram na série de 02 a 03 escolas e os demais possuíam 01 ou nenhuma.

Mapa 15 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Instituições de Ensino Técnico,


2009

Fontes: Ministério da Educação e Sistema Integrado de Informação da Educação Superior, 2009.


136 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Ressalta-se que o MEC não possui registro de instituições de ensino em outros Municípios
que compõem as Regiões. De tal forma, a possibilidade para que os habitantes avancem
seus estudos e se qualifiquem profissionalmente exige, para muitos, um deslocamento dis-
tante e oneroso, o que frequentemente inviabiliza o processo ou se faz possível apenas a-
través de migração pendular – casa/escola/casa – exigindo a mudança de cidade.

Informações adicionais que são apresentadas na Tabela seguinte apontam que na área de
formação técnica, no ano de 2008, 15.122 alunos concluíram cursos do SENAC em Campos
e em Macaé – locais onde são ofertados - sendo que destes, 11.459 se formaram em Cam-
pos, 75,7%. Neste ano, a Região formou mais profissionais de nível técnico nas áreas da
Ação Social, Saúde, Atividades com Animais, Turismo e Hotelaria e Administração.

Já no Noroeste foram formados 5.584 alunos de nível técnico. Destes, 3.401 se formaram
em Itaperuna, 60,9% de toda a Região. Outros 1.508, 27%, se formaram em Santo Antônio
de Pádua. Itaocara e Miracema também formaram mão-de-obra técnica em menor propor-
ção, 572 e 103, respectivamente.

A área da saúde se destacou com o maior número de graduados da Região, 1.225, seguido
pela área da beleza, 1.185. Na área do comércio o SENAC formou 805 profissionais, dos
quais 746 em Itaperuna. Na área do Turismo e Hotelaria, 247 profissionais se formaram em
Santo Antônio de Pádua, 297 em Itaperuna, Miracema formou mais 29 e Itaocara 80 profis-
sionais nesta mesma área.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 137


Tabela 66 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Conclusões dos Cursos Técnicos do SENAC, 2008
Conclusões nos Cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, por Área de Conhecimento – 2008

Municípios
da Região
Norte

Total
Moda

Saúde
Beleza

cações
Cultura
Idiomas
Hotelaria

Fluminense

Comércio
Educação
Turismo e

Atividades

Informática
Ação Social

Telecomuni-
Gastronomia

com Animais

Comunicação

Administração
Campos dos
Goytacazes 11 459 615 207 373 27 285 36 2 452 248 1 022 11 1 161 1 062 2 452 564 946
Macaé 3 663 401 43 90 - 59 - 234 59 - - - 1 707 - 1 045 24
Total da
Região
Norte 15.122 1.016 250 463 27 344 36 2.686 307 1.022 11 1.161 2.769 2.452 1.609 970
Itaocara 572 - 28 - - 44 - 259 - 160 - - - - 80 -
Itaperuna 3.401 20 746 112 - 118 - 452 95 748 4 443 367 - 297 -
Miracema 103 - - - - - - - - - - 74 - - 29 -
Santo Antô-
nio de Pádua 1.508 48 31 20 - 48 - 514 - 277 - 167 158 - 247 -
Total da
Região
Noroeste 5.584 68 805 131 - 210 - 1.225 95 1.185 4 683 526 - 653 -

-- = sem informação
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009

138 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Foto 30 – Campos dos Goytacazes, Escola Técnica

Fonte: Foto das autoras, 2009


Com relação à tipificação dos cursos superiores oferecidos nas duas Regiões. observa-se
nas Tabelas a seguir uma grande variedade, em cada uma delas.

O sistema educacional das Regiões contempla em maior escala as formações técnicas e


superiores nas áreas tecnológicas e industriais, além das áreas de saúde, educação e políti-
cas sociais, meio ambiente, dentre outras.

No entanto, acredita-se que o oferta ainda seja insuficiente para sanar as lacunas entre de-
mandas e oferta de mão de obra local. Não se sabe se a causa para a baixa qualificação da
mão de obra ocorre devido a uma baixa oferta de cursos e dificuldades de acesso para mo-
radores de municípios nos quais não há oferta e/ou porque os gargalos educacionais exis-
tentes, especialmente no Ensino Médio das Regiões Norte e Noroeste inviabilizam a conclu-
são da Etapa Básica Educacional e, por conseguinte, a possibilidade dos habitantes cursa-
rem cursos técnicos e superiores.

Outra hipótese é que haja falta de recursos financeiros para que alguns incrementem sua
formação profissional e/ou falta de interesse e valorização no processo educacional, que
decorre frequentemente da baixa qualificação dos pais e das gerações familiares anteriores,
que não vêem na educação um valor significativo para elevar as condições de vida, criando-
se um ciclo negativo de baixos índices de escolaridade.

Tabela 67 - Região Norte Fluminense, Cursos Superiores Oferecidos, 2007


Municípios da Região
Áreas Gerais Programas e/ou Cursos
Norte Fluminense
Agronomia
Agricultura e veterinária Medicina veterinária
Zootecnia
Administração
Administração pública
Ciências contábeis
Ciências sociais, negó-
Campos dos Ciências sociais
cios e direito
Goytacazes Direito
Psicologia
Relações internacionais
Análise de sistemas
Ciências, matemática e Ciência da computação
computação Ciências biológicas
Sistemas de informação

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 139


(continuação)
Municípios da Região
Áreas Gerais Programas e/ou Cursos
Norte Fluminense
Ciência da educação
Formação de professor de biologia
Formação de professor de educação física
Formação de professor de física
Formação de professor de geografia
Educação
Formação de professor de letras
Formação de professor de matemática
Formação de professor de química
Normal superior
Pedagogia
Arquitetura e urbanismo
Engenharia
Campos dos Engenharia civil
Engenharia, produção e
Goytacazes Engenharia de petróleo
construção
Engenharia de produção
Engenharia metalúrgica
Extração de petróleo e gás
Humanidades e artes Desenho de moda
Educação física
Enfermagem
Farmácia
Saúde e bem estar social
Fisioterapia
Serviço social
Tecnologia de radiologia
Gestão ambiental
Serviços
Saúde e segurança no trabalho
Administração
Ciências sociais, Ciências contábeis
negócios e direito Direito
Gestão de pessoal / recursos humanos
Formação de professor de biologia
Educação
Formação de professor de educação física
Macaé Engenharia ambiental
Engenharia, produção e
Engenharia de petróleo
construção
Extração de petróleo e gás
Educação física
Saúde e bem estar social Enfermagem
Fisioterapia
Serviços Gestão ambiental
Quissamã Serviços Turismo
= sem informação
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009

Tabela 68 - Região Noroeste Fluminense, Cursos Superiores Oferecidos, 2007


Municípios da Região
Áreas Gerais Programas e/ou Cursos
Noroeste Fluminense
Bom Jesus do
Saúde e bem estar social Serviço social
Itabapoana
Itaperuna Agricultura e veterinária Medicina veterinária

140 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Municípios da Região
Áreas Gerais Programas e/ou Cursos
Noroeste Fluminense
Administração
Ciências sociais, negócios e Administração pública
direito Ciências contábeis
Direito
Ciências, matemática e Ciências biológicas
computação Sistemas de informação
Formação de professor de educação física
Formação de professor de geografia
Formação de professor de história
Educação Formação de professor de letras
Formação de professor de matemática
Normal superior
Itaperuna Pedagogia
Engenharia de petróleo
Engenharia, produção e Engenharia de produção
construção Extração de petróleo e gás
Transmissão e distrib. de energia elétrica
Enfermagem
Farmácia
Fisioterapia
Saúde e bem estar social
Medicina
Odontologia
Tecnologia de radiologia
Curso Estética e Cosmética
Serviços
Gestão ambiental
Ciências sociais, negócios e
Miracema Ciências contábeis
direito
Santo Antônio de Formação de professor de matemática
Educação
Pádua Normal superior

Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009

4.5.2 Produção de Conhecimento

Além da formação superior, as instituições de ensino tem como papel fundamental a produ-
ção de conhecimento e a inovação tecnológica. Neste sentido, a UENF Campos se destaca
como um importante núcleo regional capaz de gerir e fomentar ações inovadoras, contando
com capacidade para realizar pesquisas em diversas áreas do conhecimento.

Uma de suas ações recentes foi a instalação de sua Incubadora de Empresas, em 2008,
que pode ter um papel essencial no direcionamento de políticas públicas e estratégias de
desenvolvimento sustentável.

Atualmente a UENF apóia 20 empresas incubadas, sendo 11 de base tecnológica e 9 de


base tradicional. Duas empresas já estão se graduando e funcionam em espaços próprios.
Uma atua na área de procriação animal e outra na área de alta tecnologia, na produção de
diamantes sintéticos, ambas podendo ser úteis nas Regiões, considerando-se a tradição da
pecuária local e o investimento recente do Noroeste no setor de pedras minerais, que ne-
cessita da inserção de novas tecnologias para incrementar sua produção, minimizar os resí-
duos e reaproveitá-los, quando possível.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 141


Outras áreas fomentadas pela Incubadora da UENF são: Geoprocessamento, assessoria
ambiental, extração de óleo, criação de repelentes contra dengue, dentre outras. Observa-
se, entretanto, a falta de recursos para a ampliação de suas ações e a existência de uma
demanda maior que a oferta, no que tange os projetos possíveis de incubação.

Foto 31 – Laboratório de Ciências do Homem, UENF

Fonte: Fotos das autoras, 2009.

Na Universidade Cândido Mendes existe, dentre muitos, outro exemplo de pesquisadores


que contribuem com o contexto no qual estão inseridos, produzindo há quase uma década o
“Boletim Petróleo, Royalties e Região”, dedicado às análises da influência da indústria petro-
lífera na Região, sob diferentes enfoques.

Porém, observa-se em entrevistas com gestores universitários e agentes comunitários que


ainda existe uma baixa integração entre as instituições universitárias, a gestão pública e o
setor privado. A comunidade acadêmica tem realizado inúmeras pesquisas de qualidade e
importantes para o desenvolvimento local, entretanto falta a comunicação e a interação, a
transmissão de conhecimentos e de demandas – o que ainda não é uma prática usual das
municipalidades – limitando a expansão de ações inovadoras, sua multiplicação, a otimiza-
ção dos recursos existentes e o atendimento às políticas públicas e ações regionais.

De qualquer forma, deve-se valorizar a capacidade das instituições de Ensino Superiores


em realizarem atividades de pesquisa e geração de conhecimento nas Regiões, no âmbito
do governo e das empresas privadas, além de oferecerem suporte para ações empreende-
doras da sociedade.

A seguir, é apresentado um retrato das pesquisas realizadas no Norte e Noroeste Fluminen-


se, demonstrando sua capacidade em gerar contribuições científicas e fixar os pesquisado-
res em seus municípios. (Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, 2008).

142 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 69 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Estatísticas do Diretório dos Grupos de
Pesquisa do CNPq no Censo 2008
Linhas
Institui-
Região Cidade Grupos de Pesquisadores Estudantes Técnicos
ções
Pesquisa
Campos dos
Região Goytacazes 2 98 434 757 922 216
Norte Macaé 1 19 56 115 61 19
Total 3 117 490 872 983 235
Rio de Janeiro 47 2178 8291 15185 15143 2960
Niterói 2 398 1477 2487 2631 254
Petrópolis 1 46 95 136 221 37
Nova Iguaçu 2 37 137 231 158 12
Outras Maricá 1 28 76 158 100 5
Vassouras 1 28 76 158 100 5
Duque de
Caxias 1 19 56 115 61 19
Volta Redonda 1 8 33 130 248 5
Arraial do Cabo 1 6 26 20 5 12
Total geral 60 2865 10757 19492 19650 3544
Fonte: CNPq, 2010
Constata-se, a princípio, a ausência de grupos de pesquisa localizados na Região Noroeste
e cadastrados na base de dados do CNPq, podendo-se inferir que suas atividades de pes-
quisa são bastante limitadas, ou mesmo inexistentes.
A situação mostra-se diferente na Região Norte, onde existem 117 grupos cadastrados junto
ao CNPq concentrados, porém, em apenas três instituições.
Estes grupos contam com 872 pesquisadores, 983 estudantes e 235 técnicos, atuando em
490 linhas de pesquisa diferentes, números estes que impressionam positivamente. Isto
aponta para a capacidade regional em dar continuidade à formação de pessoal, com poten-
cial para a geração de conhecimentos e conferem à Região um diferencial em comparação
ao Noroeste, embora tal estrutura cientifica ainda seja diminuta em comparação à capital.
Na verdade, em termos numéricos estes valores são muito favoráveis e o que precisaria ser
expandido é a oferta de Instituições de Ensino Superior para outros municípios ou um siste-
ma de deslocamento que permita a todos os interessados da Região freqüentarem as uni-
dades já presentes nestas localidades.
Ainda utilizando dados do Diretório dos Grupos de pesquisa do CNPq, é possível avaliar que
existe uma diversidade com relação à produção de conhecimentos na Região Norte Flumi-
nense. Os pesquisadores localizados na Região Noroeste não aparecem nesta base de da-
dos, em 2008, conforme verificado na Tabela seguinte.
Dois pontos são importantes de destacar o Norte, que neste caso são Campos e Macaé,
referentes a seu tipo de produção cientifica. Primeiro é a presença de produção científica em
todas as grandes áreas do conhecimento, o que evidencia a diversidade científica. Em se-
gundo, observa-se a concentração desta produção em Ciências Agrárias, em primeiro lugar
e em Ciências Biológicas, na seqüência, esta última pouco relacionada à especialização
produtiva regional.
Já a produção das Ciências da Terra e Engenharias tem volume expressivo e se aproxima
das características industriais da Região. Nota-se a superioridade quantitativa do município
de Campos em relação à baixa produtividade científica realizada em Macaé.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 143


Tabela 70 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Produção dos Grupos de Pesquisa do CNPq no Censo 2008
Campos dos Goytacazes Macaé Outras regiões Total Rio de Janeiro
Grande Área do Conhecimento Produção Produção Produção Produção Produção Produção Produção Produção
Autores Autores Autores Autores
bibliog. técnica Bibliog. técnica bibliog. técnica bibliog. técnica
Ciências Agrarias 320 8.903 2.094 - - - 999 25.524 7.730 1.319 34.427 9.824
Ciências Biológicas 270 4.518 1.237 12 145 53 3.832 72.892 23.408 4.090 77.265 24.592
Ciências da Saúde 23 581 187 25 717 242 3.766 80.762 40.725 3.764 80.626 40.670
Ciências Exatas e da Terra 133 3.003 574 - - - 2.495 45.293 14.038 2.628 48.296 14.612
Ciências Humanas 108 1.775 899 4 12 53 3.796 59.350 54.346 3.900 61.113 55.192
Ciências Sociais Aplicadas 24 320 158 29 389 337 1.884 28.924 24.406 1.879 28.855 24.227
Engenharias 140 3.075 1.025 3 49 12 3.215 52.619 20.450 3.352 55.645 21.463
Lingüística, Letras e Artes - - - 16 304 301 1.273 19.243 18.419 1.257 18.939 18.118
Total geral 1.018 22.175 6.174 89 1.616 998 21.260 384.607 203.522 22.189 405.166 208.698
Fonte: CNPq, 2010

144 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Ressalta-se ainda que Macaé, que sedia algumas das maiores multinacionais mundiais no
setor petrolífero, abriga espaços para as pesquisas de novas tecnologias, principalmente
através do Laboratório de Engenharia de Produção e Exploração de Petróleo – LENEP, úni-
co da América Latina.

O LENEP integra a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e desenvolve em


média 30 projetos por ano, em parte patrocinados pela Petrobrás. Oferece Pós-graduação,
Mestrado e Doutorado em Petróleo & Gás e Química, Administração, Medicina, Ambiental e
Química, Administração, Enfermagem, Psicologia, Politécnico em Petróleo & Gás, Ambiental
e Recursos Humanos, além de cursos politécnicos vinculados ao SENAI, SENAC e IFF.

De acordo com a Petrobrás, de 2007 a 2009 houve um investimento da empresa de R$ 15


milhões em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento no Núcleo Regional de Competência
em Campos Marítimos de Petróleo nas linhas: Materiais/Integridade de instalações de su-
perfície, Modelagem geotécnica/Ancoragem, Modelagem integrada de reservatórios e Moni-
toramento ambiental.

Foto 32 – LENEP Macaé

Fonte: Apresentação de Weinhardt, L. dez., 2009.


A cidade possui ainda o Instituto Macaé de Metrologia e Tecnologia (IMMT), criado pelo Mu-
nicípio para dar suporte às atividades “offshore”. O IMMT é o único representante do Estado
na Sociedade Brasileira de Metrologia e funciona em parceria com o INMETRO.

Na área ambiental, Macaé conta com o Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NU-
PEM) que, em parcerias com a Prefeitura, a Petrobrás e com a Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) desenvolve pesquisas e projetos ambientais, especialmente no Parque
Nacional da Restinga de Jurubatiba. O NUPEM, que ganhou nova sede construída pelo Mu-
nicípio, abriga o único Campus Avançado da UFRJ fora da Cidade do Rio de Janeiro, ofere-
cendo graduação em Biologia.

Nesta sentido, o Município criou também o Parque Municipal do Atalaia, na região Serrana,
destinado à educação ambiental.

Segundo a Prefeitura Municipal de Macaé, para envolver toda a comunidade no processo de


desenvolvimento municipal tem-se investido na preparação da mão-de-obra local de baixa
renda, através de cursos de capacitação e projetos como a Incubadora de Cooperativas,
que já incluiu três cooperativas de trabalho no mercado.

Outros investimentos são a Cidade Universitária e a Escola Municipal de Informática, que


atende a 500 alunos, a Escola do Trabalhador, que oferece cursos profissionalizantes e a
Escola Municipal de Idiomas, com cursos gratuitos de idiomas para a população.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 145
O Município oferece também a Escola Municipal de Pescadores, de ensino profissionalizan-
te8. A pesca, que no passado havia sido a principal atividade local, ainda é responsável por
boa parcela da economia, se apresentando como principal fonte de trabalho e renda de cer-
ca de 15 mil pessoas9.

Em São João da Barra foi implantado recentemente o curso de mandarim para permitir o
diálogo dos habitantes com os parceiros chineses dos empreendimentos do Complexo do
Açu.

4.5.3 Inclusão Digital

Um outro aspecto importante que diz respeito à qualificação é ao acesso da população à


tecnologias de informação – inclusão digital - hoje tidas como fundamentais para o processo
de formação do indivíduo, bem como para sua inserção no mercado de trabalho.

Segundo o Mapa da Inclusão Digital, na Tabela seguinte, observa-se que os três municípios
do Rio com a taxa de inclusão mais elevada foram Niterói, com 34,16%, a Capital, com
23,60% e Volta Redonda com 17,76%, em 2003.

Foto 33 – Campos dos Goytacazes, Centro de Inclusão Digital

Fonte: Foto das autoras, 2009.

No Norte, Macaé foi o município com a maior taxa de inclusão digital, 13,96%, seguido de
Campos, 8,22%, ambos abaixo das melhores taxas estaduais. São Francisco de Itabapoa-
na, Quissamã, Cardoso Moreira e Carapebus apresentam as menores taxas de inclusão, em
torno de 3% cada, em 2003.

8
Para atrair investimentos de diferentes setores, o Município investiu na criação de um Pólo Industrial, através
de parcerias com o setor privado, para atender às necessidades do setor petrolífero, contemplando também
fábricas e indústrias de segmentos como mecânica, metais e mecatrônica. A Prefeitura vai oferecer a infra-
estrutura da área de quase 500 mil metros quadrados para aproximadamente 200 empresas já interessadas. Já
existe também um Pólo Tecnológico que objetiva atrair empresas como laboratórios e centros de pesquisa, para
que Macaé se torne exportador de tecnologia.
9
Segundo a Prefeitura, o pescado de Macaé é vendido para o Rio de Janeiro e mais 12 estados, além de ser
exportado para os Estados Unidos e a Suíça. Para atender melhor aos pescadores, há o projeto de construção
de um novo Mercado de Peixes.
146 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
São Francisco do Itabapoana, no Norte e Varre-Sai, São José de Ubá e Natividade, no No-
roeste, ocuparam as últimas colocações no Ranking dos incluídos digitalmente em 2003,
com menos de 2% de seus habitantes incluídos.

No Noroeste, neste mesmo ano, nenhum Município apresentou taxa de inclusão digital mai-
or do que 8%. Itaperuna e Miracema alcançaram em torno de 7% e Bom Jesus do Itabapoa-
na 6,32%.

Destaca-se que Quissamã revelou um diferencial importante pois, recentemente, a Prefeitu-


ra passou a oferecer Internet banda larga gratuita para toda a população, para a reversão do
quadro de baixa inclusão digital local, embora per si, isto não seja suficiente para produzir tal
resultado.

Tabela 71 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Taxa de Inclusão Digital, 2003


Taxa de Inclusão Digital – 2003
Municípios Taxa de Inclusão (%)
Região Norte Fluminense Campos dos Goytacazes 8,22
Carapebus 3,82
Cardoso Moreira 3,61
Conceição de Macabu 4,25
Macaé 13,96
Quissamã 3,27
São Fidélis 5,47
São Francisco de Itabapoana 1,16
São João da Barra 4,36
Região Noroeste Fluminense Aperibé 5,64
Bom Jesus do Itabapoana 6,32
Cambuci 4,42
Italva 5,61
Itaocara 4,74
Itaperuna 7,26
Laje do Muriaé 3,20
Miracema 7,38
Natividade 1,05
Porciúncula 4,27
Santo Antônio de Pádua 5,74
São José de Ubá 1,94
Varre-Sai 1,74
Fonte: CPS/FGV processando os microdados do censo / IBGE, 2003.

4.5.4 Projetos Regionais de Qualificação Profissional

Há também alguns projetos regionais de qualificação profissional em destaque, somando-se


às outras ofertas já discutidas.
A) PROMINP – Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural

O PROMINP foi instituído pelo Governo Federal através do Decreto nº 4.925, em 2003 e é
coordenado pelo Ministério de Minas e Energia. Tem como objetivo maximizar a participa-
ção da indústria nacional de bens e serviços, em bases competitivas e sustentáveis, na im-
plantação de projetos de petróleo e gás natural no Brasil e no exterior.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 147


As metas do Programa, elaboradas em conjunto com as empresas do setor, são levar à ma-
ximização da participação da indústria nacional no fornecimento de bens e serviços, em ba-
ses competitivas e sustentáveis, gerando emprego e renda no país, ao agregar valor à ca-
deia produtiva local.

Em 2004, foi lançado o Fórum Regional do PROMINP da Bacia de Campos, no Centro de


Convenções Professor Roberto Marinho, em Macaé. Além de divulgar os objetivos e ações
do PROMIMP, o Fórum tem como objetivos atender às demandas regionais não mapeadas
na carteira de investimentos do setor, incentivar o fornecimento de bens e serviços, a partir
das indústrias locais e inserir pequenas e microempresas na cadeia produtiva de petróleo e
gás.

O Comitê Regional de cada Fórum está vinculado ao Comitê Setorial do segmento de maior
representatividade na região que, no caso da Bacia de Campos é o Comitê Setorial de Ex-
ploração & Produção.

A atuação do PROMIMP abrange os Municípios de Campos, Carapebus, Macaé, Quissamã,


São João da Barra e São Francisco do Itabapoana, ou seja, alguns municípios do Norte.

O PROMINP iniciou suas atividades com 47 projetos, aprovados pelo Comitê Diretivo do
Programa, no qual estão representados o Governo, as empresas e as entidades de classe
que atuam nestas atividades.

Assim, as atividades do PROMINP acompanham o dinamismo inerente aos processos de


produção e comercialização da Petrobrás e do BNDES, das empresas associadas ao IBP,
ONIP e das Associações de classe ABEMI, ABCE, ABDIB, ABIMAQ, ABINEE, ABRAPET,
ABEAM, ABITAM, SINAVAL, SEBRAE assim como da FINEP, CNI e Federações das Indús-
trias.

O desafio inicial foi desenvolver projetos de ampliação do conteúdo nacional nas áreas es-
pecíficas de Exploração & Produção, Transporte Marítimo, Abastecimento e Gás & Energia,
aprimorando-se para atender às demandas nos setores de petróleo e gás, no período de
2003 - 2007.

Uma das frentes de ação do PROMINP é o Plano Nacional de Qualificação Profissional, que
prevê capacitar profissionais brasileiros, por meio de cursos gratuitos, em 175 categorias
profissionais ligadas às atividades do setor de petróleo e gás. Os cursos são de nível básico,
médio, técnico e superior e estão envolvidas cerca de 80 instituições de ensino, com inves-
timentos que já chegam à casa dos R$ 220 milhões.

A Petrobras é a principal financiadora deste Plano, aportando recursos previstos para inves-
timentos em P&D – estabelecidos nos contratos de concessão. O Plano recebe também
recursos financeiros do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, através do PlanSeQ (re-
cursos do Fundo do Amparo ao Trabalhador - FAT) e do Ministério da Ciência e Tecnologia
– MCT (Fundo Setorial do Petróleo e Gás Natural – CT-PETRO).

Até o final de 2010, o Prominp pretende qualificar 78 mil pessoas, em 15 estados do país.

Neste viés, o Prominp criou também um banco de currículos on-line, constituído por todos
os alunos e ex-alunos dos cursos de qualificação, para facilitar o recrutamento dos profis-
sionais pelas empresas fornecedoras do setor petrolífero. Até o momento, o banco conta
com cerca de 1.500 empresas cadastradas, o que representa uma grande oportunidade
para os profissionais treinados pelo Prominp.

148 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Em levantamento recente feito junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, identificou-se que
81% dos profissionais qualificados pelo Prominp estão empregados no mercado de trabalho
formal (Prominp, 2009), representando um percentual extremamente positivo e que pressu-
põe uma qualidade elevada de seus cursos.

Outra ação do Prominp se relaciona ao Reforço Escolar, com o intuito de ampliar as oportu-
nidades de acesso da população de baixa renda às suas qualificações – com foco nos bene-
ficiários do Programa Bolsa Família - oferecendo cursos preparatórios para as provas de
seleção do Plano Nacional de Qualificação Profissional do Programa. Esta ação é desenvol-
vida em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e
com os governos e prefeituras dos estados envolvidos.

No viés tecnológico, o Prominp trabalha na estruturação do Plano de Desenvolvimento Tec-


nológico Industrial, o Prominp Tecnológico. A intenção é elevar a competitividade dos forne-
cedores de bens e serviços, por meio do desenvolvimento e implantação de tecnologias de
base e do fortalecimento da integração entre indústria e universidade.

Nesse sentido, após a realização de um diagnóstico dos processos produtivos e dos desafi-
os tecnológicos destes fornecedores, está sendo estruturada uma agenda de projetos tecno-
lógicos a serem implantados. Com base nesse diagnóstico, também serão levantadas fontes
de recursos para o desenvolvimento dos projetos propostos, que deverão ser não-
reembolsáveis e com contrapartida não-financeira das empresas participantes.

Além disto, a partir de um estudo de competitividade desenvolvido pelo Instituto de Econo-


mia da UFRJ, um trabalho conjunto vem sendo desenvolvido pela Petrobrás, com o BNDES
e o Prominp, para dimensionar a necessidade de ampliação da capacidade produtiva e da
atualização tecnológica industrial. O levantamento está sendo realizado por segmentos in-
dustriais e busca também estimar a necessidade de recursos financeiros e a disponibilidade
de linhas de financiamento que permitam à indústria nacional, condições favoráveis de de-
senvolver sua capacidade produtiva para o atendimento às demandas futuras do setor.

B) Projeto Pólen

Este é um Projeto de Educação Ambiental, fruto de uma medida mitigadora para o licencia-
mento ambiental das atividades de exploração e produção de petróleo e gás. A proposta
geral foi elaborada pelo NUPEM/UFRJ e aprimorada em discussões conjuntas com técnicos
da PETROBRÁS e do IBAMA.

Fazem parte deste Projeto 13 municípios influenciados pelo empreendimento de Ampliação


do Sistema de Tratamento e Escoamento do Campo de Marlim, por meio do FPSO (unidade
flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo) P-47, e da Atividade de
Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural no Campo de Espadarte e área leste do
Campo de Marimbá, por meio do FPSO Espadarte, ambas plataformas localizados na Bacia
de Campos.

Os municípios contemplados são: Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Ar-
mação dos Búzios, Casimiro de Abreu Rio das Ostras, Macaé, Carapebus, Quissamã, Cam-
pos dos Goytacazes, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana.

Os objetivos do Projeto Pólen são conhecer as realidades municipais, estimulando a per-


cepção dos diferentes atores sociais para os processos existentes nos ambientes naturais e
construídos, de modo que os habitantes se sensibilizem com as questões ambientais e ad-
quiram conhecimentos fundamentais para o manejo racional do ambiente por meio da edu-
cação ambiental.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 149


Assim, foram implantados Pólos de Educação Ambiental nos municípios, com apoio local
das Prefeituras, fornecendo subsídios para que lideranças da gestão pública e da sociedade
participem da construção de projetos locais de Educação Ambiental. Por outro lado, são
capacitados profissionais para que reconheçam os riscos e problemas ambientais e desen-
volvam ações protetivas.

Inicialmente, estes Pólos são acompanhados e apoiados pelo Projeto Pólen para que, futu-
ramente, busquem apoio local e alcancem autonomia na realização de novos projetos.

4.5.5 Conexões sobre as Atividades Produtivas e a Capacitação da Mão de Obra

O desenvolvimento regional pressupõe que o potencial produtivo de uma região seja avalia-
do em função de sua capacidade em criar vantagens comparativas a partir de seus recursos
naturais e também de seus recursos construídos, em prol do desenvolvimento.

Uma das principais riquezas de uma sociedade é o capital social, que se refere às redes de
relacionamento constituídas em instituições e sociedades baseadas na confiança, coopera-
ção e inovação, que são desenvolvidas pelas pessoas. O Capital Social é pois, o amálgama
que interconecta as várias formas do Capital Humano, tratando-se do bem intangível mais
valioso da sociedade.

Isto inclui a capacidade local em produzir pesquisas e inovações, geralmente atrelada a um


ambiente educacional e universitário que alavanque os processos de empreendedorismo,
modernização, novas atividades produtivas e primordialmente, a qualificação de mão-de-
obra capacitada.

Por conseguinte, os sucessos econômicos regionais possuem estreita relação com a pre-
sença de instituições de pesquisa e sua conexão com o setor público e privado locais, des-
tacando-se como um dos principais objetivos a articulação entre o setor produtivo e o siste-
ma universitário e de pesquisa. Quais seriam então as melhores propostas de desenvolvi-
mento para o Norte e Noroeste Fluminense?

A partir de constatações empíricas, na análise dos pedidos de implantação de cursos supe-


riores no país, o MEC passou a considerar como este processo poderia contribuir para o
desenvolvimento regional, buscando uma maior coesão entre a oferta de novos cursos e as
vocações locais e/ou regionais.

Considerando a proposição do MEC de adequação dos cursos à “vocação regional” do Nor-


te Fluminense, poderia supor que o ideal seria reorientar a estrutura educacional local para
atender às demandas do setor petrolífero, privilegiando cursos técnicos específicos da área.

No caso do Norte, esta idéia se aplica, primeiramente, pelo fato da indústria petrolífera tratar
de um recurso natural não renovável, que não poderia ser a única vocação sob o risco de
esgotar-se. Desde outra perspectiva, a definição brasileira de município produtor de petróleo
introduziu um elemento diferenciador entre os municípios do Norte e Noroeste Fluminense,
antes delimitado em função da produção açucareira. Os recursos dos royalties, recebido de
modo significativo apenas pelos municípios litorâneos, redefine as alianças locais gerando
um novo recorte regional. Portanto, ainda que se aceitasse como válida a busca da identifi-
cação da “vocação regional”, esta seria mutante.

Mais ainda, tomando como referência a estrutura produtiva dos municípios que compõem a
Região, tendo como indicador a ocupação da mão-de-obra local, chega-se à conclusão de
que as atividades industriais do setor petrolífero concentram-se exclusivamente em Macaé,
sendo assim, os municípios do Norte Fluminense não são produtores de petróleo mas ape-

150 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


nas recebedores de royalties e como tal, se acomodaram com os benefícios financeiros re-
cebidos sem, em alguns casos, promoverem alternativas de diversificação econômica, apre-
sentando cenários futuros sobre seu desenvolvimento com alto grau de incerteza.

No entanto, Piquet (2004) alerta que o conceito de “vocação regional” é impreciso e mutável.
Sendo assim, uma política de desenvolvimento educacional que direcione o crescimento do
ensino superior em sua dimensão territorial, tomando como norte exclusivo a característica
atual dos espaços regionais assume fragilidades.

Considerando-se estes argumentos, reconhece-se a importância de destinar-se recursos


continuados à formação de engenheiros especializados em perfuração, prospecção e outras
especialidades do setor petrolífero e em áreas de alta tecnologia contudo, a Região deve se
preocupar principalmente em não fazer desta a única alternativa, investindo também no de-
senvolvimento de outros setores para o crescimento local, como saúde, educação, meio
ambiente, indústria de transformação, serviços, dentre outras.

No caso da Região Noroeste, os “benefícios” do petróleo não alcançam as mesmas magni-


tudes, se refletindo nas participações especiais recebidas pelos municípios. Nesta localida-
de a situação se apresenta mais grave, em termos de prospecções para seu desenvolvi-
mento. Assim como no Norte, o setor econômico de base primária perdurou por décadas e
foi perdendo espaço até o momento recente de estagnação e/ou enfraquecimento produtivo
em muitos municípios sem, no entanto, haviam encontrado alternativas econômicas, capa-
zes de sustentar um desenvolvimento amplo.

A extração das pedras é um dos potenciais que mais se destaca atualmente mas, como a
maioria das atividades econômicas do Noroeste, enfrenta grandes carências de mão de o-
bra qualificada de comercialização e dificuldades de inserção da população no mercado.

Neste cenário – e retomando a discussão sobre capital social - percebe-se que um dos mai-
ores entraves para o desenvolvimento socioeconômico de ambas as Regiões é o déficit e-
ducacional de sua população, que se reflete em sérios problemas como a escassez de mão
de obra qualificada, seja para a produção específica na área petrolífera, seja para a extra-
ção de pedras e todos os outros setores produtivos.

Além disto, como foram confirmados nos dados, as taxas de crescimento de emprego e a
remuneração tem aumentado em inúmeros setores para os trabalhadores mais qualificados.

Assim, o papel da educação universitária e a natureza dos cursos que devem ou deveriam
ser implementados para o desenvolvimento regional devem ocupar um crescente espaço
em debates, sob a influência dos estudos locais já consolidados, que destacam as relações
entre desenvolvimento regional, de um lado, a presença de centros de ensino e de pesqui-
sas e a oferta de mão-de-obra qualificada, de outro.

Estruturar o Sistema Educacional local para servir exclusivamente ao setor minerário seria
uma estratégia de curto-prazo. Concomitante a isso, deve-se preparar as gerações de uni-
versitários para serem capazes de conhecer a Região em que vivem, em seus múltiplos
aspectos a partir do domínio de saberes diversificados, pois a aquisição de conhecimentos
exerce um papel estratégico como agente de mudanças.

Por fim, entende-se que o ensino superior deve ter a pretensão de contribuir, nos limites de
sua atuação, com o enfrentamento do hiato entre o avanço científico e tecnológico e a ca-
pacidade de reação e de reorganização dos equipamentos, serviços e instituições sociais
para o trato de novas realidades, unindo os avanços da ciência e da tecnologia às lacunas e
potencialidades de desenvolvimento econômico, humano e social sustentável das Regiões.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 151


5 RENDA

O tema Renda vem perpassando todo o trabalho, nas avaliações de PIB, de renda per capi-
ta e nas diversas análises do tema “Trabalho”. Mais especificamente, foi analisado no tópico
a seguir alguns indicadores sintéticos que refletem a produção, utilização e distributividade
de renda nas localidades em estudo.

Analisa-se o IQM do Norte e do Noroeste Fluminense, seguido por uma comparação dos
indicadores IDH-Municipal, IFDM e do próprio IQM.

Discute-se também a distributividade da renda para seus habitantes, a partir dos fenômenos
locais de exclusão social e dos próprios programas sociais oferecidos nos municípios estu-
dados, tanto aqueles de cunho federal e estadual, como advindos de iniciativas particulares.

Foto 34 - Macaé

Fonte: Foto das autoras, 2009


5.1 Índice de Qualidade dos Municípios (IQM)

A análise do IQM reflete diversos temas que apontam para as condições econômicas e so-
ciais dos municípios, que advém direta ou indiretamente da quantidade de riqueza existente
em uma sociedade e da forma como estes recursos são aplicados para a produção de mais
riqueza, através da atração de negócios.
O Índice de Qualidade dos Municípios (IQM) foi desenvolvido pela Fundação Centro de In-
formações e Dados do Rio de Janeiro (CIDE), órgão do Governo do Estado vinculado à Se-
cretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Turismo – SEDET, com sua primeira
edição realizada em 1998. O Índice avalia as condições dos municípios para atrair investi-
mentos, bem como sua capacidade para multiplicar os eventuais benefícios gerados por
estes.
Segundo Ranulfo Vidigal, diretor executivo da CIDE, entre as principais propostas da pes-
quisa está orientar os possíveis investimentos nos municípios: "Esses resultados colaboram
para orientação dos investidores dos setores público e privado, assim como a atração de
novos investimentos". (Muniz, 2006).
Assim, o IQM pode ser utilizado como um instrumento de gestão municipal, pois apresenta
um panorama diversificado em termos de análise de dados, podendo subsidiar também um
planejamento estratégico, já que abrange diversos temas que contemplam o desenvolvimen-
to econômico sustentável. (Plano Diretor São João da Barra, 2006).

152 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Em 1998 foi lançada sua primeira versão (IQM I), que conta com indicadores relativos ao
meio ambiente (IQM Verde I e IQM Verde II), às carências municipais (IQM Carências), ao
déficit habitacional (IQM Necessidades Habitacionais) e às Finanças Públicas (IQM Susten-
tabilidade Fiscal). Em 2006, a Fundação CIDE lançou uma segunda versão, ampliada, intitu-
lada Potencial para o Desenvolvimento II (IQM-2005).
Foram adotadas duas vertentes no IQM-2005, em termos de referencial teórico: a Teoria
das Localidades Centrais e a formação dos Pólos de Desenvolvimento. Em termos de Loca-
lidades Centrais, destaca-se a perspectiva de um processo de crescimento que se dá, ne-
cessariamente, de forma espontânea. Ou seja, um determinado município alcança, por suas
características socioeconômicas, um lugar de destaque no âmbito da região a qual integra.
Sendo assim, naturalmente ele desencadeia um processo dinâmico de atração e irradiação
do desenvolvimento, envolvendo municípios e localidades vizinhas. Forma-se aí uma locali-
dade central ligada à uma rede de centros secundários. No Norte e Noroeste Fluminense,
Campos dos Goytacazes e Itaperuna são bons exemplos de localidades centrais.
Já a teoria dos Pólos de Desenvolvimento preconiza a participação do Estado como o único
agente capaz de formular e fomentar determinado processo de crescimento econômico. No
Estado do Rio de Janeiro, a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Re-
donda, é o melhor exemplo de emprego deste modelo. Cabe ao Estado, portanto, criar pólos
de desenvolvimento nas regiões menos favorecidas, com a função de irradiar o desenvolvi-
mento por toda a área de influência dos centros escolhidos para a instalação de tais pólos.
Assim, os processos espontâneos de desenvolvimento que destacam um município podem
ser mesclados aos processos de desenvolvimento planejados, considerando-se a participa-
ção tanto dos atores municipais como do Estado.
Para o cálculo do IQV foi realizada uma classificação geral dos municípios, obtida a partir de
sete grupos de indicadores, com pesos diferentes: centralidade e vantagem locacional, qua-
lificação da mão-de-obra, riqueza e potencial de consumo, facilidades para negócios, infra-
estrutura para grandes empreendimentos, dinamismo e cidadania.
Os Grupos de Indicadores consideraram:
DIN: o dinamismo da economia local, representado pela existência de alguns serviços espe-
cializados e pelo nível de suas atividades (dinamismo);
CEN: a capacidade do município para estabelecer vínculos com os mercados vizinhos (cen-
tralidade e vantagem locacional);
RIQ: a demonstração da riqueza existente no município, representada pela sua produção e
pelo nível de rendimento de seus habitantes (riqueza e potencial de consumo);
QMA: a representação do padrão de formação educacional da população, do ponto de vista
da especialização e profissionalização (qualificação da mão-de-obra);
FAC: o demonstrativo das facilidades existentes para a operação das empresas e de seus
funcionários (facilidades para negócios);
IGE: a demonstração de condições favoráveis à implantação e operação de empresas de
grande porte (infra-estrutura para grandes empreendimentos);
CID: a representação das condições de atendimento às necessidades básicas da população
do município no que diz respeito à saúde, educação, segurança, justiça e lazer (cidadania).
Cada grupo de indicadores abordou um aspecto das condições básicas consideradas ne-
cessárias ao desenvolvimento, num total de 37 variáveis. Cada um destes grupos foi, por

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 153


sua vez, composto de um número variado de indicadores, ou critérios, considerados rele-
vantes para a composição do indicador em questão.
Em sua segunda edição, foram analisados novamente os 92 municípios fluminenses em
termos de qualidade de vida e desenvolvimento econômico, estando entre as variáveis po-
der de consumo, dinamismo, infra-estrutura e desenvolvimento social, entre outros. Foi utili-
zada a mesma metodologia da primeira publicação, suprimindo-se apenas o indicador INT,
que indicava a facilidade de acesso à Internet no município. 10
Do total dos municípios, apenas sete (8%) mantiveram a classificação anterior (destes sete,
cinco permaneceram entre os vinte primeiros colocados), enquanto 48 municípios (52%)
decresceram na ordem de classificação.
Dez municípios subiram mais de vinte posições, enquanto sete caíram neste mesmo pata-
mar. A capital e Niterói continuam com as primeiras colocações, mantendo grandes distân-
cias entre seus índices e os dos demais municípios. O índice do sétimo classificado (Porto
Real) já corresponde a menos de 50% do primeiro colocado (Rio de Janeiro). Entre o Rio de
Janeiro e Macaé (3º colocado), a distância é de 36%; entre o Rio de Janeiro e Volta Redon-
da (4º colocado), de 44%.
Os dez primeiros municípios que se destacaram nesta Edição foram o Rio de Janeiro, Nite-
rói, Macaé, Volta Redonda, Resende, Rio das Ostras, Porto Real, Casimiro de Abreu, Cam-
pos dos Goytacazes, Duque de Caxias. Entre os 20 melhores também apresentaram bons
índices de Piraí, Petrópolis, Cabo Frio, Barra Mansa, Vassouras, Nova Iguaçu, Três Rios,
Armação de Búzios, São Gonçalo e Itaguaí.
Há que se ressaltar o resultado obtido por Niterói, cuja distância para o Município do Rio de
Janeiro caiu de 29% (IQM-1998) para 19% (IQM-2005), ou seja, diminuiu 10 pontos percen-
tuais, uma aproximação notável para um período de tempo tão curto, segundo avaliação da
Fundação CIDE. O mesmo se pode dizer quanto a Rio das Ostras, que diminuiu seu valor
em 19 pontos percentuais e Macaé, com 16 pontos percentuais a menos, ambos revelando
melhoras expressivas em suas condições.

5.1.1 IQM Região Norte

Gráfico 26 - Região Norte Fluminense, Evolução do IQM, 1998 - 2000


Região Norte Fluminense - Índice de Qualidade dos Municípios - IQM, 1998 e 2005
Índice
1,000
0,639

0,800
0,479

0,459
0,425

0,600
0,353

0,252
0,231

0,222

0,220
0,174

0,400
0,160
0,151

0,164

0,149

0,102

0,086

0,000

0,000

0,200

0,000
Macaé Cam pos dos Quissam ã Conceição São João da São Fidélis Carapebus Cardoso São Municípios
Goytacazes de Macabu Barra Moreira Francisco de
Itabapoana

1998 2005

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE

10
Para atender aos objetivos propostos para a nova versão do IQM e, além disto, manter a comparabilidade com
a versão anterior de 1998, optou-se pela análise dos dados a partir de duas abordagens: a primeira, que estabe-
lece um ranking (IQM- Ranking), é baseada na utilização de índices padronizados, que variam de 0 a 1 e repro-
duz a metodologia já utilizada na primeira edição, com pequenos ajustes. A segunda utiliza-se a Análise Multicri-
tério (IQM- Multicritério) para permitir a comparação do município com ele próprio, em dois momentos (IQM-1998
e IQM-2005).
154 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Avaliando-se o IQM nos anos de 1998 e 2005, de acordo com o critério de análise do ran-
king municipal, Macaé apresenta uma posição de destaque tanto no Estado como na Regi-
ão, com aumento muito significativo de 0,4789 para 0,6386, seguido por um bom desempe-
nho de Campos que, ainda assim, alcançou um menor valor de 0,4585 em 2005. Quissamã
apresentou uma melhora expressiva neste período, chegando a 0,3528.

Os outros municípios do Norte, apesar de alguns terem aumentado seu IQM, seguem em
posições bastante desfavoráveis no conjunto, com valores pequenos e que revelam dificul-
dades, seja na sua atratividade para novos negócios, qualificação da população, dinamismo
local e/ou em suas questões de porte social, cunhadas como “cidadania”. Assim, apesar do
aumento, Carapebus e São João da Barra obtiveram IQM de 0,1595 e 0,1742, respectiva-
mente, valores bem abaixo dos melhores valores regionais.
Já São Fidélis e Conceição do Macabu apresentaram queda e ficaram em 2005 com IQM de
0,1644 e 0,0864 cada, valores muito aquém do desejado. De acordo com a avaliação deste
índice, é extremamente grave a situação de São Francisco de Itabapoana, que apresentou
valores iguais a zero nos dois anos avaliados, sugerindo uma situação socioeconômica de
extrema vulnerabilidade, necessitando de grandes esforços para ser revertida.
Além disto, verifica-se que, regionalmente, há uma imensa desigualdade interna, pois en-
quanto Macaé ocupou a 3a posição em 2005, São Francisco do Itabapoana ocupou a 92a
posição, a pior do Estado. Neste mesmo período, de 1998 a 2005, Campos manteve uma
boa posição estadual no 9o lugar, Quissamã foi o município que mais ganhou posições na
região, de 45o lugar para o 24o, seguido de Conceição do Macabu, no 51o lugar, São João
da Barra, 62o, São Fidélis, 67o lugar, Carapebus, 69o e Cardoso Moreira, 82o.

Gráfico 27 - Região Norte Fluminense, Evolução na posição dos Municípios segundo IQM,
1998 - 2005

Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Norte Fluminense - IQM, 1998 e 2005

100 91 92
81 82
80 73 74
67 69
62
60 51 54
45 1998
36 2005
40
24
20
9 9
5 3
0
Macaé Campos dos Quissamã Conceição São João da São Fidélis Carapebus Cardoso São
Goytacazes de Macabu Barra Moreira Francisco de
Itabapoana
Municípios

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE


Desde uma perspectiva mais detalhada, apresenta-se a posição no ranking de cada um dos
sete indicadores constituintes do IQM, por municípios, nos anos de 1998 e 2005. Campos
manteve seu 9o lugar geral, mas referente aos indicadores sua melhor posição em 1998 se
referiu à Facilidade para Negócios, que chegou em 2005 ao 1o lugar do Estado. Seu Dina-
mismo melhorou bem, chegando em 2005 ao 12o lugar e as piores dimensões foram a Ri-
queza, 36a posição e a Cidadania, que caiu de 14a para 50a posição em 2005, sugerindo que
algo piorou bastante em termos de qualidade de vida da população.
Carapebus melhorou sua posição, de 74o para 69o lugar. Entretanto, no período avaliado
perdeu posições na Qualificação de Mão-de-Obra, 41o e Facilidade para Negócios 52o, con-
tinuando em posições desfavoráveis com relação ao Dinamismo, 86o e à Cidadania 81o,

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 155


melhorando significativamente apenas sua Infraestrutura para Grandes Empreendimentos,
32o lugar.
Já Cardoso Moreira piorou uma posição no ranking geral, ficando com o 82o lugar e apre-
sentando avaliações desfavoráveis em uma série de grupos: No Dinamismo, 71o, em Cen-
tralidade, 86o, que foi sua piora mais expressiva no período, Infra-estrutura para Grandes
Negócios, 79o e Cidadania, 83o. Seu indicador mais favorável foi a Qualificação da Mão-de-
Obra 38o, revelando em seu conjunto inúmeras dificuldades municipais.

Conceição de Macabu foi o município do Norte que mais perdeu posições no IQM, diminuin-
do seu Dinamismo, 34o, sua Centralidade, 63o, a Qualificação da Mão-de-Obra, 46o e outros,
ou seja, não houve perdas de posição expressivas, mas quase todos os seus grupos perde-
ram um pouco e influenciaram negativamente na colocação geral.

Macaé seguiu mantendo uma posição excelente e passou de 5o para 3o lugar estadual no
IQM. Em 2005, ficou com o 2o lugar em Riqueza, o 4o lugar em Qualificação de Mão-de-
Obra, 6o lugar em Infra-estrutura para Grandes Negócios. Seus piores valores foram o Di-
namismo, ocupando o 33o lugar e a Cidadania, ficando na 39a posição.

Quissamã foi o município do Norte que melhorou mais sua posição estadual do IQM, ele-
vando-se de 45o para 24o lugar. Contribuíram muito para esta melhora o salto de 63o para
18o lugar em Riqueza, a melhoria do 67o para o 36o lugar em Dinamismo e do 69o para o 45o
em Qualificação de Mão-de-Obra, estes três destacando-se como grandes mudança. Sua
Infraestrutura para Grandes Negócios já ocupava uma boa posição e chegou a 13o lugar. A
Centralidade piorou um pouco, 79o, mas seu pior indicador foi a Cidadania, com queda ex-
pressiva para o 77o lugar.

São Fidélis piorou sua classificação de 54o para 67o e contribuíram para esta perda pioras
em diversos grupos de indicadores, com destaque para a Cidadania, que abaixou para o 30o
lugar. O Dinamismo elevou-se para a 48o posição, a Riqueza chegou ao 53o lugar e consta-
ta-se que, similar a Conceição do Macabu, não houve ganhos ou perdas muito expressivos
mas que, somados, resultaram em uma piora.

São Francisco do Itabapoana passou da penúltima para a última posição dentre os municí-
pios fluminenses e está muito mal classificada em todos os indicadores, especialmente Cen-
tralidade, Infraestrutura para Grandes Negócios e Cidadania. Sua melhor posição em 2005
foi a 68a, relativa à Facilidade para Negócios.

São João da Barra melhorou o seu desempenho no período, passando da 73ª para a 62ª
posição. Quando são analisadas as sete dimensões, o Município destacou-se com relação à
Cidadania, 23ª posição e Riqueza e Potencial de Consumo, 31ª posição. No que diz respeito
a Qualificação de Mão-de-Obra e Centralidade e Vantagem Locacional existem muitas difi-
culdades pois encontra-se, em ambos, na 67ª posição.

Tabela 72 - Região Norte Fluminense, Variação das Posições do IQM por Grupo de Indicado-
res, 1998 - 2005
Variação das posições, por grupo de indicadores do IQM, de 1998 para 2005
Municípios da
IQM DIN CEN RIQ QMA FAC IGE CID
Região Norte
98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05
Fluminense
Campos dos
9 / 9 27 / 12 20 / 17 73 / 36 17 / 14 6/1 35 / 27 14 / 50
Goytacazes
Carapebus 74 / 69 88 / 86 82 / 71 50 / 41 30 / 41 36 / 52 60 / 32 78 / 81
Cardoso Moreira 81 / 82 44 / 71 90 / 89 22 / 86 34 / 38 50 / 64 89 / 79 81 / 83
Conceição de
36 / 51 24 / 34 56 / 63 44 / 44 38 / 46 67 / 65 86 / 81 22 / 25
Macabu
156 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Municípios da
IQM DIN CEN RIQ QMA FAC IGE CID
Região Norte
98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05
Fluminense
Macaé 5/3 37 / 33 17 / 13 5/2 6/4 7/8 13 / 6 18 / 39
Quissamã 45 / 24 67 / 36 75 / 79 63 / 18 69 / 45 37 / 37 18 / 13 53 / 77
São Fidélis 54 / 67 62 / 48 63 / 70 61 / 53 57 / 60 61 / 67 87 / 69 13 / 30
São Francisco de
91 / 92 84 / 80 91 / 92 86 / 75 76 / 75 72 / 68 91 / 91 90 / 90
Itabapoana
São João da Barra 73 / 62 76 / 47 72 / 67 25 / 46 70 / 67 70 / 83 54 / 31 35 / 23
Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE

Observando-se os grupos de indicadores, em 2005, no Norte Fluminense, o município que


demonstrou maior Dinamismo foi Campos, 12o lugar, sendo o segundo melhor da Região
Macaé, bem abaixo, no 33o lugar. A Centralidade foi melhor avaliada em Macaé, 13o lugar,
seguida de Campos, 17o lugar.

Referente à Riqueza, Macaé ocupou o 2o lugar e ficou muito acima de todos os outros muni-
cípios, sendo o segundo melhor da Região Quissamã, no 18o lugar. A Qualificação da Mão-
de-Obra também foi melhor em Macaé, 4o lugar e depois em Campos, 14o lugar. A Facilida-
de para Negócios foi melhor colocada em Campos, 1o lugar, seguido por Macaé, 8o lugar e,
por sua vez, Macaé oferecia a melhor Infra-estrutura para Grandes Negócios, 6o lugar, se-
guido de Quissamã, 13o lugar.

À exceção de São João da Barra, todos os municípios pioraram seu grupo de indicadores de
Cidadania, o que aponta para uma possível piora de vida dos habitantes.

É importante observar que, apesar de Macaé e Campos alternarem as melhores posições


com relação à diversas questões que envolvem o desenvolvimento econômico, a Cidadania
foi melhor avaliada em São João da Barra, 23o lugar, seguido por Conceição do Macabu,
25o lugar e não está bem qualificada em ambos os municípios de destaque econômico do
Norte, revelando que a riqueza e as potencialidades materiais não garantem condições de
vida adequada para suas populações, o que pode ser inferido pelos resultados da pesquisa
do IQM.

5.1.2 IQM Região Noroeste

São realizadas para a Região Noroeste as mesmas análises feitas para o Norte. Nota-se
que no IQM-2005, não se encontra, entre os vinte primeiros colocados, um único município
representante do Noroeste. O mesmo não aconteceu no IQM-1998, que registrou dois muni-
cípios desta Região: Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus do Itabapoana.

A partir do Gráfico, entre 1998 e 2005 a maioria dos municípios do Noroeste piorou seu va-
lor, à exceção de Itaperuna, com elevação de 0,258 para 0,332 e Laje do Muriaé, para
0,1214, o que demonstra uma situação grave, especialmente porque os valores já eram bas-
tante baixos, sendo que os maiores eram o de Bom Jesus de Itabapoana, 0,3514, caindo
um pouco para 0,3469, Santo Antônio do Pádua, 0,393, que caiu para 0, 293, de Itaperuna,
que se elevou para 0,3316 e de Miracema, 0,346, que abaixou em 2005 para 0,290.

Neste mesmo ano, Itaocara e Natividade ficaram com seu IQM perto de 0,2, seguido por
Cambuci, Italva, Porciúncula, Aperibé e Laje do Muriaé, com valores médios de 0,140. As
duas últimas posições no ranking são ocupadas por São José de Ubá, 0,027 e Varre-Sai,
0,021.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 157


Esses indicadores evidenciam que, no geral, os componentes do IQM no Noroeste Flumi-
nense, como a atratividade para novos negócios, a qualificação da população, o dinamismo
local e/ou suas questões de cunho social, como a “cidadania” dentre outros, estão extrema-
mente baixos e inferiores a outros municípios do Estado. Os valores refletem as múltiplas
carências e deficiências locais no que diz respeito à possibilidade de desenvolvimento de
seus municípios e às dificuldades para o enfrentamento do problema, tendo em vista a com-
plexidade do processo de reversão desta situação.

Gráfico 28 - Região Noroeste Fluminense, Evolução do IQM – 1998, 2000

Região Noroeste Fluminense - Índice de Qualidade dos Municípios - IQM, 1998 e 2005
Índice

1,0000

0,8000

0,6000
0,3931
0,3514
0,3469

0,3459

0,3316
0,2927

0,2897

0,2575

0,2548

0,2328
0,2250

0,4000

0,2093
0,1996

0,1967

0,1991

0,1628
0,1518
0,1444

0,1464

0,1304

0,1214
0,1145

0,0425
0,0302
0,0269

0,0213
0,2000

0,0000
Bom Jesus Santo Miracem a Itaperuna Itaocara Natividade Cam buci Italva Porciúncula Aperibé Laje do São José Varre-Sai Municípios
do Antônio de Muriaé de Ubá
Itabapoana Pádua

1998 2005

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE.


Além disto verifica-se que, regionalmente, há uma grande desigualdade interna, pois en-
quanto Bom Jesus de Itabapoana ocupou a 26a e Itaperuna a 31a posições estaduais em
2005, São José de Ubá ocupou a 89a posição e Varre-Sai a 90a posição, ambas entre as
piores do Estado.

Neste mesmo período, de 1998 a 2005, Itaperuna apresentou o 2º lugar regional no IQM,
perdendo 3 posições, Santo Antônio de Pádua decresceu muito para a 36ª posição, mas
ainda manteve o terceiro lugar de IQM no Noroeste, seguido por Miracema e Itaocara, que
também pioraram bem, mas estão melhores que os outros 7 municípios da região. Nativida-
de alcançou um valor similar ao de Itaocara, enquanto Cambuci, Italva, Porciúncula e Aperi-
bé estão próximos no ranking regional.

Gráfico 29 - Região Noroeste Fluminense, Evolução na posição dos Municípios segundo IQM,
1998 - 2005

Ranking Estadual dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - IQM, 1998 e 2005
Ranking
100
89 89 88 90
77 79 80 80
80 76
70 72

57 60 58
60 56
50
43
36 37 34 31 35
40
26
21
17
20 10

0
Bom Jesus Santo Miracem a Itaperuna Itaocara Natividade Cambuci Italva Porciúncula Aperibé Laje do São José Varre-Sai Municípios
do Antônio de Muriaé de Ubá
Itabapoana Pádua

1998 2005

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE.


Dos 13 municípios, apenas Itaperuna melhorou um pouco sua colocação estadual em três
posições e Laje do Muriaé e São José do Ubá mantiveram-se iguais no ranking, em posi-
158 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
ções bastante desfavoráveis. Os outros municípios apresentaram quedas em suas posições
de IQM, sendo que alguns tiveram quedas expressivas, a maior delas ocorrida em Aperibé,
do 43º para o 79º lugar na avaliação e Pádua, do 10º para o 36º lugar.

Desde uma perspectiva mais detalhada, apresenta-se a posição no ranking de cada um dos
sete indicadores constituintes do IQM, por municípios, nos anos de 1998 e 2005. O melhor
lugar regional, que em 1998 era de Pádua, foi ocupado por Bom Jesus de Itabapoana, que
entretanto decaiu da 17ª para a 26ª posição. Referente ao seu grupo de indicadores havia
em 1998 dois terceiros lugares para o município, Dinamismo e Cidadania e se mantiveram
em 2005, quando ainda estava bem posicionada a Centralidade, 19º lugar. Dentre suas pio-
res colocações houve a queda da Riqueza do 48º para o 59º lugar e da Qualificação da
Mão-de-Obra, que abaixou para o 48º lugar. Sua principal melhora foi na Facilidade para
Negócios, que elevou-se do 73º para o 49º lugar.

Aperibé também piorou bastante, da 43a para a 79a posição, durante este período, estando
muito mal classificado em 2005 com relação ao Dinamismo, 88º lugar, seu pior valor e Quali-
ficação, 78º lugar. Houve outras pioras referentes à sua Centralidade, do 25º para o 62º lu-
gar, Infraestrutura para Grandes Empreendimentos, que caiu do 58º para o 73º lugar e Ci-
dadania, que diminuiu do 33º para o 56º lugar.

Cambuci piorou sua colocação geral da 60ª para a 77ª posição, em 2005. Contribuíram bas-
tante para isto a passagem do Dinamismo do 22º lugar para o 70º lugar. As outras perdas
nas colocações não foram tão expressivas mas, somadas, rebaixaram o município – Centra-
lidade e Facilidade para negócios. Sua melhor subida foi em Infraestrutura para Grandes
Empreendimentos, que melhorou da 77ª para a 66ª posição.

Já Italva perdeu duas posições, ficando em 2005 na 72º posição, tendo enfrentado grandes
perdas e ganhos em seus grupos de indicadores. Seu melhor indicador foi o Dinamismo, na
42º posição, onde enfrentou melhora expressiva e na Cidadania, 45ª posição, enquanto pio-
rou muito sua Centralidade, Riqueza e Facilidade para negócios, equilibrando-se o resultado
final, mas tendo mudado a avaliação de suas características entre 1998-2005.

Itaocara perdeu várias posições neste intervalo, caindo da 35ª para a 56ª posição, influenci-
ada por perdas no seu Dinamismo e Qualificação da Mão-De-Obra, em 55º e 50º lugares,
respectivamente. Ficaram estáveis suas colocações de Facilidade para Negócios, 74º lugar
e Cidadania, 40º lugar e apresentaram melhoras expressivas a Riqueza, do 76º para o 38º
lugar e a Infraestrutura para Grandes Empreendimentos, do 75º para o 54º lugar.

Itaperuna foi o único município do Noroeste que ganhou posições no ranking estadual, pas-
sando do 34º para o 31º posto. Melhorou seu Dinamismo, que em 2005 ficou no 49º lugar,
sua Centralidade, que chegou ao 23º lugar, com grandes melhorias na Qualificação da Mão-
de-Obra, do 20º para o 7º lugar, na Infraestrutura para Grandes Empreendimentos, do 50º
para o 33º lugar e na Cidadania, do 26º para o 8º lugar. Piorou apenas na Facilidade para
Negócios, passando da 63ª para a 71ª posição, revelando progressos locais em inúmeras
áreas investigadas.

A situação de Laje do Muriaé é muito insatisfatória sob vários aspectos. Manteve entre
1998-2005 a 80ª posição estadual e a maioria do seu grupo de indicadores estava cerca da
80a posição estadual, à exceção do Dinamismo, que melhorou do 83º para o 54º lugar e a
Cidadania, que melhorou do 11º para o 4º lugar do ranking, o que surpreende tendo em vis-
ta os resultados negativos dos outros indicadores.

Miracema era um dos municípios mais bem colocados da Região, em 1998 e caiu do 21º
para o 37º lugar. Em 2005 perdeu em Dinamismo, ficando na 15ª posição, a Centralidade
também caiu um pouco para o 22º lugar, igual a Cidadania, que ficou na 12ª posição. A In-

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 159


fraestrutura para Grandes Empreendimentos piorou do 53º para o 62º lugar. A Riqueza foi o
único indicador que se elevou, do 62º para o 45º lugar.

Com relação às mudanças em Natividade houve uma perda de colocação da 50ª para a 57ª
posição entre 1998-2005, sendo que neste ano a Centralidade caiu do 50º para o 66º lugar,
e a Qualificação da Mão-de-Obra também perdeu posições do 51º para o 62º lugar. Houve
elevação no Dinamismo, para o 14º lugar, em Riqueza, para o 43º lugar e em Cidadania,
para o 18º lugar. Seu pior indicador foi, em ambos os anos avaliados a Facilidade para Ne-
gócios, estando em 88º lugar em 2005 e abaixando seu valor total.

Porciúncula caiu várias posições e ficou em 2005 no 76º lugar, com perdas expressivas em
seu Dinamismo, que ficou no 43º lugar, Centralidade, 72º lugar e Facilidade para Negócios,
89º lugar, seu pior índice. Houve melhoras na Qualificação de Mão-de-Obra, do 80º para o
69º lugar e na Cidadania, do 20º para o 14º lugar.
Santo Antônio de Pádua era em 1998 o município melhor classificado do Noroeste Flumi-
nense e muito bem colocado também no Estado, 10ª posição, mas caiu para a 36ª posição
em 2005, em parte pelas grandes perdas de colocação no Dinamismo, que foi do 2º para o
27º lugar, em Qualificação da Mão-de-Obra, que caiu para o 28º lugar na Facilidade para
Negócios, que perdeu muitas posições da 20ª para a 66ª posição, entretanto com melhoras
menos expressivas em Riqueza, para a 24ª posição, em Infraestrutura para Grandes Em-
preendimentos, para a 36ª posição e em Cidadania, para a 16a posição em 2005, contraba-
lançando um pouco as perdas.
Os dois outros municípios do Noroeste foram muito mal colocados, São José de Ubá e Var-
re-Sai. São José de Ubá manteve nos anos avaliados a 89ª posição, apresentando suas
posições mais desfavoráveis em Centralidade, 90º, Facilidade para Negócios, 85ª e Cidada-
nia, 91ª posição, em 2005. Neste mesmo ano, suas melhores colocações foram em Infraes-
trutura para Grandes Empreendimentos, que melhorou muito da 80ª para a 40ª posição e
em Qualificação da Mão-de-Obra, que passou da 75ª para a 66ª posição.
Varre-Sai piorou da 88ª para a 90ª posição, a pior do Noroeste e uma das piores do Estado.
Todos os seus grupos de indicadores foram avaliados em posições muito desfavoráveis,
sendo o mais baixo a Facilidade para Negócios, 92º lugar, pior do Estado, 88º lugar para
Infraestrutura para Grandes Empreendimentos e 87o lugar para Qualificação de Mão-de-
Obra, em 2005, além de piora na Cidadania do 61o para o 78o lugar.
Tabela 73 - Região Noroeste Fluminense, Variação das Posições do IQM por Grupo de Indica-
dores, 1998 - 2005
Variação das posições, por grupo de indicadores do IQM, de 1998 para 2005
Municípios da Região IQM DIN CEN RIQ QMA FAC IGE CID
Noroeste Fluminense 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05
Aperibé 43 / 79 86 / 88 25 / 62 26 / 20 58 / 78 60 / 69 58 / 73 33 / 56
Bom Jesus do Itabapoana 17 / 26 3/3 16 / 19 48 / 59 37 / 48 73 / 49 48 / 43 3/3
Cambuci 60 / 77 22 / 70 68 / 73 65 / 65 73 / 71 57 / 63 77 / 66 34 / 31
Italva 70 / 72 81 / 42 44 / 76 58 / 82 46 / 49 55 / 73 73 / 67 73 / 45
Itaocara 35 / 56 26 / 55 41 / 38 76 / 38 13 / 50 74 / 74 75 / 54 40 / 40
Itaperuna 34 / 31 53 / 49 34 / 23 27 / 27 20 / 7 63 / 71 50 / 33 26 / 8
Laje do Muriaé 80 / 80 83 / 54 52 / 80 87 / 89 87 / 86 86 / 87 76 / 80 11 / 4
Miracema 21 / 37 9 / 15 14 / 22 62 / 45 56 / 59 49 / 51 53 / 62 4 / 12
Natividade 50 / 57 28 / 14 50 / 66 56 / 43 51 / 62 84 / 88 68 / 63 24 / 18
Porciúncula 58 / 76 29 / 43 62 / 72 59 / 58 80 / 69 52 / 89 69 / 71 20 / 14
Santo Antônio de Pádua 10 / 36 2 / 27 36 / 42 35 / 24 18 / 28 20 / 66 41 / 36 19 / 16
São José de Ubá 89 / 89 89 / 77 88 / 90 80 / 70 75 / 66 88 / 85 80 / 40 83 / 91
Varre-Sai 88 / 90 82 / 78 85 / 86 45 / 83 85 / 87 91 / 92 84 / 88 61 / 78
Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE
160 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Fazendo-se uma síntese de todos os grupos de indicadores no Noroeste, em 2005 o muni-
cípio que demonstrou maior Dinamismo foi Bom Jesus de Itabapoana, com a excelente co-
locação do 3o lugar estadual, sendo o segundo melhor da região Natividade, bem abaixo no
14o lugar e Miracema, no 15o lugar, apesar de ambos municípios estarem bem classificados.
A Centralidade também foi melhor avaliada em Bom Jesus de Itabapoana, 19o lugar, segui-
do de Miracema, 22º lugar.

Referente à Riqueza, Aperibé ocupou o 20º lugar e ficou muito acima da maioria dos outros
municípios regionais, sendo o outro melhor Pádua, no 24º lugar e Itaperuna, no 27º lugar. A
Qualificação da Mão-de-Obra foi extremamente melhor em Itaperuna, 7º lugar e depois em
Pádua, 28º lugar, sendo que neste indicador houve valores muito baixos em quase todos os
municípios. A Facilidade para Negócios não ficou bem colocada em nenhum município,
sendo que a melhor posição regional foi de Bom Jesus de Itabapoana, 49ª, seguida de Mi-
racema, 51ª posição e, por sua vez, Itaperuna ofereceu a melhor Infraestrutura para Gran-
des Negócios, 33º lugar, seguido de Pádua, 36º lugar.

Com relação à Cidadania, houve grandes variações nas classificações, sendo que os me-
lhores colocados foram, em 2005, Bom Jesus de Itabapoana, 3º lugar e Laje do Muriaé, 4o
lugar, estando abaixo das 20 posições estaduais Itaperuna, Miracema, Natividade, Porciún-
cula e Pádua, ou seja, mais da metade dos municípios da Região ficaram muito bem classi-
ficados neste quesito, o que é paradoxal e, considerando-se que nos outros grupos de indi-
cadores grande parte apresentou classificações muito abaixo do desejável.

É importante observar que Bom Jesus de Itabapoana, Itaperuna, Miracema e Pádua se des-
tacam em algumas questões e que em Cidadania destacam-se Laje do Muriaé e Itaperuna,
revelando que as potencialidades econômicas podem ou não estar conectadas com o de-
senvolvimento social local, ou seja, a riqueza e as potencialidades materiais não garantem
condições de vida adequadas para suas populações, ao mesmo tempo em que não são, de
nenhuma maneira, excludentes.

Preocupante também são as situações de São José de Ubá e Varre-Sai, ocupando as pio-
res classificações da Região e entre as piores do Estado, indicando graves problemas tanto
no desenvolvimento econômico como social.

5.1.3 Comparação IDH, IFDM e IQM Norte e Noroeste

O IDH-M e o IFDM foram os outros indicadores utilizados para compreender-se o tema, tan-
to porque a renda faz parte de seus subíndices, como porque seus outros dois subíndices,
saúde e educação, possuem relação direta com a renda, quer dizer, grupos com rendas
mais elevadas costumam ter acessos mais privilegiados à saúde e educação e vice-versa.

Segundo o PNUD (1998), o desenvolvimento humano pode ser entendido como um proces-
so abrangente, considerando-se as dimensões econômicas, sociais, políticas e culturais que
influenciam a qualidade da vida humana.

Por sua vez, tem sido usualmente acrescido ao termo “desenvolvimento humano” a noção
do “sustentável”, refletindo que crescimento não necessariamente significa desenvolvimento,
pois há situações em que o aumento de riqueza não resulta em melhores condições de vida
para a população, ou seja, em municípios com uma renda per capita elevada pode haver
uma qualidade de vida inadequada para seus habitantes, com baixos indicadores de desen-
volvimento humano e vice-versa.

Na análise dos dados municipais, foi desenvolvido um indicador específico a partir do IDH: o
IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, que utiliza quatro indicadores agru-

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 161


pados em três dimensões: Longevidade (esperança de vida ao nascer), Educação (alfabeti-
zação e taxa de matrícula) e Renda (PIB per capita).

O IDH varia de zero a um e classifica os países/municípios com índices considerados como


baixo, médio ou alto desenvolvimento humano, respectivamente nas faixas de 0 a 0,5; de
0,5 a 0,8; e de 0,8 a 1. Quanto mais próximo de 1 for o IDH, maior o nível de desenvolvi-
mento humano constatado, o mesmo valendo para os municípios avaliados.

Segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2003), a média brasileira melhorou


sua posição no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) nos últimos 9 anos,
passando de 0,709, em 1991, para 0,764, em 2000.

Foto 35 - Macaé, Beira Mar

Fonte: Foto das autoras, 2009

Diferentemente do IDHM, o IFDM, distingue-se por ter periodicidade anual, recorte municipal
e abrangência nacional, possibilitando o acompanhamento anual do desenvolvimento de
todos os municípios brasileiros. São utilizadas estatísticas oficiais a partir de dados forneci-
dos pelos Ministérios da Educação, da Saúde e do Trabalho para o ano sob análise, apre-
sentados neste trabalho os anos de 2000, 2005 e 2006.

O IFDM considera, com igual ponderação, Emprego&Renda, Educação e Saúde, possuindo


igual peso no cálculo para avaliação dos municípios brasileiros. A leitura dos resultados –
por áreas de desenvolvimento ou do índice final - variam entre 0 e 1, sendo que quanto mais
próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento da localidade.

Neste sentido, municípios com IFDM entre 0 e 0,4 são considerados de baixo estágio de
desenvolvimento; entre 0,4 e 0,6, de desenvolvimento regular; entre 0,6 e 0,8, de desenvol-
vimento moderado; e entre 0,8 e 1,0, de alto desenvolvimento. (IFDM, 2009). Em 2006, a
média brasileira do IFDM atingiu 0,7376 pontos. Esta pontuação é superior à de 2005,
0,7129, indicando melhoria nas condições de desenvolvimento do país, com alta de 3,47%.

Na comparação dos três indicadores foram utilizados somente os últimos anos de publica-
ção de cada um: IDH-M 2000, IFDM 2006 e IQM 2005, sendo que os dois últimos possuem
apenas um ano de diferença enquanto os resultados do IDH-M distam 5/6 anos dos outros
dois o que, em muitos aspectos, deverá apresentar, per si, uma defasagem nos valores.

162 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 74 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Comparação IDHM, IFDM e IQM

Comparação IDHM, IFDM, IQM


Municípios da Região IDHM IFDM IQM
Norte Fluminense 2000 2006 2005
Campos dos Goytacazes 0,752 0,7762 0,459
Carapebus 0,74 0,6587 0,160
Cardoso Moreira 0,706 0,6654 0,086
Conceição de Macabu 0,738 0,6071 0,222
Macaé 0,79 0,8604 0,639
Quissamã 0,732 0,7566 0,353
São Fidélis 0,741 0,6712 0,164
São Francisco de Itabapoana 0,688 0,6542 0,000
São João da Barra 0,723 0,6816 0,174
Aperibé 0,756 0,6843 0,130
Bom Jesus do Itabapoana 0,746 0,7118 0,3469
Cambuci 0,733 0,6537 0,1444
Italva 0,724 0,7311 0,152
Itaocara 0,771 0,6639 0,200
Itaperuna 0,787 0,7386 0,332
Laje do Muriaé 0,71 0,6738 0,121
Miracema 0,733 0,6771 0,290
Natividade 0,736 0,6737 0,197
Porciúncula 0,73 0,6995 0,146
Santo Antônio de Pádua 0,754 0,7052 0,293
São José de Ubá 0,718 0,6696 0,027
Varre-Sai 0,679 0,6497 0,021
Brasil 0,766 0,7376
Fontes: Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, 2003; Secretaria de Planejamento e Gestão do
Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE,2005; Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio
de Janeiro – FIRJAN, 2006.
Foto 36 – Quissamã, Praça Pública Central

Fonte: Foto das autoras, 2009

Para a Região Norte, o IDH-M em 2000 foi mais elevado em Macaé, 0,790-15o estadual, e
Campos, 0,752, 55o estadual e mais baixo em Cardoso Moreira, 0,706-89o estadual e São
João da Barra, 0,723-79o estadual.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 163


Nestes municípios o melhor subíndice na Educação foi o de Macaé, 0,889 e o pior de São
Francisco de Itabapoana, 0,715. Para a Longevidade, o melhor valor foi o de São João da
Barra, 0,737 e o pior foi o de Campos, 0,697, enquanto na Renda destacou-se Macaé, 0,770
e o pior foi em São Francisco de Itabapoana, 0,616.

Assim, Macaé e Campos se destacaram com os melhores índices regionais do IDH-M e


Cardoso Moreira e São João da Barra com os piores valores, sendo que Macaé se destacou
na Educação e na Renda, São João da Barra na Longevidade e os piores valores foram
encontrados em São Francisco de Itabapoana na Educação e na Renda e na Longevidade,
em Campos.

No IFDM 2006, os melhores classificados foram Macaé, 0,8404, 1o lugar estadual e Cam-
pos, 11o estadual. Os piores valores foram mensurados em Conceição de Macabu, 0,6071,
88o estadual e Carapebus, 66o estadual.

Comparando-se os subíndices constituintes do IFDM, o Emprego e Renda teve sua melhor


avaliação em Macaé, 0,9263 e a pior em São Fidélis, 0,3641, na Educação também se des-
tacou Macaé, 0,7827 e o resultado mais baixo foi o de São Francisco de Itabapoana, 0,6444
e na Saúde o melhor foi o valor de Quissamã, 0,9151 e o pior resultado coube a Conceição
de Macabu, 0,7991.

Resumindo, Macaé e Campos obtiveram os melhores valores regionais do IFDM e Macaé é


o 1o lugar estadual, sendo que os piores valores foram os de Conceição de Macabu e Cara-
pebus, destacando-se Macaé no Emprego e Renda e na Educação, com pior resultado de
Emprego e Renda em São Fidélis e na Educação em São Francisco de Itabapoana e para a
Saúde o resultado mais baixo ocorreu em Conceição de Macabu.

O IQM, Índice de Qualidade de Vida da Região Norte, em 2005, foi melhor em Macaé,
0,639, 3ª posição estadual e Campos, 0,0459, 9ª posição estadual e nas últimas posições
estavam São Francisco de Itabapoana, com 0 pontos, 90ª posição estadual e Cardoso Mo-
reira, 83ª posição estadual.

Considerando seus 7 grupos de variáveis, comparados entre os 92 municípios fluminenses,


o Dinamismo foi melhor em Campos, 12º lugar e pior em Carapebus, 86º lugar; a Centrali-
dade foi melhor em Macaé, 13º lugar e pior em São Francisco de Itabapoana, 92º, a pior do
Estado. Já a Riqueza teve destaque em Macaé, 2º lugar e foi mais baixa em Cardoso Morei-
ra, 86º lugar, enquanto a Qualificação da Mão-de-Obra apresentou-se melhor em Macaé, 4ª
posição e pior em São Francisco de Itabapoana, 75ª posição.

Na Facilidade para Negócios Campos ocupou a 1ª posição estadual e o pior município foi
São João da Barra, a Infra-estrutura para Grandes Investimentos obteve a melhor avaliação
em Macaé, 6º lugar e foi considerada pior em São Francisco de Itabapoana, 91º lugar, tam-
bém pior colocada em 90º lugar em Cidadania, que se destacou em São João da Barra.

Em síntese, Campos e Macaé ficaram melhor avaliados tanto no IDH-M como no IFDM, mas
os piores resultados finais não foram iguais para os mesmos municípios, variando no primei-
ro indicador com Cardoso Moreira e São João da Barra e no segundo com Conceição de
Macabu e Carapebus. Para o IQM os melhores municípios continuaram sendo Macaé e
Campos e os piores foram São Francisco de Itabapoana e Cardoso Moreira.

Portanto, Campos e Macaé se revezam nas primeiras posições e houve, nestes indicadores,
piores colocações para 4 municípios: São João da Barra, Carapebus, São Francisco de Ita-
bapoana e Cardoso Moreira, estes dois últimos avaliados nesta posição através do IQM,
que enfoca especialmente as condições locais para a atratividade de negócios, significando
164 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
que ambos apresentaram condições de crescimento econômico inferiores, na Região, ainda
que possam ter boas condições em outros índices.

Para a Região Noroeste, o IDH-M em 2000 foi mais elevado em Itaperuna-20o estadual e em
Itaocara-38o estadual e mais baixo em Varre-Sai-91o estadual e em Laje do Muriaé-88o es-
tadual.

Nestes municípios, o melhor subíndice na Educação foi o de Itaperuna, 0,859 e o pior de


São José de Ubá, 0,766. Para a Longevidade, o melhor valor também foi o de Itaperuna,
0,800 e o pior foi de Varre-Sai, 0,620 enquanto na Renda destacou-se Itaocara, 0,718 e o
pior foi de Laje do Muriaé, 0,627.

Assim, se destacaram Itaperuna e Itaocara com os melhores índices regionais do IDH-M e


Varre-Sai e Laje do Muriaé com os piores valores, sendo que Itaperuna foi melhor na Edu-
cação e na Longevidade, Itaocara na Renda e os piores valores foram encontrados em São
José de Ubá, na Educação, em Laje do Muriaé, na Renda, e na Longevidade, em Varre-Sai.

No IFDM 2006, os melhores classificados foram Itaperuna, 0,7386-19o estadual e Italva,


0,7311, 11o estadual. Os piores valores foram mensurados em Varre-Sai, 0,6497, 73o esta-
dual e em Cambuci, 0,6537, 71o estadual.

Comparando-se os subíndices constituintes do IFDM, o Emprego e Renda teve sua melhor


avaliação em Itaperuna, 0,7540 e a pior em Natividade, 0,3061; na Educação se destacou
Italva, 0,8592 e o resultado mais baixo foi em Varre-Sai, 0,7059 e na Saúde o melhor valor
encontrou-se em Porciúncula, 0,9234 e o pior resultado coube a Itaocara, 0,7607.

Resumindo, obtiveram os melhores valores regionais do IFDM Itaperuna e Italva e os piores


valores foram de Varre-Sai e Cambuci, destacando-se no Emprego e Renda Itaperuna, com
pior resultado em Natividade, na Educação os melhores resultados foram em Italva e os
piores em Varre-Sai e para a Saúde, o melhor valor foi encontrado em Porciúncula e o pior
em Itaocara.

O IQM, Índice de Qualidade de Vida da Região Noroeste, em 2005, foi melhor em Bom Je-
sus de Itabapoana, 0,3469, 26a posição estadual e Itaperuna, 0,332, 31a posição estadual e
nas últimas posições estavam Varre-Sai, 0,021, 90a posição estadual e São José de Ubá,
com 0,027 pontos, 89a posição estadual.

Considerando seus 7 grupos de variáveis, comparados entre os 92 municípios fluminenses,


o Dinamismo foi melhor em Bom Jesus de Itabapoana, em 3o lugar e o pior lugar ficou para
Aperibé, 88o lugar; a Centralidade também foi melhor em Bom Jesus de Itabapoana, 19o
lugar e pior em São José de Ubá, 90o. Já a Riqueza teve destaque em Aperibé, 20o lugar e
foi mais baixa em Laje do Muriaé, 89o lugar, enquanto a Qualificação da Mão de Obra apre-
sentou-se melhor em Itaperuna, 7a posição e pior em Varre-Sai, 87a posição.

Na Facilidade para Negócios, nenhum município do Noroeste está bem classificado, sendo
que o melhor foi Bom Jesus de Itabapoana, na 49a posição e o pior município foi Varre-Sai,
na última posição estadual, a Infraestrutura para Grandes Investimentos teve melhor avalia-
ção em Itaperuna, 33o lugar e foi considerada pior em Varre-Sai, 88o lugar e por fim a Cida-
dania foi melhor em Bom Jesus de Itabapoana, 3o lugar e pior em São José de Ubá, 91o
lugar.

Em síntese, ficaram melhor avaliados Itaperuna e Itaocara no IDH-M e Itaperuna e Italva no


IFDM e os piores resultados finais não foram iguais para os mesmos municípios, variando
no primeiro índice com Varre-Sai e Laje do Muriaé e no segundo com Varre-Sai e Cambuci.
Para o IQM os melhores municípios foram Bom Jesus de Itabapoana e Itaperuna e os últi-
mos colocados foram Varre-Sai e São José de Ubá.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 165
Portanto, Itaperuna aparece nos três indicadores como município em lugares 1o ou 2o colo-
cada, destacando-se também Itaocara, Italva e Bom Jesus de Itabapoana, enquanto que
nas piores colocações aparecem 4 municípios: Laje do Muriaé, Cambuci, Varre-Sai e São
José de Ubá, estes dois últimos avaliados nesta posição através do IQM, que enfoca espe-
cialmente as condições locais para a atratividade de negócios, significando que ambos tem
condições de crescimento econômico inferiores na Região, mesmo que possam ter boas
condições em outros indicadores.
Varre-Sai, contudo, apresenta várias colocações muito baixas, algumas entre as piores es-
taduais, revelando tanto problemas sociais como econômicos. Pádua, que é considerado um
dos pólos regionais junto com Itaperuna, não está nos primeiros lugares para estes indica-
dores mas, no conjunto, apresenta bons resultados e considerando-se os grupos de indica-
dores do IQM, foi um dos municípios que apresentou mais equilíbrio em suas posições.
Ressalta-se que uma grande parte dos grupos de indicadores do Norte foi melhor avaliado
do que no Noroeste, apesar de que a Cidadania apresentou resultados bem superiores no
Noroeste, o que aponta para serviços públicos mais satisfatórios para suas populações, en-
quanto os indicadores que se relacionam a geração de renda e atratividade de novos negó-
cios estão em posições destacadas em vários municípios do Norte.

5.2 Distributividade da Renda

A maneira como a renda é distribuída para a população é um aspecto fundamental para o


bem estar dos habitantes e também reflexo do grau de desenvolvimento real de uma socie-
dade.
Neste estudo, a distributividade de renda foi acessada, verificando-se como os diferentes
extratos de população se apropriam das riquezas produzidas em ambas as Regiões, apre-
sentado nos Gráficos a seguir.
A razão de renda do Estado, medida que avalia quantas vezes a renda dos 20% mais ricos
supera a renda dos 20% mais pobres, fica em torno de 20, ou seja, a renda dos 20% mais
ricos é cerca de 20 vezes superior à dos 20% mais pobres (IBGE, microdados da Amostra
do Censo 2000), refletindo uma desigualdade social grave.
A região mais desigual foi a Metropolitana, com razão de renda superior a 28 e a menor de-
sigualdade ocorreu no Noroeste Fluminense, o que, infelizmente, tem seu viés negativo,
pois este dado não representa apenas que haja menos desigualdade na Região Noroeste,
se supõe que também haja menos riqueza sendo distribuída para a população, de uma ma-
neira geral, ou seja, menos riqueza está disponível para gerar esta desigualdade. (Caderno
de Saúde, 2009, p.12).
Fotos 37 e 38 - Campos dos Goytacazes

Fonte: Fotos das autoras, 2009


166 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
No Norte, a pobreza e a concentração de renda apresentaram grandes variações. São
Francisco do Itabapoana revelou uma divisão entre os muito ricos e os muito pobres expres-
sa em sua razão de renda de quase 30 vezes, enquanto Quissamã, Cardoso Moreira, Con-
ceição de Macabu e São João da Barra mostraram uma distribuição mais equitativa, com
razão de renda de aproximadamente 17 vezes, ou seja, os mais ricos receberam 17 vezes
mais riquezas do que os mais pobres.

Para Carapebus, o equilíbrio foi ainda maior, com uma razão de renda de apenas 11 vezes
e foi mais baixo seu percentual de pobres. Campos teve uma razão de renda entre os mais
ricos e os mais pobres de 22 vezes e Macaé apresentou um valor similar, de 20 vezes.

Na Região, somente Macaé apresentou uma proporção de pobres inferior à média estadual,
provavelmente em função de sua força de trabalho altamente qualificada, a partir dos fluxos
migratórios enfrentados nas últimas décadas. (Caderno de Saúde, maio 2009, p. 21).

Tabela 75 - Região Norte Fluminense, Porcentagem da Renda Apropriada por Extratos da Po-
pulação, 1991 - 2000
Porcentagem da Renda Apropriada por Extratos da População, 1991 e 2000
Municípios da Região 20% Mais 40% Mais 60% Mais 80% Mais 20% Mais
Norte Fluminense Pobres Pobres Pobres Pobres Ricos

1991 2,7 8,3 17,4 33,5 66,5


Campos dos Goytacazes
2000 2,8 9,3 19,9 37,8 62,2
1991 5,6 15,3 29,8 54,1 46,0
Carepebus
2000 4,4 14,5 29,4 51,1 48,9
1991 3,7 11,2 23,7 45,0 55,0
Cardoso Moreira
2000 3,8 11,7 23,9 43,3 56,7
1991 4,1 11,7 23,9 43,5 56,5
Conceição de Macabu
2000 3,1 11,0 23,5 44,8 55,2
1991 2,8 9,0 19,2 38,0 62,0
Macaé
2000 3,0 9,8 20,5 39,1 60,9
1991 3,7 11,6 23,9 43,4 56,6
Quissamã
2000 3,4 11,0 23,0 42,7 57,3
1991 2,8 8,2 17,2 31,5 68,5
São Fidélis
2000 3,2 10,4 21,8 40,1 59,9
1991 4,6 14,0 27,7 48,3 51,7
São Francisco de Itabapoana
2000 2,5 8,9 19,0 34,5 65,5
1991 3,9 11,7 23,9 43,8 56,2
São João da Barra
2000 3,3 11,4 23,6 43,5 56,6
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003
No Noroeste em 2000, constatou-se que Miracema revelou uma divisão entre os muito ricos
e os muito pobres expressa em sua razão de renda de quase 25 vezes, muito elevada tam-
bém em Itaocara e Natividade, ambos com razão de renda de cerca de 23 vezes, enquanto
São José de Ubá, Varre-Sai e Itaperuna mostraram uma distribuição um pouco mais equita-
tiva da pobreza, com razão de renda de aproximadamente 19 vezes.

Em ordem decrescente, a razão de renda entre os muito ricos e os muito pobres foi de 18
vezes em Porciúncula, seguido por Bom Jesus de Itabapoana e Italva, de 17 vezes e Pádua,
com razão de 16 vezes. Os maiores equilíbrios foram encontrados em Cambuci e Laje do
Muriaé, com uma razão de renda de 15 e 14,6 vezes maior. A melhor distributividade de
renda foi encontrada em Aperibé, com razão de renda de 14 vezes maior.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 167


Tabela 76 - Região Noroeste Fluminense, Porcentagem da Renda Apropriada por Extratos da
População, 1991 e 2000
Porcentagem da Renda Apropriada por Extratos da População, 1991 e 2000
Municípios da Região 20% Mais 40% Mais 60% Mais 80% Mais 20% Mais
Noroeste Fluminense Pobres Pobres Pobres Pobres Ricos

1991 4,3 11,2 21,0 39,8 60,2


Aperibé
2000 3,3 10,3 21,2 38,4 61,6
1991 3,2 9,7 19,8 36,4 63,6
Bom Jesus do Itabapoana
2000 3,4 10,5 22,1 41,4 58,7
1991 2,5 7,4 16,0 31,3 68,7
Cambuci
2000 3,8 11,2 22,9 41,2 58,8
1991 3,4 10,3 20,6 36,8 63,3
Italva
2000 3,5 10,9 23,2 42,3 57,7
1991 3,2 9,6 19,8 36,4 63,7
Itaocara
2000 2,9 8,6 17,5 32,4 67,6
1991 2,8 8,3 17,0 31,7 68,3
Itaperuna
2000 3,2 10,5 22,0 40,7 59,3
1991 3,4 9,6 18,9 33,8 66,3
Laje do Muriaé
2000 3,8 11,7 24,1 44,5 55,5
1991 3,4 10,0 20,2 37,8 62,3
Miracema
2000 2,6 8,5 18,3 35,4 64,6
1991 2,9 8,3 17,2 31,6 68,4
Natividade
2000 2,8 8,5 18,4 36,0 64,0
1991 3,6 9,9 19,6 35,1 64,9
Porciúncula
2000 3,3 10,7 22,2 41,0 59,0
1991 3,3 9,6 19,2 34,8 65,2
Santo Antônio de Pádua
2000 3,8 11,3 22,6 39,0 61,0
1991 2,2 7,4 16,3 31,1 69,0
São José de Ubá
2000 3,0 9,6 21,0 40,8 59,2
1991 3,3 9,5 18,9 36,0 64,0
Varre-Sai
2000 3,2 10,1 20,7 38,1 61,9
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.
Assim, a pior distribuição de riquezas interregionais, entre os mais ricos e os mais pobres
ocorreu em São Francisco de Itabapoana, com razão de renda de 26 vezes, maior que a
razão estadual de 20 vezes. A melhor foi constatada em Carapebus, com razão de renda de
11 vezes. Grande parte dos municípios apresentou uma razão de renda entre 16 e 19 ve-
zes, significando que os mais ricos destes locais detiveram, em 2000, de 16 a 19 vezes mais
riqueza produzida nos municípios do que os mais pobres.
Os dados revelaram ainda que a distributividade de renda nas Regiões se assemelhou a
outros municípios brasileiros que, em sua maioria, mantém esta concentração extremamen-
te desigual de renda, conectando-se com os elevados índices de pobreza e indigência já
avaliados.

5.3 Exclusão e Gastos Sociais


A exclusão social representa fenômenos multi-dimensionais e deve ser caracterizada por
seus principais atributos. Assim, além do critério da renda, devem ser incorporados fatores
econômicos e não econômicos, entre e inter-gerações, tais como moradia, condições de
educação, saúde, nutrição, lazer etc. capazes de restringir o acesso, no presente ou no futu-
ro, do indivíduo ou da família a níveis de bem-estar mais elevados (Rezende e Tafner,
2005), ou seja, a noção de exclusão social é bem mais abrangente do o conceito de pobreza.
168 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Como já apontado a partir de muitos dados é análises até o momento, há processos de ex-
clusão social graves ocorrendo no Norte e Noroeste Fluminense, através de problemas in-
fraestruturais, dificuldades de acesso a alguns tipos de Educação, serviços na área da saú-
de, rendas abaixo de suas necessidade básicas, e outras.

Com o intuito de reversão e/ou amenização deste quadro, os benefícios sociais são usual-
mente oferecidos para pessoas ou famílias excluídas socialmente, por terem restritas suas
condições sociais em um ou mais destes âmbitos. Melhorias de acesso a bens e serviços
essenciais como moradia, água, saneamento, saúde e educação equivalem a acréscimos
significativos de renda real para estes habitantes, contribuindo de maneira relevante para as
chances de mobilidade social da população pobre. (Rezende e Tafner, 2005).

Dentre estes benefícios, destaca-se no Brasil o Bolsa Família, Programa que vem sendo
reconhecido mundialmente por seu êxito. Muitos autores apontam que os subsídios de pro-
gramas de transferências de renda, como o Bolsa Família no Brasil, são essenciais para a
subsistência de pobres e indigentes.

Como instrumentos básicos da Rede de Proteção Social, estes benefícios auxiliam aqueles
que necessitam de uma complementação para sua sobrevivência, mas não podem se tornar
apoios indefinidamente continuados, a partir dos quais ocorre uma “acomodação” na pobre-
za, através da inércia em mudar-se o status quo no qual os beneficiários se encontram.

No Brasil, a Assistência Social é responsável por estes benefícios, a partir de uma Política
de Seguridade Social não contributiva. É direito de todo cidadão que dela precisar e é dever
do Estado garanti-la como direito social. A Lei Orgânica da Assistência - LOAS e o Sistema
Único de Assistência Social – SUAS, definem a atuação da Assistência Social nas perspec-
tivas do direito social, articulando política social com política econômica. Uma de suas vi-
sões centrais é que os problemas sociais não se resolvem apenas com políticas focalizado-
ras, mas que devem incidir em aspectos estruturais da organização social.

Portanto, a Assistência deve auxiliar às pessoas que, por algum motivo, temporário ou per-
manentemente, estejam necessitando de apoio para garantir as condições mínimas de vida
adequadas, integrando em seu trabalho ações de iniciativa pública e da sociedade.

A Proteção Social da Assistência Social é hierarquizada em Programas de Proteção Social


Básica e Programas de Proteção Social Especial, de média e alta complexidade.

5.3.1 Proteção Social Básica

A Proteção Social Básica (PSB), do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) tem como
objetivo a prevenção de situações de risco – por intermédio do desenvolvimento de potenci-
alidades e aquisições – e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais.
Esse nível de proteção é destinado à população que vive em situação de vulnerabilidade
social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos
serviços públicos, dentre outros) e/ ou fragilização de vínculos afetivos − relacionais e de
pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre
outras).

A PSB prevê o desenvolvimento de serviços, programas e projetos locais de acolhimento,


convivência e socialização de famílias e indivíduos, conforme identificação da situação de
vulnerabilidade apresentada. O trabalho deve ser organizado em rede e incluir as pessoas
com deficiência de modo a inseri−las nas diversas ações ofertadas. Os benefícios, tanto de
prestação continuada (BPC) como os eventuais, compõem a Proteção Social Básica, dada a
natureza de sua realização.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 169


O que configura a Proteção Social Básica nos municípios e no Distrito Federal é a existência
dos CRAS - Centros de Referência de Assistência Social.

Os CRAS são unidades públicas estatais integrantes do SUAS, de base territorial, localiza-
das em áreas municipais de maior vulnerabilidade e risco social. Se configuram como a por-
ta de entrada dos usuários para os serviços e programas da Política de Proteção Básica e,
para tanto, tem como atribuições essenciais executar serviços da proteção básica, organizar
a rede prestadora de serviços sócio assistenciais do SUAS no seu território de abrangência,
buscando uma atuação intersetorial.
A estruturação deste equipamento e a composição do quadro técnico é regulamentada pela
Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS). Esta se es-
tabelece de acordo com o porte do município e o número de famílias referenciadas ao
CRAS, podendo ser classificado como:
• Pequeno Porte I – georeferencia 2.500 famílias, com capacidade de atendimento anual
de 500 famílias;
• Pequeno Porte II – Georeferencia 3.500 famílias, com capacidade de atendimento anual
de 750 famílias;
• Porte Médio, Grande Porte e Metrópole – Georreferencia 5.000 famílias, com capacidade
de atendimento anual de 1000 famílias.
O CRAS é responsável pela oferta dos serviços continuados da Proteção Social Básica,
incluindo o Programa de Atenção Integral às Famílias (PAIF). Outras ações podem ser de-
senvolvidas na área de abrangência destes Centros, fora do espaço físico do CRAS, desde
que a ele referenciadas. Devem organizar ainda a vigilância de problemas de exclusão soci-
al em sua área de abrangência, em conexão com outros territórios, contribuindo com a in-
serção das famílias nos serviços de promoção e assistência.

• Programa de Atenção Integral à Família (PAIF)

O PAIF expressa um conjunto de ações relativas à acolhida, informação, orientação e inser-


ção da população nos serviços da assistência social realizados no CRAS, tais como ativida-
des socioeducativas e de convivência, encaminhamentos a outras políticas, promoção de
acesso à renda e, especialmente, acompanhamento sociofamiliar.

Tem com objetivo contribuir para a prevenção e o enfrentamento de situações de vulnerabi-


lidade e risco social, fortalecer os vínculos familiares e comunitários, promover aquisições
sociais e materiais às famílias – ações estas que visam fortalecer o protagonismo e a auto-
nomia das famílias e comunidades atendidas.

O público alvo do PAIF/CRAS é a população em situação de vulnerabilidade social, acesso


precário ou nulo aos serviços públicos, com vínculos fragilizados e vivenciando situações de
discriminação, entre outros.

• Programa Bolsa Família (PBF)

Como já apresentado, o PBF é um Programa de transferência direta de renda, com condi-


cionalidades do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que beneficia
famílias pobres (com renda mensal por pessoa de R$ 60,01 a R$120,00) e extremamente
pobres (com renda mensal por pessoa de até R$ 60,00). As famílias beneficiárias recebem
do Programa o valor de R$ 18 a R$ 112/mês, de acordo com a renda mensal/membro da
família e seu o número de crianças, gestantes e nutrizes.

170 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


O PBF integra o Programa FOME ZERO do Governo Federal, que visa assegurar o direito
humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e contri-
buindo para a erradicação da extrema pobreza e para a conquista da cidadania, pela parce-
la da população mais vulnerável à fome.
Para tal, pauta-se na articulação de três dimensões essenciais à superação da fome e da
pobreza:
• Promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda à fa-
mília;
• Reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por
meio do cumprimentos de condicionalidades11, o que contribui para que as famílias con-
sigam romper o ciclo da pobreza entre gerações;
• Coordenação de programas complementares, que objetivam o desenvolvimento das fa-
mílias, de modo que os beneficiários do Bolsa Família superarem a situação de vulnerabi-
lidade e pobreza. São exemplos de Programas complementares: programas de geração
de trabalho e renda, de alfabetização de adultos, de fornecimento de registro civil e de-
mais documentos.

C) Benefício de Prestação Continuada – (BPC)


É um benefício assistencial não contributivo, previsto na Constituição Federal de 1988 e
regulamentado pela LOAS. O atendimento é feito pelo Serviço Social e consiste no paga-
mento de 01 (um) salário mínimo mensal à pessoas com 65 anos ou mais de idade e à pes-
soas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho, onde em
ambos casos a renda per capita familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo.

O BPC também encontra amparo legal na Lei n°10.641, 1o de outubro de 2003, que institui o
Estatuto do Idoso. O Benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
te à Fome (MDS) a quem compete sua gestão, acompanhamento e avaliação e pelo Institu-
to Nacional do Seguro Social (INSS), responsável por sua operacionalização.

D) Projeto Agente Jovem de Desenvolvimento Humano e Social (PROJOVEM)


Atende a jovens de 15 a 18 anos de idade, buscando capacitá-los para o trabalho e atuar
em suas comunidades nas áreas de saúde, cultura, meio ambiente, cidadania, esporte e
turismo. A proposta é contribuir para que os jovens melhorem os indicadores sociais nos
locais onde moram, além de habilitá-los para desenvolver um melhor projeto pessoal de
vida.

E) Atenção a Pessoas Portadoras de Deficiência


Este trabalho contempla o atendimento do Programa de Reabilitação, através de visitas do-
miciliares e doações de órteses e próteses (óculos, aparelhos ortodônticos e auditivos, ca-
deiras de rodas comuns e especiais, muletas, etc.), prestando apoio aos portadores de ne-
cessidades especiais.

11
A participação de uma família neste Programa depende do cumprimento de condicionalidades relacionadas
aos cuidados com a saúde e educação das crianças e adolescentes. Esta contrapartida da família obedece à
orientação de garantir os direitos básicos das crianças no que se refere ao acesso à educação e à saúde, bus-
cando diminuir sua situação de vulnerabilidade e contribuir para o rompimento geracional da pobreza. Caso
estas condicionalidades não sejam cumpridas, o benefício pode ser suspenso ou cortado. Ressalta-se ainda que
este benefício possui, na sua concepção, caráter provisório, ou seja, o objetivo maior é que a transferência reali-
zada contribua com a renda familiar até que a família não “precise” mais do benefício, uma vez que ocorra o
aumento da renda per capita.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 171


F) Atenção ao Idoso
A atenção ao idoso acontece através de parceria com serviços que sejam específicos para
os idosos, em demanda de acompanhamentos e encaminhamentos, garantindo a qualidade
na atenção e no direito ao idoso, criando condições para sua integração e participação efeti-
va na sociedade, conforme a LOAS e a Política Nacional do Idoso – PNI.
5.3.1.1 Região Norte e Noroeste Fluminense - Serviços Prestados na Proteção Social
Básica

São discutidas em seguida as Rede de Proteção Social Básica de Atendimento, comple-


mentada pela Rede de Atenção Especial de média e alta complexidade do Norte e Noroeste
Fluminense, atendendo à população que se encontra em situação de vulnerabilidade, atra-
vés da prestação de serviços continuados de proteção, orientação e encaminhamento das
pessoas para a rede de serviços disponíveis nos seus municípios.

Considerando os indicadores de vulnerabilidade das localidades em estudo, esta política


deve estar fortalecida para conseguir desempenhar bem suas funções, atuando especial-
mente de forma preventiva frente aos desafios sociais encontrados.

Com relação ao Bolsa Família, um total de 38.756 famílias eram beneficiadas com o Pro-
grama no Norte Fluminense, em 2009, aproximadamente13,2% do total. Destas, 49,1%
residiam em Campos, totalizando 19.030 famílias e outras 19,6% em Macaé, num total de
7.614 famílias. Considerando a população total e o número de famílias residente em cada
município, destacaram-se São Francisco do Itabapoana e Cardoso Moreira com a maior
proporção de famílias beneficiárias do PBF, cerca de 31%.

Em ordem decrescente seguiram São Fidelis, com 28,8%, São João da Barra, com 25,7%,
Conceição do Macabu, com 24,6%, Quissamã, com 21,4%, Carapebus com 18,5 %, Cam-
pos, com 17,53% e Macaé, com 15,6% de famílias contempladas pelo Programa.

No mais, Campos dos Goytacazes criou um benefício adicional ao Bolsa Família oferecido
pela Prefeitura Municipal, para combater a indigência local, que atende a aproximadamente
25 mil famílias, através do repasse de R$ 100,00/mês, segundo informações de Vidigal
(2009).

Tabela 77 - Região Norte Fluminense, Famílias Beneficiárias do Bolsa Família, 2009


Média Proporção de
Municípios da Região População Famílias
Aproximada Famílias
Norte Fluminense Total Beneficiárias
de Famílias * Beneficiárias (%)
Campos dos Goytacases 434.008 108.502 19.030 17,53
Carapebus 11.939 2.984 552 18,5
Cardoso Moreira 12.481 3.120 981 31,4
Conceição de Macabu 20.687 5.171 1.275 24,6
Macaé 194.413 48.603 7.614 15,6
Quissamã 19.878 4.969 1.065 21,4
São Fidelis 39.256 8.814 2.541 28,8
São Francisco de Itabapoana 47.832 11.958 3.729 31,1
São João da Barra 30.595 7.648 1,969 25,7
Total da Região Norte 811.089 292.772 38.756 13,2
Nota: *Considerando a composição familiar com uma média de 4 membros por família, foi realizado a
partir da população total, o calculo do número de famílias residentes nos municípios no ano de 2009.
Fonte: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009.
Neste mesmo ano, no Noroeste Fluminense havia um total de 17.785 famílias beneficiadas
pelo Programa, o que corresponde a aproximadamente 21,8% do total. Destas, 28% residi-
172 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
am em Itaperuna, 4.996 famílias e outras 10,7% em Bom Jesus do Itabapoana, num total de
1.916.

Considerando a população total e o número de famílias de cada Município, Itaocara e Laje


do Muriaé apresentaram a maior proporção de famílias beneficiárias, cerca de 30%, cada.
Em ordem decrescente seguiram Varre-Sai, com 28,1%, Cambuci, com 27%, Porciúncula e
São José de Ubá, com 26% cada, Miracema com 24,7, Natividade e Italva, com 23% e Bom
Jesus do Itabapoana, com 21,7%.

Os percentuais de Aperibé e Santo Antônio de Pádua foram de 19,3% e 12,4% sendo, por-
tanto, os municípios cuja menor fração da população residente foi beneficiária do Bolsa Fa-
mília.

Tabela 78 - Região Noroeste Fluminense, Famílias Beneficiárias do Bolsa Família, 2009


Média Proporção de
Municípios da Região População Famílias
Aproximada de Famílias
Noroeste Fluminense Total Beneficiárias
Famílias * Beneficiárias (%)
Aperibé 9.556 2.389 462 19,3
Bom Jesus do Itabapoana 35.303 8.825 1.916 21,7
Cambuci 14.770 3.692 999 27,0
Italva 14.676 3.669 870 23,7
Itaocara 22.452 5.613 1.768 31,4
Itaperuna 99.454 24.863 4.996 20,0
Laje do Muriaé 7.997 1.999 601 30,0
Miracema 26.824 6.706 1.660 24,7
Natividade 15.406 3.851 888 23,0
Porciúncula 18.444 4.611 1.208 26,1
Santo Antônio de Pádua 42.405 10.601 1.317 12,4
São José de Ubá 7.297 1.824 476 26,0
Varre-Sai 8.852 2.213 624 28,1
Total da Região Noroeste 323.436 80.859 17.785 21,8
Nota: *Considerando a composição familiar com uma média de 4 membros por família, foi realizado a
partir da população total, o cálculo do número de famílias residentes nos municípios, em 2009.
Fonte: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009.
Verifica-se, portanto, que em ambas Regiões uma parcela considerável de cerca de 20 a
30% da população total depende do Benefício para sua sobrevivência, pressupondo-se au-
sência de trabalho e condições indesejáveis de desigualdade e acessos, caracterizando-se
um processo de exclusão social.

Os dados são, contudo, insuficientes para concluir-se que os municípios que apresentavam
menores proporções de famílias beneficiárias são aqueles que possuíam uma renda per
capita superior, o que significaria uma situação de pobreza e vulnerabilidade menor que em
outros municípios, apesar de esta ser a hipótese mais provável. Assim, os municípios pro-
vavelmente mais vulneráveis – com maior percentual de recebimento de Bolsa Família fo-
ram Cardoso Moreira e São Francisco de Itabapoana, no Norte e Itaocara e Laje do Muriaé,
no Noroeste.

Com relação à Política de Atenção ao Idoso, são poucos os Municípios que oferecem servi-
ços específicos para este público. A Tabela seguinte demonstra que Itaperuna foi o território
com mais serviços na área em 2009, possuindo 4 instituições. Campos dos Goytacazes se-
guiu com 03 e os demais, Macaé, Bom Jesus, Natividade, Porciúncula e Varre-Sai com a-
penas 01instituiçao cada. Os outros 15 municípios que compõem as Regiões não possuem
instituições de atendimento aos idosos, demonstrando uma lacuna significativa nas políticas
assistenciais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 173


Tabela 79 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Políticas de Atenção ao Idoso, 2009
Município Ação
Macaé 1. Secretaria da Terceira Idade
Bom Jesus do Itabapoana 2. Conselho do Idoso
Campos 3. 01 Centro Dia
4. 04 Centros de Convivência
5. 01 Casa de Passagem
Natividade 6. Centro de Convivência (Inclusão Produtiva)
Porciúncula 7. Centro de Convivência (Inclusão Produtiva)
Varre-sai 8. Centro de Convivência (Inclusão Produtiva)
Itaperuna 9. SESI
10. Centro de Convivência
11. Abrigo Filantrópico
12. ASAP (Associação Santo Antônio dos Pobres – Fisioterapia)
Fonte: Subsecretaria de Direitos Humanos do Estado, 2009

Realizando-se uma síntese destes dados, em visita realizada à Secretaria do Estado de


Assistência Social e Direitos Humanos foi disponibilizado, conforme apresentado nas Tabe-
las seguintes, as estatísticas referentes aos serviços da Proteção Social Básica das Regi-
ões, bem como o quantitativo dos usuários atendidos em cada um deles, no ano de 2009.

Tabela 80 - Região Norte Fluminense, Proteção Social Básica Região Norte, 2009
Centro de
Referência da
Benefício de Prestação BPC na
Assistência PROJOVEM
Continuada – BPC Escola
Social –
Municípios da
CRAS
Região Norte
Nº de Nº de
Fluminense Nº de
Meta Benefícios Beneficiá-
Benefícios Nº de
Implantada Emitidos rios de Vagas
Emitidos em Coletivos
Atual em 0 a 18
set/09(Idoso)
set/09(PCD) anos
Campos dos
08 2.301 2.367 605 1.425 57
Goytacazes
Carapebus 02 64 69 14 25 01
Cardoso Moreira 02 95 143 19 75 03
Conceição de
02 186 187 36 25 01
Macabu
Macaé 03 1.022 793 196 225 09
Quissamã 02 151 164 27 75 03
São Fidélis 02 234 138 65 50 02
São Francisco de
03 122 639 57 225 09
Itabapoana
São João da Barra 03 489 501 59 150 06
Total 27 4.664 5.001 1.078 2.275 91
Fonte: SEASDH- Secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Subsecretaria de
Assistência Social e Descentralização de Gestão, 2009.

No Norte há 27 CRAS implantados, sendo que em todos os municípios existem pelo menos
2 equipamentos desta natureza. Campos dos Goytacazes possui 8 CRAS, no entanto, visto
a proporção muito superior do seu contingente populacional e desconhecendo-se o porte
dos equipamentos implantados, não é possível avaliar se estes equipamentos abrangem
todas as áreas de maior vulnerabilidade e não se pode avaliar a demanda municipal não
atendida.
Macaé, São Francisco do Itabapoana e São João da Barra possuem 3 CRAS, cada, assu-
mindo-se que haja uma insuficiência destes Centros, especialmente em Macaé, tendo em
174 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
vista seu número reduzido junto à existência de muitas favelas e habitantes pobres em situ-
ação de vulnerabilidade. Os demais Municípios possuem 2 CRAS cada um.
Considerando-se o número de beneficiados na Proteção Social Básica, além do total de
38.756 famílias contempladas pelo Programa Bolsa Família, o Norte atendeu também a
4.664 famílias de pessoas com deficiência, através do Benefício de Prestação Continuada,
em 2009. Destas, 2.301 residem em Campos dos Goytacazes, representando 49,3% do
total do público atendido.
Macaé foi o segundo município que mais emitiu este benefício, para 1.022 pessoas, o que
representa 21,9% do total. São José de Ubá emitiu apenas 64 e Cardoso Moreira 95, sendo
estes os municípios com menor número de beneficiários. Para a população idosa foram emi-
tidos 5.001 benefícios em 2009, dos quais 47% estavam em Campos. Macaé emitiu 793 e
São Francisco de Itabapoana se aproximou deste valor, com a emissão de 639 benefícios.
O BPC na escola, que contempla alunos de 0 a 18 anos, foi emitido para 1.078 habitantes
do Norte, sendo que 56,1% se destinaram à moradores de Campos, num total de 605, e
outros 18,1% à moradores de Macaé, 196. Em Carapebus, foram emitidos 14 e em Cardoso
Moreira, 19, ambos com menor público contemplado pelo Programa.
O total de benefícios BPC concedidos, considerando-se pessoas com deficiência, idosos e
BPC na escola somaram-se 10.743 pessoas, o que representa 1,3% da população.
O PROJOVEM disponibilizou ainda 2.275 vagas distribuídas em todos os municípios, sendo
que em Campos se concentraram 1.425 vagas. Nos municípios de menor porte, como Ca-
rapebus e Macabu foram ofertadas 25 vagas e em São Fidelis 50.

Tabela 66 - Região Noroeste Fluminense, Proteção Social Básica Região Noroeste – 2009
Centro de
Referência
da Benefício de Prestação BPC na
PROJOVEM
Municípios da Assistência Continuada – BPC Escola
Região Social –
Noroeste CRAS
Fluminense Nº de Nº de Nº de
Meta Meta
Benefícios Benefícios Beneficiários
Implantada Vagas Implantada
Emitidos em Emitidos em de
Atual Atual
set/09(PCD) set/09(Idoso) 0 a 18 anos
Aperibé 02 42 70 11 25 01
Bom Jesus
02 263 118 63 125 05
Itabapoana
Cambuci 01 126 100 26 50 02
Italva 02 87 71 18 25 01
Itaocara 01 291 229 33 75 03
Itaperuna 03 879 502 236 225 09
Laje do Muri-
02 80 44 29 25 01

Miracema 02 290 91 86 200 08
Natividade 02 191 103 49 50 02
Porciúncula 02 217 80 55 50 02
Sto. Antônio
02 336 363 78 100 04
de Pádua
São José de
02 8 6 15 25 01
Ubá
Varre-sai 02 84 30 28 50 02
Total 25 2.894 1807 727 1.025 41
Fonte: SEASDH- Secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Subsecretaria de
Assistência Social e Descentralização de Gestão
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 175
No Noroeste os números são mais modestos. Há 25 CRAS implantados, sendo que em to-
dos os municípios existe pelo menos 1 equipamento desta natureza. Itaperuna possui 3
CRAS, no entanto, visto a proporção muito superior do seu contingente populacional, não foi
possível saber se estes equipamentos abrangem todas as área de maior vulnerabilidade do
território, sendo prematuro uma avaliação se existe demanda não atendida no município.

Itaocara foi o único município que possui apenas 1 CRAS - os demais possuem 2 – o que
não é necessariamente proporcional ao seu tamanho populacional, pois sua população total
em 2009 era de 22.452 habitantes, valor bem superior se comparado a outros Municípios
como Varre-Sai, São José de Ubá e Laje de Muriaé, que apresentam população inferior a
10.000 habitantes, ou seja, menos da metade da população de Itaocara, mas com 02 CRAS
cada.

Além do total de 17.785 famílias contempladas pelo Programa Bolsa Família, o Noroeste
atendeu também 2.894 famílias com pessoas deficientes, através do BPC, em 2009. Destas,
879 residem em Itaperuna, representando 30% do total. Santo Antônio de Pádua foi o se-
gundo município que mais emitiu este benefício, 336, 11,6% do total de benefícios distribuí-
dos no Noroeste, enquanto São José de Ubá emitiu apenas 6.

Para a população idosa foram emitidos mais 1.807 benefícios do BPC. Depois de Itaperuna,
que concedeu 502 benefícios, os municípios que mais apresentaram população idosa de-
pendente do beneficio foram Pádua, 363 e Itaocara, 229. Já o BPC na escola, que contem-
pla alunos de 0 a 18 anos, foram emitidos para 727 habitantes do Noroeste, sendo que
32,4% se destinaram à moradores de Itaperuna, num total de 236, e outros 11,8% à mora-
dores de Miracema, totalizando 86. Em Aperibé, foram emitidos 11, em São José de Ubá, 15
e em Italva, 18, sendo estes os Municípios com o menor público contemplado pelo Progra-
ma.

De tal forma, conclui-se que o total de beneficiários do BPC no Noroeste, de 5.428 corres-
pondeu a 1,7% da população regional e, embora seja em números absolutos quase a meta-
de de beneficiários do Norte verificou-se que, proporcionalmente, uma parcela maior de sua
população foi contemplada.

O PROJOVEM disponibilizou ainda 1.025 vagas distribuídas em todos os municípios, sendo


que em Itaperuna se concentraram 225 vagas e nos municípios de menor porte como Aperi-
bé, Laje do Muriaé e Italva foram ofertados 25 vagas.

Assim como na situação do Norte, apenas o conhecimento destes valores não são suficiente
para verificar as demanda não atendidas nestas áreas, uma vez que estes dados não foram
disponibilizados.

5.3.2 Proteção Social Especial

Os serviços de Proteção Social Especial destinam-se à famílias e indivíduos cujos direitos


tenham sido violados e/ou ameaçados e requerem encaminhamento e acompanhamento
familiar e individual de maior flexibilidade, que assegurem a qualidade no processo protetivo.

Estes possuem estreita interface com o sistema de Garantia de Direito exigindo, muitas ve-
zes, uma gestão mais complexa e compartilhada com o Poder Judiciário, Ministério Público
e outros órgãos do Executivo. Podem ser organizados com base local, em municípios com
maior incidência de violação dos direitos, ou por meio de serviços de referência regional,
coordenados e executados pelos estados ou por intermédio de consórcios públicos intermu-
nicipais.

176 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Na Proteção Social Especial estão previstos níveis de complexidade diferenciados, Média e
alta complexidade.

Os Serviços de Proteção Social Especial12 de Média Complexidade oferecem atendi-


mento especializado às famílias e aos indivíduos com seus direitos violados, nas situações
em que os vínculos familiares e comunitários ainda não foram completamente rompidos.
Neste sentido, requerem maior estruturação técnico-operacional e atenção especializada e
individualizada e/ou acompanhamento sistemático e monitorado.

A Proteção Social Especial de Média Complexidade é coordenada e articulada pelo Centro


de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS, que é um equipamento
público estatal. Funciona como a porta de entrada para o atendimento às situações de viola-
ção de direitos, visando à orientação, o apoio e o atendimento especializado e continuado,
na perspectiva de proteção às famílias/indivíduos que foram vítimas das diversas formas de
violência.
O CREAS é responsável também por coordenar e operar a referência e a contra-referência
da Proteção Social Especial, assegurar a reciprocidade das ações entre as redes de Prote-
ção Social Básica e Especial, envolvendo serviços de outras Políticas Setoriais e de Institui-
ções que compõem o Sistema de Garantia de Direitos e da regulação dos serviços da Rede
de Alta Complexidade. Deve localizar-se em áreas estratégicas e de fácil acesso. Os servi-
ços referenciados pelos CREAS são:
a. Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil – PETI;
b. Serviço de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual Contra Crianças,
Adolescentes e suas Famílias;
c. Serviço de Orientação e Acompanhamento a Adolescentes em Cumprimento de Medi-
da Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comuni-
dade (PSC) e suas Famílias;
d. Atendimento a outras violações de direitos, tais como violência contra idosos, mulhe-
res, jovens etc.;
e. Serviços de habilitação e reabilitação para pessoas com deficiência e centro-dia para
pessoas idosas e com deficiência.
Os Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade oferecem atendimento e
acolhimento em serviços especializados nas situações de violação de direitos, abandono e
ameaça quando os vínculos familiares e/ou comunitários tenham sido rompidos ou estejam
em extremamente fragilizados.

Esta Proteção visa garantir proteção integral a indivíduos e famílias em situação de risco
pessoal e social, por meio de serviços que garantam o acolhimento provisório fora do núcleo
familiar de origem, funcionando como moradia provisória até que seja possível o retorno, ou
sua inserção em famílias substitutas (quando for o caso) ou ainda quando for alcançada sua
autonomia.

Quatro tipos de serviços compõem a Proteção Social Especial de Alta Complexidade:

12
A partir da implantação da Norma Operacional Básica (NOB/SUAS 2005), os critérios para co-financiamento
federal dos serviços socioassistenciais continuados são pactuados na Comissão Intergestores Tripartite - CIT e
deliberados no Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, segundo critérios de partilha e elegibilidade
pautados em diagnósticos sociais e capacidade de gestão dos municípios, estados ou Distrito Federal, a partir da
disponibilidade de recursos orçamentários. O repasse é feito por meio de transferência dos recursos do Fundo
Nacional de Assistência Social para o Fundo Municipal de Assistência Social, compondo o Piso de Média Com-
plexidade.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 177


• Serviço de Acolhimento Institucional;

• Serviço de Acolhimento em República;

• Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora;

• Serviço de Proteção em situações de Calamidades Públicas e de Emergência.

A entidade responsável pela execução dos Programa da Proteção Social Especial de Média
e Alta Complexidade no Estado é a Fundação para a Infância e Adolescência – FIA, um ór-
gão da administração indireta do Governo do Estado do Rio de Janeiro, vinculado à Secreta-
ria do Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH).

Sua missão é colaborar na formulação de políticas públicas de garantia de direitos, bem


como implementar e articular serviços e ações de proteção social, de natureza especial, no
âmbito da média e alta complexidade, especialmente na área da infância e adolescência.

5.3.2.1 Região Norte e Noroeste Fluminense - Serviços Prestados na Proteção Social


Especial

Os Programas de Proteção Especial de média complexidade existentes na Região Norte e


Noroeste Fluminense são: Vitimas de maus tratos, Situação de Risco, Atenção à Criança e
Adolescente com Deficiência, Trabalho Protegido para Adolescentes, PETI, CREAS, Liber-
dade Assistida e Medidas Sócio Educativas.

Já os Programas de Proteção Especial de Alta Complexidade se resumem a abrigos e cri-


anças abrigadas. A seguir, apresenta-se uma contextualização de cada programa, junta-
mente com os dados relativos aos atendimentos realizados através da política de Assistên-
cia Social nas Regiões.
Verifica-se que os serviços de Proteção Social Especial ainda são bastante incipientes loca-
lidades, tomando-se por base o número de Centros de Referência Especial da Assistência
Social, CREAS.
No Norte, apenas Campos dos Goytacazes e Macaé possuem CREAS, com capacidade de
atendimento de 80 e 50 famílias, respectivamente. São número bastante insuficientes consi-
derando-se o cenário de vulnerabilidade socioeconômica e violência emergente nos dois
municípios. No Noroeste, apenas Itaperuna possui o CREAS.

Consequentemente, supõe-se que os serviços de Proteção Social Especial existentes, em


sua maioria, realizados dentro do próprio CRAS, ou por outras instituições parceiras.

Tabela 81 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Atendimento do CREAS, 2009

Municípios da Região Número de Número de


Norte Fluminense CREAS Famílias Atendidas
Campos dos Goytacazes 1 80
Macaé 1 50
Itaperuna 1 -
Nota: - sem informação
Fonte: Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.
Subsecretaria de Assistência Social e Descentralização da Gestão / Superintendência de Proteção
Social Especial e Gestão do SUAS, 2009

178 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


O Mapa seguinte sintetiza os serviços ofertados pelo FIA na área da Assistência Social Es-
pecial nas Regiões e no Estado, a partir do qual é possível notar uma desigualdade acentu-
ada na oferta de serviços distribuídos pelo território estadual.

Mapa 16 - Rio de Janeiro, Serviços da Proteção Social Especial, 2009

Fonte: Secretaria do Estado da Assistência Social e Direitos Humanos – Fundação para Infância e
Adolescência, 2009

O Programa para Vítima de Maus Tratos (VM) atende à crianças e adolescentes em situa-
ção de violência doméstica (física, psicológica, negligência, abandono), abuso, exploração
sexual e comercial. A partir da constatação de violência, se pretende garantir a proteção
integral, e sobretudo, promover a redução dos danos aos quais foram submetidos estas cri-
anças e adolescentes.

Em 2009 não foram verificadas atendimentos desta natureza nas Regiões. Segundo a Se-
cretaria do Estado de Assistência Social existe a previsão de abertura de um NACA (Núcleo
de Atendimento a Criança e Adolescente Vítima de Maus Tratos) em Macaé e outro em
Campos.

Outro Programa, Situação de Risco (SR), promove ações de que visam retirar as crianças
e adolescentes que se encontram em situação de rua, especialmente nos grandes centros
urbanos.

Nas Regiões existem apenas 02 Programas, um em Itaperuna, funcionando na Creche Me-


nino Jesus, mantida pelo Centro Sócio-Cultural Nossa Senhora do Rosário de Fátima. A
entidade atende em medida de abrigo, com capacidade para 25 pessoas, da faixa etária de
2 a 18 anos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 179


Em São João Barra encontra-se mais 1 abrigo, no Educandário Santa Cecília, com capaci-
dade de atendimento para 13 pessoas, da faixa etária de 0 a 18 anos.

Já o Trabalho Protegido para Adolescentes, (anteriormente denominado Programa Edu-


cação pelo Trabalho), engloba ações voltadas para a formação socioeducativa, educação
profissional básica para adolescentes de 14 a 18 anos, em situação de risco e vulnerabilida-
de, priorizando aqueles com direitos violados, em decorrência de abandono, maus tratos,
abuso e exploração sexual, uso de substâncias psicoativas, situação de rua ou de trabalho
proibido, com deficiência, e em cumprimento de medidas socioeducativas não restritivas de
liberdade.

O Programa busca oferecer oportunidades de inserção qualificada no universo laboral, atra-


vés de parcerias institucionais.

Este Programa, segundo o Anuário Estatístico do CIDE em 2009, ocorreu somente em Con-
ceição de Macabu, atendendo a 150 jovens e em Bom Jesus do Itabapoana, atendendo a
outros 150 jovens.

Ações voltadas para os Portadores de Necessidades Especiais (PN) incluem atendimen-


tos individuais e coletivos para crianças e adolescentes com deficiência, visando promover
sua efetiva integração e inclusão social.

No Norte, verificou-se a existência de 10 instituições que oferecem atendimentos desta natu-


reza, 03 em Conceição do Macabú e 02 em Macaé e São Fidelis. Campos, Cardoso Moreira
e São João da Barra possuem apenas 01 instituição, cada.

Nos três outros municípios, Carapebus, Quissamã e São Francisco do Itabapoana, não exis-
tem registros de instituições com oferta de serviços à pessoas com deficiência, indicando a
existência de demandas não atendidas, destacando-se ainda, a existência de uma única
instituição em uma cidade do porte de Campos, o que parece ser insuficiente.

Tabela 82 - Região Norte Fluminense, Programas de Atenção à Criança e ao Adolescente com


Deficiência, 2007 - 2008
Programa de Atenção à Criança e ao Adolescente com Deficiência
Campos dos Goytacazes Centro de Atividades Integradas Edson Arantes do Nascimento (uni-
dade própria do FIA)
Cardoso Moreira Assoc. de Pais e Pessoas Especiais Antônio Gomes Brito
Conceição de Macabu APAE - Conceição de Macabu
Associação Pestalozzi de Conceição de Macabu
C.I.C.A.P.D. - Rego Barros (unidade própria do FIA)
Macaé Associação Macaense de Deficientes Auditivos/ AMADA
Pólo de Articulação Região Norte Fluminense II (unidade própria do
FIA)
São Fidélis APAE - São Fidélis
Associação Pestalozzi de São Fidélis
São João da Barra APAE - São João da Barra

Fonte: SEASDH. Relatório Programático do FIA, 2007/2008.

Considerando-se o tipo de atendimento, em 2009 o Norte tinha a capacidade para atendi-


mento de 792 usuários, sendo 600 na modalidade atendimento/dia. Outras 30 vagas foram
ofertadas em Abrigos, 55 em Ambulatórios e mais 107 em Externatos, conforme representa-
do no Gráfico seguinte.

180 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 30 - Região Norte Fluminense, Distribuição do Número de Vagas X Modalidade de
Atendimento, 2009

Fonte: SEASDH. Relatório Programático do FIA, 2007/2008


Dos 13 municípios do Noroeste, 9 possuíam atendimento à pessoa com deficiência. Em
Itaperuna se verificou a maior oferta, com 2 instituições para os portadores de deficiências.
Em Laje do Muriaé, Porciúncula, São José de Ubá e Varre-Sai não existiam instituições des-
ta natureza, indicando uma lacuna significativa em suas políticas sociais.
Tabela 83 - Região Noroeste Fluminense, Programas de Atenção à Criança e ao Adolescente
com Deficiência, 2007 - 2008
Programa de Atenção à Criança e ao Adolescente com Deficiência
Aperibé APAE - Aperibé
Bom Jesus do Itabapoana APAE - Bom Jesus do Itabapoana
Cambuci APAE - Cambuci
Italva APAE - Italva
Itaocara Associação Pestalozzi de Itaocara
Itaperuna APAE – Itaperuna
Creche Menino Jesus - Mantenedora Centro Sócio-Cultural Nossa Se-
nhora do Rosário de Fátima
Miracema APAE - Miracema
Natividade APAE - Natividade
Santo Antônio de Pádua APAE - Santo Antônio de Pádua
Fonte: SEASDH. Relatório Programático do FIA, 2007/2008.
No total, o Noroeste apresentou a capacidade de atendimento para 440 portadores de defi-
ciência, sendo 182 vagas no atendimento/dia e outras 258 no Externato, conforme consta no
Gráfico seguinte e não possuía Abrigo ou Ambulatório nesta modalidade de atenção.
Gráfico 31 - Região Noroeste Fluminense, Distribuição do Número de Vagas x Modalidade de
Atendimento, 2009

Fonte: SEASDH. Relatório Programático do FIA, 2007/2008


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 181
O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), do Governo Federal, consiste na
transferência de renda à famílias em situação de trabalho infantil, junto com a oferta do ser-
viço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos às crianças e adolescentes com idade
inferior a 16 anos, visando retirar crianças e adolescentes da prática do trabalho precoce e
contribuir para a erradicação de todas as formas de trabalho infantil no País, especialmente
do trabalho em atividades perigosas, insalubres e degradantes.

Destina-se prioritariamente a atender às famílias atingidas pela pobreza e pela exclusão


social, com renda per capita de até ½ salário mínimo, para filhos na faixa etária de 7 a 15
anos que trabalham em atividades desta natureza, além de prever ações socioassistenciais
com foco na família, potencializando sua função protetiva e os vínculos familiares e comuni-
tários.

O Programa busca construir um processo de resgate da cidadania e a promoção dos direi-


tos de seus usuários, bem como a inclusão social de suas famílias.

Ressalta-se que o desafio em combater-se o trabalho infantil conta com diversos atores es-
tratégicos, além do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), tais
como: Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), Ministério Público do Trabalho (MPT), Mi-
nistério da Educação (MEC), Ministério da Saúde (MS), Ministério do Esporte (ME), Ministé-
rio do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério da Cultura, Fórum de Erradicação do Tra-
balho Infantil, Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre outros que participam de
atividades conjuntas e intersetoriais.
Em Entrevista realizada na Subsecretaria de Direitos Humanos do Estado o trabalho infantil
e escravo na agricultura e colheita de cana de açúcar foi apontado como um dos principais e
mais freqüentes problemas de violação de direitos de crianças e adolescentes, nas Regiões
Norte e Noroeste do Estado.
A Tabela seguinte representa as atividades econômicas do Norte e Noroeste nos quais são
encontradas a prática do trabalho infantil.
Tabela 84 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Mapa Indicativo do Trabalho da Criança e do
Adolescente, 2007 - 2008
Atividade Econômica/ Função Municípios
Cardoso Moreira, São João da Barra, São Francisco de Itabapoa-
Agricultura Canavieira na, São Fidélis, Carapebus, Conceição de Macabu, Italva (lavoura
familiar).
Itaocara, Santo Antônio de Pádua, Cambuci, São José de Ubá,
Miracema, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, Bom Jesus de
Aterros Sanitários (Lixões) Itabapoana, Itaperuna, São Fidélis, Italva, Cardoso Moreira, São
Francisco de Itabapoana, São João da Barra, Conceição de Maca-
bu, Campos dos Goytacazes, Quissamã , Macaé.
Bordadeira Aperibé
Coleta de Material Reciclável Cambuci, Campos dos Goytacazes
Comércio Ambulante Todos os municípios
Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, São João da Barra,
Comércio Varejista
São Francisco de Itabapoana, São Fidélis.
Confecção de Caixas de
Cambuci
Tomates
Cultivo do Café Varre-Sai
Cultivo do Tomate São José de Ubá
Engraxate Aperibé
Extração de Pedras, Areia e
Santo Antônio de Pádua, Miracema,Itaocara, Porciúncula
Argila
Horticultura São José de Ubá, Santo Antônio de Pádua

182 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Atividade Econômica/ Função Municípios
Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, São João da Barra,
Panificação
São Francisco de Itabapoana, São Fidélis.
Pesca Macaé, São João da Barra.
Serviços Domésticos Todos os municípios.
Serviços em Cerâmicas e Cardoso Moreira, São João da Barra, São Francisco de Itabapoa-
Olarias na, São Fidélis.
Serviços em Mercados de
Macaé
Peixes
Serviços em Oficinas
Macaé, Italva.
Mecânicas
Vendedor de Picolé Italva, Natividade, São Fidélis.
(*) Informações fornecidas pelo Ministério Público do Trabalho – 1ª Região – CODIN
Fonte: Mapa de Indicativos do trabalho da Criança e do Adolescente - 3 ed. Brasília: M.T.E, SIT,
2005.
Assim todos os municípios de ambas as Regiões são contemplados pelo PETI. No Norte
existem 199 pólos que atenderam, em 2009, 8.461 crianças e adolescentes. Campos dos
Goytacazes possuía o maior número de Pólos regional, 81, perfazendo 35,6% do total de
crianças atendidas na Região, 3.019.

São Fidelis veio em segundo lugar, com 29 Pólos e atendimento de 2.503 crianças e ado-
lescentes, o que correspondeu a 29,5% do total. São Francisco do Itabapoana também a-
presentou um número expressivo de atendimentos, 1.182. Carapebus e Quissamã, apresen-
tam números bem inferiores de atendimento, 59 e 74.
Tabela 85 - Região Norte Fluminense, Atendimento do PETI, 2009

Municípios da Região Nº. de Crianças e Adolescentes


Nº. de Pólos do PETI
Norte Fluminense Atendidos
Campos dos Goytacazes 81 3.019
Carapebus 01 59
Cardoso Moreira 11 423
Conceição de Macabu 03 153
Macaé 01 74
Quissamã 08 527
São Fidélis 29 2.503
São Francisco de Itabapoana 40 1.182
São João da Barra 25 521
Total da Região Norte 199 8.461
Fonte: Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.
Subsecretaria de Assistência Social e Descentralização da Gestão / Superintendência de Proteção
Social Especial e Gestão do SUAS, 2009
No Noroeste existiam 34 Pólos que realizaram 1.682 atendimentos, em 2009. Somente em
Itaperuna foram realizados 386, o que correspondeu a 22,9% do total de atendimentos regi-
onal. Varre-Sai apareceu com o segundo maior número de atendimentos 256, 15,2% e Mi-
racema em terceiro, com 118 atendimentos, seguido por São José de Ubá, 116. Aperibé,
Porciúncula e Pádua atenderam a cerca de 100 crianças e adolescentes. Cambuci e Laje do
Muriaé foram os municípios com o menor número de atendimentos em situação de trabalho
infantil, 57 e 70, respectivamente.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 183


Tabela 86 - Região Noroeste Fluminense, Atendimento do PETI, 2009
Municípios da Região Nº. de Crianças e Adolescentes
Nº. de Pólos do PETI
Noroeste Fluminense Atendidos
Aperibé 2 103
Bom Jesus de Itabapoana 4 99
Cambuci 2 57
Italva 2 97
Itaocara 2 85
Itaperuna 8 386
Laje do Muriaé 1 70
Miracema 2 118
Natividade 1 93
Porciúncula 3 101
Santo Antônio de Pádua 2 101
São José de Ubá 3 116
Varre-Sai 2 256
Total da Região Noroeste 34 1.682
Nota: - sem informação
Fonte: Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.
Subsecretaria de Assistência Social e Descentralização da Gestão / Superintendência de Proteção
Social Especial e Gestão do SUAS, 2009.
Os dados apresentados suscitam duas hipóteses distintas. Por um lado, pressupõe-se que
os municípios que apresentam os maiores números de atendimentos são também aqueles
cujo problema do trabalho infantil se apresenta mais grave e, analogamente, os municípios
que apresentam os menores quantitativos de atendimento seriam aqueles com a menor in-
cidência do problema.
Por outro lado pode ser que o número de atendimentos não esteja diretamente relacionado
com a amplitude da demanda e sim com as capacidades de atendimento locais, que podem
ou não satisfazer esta demanda, ou seja, falta conhecer os dados quantitativos do trabalho
infantil que vem acontecendo nestas localidades.
Com relação às medidas sócio-educativas de Liberdade Assistida (LA) e Prestação de
Serviços à Comunidade (PSC), elas se aplicam a adolescentes e jovens entre 12 e 21 a-
nos, que cometeram algum delito e/ou ato infracional e que responderão ao processo em
liberdade.
A medida pode durar até 6 meses, podendo a qualquer momento ser prorrogada, revogada
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
A Tabela seguinte revela o número de adolescentes em cumprimento de Liberdade Assisti-
da (LA) e Prestação de Serviço à Comunidade (PSC) em três municípios do Norte e Noroes-
te Fluminense, em 2009, que foram executadas/monitoradas pelos CREAS.
Tabela 87 - Região Norte e Noroeste Fluminense, Atendimentos Liberdade Assistida e
Prestação de Serviços à Comunidade, 2009
Municípios L.A L.A c/ PSC PSC
Campos dos Goytacazes 2 0 9
Itaperuna 2 1 1
Macaé 3 0 0
Fonte: Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.
Subsecretaria de Assistência Social e Descentralização da Gestão / Superintendência de Proteção
Social Especial e Gestão do SUAS, 2009.
184 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Poucos jovens foram acompanhados por estas medidas, sendo 11 em Campos, 04 em Ita-
peruna e 03 em Macaé. Os dados se revelam bastante inexpressivos com relação ao tama-
nho da populações, revelando também uma discrepância com a realidade verificada nestes
grandes centros urbanos, onde se distingue elevada desigualdade socioeconômica e índices
de violência e criminalidade, ou seja, é possível que as políticas de Assistência Social Espe-
cial não estejam tratando do problema de maneira abrangente.

Como agravante, verificam–se grandes deficiências nas políticas de Assistência Social Es-
pecial Municipais, que podem estar mascarando uma situação mais grave no que se refere
aos delitos e criminalidade que afetam a população jovem das Regiões.

A Medida de Abrigos é uma ação de proteção de caráter provisório para crianças, cujos
laços familiares foram rompidos ou estejam causando risco ao indivíduo, realocando-as
temporariamente em Abrigos até que os problemas sejam sanados e/ou contornados.

Tabela 88 - Região Norte e Noroeste Fluminense, Atendimentos em Abrigos, 2009


Número de Capacidade de Número de Crianças
Municípios
Instituições Atendimento Abrigadas
Campos dos Goytacazes 11 241 111
Carapebus 1 3 2
Conceição de Macabu 1 10 7
Macaé 1 60 20
Quissamã 1 32 9
São Fidélis 1 10 9
São Francisco de Itabapoana 1 80 51
São João da Barra 2 38 9
Total da Região Norte 19 474 218
Itaocara 1 10 3
Itaperuna 4 130 24
Porciúncula 1 0 0
Total da Região Norte 06 140 27
Fonte: Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.
Subsecretaria de Assistência Social e Descentralização da Gestão / Superintendência de Proteção
Social Especial e Gestão do SUAS, 2009.
De acordo com os dados da Tabela acima, de 2009, constata-se que, no Norte, apenas
Cardoso Moreira não possuía Abrigo. No Noroeste a situação é mais grave, sendo que ape-
nas Itaocara, Itaperuna e Porciúncula possuem equipamentos com esta modalidade de a-
tendimento.

Em ambas as Regiões existem 25 instituições desta natureza, sendo 19 no Norte e 6 no


Noroeste. A capacidade de atendimento da primeira é de 474 crianças sendo que, destas,
218 estavam sendo utilizadas. No Noroeste a capacidade de atendimento é de 140 pessoas,
com 27 abrigados neste mesmo ano.

Cabe ressaltar que o número de crianças abrigadas varia continuamente, sendo atualizado
constantemente devido ao seu caráter provisório.

Todos os outros municípios destas localidades não tiveram crianças e adolescentes abriga-
dos, conforme informados pela Secretaria do Estado de Assistência Social de Direitos Hu-
manos.

Bom Jesus de Itabapoana, apesar de estar neste grupo, possui 14 crianças e jovens sob
responsabilidade, abrigados em outros municípios. Miracema e São José de Ubá são muni-
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 185
cípios que não possuem crianças abrigadas em seu território, mas enviaram algumas crian-
ças com necessidade de Abrigo para outros municípios.

Este deslocamento das crianças e adolescentes para outros municípios se revela um fator
dificultador à manutenção do direito básico das crianças institucionalizadas, que é a garantia
e/ou o resgate dos vínculos familiares e comunitários.

5.3.3 Outros Programas Sociais

PRODESMAR - Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região

A capacitação de pessoas em setores fora da cadeia petrolífera faz parte do Programa de


Desenvolvimento Social de Macaé e Região (PRODESMAR), iniciado em 2007 numa articu-
lação entre a Petrobrás e os governos federal, estadual e municipal, com a finalidade de
contribuir para a sustentabilidade das cidades que compõem a Bacia de Campos.

Além da qualificação profissional, o Programa prevê a atuação nas áreas de segurança pú-
blica e desenvolvimento social por meio dos seguintes projetos: Duplicação da Rodovia RJ-
106 (Rodovia Amaral Peixoto), no trecho entre Macaé e Rio das Ostras, melhoria operacio-
nal no Serviço de Combate a Incêndio, monitoramento por Câmeras e Despacho de Viaturas
(190) e Planejamento Estratégico Regional do Norte-Noroeste Fluminense, que representa o
presente trabalho, viabilizando na sequência de sua realização, a elaboração de uma cartei-
ra de projetos estruturantes para a Região e a sua inclusão no sistema de gestão estratégi-
ca do Estado do Rio de Janeiro.

Alguns dos cursos oferecidos pelo Programa são: marketing básico; recepcionis-
ta/telefonista; operador de telemarketing; informática na 3ª idade; noções de primeiros so-
corros; secretária de educação ambiental para comércios e serviços; almoxarifado; assisten-
te de contabilidade; construção de “homepage e HTML”; leitura e interpretação de desenho
técnico; plano de gerenciamento de resíduos sólidos; elaboração de projetos sociais e ou-
tros.

PROGRAMAS SOCIAIS PETROBRÁS

A Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos da Petrobrás vem


investindo sistematicamente em Projetos de Responsabilidade Socioambiental e Cultural na
Região Norte e nos demais municípios que compõem a Bacia de Campos, apresentando-se
a seguir alguns dos programas ofertados, que atendem públicos de diferentes faixas etárias
através de ações culturais, educativas e ambientais13

Programa Mosaico

Este Programa promove ações de fortalecimento institucional e técnico-científico, de modo a


apoiar a comunidade de pesca artesanal e o desenvolvimento sustentável de sua atividade.
Ele está em expansão e atende atualmente 14 municípios de influência da Bacia de Cam-
pos: São Francisco de Itabapoana, Campos dos Goytacazes, São João da Barra, Quissamã,
Carapebus, Macaé, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Armação dos Búzios, Cabo Frio,
Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande e Araruama.

13
As informações sobre os Programas Sociais da Petrobras foram complementadas com o depoimento de Rosi-
déa Viana da Silva, no site Museu da Pessoa, 2008, Coordenadora da Área de Responsabilidade Social Petro-
brás na Bacia de Campos, a partir de 2006.

186 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Foto 39 - Programa Petrobrás Mosaico

Fonte: Apresentação Weinhardt, L., outubro de 2008.

Programa de Criança

Constituído atualmente por sete pólos de atendimento, o Petrobrás Programa de Criança


iniciou-se em Macaé em 1987, atendendo a crianças de sete a 14 anos residentes em áreas
de alto risco social, matriculadas e freqüentando a rede municipal de ensino. Ele oferece
oficinas de dança, de teatro, de música, de artes, inglês e informática.

Em Campos, o Programa foi implantado em 2004 e ambos os municípios ampliaram muito


seus atendimentos, que já conta com mais de 2 mil crianças participantes, funcionando tam-
bém nos municípios de Quissamã, Carapebus e Casimiro de Abreu.

Programa de Leitura

O Programa de Leitura atende a 17 municípios da área de influência da Bacia de Campos,


com a participação de um pedagogo. Usufruem do projeto 290 mil alunos, os professores e
290 escolas da rede pública, cadastradas no Programa.

São 5 bibliotecas volantes que visitam as escolas, emprestando livros às crianças e adoles-
centes para incentivo à leitura, com um acervo de aproximadamente 100.000 livros. Além
disto, são realizadas capacitações profissionais para os 9 mil professores da rede pública
deste municípios e oficinas de teatro para os alunos.

Jovem Aprendiz

O objetivo deste Programa é promover a inclusão social de jovens residentes em áreas con-
sideradas de alto risco social, por meio de sua qualificação social e profissional, contribuindo
para a melhor inserção no mercado de trabalho. Este trabalho atende a Lei n° 10.097, de
2000 e a Petrobrás decidiu participar com a cota máxima de recursos.

Sua primeira edição ocorreu de 2006 a 2008, atendendo a 650 jovens da Bacia de Campos,
em cinco municípios: 80 de Rio das Ostras, 220 de Macaé, 270 de Campos dos Goytaca-
zes, 40 de São Francisco de Itabapoana e 40 de São João da Barra.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 187


Fotos 40 e 41 - Programa de Leitura e Programa Jovem Aprendiz

Fonte: Apresentação Weinhardt, L., outubro de 2008

Petrobrás Ecolagoas
O Programa cataloga grande parte da biodiversidade de plantas e animais da Região Norte,
além de promover o desenvolvimento de bases científicas e tecnológicas para a prática da
gestão racional dos ambientes aquáticos. A intenção é que ele seja ampliado para novas
frentes de pesquisa neste ano.

Projeto Pólen
O Projeto Pólen surgiu como conseqüência do Estudo de Impacto Ambiental das atividades
de produção e escoamento de petróleo e gás natural dos campos de Espadarte e Marimba,
localizados na Bacia de Campos. Este Projeto, que figura como um condicionante do IBA-
MA, tem como objetivo formar educadores que possam trabalhar na gestão ambiental dos
municípios de abrangência da Bacia.

Petrobrás Coral Bacia de Campos e Camerata Bacia de Campos


A empresa apóia o Coral e também a Camerata de Campos, que ao longo destes anos rea-
lizou inúmeras apresentações externas e internas. Em 2009, a Camerata realizou 5 apre-
sentações externas e 18 internas.

Foto 42 – Campos dos Goytacazes, Coral

Fonte: Apresentação Weinhardt, L., outubro de 2008.

188 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA

O Programa Territórios da Cidadania foi lançado em 2008 e vem sendo executado pelo Go-
verno Federal em 120 “territórios”, a partir de 2009. Seu objetivo é promover o desenvolvi-
mento econômico do pais e universalizar programas básicos de cidadania, por meio de uma
estratégia de desenvolvimento territorial sustentável. A participação social e a integração de
ações entre Governo Federal, estados e municípios são fundamentais para a construção
desta estratégia que tem como foco central os cidadãos que habitam o meio rural.

São inúmeros os Ministérios participantes e os principais eixos de ação do Programa são:

• direitos e desenvolvimento social;

• organização sustentável da produção;

• saúde, saneamento e acesso a água;

• educação e cultura;

• infra-estrutura;

• apoio à gestão territorial;

• ações fundiárias.

Em 2009, para o Norte Fluminense foram previstos um total de 65 ações, por meio do Pro-
grama, com a previsão de investimento de R$ 211 milhões. Até agosto deste ano, o Portal
da Cidadania já havia recebido informações sobre a execução de 49 ações, totalizando o
montante de R$195,46 milhões.

No Noroeste, foram previstas para o mesmo ano, um total de 61 ações, com a atuação de 8
Ministérios que integram o Programa, no valor de R$111,04 milhões. Até agosto de 2009, o
Portal havia recebido informações sobre a execução de 47 ações, com o valor previsto de
R$107,76 milhões. (No Anexo III encontram-se as metas de atuação do Programa em am-
bas as Regiões).

PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO (PAC)

O Programa de Aceleração do Crescimento, PAC, é um Programa do Governo Federal, lan-


çado em 2007, que engloba um conjunto de políticas econômicas, com o objetivo de acele-
rar o crescimento econômico brasileiro em 5% ao ano, até o ano de 2010.

O Programa se divide em três eixos prioritários de infra-estrutura:

• Logística (rodoviária, ferroviária, portuária, hidroviária e aeroportuária);


• Energética (geração e transmissão de energia elétrica, petróleo, gás natural e energias
renováveis);
• Social e urbana (Luz para Todos, saneamento, habitação, metrôs, recursos hídricos).
No Estado do Rio de Janeiro, o PAC previa investimentos da ordem de R$4 bilhões, geran-
do 14.652 empregos. Uma obra de importância realizada na Capital foi a construção do Arco
Metropolitano, orçado em R$1.067 milhões, ligando Itaguaí a Itaboraí passando por fora da
cidade do Rio, o que deslocou o fluxo de cargas que cruzava a cidade, para atravessar a
Baía de Guanabara.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 189
No Norte, os investimentos constam da Tabela seguinte. O maior investimento proposto foi
para Campos, R$ 10.643 milhões, seguido por Quissamã, R$ 1.030 e Macaé, R$ 93 mil,
estes últimos projetos com valores bem menores do que os de Campos.

Tabela 89 - Região Norte Fluminense, Programa de Aceleração do Crescimento, 2007 - 2010


Investimentos, Valor de Repasse e Contrapartida do Programa de Aceleração do Crescimento
- PAC - 2007-2010 (MR$)
Municípios da Região Valor do
Investimento Contrapartida
Norte Fluminense Repasse
Campos dos Goytacazes 10.643,54 5.458,64 5.184,90
Carapebus - - -
Cardoso Moreira - - -
Conceição de Macabu - - -
Macaé 93,54 77,72 15,82
Quissamã 1.036,00 700,00 336,00
São Fidélis - - -
São Francisco de Itabapoana - - -
São João da Barra - - -
Região 11.773,08 6.236,36 5.536,72
- = sem informação
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009
No Noroeste, os investimentos do PAC eram bem menores e alcançavam um décimo do
valor do Norte. A maior parcela do valor foi para Bom Jesus do Itabapoana, R$ 74 mil, se-
guido pelos valores menores em Miracema, a Itaperuna e Varre-Sai. Os demais Municípios
não receberam investimentos previstos do PAC.

Tabela 90 - Região Noroeste Fluminense, Programa de Aceleração do Crescimento, 2007 - 2010

Investimentos, Valor de Repasse e Contrapartida do Programa de Aceleração do Crescimento


- PAC - 2007-2010 (R$ 1000)
Municípios da Região Valor do
Investimento Contrapartida
Noroeste Fluminense Repasse
Aperibé - - -
Bom Jesus do Itabapoana 897,40 747,83 149,57
Cambuci - - -
Italva - - -
Itaocara - - -
Itaperuna 70,37 58,64 11,73
Laje do Muriaé - - -
Miracema 117,00 97,50 19,50
Natividade - - -
Porciúncula - - -
Santo Antônio de Pádua - - -
São José de Ubá - - -
Varre-Sai 9,69 9,19 0,50
Região 1.094,45 913,16 181,29
- = sem informação
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009

No início de 2010, o Governo Federal lançou o PAC 2, com um valor de aproximadamente


R$ 1 trilhão, a serem investidos nos próximos quatro anos, com foco central na definição de
um carteira de projetos nos setores de energia e habitação. (Versiani, I. e Exman, F.
29/03/2010).
190 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
O PAC 2 prevê 958,9 bilhões de reais em investimentos de 2011 a 2014 e mais 631,6 bi-
lhões de reais após 2014, contando prioritariamente com os investimentos públicos. Do total
de recursos estimados para estes próximos quatro anos, cerca de R$ 177 bilhões viriam do
Orçamento da União, R$ 300 bilhões das estatais e R$ 46 bilhões do setor privado. Outros
R$ 186 bilhões corresponderiam a financiamentos concedidos às pessoas físicas, R$ 95
bilhões seriam financiamentos ao setor públicos e cerca de R$ 133 bilhões foram classifica-
dos como "a definir", porque dizem respeito a leilões de energia que ainda serão realizados.

Assim, espera-se que nestes setores de energia e habitação os recursos disponíveis para
captação possam favorecer as localidades em estudo, destacando-se que há investimentos
de energia já em implantação nestes territórios e que os déficits habitacionais são graves
em alguns de seus municípios.

5.4 Considerações

Considerando-se os índices de pobreza, indigência e vulnerabilidade constatadas nas Regi-


ões estudadas, as políticas de assistência devem ser fortalecidas continuamente, sendo
capazes de atuar de forma preventiva e oferecer um atendimento integrado às populações.

Verifica-se que, tanto no Norte quanto, no Noroeste, todos os municípios possuem uma rede
de Atenção Social Básica constituída. O Bolsa Família aparece como o Benefício do Gover-
no que contempla a maior parcela das populações, em torno de 20 a 30%, o que pressupõe
grandes lacunas existentes no campo do trabalho, cujo o acesso e as oportunidades dadas
aos habitantes se apresentam insuficientes.

Observam-se também grandes deficiências em ambas as Regiões, no que diz respeito aos
serviços de Proteção Social Especial, embora seja visível a necessidade destas ações.
Mesmo com a existência do PETI contemplando a totalidade dos Municípios, a ausência dos
CREAS se configura como um entrave para a ampliação das políticas sociais desta nature-
za.

Os gerentes de Programas Sociais do Estado esclareceram que a meta da atual gestão é


que o Programa de apoio aos Portadores de Necessidades Especiais tenha cobertura total
nos municípios e o restante dos programas atenda a pelo menos a metade dos municípios
fluminenses.

Em entrevista na Subsecretaria de Direitos Humanos do Estado, foi ressaltado que o princi-


pal desafio para a Assistência Social é ampliar o atendimento dos CRAS nas Regiões. Co-
mo meta, os municípios devem atender a totalidade da população em situação de vulnerabi-
lidade, apoiando-a e realizando ações que lhe auxilie a superar situações adversas.
Outros problemas das Regiões apontados foram:
• Constantes inundações e ausência de equipamentos para acolher as famílias que sofrem
com as chuvas;
• Ausência de saneamento básico;
• Trabalho infantil e escravo na colheita de cana de açúcar e agricultura;
• Ausência de abrigos/asilos para idosos.
Entre as propostas de melhorias para estas localidades estão: Implementar os Centros de
Referência da Juventude, as Oficinas para o Legislativo e Programas de Capacitação para
Mulheres.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 191


Para os profissionais que trabalham na área social, a principal demanda relatada é a cons-
trução de Centros-Dia na região. Estes equipamentos não só acolhem os idosos durante o
dia, mas também trabalham com suas famílias, ampliando os vínculos familiares e prevenin-
do a internação dos idosos em asilos.

Para o atendimento destas e de outras propostas se faz imprescindível a participação dos


grupos organizados locais, como Conselhos Municipais de Assistência, Associações Médi-
cas, Conselhos de Saúde, da Infância e Adolescência.

6 DEMOCRACIA ECONÔMICA

O Brasil é um país que apresenta desigualdades sociais acentuadas, historicamente consti-


tuídas e que perduram até os dias de hoje. Em termos gerais, através de esforços em dife-
rentes áreas, esta desigualdade vem diminuindo-se timidamente, mas ainda é marcada pela
pobreza, pela ausência de condições básicas de vida para seus habitantes e por uma distri-
buição de renda extremamente desigual, conforme visto anteriormente.

Analogamente, a democracia econômica significa a distributividade equânime de renda e


oportunidades para todos os habitantes e ainda se assemelha a uma utopia do que a uma
realidade próxima.

O Norte e o Noroeste refletem esta situação nacional de desigualdade, conforme visto atra-
vés das razões de renda municipais.

Este panorama se completa com 20 a 30% das populações municipais destas Regiões vi-
vendo a partir dos repasses governamentais do Programa Bolsa Família, explicitando que
quase um terço de seus habitantes não trabalha, ou trabalha em subempregos e se apóia
em benefícios do Governo para sustentar suas famílias, enquanto os PIBs municipais e per
capita estão entre os melhores do Estado e mesmo do Brasil, refletindo a imensa desigual-
dade e mesmo as assimetrias sociais presentes nestas Regiões.

Neste item, esta análise se encerra apresentando-se outros indicadores que também refle-
tem as condições locais de desigualdade, verificadas através do poder de consumo de sua
população e do Índice GINI.

6.1 Avaliaçao Situacional – Condições Estruturais e Conjunturais

Desde uma outra perspectiva, existem nas localidades potencialidades estruturais e conjun-
turais favoráveis, como alguns potenciais produtivos bem estabelecidos e outros em fase de
implantação, que poderão participar na reversão dos inúmeros “espaços de necessidades”
discutidos anteriormente.

No Norte, atualmente, dentre as suas condições conjunturais positivas, destaca-se o rece-


bimento dos royalties, aumentando expressivamente as receitas, que podem ser utilizadas
para a resolução de problemas estruturais e conjunturais graves; sua vocação turística, em
função de recursos naturais disponíveis, do patrimônio histórico, artístico e cultural de al-
guns municípios, a tradição agrícola, o crescimento industrial acelerado em algumas locali-
dades, inclusive elevando-se as taxas de emprego.

No Noroeste destacam-se, dentre outros, a pecuária e o cultivo de algumas culturas agríco-


las, a qualidade da Saúde em diversos aspectos, novos potenciais como a extração de ro-
chas, resultando em 02 APLs de Rochas Ornamentais e outros setores econômicos que

192 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


surgem em Bom Jesus de Itabapoana e potenciais histórico-culturais expressivos em alguns
municípios, como é o caso de Miracema.

6.1.1 Acesso a Bens de Consumo

O acesso a bens de consumo é um indicador que auxilia na compreensão das condições de


vida da população baseado em suas condições para o consumo. Trata-se aqui do percentu-
al de pessoas que possuem energia elétrica no domicilio, geladeira, televisão e telefone,
bens estes que, nos dias atuais, são adquiridos pela maioria da população que possui con-
dições econômicas mínimas.

Conforme a Tabela a seguir, em 2000, na Região Norte, o percentual de pessoas que pos-
suía energia elétrica e geladeira nos seus domicílios foi próximo a 90%, sendo o menor per-
centual encontrado em São Francisco de Itabapoana, 80,07% e Cardoso Moreira, 82,4% e o
maior percentual em Macaé, 94,63%, seguido por Campos e Carapebus, ambos com
91,20%, ambos abaixo do valor estadual, de 96,6%. O número de pessoas que viviam em
domicílios com energia elétrica e televisão foi um pouco mais elevado em todos os municí-
pios, destacando-se Macaé, 95,95% e Campos, 95,22%, com percentuais similares e próxi-
mos ao valor estadual, de 97,20%. Observa-se também que São Francisco de Itabapoana
quase dobrou seu valor, de 47,66% para 84,56%.

O percentual de pessoas que vivem em domicílios com telefone foi bem inferior aos outros
indicadores, ficando entre 7,77% em Quissamã e 11,22% em Cardoso Moreira, com os me-
lhores percentuais encontrados em Macaé, 36,90% e Campos, 36,33%, próximos ao per-
centual estadual de 38,4%.
De acordo com estes dados, houve melhoras expressivas nos percentuais dos três itens
avaliados entre 1991-2000, resultando em uma aproximação maior entre os municípios, em
termos do percentual de pessoas que vivia com energia elétrica, geladeira e televisão, man-
tendo-se entretanto bem desigual em termos das pessoas que possuem telefone nos domi-
cílios, nos diferentes municípios, apesar de ter sido o percentual que apresentou as maiores
taxas de aumento.
Tabela 91 - Região Norte Fluminense, Acesso a Bens de Consumo, 1991 e 2000

Acesso a Bens de Consumo - 1991 e 2000


% Pessoas que
% Pessoas que Vivem em % Pessoas que Vivem em
Vivem em
Municípios da Região Domicílios com Energia Domicílios com Energia
Elétrica e Geladeira Elétrica e Televisão Domicílios
Norte Fluminense com Telefone
1.991 2.000 1.991 2.000 1.991 2.000
Campos dos Goytacazes 76,64 91,20 81,96 95,22 15,09 36,33
Carapebus 62,75 91,20 71,13 92,34 0,64 14,06
Cardoso Moreira 48,88 82,14 50,28 87,16 1,44 11,22
Conceição de Macabu 65,09 90,58 73,42 94,85 5,84 16,12
Macaé 82,62 94,63 85,19 95,95 17,56 36,90
Quissamã 62,86 89,07 71,46 92,97 1,16 7,77
São Fidélis 60,51 88,84 61,14 89,12 8,07 16,76
São Francisco de Itabapoana 40,50 80,07 47,66 84,56 0,54 13,53
São João da Barra 78,94 87,91 87,06 91,12 3,67 14,70
Estado do Rio de Janeiro 88,70 96,60 88,90 97,20 22,60 38,40

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 193


Na Região Noroeste, neste mesmo ano, o percentual de pessoas que possuía energia elé-
trica e geladeira nos seus domicílios variou entre 77,32%, em Varre-Sai a 93,90% em Itape-
runa. Ficaram próximos de 90% de domicílios com energia elétrica os municípios de Aperi-
bé, Bom Jesus de Itabapoana, Cambuci, Italva, Itaocara, Natividade, Pádua e São José de
Ubá. Junto com Varre-Sai, os piores percentuais foram os de Porciúncula, 79,20%, Laje do
Muriaé, 82,24% e Miracema, 85,22%.

O percentual de pessoas que viviam em domicílios com energia elétrica e televisão, em


2000, foi mais elevado do que aqueles que viviam com energia elétrica e geladeira, ficando
próximo a 90 % em vários municípios do Noroeste, com valores mais baixos em Varre-Sai,
82, 45% e Laje do Muriaé, 86,83%.

O percentual de pessoas que viviam em domicílios com telefone foi bem inferior aos outros
indicadores, ficando entre 11,83% em Laje do Muriaé e 28,34% em Itaperuna, valor duas
vezes maior do que em grande parte dos municípios. Aqueles que obtiveram um percentual
de aproximadamente 20% foram Aperibé, Bom Jesus de Itabapoana, Itaocara, Miracema,
Pádua. Observa-se também que a maioria dos municípios aumentou significativamente seu
valor, dobrando e até sextuplicando seus percentuais.

Neste sentido, houve melhoras muito grandes nos percentuais dos três itens avaliados entre
1991-2000, que também diminuíram as diferenças intermunicipais, mantendo-se ainda desi-
gual em termos das pessoas que possuem telefone nos domicílios, assim como ocorrido no
Norte.

Tabela 92 - Região Noroeste Fluminense, Acesso a Bens de Consumo – 1991 e 2000

Acesso a Bens de Consumo - 1991 e 2000


% Pessoas que Vivem % Pessoas que
% Pessoas que Vivem em
em Vivem em
Municípios da Região Domicílios com Energia
Domicílios com Energia Domicílios com
Norte Fluminense Elétrica e Geladeira
Elétrica e Televisão Telefone
1.991 2.000 1.991 2.000 1.991 2.000
Aperibé 67,54 90,93 68,58 93,39 4,47 19,24
Bom Jesus do Itabapoana 69,36 93,17 67,50 89,84 14,13 26,55
Cambuci 56,68 89,39 58,68 91,28 6,22 14,42
Italva 62,96 86,97 61,39 87,78 6,80 16,30
Itaocara 65,42 90,70 65,99 93,07 6,82 25,61
Itaperuna 73,29 93,90 75,07 94,67 11,50 28,34
Laje do Muriaé 42,63 82,24 52,25 86,83 6,72 11,83
Miracema 69,61 85,22 73,58 90,39 11,53 21,91
Natividade 54,13 89,24 62,73 89,40 7,12 15,76
Porciúncula 50,86 79,20 63,03 88,97 6,16 14,16
Santo Antônio de Pádua 70,26 92,07 70,75 92,57 7,20 23,35
São José de Ubá 44,08 86,95 48,82 89,25 2,59 12,17
Varre-Sai 36,14 77,32 43,10 82,45 4,66 15,03
Estado do Rio de Janeiro 88,70 96,60 88,90 97,20 22,60 38,40
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.
Portanto, os aumentos percentuais e a diminuição das diferenças municipais com relação
aos domicílios que possuíam energia elétrica, geladeira e televisão foram observados em
ambas as Regiões e não há grandes discrepâncias em termos deste índices, considerando-
se as médias um pouco superiores no Norte, em relação ao percentual de habitantes com
194 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
televisão e telefone. Ou seja, considerando-se o acesso a estes bens de consumo, tratados
hoje em dia como “básicos”, não foram observadas grandes distinções interregionais.

6.2 Desigualdades e Assimetrias

O índice de GINI, outro indicador utilizado na avaliação da Democracia Econômica, expres-


sa o nível de desigualdade social de uma população. Ele foi proposto para calcular a distri-
buição de renda de populações, variando de 0 (zero), situação de perfeita igualdade, a 1
(um), situação de desigualdade máxima.

O Brasil possui historicamente um Índice GINI extremamente elevado, que decresceu de


0,63 em 1991 para 0,56 em 2003; entretanto segue refletindo a forte desigualdade social
existente no país. No Rio de Janeiro, o município com maior desigualdade foi Angra dos
Reis, com índice de 0,55 (IBGE, 2003).14

Na Região Norte, em 2003, os melhores valores do Índice GINI foram os de Carapebus,


0,38, 4o lugar estadual e Conceição de Macabu, 0,40, 15o lugar estadual, ressaltando-se que
Carapebus teve o melhor valor do Estado em 1991 e 2000. Os outros municípios variaram
entre 0,41 e 0,49, de Campos, 90o lugar estadual, que apresentou a pior desigualdade regi-
onal e uma das piores do Estado.

Observa-se ainda que entre 1991-2000 todos os municípios do Norte apresentaram diminui-
ção no Índice GINI, apesar de alguns haverem perdido posições no “ranking” estadual, o
que pode ser explicado porque no conjunto, muitos municípios melhoraram seus valores e
elevaram as posições na classificação.

Tabela 93 - Região Norte Fluminense, Índice de GINI, 1991, 2000, 2003


Índice de GINI - 1991, 2000 e 2003
Municípios da Região GINI “Ranking Estadual”
Norte Fluminense 1.991 2.000 2.003 1.991 2.000 2.003
Campos dos Goytacazes 0,62 0,58 0,49 86 73 90
Carapebus 0,44 0,46 0,38 1 1 4
Cardoso Moreira 0,52 0,52 0,43 26 17 52
Conceição de Macabu 0,51 0,51 0,40 21 11 15
Macaé 0,57 0,56 0,44 63 61 59
Quissamã 0,51 0,52 0,41 22 23 35
São Fidélis 0,64 0,55 0,46 90 55 83
São Francisco de Itabapoana 0,46 0,62 0,44 8 89 66
São João da Barra 0,52 0,52 0,42 28 25 48
Estadual – Carapebus 0,44 0,46 NA 1º 1º NA
Estadual - Comendador Levy Gasparian NA NA 0,36 NA NA 1º
Nacional - Canápolis/BA 0,31 NA NA 1º NA NA
Nacional - Barra da Choça/BA NA 0,36 NA NA 1º NA
Brasil 0,63 0,60 0,56 NA NA NA
NA = Não se aplica
Fontes: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD

14
As informações utilizadas para a elaboração deste indicador foram produzidas pelo IBGE, relativas à popula-
ção de 10 anos ou mais de idade e seus rendimentos mensais de todas as fontes, oriundas da Pesquisa Nacio-
nal por Amostra de Domicílios – PNAD.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 195


Conforme pode ser visto no Gráfico seguinte, as diferenças no nível de desigualdade social
da Região foram muito expressivas, sendo que em 2003 Carapebus ocupava o 4o lugar es-
tadual, enquanto Campos dos Goytacazes o 90o, dos 92 municípios fluminenses, passando
por São João da Barra, Cardoso Moreira e Macaé em lugares medianos no Estado.

Gráfico 32 - Região Norte Fluminense, Ranking Estadual – GINI, 2003

Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Norte Fluminense - GINI, 2003

100
90º
83º
80
66º
59º
60 52º
48º

40 35º

20 15º

0
Carapebus Conceição de Quissamã São João da Cardoso Macaé São Francisco São Fidélis Campos dos
Macabu Barra Moreira de Itabapoana Goytacazes

Municípios

Fontes: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003


Assim, o Mapa seguinte revela a menor desigualdade social em Carapebus, seguido por
São João da Barra, Quissamã e Conceição de Macabu. Os valores medianos de desigual-
dade foram encontrados em Macaé, São Fidélis, Cardoso Moreira e São Francisco de Ita-
bapoana e Campos apresentou a pior desigualdade social, segundo o índice GINI, em 2003.

Mapa 17 - Região Norte Fluminense – Índice GINI, 2003

Fontes: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

196 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Na Região Noroeste, em 2003, os melhores valores do Índice GINI foram calculados em
São José de Ubá, 0,39, 11o lugar, Varre-Sai e Italva, ambos com 0,40, seguidos por Aperibé,
Bom Jesus de Itabapoana e Cambuci, 0,46, sendo que os valores indicadores estavam em
Santo Antônio de Pádua e Miracema, 0,48, apresentando a pior desigualdade regional e
uma das piores do Estado.

Observa-se ainda que entre 1991-2000 todos os municípios do Noroeste apresentaram di-
minuições significativas no Índice GINI, apesar de alguns haverem perdido posições no
“ranking” estadual, assim como ocorreu no Norte.

Tabela 94 - Região Noroeste Fluminense, Índice de GINI, 1991, 2000, 2003

Índice de GINI - 1991, 2000 e 2003


Municípios da Região GINI Ranking Estadual
Noroeste Fluminense 1.991 2.000 2.003 1.991 2.000 2.003
Aperibé 0,56 0,56 0,46 53 58 13
Bom Jesus do Itabapoana 0,58 0,54 0,46 68 37 79
Cambuci 0,62 0,54 0,46 85 38 80
Italva 0,59 0,53 0,40 73 30 19
Itaocara 0,59 0,63 0,45 77 90 72
Itaperuna 0,64 0,55 0,45 89 48 73
Laje do Muriaé 0,60 0,51 0,41 79 14 31
Miracema 0,56 0,60 0,48 61 85 86
Natividade 0,63 0,59 0,45 88 79 74
Porciúncula 0,59 0,54 0,42 74 39 46
Santo Antônio de Pádua 0,60 0,55 0,48 81 54 89
São José de Ubá 0,60 0,55 0,39 82 56 11
Varre-Sai 0,59 0,56 0,40 76 65 26
Estadual - Carapebus 0,44 0,46 NA 1º 1º NA
Estadual - Comendador Levy Gasparian NA NA 0,36 NA NA 1º
Nacional - Canápolis/BA 0,31 NA NA 1º NA NA
Nacional - Barra da Choça/BA NA 0,36 NA NA 1º NA
Brasil 0,63 0,60 0,56 NA NA NA

Fontes: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

Conforme visto no Gráfico seguinte, as diferenças no nível de desigualdade social na Regi-


ão foram expressivas, apesar de um pouco menores que no Norte, sendo que São José de
Ubá ocupou o 11o lugar estadual e Santo Antônio de Pádua o 89o, possuindo 5 de seus mu-
nicípios próximos ao 32o lugar estadual e 7 municípios acima do 70o lugar estadual.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 197


Gráfico 33 - Região Noroeste Fluminense, Ranking Estadual – GINI, 2003

Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Noroeste Fluminense - GINI, 2003

100 89º
86º
79º 80º
80 72º 73º 74º

60
46º
40 31º
26º
19º
20 11º 13º

0
São José de Aperibé Italva Varre-Sai Laje do Muriaé Porciúncula Itaocara Itaperuna Natividade Bom Jesus do Cambuci Miracema Santo Antônio
Ubá Itabapoana de Pádua

Municípios

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

Assim, em 2003, de acordo com o Índice GINI representado no Mapa a seguir, apresenta-
ram menor desigualdade social Varre-Sai, São José de Ubá e Italva, seguidos por Laje do
Muriaé e Porciúncula. Na média estadual de desigualdade ficaram Aperibé, Itaocara, Cam-
buci, Itaperuna, Bom Jesus de Itabapoana e Natividade. A desigualdade social local mais
acentuada do Noroeste foi medida em Miracema e São José de Ubá.

Mapa 18 - Região Noroeste Fluminense - Índice GINI, 2003

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

198 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Portanto, de acordo com o Índice GINI houve uma diminuição das desigualdades sociais
tanto nos municípios do Norte e do Noroeste, entre 1991-2003, destacando-se Carapebus,
no 4o lugar estadual e Campos, no 90o lugar.

A tendência constatada foi que quanto mais ricos os municípios pior foi o Índice GINI, reve-
lando que nestes espaços a riqueza gerada foi maior e menos distribuída para a sua popu-
lação, que em grande parte é pobre porque não possui qualificação suficiente para trabalhar
nos postos de trabalho que geraram estas riquezas, vive em condições insalubres, como em
favelas, além de muitos serem migrantes que vieram e se fixaram nestes locais desprepara-
dos, como nos casos de Campos e em Macaé.

Por outro lado, nos municípios mais pobres a desigualdade foi menor, em muitos casos não
porque tenha havido melhor distributividade de renda, mas porque a riqueza total foi peque-
na e, portanto, ao dividir-se pela população total do município gerou uma menor discrepân-
cia entre ricos e pobres, como por exemplo em Varre-Sai e São José de Ubá, que apresen-
taram um série problemas de várias naturezas mas tem os menores índices de desigualda-
de regional.

7 CONCLUSÃO

Foto 43 - Campos dos Goytacazes, Vista

Fonte: Foto das autoras, 2009.


Considerando-se as peculiaridades de cada município, bem como suas potencialidades e
fragilidades que configuram a Região Norte e a Noroeste, ressalta-se que apesar da melho-
ria dos dados estatísticos, de uma maneira geral, o resultado não é positivo, especialmente
para seus habitantes.

Conforme pesquisa de Terra, Oliveira e Givisiez (2006): “Embora Campos dos Goytacazes
seja o município brasileiro que recebe o maior volume de “royalties” pela exploração de pe-
tróleo e gás em sua bacia sedimentar, não há indícios de que esta vantagem orçamentária
em relação à média dos municípios brasileiros tenha se traduzido de forma significativa em

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 199


justiça social. Os investimentos públicos em obras, sejam obras de saneamento, pavimenta-
ção ou de construção de equipamentos públicos, realizados nas duas últimas gestões muni-
cipais, não foram alocados em áreas sociais menos favorecidas, não produzindo efeitos
positivos na estrutura de renda real do município”.

Pelo contrário, ressaltam os autores, “o exercício mostrou que a autonomia financeira asso-
ciada a uma receita orçamentária elevada produziu um padrão de alocação de recursos pú-
blicos em benefício de segmentos populacionais de maior renda em detrimento daqueles de
renda mais reduzida”.

Observando ainda a Região Norte, que detém hoje grande parte das receitas per capita
mais elevadas do Brasil, foram constatados em todos os seus municípios a coexistência de
fortes contradições: elevados índices de subemprego e desemprego combinados a uma
intensa demanda por mão-de-obra qualificada; a segregação urbana/espacial formada por
elites sociais de poder econômico que monopolizam o discurso regionalista e as periferias,
que vivem as mazelas sociais e infraestruturais urbanas.

Melhorou-se o IDH, o IFDM e alguns valores dos grupos de indicadores do IQM. Entretanto,
considerando-se os seus componentes, os níveis de Cidadania foram muito baixos e piora-
ram ao longo da pesquisa, refletindo pioras na avaliação das condições de atendimento às
necessidades básicas da população, englobando saúde, educação, segurança, justiça e
lazer.

Melhorou-se a Educação sob vários aspectos, como a porcentagem de crianças e jovens


freqüentando as escolas e o aumento da média de escolaridade em diversas faixas etárias.
No entanto, revela-se que ambas as Regiões possuem ainda grandes fragilidades educa-
cionais dos habitantes, como a média de 5 anos de estudo da população adulta, além de
sérios problemas de repetência escolar e índices de analfabetismo, que se refletem direta-
mente nas condições socioeconômicas, nas condições de trabalho e renda, de saúde e de
qualidade de vida da população, se configurando portanto lacuna em direção ao desenvol-
vimento.

Na Saúde, houve uma elevação dos anos de vida, a redução da mortalidade infantil e a me-
lhoria nas redes de saneamento ambiental, que ainda assim apresentam índices comprome-
tedores em municípios que receberam quantias muito expressivas de recursos.

Na Segurança pode ter havido avanços estruturais, todavia o nível de ocorrências aumentou
para quase todos os tipos de criminalidade locais, com índices de violência alarmantes, des-
tacando-se Macaé e Campos.

Poucos foram os dados disponibilizados na área Esportiva, mas o que havia apontou para
uma grande carência de recursos financeiros, infra-estruturais e de projetos na área.

A Região Norte apresentou ainda altos índices de pobreza e indigência, rendas baixas,
grande informalidade no mercado de trabalho e espaços caracterizados por bolsões de po-
breza, especialmente visíveis nas conformações territoriais de Campos e Macaé, municípios
que enfrentam uma pujança econômica proveniente do petróleo.

Os espaços territoriais estão marcados por desigualdades constantes: em Campos há uma


desorganização espacial com verticalização desordenada, favelas, um trânsito caótico. Ma-
caé, por sua vez, possui condomínios de luxo incrustados em pequenos espaços urbanos,
dentro dos bairros residenciais, que não foram ocupados pelas favelas. Visualmente vê-se
bairros e favelas se alternando, com alguns condomínios industriais de porte entremeando
os espaços.

200 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


É acentuada a desigualdade da distribuição de renda e ainda são demasiado elevados os
percentuais de pobreza e indigência. Na maioria dos municípios a base produtiva industrial é
inexpressiva, o que determina uma base econômica com pouca expressão, financeiramente
também insuficiente, termos de comércio e agricultura para os habitantes. Como conse-
qüência, os índices de informalidade são elevados. Em alguns municípios existem inúmeras
deficiências técnicas e administrativas enfrentadas pelo poder público municipal e falta inte-
gração entre os municípios, tanto regionalmente como interregionalmente.

São paradoxos continuados que saltam aos olhos. Os municípios vizinhos do grupo que
recebe valores elevados de “royalties”, tentam aproveitar-se da riqueza gerada regionalmen-
te, que emula o desenvolvimento sem preencher as condições de um crescimento pleno e
as disparidades sócio-espaciais se acumulam.

O município de maior renda per capita foi Quissamã e, coincidência ou não, no conjunto dos
municípios foi o que apresentou maior evolução de sua situação, pressupondo-se que exista
um planejamento estrutural das ações públicas e privadas parte dos gestores públicos.

Dentro desta perspectiva, embora a Região viva um momento de crescimento econômico


singular, que se estende por décadas, o panorama geral deste crescimento não conseguiu
sequer se aproximar de uma condição de desenvolvimento sustentável, nem os planejamen-
tos urbanos e territoriais subsistem e funcionam voltados prioritariamente para o bem-estar
de sua população.

A Região Noroeste por sua vez, de tradição agrícola, é considerada uma das mais pobres
do Estado, com atividades de base primária, poucas diversificações econômicas e setor
industrial incipiente. Com indicadores muito baixos em diferentes áreas na década de 90,
diversos de seus municípios conseguiram reverter este quadro ou, pelo menos minimizar a
gravidade de sua situação, mas ainda há outros que apresentam os piores resultados socio-
econômicos do Estado do Rio de Janeiro.

Parte da mudança se reflete na melhoria dos indicadores tais como o IDH, o IFDM e alguns
componentes dos grupos de indicadores do IQM. Ressalta-se que enquanto parte dos valo-
res do IQM relacionados à atratividade de negócios são baixos e, no geral, ínfimos quando
comparados aos da Região Norte, os níveis de Cidadania foram em alguns casos elevados
e melhoraram ao longo da pesquisa, refletindo elevação nas condições de atendimento às
necessidades básicas da população, englobando saúde, educação, segurança, justiça e
lazer, inferindo-se que os recursos locais, infinitamente menores do que os da Região Norte
estão sendo melhor direcionados para a vida de seus habitantes.

A Educação também melhorou sob vários aspectos, como a porcentagem de crianças e


jovens freqüentando as escolas, o índice de analfabetismo, a média de escolaridade em
diversas faixas etárias; na Saúde houve uma elevação dos anos de vida, uma diminuição da
mortalidade infantil e a melhoria nas redes de esgoto e tratamento de água, que apresenta-
vam índices, no geral, bem superiores do que os do Norte, novamente uma situação inusita-
damente positiva, em considerando-se o aporte de recursos inferior da Noroeste.

O Sistema de Saúde do Noroeste se destaca como muito eficiente e uma referência interre-
gional e mesmo estadual em algumas áreas, como a oncologia, com ótimas instituições de
tratamento e diagnóstico, apresentando diversos índices acima da média estadual, inclusive
para atendimentos de média e alta complexidade.

Assim como no Norte, na área de Segurança constata-se um aumento crescente no nível de


ocorrências para quase todos os tipos de criminalidade, com os piores índices de violência
encontrados em Itaperuna. Poucos foram os dados disponibilizados na área desportiva, mas

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 201


no geral, inferiu-se que esta é uma área relegada e pouco cuidada na maioria dos municí-
pios, enfrentando como no Norte carência de recursos financeiros, infra-estruturais e de pro-
jetos na área.

A Região Noroeste apresentou também altos índices de pobreza e indigência, rendas bai-
xas, grande informalidade no mercado de trabalho e espaços de pobreza e carências infra-
estruturais. Falta à Região um direcionamento integrado que agrupe as iniciativas locais
para a melhoria da qualificação de mão de obra, o desenvolvimento de novos negócios, in-
cluindo-se os potenciais locais que já se configuram, sem que tenham sido estruturados.

Bom Jesus de Itabapoana, juntamente com Santo Antônio de Pádua e Itaperuna estão con-
seguindo, parcialmente, elevar as condições de vida regionais, ofertando bons serviços,
comércio e oportunidades de emprego para seus habitantes, buscando reverter a inércia
pela qual a Região passou durante as últimas décadas, em termos econômicos e sociais.

A área do Desenvolvimento Social, constituída por diversas ações, apresentou na Proteção


Social Básica inúmeros programas em todos os municípios avaliados de ambas as Regiões,
com CRAS – Centro de Referencia da Assistência Social instalados em todos eles, apesar
de não haver sido relatada a demanda não atendida.

Ressalta-se que o número de famílias que recebiam o Bolsa Família em 2009, foi de 13,2%
no Norte, variando entre 15,6% em Macaé e 31,6% em Cardoso Moreira e em São Francis-
co de Itabapoana. No Noroeste, em média 21,8% de suas famílias recebiam o beneficio,
valor bastante expressivo, que variou entre 12,4%, em Santo Antônio de Pádua e 31,4% em
Itaocara.

Já a Proteção Social Especial, que trata de problemas mais graves, encontra-se bastante
contida em ambas as Regiões e necessita de ampliações, ressaltando-se que o trabalho
infantil ainda é uma das fragilidades sociais preocupantes, visível especialmente na agricul-
tura.

Os índices de pobreza e indigência reforçam as dificuldades enfrentadas pelas populações,


sendo de 40% a proporção de pobres no Norte e 35% no Noroeste e a exclusão social se
faz presente.

Mais ainda, na Região Norte, frente às perspectivas atuais de ampliação dos empreendi-
mentos ligados ao setor petrolífero, destacando-se o Pré-Sal, o Complexo Logístico da Bar-
ra do Furado e o Complexo Portuário de Porto de Açu, pode-se supor novos impactos eco-
nômicos, sociais e ambientais.

Um dos impactos previstos é o incremento populacional significativo, proporcionado tanto


por fluxos naturais de novos habitantes, como por fluxos planejados com novos profissionais
sendo trazidos de fora da Região pelos próprios empreendimentos, o que se deve especial-
mente pelo fato das Regiões apresentarem uma carência de mão de obra qualificada.

Se por um lado os grandes empreendimentos geram novas perspectivas de desenvolvimen-


to econômico para os habitantes e para o país por outro lado, isto frequentemente aumenta
a desigualdade e acentua os problemas sociais que porventura já estejam ocorrendo nos
municípios.

Não só os impactos serão compartilhados, mas a possibilidade de crescimento e desenvol-


vimento só terão resultados sinérgicos se capazes de contemplar as regiões em sua ampli-
tude unitária.

202 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


De tal forma, as alternativas de desenvolvimento econômico e social devem ser construídas
com base em um paradigma mais amplo que considere o desenvolvimento regional. Dentre
as mudanças necessárias está construção de uma cultura de cooperativismo entre nos seto-
res produtivos, que atualmente trabalham isoladamente e a atração de novas atividades
econômicas e/ou estruturação de atividades já praticadas, como os projetos que serão im-
plantados pelo Governo Estadual.

Assim, se faz mister a articulação microrregional em diferentes âmbitos de atuação, para


diagnóstico, planejamento, divisão de trabalho e estruturação operacional.

Neste contexto, destaca-se a Educação como o elemento central da redução da pobreza


que promova a base de conhecimentos adequada para seus cidadãos, ou seja, uma Educa-
ção Básica de qualidade e as opções de Ensino Técnico, capacitações e cursos superiores
adequados aos mercados locais, acessíveis e capazes de prepararem o trabalhador para o
exercício de suas funções.

Adicionalmente, as universidades e os centros de pesquisa devem fomentar estudos cir-


cunstanciados e isentos para as Regiões, contribuindo com a aplicação dos elevados recur-
sos recebidos e com a implementação de políticas públicas e projetos alternativos capazes
de: garantir a competitividade do território local na economia petrolífera; implementar servi-
ços de modo a proporcionar um espaço urbano compatível com a riqueza do setor e ainda
de incentivar a diversificação da estrutura produtiva de modo a construir, em paralelo, desde
agora, a era pós-petróleo, buscando identificar continuamente alternativas que possam ser
verdadeiras alavancas de desenvolvimento regional. Um caminho de médio e longo prazo
capaz de despertar as Regiões para a diversidade econômica que garantam a alternativa
congruente de futuro, independente das receitas provenientes do petróleo.

Um dos maiores desafios dos poderes públicos, liderados por suas Municipalidades, no con-
texto de desenvolvimento atual da Região Norte e Noroeste Fluminense, inclui a capacidade
de estabelecer objetivos e estratégias de forma regionalizada. A acumulação de capital es-
perada se torna mais uma oportunidade para estabelecer a integração das Regiões por
meio de parcerias, consórcios, incentivos e mobilidade entre os seus habitantes, a partir de
discussão ininterrupta que planeje o desenvolvimento integrado, a melhoria da infraestrutura
e da qualidade de vida sustentável de sua população.

Consequentemente, faz-se necessário que as políticas sociais estejam cada vez mais atre-
ladas a esse planejamento adequado, capaz de promover a transformação social com de-
mocracia e equidade e conferir à população condições de vida com cidadania e dignidade.

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• Ministério da Saúde - Secretaria Executiva - DATASUS - Caderno de Informações de


Saúde - IBGE/Censos Demográficos. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/rj.htm.

• Observatório Socioeconômico da Região Norte Fluminense. Disponível em:


http://portal.iff.edu.br/projetos/observatorio-socioeconomico-da-regiao-norte-fluminense.

• Petrobrás - Programas de Desenvolvimento Social e Cidadania. Disponível em :


www2.petrobras.com.br

• Portal da Receita, Finanças e Planejamento do Estado do Rio de Janeiro


www.sef.rj.gov.br

• PRODERJ - Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação do Estado do Rio de


Janeiro. Disponível em: www.proderj.rj.gov.br

• Prominp - Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural.


Disponível em: www.prominp.com.br

• Projeto Pólen – www.projetopolen.org

• REDETEC - Rede de Tecnologia do RJ –. Site disponível em: www.redetec.org.br

• SEPRORJ - Sindicato das Empresas de Informática. Disponível em: www.seprorj.org.br

• SEDEIS - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e


Serviços. Disponível em: http://www.desenvolvimento.rj.gov.br

• SECT - Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, dis-


ponível em: www.cienciaetecnologia.rj.gov.br

• SECTI - Secretaria de Estado, Ciência e Inovação do Estado do Rio de Janeiro. Disponí-


vel em: www.cederj.edu.br/atlas/rnorte.htm

• SEPLAG - Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janei-


ro. Disponível em: http://www.planejamento.rj.gov.br/.

• SETRAB - Secretaria de Estado de Trabalho. Disponível em: www.setrab.rj.gov.br

• SINDPDRJ - Sindicato dos Trabalhadores em Empresas e Órgãos Públicos de Proces-


samento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado do Rio de Janeiro.
Disponível em: www.sindpdrj.org.br

• Sistema de Informações Territoriais – Disponível em: http://sit.mda.gov.br

• UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Disponível em: www.uerj.br


208 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
Anexos

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 209


ANEXOS

ANEXO I – CONCEITO DE POBREZA

A definição de “pobreza” é algo extremamente complexo, porque pode ser interpretada em


vários sentidos, o que torna difícil apresentar-se um único conceito. Pobreza não significa
apenas a falta de dinheiro ou a miséria absoluta. A pobreza é definida, geralmente, como a
ausência de bens necessários para satisfazer as necessidades básicas das pessoas – ali-
mentos, vestuário, habitação, cuidados de saúde e outros.

A falta de recursos econômicos é a forma de pobreza mais usual e pode ser considerada a
base de todas as outras. Para medir a carência de recursos econômicos convém considerar
os níveis de suficiência destes recursos e alguns aspectos relativos, que ajudarão a perce-
ber a gravidade e diversidade das pobrezas. Assim, podemos ver a pobreza sob duas ver-
tentes – a pobreza relativa e a pobreza absoluta.

O conceito de pobreza relativa é descrito como uma situação em que a pessoa, quando
comparada com outras, sente a falta de algo que deseja e que não tem condições de obter.

Do ponto de vista absoluto, a pobreza se constata quando, da fixação de padrões para o


nível mínimo ou suficiente de necessidades, conhecido como linha ou limite da pobreza,
determinada parcela da população se encontra seguinte desse limite. Este padrão de vida
mínimo, apresentado sob diferentes aspectos – nutricionais, de habitação ou de serviços
públicos ofertados – é normalmente avaliado segundo preços relevantes, calculando-se o
rendimento necessário para custeá-los.

É também considerada uma situação que se inter-relaciona a múltiplos fatores, em que co-
existem a carência de bens e de serviços essenciais, mas também uma carência social,
caracterizada pela incapacidade das pessoas participarem na sociedade, sujeitando-as à
exploração e tornando-as mais vulneráveis e expostas ao risco, tal sendo, a maioria das
vezes, resultado da exclusão social.

Fonte: Rezende e Tafner, 2005.

210 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


ANEXO II – INSTITUIÇÕES DE ENSINO NORTE E NOROESTE

São apresentados em seguida dados sobre as Instituições de Ensino Superior e Técnico


existentes no Norte e Noroeste Fluminense, apresentando resumidamente seus históricos e
as principais linhas de atuação de cada uma.

Uma das mais importantes instituições de ensino superior da Região Norte Fluminense é a
UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, que foi implantada
em Campos dos Goytacazes no ano de 1993. Oferece 17 cursos, sendo 15 presenciais e 02
à distância (ministrado em parceria com o Consórcio CEDERJ).

A Universidade está presente em oito municípios do Estado do Rio de Janeiro, oferecendo


cerca de 1.000 vagas anuais. Atualmente, o número de alunos matriculados na graduação
chega a 4.000, dos quais aproximadamente 75% são originários das regiões Norte e Noro-
este Fluminense. Segundo informações do site da Universidade, em 15 anos, a UENF gra-
duou mais de 1.800 estudantes, abrindo novos horizontes para a qualificação profissional da
população e desenvolvendo pesquisas em diversas áreas de conhecimento.

Todos os docentes da Universidade são portadores do título de Doutor e com experiência


acadêmica, o que favoreceu as iniciativas de pesquisas e a oferta de cursos de pós-
graduação desde o inicio de sua implantação.

Atualmente são oferecidos 13 Programas de Pós-Graduação recomendados pela CAPES,


sendo 9 programas recomendados em nível de Mestrado e Doutorado, com a finalidade de
proporcionar aos estudantes formação científica e cultural aprofundada e desenvolver sua
capacidade de pesquisa e criatividade.

Até setembro de 2009, 1.756 teses haviam sido defendidas e os Programas de Pós-
Graduação registraram a freqüência de 1013 alunos (811 regulares e
202 especiais), desenvolvendo pesquisas nas mais variadas áreas do saber, existentes nos
diferentes laboratórios da UENF15.

A Universidade possui também com o Núcleo de Estágios (NUCEST), que coordena e ge-
rencia o Programa de Estágios supervisionados incorporado ao longo do processo formati-
vo, para orientar e articular as ações acadêmicas entre seus setores e agentes dos setores
produtivo e educacional. Para estágios internos a UENF possui convênio com o IFF (ex-
CEFET) – Campos e com o CIEE - Centro de Integração Empresa Escola.

Até novembro de 2007, para se ter uma noção da amplitude de seus trabalhos, encontra-
vam-se conveniadas para estágios externos mais de 40 empresas como: Associação Mata
Ciliar; Baker Hughes do Brasil Ltda; CAPIL - Cooperativa Agropecuária de Itaperuna; CE-
FET – Campos; Clínica Veterinária Saúde Animal; Companhia Siderúrgica Nacional; EMA-
TER-MG; EMATER-RIO; EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; FDC -
Faculdade de Direito de Campos; Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da
USP; FUNDENOR; Furnas - Centrais Elétricas S.A; Instituto do Meio Ambiente do Pantanal;
PESAGRO-RIO; Petrobrás; E&P - SERV/RH; Petrobrás UN-BC; SENDAS S.A.; UESB - Uni-
versidade Estadual do Sudoeste da Bahia; UFF - Universidade Federal Fluminense; UFMG -

15
Os Laboratórios são um conceito distinto dos tradicionais Departamentos de outras Universidades. Foram
concebidos pelo professor Darcy Ribeiro como espaços de conhecimento teórico-práticos, onde o saber se cons-
trói continuamente, coletivamente e com as experiências. Suas áreas de atuação são: Ecologia e Recursos Natu-
rais; Ecologia e Recursos Naturais; Biociências e Biotecnologia; Engenharia e Ciência dos Materiais; Engenharia
de Reservatório e de Exploração; Ciências Naturais; Ciência Animal; Produção Vegetal; Genética e Melhoramen-
to de Plantas; Sociologia Política; Engenharia Civil; Engenharia da Produção; Cognição e Linguagem; Políticas
Sociais.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 211
Universidade Federal de Minas Gerais; UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do
Sul; UFT - Universidade Federal de Tocantins; UFV - Universidade Federal de Viçosa e mui-
tas outras instituições de vários Estados com diferentes áreas de atuação.

A Universidade Cândido Mendes é a mais antiga instituição particular de ensino superior


do país, fundada em 1902 pelo Conde Cândido Mendes de Almeida, juntamente com a Aca-
demia de Comércio do Rio de Janeiro, mantida pela Sociedade Brasileira de Instrução. Em
1919, foi criada a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, a pri-
meira escola superior de Economia do Brasil.

A Academia transformou-se, nos anos 50, na Escola Técnica de Comércio Candido Mendes,
dedicada exclusivamente ao ensino médio. Na mesma década, Candido Mendes de Almeida
Junior criou a Faculdade de Direito Candido Mendes, sediada no Convento do Carmo, na
cidade do Rio, instaurando um padrão de excelência na área das ciências jurídicas e sendo
precursora no ensino da prática forense.

Nos anos 60, o atual reitor, Cândido Mendes, inaugurou o Instituto Universitário de Pesqui-
sas do Rio de Janeiro – IUPERJ, dedicado à pós-graduação stricto sensu, com mestrado e,
posteriormente, doutorado em Ciência Política e Sociologia. A qualidade do ensino e do
programa de pesquisas desenvolvidos no IUPERJ alcançaram reconhecimento nacional e
internacional.

Na década de 70, a então Faculdade Cândido Mendes se expandiu para Ipanema e desen-
volveu programas de formação técnico-científica e cursos de Administração de Empresas,
que deram origem aos campi de Campos dos Goytacazes e de Nova Friburgo. Ali também
foi criado o Centro Cultural Cândido Mendes, ponto de referência da cultura carioca e pionei-
ro em uma série de iniciativas nas áreas de cinema, teatro, artes plásticas, poesia, vídeo e
ensino de extensão.

A partir de 1997, ano em que a Candido Mendes foi credenciada, por decreto presidencial,
como universidade especializada em Ciências Humanas e Sociais aplicadas, novos cursos e
campi são criados, entre os quais as unidades da Tijuca, do Centro (Pio X), de Padre Mi-
guel, de Jacarepaguá e do Méier, além das de Niterói, Petrópolis e Araruama, no estado do
Rio de Janeiro, e de Vitória, no Espírito Santo.

Em 2001, surgiu o Instituto de Humanidades, integrando ensino, pesquisa e extensão, com


amplo programa de iniciação científica. Agrega dois centros de estudos e cursos de gradua-
ção, nas modalidades de bacharelado, licenciatura e de pós-graduação, em Ciências Soci-
ais, História, Letras, Relações Internacionais e Produção Cultural.

De acordo com a própria instituição, a Universidade Cândido Mendes destaca-se das suas
congêneres por ser uma instituição historicamente comprometida com a excelência nas ati-
vidades de pesquisa e pós-graduação, mantendo centros e institutos de pesquisa, seis pro-
gramas de mestrado e um de doutorado, bem como dezenas de cursos de pós-graduação
lato sensu. Publica sete revistas acadêmicas, entre as quais a prestigiosa Dados – Revista
de Ciências Sociais.

É conhecida pela realização de importantes seminários nacionais e internacionais, que per-


mitiram trazer ao Brasil expressivas personalidades de diversos países, inclusive Prêmios
Nobel.

Distribuídas em um total de 16 unidades com 16 cursos de graduação e diversos outros na


modalidade tecnológica, as atividades da Universidade se firmaram como referência nacio-
nal e internacional em Ciências Humanas e Sociais, reunindo mais de 20 mil estudantes e
1.000 professores e pesquisadores.

212 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


São oferecidos cursos de: Administração, Ciência da Computação, Ciências Contábeis, Di-
reito, Engenharia de Produção, Relações Internacionais e Sistemas de Informação e desde
1990 foram lançados cursos de Pós-Graduação lato sensu o que, permitiu a concretização
do princípio da educação continuada e, em consequência, uma maior sintonia com as exi-
gências do mundo, face ao acelerado avanço da Ciência e da Tecnologia.

Estes novos cursos possuem objetivos técnicos específicos, voltados para o aprimoramento
profissional de curta duração e para o mercado de trabalho, como os programas de MBA
nas seguintes áreas: Engenharia de Segurança do Trabalho, Engenharia do Petróleo, Fi-
nanças Corporativas, Gerenciamento de Projetos, Gestão de Pessoas e Logística. Mestra-
dos em Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional e em Planejamento Regional de
Gestão de Cidades.

O CEFET Campos, hoje denominado – IFF - Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia Fluminense é um dos 38 institutos criados pelo Governo Federal, em 2008, a
partir de escolas agrotécnicas e vinculadas às universidades.

O IF Fluminense possui importante papel social de contribuição para o desenvolvimento


econômico das regiões onde está instalado, pois suas ações se voltam para o mercado de
trabalho.

São seis campos: Campus Campos-Centro, Campus Campos-Guarus e Campus Macaé, no


norte do Estado do Rio; Campus Itaperuna e Campus Bom Jesus do Itabapoana, no Noro-
este e Campus Cabo Frio, na Região dos Lagos. Também no Norte do Rio funcionam os
núcleos avançados em Quissamã e São João da Barra, além da Unidade de Pesquisa e
Extensão Agroambiental, que atende a pequenos produtores rurais.

A oferta de cursos leva em consideração os arranjos produtivos locais, com o intuito de ga-
rantir a permanência dos estudantes em suas próprias regiões. Vinte por cento das vagas
são destinadas à formação de professores de química, física, biologia e matemática, já que
a intenção é diminuir o déficit nacional de professores nestas áreas. Além disso, metade das
vagas é reservada para cursos de Ensino Médio integrado à educação profissional. Os 30%
restantes vão para cursos de nível superior nas áreas de tecnologia.

Atualmente, o IF Fluminense atua nestes três níveis da formação profissional: Oferece edu-
cação inicial e continuada de trabalhadores, cursos técnicos e cursos superiores de tecnolo-
gia, Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos, Licenciaturas, Cursos de Pós-graduação
e Mestrado.

A Educação Profissional Técnica de Nível Médio é desenvolvida de forma articulada com o


Ensino Médio oferecido pelo próprio IFF - integrada e concomitante - ou subsequente. Os
cursos técnicos integrados são oferecidos somente a quem já tenha concluído o Ensino
Fundamental e planejados de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de
nível médio, a partir de uma única matrícula no Instituto.

Os cursos técnicos organizados na forma concomitante são destinados a quem esteja cur-
sando o Ensino Médio no Instituto ou em outra instituição de ensino, efetuando-se matrícu-
las distintas para cada curso. Os cursos subsequentes são desenvolvidos para quem já te-
nha concluído o Ensino Médio.

Neste âmbito da formação profissional, os cursos técnicos de nível médio encontram-se


organizados em eixos tecnológicos constantes no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos,
emitido pelo Ministério da Educação, conforme suas características científicas e tecnológi-
cas. Ao todo são 4 eixos de formação:

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 213


• Eixo Tecnológico Ambiente, Saúde e Segurança com curso técnico de Segurança do
Trabalho;

• Eixo Tecnológico Controle e Processos Industriais com cursos técnicos em Automação;


Eletrotécnica; Mecânica; Química; Eletrônica e Eletrotécnica;

• Eixo Tecnológico Informação e Comunicação com cursos técnicos em Informática e em


Telecomunicações;

• Eixo Tecnológico Infraestrutura com cursos em Edificações e Estradas.

O ingresso aos cursos superiores se dá através de vestibular anual e é permitido aos gradu-
ados no Ensino Médio. São oferecidos os seguintes cursos:

• Curso Superior de Tecnologia em Petróleo e Gás, pertencente ao eixo tecnológico de


Produção Industrial, na forma do Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia
elaborado pelo MEC.

• Curso de Engenharia de Controle e Automação Industrial, que baseia-se em uma forma-


ção multidisciplinar, possibilitando atuação do egresso nas mais diversas áreas da Indús-
tria.

Cada Campus possui objetivos específicos. O Campus de Bom Jesus do Itabapoana tem
por finalidade promover a habilitação profissional em nível médio no âmbito das ciências
agrárias. Seus recursos são utilizados na prática de atividades de extensão e aprendiza-
gem, formando novos contingentes de profissionais para promover o interesse do homem
pela terra, tendo em vista a rapidez com que se vinha verificando a migração de mão-de-
obra rural para as grandes cidades. Sua ação educacional se amplia a partir da execução de
projetos de ensino-produção na solução de problemas ambientais da Região.

O Campus Itaperuna foi criado em parceria entre os Governos Federal e Municipal, em


2009, com o ingresso de 200 alunos nos cursos técnicos de Eletrotécnica Regular, Eletro-
técnica Proeja e Guia de turismo. Estes foram escolhidos pela comunidade por meio de au-
diências públicas. Em 2010 estão ofertando também Eletromecânica, Eletrotécnica, Licenci-
aturas, Pós Graduação e Ensino a Distância. O Campus ainda está em fase de acabamento,
com previsão de estrutura completa, incluindo laboratórios de física, química, biologia e ou-
tros, auditório, biblioteca e área de recreação.

São oferecidos ainda Cursos de Extensão gratuitos para a comunidade em História e Cultu-
ra Afro-Brasileira, Xadrez para Iniciantes, Língua, Ensino e Gêneros Textuais e Oficina Lite-
rária para Amadores.

Campus Itaperuna

Site: http://portal.iff.edu.br, 2009.


214 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
O Campus Macaé se localiza às margens da Lagoa de Imboassica, próximo à empresas e
multinacionais ligadas ao setor petrolífero. Por ser uma referência em educação, a institui-
ção atende à comunidade local e a municípios vizinhos. Em 1987, a Prefeitura de Macaé
doou o terreno de 51.000 m² e, após convênio firmado entre MEC/SEMTEC e a Petrobrás,
deu-se início à construção do prédio com total responsabilidade financeira desta estatal.

Em 1993, o prédio foi inaugurado, ofertando dois cursos técnicos integrados ao Ensino Mé-
dio, Eletrônica e Eletromecânica, com o total de 270 alunos.

Atualmente conta com cursos em vários níveis de ensino, além dos convênios e parcerias
firmadas que visam à qualificação profissional regional, com cerca de 1.500 alunos. Oferece,
com ingresso a partir de concurso público, Ensino Médio Integrado, Cursos Técnicos, Pro-
grama de Ensino para Jovens e Adultos – PROEJA, Cursos Superiores e Pós-Graduação.

Os cursos técnicos oferecidos são os de Eletrônica, Eletromecânica, Automação Industrial,


Informática e Segurança do Trabalho. De nível superior, existe a Engenharia de Controle e
Automação Industrial e o Tecnólogo em Petróleo e Gás. O PROEJA compreende a Qualifi-
cação em Caldeiraria e é direcionado para quem possui até o Ensino Fundamental comple-
to.

Para as aulas práticas, os alunos são encaminhados aos laboratórios como os de Automa-
ção Industrial, Máquinas Elétricas, Pneumática Industrial, Instrumentação, Controle de Pro-
cessos, Metrologia, Ajustagem e Soldagem.

Oferecem também Mestrado Profissional em Engenharia Ambiental, com as linhas de pes-


quisa nas áreas de Gestão Ambiental Participativa e Promoção da Sustentabilidade Regional.

Na extensão são realizados Projetos de Aprendizado, modalidades do Plano Nacional de


Qualificação Profissional do PROMINP (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de
Petróleo e Gás Natural) e cursos de inglês, através de programas de responsabilidade social
das empresas.

Em Campos, a UNED Guarus passou a ser o Campus Campos-Guarus do Instituto Federal


de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense e recentemente, está passando por uma
ampliação da sua estrutura física. São oferecidos atualmente os cursos técnicos integrados
em Eletrônica e Meio Ambiente, cursos pós-médio em Farmácia e Enfermagem, além do
Programa de Ensino de Jovens e Adultos nas áreas de Meio Ambiente e Eletrônica, voltado
para maiores de 18 anos que ainda não cursaram o Ensino Médio. Cerca de 700 alunos
fazem parte do quadro discente e quando o Campus estiver com seu funcionamento pleno,
a meta é alcançar 1000 matrículas.
Campus Campos - Guarus

Site: http://portal.iff.edu.br, 2009.


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 215
Já a História do Campus Campos-Centro se confunde com a do próprio IF Fluminense.
Nasceu em 1909, quando o então Presidente da República Nilo Peçanha criou as Escolas
de Aprendizes e Artífices, com o propósito de educar e proporcionar oportunidades de traba-
lho para os jovens das classes menos favorecidas. A Escola entrou em funcionamento em
1910, com cinco cursos: alfaiataria, marcenaria, tornearia, sapataria e eletricidade.

Doze anos depois, as Escolas de Aprendizes e Artífices de nível primário foram transforma-
das em Escolas Industriais e Técnicas, equiparando-se às de Ensino Médio e Secundário.
Em 1942, a sede da escola ampliou-se e em 1968, foram inauguradas as novas instalações,
onde atualmente funciona o Campus Campos-Centro.

No ano de 1974, passou a oferecer apenas cursos técnicos em seu currículo oficial e pôs
fim às antigas oficinas. Neste ano, a Petrobrás anunciou a descoberta de campos de petró-
leo no litoral norte do Estado, o que mudaria os rumos da Região e influenciaria diretamente
a história da Instituição. A Escola Técnica Federal de Campos e passou a ser a principal
formadora de mão de obra para as empresas que operam na Bacia de Campos. Além de
mais antigo, o Campus Campos-Centro é o maior do Instituto, com 5.309 alunos e 522 ser-
vidores.

Em Quissamã e São João da Barra. Em Quissamã, a iniciativa teve inicio em 2005, com a
assinatura do convênio de implantação do Núcleo Avançado de Quissamã, realizando-se
uma turma do Curso Técnico de Eletrotécnica. O Núcleo ganhou destaque como política
pública de ensino profissionalizante na Região e a Prefeitura iniciou a construção de um
prédio, posteriormente doado ao Instituto.

Já em São João da Barra este Projeto é mantido através do convênio entre o IFF e a Prefei-
tura Municipal, sendo administrado pela Fundação IF Fluminense Campus Campos-Centro.
Entre 2007 a 2009 foi ministrado o curso técnico em Informática Industrial nas Escolas Mu-
nicipais, em Barra do Açu, Barcelos e na sede municipal.

Em Campos dos Goytacazes também foi implantado uma campus da UNIVERSO – Univer-
sidade Salgado de Oliveira, em 1996. O primeiro curso implantado foi de Educação Física,
seguido das graduações em Administração de Empresas e Direito. Em 1998 inaugurou-se a
sede própria da Universidade, com apenas um bloco.

Atualmente, a instituição conta com 16 cursos de graduação e 20 de pós-graduação e fun-


ciona em três blocos.

Os investimentos ao longo dos anos permitiram, além da criação de cursos, a instalação de


laboratórios, que atendem a acadêmicos de diversas áreas e à comunidade campista. A
Clínica Escola de Fisioterapia e o Núcleo de Prática Jurídica da UNIVERSO/Campos são
exemplos de um trabalho voltado para o social.

Além dos Cursos Superiores, Cursos Técnicos, Especializações e Mestrados em Psicologia,


História e Ciências da Atividade Física, a UNIVERSO oferece o Programa Especial de For-
mação de Docentes, que qualifica bacharelados de diferentes áreas do conhecimento.

A FAETEC, Fundação de Apoio à Escola Técnica é uma Instituição vinculada à Secretaria


de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT). Oferece educação profissional gratuita, em di-
versos níveis de ensino à população do Estado do Rio de Janeiro, reunindo Escolas Técni-
cas Estaduais, unidades de Educação Infantil e de Ensino Fundamental, Industrial e Comer-
cial, Institutos Superiores de Educação e Tecnologia e Centros de Educação Tecnológica e
Profissionalizante.

216 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Foi criada em 1997 e atualmente oferece 40 cursos técnicos destinadas ao segmento de
saúde, como Enfermagem e Patologia Clínica; gestão, com Administração e Contabilidade e
em Comunicação, Propaganda e Marketing e Design Gráfico. Em nível superior, também
são oferecidos cursos como Tecnologia em Sistemas de Informação, Gestão Ambiental,
Produção de Polímeros e Gestão em Construção Naval e Offshore. Outros cursos com me-
nor duração, como idiomas, informática, telemarketing, vendas e recepção, dentre outros.

A FENORTE - Fundação Estadual Norte Fluminense - tem como objetivo estimular o desen-
volvimento econômico e intelectual da Região Norte, Noroeste e Lagos, levando em conta
as vocações de cada localidade. Apóia a pesquisa e a inovação tecnológica, buscando pro-
mover a aproximação dos centros de conhecimento do Estado com a iniciativa privada, es-
timular a cultura do empreendedorismo, apoiando micro, pequenas e médias empresas,
através do GAM (Gerência de Apoio aos Municípios); apresentando também as iniciativas
da Biofábrica (produção, controle e alta produtividade de mudas de qualidade), novas incu-
badoras e Parques Tecnológicos.

A partir de 2010 a Fundação deverá assumir a tutela de um amplo projeto para implantação
de um pólo regional de Tecnologia de Informação. Campos e outras cidades do Norte vão
participar no roteiro da internet livre do programa Rio Digital, da Secretaria de Estado de
Ciência e Tecnologia.

A FENORTE será a instituição coordenadora deste Programa, contando com núcleos de


inclusão digital nas comunidades de baixa renda. O projeto envolve também desenvolvimen-
to tecnológico para o setor do petróleo e nanotecnologia (equipamentos para games, GPS,
aparelho de celular e outros), representando uma alternativa econômica importante dentro
do cenário regional.

Para financiar o Projeto, a FENORTE pretende buscar parcerias com o Governo Federal, as
Prefeituras e a iniciativa privada. Já integram o Projeto a FAETEC, a Universidade Cândido
Mendes, instituições da sociedade civil organizada e a FIRJAN.

A FENORTE, através do TECNORTE, está prestando assessoria técnica a seis prefeituras


do interior do Estado do Rio, para inserção destas cidades no Plano Local de Habitação de
Interesse Social (PLHIS)16, do Governo Federal. As cidades atendidas no Noroeste Flumi-
nense são: Bom Jesus, Itaperuna, Miracema, Varre-Sai e São José de Ubá e Santo Antônio
de Pádua.

A Fundação CECIERJ/Consórcio CEDERJ foi criada com a união da autarquia Centro de


Ciências do Estado do Rio de Janeiro - CECIERJ e o Centro de Educação a Distância do
Estado do Rio de Janeiro - CEDERJ. O Consórcio CEDERJ reuniu o Governo do Estado,
através da Fundação CECIERJ e as seis Universidades públicas sediadas no Estado:

• Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ;


• Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro– UENF;
• Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO;
• Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ;
• Universidade Federal Fluminense – UFF;

16
O Plano financia a construção de moradias nas cidades para combater o déficit habitacional. Os
recursos são liberados pela Caixa Econômica Federal, mediante planejamento traçado pelos municí-
pios com a participação da sociedade civil organizada.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 217


• Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ.
Também participam ativamente deste esforço as Prefeituras Municipais, que sediam os pó-
los regionais do CEDERJ. Esse Consórcio foi elaborado em 1999, através do documento
gerado por uma comissão formada por dois membros de cada universidade, juntamente
com a SECT – Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, sendo assinado pelo Gover-
nador do Estado e pelos Reitores das Universidades Consorciadas, em 2000.

Estavam, então, efetivamente firmadas as bases para o Consórcio. Os objetivos do CE-


DERJ são: contribuir para a interiorização do ensino superior público, gratuito e de qualidade
no Estado; concorrer para facilitar o acesso ao ensino superior daqueles que não podem
estudar no horário tradicional; atuar na formação continuada, a distância, de profissionais do
Estado, com atenção especial para o processo de atualização de professores da rede esta-
dual do Ensino Médio; aumentar a oferta de vagas em cursos de graduação e pós-
graduação no Estado.

Parte da estratégia utilizada é a metodologia de educação a distância, EAD, que permite o


acesso ao sistema daqueles que vêm sendo excluídos do processo educacional superior
público, por morarem longe das universidades ou por indisponibilidade de tempo nos horá-
rios tradicionais de aula.

Outro aspecto relevante considerado foi a carência de professores do Ensino Médio, princi-
palmente nas áreas de Ciências e, especialmente, no interior do Estado.

O aluno do Consórcio CEDERJ se matricula em uma das Universidades do Consórcio, vin-


culando-se ao curso e ao pólo regional de sua escolha. Ele faz o vestibular e o curso de
graduação sem deslocar-se do seu município, salvo algumas exceções.

A competência acadêmica dos cursos está a cargo dos docentes das universidades, que
preparam o projeto político-pedagógico dos cursos, o conteúdo do material didático, cuidam
da tutoria e da avaliação, cabendo à Fundação CECIERJ a responsabilidade pela produção
do material didático, pela gestão operacional da metodologia de EAD e pela montagem e
operacionalização dos pólos regionais. Às Prefeituras Municipais, sede dos pólos regionais,
cabem a adaptação física do espaço destinado ao pólo, o suprimento de material de consu-
mo, bem como o pagamento do pessoal administrativo.

Em 2002 foi criada a Fundação CECIERJ, responsável pela infraestrutura e logística do


Consórcio e ampliação das atividades de divulgação científica da antiga autarquia, de alcan-
ce restrito à cidade do Rio, que oferecia cursos de extensão para professores na área de
ciência e divulgação científica. Por este motivo, ao invés de criar uma Fundação, a autarquia
CECIERJ - Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro, foi transformada na Fundação
CECIERJ – Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro.

São ofertados cursos de graduação, o Pré-vestibular Social e cursos de atualização para


professores em exercício no Ensino Médio e no Ensino Fundamental, nas áreas de Física,
Química, Matemática, Biologia, Geologia, Geografia, Informática Educativa e Pedagogia.
Além disso, a Fundação atua na área de divulgação científica em diferentes projetos como,
por exemplo, os Espaços da Ciência no interior do Estado, o projeto Jovens Talentos para
Ciência, a Praça da Ciência Itinerante e a mostra Ver Ciência.

Pólos CEDERJ

O Pólo CEDERJ é uma referência física para que os alunos possam realizar atividades pre-
senciais obrigatórias como aulas no laboratório, avaliações, tutoria presencial.

218 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


Distribuição dos Pólos CEDERJ
Bom Jesus do Colégio Estadual Padre Licenciatura. em Ciências Biológicas; Matemá-
Itabapoana Mello tica; Pedagogia
Itaocara Escola Municipal Prof. Nildo Licenciatura em Ciências Biológicas; Matemáti-
Caruso Nara ca; Pedagogia
Itaperuna CIEP 263 Lina Bo Bardi Administração
Licenciatura em Ciências Biológicas; Física;
Matemática; Pedagogia
Tecnólogo em Sistemas de Computação
Macaé UNED Macaé – CEFET Licenciatura em Ciências Biológicas; Física;
Matemática
Natividade Colégio Municipal Alvorada Licenciatura em Matemática e Pedagogia
São Fidélis CIEP 420 – Joaquim Maia Administração
Brandão Licenciatura em Ciências Biológicas; Matemáti-
ca; Pedagogia; Química
Tecnólogo em Sistemas de Computação
São Francisco de CIEP 470 – Celso Martins Licenciatura em Ciências Biológicas; Matemáti-
Itabapoana Cordeiro ca; Pedagogia
Fonte: CEDERJ, 2009.
Complementando-se o panorama educacional apresentado, as Regiões Norte e Noroeste
também são contempladas com o Pré-Vestibular Social (PVS), uma iniciativa do Governo do
Estado do Rio, através de sua Secretaria de Ciência e Tecnologia e da Fundação CECIERJ,
que oferecem cursos preparatórios para as provas de acesso às universidades, em 37 mu-
nicípios. O PVS privilegia os interessados que já concluíram ou que estão frequentando os
últimos anos do Ensino Médio ou equivalente, mas que não têm condições de arcar com os
custos dos cursos preparatórios particulares.

O PVS é gratuito, inclusive o material didático. São abertos dois processos seletivos por
ano, com curso extensivo e intensivo. Em 2009 foram disponibilizadas 12.700 vagas para o
extensivo e 2610 vagas para o intensivo.

Pólos Pré-Vestibular Social

Fonte: http://www.pvs.cederj.edu.br/onde/
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 219
A FUNEMAC - Fundação Educacional de Macaé – foi criada em 1992 com o objetivo inici-
al de gerir o convênio firmado entre a Prefeitura e a Universidade Federal Fluminense. O
Município cedeu a infra-estrutura física e os recursos para fomentar o corpo docente das
graduações em Administração de Empresas e Ciências Contábeis e a UFF forneceu a parte
acadêmica.
Ao longo dos anos a FUNEMAC foi se transformando e, em 2000, o Município teve autoriza-
ção para implantar sua primeira graduação. Em 2004 foi inaugurada a Faculdade Miguel
Ângelo da Silva Santos - FeMASS, uma instituição parceira, que oferece cursos de gradua-
ção em Sistema de Informações, Engenharia de Produção e Administração, com cerca de
350 estudantes.

O passo mais relevante, contudo, aconteceu em 2007, quando a Prefeitura inaugurou a pri-
meira fase da construção da Cidade Universitária de Macaé. Gerida pela FUNEMAC, a Ci-
dade Universitária objetiva oferecer infra-estrutura organizada para a construção de sua
própria Universidade, a nível regional.

Junto à Inauguração da Cidade Universitária estabeleceu-se uma nova parceria do Municí-


pio com a UFRJ. Tal parceria se desdobrou na abertura dos cursos de graduação de Quími-
ca e Farmácia, além do curso de Biologia, que existe desde 2006.

Os cursos de Medicina, Enfermagem e Nutrição foram incluídos em 2009 e futuramente pre-


tendem oferecer graduação em Engenharia, sinalizando a intenção da UFRJ em trazer a
sua estrutura acadêmica para Macaé. Outra parceria foi Estabelecida com a UFF, ofertando
o curso de Direito, em 2008.

UNIFLU - Faculdade de Direito de Campos

A Faculdade de Direito de Campos, fundada em 1960, é referência nacional, abrigando em


suas salas de aula 80% dos juízes, promotores, defensores públicos, oficiais de justiça, téc-
nicos judiciários e advogados do Fórum, da cidade e Região.

Na área de extensão, a FDC oferece serviços gratuitos relevantes para a comunidade, atra-
vés dos Núcleos de Prática Jurídica integrados pela Defensoria Pública e o Escritório Mode-
lo. Com 700 alunos estagiários, supervisionados por professores orientadores, os Núcleos
permitem que as pessoas sem recursos financeiros tenham acesso à justiça, tornando pos-
sível, assim, o exercício da cidadania. São ministrados ainda cursos preparatórios para con-
cursos de Magistratura, Ministério Público, Defensoria Pública e demais carreiras na área.

A Faculdade oferece ainda cursos de pós-graduação em Direito e Gestão Ambiental, além


do mestrado na área de Políticas Públicas e Processos.

220 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


ANEXO III – TERRITÓRIO DA CIDADANIA

Previsão de Atendimento dos Serviços,


após a Implementação do Territórios da Cidadania nas Regiões
Área Região Norte Região Noroeste
- BF: 38.398 famílias atendidas - BF: 17.535 famílias atendidas
- BPC (Idoso): 4532 atendidos - BPC (Idoso): 1643 atendidos
Desenvolvimento Social e Direitos

- BPC ( Pessoa com Deficiência): 4445 aten- - BPC ( Pessoa com Deficiência): 2838 aten-
didas didas
- Serviço Sócio Educativo do PETI: 94.056 - Serviço Sócio Educativo do PETI: 21.456
crianças e adolescentes atendidos crianças e adolescentes atendidos
- PAIF: 48.663 famílias referenciadas - PAIF: 46.662 famílias referenciadas
- Programa Bolsa Família – Índice de Gestão - Programa Bolsa Família – Índice de Gestão
Descentralizada: 25 municípios atendidos. Descentralizada: 39 municípios atendidos.
- CREAS: 1920 pessoas atendidas - CREAS: 600 pessoas atendidas
- Capacitação e Formação em Políticas Pú- - Capacitação e Formação em Políticas Públi-
blicas para Mulheres Rurais: 180 mulheres cas para Mulheres Rurais: 180 mulheres a-
atendidas. tendidas.
- Programa Nacional de Documentação da - Programa Nacional de Documentação da
Trabalhadora Rural: 02 mutirões Trabalhadora Rural: 06 mutirões

- Fomento ao desenvolvimento local para as - Aquisição de Alimentos provenientes da


comunidades remanescentes de Quilombos: Agricultura Familiar: 915 tolenadas de alimen-
01 projeto apoiado to adquiridos.
- Qualificação Profissional e Social de Traba- - Formação em Cooperativismo e Comerciali-
lhadores para o Acesso e Manutenção ao zação: 35 pessoas capacitadas
Emprego, Trabalho e Renda em Base Seto-
rial (PlanseQs): 20 pessoas capacitadas
- Fomento a Projetos Demonstrativos na - Crédito Pronaf: 4377 contratos firmados
Amazônia e na Mata Atlântica: 01 projeto
apoiado
- Aquisição de Alimentos provenientes da - Apoio a empreendimentos Associativos e
Agricultura Familiar: 169 tolenadas de ali- Cooperativos: 02 empreendimentos apoiados
mento adquiridos.
- Crédito Pronaf: 1.219 contratos firmados - ATER/ Agricultores Familiares: 3664 Agricul-
tores familiares assistidos
- ATER/ Agricultores Familiares: 5.290 Agri- - PAA/ Programa de Aquisição de Alimentos:
cultores familiares assistidos 797 toneladas de alimentos adquiridos
- Infra-estrutura e serviços nos territórios - Organização produtiva das Mulheres Traba-
Organização Sustentável da Produção:

rurais: 01 território apoiado lhadoras Rurais: 01 projeto apoiado


- PAA/ Programa de Aquisição de Alimentos: - Assistência Técnica e Capacitação de As-
235 toneladas de alimentos adquiridos sentados: 67 famílias assentadas assistidas
- Apoio ao desenvolvimento sustentável das - Apoio a projeto de pesquisa e transferência
Comunidades Quilombolas: 11 comunidades de tecnologia para inserção social: 02 ações
apoiadas implementadas.
- Organização produtiva das Mulheres Traba-
lhadoras Rurais: 01 projeto apoiado
- Assistência Técnica e Capacitação de As-
sentados: 226 famílias assentadas assistidas
- Apoio a projeto de pesquisa e transferência
de tecnologia para inserção social: 05 ações
implementadas.
- Elaboração de Plano Safra Territorial: 01
plano elaborado

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro 221


(continuação)
Área Região Norte Região Noroeste
- Atlas Regiões Metropolitanas – Abasteci- - Ampliação do acesso da população do terri-
mento Urbano de Água: 01 estudo/relatório tório à atenção básica a saúde, por meio da
Estratégia Saúde da Família: 81 Equipes Sa-
úde da Família implantadas.
- Ampliação do acesso da população do - Ampliação da cobertura dos ACSs à popula-
território à atenção básica a saúde, por meio ção: 548 ACSs mantidos.
da Estratégia Saúde da Família: 83 Equipes
Saúde da Família implantadas.
- Ampliação da cobertura dos ACSs à popu- - Ampliação do acesso a Saúde Bucal na A-
lação: 728 ACSs mantidos. tenção Básica: 58 equipes implantadas.
Saúde, Saneamento e Acesso a Água:

- Ampliação do acesso a Saúde Bucal na - Ampliação do acesso da população a medi-


Atenção Básica: 50 equipes implantadas. cações essenciais por meio da Farmácia Po-
pular do Brasil: 02 Farmácias Populares im-
plantadas e mantidas.
- Ampliação do acesso da população a medi- - Ampliação do acesso da população aos ser-
cações essenciais por meio da Farmácia viços de Atenção à Saúde Mental por meio da
Popular do Brasil: 04 Farmácias Populares implantação dos CAPs (Centro de Atenção
implantadas e mantidas. Psicossocial): 02 centros implantados.
- Ampliação do acesso da população aos - Ampliação do acesso da população ao SA-
serviços de Atenção à Saúde Mental por MU 192: 04 municípios atendidos
meio da implantação dos CAPs (Centro de
Atenção Psicossocial): 02 centros implanta-
dos.
- Ampliação dos Centros de Especialidades - Ampliação dos Centros de Especialidades
Odontológicas (CEOs) Programa Brasil Sor- Odontológicas (CEOs) Programa Brasil Sorri-
ridente: 01 centro implantado dente: 01 centro implantado
- Capacitação e Formação Profissional de - Capacitação e Formação Profissional de
Nível Médio e Superior para Reforma Agrá- Nível Médio e Superior para Reforma Agrária:
ria: 15 profissionais capacitados 15 profissionais capacitados
- Concessão de Bolsa de Capacitação e - Concessão de Bolsa de Capacitação e For-
Formação Profissional em Assistência Técni- mação Profissional em Assistência Técnica,
ca, Pedagógica e Social: 05 profissionais Pedagógica e Social: 05 profissionais capaci-
capacitados tados
- Programa Arca das Letras: 10 bibliotecas - Construção de Escolas no Campo: 02 esco-
implantadas las construídas e equipadas.
- ProInfo Rural e Urbano: 154 escolas equi- - Expansão das Escolas Técnicas: 600 vagas
padas criadas
- Brasil Alfabetizado: 12.400 alfabetizandos - ProInfo Rural e Urbano: 83 escolas equipa-
das
- Programa Dinheiro Direto na Escola: 318 - Programa Dinheiro Direto na Escola: 165
Educação e Cultura:

escolas apoiadas escolas apoiadas


- Escola Ativa: 09 escolas atendidas - Escola Ativa: 13 escolas atendidas
- Edital LGBT: 01 projeto apoiado - Salas de recursos multifuncionais: 08 salas
equipadas
- Salas de recursos multifuncionais: 09 salas - Pro-jovem Campo: Saberes da Terra: 91
equipadas jovens educandos atendidos
- Pro-jovem Campo: Saberes da Terra: 91
jovens educandos atendidos
Fonte: Sistema de Informações Territoriais (http://sit.mda.gov.br).

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Av. do Contorno, 8000 - sl. 1701 - Santo Agostinho


30.110-056 - Belo Horizonte
Minas Gerais | Brasil

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