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"TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO - A OBRA DE FAYOL"

Enquanto Taylor e outros engenheiros americanos desenvolviam a chamada Administração


Científica nos Estados Unidos, em 191ó surgia na França, espraiando-se rapidamente pela
Europa, a chamada Teoria Clássica da Administração. Se a Administração Científica se
caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, a Teoria Clássica se caracterizava pela
ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Na realidade, o objetivo
de ambas as teorias era o mesmo: a busca da eficiência das organizações. Segundo a
Administração Científica, essa eficiência era alcançada por meio da racionalização do trabalho do
operário e no somatório da eficiência individual.

Na Teoria Clássica, ao contrário, partia-se de todo organizacional e da sua estrutura para


garantir eficiência a todas as partes envolvidas, fossem elas órgãos (como seções, departamentos
etc) ou pessoas (como ocupantes de cargos e executores de tarefas). A microabordagem no nível
individual de cada operário com relação à tarefa é enormemente ampliada no nível da organização
como um todo em relação à sua estrutura organizacional. A preocupação com a estrutura da
organização como um todo constitui, sem dúvida, uma substancial ampliação do objeto de estudo
da TGA. Fayol, um engenheiro francês, fundador da Teoria da Administração, partiu de uma
abordagem sintética, global e universal da empresa, inaugurando uma abordagem anatômica e
estrutural que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor.

Henri Fayol (1841-1925), o fundador da Teoria Clássica, nasceu em Constantinopla e


faleceu em Paris, vivendo as conseqüências da Revolução Industrial e, mais tarde, da I Guerra
Mundial. Formou-se em engenharia de minas aos 19 anos e entrou para uma empresa metalúrgica
e carbonífera onde desenvolveu toda a sua carreira. Aos 25 anos foi nomeado gerente das minas e
aos 47 anos assumia a gerência geral da empresa que então se achava em situação difícil. Sua
administração foi muito bem sucedida. Em 1918 transmitiu a empresa ao seu sucessor, dentro de
uma situação de notável estabilidade.

Fayol expôs sua Teoria de Administração em seu famoso livro Administration Industrielle et
Generale, publicado em Paris em 1916, traduzido em 1926 para o inglês e alemão por iniciativa do
"International Management Institute", de Genebra; e para o português em 1950, pela Editora Atlas
de São Paulo.

Fayol sempre afirmou que seu êxito se aos métodos que empregava. Exatamente como
Taylor, Fayol empregou os últimos anos de sua vida à tarefa de demonstrar que, com previsão e
métodos adequados de gerência, resultados satisfatórios eram inevitáveis. Assim como nos
Estados Unidos a Taylor Society foi fundada para divulgação e desenvolvimento da obra de Taylor,
na França o ensino e o desenvolvimento da obra de Fayol deram motivo à fundação do Centro de
Estudos Administrativos.

AS (6) FUNÇÕES BÁSICAS DA EMPRESA

1. Funções Técnicas, relacionadas com a produção de bens ou serviços.

2. Funções Comerciais, relacionadas com a compra e venda de bens ou serviços.

3. Funções Financeiras, relacionadas com a procura e gerência de capitais.

4. Funções de Segurança, relacionadas com a proteção e preservação do patrimônio.

5. Funções Contábeis, relacionadas com os inventários, balanços e estatísticas.


6. Funções Administrativas, relacionadas com a integração de cúpula das outras cinco
funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as demais funções da empresa,
pairando sempre acima delas.

Alega Fayol que "nenhuma das cinco funções essenciais precedentes tem o encargo de
formular o programa de ação geral da empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os
esforços e de harmonizar os atos. Essas atribuições pertencem à administração.

AS (6) FUNÇÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO

Para aclarar o que seja Administração, Fayol define o ato de administrar como sendo
constituído das funções prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, mais tarde
acrescidos de planejar, formando a sigla PPOCCC. Estas funções administrativas constituem,
assim, as funções do administrador:

Prever: visualizar o futuro e definir os objetivos e metas da empresa. Envolve a avaliação


do futuro e aprovisionamento em função dele.

Planejar: traçar os planos de ação. Um bom plano de ação deve ter unidade, continuidade
e flexibilidade (contingencialidade).

Organizar: constituir o duplo organismo material e social da empresa. Organização


proporciona todas as coisas úteis ao funcionamento da empresa e pode ser dividida em
organização material e organização social.

Comandar: dirigir e orientar o pessoal. Consiste em levar a organização a funcionar. Seu


objetivo é alcançar o rendimento máximo dos funcionários no interesse global.

Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e todos os esforços coletivos. A


coordenação harmoniza todas as atividades do negócio, facilitando seu trabalho e seu sucesso.
Ela sincroniza coisas e ações em suas proporções certas e adapta os meios aos fins.

Controlar: verificar que tudo ocorra de acordo com as regras e as ordens dadas. Consiste
em assegurar que todas as coisas ocorram em conformidade com o plano adotado, as instruções
transmitidas e os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar as fraquezas e erros para corrigi-
los no presente e preveni-los no futuro.

Estes são os elementos da Administração que constituem o chamado processo


administrativo, e que são localizáveis em qualquer trabalho do administrador, em qualquer nível ou
área de atividade da empresa. Em outros termos, tanto o gerente, o chefe, o supervisor, como o
encarregado - cada qual em seu nível - desempenham atividades de previsão, planejamento,
organização, comando, coordenação e controle, como atividades administrativas essenciais.

Para Fayol, as funções administrativas diferem claramente das outras cinco funções
essenciais. É necessário não confundi-las com direção. Dirigir é conduzir a empresa, tendo em
vista os fins visados e procurando obter as maiores vantagens possíveis de todos os recursos de
que ela dispõe; é assegurar a marcha das outras cinco funções essenciais.

A Administração não é senão uma das seis funções, cujo ritmo é assegurado pela direção.
Mas ocupa tamanho lugar nas funções dos altos chefes que, às vezes, pode parecer que as
funções administrativas estejam concentradas exclusivamente no topo da organização, o que não
é verdade.
PRINCÍPIOS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO

A Administração, como toda ciência, deve se basear em leis ou em princípios. Fayol tentou
também definir os "princípios gerais" de Administração. Como a função administrativa restringe-se
somente ao pessoal, isto é, ao corpo social, é necessário um certo número de condições e regras,
a que se poderia dar o nome de princípios, para assegurar o bom funcionamento da empresa.
Fayol adota a denominação princípio, afastando dela idéia de rigidez, porquanto nada existe de
rígido ou de absoluto em matéria administrativa. Tudo em Administração é questão de medida, de
ponderação e bom senso. Tais princípios, portanto, são maleáveis e adaptam-se a qualquer
circunstancia, tempo ou lugar.

Os Princípios Gerais da Administração, segundo Fayol, são:

1. Divisão do trabalho: consiste na especialização das tarefas e das pessoas para


aumentar a eficiência.

2. Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de dar ordens e o de esperar


obediência; a responsabilidade é uma conseqüência natural da autoridade: é a obrigação de
cumprir as atribuições do cargo e responder pelas conseqüências dos próprios atos e decisões.
Ambas devem estar equilibradas entre si.

3. Disciplina: depende da obediência. Corresponde ao cumprimento dos acordos


estabelecidos e das determinações vigentes.

4. Unidade de comando: cada empregado deve receber ordens de apenas um superior. É


o principio da autoridade única.

5. Unidade de direção: uma cabeça e um plano para cada grupo de atividades que
tenham o mesmo objetivo.

6. Subordinação do particular ao geral: os interesses setoriais devem subordinar-se aos


interesses maiores, como o interesse pessoal deve subordinar-se ao interesse grupal.

7. Remuneração do pessoal: deve haver justa e garantida satisfação para empregados e


empresa, em termos de retribuição.

8. Centralização: refere-se ao grau de concentração da autoridade na hierarquia


organizacional. Seu inverso é a delegação.

9. Cadeia escalar: é a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo. É
também denominado principio do comando.

10. Ordem: um lugar para cada coisa em seu lugar; um tempo para cada coisa e cada
coisa em seu tempo; uma função para cada pessoa e cada pessoa em sua função. É o princípio da
ordem material, temporal e funcional.

1l. Equidade: amabilidade e justiça para alcançar lealdade do pessoal.

12. Estabilidade e duração (num cargo) do pessoal: a rotação tem um impacto negativo
sobre a eficiência da organização. Quanta mais tempo uma pessoa permanecer num cargo, tanto
melhor.
13. Iniciativa: a capacidade de visualizar a necessidade de uma ação e executá-la sem
precisar aguardar ordens superiores.

14. Espírito de equipe: harmonia e união das pessoas em torno de propósitos comuns,
que asseguram o sucesso da organização.

Assim, a Teoria Clássica caracterizou-se principalmente pelo seu enfoque prescritivo e


normativo, descrevendo os elementos da administração (funções da administração) e os princípios
gerais que o administrador deve seguir na sua atividade. Esse enfoque prescritivo e normativo em
indicar como o administrador deve proceder no seu trabalho passou a ser o foco principal da
Teoria Clássica.

CONCEITO DE LINHA-STAFF

Fayol se interessou muito pela chamada organização linear, baseada nos princípios
Unidade de Comando, Unidade de Direção, Centralização da Autoridade e Cadeia escalar.

Fayol e seus seguidores discordam profundamente da supervisão funcional, de Taylor, por


achá-la uma negação do princípio da unidade de comando, que entendem ser vital para o perfeito
funcionamento da organização.

A organização em linha apresenta uma forma nitidamente piramidal. Nela, os órgãos de


linha seguem rigidamente o principio escalar. Porém, para que eles possam se dedicar
exclusivamente às sua atividades especializadas, tornam-se necessários outros órgãos
prestadores de serviços especializados estranhos às atividades dos órgãos de linha. Esses
prestadores de serviços - denominados órgãos de staff ou de assessoria - fornecem àqueles,
conselhos, recomendações, assessoria e consultoria, que os órgãos de linha não têm condições
de prover a si próprios. Tais serviços não podem ser impostos arbitrariamente aos órgãos de linha,
mas somente oferecidos. Assim, os órgãos de staff não obedecem ao principio escalar nem
possuem autoridade de comando em relação aos órgãos de linha. Sua chamada autoridade de
staff, é tão funcional quanto a de Taylor.

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