As florestas plantadas e a água estão naturalmente inter-relacionadas na natureza e esta é uma informação importante para a análise dos possíveis impactos hidrológicos do manejo das florestas plantadas. Primeiro, pelo fato de que microbacias adequadamente protegidas com boa cobertura florestal apresentam, em geral, produção regular de água de boa qualidade. Como corolário, deve-se também esperar que a formação de florestas plantadas em áreas degradadas deve contribuir, no médio e longo prazo, para a melhoria gradativa do funcionamento hidrológico das microbacias. Todavia, no caso de florestas plantadas em larga escala, visando o abastecimento industrial, deve-se considerar que o objetivo, neste caso, é a produção florestal. Assim, deve-se esperar, pela mesma razão, que possam ocorrer impactos hidrológicos decorrentes das atividades de manejo, principalmente em termos de efeitos ocasionais sobre a qualidade da água e perdas de solo e de nutrientes. Tais efeitos, por sua vez, podem contribuir tanto para a perda gradativa do potencial produtivo do solo, como para a propagação a jusante dos impactos, em termos de erosão, eutroficação, sedimentação e perda da qualidade do ecossistema aquático. Por outro lado, não se pode desconsiderar a controvérsia já instalada sobre os possíveis impactos hidrológicos quantitativos das florestas plantadas. Mais do que a análise isolada focada apenas no consumo de água pelo eucalipto, evidências recentes baseadas na análise de resultados experimentais de centenas de microbacias experimentais no mundo todo, parece claro que é preciso considerar a possibilidade real de um maior demanda de água decorrente da fase inicial de crescimento rápido de plantações florestais. Estas evidências mostram que este consumo de água de florestas plantadas de rápido crescimento depende das condições locais, principalmente em termos de solo e da quantidade e regime da precipitação anual, além de ser, também, fortemente dependente das práticas de manejo. A análise do ciclo hidrológico em florestas plantadas, portanto, deve levar em conta estas interações todas de forma integrada, englobando todas as escalas da sustentabilidade hidrológica.