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J.J.S., masculino,10 anos, nascido e procedente de Assis - SP.
Paciente com história de tosse crônica, vários episódios
de crise de sibilância e pneumonias de repetição desde os 6
anos, já tendo ficado várias vezes internado por ³cansaço
excessivo´. Os médicos de sua cidade acreditavam tratar-se
de asma moderada. Mãe relata que os episódios de tosse e
³bronquite´ficaram mais frequentes nos dois últimos anos,
sendo que o paciente teve 5 episódios de pneumonia no
último ano; em dois deles, o paciente ficou internado por 2
semanas e os médicos tiveram que trocar várias vezes o
antibiótico, segundo a mãe. A mãe também conta que o
paciente não brinca mais com os colegas pois cansa com
muita facilidade, e há dois meses vem apresentando tosse
com expectoração amarelo-esverdeada. Foi encaminhado ao
Icr-HCFMUSP pelo posto de sua cidade.
AP: vide história.
AF: Pais vivos e saudáveis; irmãos saudáveis; tia materna
falescida aos 4 anos de ³cansaço´.
ISDA: dor e distenção abdominal eventuais; fezes
amolescidas há 6 meses; há 3 meses nota fezes brilhantes;
perda de peso de 2 kg no último ano.
   FC= 110bpm T= 38,5 ºC FR= 72ipm
REG, descorado ++/4+, desidratado de algum grau, cianose e
baqueteamento em dedos, anictérico, distrófico.
Respiratório: MV diminuídos globalmente, com sibilos e
roncos ins e espiratórios e ESC difusos, mais intensos em
terço superior de HTD.
Cardíaco: BRNF, em 2 tempos, sem sopros.
Abdominal: RHA +. Plano, flácido, indolor a palpação. Sem
visceromegalias.
‡ Percentis de altura e peso abaixo de P2,5.
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a Doença autossômica recessiva causada por mutações


no gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane
Conductance Regulator) que levam a alterações no
transporte transmembrana epitelial de Cl, Na e água,
afetando glândulas exócrinas, e tratos respiratório, GI e
reprodutivo.
‡ Doença multissistêmica.
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‡ A mais comum doença genética letal entre a


população caucasiana.
‡ Incidência de 1: 2500 nascidos brancos (EUA).
‡ 30000 pessoas afetadas nos EUA.
‡ Estima-se que 1: 20-25 brancos sejam carreadores de
mutação no gene CFTR.
‡ Rara em negros e asiáticos.
     
‡ Gene CFTR codifica um canal iônico de Cl regulado
por fosforilação.
‡ CFTR é encontrado na membrana epitelial do trato
pulmonar, ductos pancreáticos, trato GI, ductos biliares
e ductos das glândulas sudoríparas.
‡ Mais de 700 mutações e variações do gene já foram
descritas.
‡ Admite-se 4 classes principais de mutações: relação
com quadro clínico?
     
‡ Ductos das glândulas sudoríparas: decréscimo na
reabsorção de Cl e, consequentemente, de Na do lúmen,
levando a suor com elevadas concentrações de NaCl.
‡ Ductos pancreáticos: os canais CFTR de Cl são
importantes na hidratação e alcalinização da secreção
exócrina pancreática. A perda dessa função leva ao
acúmulo de muco e obstrução dos ductos pancreáticos
menores, com dilatação e atrofia das glândulas exócrinas,
e fibrose pancreática progressiva, culminando também em
insuficiência pancreática endócrina mais tardiamente
(diabete insulino-dependente).
     
‡ Ductos biliares e Fígado: o desbalanço de sais e água,
semelhantemente ao pâncreas, leva a obstrução dos
pequenos ductos biliares, podendo causar cirrose hepática.
‡ Trato genital masculino: a obstrução dos pequenos
ductos leva a atrofia, fibrose ou ausência dos vasos
deferentes, cauda e corpo do epidídimo, e vesículas
seminais.
‡ Trato GI: Semelhantemente aos outros sistemas, a
atividade anormal ou ausente do CFTR leva a secreção de
água diminuída no íleo terminal, com consequente bolo
fecal espesso e endurecido, podendo levar a obstrução
intestinal (íleo meconial no RN).
     

‡ Trato respiratório
- batimento mucociliar reduzido
- muco respiratório abundante, desidratado e viscoso,
favorecendo a colonização bacteriana.
- Pulmões: atividade antimicrobiana do sistema imune
inato reduzida devido as altas concentrações de NaCl
no líquido que recobre os alvéolos, levando a
colonização bacteriana e infecções bacterianas de
repetição.
     
‡ Trato respiratório
- Infecção crônica é associada a intensa resposta
inflamatória rica em neutrófilos.
- Combinação de muco (aumentado pela resposta
inflamatória), neutrófilos abundantes, debris
inflamatórios, actina e outras moléculas produzem um
escarro espesso, viscoso e purulento que leva a
obstrução das vias aéreas.
- Inflamação progressiva e infecções de repetição lesam
o trato respiratório, levando a bronquite, bronquiectasia
progressiva e insuficiência respiratória.
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‡ Extremamente variável, sintomas leves a graves;
início no nascimento ou anos após.
‡ Clássico: Tosse crônica, bronquite, pneumonias de
repetição, baqueteamento dos dedos, e distúrbios do
desenvolvimento, principalmente do crescimento.
‡ `    no RN (18% dos RN com FC).
‡ 85 % dos pacientes apresentam insuficiência exócrina
do pâncreas.
‡ Mais de 95% dos homens são estéreis
(espermatogênese é normali FIV).
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‡ Teste do ³pezinho´ ampliado
‡ Imagenológico: radiografia de tórax e TC helicoidal
de tórax (alterações precoces de bronquiectasia) -
doença pulmonar.
‡ Cultura de escarro
‡ Função pulmonar
‡ Teste do Cl no suor ( 60mEq/L)
‡ Balanço de gordura nas fezes
‡ Testes genéticos
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‡ Importante é o tratamento agressivo das reagudizações
pulmonares:
- Antibioticoterapia
- Broncodilatadores
- Corticóide
- Mucolíticos (N-metil-cisteína, DNAases)
‡ Administração de enzimas pancreáticas
‡ Dieta hipercalórica e hiperproteíca
‡ Insulina para os diabéticos
‡ Transplantes
‡ Novas perspectívas: terapia gênica

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