Você está na página 1de 1

Procura-se um amigo.

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento,
basta ter coração.

Precisa saber falar e calar-se; sobretudo, saber ouvir.

Tem que gostar dos mesmos gostos, de músicas, da madrugada, de


brincadeiras, do sol ou da lua.

Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de
não ter esse amor.

Deve amar ao próximo e respeitar a dor que todos os passantes levam


consigo.

Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de


primeira mão, nem mesmo é imprescindível que seja de segunda.

Não é preciso que seja uma amizade pura, nem de toda impura, mas,
não deve ser vulgar.

Deve ter um ideal e medo de perdê-lo; no caso de assim não ser, deve
sentir o grande vácuo que isso deixa.

Tem que ter ressonâncias humanas; seu principal objetivo é o de ser


amigo.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos; um amigo que


se comova quando chamado de amigo; que saiba conversar de coisas
simples, de orvalho à astronomia.

Precisa-se de um amigo para não enlouquecer, para se contar o que


se viu de belo ou de triste durante o dia, dos anseios e das
realizações, dos sonhos e da realidade.

Deve gostar de dias frios, de brincar na chuva, de viagens e de sentar


a beira da estrada para conversar sobre o cotidiano.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a
vida é bela, mas porque já se tem um amigo.

E assim ter a satisfação de dizer que vivo.

(Adaptação de Vinícius de Moraes)

Você também pode gostar