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Sexualidade e o adolescente com deficiência


mental: uma revisão bibliográfica

Sexuality and adolescents with mental


disability: a review

Olga Maria Bastos 1


Suely Ferreira Deslandes 1

Abstract The objective of this article is to discuss Resumo Com o objetivo de discutir a sexualida-
the sexuality of the mentally retarded adolescent de de adolescentes com deficiência mental e as re-
and its consequences within the family. It is based percussões familiares do adolescer, realizou-se
on articles from Bireme, written from 1990 to uma revisão bibliográfica a partir da base de da-
2003, related to the sexuality of the adolescents dos da Bireme, analisando a produção de 1990 a
with intellectual disability, as well as the impacts 2003 sobre o tema. Os artigos mostram que os
of the adolescence period on the family. The arti- pais se deparam com novos desafios para a inte-
cles show that during this period of development, gração social dos seus filhos com deficiência men-
the parents of the adolescents with intellectual tal quando estes chegam à adolescência, especial-
disability face challenges regarding their chil- mente com o despertar de sua sexualidade geni-
dren’s social integration, with the genital sexual tal. Os trabalhos corroboram que os preconceitos
awakening being of greatest concern. The papers no campo da sexualidade ainda estão presentes.
reinforce that there is still a great deal of preju- Fica evidente o temor diante das manifestações
dice regarding sexuality. It is also clear that par- sexuais desses adolescentes, como a masturbação,
ents are uncomfortable dealing with, and even e a dificuldade dos pais em lidar com a situação.
fear, the sexual expression of the adolescents with Pelo receio do abuso sexual e da gravidez decor-
intellectual disability, especially masturbation. rente, métodos contraceptivos, inclusive a esterili-
The fear of sexual abuse and potential pregnancy zação, são discutidos. A revisão da literatura in-
raises the issue of contraception of the girls with dica, enfim, que o desenvolvimento da sexualida-
mental disability, including definitive steriliza- de se dá igualmente nos adolescentes com e sem
tion. Further readings on the subject state that the deficiência, mas são atribuídas representações
development of sexuality happens both in adoles- distintas aos dois grupos. Conclui-se que a am-
cents with mental disorders or not, however there pliação do debate aos pais e adolescentes com de-
are attributes that differentiate both groups. We ficiência pode contribuir para que eles tenham
conclude that ample discussion on issues of sexu- uma vivência da sexualidade com menos estig-
ality with parents and mentally retarded adoles- mas, menos exposta a riscos e, conseqüentemente,
1 Instituto Fernandes cents is likely to contribute to a less risky and stig- mais satisfatória.
Figueira, Fiocruz. matized sexuality, consequently more satisfactory. Palavras-chave Deficiência mental, Adolescen-
Av. Rui Barbosa 716, Key words Intellectual disability, Adolescence, te, Sexualidade, Abuso sexual
2 o andar, 22250-020,
Rio de Janeiro RJ Sexuality, Sexual abuse
olgab@iff.fiocruz.br
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Introdução com deficiência mental e sua repercussão para


os familiares; 2) a sexualidade dos adolescentes
O adolescer das pessoas com deficiência men- com deficiência mental; 3) as repercussões e
tal é um tema escassamente tratado pela litera- reações relacionadas à prática desta sexualida-
tura. Entretanto, a grande maioria dos indiví- de. A discussão sobre o abuso sexual também
duos com deficiência mental chega à puberda- será considerada, tendo em vista a importância
de, com a conseqüente maturação sexual, como do tema.
os demais adolescentes sem deficiência. Ainda
vigora o senso comum de que as pessoas com
deficiência mental não teriam esta etapa do seu Metodologia
desenvolvimento, pois as mudanças físicas não
corresponderiam às psicossociais. O presente trabalho utiliza o referencial da pes-
Entre todas as modificações que se apresen- quisa bibliográfica, entendida como o ato de in-
tam nesta etapa da vida, destacam-se aquelas re- dagar e de buscar informações sobre determi-
lacionadas à sexualidade. Até então auto-eróti- nado assunto, através de um levantamento rea-
ca, a sexualidade sofre transformações do pon- lizado em base de dados nacionais e estrangei-
to de vista qualitativo, e os adolescentes com ros, com o objetivo de detectar o que existe de
deficiência mental, na dependência do seu ní- consenso ou de polêmico no estado da arte da
vel de comprometimento, assim como os que literatura (Biblioteca Central da Universidade
não têm deficiência, sentem-se estimulados a de Brasília < http://www.bce.unb.br/serviços/
buscar satisfações amorosas e genitais. pesq_bibliografica.php>).
O desenvolvimento da sexualidade é uma Com este propósito foi efetuada uma revi-
etapa fundamental do ser humano. Acredita- são das publicações na área de saúde através da
mos que a disseminação da informação sobre a Biblioteca Virtual Bireme, tendo sido consulta-
questão é um dos elementos contribuintes para das as bases de dados Medline, Adolec e Scielo.
que alguns tabus sejam revistos, e conseqüen- Somente os artigos foram selecionados, devi-
temente seu exercício seja possível, saudável e do à sua maior circulação no meio acadêmico e
seguro. Para isto, este debate precisa ser imple- profissional. Assim, as dissertações e teses não
mentado mais amplamente na sociedade, em compuseram o acervo. O período da pesquisa
especial nas famílias, que encontram dificul- foi de 1990 a 2003. Este recorte temporal foi
dades para a discussão do assunto com seus fi- operado devido ao fato de, na década de 1990,
lhos adolescentes, principalmente quando eles ter se iniciado a atenção sistematizada à saúde
têm deficiência mental. Um dos entraves para a dos adolescentes na América Latina, além de
discussão da sexualidade das pessoas com defi- ter sido uma época na qual as investigações so-
ciência se deve à quase inexistência de relatos bre as práticas e representações sobre sexuali-
de experiência sobre o assunto. Esta ausência dade sofreram forte impulso decorrente, entre
talvez se relacione aos preconceitos e à discri- outros fatores, pela epidemia da Aids.
minação ainda presentes, que muitas vezes sus- No Medline foram encontradas 3.201 refe-
tentam a idéia de que eles não têm o direito de rências através da chave “retardo mental e ado-
exercer a sua sexualidade. lescência”. A designação de pessoas com defici-
Conhecer o estado da arte da reflexão sobre ência intelectual é polissêmica, e alguns traba-
a sexualidade do adolescente com deficiência lhos as nomeiam como retardo mental, outras
mental pode contribuir para o entendimento como pessoas portadoras de necessidades espe-
destas questões. Um maior conhecimento da ciais, alguns como pessoas portadoras de defi-
temática pelos profissionais da saúde pode se ciência mental ou simplesmente pessoas com
refletir em uma melhor abordagem, tanto com deficiência mental. Optou-se pela utilização da
os familiares quanto com os adolescentes, favo- última nomenclatura, pois vai ao encontro da
recendo o cumprimento dos seus direitos, in- sugestão dada por Goffman (1988), de que as
cluindo os sexuais. pessoas com deficiência devem ser chamadas
Este estudo tem como objetivo analisar o pelos nomes que elas mesmas, ou aqueles que
conteúdo da produção bibliográfica na área da advogam por elas, julguem conveniente. A no-
saúde sobre a sexualidade dos adolescentes com meação de “pessoa com deficiência mental”
deficiência mental, no período de 14 anos, iden- encontra-se entre as preferências, como pode
tificando aspectos tidos como relevantes. Den- ser observado em encontros técnico-científicos
tre estes, destacamos: 1) o adolescer na pessoa voltados para a discussão da questão.
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Contudo, ao se acrescentar a palavra “sexua- Para apoiar a discussão dos referidos textos
lidade” à referida chave de busca, este número foram incorporadas publicações de outras fon-
foi reduzido para 9. Na base Adolec foram en- tes, que abordavam aspectos da adolescência e
contradas 90 publicações com a chave inicial, da sexualidade, de um modo geral. Este acervo
das quais somente 5 abordavam a sexualidade secundário foi empregado para fomentar a re-
deste grupo da população. No Scielo não foi flexão acerca da produção analisada.
encontrada nenhuma publicação utilizando es- Existem controvérsias quanto à classifica-
ta chave de busca. ção das pessoas com deficiência mental, e estu-
Visando ampliar o debate e discutir as re- dos epidemiológicos indicam que 85 % des-
percussões psicossociais e familiares do adoles- ses indivíduos não apresentam um comprome-
cer com deficiência mental, foi acrescentada à timento que seja impeditivo para o estabeleci-
busca a chave “retardo mental – adolescência – mento de relações sociais (Ballone, 2001). Pro-
família”. E, ao serem selecionados os que discu- vavelmente, a maior parte das argumentações
tiam exclusivamente esses aspectos, foram lo- dos autores se refere a esse grupo, e por isto, so-
calizados 13 artigos. mente faremos referências aos diferentes níveis
Com essa metodologia foram acessadas so- de deficiência à medida que forem destacados
mente 21 destas publicações, já que nem todas nos artigos.
as revistas referidas estavam disponíveis, mesmo Os artigos foram analisados seguindo as
pelo Comut. Alguns artigos inicialmente pes- perspectivas da análise temática (Minayo, 1993),
quisados não fizeram parte desta revisão, pois sendo inicialmente procedida a leitura flutuan-
traziam como objeto de estudo, adultos com de- te de todo acervo, a identificação dos eixos te-
ficiência mental, doentes psiquiátricos de uma máticos e aferidos seus respectivos núcleos de
maneira geral, ou especificamente, pessoas com sentido. O corpus analisado também foi subme-
autismo. No quadro 1 encontra-se a caracteri- tido à classificação do tipo de metodologia em-
zação do acervo estudado segundo o autor, o pregada em cada artigo.
ano da publicação e a metodologia adotada.

Quadro 1
Caracterização do acervo de revisão, segundo autor, ano e metodologia adotada, 1990- 2003.
Tema Autor/Ano Tipo de Estudo
Sexualidade 1) Ribeiro & Nepomuceno, 1992 1) Estudo qualitativo
2) MacKinlay et al., 1996 2) Estudo epidemiológico
3) Konstantareas & Lunsky, 1997 3) Estudo epidemiológico
4) Waldaman et al., 1999 4) Ensaio teórico
5) MacConkey & Ryan, 2001 5) Estudo epidemiológico
6) Reeve, 2001 6) Ensaio teórico

Sexualidade / Contracepção / 1) Cruz et al., 1994 1) Estudo epidemiológico


Esterilização 2) Heller & Jeanmonod, 2000 2) Revisão
3) Alvin et al., 2002 3) Ensaio teórico
Sexualidade / Abuso sexual 1) Tharinger et al., 1990 1) Ensaio teórico
2) Adams et al., 1995 2) Estudo epidemiológico
3) Strickler, 2001 3) Ensaio teórico
4) Balogh et al., 2002 4) Estudo epidemiológico
5) Groce, 2003 5) Ensaio teórico
Repercussões familiares 1) Aramayo, 1993 1) Estudo epidemiológico
e psicossociais (adaptação, 2) Rimmerman & Duvdevani, 1996 2) Estudo epidemiológico
relação pais/filhos, 3) Hannah & Midlarsky, 1999 3) Estudo epidemiológico
autonomia, discriminação) 4) Bramston & Fogart, 2000 4) Estudo epidemiológico
5) Silva & Dessen, 2001 5) Ensaio teórico
6) Kennedy, 2001 6) Ensaio teórico
7) Blacher, 2001 7) Ensaio teórico
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Resultados e discussão cernimento. Dentre os fatores que interferem na


forma desta reação, são destacados o nível so-
Adolescer com deficiência mental cioeconômico das famílias e a presença de uma
e as implicações familiares rede familiar de apoio (Hannah & Midlarsky,
1999).
Existem diferentes definições para adoles- Hannah & Midlarsky (1999), em relação ao
cência, mas todas contemplam o fato de que es- impacto familiar diante de um filho com defi-
ta é uma etapa do processo de crescimento e de- ciência, observam que na dependência do nível
senvolvimento humano na qual ocorrem mo- socioeconômico dos pais, as questões que os
dificações rápidas e importantes nos corpos in- preocupam podem ser distintas. Para algumas
fantis, assim como no estilo de vida. Nesta fase famílias de classe média a deficiência mental
são estabelecidas novas relações e novos modos pode ser encarada como um fator que vai im-
de pensar e de se comportar, que serão respon- pedir a aquisição de conhecimento de seu filho,
sáveis por redefinições de identidades e partici- e desta forma limitar sua ascensão social. Já pa-
pação no mundo externo, assim como também ra os das classes populares, mesmo que exista a
demarcam outras formas de inserção na famí- preocupação com o futuro, os empecilhos ime-
lia (Mandú, 2001). É o início do caminho para diatos são os que mais os preocupam, pois dis-
a autonomia da vida adulta. põem de recursos limitados, que podem ser in-
Como, de um modo geral, o indivíduo com suficientes às necessidades do filho.
deficiência mental apresenta mais dificuldade Também se reconhece que o desenvolvi-
em adquirir habilidades e competências que mento do indivíduo está intimamente relacio-
propiciem uma maior autonomia, cabe inda- nado à adaptação de sua família diante da si-
gar se a adolescência teria o mesmo significado tuação. E esta, com o apoio dos recursos dispo-
para eles. Rimmerman & Duvdevani (1996) níveis, imprime seus valores, crenças e metas
avaliam que os pais sofrem maior sobrecarga no processo de acomodação ao meio, de forma
física e emocional para cuidar do filho com de- a organizar sua rotina (Aramayo, 1993).
ficiência mental, dado que passam a apresentar A literatura também aponta que o bem-es-
uma demanda diferenciada. tar dos pais tem sido pouco considerado, ape-
A forma de a família reagir a esse estresse sar de serem tão afetados quanto seus filhos no
pode ser um fator facilitador ou prejudicial ao processo de transição da infância à adolescên-
desenvolvimento do adolescente. A atitude da cia. E, se o sucesso desta passagem é influencia-
família interfere no processo de inclusão e nas do por características individuais, tais como
defesas contra a discriminação, em um perío- idade, gênero, saúde física e mental, as influên-
do crítico para o desenvolvimento e estrutura- cias do meio sócio-familiar e da cultura são ti-
ção da personalidade. É dela grande parte da dos como especialmente relevantes (Blacher,
responsabilidade em propiciar que o filho es- 2001).
tabeleça relação com outras pessoas, integran- Há expectativa cultural que ao final da ado-
do-se a grupos sociais diversos, uma vez que o lescência o indivíduo tenha definido sua iden-
adolescente com deficiência, por suas limita- tidade sexual, desenvolvido relações pessoais e
ções e a depender do grau de comprometimen- esteja no caminho para adquirir independência
to apresentam poucas habilidades e competên- financeira e social. Os autores do acervo refle-
cias tendo dificuldade de se separar dos pais e tem que de acordo com o grau de comprome-
fazer amigos (Néri et al., 2003). timento do adolescente com deficiência men-
Glat & Freitas (2002) argumentam que al- tal, ele pode estar mais vulnerável e dependen-
guns pais, por conta de uma relação de mútua te que seus pares sem deficiência (Mckinlay et
dependência, prejudicam o desenvolvimento al., 1996), acarretando frustrações a seus pais.
emocional dos filhos. Em outras famílias, a dor Ao tecer considerações sobre a autonomia
ao reconhecer um filho com deficiência, pode das pessoas com deficiência mental, os autores
produzir um efeito agregador, fortalecendo os consultados consideram que a educação desses
laços familiares, contribuindo para um melhor indivíduos deve se concentrar na busca de de-
desenvolvimento da criança (Cavalcante, 2001). senvolvimento de habilidades, e principalmen-
A literatura pesquisada aponta que a pre- te de competências, tais como saber realizar sua
sença de um filho com deficiência também po- higiene pessoal, fazer compras e circular sozi-
de, em algumas famílias, proporcionar um alto nho, ao menos nos locais próximos de sua resi-
nível de responsabilidade, competência e dis- dência. Avaliam que desse modo poderá ser ad-
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quirida uma maior independência, favorecen- que não se beneficiou com as mudanças na área
do uma inserção melhor na sociedade e contri- da sexualidade. Muito freqüentemente, aspec-
buindo de forma positiva na sua qualidade de tos relacionados ao desabrochar da sexualidade
vida. Também se destaca a importância da in- dos adolescentes com deficiência mental tra-
clusão na escola como um outro fator impor- zem preocupações aos pais e à sociedade, de
tante para o desenvolvimento social. Alguns um modo geral, traduzida por atitudes repres-
autores defendem que a socialização se dá de soras e discriminatórias, que impedem um de-
modo mais eficaz quando os adolescentes com senvolvimento mais pleno do indivíduo.
deficiência mental são integrantes de um pro- Para Giami (2000), há um imaginário so-
cesso educacional normal, quando comparado cial que constrói a sexualidade da pessoa com
aos que freqüentam escola especial (Kennedy, deficiência mental a partir de um conjunto de
2001). representações relativas à monstruosidade e à
Outro tema debatido pela literatura é o pre- anormalidade, ficando a cargo das famílias e
conceito e a discriminação a que são submeti- dos profissionais da educação o controle de sua
dos os adolescentes com deficiência mental. Na manifestação. Esse sistema de representações
sociedade ocidental, o indivíduo com qualquer conduz a sexualidade das pessoas com defici-
deficiência, sofre as conseqüências da discri- ência ao estado de natureza, no qual sua sexua-
minação, pois esta diferença é entendida como lidade aparece difícil de ser educada e controla-
sinal de inferioridade, de sobressair de forma da. Havendo a possibilidade deste descontrole,
“negativa” na multidão. A diferença transfor- iriam inevitavelmente exercer práticas sexuais
ma-se em desigualdade, colocando-o em des- consideradas socialmente inadequadas. O au-
vantagem em relação aos demais membros da tor reflete que estes preconceitos podem estar
sociedade (Montanari, 1999). Silva & Dessen ocorrendo como conseqüência do desconheci-
(2001) chegam a afirmar que certos pais, evi- mento de questões que dizem respeito aos as-
tando o confronto com o preconceito, acabam pectos do desenvolvimento desse grupo da po-
por limitar as atividades socioculturais de seus pulação.
filhos com deficiência, dificultando ainda mais Pela apreciação das publicações pesquisa-
o desenvolvimento deles. das sobre a sexualidade do indivíduo com defi-
ciência mental, a partir da década de 1990, fica
Adolescente com deficiência mental evidente que os preconceitos ainda estão pre-
e a sexualidade sentes e de forma muito intensa. Essas apon-
tam, principalmente, as preocupações dos pais
O desenvolvimento da sexualidade está vin- quanto às manifestações sexuais de seus filhos,
culado ao desenvolvimento integral do indiví- a utilização de métodos contraceptivos e o te-
duo, sendo considerado um elemento constitu- mor quanto ao abuso sexual.
tivo da personalidade. A sua manifestação trans- A literatura do acervo analisa que muitos
cende sua base biológica, estando predominan- pais e educadores, assim como outros setores
temente demarcada por valores socioculturais da sociedade, negam a sexualidade dos adoles-
(Basso, 1991). Esse desenvolvimento se inicia centes com deficiência mental. Muitos pais os
na infância, mas é na adolescência que se ope- consideram, pela sua inocência sexual, eternas
ram mudanças físicas e psicossociais destina- crianças. Mas, existem outros que enfatizam um
das a dar à vida sexual infantil sua forma adul- comportamento de exacerbação da sexualida-
ta (Gomes, 1996). de, que necessitaria de um controle por parte
Como alguns autores observam, ocorreram de seus responsáveis (Giami, 2000). Não existe
mudanças no comportamento sexual ocidental um reconhecimento dos direitos da manifesta-
nos últimos anos, incluindo novas representa- ção da sexualidade das pessoas com deficiência
ções e práticas sobre sexualidade (Heilborn & mental, sendo lhes dadas poucas possibilidades
Brandão, 1999; Loyola, 1999). Pode ser consta- de compreender as emoções despertadas por
tada uma maior aceitação à prática masturba- ela, e conseqüentemente, dificultando a explo-
tória e uma diminuição da valorização da vir- ração da sua curiosidade sexual (Tharinger et
gindade, refletindo uma atitude mais libertária al., 1990).
nessa área (Parker, 1991). Mas, estas modifica- Como se depreende, as pessoas com defi-
ções não atingiram igualmente todas as cama- ciência mental não são respeitadas nos seus di-
das da população (Desser, 1993). As pessoas reitos fundamentais, encontrando-se aí, os di-
com deficiência mental fazem parte do grupo reitos sexuais. A adolescência é uma época pri-
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vilegiada para se iniciar o movimento de ga- dade. Esses pesquisadores detectaram que os
rantia desses direitos. Nesta etapa do desenvol- adolescentes institucionalizados são submeti-
vimento é importante a inserção em atividades dos a padrões comportamentais que conside-
que promovam maiores habilidades e compe- ram rígidos e moralistas, que em nada contri-
tências, que resultarão na formação de indiví- bui para a descoberta da sexualidade, mas sim
duos mais autônomos, com maior responsabi- incutindo sentimentos de culpa e vergonha.
lidade e possibilidades de escolhas, contribuin- Entrevistando pessoas que trabalham em servi-
do para que o exercício da sexualidade se dê de ços para adolescentes e jovens com deficiência
forma mais satisfatória e protegida. mental, McConkey & Ryan (2001) constataram
que esses profissionais não receberam treina-
O exercício da sexualidade do mento para lidar com as questões de sexualida-
adolescente com deficiência mental de que surgiam, sendo as suas condutas ditadas
por iniciativa própria, com a possibilidade de
As modificações físicas próprias da puber- conseqüências inadequadas aos indivíduos.
dade acontecem naturalmente para a maioria O onanismo exacerbado no indivíduo com
das pessoas com deficiência mental. Paralelo a deficiência mental, uma observação freqüente
este desenvolvimento são observadas mudan- de pais e educadores, pode ser uma forma de
ças psicossociais, nas quais se detectam altera- chamar a atenção sobre si, ou simplesmente um
ções no comportamento do adolescente, tanto modo de compensar uma existência insatisfa-
na família como nas relações sociais. Conside- tória ou mesmo expressar a dificuldade que al-
ra-se que este conjunto de mudanças seja res- guns pais podem ter de dar limites aos filhos
ponsável pelo despertar da sexualidade, não (Glat & Freitas, 2002). E, a literatura demons-
existindo evidências na literatura consultada, tra que ao invés de enfrentar a situação, os pais
de que à deficiência intelectual corresponda um geralmente preferem ignorar o assunto, seja
déficit sexual (Reeve, 2001). pela dificuldade de lidar com o tema ou por
Os adolescentes percebem a possibilidade acreditarem que falar sobre sexualidade pode
de erotização e da obtenção de prazer pelo se- estimular ainda mais as manifestações sexuais
xo. Mas, como observado no acervo pesquisa- de seus filhos (Konstantareas & Lunsky, 1997).
do, alguns adolescentes com deficiência mental Por outro lado, para alguns pais, o desper-
não sabem bem como lidar com estas novas sen- tar do exercício da sexualidade pode funcionar
sações, podendo ser difícil o controle de seus como uma metáfora de saúde e de avanço, em
impulsos sexuais. Assim como os adolescentes oposição à deficiência (Cardoso, 2000). Se o fi-
sem deficiência, muitas vezes eles descobrem a lho apresenta ejaculação, se a filha já tem mens-
satisfação que a área genital pode lhes oferecer, truação ou se demonstram algum interesse se-
através da masturbação. Entretanto, não raro, xual, eles avaliam que este comportamento está
esta é uma prática observada pelos adolescentes mais próximo dos demais adolescentes, e, por-
com deficiência sem que busquem a privacida- tanto, seus filhos possuem uma maior identi-
de, o que pode gerar um grande desgaste emo- dade com os jovens considerados normais.
cional para a família. No entanto, na depen- Em relação à atividade sexual, um estudo
dência do seu nível de comprometimento men- do acervo observou que alguns pais acredita-
tal e, principalmente, de acordo com as orien- vam que os filhos adolescentes não somente se-
tações recebidas pelos familiares, muitos ado- riam capazes de manter um relacionamento se-
lescentes apresentam a capacidade de exercer xual com responsabilidade, como eles também
esta prática reservadamente (Waldman et al., demonstravam grande interesse nesta questão
1999). (McKinlay et al., 1996). Existem avaliações dis-
Alguns autores do acervo, como Waldman cordantes, nas quais os pais não reconhecem
et al. (1999), evidenciaram que ao serem flagra- nos filhos nenhuma curiosidade sobre o assun-
dos em situações consideradas socialmente ina- to. Como já assinalado, eles os comparam a um
dequadas, tais como a masturbação, eles são se- “anjo” pela sua inocência, avaliando que as suas
veramente repreendidos. Esta conduta foi tam- relações são afetivas, com ausência de manifes-
bém observada por Ribeiro & Nepomuceno tações eróticas (Giami, 2000).
(1992) quando estudaram o comportamento Os adolescentes com deficiência mental as-
dos educadores e funcionários de uma institui- sistem no cotidiano a situações que apresentam
ção para adolescentes com deficiência, diante a manifestação da sexualidade de forma explíci-
de situações envolvendo o exercício da sexuali- ta, propiciando a sua identificação com os ado-
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lescentes sem deficiência. Suas expectativas re- tanto, não têm possibilidades de escolhas na sua
cebem influência destas experiências, só que a vida. Outros autores defendem que em adoles-
oportunidade de desempenhá-la não é consi- centes com deficiência que apresentam distúr-
derada pela sociedade, pois muitos pais têm a bios importantes de conduta, este maior risco
preocupação de que seus filhos não sejam ca- pode estar associado a comportamentos sexuais
pazes de controlar seu comportamento, e que considerados socialmente inadequados, como,
então possam ser explorados sexualmente. por exemplo, o flerte sem censura e a mastur-
bação repetitiva e pública (Adams et al., 1995).
Abuso sexual, contracepção A maior dependência de terceiros pode ser um
e esterilização: debate polêmico fator que se relacione, principalmente, ao abu-
so sexual de pessoas com maior comprometi-
Os dados da literatura apontam que são mento.
poucos os adolescentes com deficiência mental Diante da possibilidade do ato sexual, seja
que se envolvem espontaneamente em uma re- ele com consentimento ou conseqüente à vio-
lação sexual, apesar do receio dos pais. Portan- lência, surge a discussão sobre os métodos con-
to, se a atividade sexual envolver outra pessoa, traceptivos para as adolescentes, inclusive com
é importante ficar atento quanto à possibili- a utilização da esterilização definitiva. Dupras
dade de abuso sexual (Tharinger et al., 1990). (2000) argumenta que a escolha pela laqueadu-
Alvin et al. (2002) acreditam que eles são par- ra de trompas pode ser uma atitude também de
ticularmente vulneráveis ao abuso sexual por natureza política, se remetendo aos princípios
existir uma fronteira muito tênue entre afetivi- morais e de escolhas eugênicas da sociedade.
dade, sensualidade e sexualidade. Já para Groce Alguns artigos do período estudado reve-
(2003), esta maior vulnerabilidade ao abuso e lam que a laqueadura de trompas é um método
também ao HIV/Aids estaria parcialmente re- controverso e problemático em mulheres com
lacionada ao fato de que as pessoas com defi- deficiência mental, pois ele pressupõe para a
ciência mental dificilmente conseguem manter sua realização o consentimento livre e esclare-
uma relação estável, por causa das sanções so- cido, difícil de ser obtido nesta situação (Heller
ciais, favorecendo o envolvimento com um nú- & Jeanmonod, 2000). Mas, Cruz et al. (1994) re-
mero maior de parceiros eventuais. Essa situa- latam experiências consideradas por eles bem-
ção provavelmente estaria restrita aos adoles- sucedidas quanto à esterilização definitiva em
centes mais velhos e aos adultos que apresen- adolescentes mulheres, com a inexistência de
tem um nível de autonomia que propicie a bus- complicações decorrentes, seja da própria ci-
ca de parceiros sexuais. O autor também lamen- rurgia ou por distúrbios hormonais. Os autores
ta a ausência de programas abrangentes de edu- justificam sua ação como uma forma de evitar
cação sexual, assim como de campanhas para a gravidez decorrente do abuso sexual, além de
prevenção de HIV/Aids que atinjam às pessoas diminuir a população susceptível ao abuso se-
com deficiência. xual, pois consideram que os filhos dessas ado-
Apesar da inegável vulnerabilidade destes lescentes estariam mais predispostos a ter pro-
adolescentes, principalmente nos que apresen- blemas de ordem física e mental. Contudo, eles
tam um nível maior de comprometimento, não não refletem sobre os aspectos psíquicos ou éti-
existem dados que sustentem a proposição de cos envolvidos nesta questão, defendendo que
que o abuso sexual seja mais provável de ocor- só necessitariam do consentimento dos pais ou
rer entre pessoas com deficiência (Balogh et al., dos responsáveis legais para a realização da la-
2001). Questiona-se se a inexistência de dados queadura.
não seria conseqüência da ausência de detec- No nosso país este debate ainda é incipien-
ção e denúncia do abuso porque, muito fre- te, restringindo-se a alguns fóruns isolados. De-
qüentemente, os agressores estão entre seus fa- ve ser assinalado que pela legislação brasileira,
miliares e cuidadores (Rimmerman & Duvde- somente sob determinadas condições a esterili-
vani, 1996; McKinlay et al., 1996; Waldman et zação pode ser realizada, não estando prevista
al., 1999). Em uma contribuição ao entendi- a autorização para laqueadura tubária em ado-
mento desta questão, Strickler (2001) assinala lescentes com deficiência mental.
que esta maior suscetibilidade pode ser devido
ao fato de que as pessoas com deficiência men-
tal são condicionadas a acreditar que não têm
controle algum sobre o que acontece e que, por-
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Considerações finais de e gênero, à saúde física ou mental além das


influências dos valores e representações socio-
A escassez dos trabalhos sobre a sexualidade culturais.
das pessoas com deficiência mental, apesar da Predomina nos artigos estudados a obser-
importância deste debate, nos permite questio- vação de que existe um silêncio sobre a sexuali-
nar se este fato não se deve ao tema ser ainda dade dos indivíduos com deficiência mental,
revestido de preconceitos pela sociedade. Mos- seja dentro da família ou com outros adultos
tra também a necessidade de novas pesquisas, com quem convivem. Outro tema de destaque
que possam subsidiar uma discussão mais am- é em relação aos comportamentos considera-
pla e consistente. dos socialmente inadequados e o abuso sexual
Mas, pode-se considerar que já houve al- Como revela a literatura, um grande núme-
gum avanço na discussão, como fica evidencia- ro de adolescentes com deficiência mental apre-
do nas críticas da maioria dos autores do acer- senta um comprometimento intelectual que
vo a atitudes mais conservadoras da sociedade. não impede a participação na discussão sobre
Alguns dados empíricos apresentados apontam sexualidade, se esta se der sem subterfúgios, de
para a possibilidade de mudanças, sendo cada forma explícita.
vez mais valorizada a fala da pessoa com defi- Desta forma, torna-se um desafio modifi-
ciência mental, mesmo diante da dificuldade car a visão sobre os projetos do exercício da se-
encontrada para a coleta de informações. xualidade dos que têm deficiência mental, ge-
Como os artigos pesquisados demonstram, ralmente abordados pela sociedade a partir de
a construção da sexualidade do adolescente com uma visão negativa e pessimista. É preciso va-
deficiência mental se dá de diferentes formas lorizar os aspectos positivos e otimistas decor-
pelos familiares, pois assim como alguns pais rentes da prática sexual destes adolescentes, em
os julgam inocentes sexualmente, outros acham detrimento dos preconceitos relativos ao exer-
que eles têm a sexualidade exacerbada. Estas cício de sua sexualidade, contribuindo para en-
diferenças talvez se associem a variações de ida- riquecer sua existência.

Colaboradores Referências bibliográficas

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