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Brasil – geração deseducação.

Por Vilmar Antonio da Silva – Professor de Direito


Civil, Empresarial e Societário, Trabalhista da Faculdade
Cathedral – profvilmar@gmail.com

O professor está no meio da explicação e os alunos já


estão se preparando para ir embora, afinal trata-se da
sexta-feira e já são mais de 9 horas da noite. O baile está
esperando, regado a cerveja e dança. Às 9h30m já não há
ninguém em sala e até a luz já foi apagada. A sexta-feira
estudantil está encerrada, pois é muito importante dar
lugar à sextaneja, sextaforró, pois ninguém é de ferro!
Em um país como o Brasil, recém posicionado como
a sétima maior economia do planeta, que receberá a Copa
do Mundo de Futebol e as Olimpíadas em 2014 e 2016,
respectivamente, os entraves na educação (na verdade a
falta dela) prejudicam qualquer tipo de planejamento que
se possa fazer. Os dirigentes lutaram tremendamente para
atrair os dois maiores eventos do planeta, que trarão
grandes oportunidades de negócios, que supostamente
elevarão a imagem de nosso país para patamares nunca
antes experimentados pela nossa gente, mas agora o
fantasma de deseducação ronda nossas cabeças. Quem
serão as pessoas que coordenarão e administrarão as várias
tarefas ligadas àqueles eventos? Esses mesmos alunos da
sextaneja?
Os alunos dos países que se destacam em educação,
como Finlândia, Coréia do Sul e China têm em comum a
seriedade com que conduzem seus estudos: estudar faz
parte inarredável do cotidiano desses estudantes. A escola
ou faculdade tem postura rigorosa quanto a horários,
curriculum e desempenho. O que se busca nesses países é
a excelência. Para se ter uma ideia da seriedade desses
modelos educacionais, a Coreia do Sul os alunos ficam
oito horas por dia na escola contra quatro horas no Brasil:
em uma comparação, os alunos que terminam o 9º ano do
ensino fundamental na Coreia já poderiam estar cursando
mestrado no Brasil. Seria cômico se não fosse trágico.
O que mais causa aflição neste professor é o fato de
tudo parecer estar normal no nosso mundo educacional.
Não vejo programas de debate sobre a tragédia da
educação em horário nobre na TV, mas vejo os
horripilantes reality shows. Os alunos não sabem o que é
transposição do Rio São Francisco, mas sabem até a cor
preferida do finalista do Big Brother.
Sabendo que o Brasil caminha a passos largos e
rápidos para a 5ª posição entre as economias do planeta, é
inquietante pensar que, como as coisas estão indo, não
haverá pessoas capacitadas para gerenciar tamanha
riqueza. O país que tem cerca de 150 bilhões de barris de
petróleo para serem extraídos nos próximos anos, que
deve tornar-se o maior produtor de comida do mundo, que
oferece a melhor e mais viável fonte alternativa de
combustível, que é o metanol, não está formando seus
pensadores. Se a sexta-feira deve ser interrompida para dar
lugar à diversão, emendando finais de semana de 3 dias, o
que pensar sobre os rumos que essa geração dará a toda a
riqueza que a atual está construindo? O último que sair
que apague a luz!

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