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Nem to maquiavlico, quanto iludido No raras vezes cometemos injustias com certos tericos.

Utilizamo-nos de suas palavras para defender nossas teses, para corroborar nossas opinies. Um desses injustiados Maquiavel. Em quantas oportunidades no lemos por a a to famosa frase dos fins que justificam os meios? E nessa levada, Maquiavel, coitado, foi tachado de o terico do mal, aquele que podemos utilizar sempre que fins considerados nobres necessitem ser alcanados por meios nem to nobres. Da o termo Maquiavlico. Acontece que algumas leituras mais recentes colocaram Maquiavel em outro patamar. Vislumbrado a partir de um ponto de vista diferente, ele passou de puxa-sacoinescrupuloso a pseudo-puxa-saco. Assim, parecendo dar dicas aos soberanos de como governar e, quem sabe, de como iludir os governados, Maquiavel estaria, ao contrrio, alertando esses ltimos das tramias a que estavam submetidos. Essa uma leitura bem interessante, segundo a qual Maquiavel no to maquiavlico. Afinal, com ele aprendemos que no necessariamente os fins justificam os meios, mas que isso uma prtica recorrente. Podemos perceb-la em muitos setores de nossa sociedade: polticos justificando seus atos libidinosos em nome do bem comum, empresrios justificando seu lucro pelo bem do meio ambiente, gestores justificando aprovaes foradas nas escolas pelo bem da educao. Como no tempo de Maquiavel, continuamos sendo iludidos. E se estamos bem assim, continuamos justificando os meios utilizados por nossos soberanos. De qualquer forma, a leitura de Maquiavel est justificada.

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