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o cego e a pata do elefante

a
antônio w. de a. nascimento

história, você certamente conhece: três cegos vão ao zoológico

movidos pela curiosidade de conhecer o elefante. um deles se


aproxima. tateando, e apalpa a tromba de elefante:

 ora, diz ele, é cilíndrico, fino e flexível. É como uma cobra. o elefante parece uma
cobra.

 que nada, contesta o segundo, apalpando uma das orelhas do paquiderme; é


achatado o e mole. parece um abanador.

enquanto isso, o terceiro apalpava cuidadosamente uma das patas do elefante e


pensava contigo mesmo:

 não, não, não é nada disso. como se enganam. o elefante é cilíndrico sim; mas é
grosso, forte e firme como uma torre. e isso, o elefante é alto e firme como uma torre.

e foram-se pensativos, cada um deles certo de que agora conhecia o elefante. e podia,
portanto, ensinar a quantos não o conheciam o que é um elefante.

aos cegos da estória não faltava só a visão. faltava também o que falta à maioria de
nós: a compreensão de que nossa percepção - seja ela visual; auditiva ou qualquer outra
- é seletiva, e, por isso mesmo, nos acostumamos a tomar o nosso ponto de vista como
único e, portanto, como verdade absoluta.

como é difícil abrir mão de nossas verdades - de nossas preferências e simpatias - em


favor de uma análise mais acurada dos fatos e de um exame do objeto de nossa
atenção pelos mais diversos ângulos.

o elefante é orelha, é tromba, é pata... e muitas coisas mais.

definitivamente, a pata do elefante não é o elefante.

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