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AULA Nº 23 – Infecções

bacterianas (continuação)

Bactérias Gram-negativas:

 Anaeróbios:

Os bacilos dos géneros Bacteróides, Porphyromonas e Prevotella e os cocos do


género Veillonella são os mais importantes microrganismos gram-negativos anaeróbios
que colonizam o trato respiratório superior, trato gastrointestinal e o trato genitourinário.
Entre esses patógenos, o mais importante é o Bacteróides fragilis, o protótipo dos
patógenos anaeróbios endógenos.

Fisiologia e estrutura:

Actualmente, o género Bacteroides é constituído apenas por anaeróbios previa/


classificados no grupo de B. Fragilis.

Os microrganismos do género bacteroides apresentam uma parede celular com


estrutura tópica de gram-negativo, a qual pode ser revestida por uma capsula
polissacarídica, que nos Bacteroides apresenta pouca ou nenhuma actividade de
endotoxina. Os membros do género Veillonella são os anaeróbios predominantes na
orofaringe.

Patogenia e imunogenecidade:

A maioria das infecções intra-abdominais estão associados ao B. Fragilis, devido


a factores de virulência que facilitam a aderência dos microrganismos aos tecidos
ahopedeiros, a protecção contra a resposta imunológica d hospedeiro e a destruição
tecidual.

Adesinas as cepas de B. Fragilis e Provetella podem aderir à superfécie peritonial


com mais eficácia do que os outros anaeróbios, uma vez que a superfécie desses
microrganismos é coberta por uma c´psula polissacarídica. B frafilis e outras espécies d
bacteroides podem aderir ás células epiteliais por meio de pili e fímbrias.

Protecção contra a fagositose:

De maneira semelhante ás outras cápsulas bacterianas, o polissacarídio capsular


desses microrganismos é antifagocítico. Além disso, os ácidos gordos de cadeia curta
(ac. Succínico) produzido durante o metabolismo anaeróbico inibem a fagocitose e a
amorte intracelular. A Provotella produz proteases que degradam imunoglobinas.

Ilustração 1 – Factores de virulência dos gram-negativos anaeróbios


Síndromas clinicos:

Infecções do tracto respiratório:

- otites crónicas e infeções periodontais são causadas por misturas de anaeróbios gram-
negativos, sendo prevotella, fusobacterium e bacteroides não-fragilis os microrganismos
mais comumente isolados. Os anaeróbios são menos associados a doenças do tracto resp
inferior, a menos que exista uma aspiraçao de secreções orais.

Abscesso cerebral:

- simusite ou otite crónicas, onde se verifica a presença de Prevotella e fusibacterium.

Infecções intra-abdominais:

- B. Fragilis é o microorganismo mais comum

Infecções ginecológicas:

- misturas de anaeróbios são frequente/ responsáveis por causar infecções no trato


genital feminino, como o Provotella bivia, Provotella disiens e B. Fragilis.

Infecções da pele e dos tecidos moles:

- as bacterias gram-negativas anaeróbias podem ser introduzidas através de picadas ou


contaminação de uma superfície traumatizada. Em alguns casos, os micorganismos
podem colonizar o ferimento e sem produzir doença, noutros casos a colonização pode
ser fatal, como a mionecrose. O B. Fragilis é o microrganismo mais comumente
associado com doença significativa.

Ilustração 2 – bactérias gram-negativas anaeróbias


Tratamento:

A antibioticoterapia combinada com intervenção cirurgica é a principal


abordagem para o tratamento de graves infecções.

A β-lactamase é produzida por tdos os membros do grupo B. Fragilis, por mtas


especies de Prevotella e por algumas espécies de fusobacterium. Essa enzima confere
resistência à penicilina e a mtas cefalosporinas. Todavia, no tratamento dessas
infecções, podem-se utilizar altas concentrações de algumas penicilinas, cefoxitina,
imipenem ou β-lactâmicos combinados com inibidores d β-lactamase.

O metronidazol é activo contra espécies de Bacteroides e outros bacilos gram-


negativos e é o antibiótico de escolha para o tratamento das infecções causadas por
esses microrganismos.

Os cocos gram-negativos anaeróbios são norma/ suscceptíveis à penicilina, às


cefalosporinas, à clindamicina , ao clorafenicol e ao metronidazol.

Rickettsia, Orientia, Ehrlichia e Coxiella:

- bacilos gram-negativos aeróbios, parasitas intracelulares obrigatórios.

Original/ estas bactérias foram consideradas vírus em virtude do seu tamanho,


coloração fraca pelo método de Gram e crescimento apenas no citoplasma de células
eucarióticas. Todavia, esses microrganismos apresentam as seguintes características de
bactérias:

1. são estrutural/ semelhantes aos bacilos gram-negativos

2. contêm DNA, RNA e enzimas para o ciclo de Krebs e ribossomas para a síntese
proteica

3. multiplicam-se por divisão binária

4. são inibidos por antibióticos (ex.: tetraciclinas, cloranfenicol)


As espécies patogénicas destes géneros são mantidos em reservatórios animais e
artrópodos (ex.: carrapatos, ácaros, piolhos, pulgas). O ser humanos é um hospedeiro
acidental.

Ilustração 3 – Epidemiologia das infecções comuns por Rickettsia

Fisiologia e Estrutura:

Todas as bactérias são parasitas intracelulares obrigatórias, mas a sua localização


intracelular varia: Ricketsia e Orientia são encontradas livres no citoplasma, enquanto
Coxiella e Ehrlichia multiplicam-se nos vacúolos citoplasmáticos.

As bactérias penetram nas células eucarióticas ao estimularem a fagocitose.


Após o englobamento, Ricketsia degrada a membrana do fagossoma através da
produção de fosfolipase A e são libertadas no citoplasma.

Ilustração 4 – Ciclo infeccioso da Rickettsia


Após penetrarem na célula, os microrganismos do género Coxiella permanecem
no fagolisossoma, onde os microrganismos se adaptam aocrescimento em ambiente
ácido. Contrariamente, as espécies de Ehrlichia são destruídas se o lisossoma se fundir
com od vacúolos citoplasmáticos.

O ciclo de crescimento das espécies de Ehrlichia compreende tres estágios: o


corpúsculo elementar, o corpúsculo inicial e a mórula.

As bactérias são capazes de sintetizar proteínas e podem produzir adenosina


trifosfato (ATP) através do ciclo do ácido tricarboxílico. Aparentemente as bactérias são
parasitas de energia utilizando o ATP da célula do hopedeiro enquanto este estiver
disponível. E os aminoácidos di Elas também utilizam a coenzima A, o NAD e os
aminoácidos disponiveis na celula hospedeira. Uma vez libertadas da célula hospedeira,
as bactérias tornam-se instáveis e morrem rapidamente. As espécies Coxiella
constituem excepção, uma vez que essas bactérias são altamente resistentes à
desidratação e perm,anecem viáveis no meio ambiente por meses a anos.

 Rickettsia prowazekii:

Epidemologia:

R. prowazekii é o agente etiológico do tifo epidémico, também denominado tifo


transmitido por piolho. O ser humano constitui o reservatório primário do tifo. O tifo
epidémico ocorre entre pessoas que vivem em condições de aglomeração e de higiene
precária, que favorece a disseminação dos piolhos.

Sindroma clínico:

Inicial/ , a maioria dos pacientes apresenta sintomas inespecíficos; dentro de 1 a


2 dias apresentam febre alta, cefaléias intensas, calafrios, mialgias, artralgias, anorexia e
exantema.

Tratamento:

Tetraciclinas e o clorafenicol. A vacina, inactivada por formaldeido, contra o


tifo, é recomendada para as populações de alto risco.
Ilustração 5 – Quadro resumo da Rickettsia prowazekii

 Ehrlichia:
Patogenia e imunidade:

Este género são bactérias intracelulares que parasitam os leucócitos


mononucleares e os granulócitos, mas não as hemácias. A sua localização intracelular
protege-os da resposta humoral do hospedeiro.
Epidemologia:

Este género é dividido em três grupos, todos eles apresentam espécies que
causam doença nos seres humanos.

A Ehrlichia chaffeensis tem como vector de transmissão as carraças dos cães,


que também são reservatórios para a doença.

Ilustração 6 – Quadro resumo da Ehrlichia


 Coxiella burnetii:

Patogenia e imunidade:

A doença causada é a febre Q. A infecção humana ocorre usualmente após a


inalação de partículas transportadas pelo ar a partir de uma fonte ambiental contaminada
em vez de partir de uma picada de um artrópode ( como ocorre na Ehrlichia). A Coxiella
prolifera no tracto respiratório e, a seguir, dissemina-se para os outros órgãos. Pacientes
com infecções agudas e graves desenvolvem pneumonia atípica, enquanto a maioria das
infecções crónicas manifestam-se em endocardite subaguda.

Epidemiologia:

Coxiella burnetii é extremamente estável em condições ambientais precárias e


pode sobreviver no solodurante meses a anos. Esta também é excretada no leite, por isso
há necessidade de pasteurizar o leite.
Ilustração 7 – Quadro resumo da Coxiella
 Família das Chlamydeaceae:

Esta família é dividida em dois géneros: Chlamydia e Chlamydophila. A espécie


Chlamydia trachomatis está no género Clamydia, mas as espécies Clamydia psittaci e
Clamydia pneumoniae estão dentro do género Chlamydophila.

Ilustração 8 – Espécies de Chlamydiaceae e respectivas doenças

Fisiologia e estrutura:

Os micorganismos da família Chlamydiaceae apresentam-se em duas formas


morfologicamente distintas, o pequeno corpúsculo elementar(EB) (infeccioso) e o
corpúsculo reticulado(RB) (maior e não infeccioso).

Muito semelhantes a um esporo, o corpúsculo elementar é resistente a


numerosos factores ambientais inóspitos. Mesmo desprovidos da camada de
peptidoglicano, as proteínas da membrana externa exibem extensas ligações cruzadas
por pontes de dissulfeto entre os resíduos de císteina. As bactérias não se reproduzem na
forma de corpusculo elementar, mas elas são infecciosas nesse estágio; isto é , elas
podem ligar-se a receptores nas células hospedeiras. O corpusculo reticulado é
metabolicamente activo e constitui a forma de reprodução das clamídias. Devido a
ausência das proteínas de ligações cruzadas no corpúsculo reticulado, esta forma é
osmoticamente frágil , entretanto, elas são protegidas pela sua localização intracelular.
Ciclo de crescimento os EB infecciosos fixam-se ás microvilosidades das células
suscéptiveis, seguido pela penetração na célula hospedeira. Após a internalização, as
bactérias permanecem no interior dos fagossomas, onde prossegue o ciclo reprodutivo.
A fusão dos lisossomas celulares com o fagossoma contendo EB e a subsequente
destruição intracelular dos microrganismos são inibidas. A fusão fagolisossomal é
inibida se a membrana externa das bactérias estiver intacta . Se a membrana externa
estiver danificada ou se as bactérias estiverem inactivadas pelo calor ou recobertas pelo
anticorpo, ocorre a destruição bacteriana através da fusão fagolisossómica. Os RB são
capazes de sintetizar o seu próprio DNA, RNA e proteínas,mas carecem das vias
metabólicas necessárias para a produção de seus próprios compostos de fosfato de alta
energia. Os RB multiplicam-se por divisão binária. O fagossoma com RB acumulados é
denominado inclusão, estes começam a reorganizar-se em pequenos EB e a célula
rompe e liberta os EB infecciosos.

Ilustração 9 – ciclo infeccioso das Chlamydia


 Chlamydia trachomatis:

A patogenia é limitada, os receptores para EB são principalmente restritos ás


células epiteliais não-ciliadas, colunares, cúbicas ou de transição, que são encontradas
nas membranas mucosas da uretra, endocérvix, endométrio, trompas ovarianas, reto,
trato respiratório, conjuntivas e linfogranuloma venéreo (as lesões formam-se nos
linfonodos, que drenam do local da infecção primária. As lesões podem tornar-se
necróticas, atraindo leucócitos polimorfonucleares e permitindo a disseminação do
processo inflamatório para os tecidos adjacentes. A subsequente ruptura dos nódulos
linfáticos que induz a formação de abcessos.)

Sindromas clínicos:

- tracoma

- conjuntivite de inclusão em adultos

- conjuntivite neonatal

- pneumonia do lactente

- linfogranuloma venéreo ocular

- infecções uroginitais

- linfogranulomas venéreo

Tratamento:

- infecções genitais e oculares : azitromicina, doxiciclina (macrólitos e tetraciclinas) e


fluoroquinolonas (durante 7 dias).

- conjuntivite na criança: eritromicina (14 dias)


Ilustração 10 – Quadro resumo de Chlamydia trachomatis
Cocos Gram positivos:

Ilustração 11 – Cocos Gram-positivos

 Staphylococcus spp:

o cocos gram positivos

o catalase positiva

o aerobios ou anaerobios facultativos

o forma de cacho de uva

o imóveis

o crescem em meios ate 15% de NaCl

o causa um amplo espectro de doenças sistémicas potencial/ fatais, infecções


cutâneas, de tecidos moles, ossos, das vias urinárias e infecções oportunistas.

o as espécies comumente associadas a doença humana: S. Aureus, epidermidis e


saprophyticus.
 S. aureus:

O S. Aureus causa doença através da produção de toxinas ou através da invasão


e destruição directa dos tecidos.

As manifestações clínicas de algumas doenças provocadas por estafilococos


decorrem quase exclusivamente pela actividade da toxina (por exemplo, síndroma da
pele escaldada por estafilococos, intoxicações alimentar e sindroma do choque tóxico),
enquanto que outras doenças resultam da proliferação dos microrganismos, levando a
formação de abcessos e á destruição tecidual (ex.: infecções cutâneas, endocardite,
pneumonia, artrite, meningite, pielonefrite, septicemia).

O impetigo é uma forma localizada do sindroma da pele escaldada por


estafilococos, em que há formação de vesículas cutâneas superficiais. A doença ocorre
principalmente em lactentes e crianças de pouca idade e é altamente contagiosa.

Tratamento:

Os estafilococos rapidamente desenvolvem resistência a fármacos após


introdução da penicilina. A resistência é mediada pela penicilinase, que hidrolisa o anel
β-lactâmico da penicilina.

Considerando os problemas relacionados com os estafilococos penicilina-


resistentes, foram desenvolvidas penicilinas semi-sintéticas resistentes à hidrrólise pela
β-lactamase (ex.: meticilina, nafcilina, oxacilina, dicloxacilina). Infelizmente, os
estafilococos também desenvolveram resistência a esses antibióticos. Até a actualidade,
o único antibiótico que permanece uniformemente activo contra os estafilococos é a
vancomicina e teiclopanina.
Ilustração 12 – Quadro resumo de S. aureus

 Streptococcus spp.:

- cocos gra-positivos

- arranjados aos pares ou em cadeia

- a maioria das edspécies é constituída de anaeróbios aeróbios tolerantes

- as exigências nutricionais destes microrganismos são complexas, necessitando da


utilização de meios enriquecidos com sangue ou soro para o seu isolamento.

- a fermentação dos hidratos de carbono resulta na produção de ácido láctico.

- catalase negativos
- imóveis

Ilustração 13 – Estreptococos e respectivas doenças

 Streptococcus pyogenes:

Duas espécies são cçassificadas no grupo A: S. pyrogenes e S. anginosus. O S.


pyrogenes é a causa mais comum da faringite bacteriana, estes microrganismos podem
causar doenças graves.

Patologias:

- faringite: inícia com dor abrupta da garganta, febre, mal-estar e cefaléia. (é dificil a
diferenciação entre a faringite de origem dos estreptococcus da viral)

- escarlatina: complicação da faringite, que ocorre quando a cepa infectante é


lisogenizada por um bacteriófago que estimula a produção de exotoxina pirogénica

- pioderma: infecção purulenta da pele que afecta, principal/ a faca, braços e pernas.

- celulite: envolve a pele e os tecidos subcutâneos, observando-se inflamação local e


sinais sistémicos
- Fascite necrotizante: infecçaõ que ocorre profundamente no tecido subcutâneo e que
se dissemina ao longo dos planos faciais, é caracterizada pela extensa destruição do
músculo e da gordura.

- Sindroma de choque tóxico por estreptococcus: inflamação do tecido mole no local


da infecção e dor, bem como sintomas inespecíficos como febre, calafrios, mal-estar,
náusea, vómitos e diarreia. A dor intensifica-se á medida que a doença evolui para o
choque e a falência orgânica ( ex.: rins, pulmões, fígado, coração)

- febre reumática: é uma complicação não-supurativa da doença por S. pyrogenes


(pode ser uma consequência de anginas reencidentes)

- glomerulonefrite: inflamação aguda dos glomérulos renais.

Tratamento:

Penicilina, macrólitos ( azitromicina, claritromicina) e eritromicina.


Ilustração 14 – Quadro resumo de S. pyogenes
 S. agalactiae (grupo B):

Ilustração 15 – Quadro resumo S. agalactiae


 S. pneumoniae:

Ilustração 16 – Quadro resumo de S. pneumoniae

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