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Não Há Crise No Judiciário, Mas Democracia Ao Se TENTAR Apurar Abusos de Juízes
Não Há Crise No Judiciário, Mas Democracia Ao Se TENTAR Apurar Abusos de Juízes
Estamos vivendo no Brasil () um momento onde aqueles que deveriam zelar e velar pelas garantias constitucionais brasileiras muitas vezes assumem posio de afrontar. O Supremo tem sido sistematicamente afrontado. Opa! Quem que est afrontando as garantias constitucionais, Excelncia? Que deciso judicial no est sendo acatada? Que tribunal est sendo desrespeitado? Em que o Supremo tem sido afrontado? o caso de indagar: quem quer abalar o Judicirio so aqueles que chamam a ateno sobre possveis desvios, que fazem com que alguns percebam do Estado ou de terceiros valores que precisam ser explicados ou os que trazem luz estes fatos? Juzes so cidados e servidores, como todos. da essncia da Repblica. prprio do Estado de Direito. curioso que esse discurso jamais tenha surgido quando acusaes at mesmo muito menos graves pesam sobre Ministros de Estado ou parlamentares. Ningum, e seria absurdo que o fizesse, disse que o Executivo ou o Legislativo estavam sendo afrontados ou emparedados. Ningum foi contra exigir que o ex-ministro Palloci, por exemplo, indicasse a origem de seus ganhos. E a chefe do Executivo, oferecida a possibilidade de explicao e defesa, sempre agiu com firme prudncia. Ningum, at agora salvo integrantes da mais alta cpula do Judicirio disse que h banditismo na Justia. E o fez depois de chegarem s suas mos, pelos meios legais, informaes estarrecedoras sobre movimentaes financeiras. No se tem notcia de ningum que tenha se expresado com um dcimo da virulncia que faz hoje o ex-presidente do TJ do Rio de Janeiro, Marcus Faver, em entrevista a O Globo:
FAVER: Isso muito grave, gravssimo. Se h isso, crime e o autor disso, me desculpe a expresso, se for um juiz deve ser enforcado em praa pblica.
Quem vende sentena tem que ter essa punio? FAVER: A punio maior. Um enforcamento em praa pblica Ningum, fora dos TJs, est procedendo com tais arroubos. Ningum est propondo que se faa, mesmo aos maus juzes, nada que no a aplicao da lei, que no enforca, nem literal nem figurativamente. A severidade que se quer o cumprimento estrito da lei, o direito
de defesa, a observncia dos direitos da coletividade como maior que o mero interesse pessoal. Ningum mais do que os fracos precisam do Judicirio. Ningum mais do que a multido de pobres deste pas, ajuda a remunerar, com dignidade, seus mais elevados servidores, embora alguns se achem bem acima dos demais. Ao Judicirio, mais do que a qualquer um, deve competir a tarefa de por-se alm de suspeitas, para que no o encaremos como parcial e hipcrita e no com o respeito que o vemos. Mas, ainda no campo da poltica, o que se depreende de, sistematicamente, o dura lex, sed lex no Brasil ser o contrrio do que o simplrio capito Rodrigo Cambar diz em O Tempo e o Vento, de rico Verssimo: - Buenas, e me espalho. Nos pequenos dou de prancha, e nos grandes dou de talho.
No hora de nossos magistrados verem que no possvel ir de talho nos humildes do Pinheirinho e nem de ir prancha nos grandes, ao aceitarem que se apure os eventuais abusos e comprometimentos nas estruturas da Justia? Certamente muito mais lcido e democrtico do que rugir por uma suposta ameaa s intituies que, alm de proteger eventuais culpados por desvios, ameaa uma crise institucional, terreno onde medra o golpismo contra as prprias instituies e a democracia. Este, sim, devemos perguntar a quem interessa, e no difcil saber que aos que no atingem o poder pelos caminhos da vontade popular.