Você está na página 1de 2

SINOPSE Vigorosa e visionria alegoria poltica sobre o Brasil e a Amrica Latina tendo como temas centrais o populismo, as utopias

libertrias de esquerda e o concerto barroco de diversas culturas (africana, ndia, branca), Terra em Transe tem um entrecho ficcional que j antecipa o questionamento de Glauber s noes ainda resistentes de trama e narrativa. Abolindo a ordem cronolgica e adotando um acento fortemente operstico e carnavalizante, um dos filmes-manifesto do Cinema Novo. A histria se passa em Eldorado, pas imaginrio da Amrica Latina, onde o poeta e intelectual burgus Paulo Martins v frustrar-se a sua esperana de que o Governador da Provncia de Alecrim e lder poltico Dom Felipe Vieira (Jos Lewgoy) seria uma alternativa poltica ao conservador Dom Porfrio Diaz (Paulo Autran), ditador fascista que apela ao misticismo para preservar o poder. Entre estes, se interpe a figura do capitalista Jlio Fuentes (Paulo Gracindo), que apesar de se declarar de esquerda acaba se aliando ao ditador Diaz. Ao lado de Sara (Glauce Rocha), uma intelectual comunista, Paulo Martins no v outra soluo a no ser a violncia revolucionria suicida. xxxxxxxxxxx Nelson Rodrigues fala de "Terra em Transe": ("Correio da Manh, RJ, 16 de maio de 1967 Durante as duas horas de projeo, no gostei de nada. Minto. Fiquei maravilhado com uma das cenas finais de Terra em Transe. Refiro-me ao momento que do a palavra ao povo. Mandam o povo falar, e este faz uma pausa ensurdecedora. E, de repente, o filme esfrega na cara da platia esta verdade mansa, translcida, eterna: o povo dbil mental. Eu e o filme dizemos isso sem nenhuma crueldade. Foi sempre assim e ser assim eternamente. O povo pare os gnios, e s. Depois de os parir volta a babar na gravata (...) Terra em Transe no morrera para mim (...) sentia nas minhas entranhas o seu rumor. De repente, no telefone com o Hlio Pelegrino, houve o berro simultneo: Genial! Estava certo o Gilberto Santeiro (...) Ns estvamos cegos, surdos e mudos para o bvio. Terra em Transe era o Brasil. Aqueles sujeitos retorcidos em danaes hediondas somos ns. Queramos ver uma mesa bem posta, com tudo nos seus lugares, pratos, talheres e uma impresso de Manchete. Pois Glauber nos deu um vmito triunfal. Os Sertes de Euclides da Cunha tambm foi o Brasil vomitado. E qualquer obra de arte para ter sentido no Brasil precisa ser essa golfada hedionda. (cit. Por Tereza Ventura, em A Potica Polytica de Glauber Rocha. Funarte, Rio de Janeiro, 2000) xxxxxxxxxx Schwarz, O pai de famlia Caetano Verdade Tropical p. 102

Você também pode gostar