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Aplicações Lineares

Definição
Sejam E e F espaços vectoriais sobre um corpo K . Uma aplicação
linear f : E −→ F é uma função tal que:
1 f (0E ) = 0F ;
2 quaisquer que sejam u, v ∈ E ,

f (u +E v ) = f (u) +F f (v );

3 qualquer que seja u ∈ E e qualquer que seja λ ∈ K ,

f (λu) = λf (u).

Proposição
Sejam E e F espaços vectoriais sobre K e f : E −→ F uma
função. A função f é linear se e só se

∀α, β ∈ K , ∀u, v ∈ E , f (αu + βv ) = αf (u) + βf (v ).


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Aplicações Lineares

Exemplos

f : R2 → R
é uma aplicação linear;
(x, y ) 7→ 3x − 17y

f : R2 → R3
é uma aplicação linear;
(x, y ) 7→ (x − 2y , 0, 2x)

f : R2 → R
não é uma aplicação linear;
(x, y ) 7→ x − y + 4

f : R3 → R2
não é uma aplicação linear;
(x, y , z) 7→ (xy + z, y )

f : C2 → C2
é uma aplicação linear
(z1 , z2 ) 7→ (z1 − 8z2 , 0)
(consideramos C2 como espaço vectorial complexo);

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Exemplos - Continuação

f : C → C
z 7→ z

se C for considerado como espaço vectorial real (sobre R), f é


linear;

se C for considerado como espaço vectorial complexo (sobre


C), f não é linear.

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Proposição
Sejam E e F espaços vectoriais sobre K , B = (u1 , . . . , un ) uma
base de E e v1 , . . . , vn vectores quaisquer de F . Então existe uma
única aplicação linear
f : E −→ F
tal que f (u1 ) = v1 , f (u2 ) = v2 , . . . , f (un ) = vn . Se u ∈ E e
u = λ1 u1 + λ2 u2 + . . . + λn un para λ1 , . . . , λn ∈ K então
f (u) = λ1 v1 + λ2 v2 + . . . + λn vn .

Qualquer aplicação linear fica determinada pelos valores que toma


numa base.

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Exemplo
Seja f : R2 −→ R3 uma aplicação linear tal que

f (1, 1) = (1, −2, 3)

f (−1, 1) = (3, 0, −1).


Note-se que ((1, 1), (−1, 1)) é base de R2 e que
x +y −x + y
(x, y ) = (1, 1) + (−1, 1).
2 2
Assim,
x +y −x + y
f (x, y ) = f (1, 1) + f (−1, 1)
2 2
x +y −x + y
= (1, −2, 3) + (3, 0, −1)
2 2
= (−x + 2y , −x − y , 2x + y )

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Aplicações Lineares

Definição
Sejam E e F espaços vectoriais sobre K e f : E −→ F uma
aplicação linear. Se B = (u1 , . . . , un ) é uma base de E e
B 0 = (v1 , . . . , vn ) uma base de F , chamamos matriz de f
relativamente às bases B e B 0 a

M(f ; B, B 0 ) = (aij )

onde (a1j , a2j , . . . , anj ) são as coordenadas de f (uj ) na base B 0 ,


isto é f (uj ) = a1j v1 + . . . + amj vm .
Se u = λ1 u1 + . . . + λn un ,
 
λ1
M(f ; B, B 0 )  ... 
 

λn

dá-nos as coordenadas de f (u) na base B 0 .

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Exemplo
Considere-se a aplicação linear do exemplo anterior, f : R2 −→ R3
tal que f (x, y ) = (−x + 2y , −x − y , 2x + y ) qualquer que seja
(x, y ) ∈ R2 .

Considere-se as bases B = ((1, 1), (−1, 1)) e Bc = ((1, 0), (0, 1))
de R2 e Bc0 = ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)) de R3 . Assim,
   
1 3 −1 2
M(f ; B, Bc0 ) =  −2 0  , M(f ; Bc , Bc0 ) =  −1 −1 
3 −1 2 1

Note que f (x, y ) tem como coordenadas em Bc0 as entradas da


seguinte matriz
   
−1 2   −x + 2y
 −1 x
−1  =  −x − y  .
y
2 1 2x + y
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Exemplo
Considere-se a aplicação linear do exemplo anterior, f : R2 −→ R3
tal que f (x, y ) = (−x + 2y , −x − y , 2x + y ) qualquer que seja
(x, y ) ∈ R2 .

Considere-se as bases B = ((1, 1), (−1, 1)) e Bc = ((1, 0), (0, 1))
de R2 e Bc0 = ((1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)) de R3 . Assim,
   
1 3 −1 2
M(f ; B, Bc0 ) =  −2 0  , M(f ; Bc , Bc0 ) =  −1 −1 
3 −1 2 1

Note-se que
  
−1 2 1 3  
0 1/2 1/2
M(f ; Bc , Bc ) =  −1 −1  =  −2 0 
−1/2 1/2
2 1 3 −1

= M(f ; B, Bc0 )M(Id; Bc , B).


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Exemplo:
Seja
f R2 −→ R3
(x, y ) 7→ (−x + 2y , −x − y , 2x + y )
a apliacação linear anterior e

g R3 −→ R2
.
(x, y , z) 7→ (2x − 5y + z, x − 3z)

 
  −1 2  
2 −5 1  −1 −1  = 5 10
M(g ◦ f ; Bc , Bc ) =
1 0 −3 −7 −1
2 1

Note-se que
g(f(x,y)) =g (−x + 2y , −x − y , 2x + y )
=(2(−x + 2y ) − 5(−x − y ) + 2x + y , −x + 2y − 3(2x + y ))
=(5x + 10y , −7x − y )
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Teorema
Seja f : E −→ F aplicação linear entre espaços de dimensão finita
e BF e BF0 bases de F e BE , BE0 bases de E , tem-se que

M(f ; BE0 , BF0 ) = M(Id; BF , BF0 )M(f ; BE , BF )M(Id; BE0 , BE ).

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Aplicações Lineares

Teorema
Seja f : E −→ F e g : F −→ V aplicações lineares e BE , BF e BV
bases de E , F e V respectivamente, então

M(g ◦ f ; BE , BV ) = M(g ; BF , BV )M(f ; BE , BF ).

Corolário
Seja f : E −→ F , g : F −→ V e h : V −→ W aplicações lineares e
BE , BF , BV e BW bases de E , F e V respectivamente, então

M(h ◦ g ◦ f ; BE , BW ) = M(h; BV , BW )M(g ; BF , BV )M(f ; BE , BF ).

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Aplicações Lineares

Definição
Sejam E e F espços vectoriais sobre K . Diz-se que uma aplicação
linear f : E −→ F é um isomorfismo se f é bijectiva.

Proposição
Se f é um isomorfismo , a aplicação f −1 : F −→ E (a inversa de
f ) é linear e dadas duas bases B1 e B2 de E e F , respectivamente,

M(f ; B1 , B2 ) = (M(f −1 ; B2 , B1 ))−1 .

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Aplicações Lineares

Exemplo:

Considere-se a aplicação linear


f : R3 −→ R3
(x, y , z) 7→ (x − y + z, y − z, 2z)
 
1 −1 1
M(f ; Bc , Bc ) =  0 1 −1  .
0 0 2

Assim,
f −1 : R3 → R3
(a, b, c) 7→ (a + b, b + c2 , c2 )
e 

1 1 0
M(f −1 ; Bc , Bc ) =  0 1 1/2  .
0 0 1/2

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Aplicações Lineares

Definição
Sejam E e F espaços vectorais sobre K e seja f : E −→ F uma
aplicação linear. O núcleo de f é o conjunto

N(f ) = Ker (f ) = {x ∈ E : f (x) = 0F }.

A imagem de f é o conjunto f (E ) = {f (u) = u ∈ E }.

Proposição
Sejam E e F espaços vectoriais e f : E −→ F uma aplicação
linear. Então o núcleo de f é um subespaço vectorial de E e a
imagem de f é um subespaço vectorial de F .

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Aplicações Lineares

Exemplo

Seja
f : R3 −→ R2
(x, y , z) 7→ (x − y + 2z, 2x + y − z)

N(f ) = {x, y , z) ∈ R : x − y + 2z = 0 ∧ 2x + y − z = 0}
= {(λ, −5λ, −3λ) : λ ∈ R}
= < (1, −5, −3) >

Uma base de N(f ) é ((1, −5, −3)).

f (R3 ) = {(x − y + 2z, 2x + y − z) : x, y , z ∈ R}


= {x(1, 2) + y (−1, 1) + z(2, 1) : x, y , z ∈ R}
= < (1, 2), (−1, 1), (2, 1) >

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Teorema
Seja f : E −→ E 0 uma aplicação linear entre espaços vectoriais
quaisquer, e seja X uma parte de E . Então

f (< X >) =< f (X ) > .

Corolário
Se e1 , . . . , en é uma base do espaço vectorial E , e se f é uma
aplicação linear de domı́nio E então

Im(f ) =< f (e1 ), . . . , f (en ) > .

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Aplicações Lineares

Teorema
Seja E e F espaços vectoriais sobre K e f : E −→ F uma
aplicação linear. Então:
i) f é injectiva se e só se Ker (f ) = {0}.
ii) Se E tem dimensão finita,

dim(E ) = dim(Ker (f )) + dim(f (E ));

iii) Se dim(E ) = dim(F ) = n, f é injectiva se e só se f é bijectiva


se e só se f é sobrejectiva;
iv) Se f é injectiva e u1 , . . . , un são vectores linearmente
independentes de E , f (u1 ), . . . , f (un ) são linearmente
independentes.

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Corolário
Seja E um espaço vectorial. Se f : E −→ R é uma aplicação linear
não nula então f é sobrejectiva. Se f é não nula e dim(E ) = n,
então dim(N(f )) = n − 1

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Exemplo

A aplicação

f : −→ R
(u, y , z) 7→ (2x − y + z, x − 2z, y + z).

i) f é linear;
ii) N(F ) = {(0, 0, 0)} (se e só se f é bijectiva).
iii) Como as dimensões do dominio e do espaço de chegada s ao
iguais, f é injectiva se e só se f é bijectiva.

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Proposição
Sejam V e U espaços vectoriais e φ : V −→ U uma apliacação
linear. É condição necessária e suficiente para que φ seja bijectiva
que φ transforme uma base de V numa base de U.

Proposição
Espaços vectoriais sobre o mesmo corpo e com a mesma dimensão
são isomorfos.

Proposição
Dado V um espaço vectorial de dimensão n sobre um corpo K , V
é isomorfo a K n .

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Definição
Dados U e V espaços vectoiais sobre o mesmo corpo K , o conjunto
de todas as aplicações lineares de U em V nota-se por L(U, V ).

Proposição
Dados U e V espaços vectoiais sobre o mesmo corpo K , L(U, V ) é
um espaço vectorial. Se U e V forem espaços vectoriais de
dimensão finita, dim(L(U, V )) = dim(U)dim(V ).

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Aplicações Lineares

Seja A = (aij )1≤i≤m,1≤j≤m uma matriz com entradas em K . A


aplicação linear associada a A é

TA : K n −→ K m
X 7→ AX

Se X = [x1 . . . xn ]T ,
    
a11 a12 ... a1n x1 a11 x1 + a12 x2 + . . . + a1n xn
 a21 a22 ... a2n   x2   a21 x1 + a22 x2 + . . . + a2n xn 
AX = 
 ...
 .  = 
  ..   .. 
. 
am1 am2 . . . amn xn am1 x1 + am2 x2 + . . . + amn xn

A matriz de TA relativemente às bases canónicas de K n e de K m é


A.
A caracterı́stica de A é a dimensão do subespaço gerado pelos
vectores coluna de A. É igual à dimensão de TA (K n ).

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Proposição
Sejam V e U espaços vectoriais sobre o corpo K e B = (v1 , . . . , vp )
e B 0 = (u1 , . . . , un ) bases de U e de V respectivamente.
A aplicação linear φ : L(U, V ) −→ Mn×p (K ) definida por

φ(g ) = M(g ; B, B 0 )

é um isomorfismo.

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