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Está cada vez mais difícil responder a essa

pergunta.
Inúmeros casais - dentro e fora da igreja -
estão se divorciando; adolescentes assimilam cada
vez,mais cedo os valores deturpados de urna
sociedade que valoriza o prazer e os relaciona-
mentos sem compromisso; crianças assustam seus
pais com exigências absurdas e atitudes de
rebeldia, impensáveis até há poucos anos.
Os papéis do marido e da esposa no lar e na
família têm sido questionados e postos em xeque.
wiu?
O resultado disso são casais inseguros e cheios de
dúvidas sobre as responsabilidades de cada um em
relação ao cônjuge, às tarefas domésticas e aos
filhos.
Este pequeno livro traz uma grande ajuda para
aqueles que precisam de orientação para que a sua
vida familiar seja mais feliz e abençoada. E quem
não precisa?
O autor nos revela alguns princípios de Deus
que certamente irão definir com clareza o papel de
cada um no lar e auxiliar a família a navegar segura
pelos mares turbulentos da sociedade moderna.
Autor de A Família, do Cristão
e A Mente Renovada

Editora li Betânia
Leitura para uma vida bem-sucedida
Caíxn PostnL 501Q~31611-97O Vencia Nova, MG
Mim
DO ORIGINAL

Which Way the Family?


Copyright © 1973 by Bethany Fellowship, Inc.

PUBLICADO ORIGINALMENTE POR

Bethany Fellowship
TRADUÇÃO

Myrian Talitha Lins

CAPA
Para Onde Vai
Kleber Faria
FOTO
Photodisc
a Família?
C O M P O S I Ç Ã O E IMPRESSÃO

Editora Betânia

Ficha catalográfica elaborada por Ligiana Clemente do Carmo. CRB 8/6219

Christenson, Larry.
Para onde vai a família? / Larry Christenson ; tradução
de Myrian Talitha Lins. - 2.ed. - Belo Horizonte :
I os últimos anos, tenho tido o privilégio de
conversar com milhares de casais - alguns
deles à beira do desespero - que estão desejosos
Betânia, 2001.
24p.; 18cm.
de melhorar a vida e o relacionamento familiar.
As mães, em lágrimas, falam das mentiras e
dissimulações que estão descobrindo nas filhas
I. Título. 1. Família cristã. adolescentes, ou da rebelião do filho, aparente-
mente, contra toda e qualquer forma de autori-
CDD 261.835 dade imposta por adultos.
O pai abana a cabeça atónito, ao olhar para a
l i EDIÇÃO, 1973 Z5 EDIÇÃO, Z D D 1
filhinha querida. Quase que da noite para o dia, ela
á proibida a reproduçlo tnul nu parcial deste livro, Rejam qunlH forem perdeu aquele ar de inocência infantil. Passou a usar
oi meloi tmpragadoii elmOulciM, nu-i.in' ' A"— ••••—»*i roupas mais ousadas e o cabelo meio despenteado.
ou qualiquer outroi. •.<•>" prrinluM" i i-.i i lindou editora»,
Anda com coleguinhas de aparência estranha e de
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conversa entremeada de gíria. Ademais, demons-
RutPMlraiv.iM. i. ' r NOV«
tra uma crescente familiaridade com rapazes.
1197001)11 l l r l n i i , " , , i-, MI;
dlnFoiulMiin,:iihii ' < . » ulu Nova, MO Os pais estão arregalando os olhos de espan-
l IN ilHAIlk
to, vendo nos filhos - de até sete e oito anos -
atitudes e exigências incríveis e absurdas, e, na
maioria dos casos, cedem a elas.
4 Para Onde Vai a Família? Para Onde Vai a Família? 5

A esposa reclama que o marido nunca tem tempo de evitar o desastre. Antigamente, a pró-
tempo para a família, e no entanto sempre espe- pria sociedade era um esteio para o casamento e
ra que ela conserve a casa em perfeita ordem e a família. Se um homem começasse a se desviar
as crianças bem cuidadas. O marido pergunta por do caminho certo, logo seria alertado por um
que ele tem de lutar pelo pão diário - trabalhan- amigo interessado, o patrão, o pastor, outros
do até doze horas por dia - e, depois que chega, membros da família, e até mesmo por outras
em casa, ainda precisa resolver mil e um proble- pessoas mais severas ou críticas. Hoje, porém,
mas. É por isso que grita e esbraveja, desafogan- quando a tempestade aumenta, esses pontos de
do seu sentimento de frustração. A esposa, por orientação ficam perdidos em meio a ela. Em
sua vez, desabafa implicando com tudo. As cri- nossa sociedade, por exemplo, o mar bravio do
anças dão vazão ao seu descontentamento, fa- relativismo já engolfou muitos deles.
zendo malcriações ou escudando-se num silên- A família vaga sozinha, batida pela borrasca,
cio rancoroso. A verdade é que, por trás de to- seguindo o próprio curso. Os sinais de alarme
das essas manifestações, há um apelo: O que é estão sendo sobrepujados pelo tufão dos tumul-
que vamos fazer? Como podemos solucionar es- tos e das mudanças. E na ponte de comando, o
ses problemas? leme gira desgovernado. Falta aquela mão firme
No passado, a família já atravessou outras águas para segurá-lo. A família está sendo jogada de
turbulentas, mas sua estrutura é bem resistente. um lado para outro, à mercê dos ventos, pois o
Em nossos dias, ela está sendo açoitada por ven- capitão abandonou o posto.
tos tempestuosos. Ondas bravias estão dando con- Inúmeros pais estão se instalando em sua pon-
tra seu costado. Alguns alarmistas até já solta- te de comando, reivindicando seus direitos de
ram o brado de abandonar a embarcação. O ca- chefe, sem contudo, assumir as responsabilida-
samento e a família estão naufragando, dizem. des inerentes ao cargo. Muitos homens estão pas-
Nós, porém, já estamos navegando nesse barco sando a direção de tudo para o "imediato". Estão
há muito tempo. Sabemos que permanecer nes- se furtando à sua função de encarnar aquele sím-
se tombadilho inclinado e inseguro ainda é me- bolo de coragem masculina que se mantém fir-
lhor do que vagar à deriva num mar desconheci- me a despeito da tormenta, e do qual a esposa e
do. E, na verdade, a família e o casamento são os filhos podem receber força e inspiração.
estruturados de forma a suportar até a pior das O que vamos fazer para a vida em família dar
intempéries sem sofrer danos em sua integrida- certo? O pai que volte ao passadiço, pegue o leme,
de. Para isso, porém, é necessário que haja uma e trace um curso certo para sua casa. O grande
mão firme ao leme. clamor e necessidade da família em nossos dias
Quando o mar está calmo, é possível o barco é da mão firme de um pai que conserve na rota
desviar-se ligeiramente de sua rota sem que so- certa as vidas entregues a seus cuidados. Os ho-
fra contratempos sérios. Os outros navios e as mens que reconhecerem os problemas de sua
estacões (.ostnras t l a i . i » < > .'.mal < l c alarme, e m família e resolverem assumir sua responsabili-
6 Para Onde Vai a Família?

dade, vão precisar renovar totalmente sua com-


preensão do que é ser pai. A sociedade moderna
precisa compreender o verdadeiro papel do pai,
examinando-o em relação a três pontos de refe-
rência. Primeiro, o modelo de paternidade ado-
tado em nossa cultura é completamente inade-
quado. Precisamos de um melhor. Segundo, o
relacionamento entre marido e esposa também
se acha um pouco nebuloso, cheio de conflitos e
confusões. Precisa ser bem demarcado, em li-
nhas claras. Terceiro, a direção que a família está
seguindo tornou-se meio vaga e indefinida. Pre-
Um Modelo
cisamos de uma boa carta náutica para que o pai
possa projetar o curso sem dificuldades, tendo
certeza do que está fazendo.
Um modelo, um imediato, um mapa: são es-
ses os pontos de referência em torno dos quais
deve girar o novo conceito de pai, e dos quais Ilguns psicólogos e antropólogos afirmam
que Deus é uma projeção da imagem pa-
terna. Essa ideia de um Deus sábio, onipotente e
deve brotar uma nova orientação para a vida em
todo-poderoso, dizem eles, seria simplesmente
família. uma versão adulta daquele conceito infantil:
"Meu pai sabe fazer de tudo!"
A Bíblia tem um ponto de vista bem diverso.
Nossa ideia da paternidade de Deus não se fun-
damenta numa analogia com a humana. O opos-
to é que é verdade. A paternidade humana é que
se inspira na divina.
"Quando penso na grandeza deste Plano, caio
de joelhos diante de Deus Pai (de quem toda a
paternidade, terrestre ou celeste, deriva o seu
nome)." (Ef 3.14,15 - Canas às Igrejas Novas.}
A paternidade humana é a expressão ou uma ilus-
tração da divina.
A paternidade de Deus é perpétua. Ele é Pai
eternamente, como Cristo é Filho perenemente.
Ele não se torna pai quando nos adota. Pelo con-
If
8 Para Onde Vai a Família? Um Modelo 9

trário, ele nos adota porque é o Pai eterno. Por- princípio de liderança. Então, de acordo com o
tanto a paternidade divina não é um mero antro- modelo proposto por Deus, ser pai é atuar como
pomorfismo, determinado pela cultura. Nem "cabeça" da família.
constitui apenas uma descrição do relacionamen-
to entre Deus e o homem. Antes, ela expressa 1. A Chefia Estabelece a Direção
uma faceta da natureza do Senhor, que antecede A primeira função da chefia é estabelecer e
todo e qualquer pensamento de paternidade hu- manter a direção da rota a ser seguida. É o co-
mana. Ela alcança toda a criação. mandante quem planeja o curso do navio, e é ele
Essa amplitude da paternidade divina é uma também o responsável pela chegada ao porto de
das doutrinas básicas da fé cristã: "Creio em Deus destino. O conflito e a confusão em que se en-
Pai, todo-poderoso, criador dos céus e da terra... contram muitos lares hoje são causados, em par-
e de todas as coisas visíveis e invisíveis". Se limi- te, pela extrema simplificação do exercício do
tarmos nosso estudo da paternidade humana à comando. Ser o chefe da família, realmente, não
esfera das culturas e das sociedades, nunca con- se limita ao privilégio de ocupar a cabine do ca-
seguiremos compreendê-la perfeitamente. A pa- pitão e berrar ordens a torto e a direito. Na ver-
ternidade tem suas raízes na natureza eterna de dade, implica aceitar a responsabilidade de exer-
Deus. Para termos uma boa percepção de todas cer a liderança de forma capaz e inteligente. A
as implicações da paternidade humana, precisa- chefia consiste numa interação perfeita de três
mos entender bem a divina. Ele próprio é o mo- elementos básicos: submissão, autoridade e amor.
delo da nossa paternidade. Qual é a palavra que associamos mais facil-
Que tipo de pai Deus é? Quais são as caracte- mente à expressão "cabeça da família"? A gran-
rísticas de sua paternidade? Para conhecê-la, te- de maioria das pessoas responderá imediatamen-
remos de vê-la em ação - do mesmo modo que te: "autoridade". Entretanto o conceito de auto-
podemos entender um pouco de carpintaria se ridade não é o principal no que se refere ao ca-
observarmos os princípios pelos quais o carpin- beça da família. É o segundo em importância. O
teiro se orienta. Como é que Deus exerce sua primeiro é submissão.
função de Pai? O homem só começa realmente a compreen-
A paternidade divina opera de acordo com um der sua função de chefe da família quando reco-
princípio que, igual a ela, também é eterno. Tra- nhece que ele próprio se acha sob autoridade.
ta-se do princípio de chefia, que foi inserido na Ele deve entender que também tem de prestar
própria natureza da criação. Por isso, ele diz o contas a alguém que lhe é superior. "Cristo é o
seguinte com referência à família: "Quero, en- cabeça de todo homem." Para que um pai possa
tretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo exercer plenamente a liderança sobre sua famí-
homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, lia, tem de se colocar sob o senhorio de Cristo.
o cabeça de Cristo" (l Co 11.3). A paternidade O princípio de chefia opera dentro de uma ca-
de Deus se projeta na esfera humana através desse deia de comando bem definida. Se essa cadeia
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for interrompida em um de seus elos, a autori- cão do pai não é dirigido para sua família - em-
dade desmoronará. bora isso pareça paradoxal - mas para Cristo.
Certo centurião romano aproximou-se de Je- Se ele desviar a atenção desse centro, perderá
sus e lhe pediu que curasse um servo seu. Ele também sua posição fundamental. Ele pode até
cria firmemente que o Senhor podia operar essa se dedicar muito aos seus, pode se esforçar ao
cura. Sua fé achava-se profundamente alicerçada máximo para ser um bom chefe e pai, mas, se
numa boa compreensão do princípio de autori- não estiver vivendo sob a autoridade do Senhor,
dade. "Pois também eu sou homem sujeito à au- estará edificando sobre a areia.
toridade", disse ele, "tenho soldados às minhas Muitos homens, dando uma demonstração de
ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, que têm uma visão distorcida, centralizam sua
e ele vem." (Mt 8.9.) Nós até poderíamos pen- atenção nos filhos e nos problemas da família,
sar que ele deveria dizer: "Eu sou um homem esquecendo-se de sua responsabilidade para com
que tem autoridade". Contudo esse centurião era Deus. Quando os filhos começam a ter atitudes
humilde e sábio. Reconhecia que sua autoridade de rebelião e a revelar descontentamento, eles
sobre os soldados provinha da consciência de que, redobram os esforços, mas com poucos resulta-
como oficial romano, não passava de um dos elos dos, na maioria das vezes. O problema é que es-
de uma longa cadeia de cornando. Assim, sua pa- tão dando prioridade a algo que não deve ter a
lavra era equivalente à do imperador. Ele perce- primazia. Os filhos não precisam de mais cuida-
beu que Cristo detinha uma autoridade seme- dos dele, nem de maior parcela de seu interesse,
lhante no reino espiritual. Entendeu que o poder nem de ser o centro das atenções. Eles precisam
de Jesus sobre as forças espirituais baseava-se é do exemplo de um pai - bem como de outros
no fato de que ele também se achava sob autori- homens - que esteja vivendo sob a autoridade de
dade e na posição certa dentro dessa cadeia de Cristo.
comando divina. Um pai que está preocupado por causa da dis-
Do mesmo modo que a autoridade de Cristo plicência do filho em questões financeiras, talvez
se firma em sua sujeição a Deus, a do pai tem precise ensinar-lhe alguns princípios gerais de or-
sua origem em sua submissão a Cristo. Não é ganização. Cabe aos pais instruir os filhos nos as-
com autoridade própria que ele comanda o na- pectos práticos da vida também. Entretanto o pro-
vio, mas, sim, com a de alguém que se acha sob blema pode ter causas mais profundas. O pai tam-
o domínio de Cristo. Ao exercer autoridade so- bém não é responsável diante de Deus pelo modo
bre a esposa e os filhos, não está seguindo os pró- como emprega seu dinheiro? Será que ele dá o
prios caprichos, mas a Palavra de Deus. Quando dízimo? Talvez ele seja um homem bem-sucedido
estabelece uma certa rota para a família, baseia- nos negócios, mas, se estiver resistindo à autori-
se no roteiro que Cristo lhe dá, não em suas pre- dade de Cristo no que diz respeito a finanças, não
ferências pessoais. deve se espantar de o filho estar empregando mal
Vemos, então, que o principal foco de aten- o próprio dinheiro. Muitos dos nossos erros e pé-
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cados, que se acham escondidos para os outros, Desse modo, todos irão centralizar a atenção
vão se revelar depois, através de nossos filhos. em Cristo, que é a fonte de toda harmonia e paz.
O pai usa sua autoridade, não para dominar a
2. A Chefia Exerce Autoridade esposa e os filhos, mas para, de maneira branda,
A autoridade, o segundo elemento de que se edificá-los, guiá-los, animá-los, fazer planos para
compõe a chefia, deriva da submissão do pai a eles e orientá-los.
Cristo. Se ele estiver vivendo em submissão a Contudo sua autoridade também deve conter
Deus, o Senhor lhe conferirá domínio sobre sua certo grau de firmeza e mesmo de severidade, as
família. A autoridade exercida no lar não é a do quais Cristo também possui. Enquanto um pai
próprio pai, mas a de Cristo, operando através do que é auto-suficiente pode se tornar um pouco
homem. indulgente e inseguro, o que vive sob o domínio
Já que a autoridade do pai tem sua origem do Senhor é firme e enérgico. Sua família não
em Cristo, ela deverá conter em si a brandura de tem dúvidas quanto ao que farão no domingo pela
Jesus. Pela manhã, o marido vê a esposa irritada manhã: todos irão à igreja para cultuar a Deus.
e desorientada, com as crianças a exigirem sua Esse pai não permite concessões nem com rela-
atenção. Ela precisa servir o café e preparar as ção a uma honestidade absoluta, nem quanto ao
merendas escolares. Nisso, a menina surge com uso de uma linguagem sadia em casa. A discipli-
um pedido de última hora: a professora pediu na dos filhos não é um fato^ indefinido, a realizar-
que levasse uma caixa de sapatos vazia. O garoto se num futuro impreciso. É uma questão já deli-
diz que se esqueceu de trazer para casa seu papel berada, pois é determinação do Senhor.
do trabalho em grupo para os pais assinarem, e Eu e minha esposa descobrimos, certo dia,
quer que a mãe vá até a escola assiná-lo, para que a disciplina dos filhos (com aplicação da vara,
querele não perca os pontos. se necessário) não é matéria de deliberação nos-
À noite, o pai deverá chegar em casa, reunir a sa, mas de Deus. O conhecimento dessa verdade
família, e montar um esquema de operação. A transformou toda a atmosfera de nossa casa, qua-
filha mais velha ficará encarregada da merenda se que da noite para o dia. Quando o pai aplica a
de cada um. Ninguém mais deve trazer proble- vara, não está impondo sua vontade ao filho. Na
mas de última hora. Cada um terá de verificar verdade, a surra que o pai aplica a um filho re-
cuidadosamente sua lista de deveres na noite belde nada mais é que um ato de obediência à
anterior, para ver se não se esqueceu de nada. ordem de Deus. Depois que descobrimos isso,
Os pais vão se levantar meia hora mais cedo para passamos a exercitar a disciplina pela vara com
fazerem juntos um momento devocional com lei- mais severidade, mais justiça e mais raramente
tura da Bíblia e oração. Assim, invocarão a paz também. A disciplina aplicada em obediência a
de Cristo sobre seus planos e ideias. Depois, a uma lei moral, que é uma ordenança tanto para
família toda deverá se reunir para orarem jun- os pais como para os filhos, tem um efeito emo-
tos, antes do café. cional e espiritual bem distinto da que é apenas
14 Para Onde Vai a Família? Um Modelo 15

uma expressão da vontade do pai. A criança logo rar de Deus, que é o modelo para'todos os pais.
percebe a diferença. E ela reage melhor à pri- Ele nos dá o pão de cada dia. Ele nos protege do
meira, a que está operando através da cadeia de mal. Ele nos leva ao seu reino.
comando divina, do que à segunda. O pai que
conhece sua posição de submissão ao Senhor não
hesitará em aplicar essa disciplina firme, sem-
pre que necessário, a fim de realizar a vontade
de Cristo para a família.
3. O "Cabeça" Provê Amor
O terceiro elemento componente da chefia é
o amor. O pai cristão, como chefe da casa, não
deve dominar a família arbitrariamente. Ele usa
essa posição como uma base para servir à espo-
sa e aos filhos. Isso não quer dizer que ele se tor-
na um servo deles, no sentido em que se move-
ria para aqui e acolá ao seu comando, a fim de
agradá-los e satisfazer todos os seus desejos. O
pai os serve assumindo a responsabilidade de ser
o chefe da casa. Ele os serve com seu trabalho
secular, desempenhando-o da melhor maneira
possível, para atender às necessidades materiais
da família. Ele os serve exercendo o tipo de lide-
rança e orientação que trará unidade e edificação
a cada membro da família e ao conjunto dela.
Ele os serve tornando-se cada vez mais discipli-
nado sob a mão de Cristo. Serve-os incentivan-
do seu potencial intelectual e artístico. Ele os
serve tomando o comando de tudo, e juntamen-
te com eles, propondo objetivos realistas, que
estejam em harmonia com a Palavra e a vontade
de Deus.
Portanto o pai crente serve a sua família aten-
dendo às suas necessidades emocionais, materiais,
sociais, intelectuais, culturais e espirituais. Era
esse amor que Jesus disse que deveríamos espe-
Um Imediato 17

de serem condições opostas, são realmente as


duas faces de uma mesma moeda. No Senhor,
elas não significam a degradação de um e a
exaltação de outro, mas elementos inerentes à
natureza de ambos. No casamento, não pode
haver um sem o outro. Se a esposa perder sua
submissão ao marido, perderá também sua uni-
dade com ele. Se o marido abdicar de sua res-
ponsabilidade como cabeça da casa, estará frus-
trando o princípio central do relacionamento que
Um Imediato Deus estabeleceu para ele e a esposa.
O Pai exalta o Filho. Tem prazer em exaltá-
lo, e em honrá-lo. E desse modo que a chefia ope-
ra quando fundamentada em amor. A cortesia
que o marido demonstra para com a esposa, o
modo como ele a honra diante dos filhos, sua
I ponto básico para se ter uma boa com- visível estima por ela constituem o alicerce so-
I preensão do relacionamento entre marido bre o qual se edificam o respeito e a confiança
e mulher é reconhecer que ele é parte da cadeia dela para com o marido. Por sua vez, a mulher
de comando de Deus. "Cristo (é) o cabeça de também exalta o marido, reconhece sua lideran-
todo homem." (l Co 11.3.) Com respeito à au- ça, submetendo-se de bom grado à sua autorida-
toridade, a relação entre marido e mulher ê exa- de - como Jesus exalta o Pai e se submete à au-
tamente paralela à do Pai e do Filho. Entenden- toridade dele.
do esse fato, desfazemos muita confusão e in- As mulheres ocidentais, hoje em dia, não se
compreensão. acham realmente subjugadas nem oprimidas, nem
Consideremos a relação entre o Pai e o Filho. precisando de uma "libertação". É estranho pen-
O Filho está sujeito ao Pai, e no entanto, é igual sar que alguém que nasceu e cresceu em nossa
ao Pai. Num relacionamento puramente huma- cultura, nos últimos quarenta anos, possa ter tal
no, a ideia de sujeição muitas vezes carrega con- ideia. O que realmente está "adoecendo" a cultu-
sigo uma nuança de inferioridade. No casamen- ra ocidental é a falta de autoridade masculina. Mui-
to verdadeiramente cristão, tal não deve aconte- tos homens estão simplesmente abandonando sua
cer. Aí ele se baseia em um modelo superior. O responsabilidade.
marido e a esposa são um, como o Pai e o Filho. Nossa sociedade está se tornando cada vez
Todavia a esposa permanece submissa ao mari- mais matriarcal. As mulheres estão assumindo a
do em tudo, assim como o Filho é submisso ao criação e a disciplina dos filhos, a manutenção e
Pai em tudo. A igualdade e a submissão, em vez direção da casa, a conservação da imagem públi-
18 Para Onde Vai a Família? Um Imediato 19

ca da família na comunidade, a participação da a autoridade deles, uma medida de libertação que


família nas atividades cívicas e religiosas, e até o nenhuma emenda constitucional poderá lhes con-
sustento da casa, em alguns casos. Não é de se ceder.
admirar que estejam começando a reclamar1.
Vivemos numa época em que o senso de valor e
a compreensão se encontram tão distorcidos, que
a solução de que dispomos é continuar no erro.
As mulheres desejam mais oportunidades para
tomarem as responsabilidades dos homens. É
como se um atleta, chegando exausto ao final da
corrida de uma milha, recebesse a ordem de se
colocar em posição para partir novamente.
É lógico que as mulheres que trabalham num
certo ramo ou profissão merecem receber salá-
rios condizentes com o que produzem, sem se
levar em conta o seu sexo. tais considerações,
porém, embora não sejam de todo irrelevantes,
situam-se fora dos fatores centrais que estão con-
vulsionando o relacionamento familiar. Apesar
de toda essa pregação sobre a emancipação da
mulher como dona-de-casa, mãe, etc., que está
sendo vomitada hoje em dia, a maioria das mu-
lheres ainda acaba se casando e tendo filhos. Nem
todas essas conversas sobre o melhoramento das
condições de trabalho e emprego conseguirão
resolver o problema que elas estão enfrentando
atualmente.
O verdadeiro problema é a abdicação em
massa por parte dos homens. O que as famílias
precisam não é de uma "igualdade" entre mari-
do e mulher, estabelecida por leis humanas. A
verdadeira igualdade já existe; foi decretada por
Deus e está aí para ser adotada. O que falta real-
mente é uma autoridade certa. Os homens de-
vem assumir a responsabilidade de ser o cabeça
da família. Assim, as mulheres encontrarão, sob
li ff

Um Mapa 21

O mapa do pai é a Palavra de Deus. À medida


que ele vai aplicando essa Palavra à sua família,
esta passará a seguir um curso certo em meio às
tempestades dos dias atuais, e finalmente atingi-
rá o alvo proposto por Deus. Nesse ponto, o pa-
pel do pai é, basicamente, duplo. Ele é profeta,
pois apresenta Deus à sua família; e é sacerdote,
porque apresenta a família a Deus.
O ensino religioso que Deus deseja que os pais
Um Mapa dêem a seus filhos não pode ser feito às pressas.
Contudo tem de ser diligente. "Estas palavras que,
hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as in-
culcarás a teus filhos." (Dt 6.6,7.) Não é para
ser imposto com um espírito duro, opressivo, mas
por uma suave operação da Palavra e do Espírito
principal finalidade da família cristã é glo- de Deus, e introduzida na família de forma bem
I rificar a Deus, dando ao mundo uma amos- natural. "Delas falarás assentado em tua casa, e
tra do reino dos céus. Ela foi criada para ser uma andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao le-
demonstração viva das realidades e sentimentos vantar-te." (V. 7.) A Palavra de Deus se torna um
celestes. guia prático para todas as ações. Através dela,
Como é que a família pode realizar essa ta- Jesus passa a habitar no lar, do mesmo modo
refa? De que maneira pai, mãe e filhos devem que a luz do Sol penetra pela casa, quando se
agir para que aqueles que os vêem e os conhe- abrem as janelas.
cem possam dizer: "É, ali há um pedaço do céu O objetivo geral desse ensino é cultivar a pre-
na terra"? Toda a informação necessária está sença de Jesus no seio da família. Por isso, ele
na Palavra de Deus. A meta que a Bíblia colo- tem de ser diligente, pois a presença de Cristo
ca diante da família é nada menos que esta: o ali é de suprema importância. Vivemos numa
céu na Terra (Dt 11.21). E as Escrituras deli- época em que há milhares de "cantos de sereia"
neiam o rumo a ser seguido para se atingir esse entrando pelos ouvidos de nossos filhos e che-
fim. É o seguinte: "Ponde, pois, estas minhas gando à sua mente. Não basta lhes ensinar um
palavras no vosso coração e na vossa alma; atai- código de ética ou algumas orações de rotina.
as por sinal na vossa mão, para que estejam Nosso lar precisa estar tão saturado da presença
por frontal entre os olhos. Ensinai-as a vossos do Senhor, que eles o encontrem a cada passo e
filhos, falando delas assentados em vossa casa, venham a conhecê-lo como conhecem os pais.
e andando pelo caminho, e deitando-vos, e le- Em tal atmosfera, Jesus conquistará o coração
vantando-vos" (Dt 11.18,19). deles facilmente e dominará todo o seu pensa-
ff

22 Para Onde Vai a Família?


Um Mapa 23
mento. E esse é o único antídoto eficaz contra os sejamos lembrar aqui a autoridade espiritual de
poderes das trevas e da corrupção que se acham que Deus investe aquele que é chamado para ser
à solta no mundo de hoje. Já se foi o tempo em sacerdote. Sua oração tem poder, porque Deus
que os pais podiam dar aos filhos uma instrução lhe confere autoridade. E ele não pode fugir a ela
religiosa apenas superficial. Nossos filhos têm por uma questão de falsa modéstia. A responsa-
duas opções: ou eles serão cheios de Cristo e se bilidade primária repousa sobre o pai. Depois,
consagrarão a ele inteiramente, ou então serão caso o pai esteja ausente, é que ela se transfere
subjugados pelo pecado e se entregarão a ele de para a mãe. Tendo sido chamado para ser o sa-
corpo e alma. Se não lhes "dermos" Cristo, tudo cerdote de sua casa, o pai deve chegar-se diante
que pudermos lhes proporcionar não terá ne- de Deus reverentemente, mas com ousadia, e apre-
nhum valor. sentar-lhe cada membro da família. O pai que
Quantos homens - inclusive crentes - levam protege e cerca os seus com essa intercessão
a sério seu papel de profeta da família? Quantos poderosa, está firmando o bem-estar deles so-
podem, realmente, chegar diante de Deus e di- bre a rocha.
zer: "Eu ensinei a meus filhos as tuas verdades"? As orações que ensinamos a nossos filhos
Quem é que leva os filhos à escola dominical? são parte integral da vida familiar. Por elas, a
Em geral, é a mãe. Quem toma a iniciativa do criança entra em contato pessoal com Deus.
culto doméstico? A mãe. Quem ora com os fi- Entretanto elas não podem tomar o lugar da
lhos na hora de dormir? Ainda é a mãe. O maior oração sacerdotal do pai, que se acha revestida
responsável pelo declínio da família e da igreja é de uma autoridade toda especial. E a finalida-
o fato de o pai abdicar de sua função de líder de dela é proteger a família e prover as neces-
espiritual. Pela maneira como vive e age, ele está sidades desta.
"ensinando" aos filhos que "religião é coisa de O papel de intercessor requer uma vida
mulher". Foi por causa disso que um grande teó- devocional disciplinada. O pai-sacerdote que é
logo afirmou que a melhor bênção que um avi- negligente em sua meditação e oração asseme-
vamento espiritual poderia nos trazer hoje seria lha-se ao caçador cujo rifle está enferrujado, ou
a recondução dos homens à responsabilidade da ao arqueiro que tem o arco sem corda. Aquele
liderança espiritual.* que não possui muita intimidade com o Senhor
A função sacerdotal do pai é um complemen- não obterá muitas bênçãos para os seus.
to natural à sua função profética. Pela oração e Vivemos dias tempestuosos, caracterizados
intercessão, ele apresenta sua família a Deus. De- por grandes revoluções morais e espirituais.
Não podemos enfrentar uma época difícil como
* De uma palestra do Rev. Derek Prince. O autor quer esta com palavras supercorteses, que não le-
reconhecer publicamente seu débito para com o Rev. Prince, vam a nada. Por isso, queremos ir direto ao
no sentido de que utilizou muitos pensamentos dele neste assunto: Pai, a responsabilidade da família está
livrete.
em suas mãos. Assim que você tomar o leme e
ff

24 Para Onde Vai a Família?

assumir a posição certa, Deus se colocará do


seu lado. Desse modo, você transformará seu
lar num "pedaço do céu na Terra".

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