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Peasants Peo eg Das origens profanas a Consagracao Religiosa ee a ‘Contagem regressiva no setor da misica | Crt a ta a DTD eee aCe) —aiant Os impulsos na critica musical Os pen 4 Sor ola cea = ke ks ee — CTE es etn [ a Brel ae Seti 0 , . c . y Brindemos 2014 com mais conhecimento ‘musical na palma de sua mao! Por Heloisa C. Godoy Fagundes Iniciamos 0 ano de 2014 comemorando © sucesso de nossa publicagdo digital - ‘um mecanismo de comunicagao eficiente € sério. Um projeto ousado, concebido pela Keyboard Editora - 28 anos no mercado - num pais onde a cultura, muitas vezes, ¢ tratada com desdém (...) Agradego, desde j, aos colaboradores € a toda equipe por tornar a Revista Keyboard Brasil cada vez melhor, trazendo conhecimento. musical, dicas técnicas, entrevistas, aulas préticas, langamentos, opinides, andlises de produtos, acontecimentos. musicais muito. mais! Nessa edigéo, além de colaboragées _grandiosas como as dos maestros Beto Barros e Marcelo Fagun: des, apresentamos nosso novo colabo- rador: Luiz Bersow aumentando, ainda mais, a seriedade da Revista. As matérias recebidas através de nosso espaco do leitor continuam sendo bem vindas. Por isso, ndo percam tempo! Nossa pagina no facebook est a todo vapor. Acesse, comente, curtal Para todos os nossos leitores, exigentes € antenados com 0 mundo das teclas, ‘uma excelente leitura! 2 / Joneiro / 2014 ] Revista Keyboard Brasil ANO 2: 201 06 : Distribuigdo gratuita ruenmenace Seyhoand == ars kal Revista Keyboard Brasil é uma publicagio ‘mensal da Keyboard Editora Musical Diretor e Editor executive: maestro Marcelo Dantas Fagundes Chefe de Redacio e Design: Heloisa Carolina Godoy Fagundes Caricaturas: André Luiz Silva Santos Fotos: N. Jardim Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondéncias / envio de material: Rua Rangel Pestana, 104 - centro - Jundiat - So Paulo. 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Survie Ferrite Pelo mundo: TERN pianista viajanté “PARIS ye ee ca acn LIVRO: A IRA DE NASI AUTORES: MAURO BETTING E ALEXANDRE PETILLO = EDITORA BELAS LETRAS Nasi no nasceu para ser santo. Nasceu para ser a voz de um pecado capital. Quando foi fundo, acabou indo além do permitido e recomendado. E, na volta, trouxe tudo que experimentou-domelhore do pior. Assim, 0 ex-vocalista do Ira! se tornou homem com todas as letras. Ao ler “A Ira de Nasi”, 0 leitor mergulharé na historia de um dos selauod sens roqueiros mais polémicos do Brasil, com tantas tretas que fizeram da vida de Marcos Valadao, este Wolverine brasileiro contraditério e solitario, coisa de ficcao, de horror, de comédia e de drama, mas também de muito amor. 320 paginas. @ DVD DOCUMENTARIO “THE BLUES” — colec&o com sete DVDs AUTOR: MARTIN SCORSESE - FOCUS FILMES A paixao pelo Blues levou um dos cineastas mais importantes do nosso século, Martin Scorsese, a transformar esse sentimento em um box de sete documentérios. Em cada um deles, um consagrado cineasta ajuda a contar a histéria de um dos subgéneros mais importantes da miisica, do qual o rock foi criado. A colecao “The Blues” foi indicada ao prémio Emmy como melhor video musical de longa-metragem e pode ser adquirida num pacote com os sete episédios reunidos ou, individualmente. Os titulos sao: 1- Feel Like Going Home, diregao de Martin Scorsese; 2-The Soul of a Man, direcao de Wim Wenders; 3- The Road to Memphis, direcdo de Richard Pearce; 4- Warming by the Devil's Fire, diregdo de Charles Burnett; 5- Godfathers and Sons, direcao de Marc Levin; 6- Red, White and Blues, direcdo de Mike Figgis; 7- Piano Blues, direcao de Clint Eastwood. DVD “RENATO BORGHETTI QUARTETO EUROPA” AUTOR: RENE GOYA FILHO - ESTACAO ELETRICA Gaita na mao, cabega no mundo e pé na estrada. Na trajetéria artistica de Renato Borghetti, as andangas e os sons se confundem. Renato Borghetti Quarteto - Europa ¢ 0 resumo de anos de viagens, shows, decobertas, encontros e despedidas. A frente desse quarteto, Borghetti realiza turnés anuais pela Europa. No velho continente, além de recuperar as raizes d sua familia em Borghetto, cidade localizada no norte da Italia, o musico gaucho mostra pesquisas que realizou sobre seu instrument, visitando museus da Finlandia, Italia e Alemanha, enriquecendo a narrativa. ¢ 05 / Janeiro / 2014 A lingua musical também pode transcender barreiras de comunicagao mais fundamentai . Em estudos conduzidos na illtima década, a psicdloga cognitiva Pam Heaton, da Universidade de Londres, no Reino Unido, tocou miisicas para criancas autistas e nao autistas, comparando aquelas com habilidades linguisticas semelhantes. Os pesquisadores que participavam da equipe coordenada por Heaton pediram as criangas para fazer associagdes entre miisica e emogdes. Nos estudos iniciais, as criangas deveriam simplesmente escolher entrealegre e triste. Em estudos posteriores foi introdu- zida uma gama de emogdes complexas, como triunfo, contentamento e raiva. Os cientistas descobriram, entéo, que a capaci- dade das criangas de identificar esses senti- mentos independia de seu diagnéstico. Autistas ou no, com habilidades linguisti- cas semelhantes, foram. igualmente bem, indicando que a musica pode conduzir (6 / Jonero / 2014 consistentemente sentimentos, até mesmo em pessoas com a habilidade severamente comprometida para lidar com pistas socioemocionais, como expressées faciais, por exem- plo. Recentemente, em um experimento bastante interessante, o pesquisador Roberto Bresin e seus colegas, do Instituto Real de Tecnologia, em Estocolmo, na Suécia, confirmaram a ideia de que a musica éuma linguagem universal. Em vez de pedir aos voluntérios para fazer julgamentos subjetivos sobre uma cangio, solicitaram que manipulassem a miisica = em particular seu tempo, volume e frases — para enfatizar uma dada emogao. Para as pecas alegres, por exemplo, o participante deveria ajustar a escala, de forma que soasse a mais feliz possivel; depois, a mais triste, assustadora, tranquilizadorae, por fim, neutra. Os cientistas descobriram que todos os voluntérios ~ especialistas em musica e, Estudos mostram que a miisica alegre, tensa ou empolgante pode excitar fisicamente o ouvinte, em outro estudo similar, criangas de 7 anos alteravam, da mesma forma, o tempo para arrancar, de cada musica, a emogao preten- dida, Essa descoberta, apresentada por Bresin na III Conferéncia de Neuromisica em Montreal, no Canada, daa ideia de que a misica contém informacdes que deflagram resposta emocional especifica no cérebro, independentemente da personalidade, gosto ou treinamento. Ou seja: a mtisica pode, de fato, constituir uma forma tinica de comunicagao, A capacidade que a musica tem de conduzir sentimentos pode ser a base de um dos seus maiores beneficios. Na maioria das culturas, cantar, tocar, dangar e acompanhar as apresentagdes & quase sempre um evento comunitério. Mesmo em sociedades ociden- tais que, de maneira tinica, diferenciam os misicos dos ouvintes, as pessoas entoam hinos em rituais religiosos, dangam em festas e boates, embalam os filhos ao som de cantigas de ninar, participam de corais e, desde cedo, as criangas aprendem a canta rolar “Parabéns 4 vocé” nos aniversarios. A popularidade de tais rituais sugere que a miisica confere coesao social, talvez por criar conexdes empaticas entre os membros de um grupo. Estudos mostram, também, que quando as pessoas ouvem musica, as regides motoras do cérebro se ativam = provavel- mente com o propésito de processar o ritmo. Esse proceso inclui regiées pr motoras, que preparam uma pessoa para a acdo, e 0 cerebelo, que coordena o movimento fisico. Algun parte do poder musical é resultado de uma s pesquisadores acreditam que tendéncia em sincronizar e ecoar nossas agdes. “Com os equipamentos dispontveis hoje jé é po sistema nervoso; todo som é produzido por vel enxergar como ritmo e agi ressoam no movimento, quando vocé ouve qualquer som algo esté sendo movido”, diz 0 neuropsicdlogo Robert Zatorre, da Universidade McGill. De fato, hé um passo muito pequeno entre 0 andar, o respirar e as batidas do coracao sons ritmados naturais, nao intrin- secamente musicais — e manter proposital- mente um intervalo ou caminhar na mesma velocidade que outra pessoa. “Quando escutamos um padréo, inconscientemente organizamos os misculos para reproduzi-lo Dessa maneira, o ritmo também pode funcionar como uma ‘cola social’ que favorece a ligacao fisica”, afirma Zatorre. 07 / Janeiro / 2014 Melodias energizantes tendem a melhorar o humor, nos deixando mais despertos quando estamos cansadas, criando a sensagio de empolgacao. O som da cura A ideia de que a misica pode promover uma uniéo nao verbal ganhou apoio adicional com um estudo feito pelos neurocientistas Nikolaus Steinbeis, do Instituto Max Planck para Cognicao Humana e Ciéncias Cerebrais, ¢ Stefan Koelsch, da Universidade de Sussex, na Inglaterra. Os pesquisadores usaram ressonan- cia magnética funcional (Rmf) para mostrar qu determinada rea do cérebro respondia a acordes, mas nao a palavras, em um teste no qual os voluntarios escutavam ambos. A regido responsiva era o sulco temporal superior (uma parte da superficie cerebral, perto dos ouvidos), que responde a pistas sociais nao verbais — como movimentos corporais e olhares. A ativacdo dessa regiao indica que a musica pode ajudar a forjar lacos sociais. Qualquer que seja sua origem, tal coeséo é extremamente valiosa para animais comunitarios, como nds e, por sso, tragos que aumentam tal unidade tendem a persistir a0 longo das geracies. A base de nossas impressoes «i cientes a respeito de um tom sao 0s efeitos €8 / oreo / 2014 fisiolégicos. Estudos mostram que a musica alegre, tensa ou empolgante pode excitar fisicamente 0 ouvinte, desencadeando resposta de luta e fuga: as taxas cardiacas e respiratérias aumentam, a pessoa pode suar ¢ a adrenalina penetra na corrente sangui- nea. Esse efeito explica porque tantas pessoas gostam de ouvir rock ou hip-hop enquanto fazem gindstica — a mtisica instiga respostas do sistema fisiolégico para a execucao de movimentos de alta energia. O efeito psicolégico também é importante: a distragao torna o exercicio mais divertido. De forma geral, melodias energizantes tendem a melhorar © humor, nos deixando mais despertos quando estamos cansados e criando sensagio de empolgagao. Logo, as batidas fortes ativam sis- temas cerebrais e prepatam 0 corpo para executar movimentos que exigem grande desgaste deenergia. Por outro lado, a misica pode acalmar, reduzindo os niveis do horménio do estresse, 0 cortisol, na corrente sanguinea, baixando as taxas cardiacas e respiratérias e aliviandoa dor. ‘A miisica pode forjarlacos sociais sendo, portanto, extremamente valiosa para nés, seres humanos, Um exemplo classico de redugao de ansiedade 6 quando um bebé é acalentado por sua mae com uma_cangao. Estudos clinicos também revelam que a musica é uma poderosa ferramenta para relaxar os pacien- tes que passardo por uma cirurgia ajudando, também, a controlar as dores a amenizar a agitacao de criangas e pessoas com deméncia Para provar um dos beneficios da ica de miis maneira medicinal, a enfermeira Linda A. Gerdner, pesquisadora de temas ligados a gerontologia na Universidade do Arkansas para Ciéncias Médicas, apresentou a 39 pacientes severamente atingidos pelo Alzheimer a missica de que gostavam, duas vezes por semana, durante um més e meio. A car cdo favorita reduziu os niveis de agitacao dos pacientes durante e apés a sessao muito mais que as classicas miisicas de relaxamento. Neurocientistas também constataram que ouvir uma misica muito aprecia- da pode reduzir a dor - ¢ esse efeito analgésico persiste por algum tempo quando a misica para. E, claro, intuiti- vamente, as pessoas se automedicam com miisica tempo todo E comum que as pessoas as usem com © propésito de melhorar ou alterar 0 estado emocional. Cientistas s perguntamse,dadaa indiscutivel atragao humana pela musica, seu processamento poderia ter uma raiz tinica no cérebro, além da “carona” que pega em outros sistemas. A literatura médica registra diversos danos que prejudicaram a capacidade de uma pessoa sentir emogdes inspiradas pela mtisica, mas nao por outros estimulos. Lawrence Freedman, um amigo de Sacks, por exemplo, perdeu sua paixdo por musica classica depois de um choque violento em um acidente de bicicleta. Freedman ainda podia reconhecer os classicos que costumava adorar eainda se sentia emocionado por artes visuais € outras experiéncias, mas a musica jé nao lhe dava prazer algum. Possivelmente, 0 acidente danificou uma parte do cérebro dedicada especificamente ao entusiasmo por essas io, embora ninguém saiba exatamente que area cerebral éessa. formas de express Outros pesquisadores discutem que a miisica tem origens independentes porque a capacidade de aprecid-la parece jé estar definida Varios estudos mostram que muitos bebés prestam rapida- mente atengao a cangées e parecem preferi-las no nascimento. afala, 09 / donee / 2014 Cientistas chegaram a uma conchusio: o cérebro humano parece nascer pronto para processar musical ite Nature Precedings, as neurocientistas Maria Cristina Saccuman e Daniela Perani, da Universidade Vita-Salute San Raffaele, na Itélia, mostraram que a miisica ativa regides no cérebro de recém-nascidos de forma semelhante ao que acontece com ouvintes de outras idades. Elas usaram_ ressonancia magnética funcional (RMF) para ver como o cérebro de criangas com 3 dias de vida respondia a musica classica e encontraram um padrao que espelhava 0 processamento emadultos: 0 sistema auditivo do hemisfério direito dos pequenos respondia mais fortemente que oesquerdo. As pesquisadoras também alteraram a miisica, cortando uma parte da peca e pulando para outra nota ou tocando todo 0 segmento sé com batidas. As passagens mais, estridentes ativavam o cértex inferior frontal esquerdo dos recém-nascidos, uma Area implicada no processamento da_sintaxe musical em adultos, e o sistema limbico, responsavel pelas respostas emocionais — assim como ocorre nas pessoas mais velhas, © que levou a uma conclusao: 0 cérebro parece nascer pronto para processar musica. 10 / donee / 2014 Acredita: se que ssa prontidao inata esteja ligada a forma melédica peculiar que adultos usam para falar com bebés. Aadocao universal desse recurso levou alguns especialistas a especular que esse pode cons- tituir um momento inicial original, tanto para mtisica, quanto para linguagem. Especialistas como 0 arquedlogo cognitivo Steven Mithen, da Universidade de Reading, na Inglaterra, teorizam que a linguagem e a miisic evoluiram a partir de uma protolinguagem musical usada por nossos ancestrais. Estruturas de cordas vocais de neandertais ¢ outros hominideos extintos sugerem que eles poderiam cantar. E eles certamente tocavam instrumentos, pois pesquisadores recuperaram flautas pré- histéricas feitas de ossos. Talvez nunca saibamos porque a miisica existe. Ainda assim, pode- mos usé-la para nos animar ou acal- mar, amenizar dores e ansiedade ou formar vinculos. Como escteveu Sacks, talvez a mtisica seja o que temos mais proximo da telepatia FONTE: Revista Mente Cérebro PARA SABER MAIS: Sacks, Oliver. Alucinagdes musicals — Relatos sobre a mésica e 0 cérebro. Companhia das Letras, 2007 Sacks, Oliver. Musicofilia. Relégio D'agua, 2008. PT ite) facebook ORGAO DE ii mi Das origens)) profanas a,consagrac¢ao religiosa! is~ Durante muito tempo, o érgio de tubos foi um elemento da vida social cortesa, constando muitas vezes, como Matéria de Capa oferta de embaixadas ou ceriménias palacianas. A tinica miisica que se fazia ouvir nos oficios religiosos era o canto gregorianot A introducao do 6rgéo de tubos no cerimonial liturgico foi A CONSAGRACAO DO ORGAO DE TUBOS COMO INSTRUMENTO PRIVILEGIADO DO ESPIRITO RELIGIOSO, CARACTERIZOU-SE POR UM PROCESSO EVOLUTIVO, ALGO CONTROVERSO, BASEADO EM ORIGENS PROFANAS. O INSTRUMENTO, HOJE ASSOCIADO POR TODOS COMO SIMBOLO DA MUSICA SACRA — COMO MOSTRA SANTA CECILIA, PATRONA DA MUSICA, AO SER REPRESENTADA COM UM ORGAO PORTATIL NAS MAOS — ESCONDE, NA SUA ORIGEM, MANIFESTAC OES PAGAS. Carol Dantas feita com grandes reservas e sérias desconfiancas por parte dos padres da Igreja, que o desprezavam por considerarem manifestamente uma expresso do espirito pagao. Pio X, participante na ago litirgica com Pio XI, Tolerado por tornou-se para culminar como elemento indispen- savel no cerimonial litirgico com Pio XIL ’ Canto gregoriano:canto monédico sem qualquer acompanhamentoinstrumental 12 / severe / 7014 Assim, a Igreja 0 consagrou como um veiculo transmissor da realidade religiosa, conferindo ao cerimonial, esplendore exaltagao da palavra divina, Progressivamente, ao longo dos séculos, a Igreja passou a produzir textos necessarios & regulamentagao de sua fungao eda misica litirgica. Orgao de tubos - sua origem O orgao de tubos é um dos instru- mentos musicais mais antigos da humani- dade e o primeiro instrumento de teclas surgido. Considerado um dos instrumentos mais complexos e completos, seu nascimento esta associado 4 mitologia grega, uma vez que seu antecessor, a Flauta de Pa - instrumento de sopro constituido por uma sucessio de tubos ~ esta relacionado com 0 mito do deus grego Pa’. Como vemos, este jd é 0 primeiro testemunho das raizes profanas. O drgao de tubos também esté associado a um, instrumento chinés, datado de mais de cinco mil anos, constituido por varios tubos com um ressonador reunidos numa sé peca, denominado sheng ou rgao de boca, No século III a.C., pelas maos do engenheiro grego Ctesibios de Alexandria, foi apresentado um 6rgio hidrdulico que funcionava por meio de um reservatério de agua. Seu objetivo era substituir 0 sopro do homem por ar comprimido, visto a dificuldade que os missicos tinham em executar a flauta de Pa. O conhecimento desse tipo de drgéo chegou até nés pelos testemunhos de Vitrivio arquiteto romano que viveu na época de César e 0 reinado de Augusto - na obra “De Archifectura”, onde descreve e desenha minusciosamente o instrumento de Ctesibios Croce etary farts Pere cer ar indole sacra Contudo, algumas literaturas registram o nome de Jubal, inventor da harpa e da flauta, filho cagula de Lameque e Ada, como também sendo um dos precursores da invencao do érgao. Ainda, hé que citar os hebreus que, talvez fizessem uso de algum instrumento semelhante ao principio mecanico do érgao. Outro nome que contribuiu para essa histéria foi Arquimedes, que teria inventado o primeiro érgio de tubos, cerca de 229 anos a. C. Todavia, em varios registros histéricos, o nome mais citado é0 de Ctesibio. Mais tarde, 0 surgimento do érgao pneumatico permitiu a substi- tuigdo do reservatério de dgua por foles. 2 Segundo a lenda, quando a ninfa chamada Siringe, amada por P3, foi transformada em canavial, PS cortou as canas € construits uma flauta que tocava para seu consolo, 13 / Janeiro / 2014 Para os romanos, o érgao, pela sua poténcia sonora, era usado fre- quentemente em festas ao ar livre, soava no circo acompanhando o desenrolar dos combates de gladia- dores ligando o instrumento as praticas profanas e de violéncia. Também foi muito utilizado para animar banquetes e ceriménias palacianas sendo, também, um instrumento de salao. No Oriente, nos primeiros séculos do Império Bizantino, popularizou-se bastante na animacio de ceriménias civis. O Cerimonial de Bizancio refere a existéncia de varios érgaos distribuidos em locais como 0 palacio e o circo, razo pela qual a Igreja bizantina nao permitia sua entrada nas celebragoes divinas. A introdugéo do érgao de tubos na musica Teligiosa A misica religiosa dos catélicos, segundo a tradi¢ao, tem origem na misica grega. Foi Santo Ambrésio, Bispo de Milao, oprimeiro padre da Igreja que, cerca do ano 384, reconhecendo a necessidade de arreba- nhar mais fieis escolheu, entre os cantos religiosos do polytheismo, as melodias mais populares e mais acessiveis ao ouvido e a voz inexperiente do povo, apropriando-as e adaptando-Ihes palavras liturgicas. Dessa maneira, os varios modos que servem de base & composigao das melodias gregoria~ nas, derivam dos modos gregos. Na realidade, a Igreja Romana nao inventou nada, apenas foi buscar as formas profanas apropriando-se delas e adaptan- do-as as suas necessidades. O canto 14 / Joneiro / 2014 gregoriano impés-se em todo o ocidente, atingindo seu apogeu entre meados do século Ville IX. O aparecimento do érgo no Oci- dente e, nomeadamente na Igreja, faz-se por volta do final do século Vile inicio do século VIII, uma vez que havia desaparecido em consequéncia das invasdes barbaras entre osséculosIVe VI. © reaparecimento do érgio no Ocidente, parece estar ligado a uma oferta do imperador bizantino Constantino Co- prénimo VI, a Pepino, 0 Pequeno, da Franga, no ano de 757. Apés este aconteci- mento, 0 6rgdo expandiu-se por toda a Europa, entre os séculos X e XI, vulgarizan- do-se muito o seu uso. Em 640-709, um monge beneditino de Malmesburg, chamado Aldhelm, fez mengao aos organa (plural de organum), conceito que pode ser interpretado num duplo sentido: género musical polifénico para canto ou instrumento musical. Talvez seja mesmo a ultima hipétese uma vez que elogia sua poderosa voz, referindo-se a poténcia sonora do instrumento. A introdugao do érgao no templo, processa-se timidamente. Por essa altura, servia apenas, para acompanhar o canto em unissono, executando as diferentes partes das vozes. Diversos concilios regularam o uso do érgao proibindo, entretanto, de tocar melodias profanas. Até mesmo o Papa Joao VIII, em 880, pediu a Annon, Bispo de Fressingue (Alta Baviera) que Ihe enviasse um 6rgio muito bom e um organista competente. A divulgacao do érgao como instru- mento a servigo do cerimonial litargico, tornou-se uma preocupacao constante da Igreja. E, no século XVI, o Papa Paulo IV, nomeou uma comissao destinada a examinar medidas contra os abusos introduzidosna musica religiosa: Ponderaram que nao seria benéfico excluir a miisica dos oficios divinos e, por isso, decidiram estabelecer no Concilio de Trento, as diretriz que regulassem a muisica litirgica, banindo a cantiga profanas e consagrando 0 érgio como instrumento da Igreja por exceléncia — instrumento capaz de se acomodar a voz humana, comover fi exaltar a palavra divina e respeitar a harmoniosidade da miisicali argica. pee ee tora ne pean ee eet nme ee ee et ee cee nr ot (© Coneilio foi uma expressao de vitalidade da Igreja, Pree rr en bo ete ett ees ry Abaixo, dois exemplos de documen- tos da Igreja a respeito do drgao: Decretum de observandis ET evitandis in celebratione missae (Pio IV, Concilio de Trento - sesso XXII, 17 de setembro de 1562). “06 da Igreja Catélica Latina”. ‘gio é 0 instrumento proprio dos ritos Instructio de Musica Sacra ET Sacra Liturgia (Gagrada Congregacao dos ritos, 03 de setembro de 1958). “O instrumento da muis ca littirgica principal e solene da Igreja Latina foi e continua a ser 0 érgao clissico ou de tubos (...) antes de ser posto em uso, deve ser regularmente benzido e, como objeto sagrado, deve ser conservado com 0 maior cuidado”. Porta voz do pensamento religioso, 0 érgao passou a identificar-se com a propria instituigdo (Igreja), tornando-se simbolo de imponéncia, majestadee suntuosidade. » 15 donee / 2014 e oO mo} Cc fab) — ee @o [o) 2} =| cab) Es > aX Coisas que eu queria ter Sabido sobr ° MERCADO DA MUSICA * Budi Voogt FAZ CERCA DE POUCO TEMPO QUE COMECEI A FAZER MUSICA PROFISSIONALMENTE E FUNDEI MINHA PRIMEIRA EMPRESA. TINHA APENAS 20 ANOS, UM MONTAO DE ENTUSIASMO E NAO FAZIA IDEIA DE ONDE ESTAVA ME METENDO. JUNTO COM UM AMIGO, FUNDEI] UMA AGENCIA DE GERENCIAMENTO DE ARTISTAS COMECANDO COM DOIS GRUPOS. TINHAMOS A MAIS ABSOLUTA CERTEZA DE QUE ELES SERIAM UM SUCESSO EM QUESTAO DE POUCO TEMPO E QUE CONSEGUIRIAMOS ISSO FACILMENTE. Cara, como a gente estava enganado! Olhando para esse ano em que a gente tentou fazer varias coisas, tipo trabalhar com um monte de artistas diferentes, produzir eventos, fundar um selo ¢, nesse tempo, ir entendendo como o mercado funciona. Se, ao menos, alguém tivesse me dito ANTES como 0 mercado funciona, que existem ligdes-chave para isso ou me ensinado uma delas apenas... Mas talvez.eu precisasse aprender errando, 0 jeito dificil, nao sei! Escrevo aqui as liges-chave mais importantes. Espero que poupem vocé de quebrar a cara errando antes de aprender porsi sé (como aconteceu comigo) {sso 6 uma maratona e ndo cem metros rasos. Nossos planos de fazer sucesso da noite para o dia nao rolaram do jeito que queriamos. Achavamos que nossos artistas, fariam um disco de sucesso, a gente o faria viralizar na internet, ou que chegariamos num grande selo com um som promissor e interessante e seria isso. Vai sonhando... Para a maioria dos miusicos, a jornada é longa e cheia de trabalho nao reconhecido até 0 momento de “estourar” chegar (se um dia ele chegar, é claro...) ‘Quando ele chega, é hora de se manter la e lutar para nao cair. Tanta competicao... Isso em todo tipo de misica, é verdade. Porém, paraa miisica eletronica é mais ainda, Nao existe mais a barreira de ter de comprar instrumentos e aparelhagem para fazer sua mvisica. Tudo que vocé precisa, hoje em dia, é de um compu- tador e de uma boa conexao com a internet. Com essa barreira quase inexistente, a oferta ficou insana- mente grande e, com isso, a quanti- dade de misica, tanto titica quanto de qualidade, aumentou muito. E, ser bom ja nao basta mais. Hé miisica boa por todos os cantos. E todas podem ser conseguidas “de graca” (se vocé for um pouco espertinho). Ouvimos tanta, mas tanta coisa que sé prestaremos atencao em algo que for inacreditavelmente bom ou, muito surpreendente. Hoje eu acho que ha trés maneiras de um artista ter sucesso: 1, Os mais louvaveis sio os que fazem miisicas excelentes, mas também inovadoras. Aqueles que criam Budi Vogt: “Qualquer artista trugueiro $6 terd sucesso temporairio e nunca tocaré as pessoas do jeito que um inovador toca!” coisas que nunca foram feitas, atravessando barreiras e inventando novos géneros; 2. Depois, vocé tem os miisicos fenomenais que com grandes muisicas e marketing, conseguem criar um nome; 3. E, por fim, ha 08 artistas com ‘hype’, que fazem de tudo para que as pessoas falem deles. f claro que 0s inovadores lideram a matilha. Eles sao os Beatles, Daft Punk e Skrillex. Os caras que fazem algo que nunca foi feito antes e, ainda conseguem colocar isso no mercado (atraindo fas do género, mas também gente que nunca escutava esse tipo de musica), Eles nao vao competir muito com mercados ja definidos e saturados. Geralmente, esses inovadores conseguem formar um grande grupo de fas que, para sempre, associarao o artista com o género que ele criou. 17 / Joneio / 2014 Em termos de grandeza musi- cal, tenho certeza que vocé j4 ouviu falar da teoria da maestria musical. Ela é basicamente baseada numa pesquisa cientifica que mostra que alguém chega A maestria num traba- Tho depois de dedicar 10.000 horas a ele. Clamam que os grandes, como Mozart ¢ Beethoven, criaram suas obras de arte no momento em que estavam por volta dessas 10.000 horas. Na real, isso dé dez anos (isso se estiver dedicando cinco horas didrias & musica). E claro que havera uns prodigios supertalentosos que farao coisas étimas antes disso mas, na média, essa conta funciona. E, um miisico que nao é prodigioso, mas se dedica, tem mais chances de sucesso que um talentoso mas preguigoso. Entao, concluo que, se vocé quer mesmo ser bom, inove! Faga algo que nao foi feito... crie um novo género. Atravesse fronteiras. Quando fizer marke- ting, cause choque e surpreenda as pessoas. Nao com truques, mas integrando esses elementos a todo seu som. E, quanto a aprimorar seu oficio, o talento sé vem com treino, Nao ha solugao répida. Eu aposto 100 contos que uma Miley Cirus, um Martin Garrix ou qualquer outro artista truqueiro s6 tera sucesso tem- porario, e nunca tocar as pessoas do jeito que um inovador toca. Quem vocé conhece importa... Como em qualquer outro negécio, a industria da mitsica precisa de "networ- king”. Contato é tudo. Quanto mais vocé 18 / Joneiro / 7014 Budi Vogt: “Qualquer nogécio precisa de networking, entio, estalebeca relagées, ganhe simpatia, e tenha boa vontade”. subir, menor seré o grupo de pessoas que realmente importam e mandam. Entao, estabelega relacées, ganhe simpatia e tenha boa-vontade. Uma mao lava a outra. Todos trocam favores e, se vocé ajudar o tanto que quer ser ajudado, pode esperar conseguir a Isso 6 boa-vontade que vai te ajudar depois assina- verdade, tanto que vi grandes sel rem com artistas nao tao bons sé porque eles mantinham um bom relacionamento, fosse com eles, com seus gerentes ou com seus editores. E mais: acrescente algo a mesa... divida seu conhecimento, dé “feedback”, discuta possibilidades e ajudem uns aos outros. f isso que vai levara uma amizade verdadeira, que traré boa- vontadee fara a diferenca Os grandes estéo menores e dispostos a contratar algo que possa tocar nas radios... Sentamos com varios selos e empre- sarios grandes. Nosso som era interessante © suficiente para fazer com que marcassem uma reuniao. Mas nao para assinar um contrato. Isso porque, atualmente, os grandes s6 estdo buscando algo que possa tocar na radio. O modelo de negécio deles levou um grande golpe com a musica digital e coma pirataria. Eles esto tendo de contar com negécios 360 para continuar no azul, Para quem nao sabe, um negécio 360 & quando a gravadora também fica com 0 percentual de lucros que nao vém sé da venda de musica. Pense em mercadorias, publicagées, turnés e etc. Eles fazem isso para compensar a enorme queda na venda de discos, e para supriro dinheiro que estao gastando com marketing e prensagem dos mesmos. Esse modelo financeiro trémulo aconteceu porque os gran- des nao foram rapidos, o suficiente, para se adaptar ao que a internet trazia. E nao é sé culpa deles. A burocracia e tudo o mais faz. com que essas maquinas grandes sejam lentas. Independente disso, ainda é uma das coisas mais poderosas para con- seguir entrar no mercado: ter 0 marketing e 0 apoio financeiro de uma gravadora grande. Olheoexemplo de Lorde. para todos os mercados do mundo pela . veio do nada, foi empurrada Universal Music e agora & um sucesso global. Para nds, a galera da mtisica eletrénica, ainda resta esperanga com as grandes gravadoras. Sabe por que? Porque a miisica eletrénica est ficando mais e mais, popular, sendo mais tocada do que nunca. Atualmente, os produtores conseguem aleangar mais puiblico do que sonhariamos ha dez anos. Agora, se vocé quiser ser contratado por um grande, ouga bem o que a radio esta tocando. E assim que seu som deveria ser se vocé quiser, um dia, conse- guirum contrato. O contetido é rei, mas a distribuicao 6 a rainha.... Todos ja ouvimos a expressio ‘contentisking', ou 'ocontetidoé rei’. Eclaro que é verdade, mas nao € tudo. A distri- buigdo ¢ rainha. Por que eu digo isso? Porque temos acesso a uma infinidade de miisicas, sendo uma bela porcéo delas étimas. Nao excelentes, mas étimas. Para realmente se destacar, sua musica precisa ser bem diferente e surpre- endente ou, incrivelmente boa. Ou as pessoas simplesmente nao vao_ prestar atencao. Vocé tem sé uma chance de provar que seu som é bom quando uma pess: a descobre que vocé existe, e se nao consegue impressionar nesse momento, vocé é& passado. Do meu ponto de vista, as pessoas descobrem novas miisicas ou tropegando nelas por acaso ou conferindo quando alguém recomenda. Tendemos a ser mais favordveisno segundo caso, mas, emambos é preciso que o contetido prove que ébom,e prove RAPIDO. A distribuicggo é rainha porque mesmo que vocé tenha um som excelente e surpreendente, as pessoas nao vao encon- tré-lo se ele nao for oferecido nos lugares certos. Ou seja, é preciso aumentar a chance das pessoas acharem seu som poracaso para que vocé possa, entao, mostrar 0 quanto é bom. £ por isso que digo que distribuicao 6 rainha. Esteja em todos os lugares: iTunes, Spotify, Pandora, Shazam... e, 0 mais importante, use as midias sociais com filtro de contetido para chegar as pessoas. Blogs so poderosos, 19 / Janeieo / 2014 sim, mas acho que canais de miisica do YouTube e do Soundcloud sao melhores. Se vocé discorda, pare para pensar um segun- dinho sobre todos os artistas indies que tem misicas que nem foram langadas por um selo, sendo tocadas milhares de vezes por dia, isso sem nem falar em lojas digitais de miisica. Este & 0 poder dessas étimas comunidades! Nomes nao importam... Esta é uma liao que aprendemos de um jeito bem duro. Uma das minhas bandas tinha uma certa fama, mas usava um nome artistico que nao dava muito para entender. Chegamos a conclusdo que, se cles queriam fazer sucesso no mundo todo, deveriamos profissionalizar seu nome também. Ou seja, internacionalizé-lo. Entao “matamos” 0 nome antigo para reapre- senta-los com um novo nome. E 0 que aconteceu? Perdemos um bom pedago dos nossos fas porque nao conseguiamos mudar 0 nome no enderego do site e de algumas redes sociais, entéo tivemos de fazer novos perfis. S6 0 Soundcloud e o Twitter nos permitiram mudar, enquanto 0 Facebook e o YouTube nos forgaram a criar novas paginas. Um erro gigante, ainda mais porque nao estavamos coletando os e-mails do nossos fas ainda (0 que agora acredito ser 0 melhor jeito de manter contato com um puiblico macigo). No fim, levou muito mais tempo do que esperdvamos para reconstruir a base de fas que tinhamos nas redes sociais e aqueles beneficios do tipo “ter um novo nome e 20 / Joneio / 2014 comecar do zero com frescor, mal foram sentidos’. E a miisica que fala, e um nome que soa familiar, ainda que nao seja entendivel, vale mais do que um nome desconhecidoem lingua que vocé fala. Osdinheiro vem dos direitos de uso e de eventos. De todas as nossas ligdes, esta ¢ a mais importante (se alguém tivesse me dito isso antes..) O grosso do dinheiro, nesse negécio, vem da exploracao de direitos e de fazer eventos. Com venda de disco virando coisa do pas- sado essa, realmente, nao é mais uma maneira de artistas e gravado- ras pagarem suas contas. Talvez os artistas muito famosos ainda consigam, mas naonés, os caras pequenos. Estamos muito acostumados a ouvir © que queremos na hora que queremos. Plataformas tipo YouTube e Soundcloud nos mimaram e, como resultado, nao estamos mais acostumados a pagar por miisica. Por isso, a indiistria dos eventos esta florescendo. Entdo, hd uma grana para se ganhar ai. E tem também o licencia~ mento. Essa é a maior galinha dos ovos de ouro. Leis de propriedade intelectual garantem os direitos de contetido a quem o cria, e permite que eles permitam que outras pessoas usem esse contetido, em troca de uma parte dos direitos de uso. Isso cria um contexto de cooperagao entre as duas partes para a exploracao de uma obra. Royalties de apresentagies publicas (radio, TV cem uso pubblico), mecanicos (vendas) e Budi Voogt: © grosso do dinheiro vem da exploragao de direitos e de fazer eventos! sincronizagao (usar sua miisica em publicidade ou em filmes) podem ser enormes. Para musicos ¢ selos independentes, este & um grande campo para se focar, ainda mais considerando que os direitos de ter uma misica usada num comercial + taxas de reuso é garantia de muito dinheiro. E dinheiro rapido. Por sorte, eu sei disso agora. Nao esperamos ganhar uma grana preta até o selo dos meus artistas ficar muito famoso, mas estamos focando em conseguir bons licencia mentos. Ha uma boa grana ai, e potencial de exposigéo para a nossa musica, E os shows também vo ajudar a pagar nossas contas, mas, consegui-los leva tempo, até que os artistas se tornem requisitados. Esta foi uma sinopse sincera sobre as coisas mais importantes que aprendi sobre o mercado fonografico. Espero que consiga se valer de algumas delas para seu proprio contexto, qual- quer quesejaele. “Budi Voogt é um amante de muisicas, marom- beiroe super nerd. Autor de The Sound Cloud Bible, fundador da Heroic Recordings, e co-fundador da agéncia de gerenciamento de artistas Heroes Management. & 2 = TRATAMENTO sUBLIMI TRATAMENTOSUBLIMINAR ae Visite 0 site e conheca! LIVRO: TECHICAS DE ACOMPANHAMENTO con (INDIGADO PARA TEAADO OU PIAIO POPULAR) - 81 PfGinAs AUTOR: MAESTRO MARCELO FAGUNDES Teter ames todor escrevende mitodes de teclade 2% pianc, sempre fui indagads pelos estudamtes de v acompanhar alguém tecamde wm pense em colocanr tais miledes da eile fame inicio, dentre dor piame. Porém, tude deste arssunto, extonse, originamde wm fice. E, assim, © fp. (Maestro Marcelo Fagundes) Theses de Acompanhamento é um método de estudo completo referente as técnicas mais utilizadas pelos musicos praticos para se acompanhar outro misico. Nele, hé um capitulo especial para aprender a exercitar a percepgao auditiva e acompanhar alguém cantando ou tocando um outro instrumento melédico, sem conheceramusica. Unico livro do segmento que tem, por objetivo, ensinar as técnicas de acompanhamento utilizando todo o miisica, quamte ar tionicar necessiriad pana se cantands ow ouire instrumanto tcmicarn teclade podenia ser muite livre eapect— No con NOVA CAPA! NOVA EDICAO! conhecimento tedrico, pratico e de perce- psio musical, proporcionando ao estudan- te, novas formas de treinamento e, princi- palmente, entendimento da teoria musical, da percepgao musical ritmica e melédica e da apresentacao de importantes aspectos da pratica musical. Fartamente ilustrado, o método acompanha um CD de audio onde esto gravados os exercicios e 0s exemplos musicais de forma didatica. Disponivel no site: www.keyboard.art.br ¢ 23 / Jone / 2014 3 3 : 5 = 2 Luiz Bersou: colaborador da. Revista Keyboard Brasil A Revista Keyboard tem como proposta ser um Ponto de Encontro de todos aqueles que tém interesse na Musica pelos seus aspectos de Arte, Beleza, Educacao, Cultura, Rigore Prazer. Oexercicio da arte, a criagio da beleza, a miisica como recurso de educacao, a construgio de novas Ponto de Encontro culturas que o rigor da miisica exige, tudo chegan- do & satisfacao intelectual e © prazer que a musica nos proporciona, requer muita energia em termos de tempo, dedicacao, talento, vocagao e recursos financei- ros. Essa energia est, de modo geral, aplicada em muitas diferentes iniciati- 24 / Janeio / 2014 Coluna dos NEGOCIOS * Luiz Bersou MUSICA: ARTE, BELEZA, EDUCAGAO, CULTURA, RIGOR, PRAZERENEGOCIOS vas, em muitos sonhos de tantos artistas que bus- cam 0 progresso da sua profissao. Alguns com sucesso, alguns com resulta- dos abaixo das expectativas e dos méritos, verdadeiros unio. Musica nos Estados Unidos Uma das grandes caracteristicas da musica nos Estados Unidos é a enorme exigéncia profis- sional, a demanda que se faz a0 artista em termos de desempenho e entrega do seu trabalho. Essa situagao decorre ja hd muitos anos, devido ao fato de que Musica, nos Estados Unidos, é trata- da como Big Business. Ou seja, buscam a arte, a beleza, a educagao, a cultu- 1a, 0 rigor e o prazer dentro de uma linha de raciocinio em que se pode juntar arte com negécios, resultados econémicos e 0 lucro, que é bem-vindo. No mundo ameri- cano dos negécios, na Euro- pa também, a cobranca é tradicionalmente ardua, extremante exigente e foi dentro desse nivel de exi- géncia, que se formaram os grandes artistas que traba- Iham nos Estados Unidos. As exigéncias e as res- ponsabilidades dos negécios, induziram mais rigor e exigéncias para a Arte e 0 resulta- do foi maravilhoso. Os artistas, os musi- cos tém, nos Estados Uni- dos, muito mais resposta econémica pelo seu trabalho do que no Brasil. Mais do que isso, 0 universo de artistas 14 é muito mai- or do que aqui. Muito mais oportunidades por ser ‘omercado muito maior. A Revista Keyboard e o resultado econémico da Musica no Brasil O mercado ame- ricano de mtsica é muito maior do que 0 do Brasil por que o mercado foi construi- do. © profissionali empresarial, presente ja de mo muito tempo, permitiu construir capital financeiro, os recursos financeiros para se ir para a frente e esse capital geroua promogioea valorizacao do profissional demisica. (© Musical Chess: 0 teatro musical sempre foi muito apreciado nos Estados Unidos. sabor amargo de derrota em muitos empreendimentos envolvendo a Musica e as Artes que tinham méritos e poderiam ter resultados muito melhores. ADAFTE DA MUSICA REQVER MUITA ENERGIA Em TERMOS DE Tempo, TALENTO, DEDICACAO, vocAcAO E RECURSOS FINANCEIROS. Como decorréncia, aumentaram de, forma si; nificativa, a dimensao do mercado e a seguranca dos negdcios, No caso brasi- leiro, tivemos sempre uma situacéo de em- preendedorismo de alto risco e negécios nao bem estruturados deixando, muitas vezes, um (Lure Benson A proposta da coluna Ponto de En- contro da Coluna dos Negécios que se inicia agora, é que se pode desenvolver 0 merca- do da musica com muito mais seguranca, resultados para todos 0s envolvidos colocando, em pratica, métodos mais modernos de planejamento, andlise de riscos, visio de qualidade de contratos com todas as partes, a funda- mental visio da necessida- de de capital de giro, que infelizmente raras vezes se apresenta na estruturacio dosnegécios. O funcionamento da coluna A coluna pretende apresentar ao piiblico ana- lises de cendrio, estratégias de negécios e ferramentas de gestao e, ao mesmo tem- po, responder a perguntas. Essas perguntas sero res- pondidas e publicadas so- mente com a autorizacio peloleitor. » Envie sua pergunta para contato@keyboard.art.br * Atualmenie drigindo a BCA Consultora, Luiz Bersou possui formacio em engenharia naval marketinge finangas, Eescritor,palestrante, autor cde tess, além de pianistae esportisa, Partcipou ativamente em mais de 250 projetos de engenh nia, financas,recuperacio de empresas, langamen: to de produtos no mercado, implantagio de tecnologiasemarcas Brasil enoesterion s Os insu 4itos na Nem sé poetas e romancistas sofrem criticas acerbas, injustigas flagrantes, insultos gratuitos. A musica apresenta um campo mais favoravel para o choque de opinides e gostos, uma vez que o contato com 0 publico é tao direto quanto o da obra de um pintor ou de um escultor, a0 passo que a reacao contra o poema ou determina- do estilo de um romancista é muito mais lenta. Esse encontro, tanta vez violento, entre 0 artista e 0 critico, tem proporcionado uma colegao curiosissima de insultos que se enriquece diariamente gra- as a relutancia quase geral do ptiblico e da critica da aceitagéo daquilo que nao lhe é familiar. 26 / Janeio / 2014 Arrumando as minhas estantes estive, ha tempos, folheando um velho livro do saudoso Nicolas Slonimsky, intitulado Lexicon of Musical Invective (Coleman-Ross Company Inc. New York, 1969), no qual foi compilada vultosa colegao de escritos desde a época de Beethoven até os nossos dias. O nome do autor nao é desconhecido no Brasil, onde passou uma temporada quarenta anos atras. Muitos musicéfilos possuem em sua biblioteca, 0 livro Music since 1900: The Musico of Latin America, isso sem esquecer que Slonimsky foi o editor das liltimas edigdes do Baker's - talvez.o melhor de todos os diciondrios musicais. O capitulo inaugural da citada obra recebeu o titulo apropriado de Non- OS CRITICOS MUSICAIS, NO SECULO XIX E NO INICIO DO SECULO XX, ERAM MUITO AGRESSIVOS E ESCREVIAM COMENTARIOS, POR VEZES CONTUNDENTES £, ATE MESMO, OFENSIVOS, O QUE HOJE SERIA IMPOSSIVEL PUBLICAR, POIS REDUNDARIAM EM PROCESSOS JUDICIARIOS. A SEGUIR, RECORDAREMOS TRECHOS INSULTUOSOS DE CRITICAS A FAMOSOS COMPOSITORES QUE FARAO RIR OLEITOR! No repertério brasileiro nem Villa-Lobos foi polpado! Acceptance of the Unfamiliar (A Rejeigao ao que nao é Familiar) e comega por tratar dessa aversao natural que, cada um de nés sente, por tudo quanto se choca com os nossos habitos ou com a nossa mentalidade: © tibetano pée a lingua para fora ao cumprimentar um amigo; as plateias norte- americanas assobiam para demonstraro seu agrado; as linguas orientais e, para muitos, também as eslavas, soam estranhamente ridiculas Essa averséo pelo desusado, no campo da musica, refletiu-se consideravel- mente nos escritos dos coment as espe- cializados e os insultos floresceram na critica musical desde o s% nossos dias, 0 tom das xingagi * Vasco Mariz Coit] pouco, talvez, pela protecao da Lei eo critico jando dird quea pessoa do compositor oudo intérprete é nojenta ou desp le, sim, que tal obra nao merece atengao. Mas até chegarmos a esse relative equilibrio ético (muitas vezes infringido), quanto palavré- rio lamentavel foi impresso e amplamente divulgado! Quanta humilhag: osanos vieram reabilitar! injusta que A linguagem dos criticos habitual- mente se inspirava em comparagoes desai- rosas e deprimentes, referéncias 4 impotén- cia, ruidos de animais, loucura, etc, tudo num esforco para expressar a sua indigna- 27 / Jone / 2014 a0 por determinado género de musica e também para escrever um artigo que inte- ressasse vivamente o leitor, fazendo-o rir do que o critico considerava desonesto ou mau. Slonimsky preparou um apéndice & sua obra com a relagdo de todos os 4podos e expressdes que nos pareceram mais curio- sas: aborto musical (Debussy, Prokofiev, Varese e Wagner), ameba chorosa (Anton Webern), anticristo tonal (Bruckner e Wagner), apoteose da arrogancia (Brahms), gato encatarrado (Webern), eunuco demen- te (Wagner), convulsdes epiléticas (Alban Berg), sexualidade de sapo (Krenek), guano musical (Prokofiev), nadir da decadéncia (Schoenberg), miisica pornografica (Shosta- kovitch), trigonometria musical (Brahms), solucos de um dinamo (Schoenberg), musi- ca de water-closet (Barték), pica-pau intoxi- cado (Varese), hora do almogo no jardim zooldgico (Schoenberg e Varese), obscenida- de musical (Richard Strauss), melancolia da impoténcia (Brahms), célica musical (Wagner), erotismo doentio (Berg), etc, etc, ete. De um modo geral, temos a impres- sio de que Wagner, Brahms, Debussy, Schoenberg e Varése foram as maiores vitimas da critica. Alias, figura na bibliogra- fia do musico de Bayreuth, uma obra s6 com trechos da critica. Hanslick, 0 notavel comentarista musical da época, chegou a ser redicularizado em “Os Mestres Cantores” no personagem Beckmesser, tanto édio lhe voltava 0 compositor. Hugo Wolf, admira- dor de Wagner, vingava-se de Brahms a 28 / Joneio / 2014 quem considerava “a expresso méxima da impoténcia musical”. O proprio Mahler, amigo do genial compositor Lieder, nao escapou a sua pena ferina. Os ani mais tém sido ais que comparados a misicos sao: gato, chimpan- z6, crocodilo, hiena, molusco, escorpiao, vaca, sapo, serpente, lagarto, mamute, macaco, etc. Admita, 0 estimado leitor, que deve ter sido terrivel para Anton Webern digerir a acusagio de que sua miisica parecia produto de uma ameba chorosa! Reproduzo, agora, alguns excertos dignos de mencao e que, certamente, farao 0 leitorsorrir: “A Sonata para violino, de Béla Bartok é a filtima palavra em feitira e incoeréncia. Era como se duas pessoas estivessem improvi- sando uma contra aoutra”. “Os personagens de Debussy parecem fatigados de nascenca, amantes anémicos que nao conseguem atingir a volipia e tomam seus pequenos espasmos por ondas deamore de paixao”. “Rimsky-Korsakoff: que nome! Sugere barbas sujas cheirandoa vodka”. “A Dicotomia de Walligford Riegger soou como se um grupo de ratos estivesse sendo torturado lentamente, enquanto que, de vez em quando, mugia uma vaca agonizan- te”. “O nome de Schoenberg, no que concerne opublico britanico, élama”. “0 contraponto de Richard Strauss pode ser comparado a uma motocicleta tentando furaro trafego domeio dia”. “Depois de ouvir Ionizagao de Varése, estou ansioso por tocar a minha composi- cao para dois fogdes e uma frigideira. Dei- Ihe o nome de ‘Sinfonia da Concussio’ e descreve a desintegracao de uma batata inglesa sob a influéncia de um poderoso atomizador”. “O Preliidio de Tristao e Isolda lembra-me um antigo quadro italiano de um martir cujos intestinos iam sendo vagarosamente enrolados numa bobina’. “Wagner tem bons momentos e maus quartos de hora”. “Apés os amores sensuais até o ‘delirium tremens’ de Tristao e Isolda, entupidos de drogas afrodisiacas, eis agora a Valquiria, que nos oferece um quadro repugnante de amores incestuosos, complicados pelo adultério de irmaos gémeos”. Grandes misicos também julgaram errdnea e violentamente seus jovens colegas que, mais tarde seriam consagrados. Aqui vao mais alguns exemplos de terriveis injustigas escritas por homens famosos e, certamente, de inteligéncia superior: "“Toquei a mitsica daquele patife do Brahms. Que bastardo destituido de talen- to! Irrita-me essa mediocridade inflada por simesma de genialidade” (Tchaikowsky). “Se houvesse um conservatério no inferno ese um dos alunos mais talentosos tivesse de compor uma sinfonia baseada na histé- ria das sete pragas do Egito, certamente seria semelhante a de Rachmaninov, a qual teria causado a delicia dos habitantes do inferno” (César Cui). “Fiz. um estudo cuidadoso de Boris Godu- nov e, do fundo do meu coragao, mando tudo isso ao diabo ~ nao existe coisa mais insipida em misica!” (Tchaikowsky). O repertério brasileiro de insultos tampouco fica atras e é pena que Slonimsky nao tenha conhecido e incluido alguns ataques de Guanabarino contra Villa-Lobos ou de Oswald de Andrade a respeito de Carlos Gomes. Aqui vao dois exemplos bem representativos: “Carlos Gomes é horrivel! Todos nés 0 sentimos desde pequeninos, mas como se trata de uma gléria de familia, engolimos a cantarolice toda do Guarani e do Escravo, inexpressiva, postica, nefanda. E, quando falam no absorvente génio de Campinas, temos um sorriso de alcapao, assim como quem di escrito nada... Um talento! Por aqui, a noticia de que um maestro nacional guiava com obra suas afinadas trupes de cantipan- chi, detentores tradicionais do recorde de bestice humana, houve uma sincope nacio- nal. O nosso homem conseguiu difamar : — E verdade, antes nio tivesse profundamente o seu Pais, fazendo-o conhecido através de Perys de maié cor-de- cuia e vistoso espanadorna cabeca,aberrar forcas idémitas em cendrios terriveis”. E aqui est4 uma pérola do famoso critico Oscar Guanabarino: 29 / Joneo / 2014 “Villa-Lobos nao pode ser compreendido pelos musicos pela simples razio de que ele nao se compreende no delirio de sua febre de producao, Sem meditar 0 que escreve, sem obediéncia a qualquer princi- pio, mesmo arbitrario, as suas composicdes apresentam-se cheias de incoeréncias, de cacofanias musicais, verdadeiras aglome- ragbes de notas sempre com 0 mesmo resultado, que é dara sensagao de quea sua orquestra est afinando os instrumentos e que cada professor improvisa uma malu- quice qualquer. Muito moco ainda (essa critica é de 1918), tem o senhor Villa-lobos produzido mais do que qualquer verda- deiro e ativo compositor no fim da vida. O que ele quer é encher o papel de miisica sem saber, talvez, qual seja o ntimero exato das suas composicdes, que devem ser calculadas pelo peso do papel consumido as toneladas, sem uma tmica pagina destinada a sair do turbilhao da vulgari- dade. A sua divisa nao é’pouco e bom’, mas sim ‘muito, ainda que nada preste’. O publico aplaudiu o Ave Libertas!, de Miguez e, com certeza, nao compreendeua Danca Frenética de Villa-Lobos, talvez por estar errado 0 titulo, que deveria ser: “Danca de Sao Guido (Coreia)’, com uma nota explicativa que dissesse: para ser executado por misicos epiléticos e ouvida por parandicos. Em regra, suas composi- Ges nao tem pés nem cabega, so amonto- ados de notas que chacoalham como se todos os misicos da orquestra, atacados de 38 / Janeiro / 2014 loucura tocassem, pela primeira vez, aqueles instrumentos que se transformam ‘emmaos doidas, guizos, berrose latidos”. Deve ter sido terrivel para Villa- Lobos ler isso! © curioso é que o temivel critico do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, acabou por reconhecer seu mérito ¢ talento, que sempre considerou “mal orientado”... Em 1922, ele apoiou 0 pedido de subvengao oficial para a ida de Villa- Lobosa Paris exibir sua obra. Como vemos, os anos passaram rapidamente e, aquilo que nos parecia tao estranho e irritante, transformou-se, quase sempre, em mtisica perfeitamente normal ¢ aceitével. Aquele velho livro de Slonimsky, no entanto, esta longe de ser completo, uma vez que fica circunscrito apenas recortes de jornais e revistas americanas, inglesas, fran- cesas, alemas, austriacas e russas (mesmo a im, de perfodos desencontrados). Valeria a pena, um dia, recolher mais material (sem esquecer as opinides dos antigos criticos cariocas, paulistas e porte- nhos, que também nao tinham papas na lin- gua). Ha poucos anos, uma conhecida pianista inglesa levou uma malfadada surra da imprensa de Buenos Aires. Se hoje se atrevessem a publicar coisas semelhantes, tomariam um tremendo processo ¢ Ihes custaria bem caroo gracejo. @ * VASCO MARIZ: é musicélogo e autor de diversos livros: FONTE: Revista Academia Nacional de Musica UMA DAS MAIORES FEIRAS DO SETOR MUSICAL — A TRADICIONAL NAMM SHOW (ASSOCIACAO NORTEAMERICANA DA INDUSTRIA DA MUSICA) - ACONTECERA DE 23 A 26 DE JANEIRO, NO CENTRO DE CONVENCOES DE ANAHEIM, NA Accada ano, a NAMM SHOW (que Peet eee CU ese eae facetas da industria musical, contando com Cee eee CRT Ot OM ne TT CO OM SSR com oe COS om OR CR eee See iets ecard tel COSCO COR CR Casa ee ca Cees SCR CnC Te aS fabricantes, vendedores e profissionais de Pen Cee TORT CE) Coe cm ORO ee cares Rete eee eee Re ereeSreatecy Como novidade para 2014, os profissionais da industria terdo uma festa Conroe ee) De 23 a 26de Janeiro Pree tole! CALIFORNIA (EUA). pls Ret aa ery OME fe Scr Co MC ERC REC tet ome ad ect eetoate ST ace dy y wabejuoD ee) te sec Pe ec ea CMe ST Le Le7Nistst<) 10 Le) Namm, a TEC (Fundagao de Exceléncia em PAT) en Rs es oe CMON Teed técnicas, individuais e de companhias por tras do som, das gravagées, das apresenta- Ce RT Somme Pte rete Ton Neate sreced cen eke) Ser a Te Co COT Cet OC ce CCC) Poe ete cy ce Ce TET) O Rio de Janeiro é a segunda cidade brasileira em mimero de_patriménios histéricos. Segundo o Instituto do Patri- ménio Histérico Artistico e Nacional (Iphan), ha 29 igrejas tombadas na cidade, realgando a riqueza do Barroco edo Rococé. Destacando-se, no centro, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé (foto) com seu show de som e luzes unindo as preciosidades arquitetOnicas, arqueolé- gicasehistéricas. Algreja Localizada no centro histérico carioca, préxima a Praga XV de Novembro, a igreja ja foi Capela Real — nomeada por D. Joao VI, ao chegar ao Brasil, em 1808; Capela Imperial, apés a Independéncia; e, durante 32 / Janeio / 2014 ESTELIONATO, SITE CRIMINOSO E OBRA INACABADA: ESSE E O SALDO DA RESTAURACAO DE UM DE NOSSOS PATRIMONIOS HISTORICOS - O ORGAO DA IGREJA NOSSA SENHORA DO CARMO, DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Carol Dantas 168 anos, assumiu a condicao de Catedral do Rio de Janeiro, Acolheu muitas solenidades reais, como as coroagées dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro Il e os casamentos de D. Pedro II e da Princesa Isabel. Ali também foi celebrada a sagraco do primeiro cardeal do Brasil e da América Latina, o cardeal Arcoverde. Em 1976, coma inauguragao da Catedral Metropolitana, a igreja deixou esse posto e passou a ser conhecida como Antiga Sé, sendo tombada pelo Iphan. A descoberta dos Sitios Arqueolégicos Em 2007, apés um intenso processo de restauracao artistica do interior, das fachadas e das obras de infraestrutura, financiado pelo governo, foram escontrados 0s sitios arqueolégicos: vestigios de uma paligada (forte construido pelos indios em 1519) e dois cemitérios, com 525 ossos em um deles, provavel- mente de indios ou portugue: . A descoberta - que incluiu, ainda, moedas de ouro, artigos para sepultamento de indios e ceramicas portuguesas — justificou a construgao de um museu. Outras preciosidades também estaona Igreja do Carmo: a cripta do Cardeal Arcoverde, falecido em 1930; a urna mortudria de Pedro Alvares Cabral, com parte de seus residuos mortais; ea pia batismal (original) da princesa Isabel — usada, ainda hoje, paraa realizagio de batismos. Com a restauragao — que manteve as mesmas caracteristicas do periodo de D. Jodo - ea desco- berta dos sitios arqueolégicos, as visitas guiadas passaram a ser cobradas O Orgao: obra inacabada Recentemente, um dos projetos de restau ragao que estava em andamento na Igreja da Antiga Sé era a reforma do érgao - com custo de R$ 2,4 milhées (financiados pelo BNDES) por uma equipe francesa. A imprensa brasileira noticiou que Daniel Birouste, o organeiro francés, e sua equipe francesa, responsaveis pela obra, abandonaram a reforma e voltaram para Franga embolsando, de maneira R$ 598 mil reais. Além do valor embolsado, Daniel Birouste colocou na internet um criminosa, site — que ficou no ar por alguns meses ~ sem 0 conhecimento da Igreja para, supostamente, angariar donativos para a conclusio do érgao. Porém, a conta bancéria nao era gerenciada pela Igreja, conforme garante o atual paroco da Antiga Sé, padre Silmar Alves. E jz A Tgreja Nossa Senhora do Carmo ¢ uma das 29 igrejas tombadas da cidade do Rio de Janeiro. Osite recebia doagdes em reais e euros, e fazia uma promessa “doadores mais generosos que contribu- issem com, pelo menos, 300 reais ou 100 euros, teriam seus nomes gravados em um dos tubos do instrumento” (0 montante recebido através do site ainda ¢ desconhecido). No site, o fiel ainda teria garantia: “Um certificado Ihe serd entregue indicando o timbre e a nota de seu tubo sonoro”. Em outubro de 2012, aten- dendo a uma solicitagao de Birouste, depois de os recursos terem sido esgotados, foi pedido um aditivo ao BNDES. Porém, o mesmo foi negado. Quando Birouste percebeu que nao teria 0 aditivo, reduziu a produtivi- dade até a obra parar. Hoje, s6 80% do instrumento esto concluidos, 0 caso de estelio- nato foi parar na Delegacia de Repressao a Crimes de Informatica e, atualmente, osite esta fora doar. @ 33 / Janeiro / 2014 Os Ranchos Carnavalescos A partir de fins do sé- culo XIX e princfpios do século XX, a baixa classe média cario- a passou a preparar associa- Oes para sair as ruas, em manifestagdes organizadas. Assim nasciam os ranchos (1) Rancho carnavalesco Recreio das Flores, em 1917. (2) Rancho carnavalesco Flor do Fotos: divulgacao. S primOrdios até os dias atuais - Parte 5 Helofsa C. G. Fi carnavalescos - uma das mais antigas & formas de manifestacao popular, depois do entrudo. Este fato se tornou um marco importantissimo © inicio da mudanca da nossa festa popular. O “civilizado” e ganhou o direito de desfilar no & urbano dos brancos. Os ranchos eram formados por baianos, sergil € alagoanos, antigos escravos e filhos de escravos, © ranchos cantavam arias de éperas pelas avenidas) trazendo conjuntos que eram chamados de orquestras © fantasiavam-se como no carnaval italiano. O desfile de um rancho carnavalesco pode descrito como um cortejo, coma presenca de um reie rainha, a0somdeuma marcha rancho, acompanhado por instrumentos de sopro e corda, ritmo mais pausado que o samba. Nao eram usados instrumentos de percussaoy Havia os mestres, um de Harmonia, um de Canto e um de Sala, responsavel pela coreografia. Os ranchos desfilavam com porta-estandarle @ mestre-sala que tinha que dangar e ficar atento a qualquer movimento. A enorme rivalidade entre os ranchos podia causar uma situagio humilhante: a de ter seu estandarte roubado por um componente de um rancho rival. Naquele tempo, o mestre-sala desfilava armado de navalha para proteger 0 pavilhao de sua agremiagao. Com as devidas adaptagoes, ocasal responsével pela guarda do pavilhao do grupo também se tornaria presente nos desfiles das escolas de samba (mestre-sala e porta-bandeira), Era tradicao os ranchos visitarem as tias (assim eram chamadas as baianas mais ~-yelhas do Candomblé que exerciam ceria lideranga na comunidade, antes dos desfiles). Alguns anos depois, os ranchos passaram a usar marchas e maxixes como miisica, tocadas por uma orquestra de sopro e cordas. Dessas orquestras, sairam Os Corsos Corso carnavalesco ou, simplesmen- te, corso, era 0 nome que os passeios das sociedades carnavalescas do século XIX adquiriram no inicio do século XX, no Rio de Janeiro, apés uma tentativa dese reproduzir no pais as “Batalhas de Flores” inspiradas nas "Batailles des Fleurs" do carnaval da Cidade de Nice, no sul da Franga, caracte- risticas dos carnavais mais sofisticados da virada do século. Nos corsos, as pessoas se fantasia- vam, cantavam marchas da época dando alegre musicalidade ao evento e, em grupos, desfilavam pelas ruas em carruagens enfei- (1) "Batailles des Fleurs” em 2010, do carnaval de Nice, Franga. (2) corso carnavalesco realizado no terior de Sao Paulo. etaeere muitos musicos de qua exemplo, boa parte dos conjunto os "Oito Batutas", que esses baianos pertent camada da classe média, Osnomesdosranchos¢ ascendéncia totémica: Flor do Recreio das Flores, Flor da Lira, Lirio Cl Rosa de Ouro, Ameno Resedé, Rosa Bi Papoulas e Florde Roma, Os ranchos carnavalescos mudarg o carnaval do Rio de Janeiro, fazendo as famosas escolas de samba. tadas e, posteriormente, em automovies sem capota repletos de folides, percorrendo o eixo Avenida Central — Avenida Beira-M& (ai estavam os primeiros carros alegéricos)) trazendo as fanfarras contratadas pela familias. Os ocupantes dos veiculos atira= vam nos transeuntes confetes, serpentinas bisnagas com éguas perfumadas. Por sua prépria natureza, 0 cOrs0 era uma brincadeira exclusiva das elites que possuiam carros ou que podiam pagar Seu aluguel nos dias de carnaval. O corso era © mais difundido evento do carnaval carioca na primeira década do século XX, ocupando: todo eixo carnavalesco durante os trés dias de foliae abrindo espaco somente (e, mesmo | hordrios predeterminados) para opuilares (chamados, generica- de ranchos) na-noite de segunda- feira e para as Grandes Sociedades, na noite da terca-feira “gorda’’. Os grandes centros urbanos brasileiros rapidamente aderiram a moda surgida na capital e passaram a apresentar corsos em suas principais artérias durante o carnaval. Mais tarde, tornaram-se auténticas manifestacées populares onde se mistura- vam 0 povao e as elites em uma verdadeira celebragdo a genuina alegria, onde nao podia faltar a velha ironia e picardia brasileiras ao criticar em marchinhas, marchas ranchos e sambas sincopados, as mazelas do dia a dia (a falta de dgua, de luz, do pio, do trans politicos ea classe enorme capacidade de da propria miséria cotid Surgiram as colombi arlequins, personagens da | dell’arte italiana perfeitamente it ao espirito carnavalesco, das da ‘elle époque’, dos blocos de n que assustavam a garotada, dos: chorées e seus violées e cavaquit palhacose bailarinas infantis. Uma importante divulgacao do aconteceu durante o carnaval de quandoas filhas do entao presidente A Pena, fizeram um passeio no automo presidencial, pela Avenida Beira-Mar, Rio de Janeiro, (Continua na préxima Revista Keyboard Brasil.) | ene ee ee Ge lee pe eis) (11) 3085-4690 - Fax: (11) 3082-6186 DR kee ee OL uke Luthi... O termo luthier tem sua origem na palavra em francés para "fabricante de alaude", um instrumento musical de cordas trazido do oriente médio na Idade Média e que era chamado "Ut". Esse profissional & especializado na construcio e reparo de instrumentos de corda com caixa de ressonancia, tal como violao e violino, sopro, percussao e teclado. Ele regula, restaura, transforma, reforma e adapta instrumentos musicais, além de construir pecas e acessérios personalizados, de acordo com as exigén- cias e vontades dos muisicos. Também é sua funcdo orientar os clientes sobre a conservacao de seus instrumentos, elaborar laudos técnicos e orcamentos iis desmembrar componentes mecanicos, desses quesitos, o luthier sabe elétricos e eletrénicos, confeccionar pecas para reposigao, trocar pegas e acess soldar e colar componentes e afinar os instrumentos. Quem constréi também conhece sobre madeiras, rios, corretamente tipos de construgdes e acabamento de superficie, como pinturas personalizadas. n ? oO qué? QUEM SE INTERESSA POR INSTRUMENTOS MUSICAIS JA CANSOU DE VER ESSA PALAVRA POR Al. QUASE TODOS OS TEXTOS ESPECIALIZADOS SUGEREM QUE O MUSICO PROCURE ESSE PROFISSIONAL PARA TIRAR SUAS DUVIDAS. MAS QUAL E 0. PAPEL DO LUTHIER NA VIDA DO MUSICO? Da Redacéo Verdadeiros experts em marcas, modelos, ligagdes e acessérios, esses profissionais podem ser consultados sempre que vocé quiser modificar a parte elétrica, regular seu instrumento ou pedir dicas para conseguir tirar aquele som que vocé sempre quis, pois, 0 que parece simples primeira vista, pode ser um perigo para seu instrumento. Vale lembrar que instrumentos construidos por um luthier, os chamados customizados so, em geral, mais caros do que os fabricados em larga escala. Isso porque todo o proceso ¢ feito de forma artesanal e com os componentes escolhidos pelo misico. Em compensagao, vocé tem ‘um instrumento tinico e com a sua cara. Campo de atuacéo Luthieria é © termo que designa a arte da construgao de instrumentos. Muitos luthiers aprendem a profiss’o em familia ‘ou com mestres na arte. No Brasil, existem escolas especializadas na formagio de luthiers que podem trabalhar em sua propria oficina ou em grandes fabricas. » Old oess 37 / Janeiro / 2014 nas técnicas do Dando continuidade as formas de Jazz... Estilo - JUMP BLUES (1940-50) Louis Jordan e sua Banda The Tympany Five, 38 / Joneko / 2014 witie SE Sf Aprenda ou melhore seu desempenho azz - Blues * maestro Marcelo Fagundes O Jump Blues ~ muito popular na década de 1940, foi criado através da fusio dojazz, blues, swing e elementos pop. Normalmente desempenhado por pequenos grupos instrumentais apre- sentando metais, o Jump Blues é tocado em andamento acelerado. Esta foi, essencialmente, uma musica para se dancar, uma miisica para festas. estilo deu origem ao Rock'n'Roll e foi tocado por Big Bands comoas de Lionel Hampton e Lucky Millinder, nos pri- meiros anos da década de 1940, projetando misicos como Louis Jordan, Jack McVea, Earl Bostice Amett Cobb Notaveis pianistas como Big Joe Turner, Amos Milburn e Floyd Dixon também pertencem a essa lista, além do compositor Coult Basie. A seguir, um exemplo do estilo Jump Blues. verso verso = sen iney Brown Blues - Joe Turner & Pete Johnson Well, I've been to Kansas City, girls and every thing's really alright. Yes, I've been to Kansas City, girls and every thing's really alright. Say the boys jump and swing until the broad daylight. I dreamed last night I was standin’ on Eighteenth and Vine. Yes, I dreamed last night I was standin’on ighteenthna Vine. I shook hands with Piney Brown and I could hardly keep from crying, Now como to me, baby. I wanna tell you why I'minLovewithyou. vers0 Please come to me, bby. I wanna tll you why 'minLove with you Because you understand everything Ido. T want to watch you, baby, when the tears roll downyourcheeks. verso q Yes, Lwant to watch you, baby, when the tears 4) rolldownyourcheeks wanna hold your hand, tell you that your kind canttbe. 39 / Joneieo / 2014 Joseph Vernon Turmer Jr (18 de maio de 1911 ~ 24 de novembro de 1985) conhecido como “The Boss of the Blues” e “Big Joe Turner” (por causa de sua altura e peso) foi um dos maiores cantores norteamericanos de Blues. Deacordo com o compositor Doc Promus: “O Rock ard roll ry » se ele”, Turner nasceu na cidade de Kansas e descobriz seu amor pela miisica através da igreja. Seu pai morreu em um acidente de trem quando ainda tinha 4 anos, Por dinheiro, comegou a cantar nas esquinas, abandonando os estudos. Aos 14 anos de idade Big Joe Turner ao piano ea cantora eatriz Krista Nico Co™esou a trabalhar em bares noturnes, primeiro como numa cena do filme Strip-tease de 1963, diresio de _cozinheiro e, mais tarde, como garcom-cantor (por isso Jacques Poitrenaud. ficou conhecido como “the singing barman"). Turner ccompés a miisica “Piney Brown Blues”, em homenagem a Piney Brown, seu chefe quando trabalhou no bar The Sunset Ativoentreas décadasde 1920 ¢ 1980, ocantor Big Joe Turner foi destesraros artistas ~ como Milles Davis, por exemplo ‘que puderam acompanhar de pertoe participar da evolugio da infinitamente rica miisica norteamericana do século XX. Presenciou 0 Jazz.tomar conta desua cidade natal, testemunhou o Blues se transformar em um género musical cada vez mais urbano ~stas raizes si0 rurais-eestava ld quando a conceito moderno de cangio Pop nasceu, entre os anos 1940.6 1950, na transigdo entre ritmos como Boogie Woogie, Rhythm and Blues ¢o Rock and Roll. Destaque para uma de suas _gravagdes pioneiras, clissico do Rock “Shake, Rattle and Roll”. Em 1963, Turner entrou para o Blues Hall of Famee,em 1987, aps dois anos desua morte, entrou parao Rock and Roll Hall of Fame. (..Continua na préxima Revista Keyboard Brasil) Fotos; “Marcelo Dantas Fagundes é miisico, maestro, arranjador, compositor, pesquisador musical, escritor, professor, editor e membro do Conselho da ABEMUSICA (Associasio Brasileira de Musica). ty ete. Deu or cote a Creed ee Deco Distrbuigao no mercado www.keyboard.art.br yaCurtlu noes anpag&, a Te on rt) CO ae facebook.com/RevistaKeyboardBrasil Brasil #curta #compartilhe DESCONTENTE COM A PROFISSAO ESCOLHIDA, NAO’ EDO DE OUSAR. LARGOU TUDO PAT INHO QUE DIZIAM SER IMPOSSIVEL: VIAJAR PELO DCANDO SEU PIANO VERTICAL. NA COMPANHIA DE SEU 5 : BRANDON, SE TORNOU CONHECIDO..NO {TEIRO E AGORAE FELIZ. ry ° me) c = =] BS) @| as Nascido em New York e formado em Artes, no ano de 2008, Dotan Negrin tentava construir uma carreira de ator em Hollywood e, para isso, realizava testes - um atrs do outro. Porém, mesmo conseguindo alguns trabalhos, sentia que sua carreira nao estava progre- dindo. Arealidade é que Dotan nao gostava de perder um dia inteiro realizando testes e mais testes para, depois, ficar 4 espera de uma ligagdo e, assim, seguir para uma segunda entrevista e esperar o telefone tocar, caso fosse chamado parao trabalho... Ounao. Oque mais o assustou foi ter conhecido pessoas na casa dos quarenta que ainda estavam fazendo a mesma coisa que ele fazia aos vinte e poucos anos. Assim, procurou uma maneira de criar suas proprias oportu- nidades e escolheu o piano como aliado. Dotan comecou a ter aulas de piano na esperanga de usar sua propria misica para ganhar reconhecimento nacional. Finalmente, em outubro 2009, teve a ideia de combinar tudo o que amava fazer na vida: viajar, compor mtisicase conhecer pessoas. Como qualquer homem com pouco mais de vinte anos de idade, estava cheio de ideias. Porém, entrava em conflito com o desejo de ganhar dinheiro com sua escolha profissional Até que as coisas comegaram a mudar... Dotam passou a trabalhar com entregas dirigindo um caminhio efilmando suas novas experiéncias. Sent que, um dia, conheceu um cao, passou a chamé-lo de \-se sozinho até Brandon e viraram grandesamigos. Em uma de suas viagens andando por Nova York, ouviu um piano. Um misico trouxe, literalmente, um piano vertical para a plataforma do metré. Dotan ficou chocado e, ao mesmo tempo, animado com aquela possibilidade, Mas, também sentiu uma enorme inveja. E, foi essa inveja que o motivou a querer perseguir seu sonho. Fotos: arquivo pessoal Dotan Negrin: Seu sonho o tornou famoso no mundo todo. E qual era seu sonho? Seu sonho era criar um ponto de encontro para pianistas e amantes desse instrumento genial. Lembrando daquele pianista no metré e, depois de passar por alguns obstaculos, conseguiu criar um sistema de rodinhas para levar um piano vertical aonde quisesse E, sem se incomodar como transito louco, © barulho da cidade ou a buzina dos carros Dotan tocou, pela primeira vez, no centro de New York, nos arredores da Broadway. Ao sentir a energia das pessoas olhando apontando em sua diregio, o pianista desejou ir mais além: viajar pelo mundo! Quero ajudar as pessoas na busca de seus sonhos e, através da musica, uni-las por um mundo melhor. (Wotan Negrin) Usando a misica, 0 teatro e suas experi clas pessoais, Dotan procura ajudar as pessoas a encontrar o verdadeiro significado da palavra viver e ser feliz. Mais do que isso, 0 pianista procura ajudar as pessoas na busca de seus sonhose, através da misica, uni-las por um mundo melhor, mesmo ganhando apenas para se manter. Seu sonho 0 tornou conhecido, nao sé nos: Estados Unidos, como também em todo o mundo e, grandes como a Goodyear, pegando carona em seu sucesso. @ marcas passaram a ajudé-lo, Dotan Negrin: “O dlbumm Kind of Blue, de Miles Davis, * Saiba mais sobre Dotan Negrin em foi faisea que me impulsionou para comecar a tocar v planidabrostarerlea eae piano” E https://www.facebook.com/dotannegrin 44 / Joreiro / 2014 na Faculdade Cantareira LICENCIATURA * Instrumental proprio para desenvolvimento das aulas * Consistente formagao multidisciplinar BACHARELADO * Corpo docente de exceléncia, com reconhecimento internacional * Uma das mais bem equipadas salas de percussao da América Latina * Infraestrutura completa * MasterClasses / Workshops * Estuidio Cantareira Ree” CANTAREIRA 100% de aprovagao pelo MEC Rua Marcos Arruda, 729 - x © 2 c S D Dica T Maestro Beto Barros: “Masica é a fluidez e elaboragio de poucas ideias, numa maneira logica e coerente”. Um dos mais apreciados conceitos da improvisacdo melédica é 0 chamado tra- cking ou continuidade coerente, que é a habilidade de identificar suas ideias e construir, em cima delas, dentro de um contexto. Musica no é a combinagao das mais diferentes ideias possiveis num pequeno espaco de tempo mas, sim, a fluidez elaboragéo de poucas ideias, numa maneira logica e coerente. Foque alguns motives e desenvolva uma histéria. Nao toque tudo o que vocé sabe de uma vez, nao use formulas prontas e clichés. O seu improviso, assim, ira soar mecanico, impessoal e chato. Se colocar espaco entre suas ideias e desenvolvé-las, seguindo 0 conceito do tracking, sua plateia poderd “ir para dentro da sua miisica”, e vo sera competentena comunicagio. Lembre-se: quando a misica é tocada para alguém, literalmente entra na cabeca das pessoas e imprime suas ideias. Seja, portanto, responsavel e respeitoso com 0 cérebro do préximo! 46 / Joveko / 7014 Foto: Arquivo pessoal - Parte 2 (continuacao) * Maestro Beto Barros Osegredo do tracking, é escutar a si proprio. Cada ideia tem come- go e fim. Faca uma pausa e escute sua liltima ideia, pois a préxima devera estar relacionada com sta, ou na repetico, ou no ritmo da nota, ou da forma melédica ou, ainda, com 0 efeito de parar e iniciar uma nova ideia. Crie fruigio, pois sera ouvida e seguida por vocé e por outros. E como. em um discurso, em que nao tentamos dizer tudo o que sabemos cada vez que falamos. Convirja os pensamentos para uma ideia especifica, use um ponto de partida, uma célula, um motivo, uma frase, um perfodo, um tema, até chegar no completo desenvolvimento do chorus inteiro. O trompetista Miles Davis dizia: “toque 0 que voce ouve, ndo 0 que vocé sabe”. Como dissemos no inicio, todo muisico pode improvisar. Mas a impro- visagao de alto nivel é algo que vocé consegue ouvir internamente e, simul- taneamente realizar no seu instrumento com espontaneidade, fluéncia e maturi- dade. E uma sintese de um repertério interno que esta intimamente ligado a intuigdo, intelecto, emogao, senso tonal, afinagao, junto com uma técnica instrumental apurada. Essa sintese interior iré crescer cada vez mais, na medida em que vocé estudar teoria e harmonia funcional, praticar os exercicios com as escala e modos, e estudar bastante repertério, Aconselho a leitura dos varios Real Books, tais como blues, latin, standards, gig fake book e outros. O segredo é criar no “agora” e nao tocar um monte de cliché: como improvisador, irao crescer. f l6gico que para ter toda esta maturidade musical exposta na matéria, muito estudo e experiéncia sao necessarios, mas é bom comegar estudando improvisagao ja pen- sandonestesassuntos. Na terceira parte desta matéria, abordarei assuntos mais téenicos e praticos Quanto mais praticar, mais estar apto a ouvir e, suas habilidades do que filos6ficos, Desanimarjamais! Atéld! BW Barros é maestro, arranjador e produtor musical Contatos: robertobarrosl@terra.com.br_ _ www.myspace.com/maestrobetobarros www.youtube.com/maestrobetobarros_ wwwfacebook.com/maestrobetobarros http://twitter.com/maestrobbarros REVISTA KEYBOARD BRASIL Obtenha o mais novo aplicativo d Revista Keyboard Brasil agora! } Aqui vocé encontra dicas técnicas, entrevistas, aulas praticas, opiniées, langamentos, analise de produtos, conhecimento musical, fica ligado nos acontecimentos musicais e muito mais! :A Revista Keyboard Brasil 6 a unica no pais a t abordar o mundo das teclas usando a tecnologia virtual. Mais conhecimento musical na palma da sua mao! Baixe o aplicativo gratuitamente acessando o site www.keyboard.art.br vivo TUDO VOZ + INTERNET + SMS . oy _ LJ SO R$ 6,90 PORSEMANA. 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