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| Ifes Biblioteca , Campus Aracruz! Roose Ensino de ciéncias e cidadania Myriam Krasilchik Martha Marandino 135105 =Ill Moderna | BIBLIOTECA pagistre: Let Patrimbalo: 3170 Coordenagao editorial e edigso de texto Carlos Zanchetta Coordenagao de design e projetos visuais Sandra Botelho de Carvalho Homma Projeto grafico e capa Signorini Produgao Grafica Coordenagao de produgao gréfica ‘André Monteiro e Maria de Lourdes Rodrigues Editoragao eletrénica Enriqueta Monica Meyer e Patricia Costa Coordenagéo de revisio Estevam Vieira Lédo Jr. Revisao ‘Ana Paula Luccisano Coordenagao de pesquisa iconogratica ‘Ana Lucia Soares Pesquisa iconografica Rosana Carneiro Coordenagao de bureau ‘Américo de Jesus Tratamento de imagens Fabio N. Precendo Pré-impressao Helio P. de Souza Filho, Marcio H. Kamoto Coordenago de producao industrial Wilson Aparecido Troque Impressao ¢ acabamento Digital Page Grafica e Editora Ltda. Dados Intemacionais de Catalogapéo na Publicagao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, P, Brasil) Krasiichik, Myriam Ensino de ciéncia e cidadania / Myriam Krasilchik, Martha Marandino, ~ 2. ed. ~ ‘So Paulo : Moderna, 2007, ~ (Cotidiano escolar: aeao dacente) Bibtiografia. ISBN 976-85-6-05667-4 1. Cidadania 2. Ciéncias - Estudo ¢ ensino 8. Educacdo - Finalidades © objetivos 4. Interdisciplinaridade na educagéo 6. Pedagogia |. Marandino, Martha. i Titulo. ik Sere c0D-870.115, indices para eatalogo sistematico: 1. Ciencias e cidedania - Temas transversais Educagio 370.115, Reproducdo proibida. Art 184 do Cédigo Penal e Lei 9610 de 19 de feverei- 0 de "888, Todos os direitos reservados. Editora Moderna Ltda. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho Sao Paulo - SP ~ Brasil ~ CEP 03303-004 Vendas e Atendimento: Tel. (0_11) 2602-5510 Fax. (O11) 2790-1501 wwwimodera.com.br 2012 Impresso no Brasil 13579108642 Acao pedagogica Desenvolver a consciéncia dos atuais problemas dos SCEPC NMreee tnt cosines riicomem remake (coat colaboradores que ampliem os beneficios de Prrrreetcesssy secs eto ert ams MCetSsCoe wrt rttts ey contemporaneo com uma visao interdisciplinar — € com preocupacées éticas e civicas — sao tarefas que exigem envolvimento e agao. Com base nessa concepeao, o ensino e a divulgacao de Ciéncias devem ser encarados pelo menos em duas dimensdes: em uma delas, 0 aprendizado nao pode ser pleno e Fer ee eee rece tac re tare tte acre eere aa desenvolvimento cientifico e tecnologico; em outra, é imperativo analisar as relacées da evolugao da ciéncia eG tier icc tet ene cintr eat necemcry diferentes comunidades. Embora haja uma clara conjun¢io desses processos, a educagao — qualquer que seja 0 nivel e a instancia em que se fealize — permitira que os participantes analisem as diferentes facetas relacionadas a causas, possibilidades, limitacdes Re egsear at ice tain cee to Cc utmenste sceteato enn acee careers ir tetoieer= 8 Para ilustrar a proposta de um enfoque interdisciplinar no tratamento do tema “ciéncia e tecnologia”, é preciso que diferentes parceiros contribuam oferecendo oportunidade educativa, para atuar e exercer Pere ttercmre mess errtrletiGctslomelazeeccemtnitiaatita Gaetteoteers aro teLteC ine ey Melee lortab tec(eMa tsa \eteCe: ie tal como descrita e conceituada — exige um amplo yee comelem er xcse CK Mes nest Meteo meet te) Sore entrar ices ec Kiet Co Sugestées de atividades — A integragio do ensino das Ciéncias com outros elementos do curriculo, além de levar 4 andlise de suas implicagGes sociais, di significado aos conceitos apresentados, aos valores discutidos e is habilidades necessirias para um trabalho rigoroso ¢ produ- tivo. Procuramos, em nossas sugestées, subsidiar os educadores no sentido de implementar atividades que tratam de temas como “Nutrigio”, “Promogao de satide”, “Compreensio intercultu- ral”e “Democratizagio”. Almejamos que auxiliem o estudantea opinar e a tomar decisdes que se apresentam nas suas vidas didrias com fundamentagio ¢ visio ampla de cada caso. Nio se trata de prescrigdes, mas de sugestdes, considerando a diversidade social, cultural e potencial educacional. Além de tdpicos variados de interesse universal, sio apresentados exem- plos de diferentes tipos de atividades — sempre que possivel — também fora dos limites das instituigSés escolares. A estrutura de cada exemplo desenvolvido inclui: ‘Tema — Itens que servem de eixo para esclarecer e ampliar questdes relativas a uma concep¢io abrangente de tépicos de ciéncia e tecnologia, como ponto de partida para desenvolver uma visio interdisciplinar e rigor de andlise baseada em funda- mentag’o ampla ¢ criteriosa. Modalidade — Cada exemplo, além do t6pico de contetido, pretende ilustrar modalidades didéticas que levern 0 educando a analisar sistematicamente os problemas, expondo suas ideias, refle- x@es € consideracdes e ouvindo as de seus interlocutores. Espera-se que sirvam para aperfeigoar sua capacidade de focalizar questes, considerando diferentes facetas e pontos de vista, e apresentar seus conhecimentos € opinides de modo claro e racional. 51 Locais — Sugerimos diferentes locais para os trabalhos, com 0 intuito de ampliar os cenirios, indo além da sala de aula e do 4mbito da escola. ‘Tempo — Para facilitar o planejamento, estipulamos o tem- po minimo para a execugio de cada atividade. Areas de conhecimento envolvidas — Visando integrar ciéncias, humanidades e artes, sio apresentadas possiveis Areas ¢ algumas disciplinas escolares relacionadas aos diferentes temas. Objetivos — Com a explicitagio do que se pretende em cada atividade, espera-se definir com mais clareza 0 Simbito de cada questio; em uma dimensio indicamos o tépico a ser tratado ¢ as possibilidades de coleta, organizagio de dados e informagées sobre os temas propostos. Na dimensio pedagégica, sugerimos trabalho com os estudantes, incluindo leituras informativas, organizacio, apresentagio e discussio do material coletado. Justificativa — Em textos breves sio indicadas as razGes para escolher os exemplos, os resultados que se pretende obter em ter- mos dos objetivos gerais da proposta de andlise interdisciplinar e das implicagdes sociais e culturais da evolugao da ciéncia e tecnologia. Metodologia — Descrevemos com detalhes os procedi- mentos sugeridos para a atividade (metodologia e material ne- cessario), a fim de orientar os que desejam usar os exemplos apresentados para renova¢io curricular. Aampliacio do escopo de tépicos de Ciéncias para abranger varios aspectos de cada questo envolve estratégias diversifica- das, que motivem os participantes e demonstrem possibilidades e potenciais de cada atividade, servindo também de inspiracao para a escolha ¢ a elaboragio de outros temas. ‘As atividades apresentadas a seguir nao pretendem substituir as que tradicionalmente fazem parte dos cursos de Ciéncias, mas indicar as relagdes com a tecnologia e os sistemas sociais essenciais ao cidadio- que é cientificamente alfabetizado. Desfazendo as rigidas fronteiras que separam os classicos componentes curriculares, os participantes vivenciam situagdes que demonstram como a vida atual é profunda e amplamente dependente da ciéncia e tecnologia e exige de cada um sensi- bilizacio, avaliago e agdo. Além disso, essas atividades podem ser realizadas em outros contextos que nio o escolar, buscando promover a alfabetizagao cientifica no seu sentido amplo. 52 ENSINAR CIENCIAS E: pct rari tate eastrtrs Cent maRere Valor Uno Perera Minar oa To Ci cut tZ tes Peete ty Ses msto cra Peace en ntact kas Peete erties m Demonstrar que o conhecimento cientifico vai Pare PR Clee C Cesar tr GnGonCc oR osg Pea riemtltognecetasaen coca fatos. PBsgettl care iarratc (rte Mansi ory foarianyCecles PEW sy eters otc oes ne seo Ruel) alunos. lm Fazer com que os estudantes Peroni stole te ebc conn Rrontrsicrmes ochre met iecy m Dar condigées para trabalhos praticos que permitam Rancortartar nyenster leer ma tones nms ose oaG éticas. ENSINAR CIENCIAS NAO E: ee eee en woccine se Sere ee cet tne Cte procedimentos e resultados. Per ee ort aie cok emesa sone) discutir o seu significado e propostas alternativas. Pp ere ertenie rites ene vcc src ee ee are CORIT CI serao usados durante 0 curso. Peete cc te Renee era conc ecco nn Pea ence roa NC ORo ree ae stteimicm satan © contetido ao cotidiano e as experiéncias pessoais Peelers PRN ieee tar aie tccre i ar sects at ra teloe PBN Emestias tam te Berlitz tele smneus attorney AL Com ete ae pee lesst sec ets @ Permitir que os alunos pensem que a Ciéncia esta pronta Perera teketeers cia terteeges re ncOmessiesinen historica da ciéncia. Conhecendo e registrando o ambiente Modalidade: Estudo do meio. Local: Vizinhanga da escola. Tempo: 6 horas / 3 encontros. Areas de conhecimento envolvidas: Ciéncias, Portu- gués, Geografia, Historia, Biologia. > Conhecer o ambiente do entorno da escola em seus aspec- tos fisicos, sociais, culturais e ambientais. > Desenvolver competéncias e habilidades para reflexio e atua- gio na comunidade. > Ampliar a articulagao entre escola e comunidade. Justificativa: As atividades de estudo do meio vém sendo cada vez mais realizadas nas escolas ¢ em outros espacos de educagio e podem ser feitas pontualmente ou se constituir em verdadeiros projetos de- senvolvidos durante um bimestre, semestre ou ano. Em geral, os es- tudos do meio possuem forte articulagéo com a educagio ambien- tal, incorporando pressupostos importantes, como: a preocupacdo com ampla investigacao dos aspectos sociais, culturais e ambientais do local a ser visitado, via pesquisa bibliografica e/ou levantamen- to de dados na comunidade (entrevistas, pesquisa de documentos etc.), Incluem também a anilise e a reflexio sobre as informagdes obtidas e proposta de intervengao na realidade estudada que auxilie no enfrentamento dos seus problemas. 54 Ao desenvolver esse tipo de atividade, deve-se estudar o contexto em que estar4 sendo realizada — idade e escolari- dade dos participantes, local, acesso aos dados etc. —, adap- tando-a de acordo com as possibilidades reais. Ressalta-se, contudo, que, para sua realizado, é fundamental contemplar, em alguma medida, os elementos indicados, promovendo a coleta de informagées sobre o local e a reflexdo sobre os dados obtidos com vistas 4 reversio das dificuldades e dos desafios encontrados. A relacdo entre escola e comunidade/ sociedade é um dos pontos fortes desse tipo de atividade, na perspectiva de buscar alternativas viaveis para melhoria da qualidade de vida dos cidadaos. Metodologia: a) Preparando g estudo do meio: Nesta etapa, 0 organi- zador planejara o estudo levando em conta as caracteristicas do grupo e do local escolhido — idade, escolaridade, dis- ponibilidade dos dados, entre outros. Sugere-se que a esco- lha do local seja feita coletivamente, como mais uma forma de estimular a atividade. Contudo, aspectos de praticidade, custos e seguranga sao significativos. Uma experiéncia de- senvolvida por Rocha (1999) pode auxiliar na realizacio desta etapa, por meio do uso de fotonovela como ferramen- ta educacional para promogao da participagio na defesa do meio ambiente. A fotonovela é feita a’ partir de fotografias da comunidade local em situacdes cotidianas e dos seus es- pacos fisicos — pessoas no lazer, no trabalho, em casa, em atividades comunitarias, inseridas numa histéria ficcional ou veridica; éreas verdes, parques, riachos, mas também lixo, moradia, postos de atendimento etc. Sugere-se que a historia seja criada coletivamente pelo grupo que a produz, a partir dos dados levantados sobre a comunidade. Assim, nesta fase, as informacées sobre o local, em seus diversos aspectos, de- vem ser levantadas via entrevistas e pesquisa ¢ as fotos tiradas para compor a cartilha/fotonovela. Como alternativa 4 foto, podem-se também fazer desenhos para montar a cartilha. b) Criando a histéria: Como afirma Rocha (1999), 0 pre- paro de cartilhas fotograficas pode se mostrar um excelente 55 material de divulgacio em educagio ambiental, por facili- tar a troca de informagées, possibilitando a comunicagio e, por conseguinte, fortalecendo a confraternizacio comuni- taria. O retrato das pessoas que vivem com simplicidade — vendo-se por instantes como atores e eternizadas no papel, num enredo por elas mesmas criado — pode vir a ser ele- mento de grande satisfacio e promogio de interesses cole- tivos e humanitérios na busca pela melhoria da qualidade de vida, incitando a atuagdo benéfica sobre o ambiente ao redor. As fotos em branco e preto ou coloridas podem vir entremeadas com desenhos feitos pelo grupo. Para expres- sar as falas das personagens, as fotos levam “baldes” do tipo das histérias em quadrinhos. Para sta elabora¢io, os dados obtidos sobre a comunidade devem ser sistematizados com © auxilio do coordenador, enumerando aspectos impor- tantes para o objetivo da atividade e chegando em con- senso com 0 grupo sobre os elementos que vio compor a historia. Os participantes podem também ser divididos em grupos — alguns ficam responsiveis por selecionar as fotos e outros por redigir a histéria, mas sempre a partir das decisdes tomadas coletivamente. c) Organizando o conhecimento: Histéria pronta e aprovada pelo grupo, fotos selecionadas, é hora de montar a fotonovela/cartilha. A historia ¢ as imagens devem ser distribuidas pelas paginas da cartilha, que pode ser feita com folhas de papel sulfite, colando as fotos ¢ as falas nos “bales” ¢ o texto. A cartilha ou fotonovela tem uma producdo moderadamente rapida e barata e a reprodu- ¢do para um grupo pequeno pode ser feita por meio de fotocépias. Ao divulgar o material para o grupo e para a comunidade, a dimensao da intervengao, importante no estudo do meio, é de algum modo contemplada. Con- forme comenta Rocha (1999), tanto durante o fotografar quanto na sua revelacio, ampliacio e diagrama¢io, assim como no seu uso em um enredo particular, a fotografia pode também proporcionar um redimensionamento de si em relag4o 4 natureza, uma vez que revela um gesto magico de posicionamento de cada pessoa diante do que a circunda. 56 Material necessario: > méquina fotogrifica > filme > papel sulfite > caneta e lapis > lapis de cor > cola e tesoura Organismos geneticamente modificados — Quem controla? Modalidade: Role playing, simulagao. Local: Varios (escola, espago comunitirio etc.). Tempo: 4 horas. Areas de conhecimento envolvidas: Ciéncias, Geogra- fia, Histéria, Biologia. Objetivos: > Conceituar organismos geneticamente modificados — transgénicos. > Identificar os atores que devem participar do debate sobre o uso de transgénicos. > Analisar argumentos a favor e contra 0 cultivo e 0 uso de transgénicos. > Analisar argumentos a favor e contra a pesquisa sobre orga- nismos geneticamente modificados. > Discutir aspectos éticos relacionados a pesquisa cientifica. Justificativa: A historia da humanidade esta estreitamente vinculada a ca- pacidade do homem de selecionar, cruzar e obter variedades de plantas que apresentassem qualidades para melhorar a alimen- tacio e a produgao em geral, adaptadas a diferentes condi¢des ecolégicas e resistentes a pragas. Tecnologias recentes permitiram 0 melhoramento de plan- tas, o cruzamento de espécies diferentes, de forma mais répida ¢ segura, desenvolvendo in vitro embrides que em outras condi- ces seriam invidveis. 57 Com 0 conhecimento do cédigo genético e 0 consequen- te progresso da engenharia genética, hoje também € possivel incorporar ao material hereditério de uma planta um gene ou grupo de genes que determinam caracteristicas que se instalam e se desenvolvem no vegetal. Essas técnicas provocam, em Ambito internacional, discussdes, controvérsias e medidas legais regulamentando 0 uso desses orga- nismos. Argumentos a favor da utilizacio de transgénicos envolvem a necessidade ¢ os resultados favoriveis da pesquisa para a melhora da qualidade de vida. J6 os argumentos contririos invocam perigos potenciais para a satide de seus consumidores e ditvidas sobre o impacto ambiental desses seres modificados. Um outro foco da discussio incide sobre os responsaveis pelas decisdes acerca da pes- quisa e do uso de transgénicos e cuidados com a biosseguranca. Metodologia: a) Pesquisando sobre o tema: A atividade compreende, no inicio, leitura de textos, principalmente de jornais e revistas, sobre a discussio relativa ao uso de transgénicos. Os alunos colecionarao os recortes € o professor prové textos adequa- dos para leitura. b) Simulago: O professor distribui cartdes de personagens importantes no debate. > Cientista 1 — Defende a necessidade e a liberdade total da pesquisa. > Cientista 2 — Argumenta sobre a responsabilidade social do pesquisador. > Consumidor — Quer saber as possibilidades € os riscos potenciais do uso de transgénicos. > Representantes de instituigses que defendem os consumidores — Exigem avaliagdes rigorosas dos transgénicos antes da liberacio para o consumo. > Representantes de drgaos e entidades de registro e fiscalizagao — Explicam como é 0 procedimento para autorizacio e licenciamento, fiscalizagio e acompanhamento dos pro- jetos de pesquisa. 58 > Representantes de comissdes internas de seguranga— Agem junto as instituices, explicando como mantém informados os tra~ balhos sobre as questdes relacionadas a saiide e seguranca. > Empresdrios ¢ industriais — Interessados na comercializa~ Gao dos transgénicos. > Agricultores — Interessados em usar transgénicos para au- mentar a qualidade/quantidade do produto > Politicos — Querem opinar sobre o uso de transgénicos e seus efeitos econdmicos, sociais e politicos. > Ambientalistas — Pessoas ou grupos que defendem a ma- nutengio e a restauragio de condiges ambientais ade- quadas 4 melhor qualidade de vida. > Jornalistas — Devem informar a sociedade os riscos, os beneficios é'as incertezas sobre os transgénicos. > Representantes de instituigdes internacionais (como a Orga- nizagio das Nagdes Unidas para a Agricultura e Alimen- tagio — FAO — e a Organizacio Mundial de Satide — OMS) — Explicam como se dé sua atuagao de bios- seguranga no ambito internacional. c) O debate: Dever4 enfocar o papel da ciéncia e sua rela- cdo com a qualidade de vida e como deve a sociedade se organizar para no fazer uma andlise ingénua e simplista da questo, dando aos consumidores o direito de estarem bem informados. Espera-se que haja discussio em que os alunos argumentem de acordo com sua personagem, mesmo que nfo concordem com o papel dela na Comunidade. Material necessario: > recortes de jornais e revistas; artigos sobre organismos gene- ticamente modificados. Cidadania e midia impressa Modalidade: Leitura de textos. Local: Varios (escola, espago comunitario etc.) Tempo: 4 horas. Areas de conhecimento envolvidas: Ciéncias, Portugués. 59 Objetivos: > Desenvolver leitura critica de textos cientificos e jornalisticos. > Perceber as diferengas entre os diversos tipos de textos: cien- tifico, de divulgacao cientifica e didatico. > Reconhecer e afirmar o direito 4 vida, nas suas diferentes dimensées. Justificativa: A educacio em ciéncias é uma pritica social desenvolvi- da nao s6 na escola, como também nos chamados espacos nio formais de educa¢4o e nas diferentes midias. O perfil ideal do divulgador da ciéncia tem sido tema de discussao e diferentes tendéncias se delineiam. Por um lado, defende-se que o proprio cientista deve se ocupar da divulgacio, seja pela sua “natural” competéncia, seja por um compromisso em compartilhar o conhecimento que produz com aqueles que o financiam, ou seja, a sociedade. Por outro, vao se ampliando os cursos de for- magao de profissionais nas 4reas de jornalismo cientifico e de mediadores/monitores para atuagio em museus de ciéncias, por exemplo. Hi, assim, um consenso entre aqueles que realizam a divulgagio da ciéncia sobre a necessidade de transformacio da linguagem cientifica com vistas & sua compreensio pelo pibli- co. No entanto, as questées que envolvem a divulgacao nao se restringem a esse tema, mas dizem respeito também a proble- miticas relacionadas ao “porqué” e ao “como” divulgar. A midia impressa, como jornais didrios ¢ revistas de divulga- ¢40, possui espaco dedicado & ciéncia, adotando uma linguagem propria, caracteristica desse meio de comunicagio direcionado para o piblico em geral. Por outro lado, a linguagem presente no texto cientifico — muitas vezes rigida e objetiva — tem a fun- Gao de divulgar o conhecimento entre cientistas e, por essa razi0, nem sempre é acessivel ao grande ptiblico, Os livros e os materiais didaticos em geral também tém o compromisso com a divulga- cdo ea disseminagio dos conceitos cientificos e apresentam uma linguagem particular, caracteristica do ambiente escolar. Reconhecer as diferengas de linguagem e se apropriar das in- formagées divulgadas nos diferentes textos é parte do processo de 60 alfabetizag4o cientifica. Além disso, muitos dos contetidos tra- tados nesses textos so relevantes para a melhoria da qualidade de vida dos cidadios. Consideramos, assim, 0 acesso critico 4 informagio cientifica como parte do proceso de inclusio social e um direito de todos. Metodologi: a) Analisando textos: O coordenador da atividade deve sele- cionar trés tipos de texto — cientifico/académico, didatico e de divulgacio cientifica (de jornais diérios ou revistas de divulgacio) — sobre um mesmo tema/contetido cientifico. Os participantes deverio fazer uma primeira leitura dos tex- tos individualmente e trocar impresses sobre seu contetido e forma. Umyroteiro com os seguintes itens deve ser entre- gue para auxiliar a andlise dos textos: > Identificar tema/contetido trabalhado. > Caracterizar formagio do autor do texto. > Identificar 0 veiculo de divulgacio. > Identificar 0 publico-alvo (indicando se esse dado é ex- plicito ou nao no texto). > Caracterizar o nivel de complexidade do contetido abor- dado (alto, médio, baixo), justificando. > Diferenciar os trés tipos de texto: cientifico/académico, didético e de divulgacio cientifica. > Destacar as estratégias linguisticas usadas pelo autor para facilitar a compreensio pelo publico-alvo, como palavras, expressdes, analogias, metforas, exemplos, definicdes. > Identificar a presenca ou nao de imagens, tabelas, grificos, esquemas € caracterizar o papel desses elementos no texto. > Acrescentar outras observagdes que considerar relevantes, b) Sintetizando os dados: Apés leitura ¢ anilise inicial dos textos, os grupos deverao elaborar uma sintese, apontando as caracteristicas encontradas. Nesse momento, é importante identificar em qual dos trés tipos de texto as estratégias lin- guisticas sio mais utilizadas. Flaborar um quadro organizan- do as conclusées pode ajudar nesta tarefa. 61 Texto 1 Texto 3 (cientificor ea) (de divulgaco académico) cientifica Com & a inguagem? Seas Usa imagens, esquemas ou tabeles? E possivel identificar idblico-alvo do texto? ° Como? Texto 1 Texto 3 (entficor | gettmes) | (de dvulgacdo académico) cientifica) Linguagem Outras estratégias Para diferenciar os trés tipos de texto, algumas caracteristicas podem ser consideradas.” Destacamos, porém, que essa caracte- riza¢ao nao é rigida e que € possivel encontrar textos hibridos, ow seja, com elementos de outros tipos de texto. Sugerimos apresentar essa tabela somente apés 0 trabalho de anilise ¢ sin- tese dos participantes. ©) Produzindo textos: Ao final da andlise propomos um exerci- cio de produgao de texto, oferecendo aos participantes da ativi- dade a experiéncia de elaborar um texto de divulgagio cienti- § Fontes de consulta: NASCIMENTO, T. G.; MARTINS, L. “Rel entre texto ¢ discurso no livro didatico de ciéncias”. In: Anais do II Encon- tro Regional de Ensino de Biologia, Niter6i, 2003, p. 186-189; JACOBI, D. “Communiquer par l’écrit dans les musées”’. In: SCHIELE, B.; KOSTER, E. H. La révolution de la muséologie des sciences. Editions Multimondes/Press Universitaires de Lyon, 1998; LEIBRUDER, A. P.“O discurso de divul- gagio cientifica”. In: BRANDAO, H.N. Géneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso politico, divulgagao cientifica. So Paulo: Cortez, 2000; GOUVEA, G. A divulgasdo centifica para criangas: 0 caso da Ciéncia Hoje das criangas. Tese de doutorado, CCS/UERJ, ago. 2000. 62 fica e/ou didatico sobre o tema trabalhado. Como roteiro para auxiliar nessa produgio, sugerimos as seguintes caracteristicas: > Definir 0 piiblico-alvo. > Utilizar diferentes estratégias linguisticas e imagéticas para facilitar a compreensao do texto. > Estabelecer o tamanho do texto (exemplo: 1 folha e/ou 500 palavras no maximo). > Indicar bibliografia consultada e sugerir leituras e/ou ou- tras formas de obter informag6es sobre o tema. Material necessario: > Selecionar trés tipos de texto sobre 0 mesmo tema: texto cientifico (retirado de artigos de revistas ou atas/anais de en- contros); texto didatico (retirado de livros didaticos); e texto de divulgagio (retirado de revistas de divulgacio cientifica). Alimento e cultura Modalidade: Pesquisa de campo. Local: Varios (escola, espaco comunitirio etc.). Tempo: 4 horas. Areas de conhecimento envolvidas: Ciéncias, Portu- gués, Geografia, Historia. Objetivos: > Perceber a diversidade cultural a partir do tema “Alimento”. > Analisar as influéncias de diferentes culturas em sua propria, por meio de pesquisa sobre a alimentagio da comunidade. > Desenvolver atitudes de respeito e tolerancia com relagio aos diversos aspectos das varias culturas. Justificativa: O desenvolvimento de atitudes que favorecam um forte senti~ mento sobre a importincia e a necessidade da paz e da tolerincia em relagio as diferencas ¢ fundamental na perspectiva da alfabeti- 63 zacio cientifica aqui assumida. Vivemos hoje em um mundo onde as conquistas dos direitos humanos ao mesmo tempo que avangaram enormemente na consciéncia e no cotidiano dos cidadios também sofreram tristes retrocessos. Estimular uma postura de tolerancia, de respeito e de cooperagio dian- te da diversidade de poyos, costumes, valores e necessidades torna-se, nesse contexto, um elemento crucial para o desen- volvimento da paz. Uma forma de levantar 0 tema da “Diversidade de cultu- ras, de seus costumes e valores” é, sem ditvida, por meio do alimento. O alimento é fonte de energia e responsavel pela vida em nosso planeta. Fornece aos seres vivos os elementos que os constituem — proteinas, acticares, gorduras, vitami- nas, {gua e sais minerais. Contudo, para além de sua impor- tancia biolégica, o alimento possui significados simbélicos esta presente em rituais de varios povos e em diferentes reli- gides. Ao longo da histéria, cada pais foi desenvolyendo ha- bitos alimentares que receberam influéncia de costumes dos diversos povos, bem como da coleta de alimentos existentes ou do cultivo de espécies locais ou trazidas por outros gru- pos humanos, seja via colonizacéo ou migracdes. No Brasil, por exemplo, a influéncia das culinérias indigena e africana € extremamente forte, além dos habitos alimentares dos por- tugueses, italianos e espanhdis em diferentes momentos da historia do pais. Outro aspecto importante com rela¢io ao alimento refere- -se ao tema da “Fome no mundo”. Em varias regides, esse é um problema social dramitico, consequéncia de fatores politicos, sociais e ambientais, entre outros. Desse modo, a partir do reconhecimento da diversidade alimentar que hoje compée a gastronomia dos diferentes paises, & possivel perceber como nossa civilizagio ¢ for- mada por uma saudavel ¢ divertida mistura de costumes e valores. Por outro lado, perceber que existem populagées inteiras ameacadas pela fome é elemento crucial para a tomada de consciéncia sobre as implicagées das politicas sociais e para a mobilizagdo de ages em prol da constru- ¢40 de sociedades mais justas. 64 Metodologi: a) Pesquisando sobre 0 tema: A primeira etapa dessa ati- vidade pressupde um levantamento de informacées sobre a importancia biolégica, histérica e geografica do alimento. Para tal, 0 coordenador poder escolher alguns alimentos presentes na dieta da comunidade, como, por exemplo, a batata, o tomate ou a banana, e orientar uma pesquisa em livros e/ou sites que informem os nutrientes existentes nes- ses alimentos, a sua historia e onde hoje sio cultivados. O grupo poderd ser subdividido em varios menores e cada um realizar a pesquisa sobre um determinado alimento. Esses da- dos sero organizados em uma tabela, buscando apresentar a diversidade de nutrientes, de origem e de locais em que hoje se utilizam esses alimentos. b) Trabalho de campo: Apés o levantamento sobre os alimen- tos, o grupo ir realizar uma pesquisa em sua comunidade, por meio de um questiondrio, buscando identificar quais sio os alimentos mais consumidos, qual o conhecimento que a populagio possui sobre a origem deles e as razées — sociais, individuais, familiares — de certos habitos alimentares. Um exemplo de questionario poderia ser: > O que se costuma comer no almo¢o € no jantar? Por qué? > Cite um alimento preferido de cada membro da familia. > Datas importantes sio comemoradas com comida? Quais datas ¢ © que se come? » Existe alguma receita de familia famosa entre vocés? Vocé poderia divulgi-la? > Vocés gostariam de comer outros tipos de alimento? Quais? > Onde adquirem o alimento? > De onde vém os alimentos que adquirimos? > Vocés sabem se os alimentos que consomem sio origind— rios de seu pais? Por exemplo, onde a batata foi cultivada pela primeira vez? c) Organizando os dados: Apés o levantamento, os dados ob- tidos deverao ser organizados para que seja possivel perceber 65 aspectos como: Quais séo os alimentos mais consumidos na- quela comunidade? Por qué? Que influéncias alimentares a comunidade sofre? Que desafios alimentares — nutricionais, socioecondmicos etc. — a comunidade deve enfrentar? Apés a discussio dessas e de outras questées suscitadas pelo question’- rio, as receitas fornecidas pelos entrevistados podem ser orga— nizadas, produzindo assim um livro de receitas da comunidade. Material necessavio: > livros, enciclopédias, rede mundial de computadores (inter- net) etc. > papel sulfite > caneta e lapis > lapis de cor > cola e tesoura Tecnologia e vida diaria Modalidade: Discussao e entrevista. Local: Varios (escola, espaco comunitirio etc.). 3 horas. Areas de conhecimento envolvidas: Ciéncias, Geogra- fia, Historia e Arte. Temp: Objetivos: > Identificar alteracdes do cotidiano resultantes de transfor- magées tecnoldgicas. > Identificar aspectos positivos e negativos em nivel individual e social dependentes de modificagdes tecnol6gicas. > Coletar e analisar depoimentos de usuarios de diferentes tecnologias ¢ o impacto destas. Justificativa: Cozinhar possibilitou a mudanga do repertério de fontes para nutrigéo, interferindo na satide ¢ estabelecendo um bori- rio comum para as refeigdes, 0 que resultou em fortalecimento de lagos domésticos e de agrupamentos sociais. 66 A evolugio de fontes de energia passando da lenha para o carvio, eletricidade ¢ micro-ondas obrigou a invengio de fogdes e fornos adequados, mudou a demanda por diferentes combus- tiveis e alterou o tempo e o esforgo necessarios para as tarefas, principalmente das mulheres. Tendo em vista a praticidade dos utensilios atuais,as mulheres puderam, com mais facilidade, com- por a forca de trabalho, transformando em muitos casos 0 pano- rama nas empresas, nas escolas e nos servigos piblicos. A anilise dos efeitos do uso do telefone fixo ¢ do celular, do ridio, da televisio e do videogassete serve como tema de interessantes discusses, indicando aos alunos, por meio das en- trevistas, como os mais velhos e os jovens avaliam o efeito das mudangas tecnolégicas em suas vidas. Os aspectos estéticos e funcionais relacionados as formas, aos materiais e ao design dos artefatos sio objeto de discussdes de cars ter interdisciplinar, incluindo aspectos sociais e econémicos. Metodologia: a) Preparando a atividade: Os participantes discutirio 0 conceito de tecnologia como uma atividade destinada a re- solver problemas; suas relagdes atuais estreitas com a cién- cia; seu significado para a evolugio da humanidade; e sua influéncia em usos e costumes de diferentes comunidades. importante lembrar aos estudantes a importancia de desco- bertas como a da agulha, dos dculos e das revolugdes agrico- la, industrial e de comunicagdes como exemplos de fatores que influiram na qualidade de vida da humanidade. b) Levantando dados: Apés a discussio, 0 grupo escolhera um artefato, como fogio a gas ou elétrico, panela de pres- sao, micro-ondas, radio, televisdo, automével ou computa- dor, entre outros, para objeto da atividade a ser realizada. Esta consta de entrevistas com os membros da comunida- de para obter informagées sobre como 0 objeto escolhi- do interferiu no seu modo de vida. O grupo dever ser preparado para realizar as entrevistas; o momento pode servir para discutir a metodologia da pesquisa, incluindo escolha da populac&o que vai ser entrevistada, levando-se em conta o ntimero de sujeitos, sexo, idade, ocupacio, 67 delimitacao da 4rea de coleta de dados, entre outros. Tam- bém a conveniéncia do uso de entrevista estruturada com perguntas previamente elaboradas poder ser objeto de discussio antes da decisio por um modelo de pesquisa. A coleta de depoimentos podera ser planejada na forma de anotagdes ou mesmo gravacgdes. Os alunos perguntario, por exemplo, que reflexos as mudangas tecnolégicas cau- saram no uso de diferentes fontes de energia, nos gastos mensais qa familia, na organizacio do domicilio. Visitando museus de ciéncias Modalidade: Atividade nao formal. Local: Museu de ciéncias. Tempo: 4 horas. Areas de conhecimento envolvidas: Ciéncias, Geogra- fia, Historia, Museologia. Objetivos: » Reconhecer os diferentes locais e contextos de ensino e di- vulgacio da ciéncia. > Desenvolver competéncias e habilidades para o aprendizado de ciéncia em espacos nio formais. > Estimular visitas periédicas aos museus de ciéncias. Justificativa: Os museus de ciéncias sio instituicées muito antigas ¢ existem pelo menos desde o século XVI, se considerarmos as grandes colecdes de principes e nobres europeus. Ao longo dos anos, esses locais foram adquirindo novas caracteristicas, intensificando cada vez mais suas atividades de pesquisa e ensino. Atualmente, museus e centros de ciéncias esto sendo instalados no mundo todo, como parte de um amplo mo- vimento de alfabetizagio cientifica; no Brasil, vivemos um momento especial de revitalizacio e ampliacao de institui- ges dedicadas 4 divulgacéo da ciéncia (ver informaces de sites no final deste topico). 68 Ampliam-se as parcerias entre os museus e as escolas, tan- to no que se refere as ages educativas como A qualidade destas. Nesse sentido, essa atividade busca reconhecer e di- vulgar © potencial educativo dos museus de ciéncias, con- siderando este parceiro da escola na alfabetizagio cientifica dos cidadios, Metodologia:” a) Preparando a visita ao museu: Esta etapa tem por fina- lidade conhecer 0 espago do museu que seri visitado. Para isso, © organizador da atividade poder obter informagées via telefone e/ou sife, mas, e principalmente, visitando o museu antes de o fazer com a turma. Muitas dessas insti- tuigdes oferecem cursos para professores, monitores etc., a fim de divulgar as atividades oferecidas. Com base nessas informagées, o professor planejara uma atividade motiva- dora preparando os alunos para a visita. Como sugestao, propomos a realizacio de investiga¢o dos alunos, na in- ternet, no site do museu a ser visitado e/ou em outros sites, a partir de roteiro elaborado pelo professor, 0 qual Ihes possibilite explorar e selecionar aspectos que gostariam de ver durante a visita. Além disso, dependendo do tipo/tema do museu a ser visitado, sugere-se a pratica de atividades ladicas para estimular a visita. Um exemplo interessante foi realizado por Chelini (2003) ao preparar a visita a0 Museu de Zoologia da Universidade de So Paulo (USP) Para esta etapa, o autor — na época estudante do curso de licenciatura — elaborou uma gincana com 0s alunos, ainda dentro da escola, utilizando imagens fotogrificas de animais para nio s6 estimular o interesse pela visita de forma divertida, como também levantar os conhecimentos dos alunos sobre classificac¢io, comportamento, habitat ¢ outras caracteristicas dos animais. a 6 Esta atividade esti fundamentada na metodologia proposta por Allard € outros. “La visite au Musée”. In: Réseau, Canadé, v. 27, n. 4, p. 14-19. dez. 1995 /jan. 1996. 69 b) Visitando 0 museu: Os alunos devem ser orientados em varios aspectos durante a visita, desde seguranca uso do banheiro até as atitudes recomendaveis. Muitos dos museus e centros de ciéncias possuem exposigdes interativas, em que o lema é tocar, mexer, experimentar; em outros, no entanto, contemplagio e observagdo so estimuladas. Divulgar essas informagées € essencial para o bom aproveitamento do tra- balho. E aconselhavel planejar uma parte da visita mais “for- mal”, monitorada por um mediador do museu ou pelo pr6- prib professor, durante a qual questes-chave sero propostas aos alunos para serem resolvidas a partir da visita ao acervo exposto. Contudo, é fundamental que haja espaco e tempo para que os alunos visitem de forma livre a exposigao ¢ pos- sam rever aquilo de que mais gostaram, se assim quiserem. No trabalho realizado por Chelini (2003), os monitores — estudantes de licenciatura — buscaram estabelecer uma re- lagao de didlogo com os alunos durante o percurso, visando ao desenvolvimento dos conceitos trabalhados na exposi¢ao. Para isso, foi inten¢ao articular os contetidos abordados com os conhecimentos dos alunos e com suas vivéncias, estimu- lando a participagio deles. c) Retornando 4 escola: Apés a visita é importante que o trabalho realizado nao se perca, planejando atividades que possam avaliar o impacto do trabalho nos alunos, nos as- pectos afetivos e cognitivos. E essencial que essa proposta de avaliacdo seja coerente com a atividade realizada ¢ nao é aconselh4vel cobrar dos alunos a memorizagio dos elemen- tos da exposic&o. Pelo contririo, propor atividades ltidicas como forma de avaliagio torna essa etapa estimulante e é possivel, assim, perceber tanto os aspectos ligados a conceitos como aqueles relacionados ao impacto afetivo dessa ativida- de no formal. Na experiéncia de Chelini (2003), de acordo com a escolaridade das turmas, houve o registro da visita por meio de desenhos. Para as séries do ensino fundamental, questées foram propostas para serem respondidas em grupo pelos alunos, buscando relacionar os contetidos observados com temas estudados em sala de aula. Sugerimos ainda a re- alizagio de uma mostra/exposi¢io de trabalhos produzidos. 70 Todas essas atividades auxiliam a prolongar a experiéncia vi- venciada para além do museu. Sites de museus: Museu da Vida da Fiocruz, Rio de Janeiro (RJ) www.museudavida.fiocruz.br Museu Nacional, Rio de Janeiro (RJ) wwwmuseunacional,ufij.br ‘Museu de Astronomia e Ciéncias Afins, MAST/MCT, Rio de Janeiro (RJ) www.mast.br Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém (PA) www.museu-goeldi.br/ Museu de Zoologia da USP Sio Paulo (SP) wwvemz.usp.br Museu Biolégico do Instituto Butantan, Sao Paulo (SP) www butantan.gov.br/museu/ Museu de Anatomia Veterinaria da USB Sio Paulo (SP) wwwausp.br/fnvz/musew.htm Estacdo Cigncia/USB, Sao Paulo (SP) wwweciencia.usp.br Museu de Ciéncia e Tecnologia da PUC, Porto Alegre (RS) wwwamet.puers.br/ Espaco Ciéncia, Recife (PE) wwwespacociencia.pe.gov.bt/ Material necessario: > imagens de animais retiradas de revistas, livros e/ou internet > papel sulfite > lapis de cor > cartolina > cola tesoura Agua — um direito de todos Modalidade: Pesquisa e debate. Local: Virios (escola e visita a espacos como represas, rios ou estagdes de tratamento de agua). 71 Tempo: 3 horas (se as visitas ocorrerem, esse tempo deverd ser redimensionado). Areas de conhecimento envolvidas: Ciéncias, Geogra- fia, Histéria, Matematica, Biologia. Objetivos: > Analisar como a 4gua é usada nas casas, na escola, na in- diistria e na agricultura. > Adquirir informagées sobre procedimentos e tecnologias adequadas para a economia de 4gua. > Analisar critérios sobre 0 uso — necessario ou supérfluo — da agua. > Identificar aspectos éticos relacionados ao uso da agua. Justificativa: A 4gua é um recurso natural e o seu uso, um direito de todos. O aumento da populagio, a urbanizagio, 0 desen- volvimento de tecnologias e as mudangas climaticas esto gerando uma preocupagio mundial com a possibilidade da falta de 4gua. Além disso, ha distribuicio desigual de Agua, com escassez em regides desérticas e eventuais inundacdes em outras areas, O uso racional da 4gua, portanto, reflete nao s6 a conscien- tizacio sobre os problemas de disponibilidade desse liquido, como também regras de convivéncia e economia que indicam respeito por um bem comum que é direito de todos. Metodologia: a) Discussao inicial: Comegar a atividade com uma cur- ta discussio sobre as necessidades do uso da agua com os participantes. Uma pesquisa de campo deverd ser feita com familias da comunidade, buscando informagées so- bre o consumo de agua. A amostra de familias sera delimi- tada pelo grupo. E aconselhavel evitar constrangimento por trabalhar com as préprias familias dos participantes identificar comportamentos inadequados. Pode-se fazer uma tabela para registrar os dados coletados. Atividade Sugestées Higlene matinal Limpeza de calgada b) Levantando dados: Os Pparticipantes preencherio as tabelas com os dados obtidos na pesquisa de campo. Também poder ser proposta uma pesquisa buscando informagées impressas ¢ na internet sobre regides do pais e do globo onde hé falta de agua e sobre fontes e uso de Agua (pocos artesianos, lengdis fredticos e reu- tilizagdo). Se possivel, os participantes poderio visitar estagdes de tratamento de Agua, represas etc., complementando as infor- macées adquiridas c) Consolidando informagées: A partir dos dados ob- tidos na pesquisa de campo e nos materiais consultados, sera necessdrio consolidar as informagées e avaliar as rea- 6es dos estudantes, ressaltando a necessidade de resguar— dar bens comuns como compromisso social e ético. Para isso, € importante destacar a responsabilidade de cada um em garantir qualidade de vida adequada para todos, por exemplo, por meio de campanhas elaboradas para incen- tivar a economia da agua no uso individual, na familia, na escola ¢ na comunidade. Sera interessante também vincular 0 uso tradicional ¢ econémico de 4gua ao desenvolvimento da tecnologia de “equipamentos inteligentes”, como torneiras € vasos saniti- rios com uso controlado, processos quimicos de despoluicio, entre muitos outros. 73 A contribuicdo da pesquisa cientifica para a sociedade Modalidade: Leitura de textos, discussio. Local: Sala de aula. Tempo: 4 horas / 2 encontros. Areas de conhecimento envolvidas: Quimica, Biologia, Geociéncias Objetivos: > Conhecer a importincia de fertilizantes do solo para a pro- ducio de alimento. > Discutir e analisar fatores que influem na pesquisa, tais como: o talento ¢ a tenacidade do pesquisador e condigées de tra- balho. > Analisar caracteristicas do trabalho ¢ personalidade da pes- quisadora. > Discutir aspectos como: necessidade de independéncia ¢ Hi- berdade do cientista. Justificativa: Uma planta para sobreviver precisa obter do ambiente: oxi- génio, gés carbénico, elementos minerais ¢ 4gua. Esses mate- riais na presenca de luz e clorofila, pigmento verde, permitem a producao de substincias orginicas necessarias 4 subsisténcia de vegetais ¢ animais. Alguns elementos inorginicos necessérios para os seres vivos sio encontrados no solo. Os mais conhecidos so: nitrogénio, cujo simbolo é (N), fosforo, de phosphorus, cujo simbolo € Be potissio, cujo simbolo é K (K-kalium), que compéem os adubos chamados __NPK e fazem parte de um conjunto de elementos quimicos de- nominados essenciais, pois sem eles as plantas nao vivem. Embora grande parte das plantas verdes viva no ar, que € composto por 80% de nitrogénio, s6 pode sobreviver quando absorve esse elemento do solo, fixado por bactérias. Portan- to, a adubagio do solo sempre representou preocupagio de 74 botanicos e agricultores para aumentar a produtividade das Iavouras. Material orginico na forma de urina e esterco vem sendo usado durante séculos como fertilizante. Outras fontes so salitre (nitrato de potissio) ou guano (depésitos de fezes de aves) que também sio usados para adubo em larga escala, Proteinas e Acidos nucleicos (DNA e RNA), essenciais 20s seres vivos, dependem, para sua formagio, de plantas que reti- ram o nitrogénio na forma de nitratos do solo. Plantas leguminosas como feijio, amendoim, soja eram ha muito tempo conhecidas comd enriquecedoras da quantidade de nitrogénio no solo. Pesquisas levaram A descoberta de que essa propriedade era devida a bactérias que vivem em nédulos na raiz dessas plantas. E um caso de beneficio mituo para os dois organismos, bacté- rias e leguminosas. A pesquisadora Dra. Johanna Dabereiner, que nasceu em 1924 na Tchecoslovaquia e li estudou agronomia e migrou para 6 Brasil em 1950, desenvolveu um projeto de pesquisa sobre a fixacio de nitrogénio em leguminosas nas regides tropicais. \ Sets trabalhos com a soja, iniciados em 1964, contribuiram pata que o Brasil se tornasse 0 segundo produtor mundial dessa leguminosa, representando uma economia anual de milhares de délares que seriam investidos na compra de adubos minerais nitrogenados. Descobri ainda que outras plantas, como gramineas, po- dem associar-se a bactérias e aumentar a produgio de nitrogé- nio, além de favorecer a preservagao ambiental. ‘A Dra. Johanna, em seu trabalho, contrariou os que defen- diam prioritariamente © uso de adubos industrializados refle- tindo outros interesses econdmicos. © exemplo de pesquisadora mostra como as descobertas cienti- ficas dependem de muito trabalho € liberdade tanto para investigar como para escolher uma temitica de interesse individual e social 75 Alfied Bernard Nobel (1833-1896) foi um filantropo, industrial e inventor da dinamite. Criou o Prémio Nobel, premiagio anual distribuida pela Fundagio Nobel para cientistas e escritores que se distinguem nas freas de Fisica, Quimica, Medicina, Economia e Literatura QUEM FOI Bryn) preg Johanna Débereiner nasceu em 1924, na Tehecosloviquia. Depois de viver algum tempo na Europa, ji casada, imigrou em 1950 para © Brasil. Pesquisou fixagio de nitrogénio na Embrapa Agrobiologia. Faleceu em outubro de 2000. Metodologi: a) Preparando a discussi pede aos alunos que pesquisem na biblioteca e na internet pro- curando mais informagées e dados sobre nutric&o das plantas. © professor introduz 0 tema e 1) Na década de’ 60, poucos admitiam que a possibilidade da fixagio do nitrogénio por bactérias pudesse compe- tir com o uso desse elemento como fertilizante mineral extraido de salitre e guano. Que interesses econémicos estavam em jogo nessa questao? 2) “O maior desafio do homem moderno é vencer a fome”, segundo a Dra. Débereiner. Em 1968, 0 nome da pesquisadora foi proposto pela Academia Brasileira de Ciéncias para o Prémio Nobel. A indicacio foi justa ¢ adequada? Por qué? Vidro, lata, garrafa de plastico ou caixa “longa vida”? Qual embalagem? Modalidade: Pesquisa e discussio. Local: Escola e comunidade. ‘Tempo: 2 periodos de 3 horas. Areas de conhecimentos envolvidas: Ciéncias, Quimi- ca, Biologia, Fisica. Objetivos: > Caracterizar diferentes tipos de embalagens para alimentos. > Analisar consequéncias ambientais do uso de cada tipo de embalagem. > Analisar argumentos a favor ou contra diferentes tipos de embalagem. > Analisar a importincia econémica e social da reciclagem. > Discutir aspectos éticos relacionados a escolhas pessoais de diferentes embalagens. 76 Justificativa: Para escolha das embalagens, varios fatores devem ser con- siderados tanto pelas indistrias como pelos usudrios: peso da matéria-prima necesséria, possibilidade de reciclagem ¢ qutros usos € limitagdes, como contaminagao e degradagdo em aterros sanitarios. Produtos de uso doméstico e industrial sio embalados em diferentes materiais que exigem para sua fabricacio energia recursos naturais ¢omo matéria-prima. Os mais usados sao vi- dro, plastico, metal e as chamadas caixas “longa vida”. O inicio de fabricag4o de garrafas fabricadas com PET, um tipo de plistico, foi na década de 70. A sua incineracio em uni- dades termoelétricas permite a recuperagao parcial da energia do material, que é de dificil degradaco em aterros sanitarios. Um dos contaminantes do PET que exige maior cuidado éa cola usada para rotulos, porque permanece como trago em material reciclado de garrafas de refrigerantes. Nos anos 80, nos EUA € no Canad4 comegou a coleta das garrafas para diversas utilidades, como: enchimentos de almofadas, tecidos, laminas e mais recentemente o uso desse material reciclado para embala- gem de alimentos. Reftigerantes ¢ certas conservas sio acondicionados em latas de aluminio, nao ferroso, Quando se transforma em sucata é re- ciclado para preparagio de ldminas com as quais sio produzidas novas latas e outras pecas. Depois de recolhidas sio imprensadas e encaminhadas a for- nos de fundicao e forjadas de novo em chapas para indistria. Podem ser recicladas intimeras vezes mantendo suas caracteris- ticas e propriedades. O vidro é 0 material mais tradicional para embalagem de bebidas e alimentos. Nos aterros nao softem degradacao. Con- tamina¢éo em bebidas assim embaladas pode provir de metais usados como tampas. Conservas, perfumes, ftascos de remédios, cosméticos na forma de garrafa, potes e outros frascos sao facilmente recicla- dos e substituem totalmente o material usado. 7 A caixa “longa vida” feita de papel cartio, plastico ¢ alu- minio pode preservar alimentos por longo tempo sem ne- cessitar de refrigeracao. Esse tipo de embalagem comecou a ser usado no Brasil na década de 70, embora seu consumo seja ainda pequeno comparado com paises como os EUA. Por ser restrito, nao ha ainda sistemas comerciais de recicla- gem pés-consumo. As aparas que sobram no processo de produgao das cai- xas so usadas para fabricar papeldo. Quando as caixas nado sio lavadas, 0s residuos de alimentos aumentam 0 perigo de contaminacao quando recicladas. Uma vantagem do mate- rial é que gera menos volume nos aterros do que as outras embalagens. Metodologia: a) Discussao inicial: comegar a atividade com uma breve troca de ideias sobre o que considerar na escolha das emba- lagens. Sugerir pesquisas para ampliar informacées e fanda- mentar as escolhas. Realizar levantamento sobre as razdes € 0s argumentos dos alunos sobre a sua op¢ao. Considerar di- ferengas de idade, sexo ¢ escolaridade nas respostas. Realizar pesquisas também na comunidade. b) Procedimentos de anélise dos dados: Os alunos rela- cionardo as respostas com fatores como idade, sexo e fase de escolaridade para responder a perguntas sobre as moti- vacées das escolhas considerando: custo, possibilidade de reciclagem, degradacao, razdes estéticas, de paladar e higie~ he para consumo. c) Consolidagao das informagdes: Com base nos dados obtidos na pesquisa feita na escola e na comunidade, apresentar relatorios com os resultados e discutir as ra~ zées da escolha, enfatizando a necessidade de considerar o uso de recursos naturais, de preservagio e de restaura- cio ambiental. 78 Dimensées éticas da ciéncia Modalidade: Discussio e pesquisa. Local: Varios (escola, instituigdes cientificas). Tempo: 4 horas. Areas de conhecimento envolvidas: Ciéncias, Geogra- fia, Historia, Filosofia, Biologia, Fisica, Quimica. Objetivos: > Encorajar atitudes de anilise dos problemas relacionados 4 ciéncia no nivel individual e coletivo. > Distinguir fatos de julgamentos de valores éticos e morais. > Identificar diferentes concepgdes de ética usadas pelos alu- nos. > Analisar critérios sociais, ou seja, de relevancia para a quali- dade de vida e valores humanos. Justificativa Aspectos éticos, historicamente, sio inerentes a atividade cientifica, Hoje essas questdes, considerando a magnitude & a influéncia da ciéncia e tecnologia na vida pessoal e social, exigem do aluno e do professor ampla andlise e discussao. Frequentes casos apresentados pelos veiculos de comunica- cio apresentam questdes referentes & ética; situagbes como Juta para quebra de patentes de medicamentos, autorizagao para pesquisa com células-tronco, destruigao de material de experimentos que estavam em proceso em. empresas, ACUSa= goes de pligio ¢ as relagdes de cidadio com a ciéncia mere cem discussio de diferentes facetas dos problemas ¢ anilise das posigdes que os cidadaos podem tomar. Metodologi a) Pesquisando sobre 0 tema: os alunos respondem em grupos as questdes: 1) Que questées éticas cientistas devem levar em conta em sua atividade profissional? 79 2) Qual a responsabilidade do cidadio em relacio aos aspec- tos éticos da ciéncia? b) Preparagio para discusséo: Elabore um quadro como 0 seguinte, acrescentando ou eliminando afirmativas. i Afirmativa | concorde | Discordo | Por qué? | | | | A cléncia ¢ neutte, © clntista ndo| ‘tem nada a ver com 2 utlizacdo a | resultado de suas pesquisas. © cientista deve pesquisar epenas o| ‘que ihe interessa pessoalmente. ‘A pesquisa deve sempre Visar a temas de aleance social. [0 cientista, quando usa dados de | outras pesauisas, deve mencionar a | fonte de seus autores. | | Cabe ao governo determinar que | pesauisas devem ser feitas pelos | | cientistas. | Plagiar, copiar trabainos de outros, &| antitico @ passivel de punigo. | | | Deooobertes ceniieas slo] propredade ds numanidede no de pales, empresas ou ncuos, (© cldadao nao pode opinar sobre 0 interesse das pesquisas cientificas, | (Os cientistas no devem discordar | | publicamente sobre a metodologia e| | 8 resultados das pesauisas. | | Pesquisa publicada em jornais © revistas da grande circulacéo néo ‘deve ser contestada | 0 julgamento da validade das | pesquisas $6 pode ser feito por | outros ciontistas. PosicSes divergentes e controvérsias ‘so importantes para 0 progresso da cléncia. 80 1) Pega a cada aluno que responda ao questionario, 2) O professor faz um levantamento das respostas. 3) Em seguida, em pequenos grupos, os alunos discutem as di- ferentes posicdes. 4) O professor deve ouvir ¢ avaliar as justificativas dos alunos em uma discussio geral. 5) Em seguida, os alunos claboram suas conclusdes pessoais so- bre o tema. Material necesséario: > Quadros para todos os alunos expressarem individualmente suas opinides, 81 Consideracées finais Neste livro, discutimos a importincia e o significado da compreensio do papel da ciéncia e da tecnologia para 0 exerci- cio pleno da cidadania. Tracamos a evolug’o resultante de tensdes que foram pro- vocando mudangas curriculares, indicando a impossibilidade de dissociar cigncia tecnologia e estas de nossas vidas. A preocu- pac¢io cada vez mais intensa com a preserva¢io e a restauracao do meio ambiente, as crises resultantes da caréncia de fontes de energia, as relagdes da tecnologia com a ciéncia basica e destas com o desenvolvimento social, econdmico ¢ cultural de dife- rentes paises e regides influem decisivamente na reestruturaco do ensino de Ciéncias. Nao pretendemos substituir os objetivos que envolvem os par- ticipantes na obtengio de evidéncias, elaboracao de hipdteses e planejamento de investigagdes para observar fatos ¢ compreen- der principios bésicos da ciéncia. A nossa intengao € ir além e demonstrar como esse conhecimento ¢ as atitudes desenvolvidas podem ser ampliados, dando aos participantes a ocasiao para vi- venciar ¢ avaliar possibilidades e limitagdes da ciéncia e da tecno- logia na melhoria da qualidade de vida. Por exemplo: a atividade “Agua — um direito de todos” complementa e integra 0 apren- dido sobre a composicio e as propriedades da agua, que passa a ser vista como recurso natural que depende de ages coletivas para uso e distribuicdo equitativa. As decis6es a tomar envolvem mui- tos percutsos, 0s quais vinculam conhecimentos de muitas areas, experiéncias de vida e mudangas de habitos, entre muitos outros. Acreditamos que, além de considerar 0 significado dos co- nhecimentos cientificos e de suas implicagSes sociais, exercicios 83 como os sugeridos tornam aprendizado dinamico e relevante, incorporando outras dimensées de andlise. E possivel constatar que as sugestdes apresentadas obede- ceram a algumas diretrizes: sio temas presentes na nossa vida cotidiana; comuns a varios campos de conhecimento e disci- plinas escolares; e nio demandam recursos de apoio de dificil obtencio. Do ponto de vista didatico, pressupdem metodologia que estimula a participacio e a construgio de conceitos por meio de anilise e sintese. Dependem da disposigao dos educa- dores, transferindo seu trabalho também a novos ambientes estabelecendo novas relagées interpessoais, enriquecendo, assim, as situagdes de aprendizagem. ‘Além disso, requerem a capacidade de lidar com situagdes inesperadas, ouvir opinides muitas vezes controversas, procu- rando compreendé-las, bem como aos seus argumentos, sem impor suas ideias, apenas participando do debate. Seguramente, 0 professor e 0s educadores em geral, parti- Ihando com os estudantes experiéncias como as sugeridas, terio a satisfagdo de contribuir para a formagio de uma populacio com consciéncia e capacidade nao s6 de cumprir os deveres usuftuir os direitos de todo cidadio, mas também de participa e atuar na construcio da sociedade. 84 Bibliografia Agroforestales en América — Agroforesteria en las Américas, ano 2, n, 6, abe.jun. 1995. BARROS, H. L. de. “Para onde caminha a ciéncia?”. In: RIBEIRO, D3; WER- NECK, E. FH, Cifncia e pobreza no século XXI- ciclo de atualizago em jorna~ lismo cientifico. Rio de Janeiro: Faperj/Academia Brasileira de Ciéncias, 2002. p.11-16. “Quatro cantos de origem”. In: Perspicillum, Rio de Janeito: Museu de Astronomia ¢ Ciéncias Afins, v.6,n. 1, nov. 1992 BIOLOGICAL SCIENCE CURRICULUM STUDY (BS' Biological Literacy, 1993, Developing BRAGANGA GIL, E; LOURENCO, M. C."Que cultura para o século XP? O papel essencial dos museus de ciéncia e técnica”. In: VI Reunido da Red-Pop. Rio de Janeiro: Museu de Astronomia e Ciéncias. Afins/Unesco, jun. 1999, CANDAU, V. “Construir ecossistemas educativos — reinventar a escola”, In: Reinventar a escola, Petropolis: Vozes, 2000, p. 11-46. CAZELLI, S. Alfabetizacao cienéfica ¢ os museus interativos de ciéncias. Dissertagio de Mestrado. Rio de Janeiro: Pés-graduaco em Educagio da PUC, ago. 1992 _—___. “Divulgagio cientifica em espacos nao formais”. 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Responsivel pelas disciplinas Metodologia do Ensino Su- perior, Metodologia Especial — Ciéncias Biomédicas e Evo- lugio do Curriculo de Cigncias, em nivel de pés-graduacio da FEUSP, exerceu varios cargos, entre eles o de vice-reitora diretora da Faculdade de Educacao da USP. E autora, organizadora e coordenadora de livros, artigos e videos sobre fisica, educacio, ensino de ciéncias e formagio de professores. Martha Marandino é graduada em Ciéncias Biolégicas pela Universidade Santa Ursula e doutora em Educagio pela Universidade de Sao Paulo. E professora-doutora da USP, atuando na area de ensino ¢ pesquisa de ciéncias, principalmente sobre os seguintes temas: ensino de biologia, educagio nio formal, museus de ciéncias, educacio em museus ¢ divulgacao cientifica. 87

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