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Educacdo e¢ desigualdade da renda urbana no Brasil: 1960/80 * Jacques R. Vettoso * 1 — Inrrodugio Este estudo analisa as relagSes entre educagio e distribuigto pes- soal da renda do trabalho no Brasil urbano. Baseando-se em dados do Censo de 1970, 0 wabalho se inicia com o esquema conceitual que considera a educagio © a experiéncia no trabalho como investimen- tos, Na primeiza parte do estudo, empregam-se dados de corte trans versal para estudar os efeitos da edueagio, experiéncia e emprego sobre a desigualdade da renda. Na segunda parte, analisamse as mudangas a0 longo do tempo. Usilizamse as estimativas baseadas nos dados do corte transversal, bem como dados de outras fontes, para fazer simulagées da distribuicao da renda em 1960 e para efetwar projecdes sobre sua desigualdade em 1980. + © presente texto integrasa originaslamente trabalho que abordava a dist buigio da renda numa pewpectiva de capital humano e ineuia una anise pvliminar dentro do enfoque dle segmentacio no mercado de trabalho: Jacqui R. Yellow, “Training, Employment and Distibution of Earnings in Braz trabalho apresenade na Conferéncia sobre Exprego, Subemprego c Devemprego de Graduados (Paris OECD, junhofjulho de 1075), mimeo. Esse trabalho haterior bascava-se em relatéio de peiquisa mais extenso sobre © tema: Jacques R, Velloso, “Human Capital and Market Sogmentation and Analysis of the Distribution of Earnings in Rrazil, 70", tee de Vh.D. (Calibrnia: Univere sidade de Stanford, 1973). Agracecemos ¢ spoio Snancelro da Fundagio Ford para a reaizagio desta poxquiss, asim como a cooperacio do IPEA/CNRH © da Fundacio IBGE, Os pontos de vista aqui expresios no. correspondem hncoessatiamente soi dees Orgios, Agradecemer ainda a0 compo editorial de Pesquisa ¢ Planejamento Econdmnico por aloes criticas © wigetoce para a breve revisio do texto original, A sesponsabilidade pela falhas que permanesam exclsvamente nos ** Da Universidade de Brass, esq Plan, Foon, Rio de Jancivo, (9) ola 718 dex 1990 Varios estudos sobre distribui¢io da renda foram realizados no Brasil, utilizando dados dos Censos de 1960 € 1970, Os trabalhos de Hoffmann e Duarte e de Langoni, * por exemplo, revelam um subs. tancial aumento na concentragio da renda nesta década, Outros pes- quisadores, como Fishiow, Hoffmann e Wells,? verificaram que, no periodo compreendido pelos anos de 1964 ¢ 1967 ou 1968, obser- vyouse uma marcada concentragio da renda, bem maior do que as ‘mudangas ocorridas antes ou depois daquela época, Para esses auto. r€s, assim como para Hoffmann Duarte, 0 programa de estabili- zagio do Governo, envolvendo estritos contrales de salirios, foi o principal responsivel pela deterioragao da distribuicgo, Para alguns ‘outros, como Langonit 0 aumento da desigualdade foi uma con. seqiiéncia natural do crescimento econdmica, O processo de cresci ‘mento teria resultado em: a) mudanca na estrutura educacional da populacio economicamente ativa, com deslocamentos de trabalha- dores dos setores de baixa concentragao da renda para setores de alta concentragio; e b) desequilibrios no mercado de trabalho, tecnologi- ficado teria desfrutado fe quase-rendas. Esta questio sera discutida adiante no estudo, porém desde jf cabe anotar dois aspectos fundamentais do processo de de- senvolvimento brasileiro mo periodo: elevadas taxas de crescimento econémico, particularmente no final da década de 60, ¢ altas taxas de aumento na oferta de edueacio, especialmente nos niveis mais elevados de exolaridade. camente determinados, onde o trabalho qua © R. Hoffmann © J. Duarte, “A Divibuigso da Rend no Brasil in Reviste Brasileira de Adninisingéo de Enpresss, 19 12 (abriljjunho de 1912), pp. 6-56: © C. Langoni. Disisibuigfo da Renda e Desemobimento Eeondnico do Brasil (Rio de Janeito: Expressto © Cultura, 1973), Caps 8 e 4 2A, Fishlow, “Brazilian Income Site Distribution: Another Look” Califérnia: Universidade da California, 1973), “Considcracies sobre a Fvolucho Recente da Distibuigio da Renda no Brasil” Série de Pesquisa (Sio Paulo: Universidade de Piruceaba, 1978), n? 19, mimeo, PP. 62%; € J. Wells, “The Distribution of Earnings in Brazil, 1959-197 Centro de Ystudos. Latino-Americanos, Universidade de Cambridge. 1973), vnimeo, pp. 128. 3° R Hoffmann e J. Duarte, op, cit. 46, Langoni, op. cit sae esq. Plan. Fon, 93) des. 1979 Os resultados acima € a evidléncia disponivel para outros paises* nfo sugerem uma necesséria diminuigio da desigualdade como re- sultado de mudancas na distribuigio de educagio ou como conse- qiiéncia do crescimento econdmico nas nagées subdesenvolvidas. Em tum estudo exploratério das relagées entre crescimento econdmico ¢ ‘eqiiidade social, Adelman € Morris© com dados de corte transversal para 44 paises subdesenvolvidos, conclufram que, para 08 pobres nesses paises nao hi qualquer irradiagio automatica ~ ou ‘mesmo provavel — dos beneficios do crescimento econémico. Ao con- wwitio, a posicio absoluta dos pobres tende a se deteriorar como con- seqiténeia do crescimento econdmnico” (p. 189). Embora seus resul- tados sejam mais sugestivos do que conclusivos — ¢ os préprios au tores 0 admitem — eles nos mostram que a relagio entre crescimento econémico © a parcela da renda apropriada pelos 60% mais pobres da populacio tem uma forma de “u” invertido: niveis extremos de subdesenvolvimento e niveis “elevados” de desenvolvimento estio associados a uma menor desigualdude. Os autores sugerem que, 2 partir do ponto de inflexio da curva as estratégias para promover a redugio na desigualdade deve enfatizar a utilizacio de recursos hhumanos.t Mas suas recomendagies de estratégias para esse fim tendem a ser relativamente vagas, ¢ sua anilise do tema baseiase essencialmente em interpretacdes ad hoc. Em nosso estuclo, iniciamos a andlise com um modelo de capital humano, onde se supde que a produtividade do uabalhador esti S David Barkin, “Aceso a Ia Bdueaciin Superior y Beneficios que Aporca ex México”, in Revista de! Conteo de Futudion Edurotions, n? 1 (reco fnestte de 171). pp. 47-74 eR, Hollister. “The Relationships beeween Education and the Distribution of Income: Some Forays". paper for the OECD Conference fn Politics for Educational Growth (Madison, Wis: University of Wisconsin, 1971), pp. 40 © 11, Adchian © C Mortis, Economie Growth and Social Eguity in Developing Govntvies (Sasfont, Califia: Stanford University Pres, 1973), Caps. 4 ¢ 5. TOs autores postans ainda que os beneticios a serem secebidos pelos pobres, ovide A expansio do sistema educaconsl, na verdade seriaen amait uma conse ‘gutncia das ielhorias intraduridas no sistema ¢ elo sumento de opertunidades de emprego do que propriamenre vewltado dieto dessa expansio, Entretanto, entra do. exquensa concrimal em que ot autores desenvalvem sta andl, fio i motivos para esperar qate om aumento na oferts de esolaridade tard, nocestarimente, melhorin ma qualidade da educacin olereckia ot simento «las ‘eportunidades cle emprego, Bdweasfo ¢ Desigualinde da Renda Urbana 689 rela consideradas como a principal fonte de diferenciais de produt de. Estas relagies permitem que analisemos 0 papel que a edu cacio e/a experiencia teriam na distribuigio da renda do traba- Tho. As suposigées implicitas no modelo s20 pelo menos discutiveis «, além disso, 0s exquemas analiticos que empregam tum maxtcto de capital humano gerahnemte a ¢ em relagies de oferta e de ‘manda em situagdes competitivas, ignorando varidveis de natureza estrutural, Mas cremos ser instrutive utilizar este modelo como pon- to de pattida, a fim de avaliar os possiveis efeitos que mudancas na distribuigio da edueacio teriam sobre a desigualdade de rend, € particularmente para comparar esses efeitos com aqueles que rest tariam de variacécs na distribuigéo dos retornos da educacio. Esses procedimentos permitirao avaliar a importineia relativa que 0s dois tipos de efeitos teriam sobre a concentracio da renda, Nossos resultados com dados de corte transversal sugerem que a desigualdade da renda urbana depende estatisticamente da dist io da educacio na forea de trabalho € dos retornos da educacio. No modelo empregado, a desigualdade também mostrase dependence, embora em menor gran, da disttibuicdo da experiéncia no trabalho € de seus retornos, assim como do emprego. Na etapa seguinte do estucd, simulamos a desigualdade de renda em 1960 € em 1980, Analisando as mudangas no periodo 1960/70, mostramos que as alteragées nos retornos da educagio foram mais im- portantes para o aumento da concentracio observada no perfodo do {que as modificagdes no perfil educacional da forca de trabalho. Argu: rmentamos que © comportamento das taxas de retorno foi sobretudo conseqtiéncia da intervengio do Estado na economia e do modclo de desenvolvimento adotado, que incluia uma rigorosa politica de controle salarial, e nao resultado de livre jogo das forgas de mercado nem efeito natural do processo de desenvolvimento, A simulacao da desigualdade em 1960 é complementada pelas pro: jecdes da concentragio em 1980, Extrapolamos para 0 petiodo 1970/80 as alteragdes na composigio educacional da forga de tra- balho ocorridas entre 1960 e 1970 e utilizamos as tendéncias de mu danga nas taxas de retorno da educagio na déeada passada como ‘omada 20s seus ganhos e onde as diferengas em treinamento so ida ndicador de seu comportamento na década atual, As projegdes in- dicam um aumento da concentragio da renda em 1980, continuando 64 esq. Plan, Econ. 93) des. 1979 © processo observado na década anterior. Argumentamos que mo- dificagdes ma distribui¢io de educagio provavelmente nao levariam, por si mesmas, a uma distibuico da renda mais igualitéria em 1980. Este resultado demandaria politicas salariais diversas da adotada na década anterior, € que benefieiassem mais os trabathadores situados nua base da distribuigio do que os trabalhadores de alta renda. 2 — Educagio e renda: um esquema conceitual © esquema conceitual de investimentos em treinamento como em capital humano norteia-se pelas linhas gerais a seguir. A freqiiéncia 4 escola acarrera custos, tanto em termos de despesas diretas quanto em termos de custos de oportunidade. Supdese que as habilidades axdquiridas com a educagio levem a uma produtividade maior. Se 6s sakitios equivalem a0 valor do produto marginal do trabalhador, envio um acréscimo de educacio resulta em renda mais elevada Assim, © estoque de edueacio incorporado a um individuo é uma fonte de capital humano. Empiricamente, 2 educacio tem sido fre- qiientemente considerada como a principal fonte de capital humano. Por outro lado, se 0 trabalhador nio recebe 0 equivalente a0 valor do seu produto marginal, os diferenciais de renda nl mais refle 10 diferencas nas capacidades produtivas, e 0 conceito de capit mumano néo tera signifieado econmico, Alguns analiscas da Tinka de capital humano argumentam que a teoria ainda € stil quando 605 individuos recebem 0 equivalente ao produto marginal médio de sua ocupagio ou quando sie pagos de acordo com 0 desempenho presente e com 0 desempenho esperado no futuro.® De qualquer modo, a igualdade saldvio-valor do produto marginal & “ainda uma suposigio nfo verificada, mantida porque é crucial para 0 corceito de capital humano € para sua utilizacio”.* 4A teoria ainda seria dtl presumiveimente como guia para a tomada de decisdes. Ver L. Thurow, Jnvesioent in Humen Capital (Belmont, Callérna: Wadsworth Publishing Co. 1970), pp. 1521 © Thurow, op. cit, p. 2% O autor reconhece que hi alguna evidéncia = indicar que, not Estados Unidos, © trabalhador nfo seiehe @ valor de seu produto marginal, Empregandy una fancle de produgio Cobb Douglas, estima Erducasto © Drsigualdade da Renda Urbana 665 Ainds no mesmo esquema conceitual, 2 experiéncia no trabalho também pode ser considerada como um investimento em capital hn. mano se condusir 2 aumentos de produtividade — e, portanto, da ronda, A experidncia de trabalho é entio, uma proxy tanto para investimentos em teinamento no trabalho, de carster geral ¢ espe cifico, quanto para “aprender fazendo” no emprego: oportunidades sratuitas para “aprender fazendo” no surgem em mercados de tra bao onde existe mobilidade de miode-obra.2 Um esquema teérico para a distribuicio de renda, como funcio 4a distribuigio de investimentos em edueacio, em expetigucia e dos retornos de tais investimentos, é uma consegiténcia natural dos com ceitos esbogados acima, Uma interpretagio heuristica simples dessas telagies pode ser feita We acordo com os termos a seguir. Pessoas com niveis educacionais mais clevados tém rendas médias mais ele. vadas, Se poseularmos una nica taxa média de xetorno dos ines timentos em educacio, entio uma distribui¢io mais desigual destes investimentos corresponderia a uma distribuigko mats desigual da renda, De modo andlogo, para uma determinada distribuigio dos investimentos, quanto maior a taxa média de revo, mais desigial 3 distribuigto da renda, pois esta reletira mais intensamente os die renciais de investimento. Postalando taxas de retorno var luma determinada distribuigio de educagio, quanto maior a dle. renga entre as taxas de retorno, ito , quanto mais desiguai for sua Aistribuiglo," maior ser a desigualdade de renda."* A aplicacdo dessa analise & distribuigio dos investimentos em experiéncia e sas taxas de retorno 6 direta e pode ser feta 20 longo das mesmas linhas. fle que em 1965 os genhos do tuzbatho, naquete pais, comesponderiam x cerca de 60%j, do valor de seu produto marginal, © que esta partiipagto tetia sido Felativamente eonstante durante os cinco ance anteiots, 1G. Becker, Human Capital (Nova York: National Bureau of Economie Research © Colimbia University Peess, 1968), p, 47: e J. Mincer, Schooting, Experience and Earuings (Nova York: National Bureau of eonomic Reseatch © Columbia Univenity Pies, 1974). pe 6, M1 Neste eomteto € em outeot locals do presente trabalbe, entende se por disteibuicio mais (memes) desigual aquela em que a8 taxis de vetorno crescem iminuem) com os anos de escolaridade, 12 Vina formalizagio dessas construcies teéricas encontra-se em G. Recker fT. Chiswick, “The Economies of Education and the Distribution of Eamings", in dmerican Heonomie Review, a% 46 (mio de 1966), pp, 358-0), ¢ em Co esp. Plan. Beon. 93) des, 1979 A analise conduzida neste estudo basciase inicialmemte mama ex- tensio bastante simples das previsdes dos efcitos da educagio ¢ da expe sobre 0 nivel de renda.' Uina varidvel adicional, in. €luida em nosso estudo, é a estabilidade de emprego, * ¢ isso nos permitiu obter uma aproximagio da taxa média de retorno da edu- ‘cagio independentemente do tempo de trabalho, No esquema tedrico descrito, podese esperar que, mantendose constante outros fatores, a distribuigio pessoal da renda esteja posi- tivamente asociada a: a) distribuigio dos investimentos em edu: caglo e distribuicio de experiencia na forge de trabalho; b) distri buigzo do tempo de trabalho; &) magnitude da taxa média de re: tomo da educagio © da remimeragio média da experiéncis; © a) ‘go das taxas de retorno da educacio. |A distribuigio dos investimentos em edueagio pode ser esturlada num contexto de oferta e demands, como prope Becker? A de- 6. Becker, “Human Capital and the Personal Distribution of Incomes: An Analytical Approach”, Conferéacia Woytineky 1 (Ann Arbor, Michs Institute ‘of Public Administration ¢ Depautnent of Economics, Universidace de Michigan, 1967) pp. 12-27, com nase mum trabalho anterior de G. Becker, Hunan Capital, ap) by esp. ype 81-68, 1s. Em peaquias acca dos efeitos da eiueaceo sobre o nivel de senda no wil, as estimativas das ta4ae dle retorno dos investinentos ea edueagZe foram relativanente vlevadas, frequentemente iguals ou maiores do que os xetornes Go capital fico, apaentemente confirmindo os ganhor de produtividade aso- fdadoe a increments na educacio. Para um zesumo vet, yor exemple, Claudia M, Casita, “lnvesinento em Educate no Brasil: Comparagio de Trés Estudes", in Pesjuise © Plancjaniento, vl. by a® 1 Gunko de 1871), pp, 141-158 As ssn variavel tambem pode sex cotendida numa abordagem de capital hhumano, pois investimeates relativatsente maiores em educagio © experiineia sumentuinin @ cisto de aportunidade do tempo da procura de emprego, te endo q clevar a estabilidide no emprego. Os efeitos alocaivos da elucagio fomneceriam, aos trabalhadenes mais instrudot, melhores xedes de informagio solve oportuniiades de enprego, tendo 0 memo efeico sobre a estabilidade ‘do tiabalhador. Ver Hl. Chiswick © J. Mineer, “Time Series in Personal Income Inequality in the United Stites {20m 1959, with Projections to 1985", in Journal of Political Economy, n° $0, parte ML {junho de 1972), pp. S866; F. Welch ‘education in Rroduetion”, i BB, Kibker (org), Investment in Human Capital (Columbia, S, C2 University of Carolina Pres, 1971), p. 382 € M. Bowman, “Comment”, iy Jousnal of Political Economy, n° 8D, parte HL (junho de 1972). pp. S07-7L 15 G, Becker, “Human Capital and Personal..." op. cit kdueacio © Desigueldede du Renée Urbana oor manda (D) de recursos para esses investimentos é uma fungio da taxa de retorno marginal do crureiro adicional que é investido, a oferta de recursos (S) € uma fungio da taxa marginal de “juros Essas relagdes estio ilustradas no Grifico 1, O ponto de equilibrio das curvas $ ¢ D é M, onde 0 volume total investide € OL, No mo- delo, a distribuigio da renda e dos investimentos depende da dis tribuigio formas (clasticidades) dessas curvas, Grético 1 OFERTA E DEMANDA DE EDUCAGAO © modelo considera que a curva da oferta tem um coeficiente an- gular positive porque usualmente é mais dificil finaneiar o investi mento em educagio & medida que seu volume aumenta. No modelo, a oferta de recursos varia entre que tam \lividuos, de ver én existe variabilidade na renda e na riqueza dos pais, na isponibilidade de bolsas de estudo ¢ de empréstimos ¢ na propensio 8 esq. Plan, Beon, 93) dex, 1979 ‘A curva de demanda, no modelo, representa a demanda de re- ‘cursos para investimentos em capital humano, Considerase que o produto marginal dos acréscimos de capital humano € decrescente. Dai uma taxa de retorno marginal decrescente para os investimentos adicionais e uma curva de demanda com cocticiente angular nega tivo, A demanda de recursos (ou de treinamento) variaria entre dividuos por causa de dilerengas cm habilidades “natas”, em ati tudes face ao risco © em outras caracterfsticas individuais. Assim, (© modelo indica que o total de recursos investidos em capital hu- ‘mano varia entre individuos devido a diferenciais na oferta ou na demanda; pessoas com maiores niveis de oferta ou de demanda inyestiriam relativamente mais do que outras. Hi vivios problemas com esse modelo. Reder* observa que nio fornece base adequada para uma teoria da distribuiggo da renda pessoal cuja aplicagio seja geral: as formas das funghes de oferta demanda no seriam independentes do conjunto de precos de equi- librio, mas refletiviam e variarian com esses pregos, Redet nio argumenta contra a existéncia de uma relagao entre distribuigio de capital humano e distribuigge da renda, mas observa que ambas seriam simultaneamente determinadas pelas preferéncias do consu- midor, pelas técnicas de produgio € pela riqueza. A distribuigio da riquera teria uma influéncia substancial na posigio © nas elastici dades das curvas de oferta, Além disso, esas varidveis determina riam as posigdes e as inter-relagées das curvas de oferta e de demanda através dos pregos relativos e, também, 0 volume ¢ a distribui dlo estoque de capital (fisieo ¢ humano), bem como a distribuigio da renda, Deste modo, as relagies entre a distribuigio do capitat humano € da renda pessoal dependeriam das relagdes com evsas vae ridvels exdgenas ao modelo. Na mesma linha de raciocinio, Mincer critica a interpretagio dada A dispersio mas curvas de demanda. Embora sua cr 80M. Reder, “A Pattlal Survey of the ‘Theory of Income Size Distribution’ in Lee Soltow (org), Sie Papers on the Size Disathution of Income and Wealth (Nova York: National Bureau of Feanomie Research © Columbia Valvessity 8, 1959), pp. 205-258, J. Mincer, “The Distribution of Labor Incomes: A Survey with Reference to the Human Capital Approach”, in Journal of Keonomle Literarure, ne 7 (argo de 1970), pp. 136. ducagdo ¢ Desiguoldade de Rende Urbana oa seja suficientemente desenvolvida, ele observa que parte dessa dis, persio, atribuida a diferengas em habilidades “natas”, na verdade repres diferengas de oportunidade. A importincia dos con- alos sociais ¢ do ambiente no lar nie esti incluida no processo de investimento deserito pelo modelo, Lissa questio ¢ discutida mais amplamente por Caroy.!® quando observa que as diferencas de classe sécio-econdmica entre o5 ester antes tendem « produzir um padr2o de curvas de oferts bastante verso daquele apresentado no Grifico 1, Esse padrio esti repre sentado no Grélico 2, Para os estudantes de classe sic daixa, a probabilidade de alcangar niveis altos de educagio & bas- Gratico 2 MUDANCAS NA OFERTA DE, EDUCAGAO EM FUNGA DA ORIGEM SOCIO-ECONGMICA ll ° 18M. Cammoy. “Notes semado no Encontro As Schooling and Income Distribution”, eeabalho apre da Asweiseio de Estudos Latine-Ametiancs ‘fadison, Wisconsin, mato de 1873), pp. 28, mimeo, 60 esq. Plan. Beon, 93) des. 1979 tante pequena, se comparada iquela dos estudantes de classe alta Para o primeito grupo, sua curva de oferta (Sf) poderia ser com siderads: quase inclistica, Como mostra o Grifico 2, a clasticidade aumentaria de acordo com a classe sécio-econdmiica de origem. To- mando-se um caso simples, com trés lasses sécio-econdmicay (baixa, média ¢ alta), as curvas S' representariam sobretudo diferengas nas oportunidades de acesso 0s niveis mais elevados de educacio, em ver de representar principalmente diferencas “natas” em habilidades. Além disso, os coeficientes angulares das curvas de olerta (no Gri- fico 2) tenden a diminuir (em r jo wos clas curvas no Grifico 1) 4 medida que aumenta a classe social de origem do estudante, re sultando numa distribuiglo da renda mais desigual do que no caso anterior. Em resumo, um modelo que representasse mais acurada- mente a realidacle deveria considerar que as condigies de oferta sto principalmente determinadas pela classe social de origem do indi viduo © no por suas capacidades individuais.” (© modelo analitico que sera utilizado em nosso estudo é desen- volvido a partir de uma relago entre distribuigéo da renda € dis- tribuigio dos investimentos em eclucagio © suas taxas de retorno, nao incorporando os efeitos de varidveis discutidas por Reder € Camoy, como aqueles relatives a distribuigio da riquesa € as dife- engas na classe social de origem dos estuclantes, Nio incluimos os 19 Gritcas mais severss 20 modelo deverito an oxigen em interpretagses altemativas as eclates entre educagio e senda do trabalho € que também ‘omsideram © papel da educagio como diferenciador da origem social do ind Vido, Fm PV. Gonba © R. Bonelli, “Esteutura de Salirios Indus ron: om study sobre a Distrbuicde de Salastos Medios em I Pecjuisa e Plmejanento Eeondmice, vol. 8, m2 1 (abs de 1978). pp. fq erltcam 4 eausalidade atribulda Js relays entre educagda e rena, enon: tage uma diensio de modelos alternatives. © salivio € visto basicamente ‘como um atribute do cargo, variance poueo em fungi das caracteristias Individuals educaclo e outray) da mae-de-obra, Ess seriam importantes para 1 avewo as fuagber denejulan, ji que ax quslifcagies necesirias para o eft lente desempentio da ocupaco serian em granite parte alquirilas no pr6prio ball. A educs3o, como “sinal” identificador da oxigem secial do individuo, dle suas habildades cognitivas © de yeus yadrées de comportamento. 30 nivel afetivo, seria releyante sobretudo como yeleulo de seleddo de uabalhadores owes para as diversas posicdes Iierdrquieas da estunsa de praduclo, © & nesta_medida que produsitia impacta sobre a dilerenciagio staal, Fducacto # Desigualdade da Renda Urbana on efeitos de classe social de origem sobre © acesso & educacio ou sobre 0s retornos da educagio, porquanto 0 eenso demogrlico nio for rece informacées acerca desta varkivel Ao tomarms a distribuicio da edueasto como dada, no estamos supondo que a mesma seja distribuida sleatoriamente na populagio rhem que as oportunidades de investimento nesse campo estejam gualmeme disponiveis para todas as pessous, Existe abundante evi déncia, em muitos patses, mostrando que a renda da familia € win importante fator que influi sobre © nivel de educagio aleangado pelo filho, No Brasil, virios estuilos indicam que o xcesso a ede cacio depende da classe s6cio-econdmies de origem do aluno.* Esta varivel, akém de seus efeitos indivetos através da educagdo, também teria efeitos diretos sobre a renda. Como exemiplo, contatos da fa alia no mercado de trabalho podem resultar num emprego relat vamente mais bem cemunerado ow numa rede de informaghes dle hor qualidade quando da procura ce emprego. Ainda mais im- portante, 0 processo de socializagio na familia, diferenciado por Classe sécioecondmica ¢ reforcado pela escola, desenvolveria atribu- tos de personalidade ¢ modos de auto-apresentacko compativeis con! certas oportun reflexos diretos sobre a renda.* dades de trabalho ¢ incompativeis com outras, tendo 2 Vex, por exemplo, a resenhs de N. Cunka, “Sistema de Ensine ne Teas cow Instrumente de Discriminagio Econdimica © Exratificagio Social", in Revina Brasileira de Eundos Pedagigicos, n° 54 (lho/stemino de 70), pp GIL. A classe séciocontimica de oigez tem divertos tipos de cfeitor sabre {© acoso 4 edteagio. Umm dos sais importantes € aquele representado pio pow relative, no orgamento familia, dos custos direton © jnivetos da fre founcla escola, que #80 um vasiivel relevante na deci clos etudasies das clases baixas © médias de continuarem on nfo na cicls. Now estilo sobre cendidatos sos cxames de supléncia de 1° € 2° graus em cineo capitis, 1 educacional. formal, revelou ‘que mais da metade dos candidates abandonou as ewolk porque necesita frabalhar ow porque mio dispunka de recursos para freqientik, Ver J. Vella, “Exames de Supléncis: Candidatos © Rendimento e2a Cinco Capitals”, fm Ca demos de Peaguise, n° 27 (derembro de 1978, yp. 222 cnvalvend ios que se enidiram do ss 2 Ver, por exemplo, 2 discussio em §. Bowles, “Understanding Uncaal Economie Opportunity”, ju American Reononle Revienr, n® 68 (alo de 1973), pp. $46.88 a Pes. Plan. Econ, 93) des. 1979 A exclusio da variivel classe sicio-econdmica da fungi de renda empregada no estudo tem como efcito imediato viesar para cima o cocticiente da variével edueacio, pois ambas esto. positivamente associadas. Num contexto mais amplo, ¢ dentro do esquema de ani lise inicialmente empregado, hi endéncia para que sejam superes Limados 0s efeitos de mudancas na distibuigio da renda como wna fungio de variagoes na distribuigio de educagio ou nos retortios da exiucagio. 3 — Métodos e dados © modelo utilizado em nosso estudo para analisar a distribuigio da renda deriva da fungio de renda inicialmente postulada por Becker € Chiswick e posteriormente desenvolvida por Mincer © por Chiswick © Mincer, com a ineorporagio das investimentos pésescolares ¢ da estabilidade no emprego.* Nessa formulacio original, os custos da educagio © dos investimentos posescolares eram considerados como ‘uma fragio & da renda que seria ganha se 0 individuo no estivesse investindo (renda potencial). O modelo supunha que essa fragio k ra constante entre individuos © entre niveis educacionais, © que tornava sua definigio empiriea idéntiea x0 miimero de anos de eda: cagiv. Contudo, é provivel que esa fragio — ou seja, « proporgio nite 08 custos totais © u ronda potencial — varie entre individuos de acordo com os anos de educagio ¢ com os perfodos de weina- imiento apés a vida escolar. Portanto, adotamos uma suposigio menos restritiva, qual seja, a de que esta proporsio varie segundo o nivel ‘educicional ¢ os aos de cdueagio, Com essas modificagées, além de ‘outros ajustamentos devidos existéncia de alta colinearidade nas Canad (provincia, Paises Baixos (regides geoecondmicas), México (amostra de traba- Inadores do sexo masculino) ¢ Porto Rico (forse de uabalho do sexo masculino).3 Num estudo envolvendo grande nimero de patses Aesenvolvidos ¢ em desenvolvimento, Lydall também encontrou uma relagio positiva entre desigualdade de cducagao e desigual- dade de renda A fungio de desigualdade de renda também indica que quanto maior « taxa média de retorno da educagio e/ou quanto mais levado 0 ganho médio proporcional da experiéncia, maior a con. centeagio da renda, mantidas constamtes as demais yavidveis, Por outras palayras, para uma mesma disuibuiggo de investimentos em educagio (ou experiéncia), a medida que o retorno médio da educagio (ow da experiéneia) aumenta, a distribuicéo da renda tornase mais desigual. Notese que aqui nos referimos a uin retorno smédio da educagio, mas variagdes nas taxas dle retorno também produririam um efeito relevante sobre a distribuiglo da renda, Na proxima secio, analisaremos os efeitos de vaviagdes nas taxas de retorno, Nossos resultados contrascam acentuadamente coin os de Chiswick € Mincer ® para os Estados Unidos, onde 0 componente educagio pequeno se comparado aos efeitos relativos da idade e do em: prego. ** A diferenca no valor do componente educagie pode ser S Recker € Chiswick, of. cits € B, Ghiswick, Income Inequality: Regione! Anlysis within « Hunan Capital tramework (Nova Yorks. National: Bureat (of Keonemic Research, 1974), Cap. 4 58K Chiswick, opt city Cap. 4 € 5 MOH, Lydall, The Structure of Ewminge (Londies: Oxford University Pres, 18). pp. 2046 5B. Chiswick © J. Mincer, op. city pp. 58865, Os autores valeramse de laos censitiris de 1659 para a forca de eeabelho mascalina,exchisive atividades spricolas. 59 © estudo nto. informa as contrbuigdes relatives, mas cis podem ser Caleutadas partir dos resultados apreseotadas, Estat ho: eucagio — 5%: dade = 3%: emprego = 48,8%, Ver B, Chiswick e J, Mincer, of city p. SID oe Peay. Plan. Bean, 913) des, 1929 dlevida uma taxa média de retomo mais elevada e/ow a uma dispersio dos investimentos em educagio. A idemtificagio do fator responsivel por essa diferenca requer uma redefinigio da nossa va ridvel educagio, pois os resultados no sio estritamente com. pariveis, No estudo aludido, os autores mediram a variivel educa. ‘gio em “equivalences de tempo" que empiricamente correspondem a anos de escolavidade, enquanto nés medimos a variivel em "equi- valentes de custes”. Estimando nova regressio para os dados bra sileitos ® © avaliando uma nova fungio de desigualdade de renda, © componente educagio mantém sua contribuicio relativa de 78%, fa taxa média de retorno estimada é de I4¥,, A varidncia dos anos de educagio & bastante semelhante nas populagoes estudadas no Brasil e nos Estados Unidos; encre elas hi uma diferenca de apenas 89, Todavia, » diferenga entre as taxis médias de retorno, © outro fator do componente ecucigio, é substancial: ela € da ordem de 1/8. Assim, a maior magnitude relativa do componente educt- Go no cai6 brasileiro, quando comparada as estimativas para os Fstados Unidos, seria atribuivel & diferenga entre as taxas de retorno. Essas comparagées referem-se a dois momentos no tempo: 1970 Grasil) ¢ 1959 (Estados Unidos). Nao ha resultados disponiveis com dados censitivios de 1969 naquele pais, mas Ind evidéncias que indicam ter a axa média de retorno decrescido durante a década passada,*® Jé que a varianeia dos anos de educacto tem exibido tama tendéncia igualmente de declinio,® © efeito do componente 40 Nesta nova septesio, 4 yativel edueacio € medida de forma idéntica 4 adotads eles autores, e obtémse In ¥ = 619% 4 O41 EDU* 4 082) IDA + 0,86 LOGL (2425.1) oan) as) 3.865.294 Re 097: X ALA varlineis dos sos de educigio nos dados brasileios © americans & 1403 © 1295, respectvamente, O cncficiente le educagio estinade para os Esads Unidos € 011 42M. Gamoy ¢ D. Marenbachy “The Return to Schooling in the United "in Journal of Human Resources, n° 10 1875), pp. S1238, 48 Dads de Chiswick € Mincer, op. cit, Tabela BIO. p. $4. Fdweagio ¢ Desigueldade da Renda Usbaxa 33 educagio na variincia do logaritmo da renda seria ainda menor em 1969 do que 10 anos antes. A evidéncia para outros paises poderia sugeriv um padrio seme- Ihante, ow seja, em paises de maior nivel de desenvolvimento a magnitude relativa do componente educacio seria. menor.** Ha resultados que aparentemente indican uma associacio negativa entre a taxa média de retorno da educagio ¢ a desigualdade dos anos de educagio na forca de trabalho, por um lado, ¢ 0 nivel de desen- voivimento dos paises, por outro.** Da perspectiva de capital hue mano, esse quadro representaria uma diminuigio da desigualdade de renda, acompanhando 0 crescimento econdmico, Entretanto a evidencia & de fato contraditéria, © além disso comparagoes a partir de dados de corte wansversal para paises com Aiferentes niveis de crevcimento econdmico podem levar a influén- cias enganosas quanto a mudangas 30 Iongo do tempo num dado pals. Fo Brasil & um exemplo desse cayo, Assim, na déeads passada assistimos a um aumento da desigualdade nos anos de educagio, comseqiiéncia de uma expansio relativa mais ripida da oferta de educagio a nivel de 2 grau (antigo ginasial) © do superior. Para 4 atual década, tudo indica que a tendéncia continuard, Nesse mesmo periodo, assistimos também a uma elevagio da axa média de retorno da educacdo e, como se discute adiante (Subsecio 5.2), 44 AS taxas médias de retome (csimadas por reqyeisio) para o México € Porto Rico sia maiozes do que para os Estados Unidos, ¢ 0 componente educagso ~ Gi) Var YE) — de uma funcio de ronda retvnida — 9 ¥ =P (EDUC? presenta comportavento wemelionte, Ver B. Chiswick, ap. al, Cap. 4. esp. Tahelas 4.2 0 4.8. 48 Nas cstimativas de G. Paclaropoulos © K. Hinchliffe, Return to Eadeas ion (San Francisco © Washington: Jossey-Bass, 193). Tabela €.2 © pp. 8 taxa média de retome € de 186; em pases com tends per capita de 1000 Uélases ou mais, de 10% em pales cont rena per enpita abaixo deste nivel [Nos resultados de Ml. Lydall, up. cit, Tabela 7.2, p. 2a, a distibuigie de anos de edueacio na forca de uabalho, medida pelo corficiente de Lotenz, € walor nos palscs eam desenvolvimento que cs dexenvalvides, 46 Um exame mais detido dos resliados dG, Psacharopentos © K. op. cit, revela que dentro do grupo de pales desenvolvidox 1 axa returno ereice & medida que sobe 0 nivel da rena per capi, 37 Em M. Camo, op. it, encontramse estinativas das tavas anédias de retome (primisio incomplete x superior complete) no peviodo, ost Pag. Plan. Econ. 93) des, 1979 essa tendéncia deve continuar na atual década. Assim, mesmo numa abordagem de capital humano, no caso brisileiro as perspectivas seriam de aumento da desigualdade da renda. Retornando 2s comparagies dos nossos resultados com os de Chiswick ¢ Mincer, analisemos as diferencas encoptradas no com ponente idade, Sua contribuigio relativa, no caso brasileiro (16%), € menos da metade daquela encontrada para os Estados Unidos. Em nossos resultados, a variancia da idade € apenas um pouco maior (4%) do que a da populagio estudada maqucle pais, porém © oposto se verifica para o coeficiente da idade; nossa estimativa comresponde a quase metade do valor obtido para os dados censi- trios americanos. Essas comparacoes sugerem que a diferenga no valor do. coefi- ciente € © principal fator vesponsivel pela maior contribuigio do componente idade naquele pais, Numa abordagem de capital hu- mano, onde este coeficiente seria indieador de diferenciais nos retornos dos investimentos péseducacionais, surge a hipdtese de variagdes na rentabilidade destes em relagio & dos investimentos em educagio. Nessa hipdtese, 0 crescimento da oferta de eduecagio, em circunstancias onde a forga de trabalho € akamente escolatizada, resultaria em um decréscimo no valor relative da educagio. A expe- rigneia tornarseia um bem comparativamente mai dando retornos mai escasso, coman. clevados, Contudo, mesmo numa perspectiva de capital humano, a comparagio dos resultados no fornece apoio adequado & hipStese. Em nossos dados aproximamos a renda do trabalho, excluindo da populagio os empregadores, mas eles ene contramsse presentes nos dados smericanos. Sua presenga viesa pata cima 0 coeficiente da experiéncia, de ver que idade © riquesa tém 18 Os cosficientes em nous populagio © naquela estaiada por Chiswick € Mincer so, respectivamente, 0.02 ¢ OM. A fungio de senda empregada por ‘ce autores conténn tina aproximacio empsrica da varivel anor de experiencia nna forea de trabalho (ger nots 23). A formuladto oxiginal de mua tuncao de ena continhs un terme “experiencia ao quadtado”, que foi suprimido no modelo estimate, Device a ese exclisio, 8 atores enipregera, no cilculo da Ingo de desigualdade de reads, um valor para 0 eoetcite la experiéncia que coresponde 4 meade do valor oviginalnente estado, Assim, ae diferencae entre noses results ¢ os daqueles autores so efetivamente maiores do que 45 apresentadas 9 texte Fdwcagla ¢ Desiguatdade da Renda Urbana 85 associugio positva. Nesa perspectiva, tanto o maior coeficiente da “experincia” quanto a maior contribuigio relativa do componente ha desigualdade da renda, naquele pals, podem estar refletindo os efeitos dos retornos de capital tsico, Na conuibuigio do componente emprego, que mo estudo de Ghiswick © Mincer representa cerea de 50% da varidincia explicada do log da renda, esti a maior diferenga entre os nossos resiliactos © os desses stores. Um cocficiente mais elevado para a varidvel emprego, uma varincia relativa maior desta variivel,*® 0 lado de sua asociagio mais intensa com o log da renda, consister, do onto de vista estatistico, mos fatores responsivels pela diferenca feyistrada. Ainda nesta perspectiva, a comparagio dos resultados estaca a menor impostincia relativa dos componentes educasio e idade, no cas americano, 20s quais se pode attibuir cerca de 80% dg varidncia do log da renda, € a relevincia estatistiea desses com. ponentes no c1so brasileiro, aos quais € abvibuivel a totalidade dos 50%, du desigualdade que sio explicados pela regressio. Cabe aqui uma andlise sucinta da variével emprego. A correla- io de ordlem zero entre 0 log da renda ¢ a variivel emprego é muito baixa, © sua contribuicio para a desigualdade de renda no setor urbino € igualmente redusida, Poderse-ia entio argumentar que nio ¢ plausivel a suposicio de um maior mimero de horas de trabalho por semana associado a um miimero de meses de traballio 4 Os valores do coeficente © da varidneia do tog do tempo de ta So, respetivarnente, 0,19 © 0,06, 30 Yodese citlar 2 magnitude d3_contribuiglo deiés componentes através ide uma fungio de desigualdade de renda onde o componente compres seja climinado, Assn, esta tangio se red a tits termos For = (8) +) + BD Fates nfs termos foram amtesionaente avalindos (Tabela 1), ¢ part ot dados braileiros obtém se aproximadamente: Var 2)" se 0280 4 0057 4. 0020 a 0357 Para 08 dados american Var ()* = 0061 4. 0181 — 0p = 0,196 Dado que a variincia explicada @ RE = Var QDe/Far QD, para fos dados brasileines RE = 0357/0417 = 050 €, para on datos americanos, Re = U9610518 = 030, 86 esq. Plan. Reon, 93) des. 1979 por ano, Contudo os dados sugerem que a aproximacio feita & adequada. No setor rural, a-maioria dos individuos declaou 0 rmimero de meses trabalhados €, mo setor urbano, a maioria das pessoas declarou o niimero de horas semanais de trabalho. Ora, a variincia de nossa varidvel emprego (em logs) € 0.062 para o setor ural ¢ 0,060 para o setor urbano, ou seja, uma diferenca desprezivel Assim, a resposta a discrepincia entre a expectativa de um subs- tancial efeito do emprego sobre o nivel de distribuigio da renda € 0 pequeno efeito observado podria estar na natureza das infor magies forecidas a0 recenseador, f possivel que as informacées sobre tempo de trabalho nio sejam bastante exatas, resultando numa atenuacia dos efeitos do emprego sobre a renda.% A tote dos reduzidos efeitos do emprego sobre a renda também pode originarse da informagio sobre rendimentos, fornecido 20 censo, Como ja assinalamos, 0 dado do censo é a renda média mensal que, multiplicada por 12, resultou em nossa variivel renda anual. £ possivel que alguns tabalhadores com rendas mensais no varia tenham declarado sua wiltima renda mensal em vez da mécia anal. Se, alm disso, esses trabalhadores nao estiveram empregades @ ano todo, o resultado scria uma reducio da comelagio entre o log da SI Parece que essa atenuacto teria sido homogénes quante aos diversos grupos ce setores dt populagio co estado, Asia, por exemplo, a variiucia do log ue imescs de trabalho para todos os empregades rurais, incluindo analabetos, & te 0008, enquanto que para tabalhadores rwsais, exeluinds anallabetos, & de 0982, No stor wrlano, a vasiiacia para autGnomos qualifiados, excluindo profiwiouais © gereites, mas iecuingo analfabetes, € de 0081. A varitncia ‘Observaia pa trabalhadores sutonomnos “maiginais™ (trabalhadores manuals fem uma ocupacio expecta © ontrot como engraxates, sapatciros, jardineies) € tauito maior, ou soja, 185, Postamto, apesar da hipérese de atenuacto, os ‘resultados ako comparsvele entre os divelsos grupos. As informagées parece er mie ov menos omogencamente vitsadas na diveglo da media, mas a Tagnitude relaiva cs dispersdo enutte os diferentes grupes esti de acordo com a expectitiva de que individvos mais quabificades esto menos sujcites a Mlcssprego, Outra hipéwse explcativa, mas que nio extlui # anterior, € 4 de ‘que 8 supents conespondénda ene mais horas de trabalho por semana © mais tess de tmbslhe por ano de lato ado se vedfiea na maloria dos casos. 150 signitica que 2 variivel tempo de trabalho nfo seria um indicador adequado da exabilidade do emprego, cmbora a varidvel ainda fowe Wil para padronizar fs efeitos da educacao e da cxperitncia sobie a rend bdueapto ¢ Decigualdede da Renda Urbona est renda € 0 log do tempo de trabalho, Hé evidéncia sugerindo que ‘sso pode ter acontecido. Para as pessoas que trabalham por conta lagio ainda € fraca, porém maior do que para os que a ronda mensal dos auténomos € tipicamente varidvel durante © ano ¢, portanto, € menos provivel que cstes declarassem sua senda no wltimo més. Nao dispomos de mais informacies para estuclar as hipdteses Tevantadas. De qualquer modo, deve estar evidente que elas ito implicam wm viés para cima nas contribuighes da educagio © da idade para a desigualdade de renda; antes, sugerem que a contri buigio total do componente emprego pode ser maior do que sua contribuigio observada e, assim, que 0 poder explicativo do modelo, bastante grande para microdados (cerca de 0,50), seria ainds maior do que foi medido, Resumindo, os resultados com dados de corte wansversal, obtidos para 0 sctor urbano, confirmariam as previsdes da teoria dle capital humano. A distribuisio da renda na populagto em estuclo mostrase ‘statisticamente dependente das taxas médias de retorno da edu cagio © da experiéncia, da distribuicio de investimentos em eda. cagio ¢, num grau menor, da estabilidade de emprego. Os eleitos conjuntos das covariincias de educagio e idade, eduicagio © emprego € idade © emprego sobre a desigualdade slo reduzidos. No sen conjunto, todos estes fatores explicam, no sentido estatistico do termo, cerca de 50% da observada desigualdade de renda Uma implicagio dos resultados obtidos ¢ a de que quanto maior a desigualdade de investimentos em educagio, ou quanto mais eleva- dos seus retornos médios, maior seria x desigualdade de renda, per- rmanceendo constantes os demais fatores, Nesta perspectiva, a tribuigio da educagio seria uma varidvel yelevante para politicas ‘que pretendam moditicar a distribuicio da renda do trabalho. O mesmo se aplicaria a taxa métlia de retorno da educacio, na medida em que € afetada pelas mudangas nos niveis de sal:inio que dependam de relagdes de oferta e demanda de escolaridade (por exemplo, aumentos nos niveis de salirio minimo). Para examinar 8 eleitos relativos das mudancas na educagio € nos seus retornos sobre a desigualdade de renda, precisomos primeizo avaliar sua magnitude, Tratemos agora desses © de autos efeitos relevantes eas, esq. Plan, Econ. 93) des. 2979 5 — Mudancas na desigualdade: 1960/80 Nesta seco analisaremos os efeitos de alteragdes a0 longo do tempo nas varidveis explicativas @ nos parimetros de interese na fungio de desigualdace de renda. Observaremos inicialmente os efeitos de mudangas nas distribuigdes da educacio e da idade, supondo que os coeficientes dessas variiveis no se alterem. Tomando 1970 como anorbase, cste procedimento nos permite simular a desigualdade exisiente em 1960 e fuer projecées para 1980 apenas em funcio de mudangas na distribuigio das variveis em apreco. Em seguida, as projeches de simulagies sio Teitas em fungie de modificagies nos retornes da educacio, mantendo constantes as variiveis expli cativas. Na etapa seguinte, analisimos © papel desempenhado pelas alteragdes na estrutura da educagio ¢ da idade, comparandoo as conseqiiéncias das variagies nas taxas de retorno. Na iiltima seo, examinaremos as causas das mudangas nessas taxas, na concentracio da renda na década passada, e as perspectives para a atual década. 5.1 — Alteragies nas variéveis explicativas 0s efeitos de alteragdes na distribuigio dos investimentos em edu: cagio, da idade © do emprego sobre a distribuigio da renda foram avaliados utilizamdose a fungio ampliada de desigualdade de renda = equagio (5). Para tanto, calculamos as derivadas parciais rela. tivas as varidveis de interesse na equacio (5). Os resultados en- contram-se na Tabela 2. Segundo os resultados acima, havendo um aumento tanto na dispersio quanto no nivel médio de investimentos em edueagio, a desigualdade de renda aumentara, O aumento de uma unidade no desvio-padrao dos investimentos em edueagio, mantides cons tantes os demais fatores, produziria um aumento de 97% (0,264 pontos) na variincia do log de renda. As derivadas parciais também indieam que Var (in Y) aumenta quando © nivel médio dos investimentos em educagio ¢ a idade 82 No Apéndlice, encontram se os resultados das devivadas parcitis € of proce- imentos bisicos eampreyados na avaliaglo eat mesmas Rdueagzo ¢ Desiqueldede da Renda Urbana 039 Tamera 2 Efeitos das varitiveis explicativas sobre a desigualdade de renda — 1970 eee eee a¥ar (mY) a¥or tm Vy oy. SRD eT =o noms SR gest aVar (nV), oar On Y) avon 1 SD ~ 0.050 Se cores Se Var tin V) SSP = 0007 = 0050 FONTE: Apindier média aumentam, cacteris paribus, ou, em outyas palavras, 4 me- Gida que se elevusse 0 estoque de investimentos em educigio ¢ po educacionais na forga de wabatho, mais a distribuigie da renda wxas de retorno deses invest lores permaneeessem seria afetada pela distribuigio das mentos. Se essa distribuicio © os demais fa constantes, quando © estoque de investimentos crescesse, a desigual- dade de renda também sumentatia, Os cfeitos de modilicagdes na distribuigio do emprego sio bem reduzidos: 05 resultados indicam um aumento de 1% da desigual- dade de renda para um aumento de uma unidade no desvio.padrio da varivel. Ja cxaminamos a pequena contribuigio da varidvel emprego na segio anterior: parece que os dados nos fornecem uma subestimativa das alteragdes na variincia do log de renda como consegiign: Os efeitos de alteracaes na correlagio entre educacio ¢ emprego (Ru) € entre idade € emprego (Ry) sio também pequenos (cerca de 7 ¢ 8%, respectivamente). Por outro lado, variag3es unitirias na conelagio entre educacio e idade (R,,) resultam numa alteracto de 25% em Far (Iv ¥). Contudo, devese notar que a alteragio de luma unidade num coeficiemte de correlagio € uma mustanga extre- mamente grande, de ver que um coeficiente de correlagio varia de de mudangas na dispersio da vaziivel emprego. 20 Pesg. Plan. Keon, 93) des. 1978 -} 1a = 1. Portanto, mesmo alteragées dristicas em Ry, 20 Tongo do tempo provavelmente niio ptoduzirio modificagdes substanciais na variineia do log da renda. [As derivadas parciais obtidas permitem-nos avaliar as alteragies nna variincia do log da renda que ocorreriam enire 1970 ¢ 1980, se na atual década © comportamento das variiveis em estudo seguir 4 tendéncia observada no perfodo 1960/70. Além disso, as derivadas parciais também nos permitem obter uma apoximacio da distri buieio da renda em 1969, romando 1970 como anorbase. Os dacs disponiveis para eletuar essas simulagdcs @ projecdes s1o bastante Timitados e referem-se apenas 4 distribuicio de anos de educagio € de idade, Estas slo, entretamto, as varidveis que apresentam os maiores efeitos sobre a desigualdade de renda na populagio estudada, ha, para 1860, dados publicados que nos permitam computar 6s investimentos em educagio em “equivalentes de custos”, isto & cempregando 0s procedimentos de mensuragio que adotamos até entio. Assim, vamos resteingirnos a comparagies em termos de in- vestimentos “equivalentes de tempo”, que em respondem a anos de educagio (daqui em dionte denotados por £*). Para avaliar as modificagies na varidincia do log da renda até 1980, supomos que as alteragées na média e no desvio-padrio das variiveis edueacio c idade, registradas durante 0 perfodo 1960/70, na populaglo economicamente ativa,# uplicamse 4 populagio em estudo no perioclo 1970/80, Os resultados encontramse na Tabela 3. 5S Os valores obvervadon em 1960 © erm 1970 slo os sequins: spe e sp T 1900 3492 4.800 34451 1970 3850 Sar B23 (Os decor sobre idade referema Qe seguintes faivas etas: 15:19; 20.24; BD; BORE; 85-8, ADAG; AinAD; e SOG. Para eleiko do edleulo das variagoes Droporcionals enite 1980 ¢ 1970, foram tomad>s os seguintes poutos médios de fade sie: WT, 22, 27, 82, $7) 4247, 52 o 37 anos de Made. Os dados sobre ‘oheagso teformae a fora de trabalho dp sexo mavenlino, excuindo a agri fia. Os dasos role idule yeleremeas A forga de trabalho do sexo. maseulino, Os hameres apresentndos acim foram obtios willzandese aa veciades pa Dleatoa do. couso. Ver FIBGE, Cones “Demografico do Brac, VIL Recentea ‘mento Geral ~ 1820, sfvie nacional, ol. 1 (Ito de Janeiro, 1973), Tabelas 21 22, pp. S189, Educasio ¢ Desigualdade da Rende Urbana or Taneta $ VariagBes estimadas na desigualdade de renda — 1970/80 re EE Eee EEE Daas Pari tow Cit tn Dovey nd kaye Yat ¥ ce on gam ann Tou om oom eee FONTE: Ver text, + Os valores das desivsdaspareias,utilzendlo o¢ ans de eczearo e kdade, sao 08 segulates a¥ar tn ¥) Wor tin VY aS) GR) ~ 0845 asd ay ~ O08 aVar tn Y) Var tin ¥ Sp = ote ee oie Estes valores foram caleulados wilizande-se as médias os desviospadto de edueagto e idade ns furyn de trabalho {ver nota anterin), as estimativas de Por (*).¢ Far (*)obtidas anteriormente iver Apéusic) eos coficentes de edueagao ® Ge idade na fungto Ia¥ = (EF, 1, Ind). Aestimotive desta fuga In ¥ = 6108-40151 EDU* 40028 1DA-+0,198 LOGL, oy (ens) 00g) Us) onde BDU* so rere » ancs do edueegio, a8 estatstens £ eat entre pantates 2 oltras variveis forsim definidas antevormente, £° = 04497 © N= 505.704 © cilealo das variagies estimadas na desigualdade de renda para 6 poriodo 1970180 pode ser shsrado tomandarse os efeiios das midangas proporcionais Aistribuigdo de edveaci. O desvic-psdtin dos anos de edura;ao aumento, cutee 1960 € 1970, do 3,442 para 8,820, of ea emt 98 po Hicando-e @ valor dose aumento pelo valor da derivada patcial 2Var (inlaSPXE®), que & de 0,245, obtém-se 0,008, Ete valor corresponde an anmento da desiguakiade da reuda de ido a0 aumento de dispersio dos auns de eduensdo, O messin procedimenta, 30 apliea As demeis madangas oe Peig, Plan. Beon, 93) des. 1979 ¥ provavel que a variincia dos anos de educagio na PEA continue a aumentar entze 0 anodase € 1980, de vez que a oferta de educagio tem crescido a taxas mais elevadas no 2° grau € no ensino superior que as previsées disponiveis indicam © mesmo padrio de ex: pansio, Projetandose a tendéncia observada na atitima década ¢ mantendose constantes as demais variéveis, o aumento da variéncia dla edueaco provocaria um aumento de 14%, (0,088 pontos) na concentragio da renda, O erescimento projetado para a média de anos de edueagio corresponde a um aumento semethante (13%). No seu conjunto, 0s efeitos previstos sobre a desigualdade sto subs tanciais: a varidncia do log de renda registraria um aumento de cerca de 28%, (0.208 pontos) até 1980. Nio dispomos de dados compariveis sobre as mudancas ma cor relgio de educacio ¢ idade entre 1960 ¢ © anobase, mas diante da grande cxpansio na oferta de educagio em relagio A taxz de aaescimento da PEA € licito esperar que essa correlagio se tome cada ves mais negative, Pata 2 populagio em estudo, no ano-base esa comelagio era muito pequena mas significativa e_positiva = 0/06), Para todas os trabalhadores do sexo masculine com entre educagio e idade, embora ainda fraca, era maior e negotiva (Ry = —009). Devido a falta do dados comparaveis, vamos supor que a diferenga entre esses valores se aplica as alteragées na forea de trabalho resultantes da expansio da educagio entre 1970 ¢ 1980.9 Isso provocaria uma redugio de 62% (0,089 pontos) na concentracio da renda. ® Portanto, ‘6 aumento fatal na concentragio, devido a alteracdes nas varkivels © presents trabalho foi erghuartamente prepmado em 3875. Até aquela Noteae que Ryg = 0/9 & wm aloe hipotdia, Mas em pass mals dese rolvidos, com sivels"bem mais clevador de excolaridade na forge de abalho Como os BUA, o covicente ua ei 1809 aproximalamente 4 mesma magnitude Anim, € prove que mona hipOtee subestine a weducto du desiguakdade de rena 8 Tomcmos entio valor da devivada parcial em aprego, isto & 2 Var (ORs = O20. A reduc Res & | 096 — (om O09) | = O48. Logo, a diminuigio em Yar {tn Y) = (= O18), 0262) = O99, Educacto © Desigualdede de Renda Urbana 693, fem estudo, mantidos constamtes os outros fatores, seria de 0,163 Pontos, ou 289%, A varidincia do log da venda creseria «le 0,717 no ano-base para (0,880 em 1980, Continuando a anilise das modificagdes na concentragio da renda a partir de alteracdes nas varidveis explicativas, simulamos a dis wibuigio da renda em 1960, De modo antlogo as projecies de desigualdade para 1980, acima examinadas, supomos q ficientes da funcio de renda, estimados para i970, mantiveram-se inalterados no periodo 1960/70, Para realizarmos essa simulagio, valemonos das alteracées nos perfis educacionais e de idade nesse periodo, utilizando os resultados da Tabela $ (coluna “totais"), acrescentando-Ihes um sinal negative. Com esse procedimento, 2 distribuigio simulada em 1960 apresenta, cm relagio & desigualdade observada no ano-base, redugdes que sio simétricas aos aumentos projetados para 1980, Se além dessas alteragdes supusermos que a variagio hipotética em Rey ptojetada para o periodo 1970/80, também & simétrica em relax io & varlagio entre 1960 € 0 ano-base, a desigualdade de renda em 1960 teria sido de 0,089 pontos menor do que em 1970. Em resumo, dadas as distribuigées aproximadas de educagio ¢ idade e a associa Gio hipotétiea dessas varidveis em 1960, nossa medida da desigual dade em 1960 seria Var (In ¥) = 0,554, Antes de examinarmos implicagdes dessas mudangas, avaliemos as alteragéey na desigualdade associadas a variagées nas taxas de retorno, 5.2 — Variagdes nas taxas de retorno ¢ na desigualdade No método de andlise que adotamos, as mudangas na desigualdade de renda estimadas anteriormente nao Jevam em conta variagées nas taxas de retorno da educagio, A adogao deste procedimento ¢ in- tencional, pois nos permite estudar separadamente os efeitos de alteragdes nas variiveis explicativas © os de variagées mum impor. tante parimetro da fungio de renda.® Nesta parte do trabalho, % Devido a inexisiincia de informagées sobre mudancas no eneficiente da Varivel idade, entie 1960 © 0 ano-base, sestingimos essa etapa de nossa andlise 0s efeitos de variagies nas tansy de retono a edlueagio. 4 esq. Plan, Econ. 93) simulamos a desigualdade em 1960 e projetamos a concentragiio para 1980 em fungio de mudangas nas taxas de retorno da educagio, Em seguida, comparamos os resultados devidos a essas mudancas com aqueles obtides na segio anterior. Para avaliar os efeitos das variagBes nas caxas médias de retorno da educagio sobre a desigualdade, desagregamos a variineia total do log de renda, no ano-base, numa soma ponderada da variéncia entre niveis da educagio — Var (In ¥)p = e da variincia dentro dos niveis de educagio — Var (In ¥) Desagregando a desigualdade total — Var (In Y}e — observada em 1970 nos seus componenies inter e intrageupos, abtém-se: Var (In ¥}p = 0,276 $ O41 onde Var (In Y}p = 0,276 (para quatro niveis de educagio — 0s antigos primétio, ginasial, colegial e superior) e Var (ln ¥)y — 0,441. fe em estimar a varidneia do log da renda nais, nos anos de 1960 e 1980, como resultado do alteragées nas taxas de retorno da educagio, Este procedimento permitiré gerar estimativas da distribuigio de renda nesses dois anos, tomando 1970 como ano-base, ® 58 Teo pode ser obtide a partir da seguinte equacto Varn) = $ AO eT eve + £ ALLE wv, THING onde: ¥) = rena do jane tnividuo na popelasie; wT TeV, = més asiomética do log da rendn de individues no grupo gs 1, 2,3,4 sio os quatro grupes de educacio: & Tc my © niimero de pessoas em cada grupo. © prinscivo termo do tado direto € a vatiincla do Jog da renda entre srupos: o segundo é a varidncia dentro de cada grupo, Ver H. Thell, Economics ‘and Information Theory (Chicago: Rand McNally, 1967), apéndice ao Cap. 4, pp. 121124 réaia aritmetica do log da renda ma. populagio: 88 Supdesse, na gevacio dessas estimativas, que a vanléneia intragrupor mio fe allera, Esta suposcdo € ditada pela auséacia de datos sobre vaciagdes mas faxas de retormo dentro de cada nivel educacional, Iso resulta em subestimativas ‘da concentragio naqueles doly anos, Fducaglo © Desgueldede dx Renda Urbana Co Para 0 cilculo da variincia do log da renda entre grupos, pre- cisamos conhecer a métia do log da renda para cada nivel educa sional nesses dois anos, Isto pode ser obtido a pactir da estimativa de quatro fungdes de renda, uma para cada nivel educacional, © conde subseqtentemente s altetem os coelicientes da variivel edu- cago, de acorde com as modificagées sofridas pelas taxas de re tomo na década passada ¢ conforme as variagées previstas para essas taxas até 1980, As estimativas das quatro fungGes de renda encon- tram-se no Apéndice, HA resultados publicados para as taxis médias de retorno denteo de cada nivel educacional no Pais cm 1960 © 1970. Essas taxas Sio médias no sentido de que se referem a inerementos nos investi mentos em educagio do primeiro ao iiltimo ano de um daclo nivel de ensino, em ver de se refcrirem aos investimentos marginais em um ano adicional de educacio. Devito ao fato de screm taxas medias, slo compardveis aos cocficientes das regressdes pot nivel de ensino, estimados para nossa variivel investimentos em educagio. As moditicagdes observadas nas taxas médias de retorno na dé. cada passaca estio apresentadas nas das primeiras columas da “Ta bela 4. Valendo-nos «essas modificagées, podemos alterar 0s eve. ficientes das regressdes para cada nivel de ensino. Resta entio determinar como modificaremos esses coeficientes. Quando trata. ‘mos, na secio anterior, das mudangas na distibuigio da educacio, pudemos prever com razodvel confianga que, nfo ocorrende mu- dangas revolucionsrias na demanda de educagio e/ou nas politicas educacionais do Governo, « desigualdadle & 0 nivel medio de anos de educacio na forge de trabalho aumentariam na década tual, Mas as projegdes das taxas de retorno da educagio exigem tuma breve discussio sobre seu comportamento na década anterior ‘Num esquema simples de oferta ¢ demanda, supondo-se condicées competitivas, se a oferta «le miodeobra com elevaclos niveis edu cacionais crescesse mais rapidamente do que a demanda, as taxas de retorno desses niveis educacionais cairiam. Se 0s saldvios fossem "9 Ver G. Langoni, ds Cousas do Grescimento Reondmieo do Brasil (Rio de Janeiro: APEC, 1974), Tabela 42. p, 105, As taxas apreentadas na “Tabela 4 referemse «1960 © 1969. Supiose que as allergies ocoreidas nese peviodo sejam representativas das modifcasdes reyistradas na déada_ pasada as esq, Plan. Econ. 93) des. 1979 ‘Tapes 4 Variagdes nas taxas de retorno da educagio alteragdes correspondentes nos coeficientes da varidvel educacto em 1960 © 1980 Coptiiontes de Regressto ‘Tasas de Retommos ee eee Teaede Varig "3860 eae pitt, 722 made Taos ———Pofetadon Obie “i” yor e808 wadasTanas aoe) a te OYE avec eT Primo °: 062 aaa Ginko ‘ os air Coleg onr a) ans Sipe Sie Gasser FONTES: Colinas (2) « @ dados compitados daw exfimaivas apreen- todas em C. Langini, As Cousas do Crescimento..-, op. et, Twbels $2, p. 105; ‘Colina (3): ectimativas de aegresedo por nfvel de educagho (vet Aptadice) Coluna (2): enlana @) X column 2/100; Colana (5). coluna (@) + leoluna (8) > coluna (1400! Coluna (6): mesma da, colina (3) para as duis priteizos nfveis; para o culegat e-¢ superior, « tnesma da tala (3 + As tasas de rotormo apresentalns em C. Langoni, de Cansas do Crom cimentor spe shy sho ns segunt 1900) 1909) Peimivin Completo.X Inesmpleto 430 inasial Complelo. % Teeomipleto 280 Colepial Complete. % Inecmnpleto 368 Superior Completo 3 Tncomplets Bs © Buponlo-se qre as alveragoe: obseivadas em 50/0 ae apliquers a evcada, + Supondowe que as modifieagSes nas tavas do rucorio correspondem 8.34 agnclas cbservadas em 1091/7) (ver texto) * Supondo-so que nao tenke oeoeride variagio nas texas médias do primério «ings ©, para o folegal e o superoc, um rtmo do aumenta das lavas isl & 39 Go abservado na dicate pases [ver fest Budueaclo € Desigueldede da Renda Urbana on inflexiveis para baixo, 0 resultado seria aumento do desemprego da miodeobra qualificada. Durante periode 1960/70, a oferta de graduados com nivel colegial € superior cresceu a uma tsa muito mais ripida do que a dos egressos do ginasial ¢ do primario. A conseqiiéncia, entretanto, nao foi uma queda das taxas de retorno dos niveis educacionais mais elevados em relacio aos mais baixos, sim um aumento das taxas de retorno dos niveis colegial e superior (ver Tabela 4). Além disso, 0 desemprego da miodeobra mais qualificada aparentemente no se alterou, © quadro descrito sugere que outras forgas no ineluidas num simples esquema competitivo de oferta ¢ demanda fizeram sentir seus efeitos. Indica também que, num mundo onde uma substancial in tervengio do Governo na economia é a norma em ver da excegio, as previsdes de um esquema conceitual construido sobre suposicaes competitivas no deserevern adequadamente © comportamento das varidveis em estudo, Em particular, na economia brasileira no perfodo 1964/67, 0 Governo desenvolveu um programa de redugio da taxa de inflacio, eavolvendo um rigoroso controle de salirios. A politica de controle salarial ainda estava em vigor ao final da década passada ¢, como veremos adiante, ela teria ocasionado um forte impacto sobre as alte- ragées ocortidas nas taxas de retorno, £ provavel que o piuledo geval observado nas alteracdes dos retornos continue na década atual, Mas no € certo que as taxas de reorno dos niveis educacionais mais baixos continuem a diminuir vio rapidamente como ocorreu, enquanio as taxas dos miveis mais elevados continuario a aumentar Lio acentuadamente como nos anos anterioves, Para projetar as alteracdes na desigualdade de renda para 1980 como fungio de variagies nas taxas de retorno da educagio, traba- Iharemos com duas suposigdes alternativas: a) a tendéncia geral observada em 1960/70 continuard, mas 0 ritmo de erescimento minuiré a0 longo dos anos (especificamente, supomos que as modi- ficagSes proporcionais nas taxas de retorno na década acual corres: © Ver, por exemplo, a dheussko sobre mecanismos instituclonalizdos de coatiole de precos em W. Baer, [. Kerstencuky eA. Villa, “As. Moulicacbee tho Papel do Estado ma Eeouomia Brasltira", in Pevquisa ©. Planejamento Bronémico, vol. 8, a 4 (ezemibro de 1978), pp. 888-912, esp. pp. 905.006, oo esq. Plan, Econ, 93) dex. 1979 pondam a 1/4 das aeragSes registradas na déeada anterior); 1b) as taxas de retorno dos niveis educacionais mais baixos conti nario inalteradas, mas as taxas de retorno do colegial € do superior aumentaro a um ritmo menor do que no passado, na mesma pro- porcio adotada em (a). Os resultados da aplicagio desta hipétese aos coeficientes da variivel educagio encontramsse nas duas dltimas colunas da Tabela 4, Para simular a varidncia do log da renda em 1960 como resultado das alteracées nas taxas de retorno da educacho, utilizamos 2s most ficagSes proporcionais efetivamente observadas ncssas taxas durante a década passida — coluna (1) da Tabela 4. Os resultados de apli- cagio dessas vatiugdes proporcionais aos cocficientes da educacio constam da coluna (4) da Tabela 4. ‘Tomundose a alternativa de variagio das taxas de retorno de educagio definida no item (a) amterior, obtemos quatro equayies de predigio para 1980, uma para cada nivel educacional: ‘LOGY, = 0,382 + 0,220 EDU} + 0,002 TDA, + 0,108 LOGE, at FY 9 = 8,399 + 0,142 BDUS + 0.055 IDAs + 0,078 LOGLe Toey, 4.887 + 0,388 EDU3 + 0,033 TDA, + 0,246 LOGLs LOGY, = 8,159 + 0,301 EDC + 0,015 TDA, + 0,298 LOL, Essas equagdes de predigio nos dio a renda média (em logs) por nivel educacional em 1980. Com estes resultadas, podtemos cal- cular a variincia do log de renda entre niveis educacions rifineia total do log da renda, supondose que a va mantenhase inalterada, Assim, a variéncia tual do log da renda prevista para 1980 € Var (In 9) = 1,120, 0 que representa um substuncial aumento de 56% (0,679 pontos) na concentragio obser: 12 Eneontramse no Aptndice as estimativas origina day regress (1070), por aieis de elueacio, widen par ober as quatto equacoes de predicao, Swpsmes «ie oF covlcientes ue {D4,, © LOGE, contiouor inaltersdes, Ui ramos as médiag observadas cm 1970 para as yaritels edueagto, Wade e emptego, Ue Ver que, no momento, eslamay interesados apenas nos eieltoy das waudaneas nas txae de retomo sobre a desigualdade Biducosdo ¢ Desigualdade da Renda Urbana 99 vada em 1970, Comparese esta variagio com o aumento que resul- taria de mudancas na estrutura da eucagio € da idade, que corres ponde a apenas 28% (ver Tabela 5). Adotandose a alternativa definida em (b) anteriormente, os resultados sto muito. seme Inantes aos anteriores. Neste caso, a vatitincia total prevista é Var (In Py = 1,103, 0 que corresponde a um aumento de 54% ba desigualdade, Para simular a distribuigio da renda em 1960, substituimos os corficientes de EDU,', nas equagies anteriores por aqueles apre- sentados na coluna (4) da Tabela 4. O resultado da simulacio, que nos da Var (In Yjan = 0,564, significa que as variagies observadas nas taxas de retorno foram responsiveis por um aumento de apro- ximadamente 27% (0,158 pontos) na desigualdade total ee renda na populacio em estudo, entre 1960 e 1970 (ver Tabela 5). Os resultados resumidos na Tabela 5 precisam ser qualificados. As alteragdes na desigualdade da educagio ¢ no nivel educacional médtio, utilizadas em nossas predigdes da variéncia do log da renda, referer. s¢-a todos os trabalhadores nfo agricolas, Esse grupo inclui estudantes que trabatham, enquanto a populagio que é objeto de nossa andlise 1ndo 95 inclui. Dado que a proporgio de estudantes dos niveis cole: gial e superior que trabalham é substancial, % e como esses niveis educacionais registraram grandes aumentos relativos na oferta durante 62 Uma menor conceneracde da venda em 1960, na populace em estudo, ‘ati de acolo com resultados de estudos anteriores, que empregeram dados de ronda total fe nio renda elo trabalhe) observada em 1969 © 1970, ¢ ineluiram observacies para toda a forga de trabalho (ambos os sexos, empregades e ean- Drogadores, stores uebano e sara). Ver, por exemplo, &. Hoffmann e j. Duarte, apy et, Pp $6565, © G. Languni, Diunibuigda da Rendla.».. of eit, Caps. 2 5. Noses resultados com dados ceisitiios, abtidos quandy do cileulo és ena dog estadantes do sexo masclino e det ganbos nao recebidoe por estes atudantes, montrseans que 15% dos akinos do. ginasial na faixa tina modal lde 1417 anos trubalhavam % epoca da censo, Esta fragio ascondla a 48% no rivel ginasil (grupo etéris 19-21 anos) ca 38% no atpetlor fulxa de ‘lade 22.26 auos). Ver J. Velloso, “Human Capital..", ep. cf, p. 281, Resultados de ofdem de grandera setelhante no ensino superior frat encontrados 0 ‘studo de 8. Levy, "A Demands pelo Ensino Superior © @ Mercado de Trabalho de Profisionais no Brasil” (Beast: TPEAJCNRIT, 1973), p. 6, mlmco, que também se valeu de dados eensiarios, eubora analissse uma coorte mais joven (825 ano) do que 2 nossa, esta mais ptdsima day idades modais newe nivel 700 Peg. Plan, Keon. 43) des. 1979 Tacs 5: Resumo das mudancas na desigualdade de renda como Fangio das alteracdes nas disiribuigbes da educagho, idade ¢ taxas de retorno da eduengao ~ 1960 » 19804 a Var (i ¥) Provists Var te ¥) Provista Fonses Por 1800 Para 18801960198 ae ei 20,198 ar Sto +0012 an, “He 3B 1 Re “0,163 an 0138 FONTES: Linhas 1 e 2 Tabela 2 Linh 3: ver texto: inba 42 commu de Vier 1) nas lias 4 & Lina 5: Tabele 4 (rer testo) 8 Var (in Ye 717, cbservada om 1970. Supoudese que a varigGee no woeficen'e da varitvel edacusto xejsm cequivatentes a5 das vavingdes nas taxi nine do strony detention = Supundone que no oft alters ns tsaae médias de return do. Bec inério ¢ do gindo. Para os dotaais nivels de ensino. as vaviagbes so anes dee fluids ie ete © perfodo 1960/70, tudo leva a crer que os aumentos na varitincia da educagio ¢, especitimente, no nivel educacional médio esto su- perestimados em comparacio com os aumentos efetivamente ocornidos, nna populacio em estudo. Fssas diferencas destacam o ja relevante papel das vatiagies nas taxas de retorno para o aumento da concen. tagio da rend naquele periodo. As mesmas diferencas implicam ‘de ensino. Eviléncia adicional nos fomneee 0, Rabel, Universidade © Prabatho (Sio Paulo: UNICAMP e INEP, Minitévio da Eduacio © Cultura, 19%), pp. 27-29, num levantamento de vito graces universidades, quando soy informa fque cerca da metade de todos {ambos 05 sexos) oF estudantes universiciios Uabalham; dentre os que mie trabalhavan na ocasio do levantamento, cera a meude jé havin tnbatiade anteriormente Faducaglo € Desigualdade sn Renda Urbane a ue os resultados das alteracdes na educagio devem ser considerados como limites superiors das previsies para 1960 ¢ 1980, AAs projegdes para 1980 indicam que os efeitos das mudangas nos retornos da educagio ultrapassam os limites superiores dos efeitos das alteragdes na estrutura educational © estrutura etdvia, Além disso, as modificagdes na composigio educacional tém efeitos subs tancialmente maiores sobre a desigualdade do que as alteragoes na dade ou variagées na correlacio entre edueagio ¢ idadle, Assim, sob 2 6tica do capital humano, uma estratégia para redwir a concen. tracio da renda implicaria diminuigio da desigualdade na educacio. Isso poderia ser obtido, em principio, mantendo os clemais fatores constantes, através de uma expansio mais rpida da educagio de 1.° ‘grau (antigos primétio e gindsio) em relagio aos niveis educacionais ‘mais elevados. Dependendo da taxa de expansio, a redugio no desvio- padrio da educagio poderia compensar o aumento no nivel educa ional médio, que, nessas circunstincias, estaria crescendo a uma taxa mais Tenta do que no periodo anterior. Se o dectinio propor no desvio-padrao da educagio no perioxlo 1970/80 fosse tio grande quanto © aumento observado na déeada anterior, noss0s resultados indicam que o efeito liquido das alteracbes na educacio seria reducio nna variincia do log da renda, ® embora esta fosse provavehnente pequena, As previsdes disponivets para a década atual indicam uma politica de continuagio das tendéncias passadas na expansio do. sistema educacional ~ aumentos relativamente maiores no mimero de egressos {do antigo colegial e das faculdades — e ainda ha oportunidade pars mudanga." Contudo, essa mudanga significaria um crescimento rela tivo mais réipido das pessoas com educaco dle 1° grau, Este cresci ional 68 Ver os resultados da Tabela 8, indiando os aumenios da desiguatdade associados a vaslagies no desrio-padrlo © na més dos anos de edueasto, segundo DrojesBes das tencléncias observadas a década. pamada 8 Conforme acrnalsmes na nota 51, © pretente trabalho foi originarismente preparado em 1075, Na traducio e breve revieio feita para sta publicaco, geal mente preferimos noe manter proxinios 4 forma © ao capita dp avgomento JL No «aso em prec, ¢ cane melhor se verd adiamte (Subsegio 5.3), & vantagem dest proximidade do orightal € testacar que mesa muna pers. Dective de capital Inumano a roudanca de priovidades da expansto dos niveis e ensino nio € condicéo sulicente para diminulglo da desiguatiade de rend 702 eg, Plan, Keon, 95) det. 1979 mento, por sua ver, poderia resultar em retornos da edueagio de 1° ‘grau ainda menores do que os observados em 1970, cujos niveis ja foram relativamente baixos, Voltaremos a essa questio adiante, mas antes examinaremos o papel das mudangus nos retornos da educagio. As projegdes para 1980 indieam que as taxas de retorno desempe. nharo um papel ainda mais importante do que na década anterior. © aumento de desigualdade, associado a aumemtos relativamente pequenos nas taxas de retorno (bem menores que no passido) , equivale ao dobro do crescimento da desigualdade, associado a mm dangas nas variiveis explicativas (educagio, idade € cortelagio entre educagio © dade). importante comparar os dois efeitos alternativos previstos para i alteragies nos retornos da educagio. As projecées mostram que lid uma diferenca muito reduzida entre os valores da desigualdade em 1980, obtidos a partir das suposigdes altermativas (a) (b). Essa pequena diferenca sugere que os retornos da educagio colegial e superior em 1970 eram bastante altos em relacio aos retornos dos antigos primério e ginasial, refletindo a formidavel mudanca ocorrida no periode 1960/70, quando a taxa de retorno da educagio superior aparentemente mais do que triplicou (ver Tabela 4). Se até 1980 0 aumento nos retornos dos niveis educacionais mais elevados corres. ponderam apenas 1/4 do crescimento registrado na década anterior, 4 desigualdade de renda na populagio em estudo aumentari em aproximadamente 50%, em relagio a 1970. Em summa, uma comparagio das simulagdes da Tabela 5 indica que tos stumentos dos rerornos da educagio colegial © univers sido em grande parte responsiveis pelo crescimento da desigualdade de renda atribuivel a variagBes nas taxas de retorno, Esta comparagio indica também que o comportamento futuro da distribuigio da renda seria ainda mais sensivel x variagSes nessas taxas. A indagago que naturalmente desponta €: por que os retornos da educagao sofreram as mudangis registradas na década passada? 5.3 — Causas do aumento na designaldade Durante 9 perfode 1960/70, as pessoas com educagio colegial e superior na forca de trabalho tiveram um aumento de cerca de 50 Falueagio ¢ Desigueliade da Renda Urbana 105 © 30% em sua renda real, respectivamente, Para as pessoas com nivel de instrucio equivalente aos antigos primario e ginasial, o ganho fem termos reais foi de apenas 10%, aproximadamente. * Essas dife. rengas foram observadas apesar de maior crescimento da oferta de pesoas com educacio superior ¢ colegial em comparagio com « de individuos com menos instruc Num estudo anterior sobre distribuigio da renda no Brasil, ® Lan. goni dava a essas alteracdes uma interpretagio bastante simpl tecnologia utilizada no processo de industrializagio do Brasil & cessencialmente importada, sendo intensi miodeobra qualificada. Entio, argumenta que o crescimento rela- tivamente maior da demands de mio-de-obra qualificada, especial mente de pessoas com nivel superior, é uma conseqiiéncin natural do proceso de desenvolvimento, particularmente do répido cresci ‘mento ocotrido no Brasil no final da década de 60, Na continuagio do seu argument, 4 oferta de miode-obra qualificada é relati ‘mente mais inelistica no métlio prazo ¢ conseqiientemente, ess miodeobra desfrutou de quase-rendas na década passada, recebendo, salitios acima do valor do se produto mazginal. No futuro, segundo cle, a expansio da oferta de pessoas com niveis educacionais elevados comrigira esse desequilibrio temporavio, com consequente reducio da desigualdade de renda. Um ano antes, ¢ com raciocinio do mesmo teor, Simonsen argumen. tava que « accleragio do crescimento “,,. provoca, como efeito de tiansigio, uma diferenciagio entre o mercado de miode-obra quali -qualificada, intensificando 2 demanda e os piesos 09 primeiro deles”. & Contudo, segundo seu argumente, a expansio do sistema educacional levaria a um “melhor ajuste” entre oferta ¢ demanda no mercado, redurindo, assim, o hiato entre as rendas. Portanto, se as interpretagées de Langoni ¢ Simonsen fossem corretas, poder-seia attibuir ao proceso de desenvolvimento brasileiro, com suas opedes tecnoldgicas e aumentos diferenciados na demanda, major parte dos aumentos relativos nos retornos para os nfveis mais ‘a em capital, bem como em. ficada ¢ © Caleulado com base cm dados aprosntados em C. Langoni, Distribuicdo de Renda... op. cit, Tabela 4.2, 9. 46 8 roid, pp. #7, 90, 7, 116 © © MHL Simonsen, Brasil 2002 (Rio de Jancito: também, pp. 55:0, PEG, 1978), p. 58. (ver, 708 esq. Plan. Econ, 93) des. 1979 elevados de educagio, Além disso, poder-seia esperar uma correcio dos desequilibrios por parte das forcas de mercado, porquanto estas rmesmas forgas o teriam ocasionado, Mas essa perspectiva otimista néo € aceita por muitas das anilises da questio, da mesma forma que a interpretagio dos determinantes das quaserendas nfo encontra respalde na evidéncia. O raciocinio para se chegar a essa interpretacio é, no dizer de Fishow, comple- tamente cireular, pois a natureza das modificagdes na demanda no 6 inferida de modo independente, mas a partiv do aumento das rendas. Ademais, segundo esse autor, no hid motivos para considerar as quase-rendas como conseqiiéncia necessiria out natural do processo de cxescimento econdmico. Elas significam simplesmente que @ remu- neragio do fator nao estd relacionada a sua oferta ou custo de opor- tunidade, podendo yer taxada sem afctar a alocacio dos recursos. Em sua andlise, 0 controle salarial para 0 combate a inflagio (1964 a 1967/68) , devido as prioridades de natureza politica que foram ado- tadas, resultou em: um aumento da coneentracao na década passada. Essas madlificagaes ocorreram sobretude antes de 1967 ¢ nio durante © periodo de ripiclo crescimento que se seguitt a essa fase, Portanto, Zo constituem uma conseqiténcia do crescimento acelerado, A hiipotétiea correcio de um desequilibrio nos mercados de trabalho, com a eliminagio dessas quascaendas, também néo seria um resultado provivel da espansio da oferta de miodeobra qualificada. Como assinala Carnoy,? mesmo raciocinandose num contexto de capital 8 A. Fishlow, of. city pps 40. 14 Seus dados seferemse 4 1960, 1963 ¢ 1969, € ao slo estitaraente comm prdecis, de ver que o primo canjunto é relative a0 conso demogrificn Aaqueles para 1058 1959 pestencem & Pewuisa Nacional por Amora de Dowicilis, Contilo, de mneira geral a evidéncia apéia sew azgumente, Not ‘ntigos Estados da Guanabara ¢ do Rio de Jancizo, assim como em Sio Paulo, 4 renda real dot cupregados permaneeeu Vistualmente inaltersda entre. 1960 © 1963, mat aumentou 28 © 48% para ov empregador e snténcmes, rexpoctra: mente, Apos 1968, nfo se observamn mudangas subsancials para quaisquer dot grupos, Nos dades pera © Brasil como um odo, x diferencias nfo tem a mesma magnitude, cmbort ® tendéncia seja semelhante (ot dadoe relerem.ie 8 ativilades io agreolas). Ver A. Fishlow, op: vit, Tabela 8, p. 7 HM, Garnoy, “Distrbuigio de Renda Deseuvoluimenta Eoavdmico no Brasil: Um Comentivio", in Revista de Administra de Empresas, m2 1 {iuthofagesto de 174), pp. 869s EdweasGo ¢ Desigualiade la Renda Urbane 705 hiumano (no qual implicitzmente se desenvolve @ argumento de Langoni Simonsen) , 2 continuagio do modelo brasileito de desen- volvimento adotado entre 1964 ¢ 1970 favoreceria, na atual década, cada vez mais a maode.obra de maior escolaridade em relagio aos trabalhadores menos instrufdos. Esta crescente diferenga nas rendas dos dois grupos seria resultado de um processo de substitisigie do tra. bbalho qualificado pelo de menor qualificacdo, semelhante a0 que aparentemente vem ocorrendo nos EUA. A medida que os graduados de nivel superior © colegial comecam a ocupar os empregos onde anteriormentc se encontravam os egressos do ginasial prin salirios médios do primeiro grupo tendem a se estabilizar, mas os do segundo tendem a diminuir. Com esse processo aunnentam ag diferengas de renda na populaglo, fayorecendo as pessoas de niveis de educagia mais elevados, AMlém disso, como observa © autor, ha uma gama relativamente ampla de opces quanto aos tipos de produtos a serem produzidos por uma economia em crescimento e quanto 4 tecnologia a ser em. pregada. Portanto, 0 crescimento diferencial da demanda de mio.de- ‘obra qualificada, se acorreu, é muito mais resultado de uma escollia do que uma conseqiiéncia necessiria do crescimento econdmico, Por outro lado, em circunstincias onde 0 dizeito de greve foi abolido desde 1964, hd motivos para se acreditar que os salaries dos taba. Ihadores de menor rend ficaram abaixo do produto marginal, enquanto os das ocupagées profissionais mais favorecidas politica mente continuaram constantes ou aumentaram em relaglo a0 produto marginal. Segundo © autor, coneluindo o argumento, a evidéncia disponivel indica que 0 programa de estabiliza¢lo do Governo para conter a inflagio (1964/67), caractetizado por um controle rigoroso los salirios, loi a principal causa da crescente concentragio da renda no perfodo. Em Wells,*# encontrase evidéncia adicional dos efeitos desse programa (1964/67) e da politica de controle salarial, ainda vigente "8 Pata um exame dos efeitos da “superesolaizagso", ver M. Carnoy, “Notes ah city pe BO € eR He J. Wells op. cit Ver também a diseussio em P. Maten © J. Wells, “Distt buigio da Renda @ Desenvolvimento Econdmico do Brasil", in Pevguite Plonejamento Econdmico, vol. 3, m4 (derembra de 1978), pp 108-1124, 105 esq, Plan, Econ. 93) dex. 1978 20 final da década. © salério rinimo real caiu acentuadamente apés 1964 e até 1970, e, como © autor assinala, © comportamento do salirio minimo é um determinante critica da concentracio. da renda na economia brasileira. Os dados anuais (de diversas fonts) sobre a concentragio da renda por ele utilizados indicam maior aumento na desigualdade em 1965 ¢ 1966, registrandose na maior das veres alteracies pequenas ou nulas nos anos posterior. © saldrio minimo real ¢ a relagio entre salirios e valor agregado nas inditstrias manufatureiras tém decrescido desde o final da década de 50, como informam Baer e Kerstenetzky. Assinalam eles que 0 declinio nessa proporcio reflete o crescimento de setores da indistria onde a rario capital/trabalho é elevada e “também reflete a dim nuigdo nos sakirios reais, resultante das politicas governamentais de estabilizagio”. © De fato, um exame dos dados por eles utilizados mostra que salirio minimo real em Sio Paulo diminuiu quase tanto num prazo de seis anos (159% entre 1958 e 1964) quanto num periodo de tés anos (1965/67), quando 0s efeitos dessas politicas mais se fizeram sentir. Os resultados de Hoffmann mostram wma bras ca queda no salirio minimo veal entre 1965 ¢ 1968, descendo de um indice de 92 para 84 (1960 = 100), ¢ uma continuagio de sua queda até o final da década (1970 = 83), conseqiténcia da politica de controle salarial que permaneceu em vigor, Em 1972, seu valor (83) ainda estava bem abaixo do nivel registrado em meados da década de 60 Em resume, a evidencia parece ser bastante sblida quanto aos efeic tos dos fatores institucionais — quais sejam, o programa de estab zaglo do Governo e a politica de controle salatial durante € apis esse programa — sobre as alteragdes observadas no nivel dos sakitioy cena disuibuigio da renda do setor usbano durante a déeada passa 19 W, Baer e I. Kerstenevky. “The Bra Brasil in the Sistes (Nash vp. 124196, 16 Did p. 18. 11 Resultado obuido a parte dos dados de Baer © Kenstenetky, op cite Tabela 10, p. 135 1 R, Hoflmann, op. ei, Tabela 1, pp. 8 © 622. Os mimeros apresentados referenive 20 Bstada ta Gusnabara, ‘Seis dides, anos) ano, comsroem uh fquadio mais exato ds allew(des do que apresentado por Wells 18 Economy", in R. Roett (ong) + lle, Tenn: Vanderbilt University Press, 1972), Educasdo ¢ Desigualiade cla Renda Urbana 07 Nesse quadro, tudo indica que © aumento das taxas de retorno dos niveis educacionais mais altos em relagio as dos niveis mais baixos durante © perfodo analisado 6, pelo menos em grande part, uma consequiéncia da intervengio do Estado na economia e nio resultado de um livre jogo de forcas de mercado. Alids, como argue mentamos em outro estudo, * os primeitos resultados disponiveis das mudangas no perfil de rends durante a década indicavam simples- mente que os trabathadores com pouca instrucio teriam obtido me. ores ganhos do que os das pessoas com elevados niveis de educagio. Isto teria diminufdo as taxas de retomo do primeira grupo em relagio as do segundo, Pesquisas subsegiientes demonstraram que a renda real média de pessoas com nivel primdrio e ginasial aumentow aproximadamente 10%, enquanto a dos individuos cam educacio colegial ou superior registrou aumentos de 80 a 50%. Ora, nossa imerpretacio anterior c os resultados subseqiientes estio de acordo com 0s efeitos das politicas governamentais sobre as taxas de retorno, Enquanto empresirios e executives podem estabelecer seus préprios rendimentos, ¢ a renda de profissionais auténomos decerto no é diretamente afetada por um arrocho salarial, as elevagées do salivio minimo abaixo dos aumentos do custo de vida e uma politica de controle salarial produzem um feito maior sobre trabalhadores menos qualificados, Os custos unitérios institucionais da educagio mostram tipicamente um padrio ascendente ao longo do tempo em virios paises, € 0 Brasil ndo foi excecio.** Ao contrério, © comportamento observado J. Velloso, “Education and Income Distribution: Brsalign Data”, LAGDES Newsletter, n® 2 (dexembro de 1972), pp. 25-22. St Ver, por exemplo, P. Coombs e J. Hallack, Managing Educational Gosts (Nova York © Londres: Oxford University Press, 1072), pp. 10 ¢ seg € P. Coombs, La Cite Mondiale de VEdvestion (Pati; PUF. 168), p. 290. 51 Um aumento nos custos unitisios retin dx lucagin a0 linge do. tempo pode ser ocasionado por vétios fawies. A busea por sina melhor quiidade de easino, emolvendo excolas © sulas de sla mate aulquaise do que as exis: feotes pata © proceso ensino-aprendizagem & um cess fatores. Materiais slicos mais elias vio outros fatores tips, Fates Haters, entetunto, repre Senram poquen parcela dos cusios totais, pols no ctxino de LP e 2° graus 0 custos relatives a pasioal dovente ¢ administrativo constituem entre 35 ¢ 20% do total. Aqui, a elevagio do nivel médio da titwlagio des profesores « 08 Pes. Plan. Reon, 913) dex. 1978 da renda pode contribuir para explicar tanto 9 comportamento dos custos quanto o das taxas de retorno, Assim, na década passada, 2 renda dos individuos com educasio ginasial aumentou apenas 10%, enquanto a de egressos do antigo colegial crescen quase 30%. Ora, isto significa que a renda desses egressos crescen cerca de tres vezes ais do que 0 eusto de oportunidade da freqiiéncia ao colegial, um dos principais componentes dos totais nesse nivel de ensino. De forma semelhante, a renda dos graduados pelas faculdades aumentou mniais de 50%, perto do dobro do erescimento (quase 30%) do custo de oportunidade do nivel superior. Fssas mudangas operaram no sentido dle aumentar as taxas de retorno do atual 2° grau ¢ do superior, Por outro lado, a renda das pessoas com nivel primério cresceu somente 149%, contra 0 referido aumento de 10% na rends dos egressos do ginasial, ® diminuindo a taxa de retorno desse nivel de educagio, Portanto, nio é de surpreender ax mudangas registradas nas taxas de retorno, Ademais, conforme indicamos, ese comporta. ‘mento foi pelo menos em grande parte resultado de forcas exdgenas as relagdes de oferta e demanda, que provavelmente desempenharam juin papel secundario, se & que desempentiaram algun. Podemos agora voltar ao exame de possiveis politicas para reduzir a desigualdade de renda, Nossa breve discussio gira em torno da dis. ribuicio da educagio e dos sens retornos, dado que estas seriam va- rhdveis relevantes numa politica redistributiva, segundo os resultados produzidos pelo modelo empregado. De imediato surgem duas alter- nativas: a) uma reducio no desvio-padrdo dos investimentos em edueagio; cjou b) uma queda nas taxas de retorno dos cionais mais elevados em relagio a dos is educa: iveis mais baixos, Numa perspectiva de capital humano, a adogio de uma politica de aumentos relativamente maiores na oferta de educacio de 1.° grau Hor salirion seaiy dos docentes sto on prndpsis motives do mento real dos castor unitirios a0 longo do tempo. No caso brasileiro, apenas x clevacdo do nivel médio da ctulaclo dos professes teria sido 0 fator de maior peso no aumento dos custer reais aa dérada passada, conforme tee runham a cvidincia estatitics ccente © e movimentor grevistas do. profes rade no corrcite ano de 1079, cs ma rena tomados de C. Langoni, Distibuigde da Renters, of ity Tabla 4.2, p. 85 aucasdo ¢ Desigualdade da Renda Urbana 709 {antigos primario ¢ ginasial) tenderia a redurir a varidincia clos in. vestimentos em educacio e, permanecendo constantes os demais farores, reduzitia também a desigualdade de renda. Mas quanido os demais fatores no permanecem constantes podese esperar uma queda nos retornos desse nivel, O efeito liquide dependeria dos efeitos opostos de: a) uma equalizagio na distribuigio da educagio: © b) dos crescentes diferenciais mas taxas de retorno entre os niveis educacionais mais altos e mais baixos. Os resuliacos anteriormente obtidos indicam que variagées nesses diferenciais tem maior peso na distribuigio da renda. O provivel resultado da politica em apreco é uma distribuigio da renda mais desigual Resumindo, as tendéncias observadas na década passuda indicam, para a atual década, crescente desigualdade na distribuigio da edu- nos diferenciais das taxas de retorno entre niveis cagio, eleva educacionais mais altos e mais baixos, ¢ aumento da concentracio da renda, A anilise do quadro previsivel mostra que, mesino num contexto de capital humano, um declinio na variéncia da educagio na atual década provocaria um aumento da desigualdade, pois uma queda relativa adicional nos retornos dos niveis educacionais: mais baixos seria mais do que suficiente para neutralizar os efeitos do declinio na desigualdade de educagio. Acresce que a anilise da evi- déncia destaca © papel primordial que teve a politica econdiica do Estado no aumento relativo (também absoluto) dos retornos dos niveis educacionais mais elevados na década passada, Quanto 20 papel da tecnologia, é possivel que a énfase em tecnologias intensivas em capital tenha dado uma conteibui Jo menor para ese aumento, € no ha indicagies de que a tendéncia se inverta na décadka atual Deste modo, as perspectivas slo de uma provivel substituicio da mio-de-obra menos qualificada pela miodeobra qualificada. Por- tanto, niio é plausivel que relagdes de oferta e demand, no meteado, respondam a uma crescente oferta de graduados nos niveis educacio. ais mais altos através de um declinio relativo de suas taxas de relorno. Ao contrario, como farcas exdgenas a essas rel 4 politica econdmica do Estado — foram os principais responsiveis Bes — leinse pela crescente concentragio da renda, € necessitia uma inversio na oricntagio dessas forgas para que a desigualdade diminua 70 esq. Plan. Feom. 93) des, 1978 6 — Resumo e conclusées Na primeira parte de nosso estudo, analisamos a distribuigio pes soal da renda do trabalho, wtilizando estimativas de corte transversal para a populacio cconomicamente ativa no setor urbano, do sexo masculine, Os resultados indicam que a desigualdade de renda € cstatisticamente dependente das taxas médias de retomo da educagio € dos ganhos diferenciais decorrentes da experiéneia, da desigualdade dos investimentos em educagio, da distribuiggo de idade ¢, num ‘gra menor, da estabilidade no emprego. Fsses tatores, em conjunto, so cstatisticamente responsiveis por cerca de 50% du desigualdade observada nas rendas do trabalho da miodeobra urbana masculina sso implicaria que, mantidos constantes os demais fatores, quanto maior a desigualdade dos investimentos em educagio ou quanto mais clevados seus retornos médios, maior a desigualdade de renda A desagregacio da funcio de desigualdade de renda mostra que #0 componente educacio (varincia dos investimentos em educagio © taxa média de retomo) cabem 79% da variineia explicada do log da renda; a componente dade (variancia da idade e ganho médi proporcional a experiéncia) podese atribuir cerca de 16% da desi- gualdade de renda explicada pelo modelo; a0 componente emprego ‘apenas 19, aproximadamente; € aos componentes conjuntos (educa. cdo € idade, educagio © emprego e idade € empreya) caberiam os restantes 4%, © efeito muito reduzido da variével emprego pode ser devido a uma subestimative da varidncia do log do tempo de trabalho efow a uma atenuagio da correlacio entre tempo de trabalho ¢ renda em relagio 0 parmetro na populacio, Essas possibilidades, contudo, no implicam um viés para cima nas contribuigdes da educagio c da idade pera a desigualdade da renda, antes indicam que o efcito real do componente emprega pode ser maior do que sua contribuigio medida. Conseqiientemente, © poder explicative do modelo seri major do que o observado, Na Segio 4, estudamos as alteragées na desigualdade de renda 20 Jonge do tempo, eferuando projeghes para 1980 e simulagdes para 1951, baseadas nas estimativas cle corte transversal para 1970, bem aucagto € Desiguatidade da Renda Urbara mu como em informagies de outras fontes sobre as tendéncias no periodo 1860/70. A anilise das mudangas ao longo do tempo indica que as alteracdes nha desigualdade sio muito sensiveis a variagies nas taxas de retorno ‘entre individuos e/ou entre niveis educacionais e de experincia. Os resultados do modelo sugerem ainda que as modificagdes nas taxas de retomo da educacio tiveram maior importineia do que as varia Ges na distribuigio da educagio e da idade para a crescente desi ualdade registrada mo periodo 1960/70. ‘As projecées das tendéncias observadas nas alteragBes das distr buigdes da educagio © da idade nesse periodo, combinadas com a saposigio de um crescimento atenuado das diferengas entre as taxas de retorno da educacio, resultam em grandes aumentos na desigual dade até 1980, Alteracées no perfil educscional e etéio da forga de trabalho, onde as primeiras sio mais importantes do que as segundas, provocariam um crescimento de 23% na concentrasio da renda, Ji as variagOes nos retomos da educagio produziram wm aumento dias vvexes maior, ou seja, de 369%. Esse aumento seria de 53%, cas0 os retornos do 1° gra (antigos primarios ¢ ginasial) se mantivesem inalterados e apenas os dos niveis mais elevados (antigo colegial ¢ superior) sefressem modificagSes. Em resumno, no modelo empregada 4s variagées na distibuigio dos retomos da educacio constituem 0 principal fator responsivel pelos aumentos projetados ca designal- dade, ¢ 08 efeitos dos retornos do 2° grau e do superior consistem na principal fonte de tais aumentos Adotandose uma abordagem de capital humano, surgem pelo menos duas opcdes de estratégias para reducio da desiguatdade de renda na atual década: mudancas no padiio de cescimento da oferta de educacio cjou decréscimo nas dilerencas enue taxas de retorno {os nivels educacionais mais elevados e mais baixos, Caso ocorresse €x pansio mais répida da edueagio de 1° grau em rekagio 30 crescimento {dos niveis mais elevados, a desigualdade de educucio diminuiria © ‘© mesmo aconteceria com a taxa de aumento do nivel educacional médio da fore de trabalho, Os resultados do modelo indicam que, permanecendo constantes ox demais fatores, se 0 declinio. propor Gional no desvio-padrdo da educagio tivesse magnitude semelhante 4 do aumento observado ma década passada, 0 efeito liquide seria uma retacio — embora pequena — da comcentracio da renda ne esp. Plan, Bown, 93) des. 1979 Mas se os demais fatores permanecessem inconstantes, os retornos da educagio de 1.° grau provavelnente caitiam. Se os salirios fossem inflexiveis para baixo, aumentaria o desemprego dos egressos desse is taxas de retorno, ajustadas para desemprego, ys opostes de: a) uma igualagin na disuil de educagio; ¢ b) de um aumento das diferencas nas taxas de retorno centre os niveis educacionais superiores e inferiores. Dado que as varia. ‘q6es na desigualdade dependem mais de (b) do que de (a), 0 resul- tado provavel seria uma clistribuigio da renda mais desigual. Na década passada, observowse um aumento relativamente mais ripide no ndmero de graduados do 2.9 grau e do nivel superior. Ae Iado disso, houve um aumento relative € também absoluto das taxas de retorno desses niveis educacionais, contrariamente ao que seria de ‘esperar segundo relagies de oferta ¢ demanda em condigdes competi- tivas. Nesse periodo, assistimos a uma queds do salario minimo em relacio aos aumentos do custo de vida, conseqdéncia de uma politica de rigoroso controle salarial que afetou mais aqueles situaclos na base do expectto do que 0s localizados no seu topo. A evidéncia indica que 0 programa de estabilizagie do Governo, adotado a partir de 1964, e a politica salarial que nele inicialmente se inseriu, conti nuando em vigor ao final da década, foram as principais vari que contribuiram para esse comportamento dos salitios e para as variagées nas taxas de retorno da educagio, Além disso, no ha evi. dancia de que essas tendéncias se inverterio, Resumindo, ainda que se raciocine sob a dtica do capital huinano, a adogio de politicas para diminuir a variancia da distribuigio da educagio no médio prazo nao tera como resultado provavel a redugio da desigualdade de renda, Na verdade, pode contribuir para o aumento da concentragio. Contrapondose a crenca na suficiéncia do papel redistributive da educaglo, esté a evidéncia relativa aos efeitos a politica econémica do Estatlo no aumento da desigualdade obser vada no passado e prognosticada para a atual décatla. Se, ao final desta décatla, pretende-se obter uma distribuigio mais igualitétia da renda, € necessirio que ocorra uma inversio nos rumos da politica econtimiea Eiiwagto Desguatinde da Renda Urbana ns Apéndice — Derivadas parciais da fungio de desigualdade de renda [As derivadas parciais da fungio de desigualdade de rend — equagio 6) — so: Bavaro yeas STSD = PFN + Var(et SE) + + 804 Rag SD(D) + 27%4Rg SDL) AVG _ g vert 4. Vert Rn = 2 Keo + Vereen SD + + 2FY RSD (B) + 276Ry SD (ln L) aVar(n¥) aE 2B Var (et) OEY 5 varie) aVar Ou ¥) @SD (mL) aVarnY) _ sem snce spin BvareYd SO 2M SDE SDD ATT 28° SD(nL) + 2F°5 Re SD(B) + 87! 8 Ra SDD), = 2° 6SD(E) SD (nL) a¥ar (In ¥) BRy 7 PFPSDUD SD Un 1) Para avaliar essas derivadas parciais, precisamos obter uma apro- ximagio da varifineia das taxas de vetorno dos investimentos em educacio e experigneia, Var (r*) e Var (r’), vespectivamente, As taxas de retorno podem variar entre os niveis de educaglo ¢ expe riéncia devido a diferencas nos investimentos totais, bem como entre individuos com determinado nivel de educaciojexperiéncia, devido a diferengas de habilidade, cor (etnia) e/ou classe sécio-econdmiea. ® 89 Ver a xesenha de M, Blaug, An Introduction to the Ezonomice of Ei cation (Middlexes, oglatcrta © Baltimore, Md: Penguin Books, 1972). esp. pp: 246 e BU7-290, Hstimatives das taxas de retaroo por grupo étnico encenrai se, por exemplo, em G. Hancch, “Aa Economic Analysis of Exenings and Schooling”. im B. F. Kilker (org), of. cit, pp. S102; ajustamentos para ™ Peag. Plan. Bron. 93) des, 1979 ‘Obtemos o limite inferior da variineia day taxas de retomo da educagio computande a variincia entre os coeficientes dx varidvel educagio nas regressdes para os diversos niveis de ensino, Nessas regressdes, 0s coeficientes estimados so aproximagées da taxa média de retorno num dado nivel educacional, Assim, por exemplo, 0 cocficiente de regress para 0 nivel superior corresponde a urna aproximagio da taxa de retorno para o nivel superior completo versus superior incompleto, © limite inferior da varidncia das taxas de retorno dos iavestimentos pésedueacionais pode ser aproximado ‘4pés caleularmos a varidncia entre os coeficientes dle idade nas re apessBes para virios grupos etirios. As cstimativas de regressio com as quais calculamos o limite inferior dessas varidnciss encontram-se nas Tabelis 6 ¢ 7. Os limites inferiores obtidos sio Var (r*) == 00015 e Far () 2 0,019. Pode-se obter uma aproximacio do limite superior para a variancia das taxas de retorno da elucagio adotandose 0 procedimento suge- vido por Chiswick © Mincer.*! Determina-se a variincia de uma fungio de renda simplificada da forma tn Y = @ +r, -+ 1, com resultados andlogos aos dx equagio 6) - Assim: Var (in ¥) = # Var (HE) + B® Var (9) + Var (1) Var (E) + Var (u) A variancia do log da renda que é explicada pela regressio, cor. responde a Var (In Y)* = #/ Var (B) + Var (u), € 0 coeticiente de determinagio pode ser definido como Rt = Var (in Y)*/ Var (ln ¥). Substituindo ¢ simplificando: E Var(E) , Var(r} Vem se toe hnshilidades imatas ou nivel sécio-ccondmico foram efetuador, por exemplo, por M. Camoy, "Rates of Reman to Schooling i Latin Ameria”, én Journal of Human Resources, n® W (1967), pp. 350374; H. Thias ¢ M. Camoy. Cost, Benefit anatyeis in Education: A Case Study of Keya (althmove: International Bank for Reconstwuetion and Development e The Jabus Hopkins res, 1972), pp. 85-42, 72, 73; © Cliudio de M. Casto, fnvestimento em Educagdo. no Brest lum Estudo Sicio-Econémico de Duas Comunidades Industrials, Série Monografia (io de Jancivo: IPEAJINPES, 1973), 9 12 A Chiewick © Mincer, of city p. S12, nots, Educasdo © Desigualdade da Renda Urbana as Tasca 6 Regressdes por nivel de edueagio ~ 19704 eee EEE EEE LEE Primi (2) LOGY = 0,392 + 0,851 EDU + 9020 IDA + 0,103 Loot, 6340) isa) i733) R= ort Vor (OGY) = 0,400 Nm 4.619.587 LOGY = 6,375 + 9,155 BDU + 0083 IDA + ore LOGH, (330,8) 457.5) aa) RE a 0208 Var (LOGY) = 0,978 Y= 749.985 Categial (g =3) LOGY = 4837 + 9,317 EDU + 0638 IDA + 0,245 LOGL (a4, (2549) a7) ogi Var (LOGY) = 0,507 N= art sos Superior (74) LOGY = 0,140 + 0,f01 BDU + O16 IDA + 0,206 LOG! cata, e,8) Gan B= a138 Var (LOGY) ~ o4re = 205.540 do Censo Derogrifiea de 1970, As observagies foram pondersds individaninienta pelo TSGIS; ponderagdo nadia = 78, Assn, ‘inimero do olseevagdes cortesponde ao tamanho real da populagao. Balatitions cute pardatess, Definindo o quadrado dos coeticientes de variagio de E, e 1, como, respectivamente, CV* (E) = Var (E) /F# e CP*() = Var() jr, substituindoos na expressio cima ¢ resolvendoa pura Vari), obrémse d= RA (CVS Ene Var) Ret + CV (EY) As estimativay da fungio de venda simpliticada nos dio # = 0,178 © R! = O15, Com os dados da Tabela 8, temos que CV? (B) 1.0198. Assim, o Himite superior para a variincia de #} seria 116 Peg. Plan, Beon, 93} des, 1979 ‘Tapeta 7 Regressoes por jaivas etérias — 19708 Mew LOGY ~ 3959 + 0pm BDU + 0,100 IDA + 0,147 LoGh (019) 3,9) G39 We = tis Var (LOGY) = 0,320 X= rsio is. 24 LOGY = 4819 + 0,108 EDU + 9,08 TDA + oe? L0GL. 88,4) (dse,p) (65. Be ~ o.ts2 Var (LOGY) ~ 2278 N = 047.809 mat ogy = IDA + 0,199 LoGn. ha) = 0006 Var (LOGY) ~ X = 629.863 we LOGY = 6450 + 0,102 EDU + 00% IDA + 0.181 Loar. tans) Cha ‘to0.8) m= ost Var (LOGY) = 0574 N= s0nt88 Be LOGY = 0808 4 0.177 EDU + gore IDA + O72 LOGL G.1820) (69,8) a8) Fe ~ 9309 Var (LOGY) = ort? Y= 1408.60 43-60 LOGY = 6,004 + 0,187 BDU — 0,908 IDA + 0,443 LOGI. (683,75 Haar” “GEA i ~ 0,88 Var (LOGY) = 0,500 N = 1o15.188 do Ceasy Demagedfion do 1970, As ubsrvar ses foram ponderadasindividualiaente pole IBGE ponderisao tala 2178, Bors ano, o mimero de obvervagoes eorre-ponde ko larnsrho rel da populacko, sEsacitions 1 entre patnteses, Educaglo ¢ Desigueldade dg Renda Urbene Var(r;) =: 0,023, Utilizamos, no edilculo das derivadas parciais, a media dos limites inferior ¢ superior: Var (9) = 0,012. Para Var (7). utilizamos a aproximagio do limite inferior As derivadas parciais cle Var (In ¥) foram avaliadas utilizando-se essa aproximagdes para as varincias dos cocticiemtes de educagio ¢ idade, hem como os valores observados das demais varidveis para a populagio em estudo. Esses outros valores encontramse na Ta. bela 8, Toners 8 Médias, desvios-padrao ¢ correlacdes entre as vavidveis explicativas — 1970 Esiatstions oatGtions EDU A LoL. Médias. 3,04 33.02 Dosvios Pudiio Sor 00 Cortetagaes EDU. 1 908 905 Da. t oot oGi. 1 FONTE, Amostia de 1,27% do Censo Dernogréfioo de 1020. 28 esq. Plan. Beon. 93) des. 1979

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