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Copyright © Paulus 2008 Clautiano Avelino dos Santos Imagem da cape Editorogs0 Impresstoe acabamento dsr de Coogee na aba Sumario ' Pip tral Sip Paks Fos 2008 (gaa Comoneaon INTRODUCAO: DA REDE AO LVRO Ferreira ° =a 9, Jaro TEORIZAOES SOBRE A MIDIATIZAGAO 15 ere ee 1. 0 PROCESSO DE MIDIATZACAO DA SOCKEDADE £ SUA NCIDENCIA EM DETERMINADAS PRATICAS SOCIOSSIMBOUCAS snl AI a Comat de masa ens eos 3 NA CONTERPORANEIDADE. A RELAGAO WIDE REUGIKO Som, Pesto Glberto. i br 1, Jao. V Série er 2. MDIATEACAO €(THANS)SUBIETIMDADE = ULTURA TECNOLOGICA. R DUMA FACE DA SOCIEDADE MIDATIZADA 3. UM CASO SOBRE A MIATEACAC: cawinkos, CONTAGIOS €ARNIAGOES DA NOTICIA co rauus -2008 lars 31 fa Feo Cu 29 ART Bt a sin ue as TRANSFORMAGOES DAS DISCURSIVIDADES E MIDIATIZAGAO n (1) $087-9700~ Fox (1) 55793627 ieee 4. MDIATZACAO E MUETDOES: SroralOpak reruexOes SOBRE 05 VINCULOS =e ENIRESOCSSHAGTCA FLOSORAPOUTEA ATURIOADE us > ‘O que se constréi, dessa maneira, é um modelo cultural orienta- apropriam-se dos recursos tecnolé gicos para atualizar in situ 0s discursos requeridos pata a construgio dos novos ificados sociais e gerar os condicionamentos para a acio social. Em sintese, como assinala Brea (2007), é “produgio de produgio: produgio de experigncia, de subjetividade, produgio de comunidade, de afeto ou de conceito, de passionalidade ou sentido, produgio de desejo, produgio de significado..., tudo é produ io”. E & justamente no pi Significagio que se prope como ética para interpretat a realidade social. \ ocesso de produgio que se instaura a {ENCIAS BIBLIOGRAFICAS BREA, J. L. Cala Rem, Barcelona: Gediss, 2007. KRESS, G; LEEUWEN, Vs dal dscource: the mores and media of ‘contemporary communication dicoune, Londces: Arnold, 2001 Liteacy inthe new mea age. Londres: Routledge, 2003, WEN, T Van. Introducing cial moti Londees: Routledge, 2005. MANOVICH, L. El Lenguaje de lor nuevos Medios de Comunicaciin, Barcelona Puidés, 2006, Unisinos, 2006 VENTOLA, E, etal Publis Amsterdam: John Benjamins produzido interagio social, de Esses proces ICAS DA MEDUSA? AO MIDIATIZADA /AINCOMPLETUDE MUDAN' A ENUNCL ES B € s, também compreendidos PROCESSOS SOCIAIS NA AMERICA LATINA 120 como midiatizagio da sociedade, afetam os campos sociais, suas priticas e suas interagbes, pois passam a se organizar ¢ a funcionar a a existéncia da cultura, de légi tendo como refe ‘goes midifcicas. Os problemas suscitados pelo desenvolvimento dessa n lidade técnico-discursiva de comunicagio vém sendo & também no cenatio de estudos latino-americanos.* De um modo especifico, no cenério brasileiro, temos nos ocupado em examinar as transformagies de priticas discursivas de diferentes campos (politica, educacio, relig 0, satide) a partir da presenca de comple- xas operacées de apropriagio de caracteristicas miditicas, redese nnhando suas g Para fins d camiticas e suas estratégias de reconhecimento.4 xe trabalho, examinaremos alguns aspectos dessa nova ordem sobre as préprias priticas sig no interior do campo dos mid sobre a enunciagio jornalistca, reformulando ¢ reconfigurando os especialmente as transformag6es regimes dos seus “modos de dizer” Examinar essa problemi ciadas, significa admitir que a midiatizagio se inscreve também, segundo as angulagSes aqui anun- do trabalho enunciativo que se realiza sobre a maté nificante, enquanto linguagem. E, nessas condigdes, néo poderiam estar ausentes destes comentirios duas perspectivas que levam em conta a linge das quais » como instincia para construcéo discursiva € alisticas para a produsio do lado, a Ii jo nosso ponto de vista, con “trabalho incerprerativo”. De um ral € que, segui Unis AKO MIATA sinua guiando a postura jornalistica sobre sua concepgio de priica crucionista, que, a0 definir discursiva. De outro, a perspectiva co a linguagem de um ponto de vista analitico, enfaiza a importincia do s ragées enunciativas que vio engendrar as manifestagdes discursivas papel constituince como elemento vital 20 construir 38 ope- LINGUAGEM: INSTRUMENTALISMO X CONSTRUCIONISMO? a. A supremacia do “sujeito falante” Sob diferentes perspectivas e conviegées, sabem todos os qui se ocupam dos remas ou 0s que pertencem a0 jornalismo, como munidade interpreta da imporsincla que tem 3 Lngungem 10, codificagio 40 deste trabalho nomeado como re paca a reali ou construgéo da realidade. Embora questio « ruros dos estudos do jornalismo, na frontcira de duas natizada por dife- ceferéncias (instrumental e construcionista), residem conviogdes sobre a reflexividade que este tebricas mais acentuadas, cujos efei campo realiza se atualizam em suas prOprias rotinas, Estruturado em torno de fundamentos consciencialistas, o ponto de vista instru mental subsidia o trabalho do jornalismo a partir de um conccito Nes gem uma “atividade secundaria” atiza o papel central do “sujeito falanc de enunciagao que e ta perspectiva, atribui-se & lin Ou seja, apesar de esse wabalho se reer atividade de “transagio de falas’ e de outros dispositivos rreferitem, mediagées ~ aparece como natualizado, uma ver que tui apenas como um instrumento de de fala", o enderegamento de nele a linguagem se con auxiliaridade, Nele, tuma mensagem de sujeito a outro, segundo determin: as regras de ‘otinas de produgio, em que as potencialidades das lin tiam restrtas esfera da manobra que sobre ela realizaria, 3 modo consciencial,o dispositivo de produgio. E, ness p spectiva, io de transmissio da mensagem enquanto ato de comu- ressio do dito escaria nicagio, ficaria restrita a idéia de que tod contida nas fronteiras mesmas onde esti aquele que © pronuncia 121 505 50 Desse ponto de vista, « apropriagio que o sujeito faz da ling gem seria apenas um ato instrumental: “Do ponto de vista do ator social que ‘comunica’, nio existe nenhuma classe de indetetmina- dizer’ ¢, em fungio desta representagio, produz o seu discurso” (Sigal; Verén, 2004, p. 19), io: ele sabe (ou cxé saber) © que ‘g Ou seja, 0 ato de construir 0 discu e restringia a uma espécie de operagio mecinica na medida em que toda.a extensio e comple- idade de sua aucoria escariam resritas a0 manejo do seu ator. O conceito de enunciagio estaria aqui ditado nao pela complexidade incencionalidade que'se delimitaria a um “processo de completude sobre o qual o sujcto falante teria controle, ou, entio, do qual des- oo regularia a manifesagio de qualquer “tipo de feréncia’ nitica para exemplificar esta questio é a estracégia nciativa da matéria jornalistiea com a qual o cortespondente do The Ne habitos alcodlicos. Ao defender-se, ma Just York Times n0 Brasil acusa © presidente Lula de ter de afiemagées que da noticia, disse er tendencioso no processo de construg “O artig o limia-se apenas a veicular comentarios, no contendo nenhum juizo de valor do proprio requerente” Ou seja, confessa a incxisténcia da complexidade com que se caracteriza o trabalho feico por ele, para produzir 0 artigo, pois, para além da existéns de outros textos, é dele o trabalho de identificacio, referenciagio, extragio de conteiidos, de referencias sobre as quais se estrutura 0 seu texto. E dele 0 trabalho do envio de “signos a outros”... Ou seja, 0 ato de selecionar materiais, extrair fragmentos e agrupé-los num oucro te naturalizado pelo préprio sujeito mental, ou seja, a visio de que o ato de dizer se completaria apenas numa espécie de raci propria intencionalidade) do seu praticante. A pertinéncia do aro de dizer reside na expressio em um modo como se produz a referéncia. Ou seja, “é na relagio de uma enunciagio com as referéncias que toma em consideragio, implicica c explicitamente, para se enuncias, que vai se inscrever a pretensio de completude do sujeito da enunciacio, uma ver que essas referén- ault, 1979, p. 110) sua validagio ao pré- cias valem, para ele, como a realidade” (J ‘A concepcio da enunciagio que resin prio ato do “sujeito falante” abstrai os efeitos da midiatizacio sobre 2 matéria signficante, 0 surgimento de novos regimes e processos de discursividades, que, neste novo quadro societirio, “devem set encendidos enquanco sistemas complexos” (Verén, 2004, p. 83), repercutindo sobre as cotidianidades e temporalidades dos c A perspectivs atribui a um decerminado tipo que restringe a linguagem & dimensio de meio sujeito a possibilidade de dizer em seu discurso, na medida em que ele deteria 0 controle do scu proprio ato e, por conseqiiéncia, os efeitos deste sobre os seus interlocutotes. Nesses termos, a situagio de comunicagio se restrin gitia & propria cena, sem que processos mais complexos pudessem ‘bar a sua constituigio e o seu funcionamento. A isso chama- fe “enunciagio como completude” b. A enunciagao e a incompletude A nogéo atribuida ao trabalho da enunciagio, enquanco um: plexa do que a concepeio inscrumental sobre atus da linguagem, & formulada, pelo menos, a0 liltimas erés décadas, Ver de um lingiista, Emile Benveniste, m ¢ da enunciagio cao central acerca do status da a 0 processo de produgio discursiva. Fala-nos de um ato, ou ste colocar a lingua em funcionamento por 989, p. 82). Ato insformar a lingua em fala, nele inscreve-se ‘A enunciagio I de utilizacéo” (Benvenisi do sujeito, que, a pois constiéi a sua propria imagem daquele de quem, ou a quem fala. Esse processo retine uma com plesa operagio. Inicialmence, a do sujito que, a0 falar para outro MOIATZAGAO € PROCESSOS SOCINS NA AMERICA TINA pede o seu reconhecimento, mediante a completude que pretende manter, aquilo que por cle € referido. Mas, a0 mesmo tempo em que (se) oferece como realidade, é também um operador do mun. do dos si gnos, em cujo trabalho de envio de um signo 2 outro, rio goza de autonomia, nsereve-se na ordem da linguagem, mas esta nio pode servi-lo apenas instrumentalmen ma vex que ato de enunciagfo, seja aquele de natureza face a face ou os que se reportam aos discursos sociais, envolve relacionalidades. Isto 6, inclui além do proprio sujeito, a posicio do outro, como uma das condigées de validade do objeto conscruido. Trata-se de “no centro uma relagéo de intersujeitos (..) relagio de co-enunciagio (..)” (Fischer, 1991, p. 218). E por isso que a nogio de complerude é insuficiente uma vez ra-se em torno de relag6es entre aque, por natureza,o discurso estruce sujeitos, néo permanecendo na a de um dos pélos da situagio de enunciagio a possibilidad Enquanto ope ialidade, a enunciagéo (jornalistica) movida por uma “légica de completude fi outros discursos ¢, 20 mesmo tempo, como emissor de outros, cuja de producio de efeitos discursivos fo de refere desconhece que 0 “sujeito falante” esté imerso em complexas relagées: opera como receptor de citcunstincia retine também 2 existénci de outros sujeitos como produtores ¢ receptores. Por outras p: bas as situagbes instituem realidades e co-enunciacées que néo privilegiam, assim, possibilidades de que o trabalho do sentido esteja na drbita de um sujeito, mas num feixe de relagées nas quais estariam situados sujei- tos © varias operagdes enunciativas. Tais operagbes enunciativas, aque estruturam interagées nos ambie ces € arquiteturas midiicicas, avessadas por essa ordem discursiva. Segundo complexas situagées de cnunciagéo, em produgio e em recepeios luma vez permeadas por indeterminagées. Dai, por exemplo, aparecimento de novas estratégias de “contratos de leituras’ atravé dos quais 0 campo das midias promove o deslocamento, ou refor mula o status dos seus receptores, fazendo-os aceder 20 universo de produgio de ofertas de sentidos, até entio restrito a0 universo dos producores, enquanto “sujeico falante SUANCOMPLETUD: 1S A contribuigio de Benveniste € uma espécie de contrati so “paradigma da objecividade”, ao lembrar que as operagses do sujeito ndo se fazem no vazio: acoplam-se ¢ subordinam-se a dete minados “enquadramentos” que as antecedem, subordinando-as a | complexos agenciamentos do aparelho da enunciacio. O sujeito deixaria de ser 0 lugar “matricial”, pois estaria imerso em situacoes nterdiscursivas, implicado com © que diz, com a constituicio daquele a quem diz, além de uma outra relacio, aquela cujos hori- zontes no estZo 8 revelia, e que envolvem a “pugna” que trava com o aparelho da linguagem Benveniste nfo pensou suas formulagdes sobre a enunck tendo como objeto as priticas discursivas mididtico-jornalisticas Mas situow a questio das discursividaces num tertitério de comple cmitica do sentido de uma consideracio xidades, a0 retirar a prol deterministica, da completude do discurso, situando-a na esfera d subjetividade. O convite a Benveniste para pensar os fendmenos da pela possibilidade que te comunicagio midistica dar-se de formular suas hipéteses sobre 2 enunciagio, a partir de nossos objeros complexos, enquanto priticas significances contempori 1¢ os mesmos possam vir a ser tensionados io hi por angulagdes ¢ formulagoes 4) (cio. Permitir, assim, que a vocagio empé episté ica da semiologia, de “se pér em contato com todas as priticas ficagio das quais se podem ‘desimplificar-se’ 0s bbri, 1999, p. 50). complexas de sig funcionamentos de sentidos. AENUNCIACAO NO MEIO DE DUAS SOCIEDADES 9 acelerado processo de midiatizagio Conforme n io da sociedade, mas também as [SY Je producio de sentido das operagdes desenvolvidas pel priticas midiiticas (jornalisticas) que organizam as operagbes de prod sua propria auro-referén: 2zagio toma forma através de operagoes de ling Mion 4e discutsivamente, reconfigurando o “lugar de fila” € 0s “modos de dizer” dessa modalidade de discurso. Tais operacées envolvem trés movimentos para dar conta do tra- balho de engendramento de sentido: a) aquelas de natureza enu ciativo-discursivas propriamente ditas; b) os produtos objetivados que resultam de operagdes, no caso 0s textos; ¢) e as representagées que deles se fazem, a partir do momento em que so colocados no circuito da circulagio social, enquanto possibilidades de efeitos.¢ Essas erés dimensées — operacées, textos e representagées ~ envol- ver niveis de muicas complexidades, uma vez que estio subordin dos as condigées de produso, de circulagio ¢ de reconhecimento, que envolvem néo s6 elementos da matéri ccaracteristicas de sociedade a que esses processos se vinculam. Fixat-nos-emos no mbito da sociedade da midiatizagio e que transformam o jornalismo em uum novo lugar produtor de terceiridades. Levando em conta o lugar daquele que fz envios de um signo a outto, entende-se 0 jomna- lismo como um “novo interpretante”, segundo as cransformacdes havidas no status do sew trabalho enunciativ. A competéncia cnunciativa dos discursos jornalisticos trans: forma-se na passagem de uma sociedade midiitica ~ na qual os meios se constituia di permeiain a organizagio e funcionament 1 em dispositivos prosag niseas ~ para aquela midiatizagio na qual légicas e operagées midifticas organizam dos regimes de producio de sentido. Para se entenderem as caracteristicas da enunciagao jornalistica passagem de uma “sociedade dos meios” para “sociedade da midia~ Tizagio”, levantam-se, de modo sucinto, algumas diferenciagbes. Na “sociedade dos meios’, as operagies de enunciagio dos dis- S03 jornalisticos se dest -am por uma tipica atividade discursiva representacional. Tecido na complexidade de campos, 0 trabalho discussivo jornalistico opera como um dispositive de mediagéo: i 1980 ses enuncativas evidenciam-no como protagonists no suas oP le papel de indicar a existncia e funcionamento de outros campos eitisis, O dispositivo, nesse estigio, estava a “servigo de con fs marcas do seu trabalho enunciativo, que rratariam de apontar a sua existencia, tratam de manté-lo opaco, talvez dissolvidas, apenas feréncias. Ou seja, 0 dispositivo estav como um lugar de indie preparado para, na condicio de meio, “dar vazdo” a sua competén- cia representacional. Tal competéncia se afirma também pela presenca e intervensio de especialisas e de suas competéncias discursivas. Os midias sie pressio de press distinguidos como dispositivos mais complexos ¢, 1 Giddens’ uma “porta de acesso” dos atores a0 sistema abstraro pela mediagio do pela medinga protagonismo, coneebida como instancia de 0: c ova modalidade de vinculo social, conforme também aludido po + a materialidade dos processos Mara: “A necessidade de recup significances (..), no em seu eardter de transportadores de algum sentido que Ihes € agregado ~ as mensagens ~ (..) mas enquanto Jo, mattt, racionalidade produtora e organizadora dos ‘Sociedade da midiatizagao”, € 0 intenso desen volvimento de 2 ¢ éncia de cécnica associado 3 ex processos € protocolos de orem técnica, as ‘ potenciais novos mercados, inclusive discursivos, que vio redese f lidade dos vineulos sociais, nhando a organizagio, a natureza ea qual \ submetendo-os a uma nova ambiéncia estruturada em torno de} forces dimensdes tecnodiscursivas comunicacionais. Tecnologias sio, convertidas em meiosde interacio e redefinidoras de praticas socias,| fou incidem diretamente sobre os regimes de discursividades, sub- eyo diferentes campos Sociais is novas ligicas e processos de cunciabilidade, Esse novo cenério de interagéo produz rupruras necessidade de dispositivos que re-instaurem nova mas também 7 (omit 30 05 SOCIAIS NA AMERICA LATIN formas de contato. Ni idias nao sio apenas jas nfo s4o apenas meios, mas u amplo ambiente, ¢ assim_se-transformam_em Sioa de “sistema” regulados que, através de suas préprias auto-operacées, 7 liz mn encionamen de um novo tipo de trabalho do registro A sua conversio em uma “realidade prépria” tem re ; ampo € nos préprios processos de referenciar a si proprio e 0 mundo. Seu objeto passa a ser falar de sua propria atividade enunciativa, visando “completar simboli- camente o sujeito” (Flahault, 1979), tornando-se um outro tipo de pretante. Essa condicéo de autonomia, de se tornar intensa constituida por suas oestatuto da enunciagio ico-jornalistica. A nogio de acontecimento deixa de resiltar progressivamente, em uma realidade prépri préprias operagées, altera substancialmente midis transages complexas que realiza junto a0 mundo das fontes ede 3s operagées discursivase passa a depender mais do investimen- 0 do trabalho de enunciagéo do que das ressonin as que ceriam, sobre ele discursos de outros campos. A realidade ext | : dk pos. A realidade externa se fe pre sente, masa partir de operagées de acoplamencos que tratam de ins- titué-la em conformidade com suas préprias regras de semantizagio. LEITURAS DA COMPLETUDE, OU QUANDO "A LINGUAGEM COME 0 RE m fungio das hipéteses aqui estabelecidas, examinaremos, 4 de textos jor areas do trabalho dessa modalidad para estratégias de prod referéncia, segundo operacbes em que 0 dispositive jornalistico aponta em ato para suas préprias construgées, ¢ que, segundo nossa hipérese, convertem a enunciagio em acontecimento, Nos matetiais analisados, nase panticularmente a que ‘DA MEDUSA? A ENUNCIAGAO MDIATZADA E SUA 129 a, O debate antecipado Durante as eleigdes presidenciais de 2006, foi realizada uma de debates televisives com os candidatos, culminando com a weiliagdo do ultimo, na Rede Globo de Televisio, na véspera do segundo turno. Promovidos em diferentes momentos, por varias ganda institucional dos redes de televisio, foram objeto de propa; seus realizadores: cada uma delas via na estratégia sobre a qual se ro, Redes de TV apoiava a sua promogio, na melhor edicio do gé jé duelavam assim, no Ambiro do espace publiciério, através de cia, argumentando sobre as vircudes dos operagées de auto-refer formatos, explicitando as dispuras de audiéncias, mas também seus modelos de producto de sentidos. ‘A Rede Globo, em aniincio, dizia: “EU PROMETO”, seguin do-se 0 enunciado sobre as caracteristicas da cobertura a set desenvolvida.'! Um dia depois, no mesmo jornal ¢ com a mesma disposigio gréfica, a Rede Band ponde ao anincio de sua concorrente dizendo: “ELES PROMETEM, a BAND CUM- PRE”.!2 Ambas as mensagens chamavam atengio para a5 caracte risticas dos pr6ptios dispositivos televsivos que seriam mobilizados para a conscrugio e funcionamento do processo de midiatizagio da campanha clitoral dora da dim: (26/10/2006), desenvolve uma “escalada infor chamando atengio nao emissio, a Rede Globo, na véspera Como realiz do tiltimo deba rmativa’, no imbito do préprio te para 0 evento em si, mas para as operagbes de sua produsio: datos. crpete azul. Foram usados 1.5 sti (..) Quase cem pessoas © acelerado. Gente Para receber os metros quadrat ‘ocuparam 0 estudio, tabalhando em ‘que tem noso da importancia do que vai acontecer amanha. Um p que, vai selecion IMDIATIAGAO E PROCESSOS SOCIAIS NA AMERICA 130 7 perguntas feitas por eleitores que ainda nao sabem em quem votar para presidente (..) Os 80 eletores indecises (..) va0 se sentar em arquibancadas a direita e a esquerda do mediador, (..)E 12 deles fardo perguntas, que sero transmitidas por um telao. (..) Os candidates (..) poderdo circular 8 vontade, E a tecnologia também vai dar uma forcinha a democracia, ‘entre os presidenclavels Além disso, ao longo da semana que antecedeu o debate através do seu site, divulgou, na forma de animagio infogréfica imagem 1), a emissio “Conhega os detalhes do iilkimo debate”, numa espécie de co-dererminagio mididtica que aludia a0 evento ‘que ocorreria, em seguida, na midia televisiva. Ali, estava descrito, segundo operacées enunciativas de fundo didético, como o debate itia acontecer, chamando- as; detalhando-se agdes € as interacées entre os participantes (candidatos ¢ eleitores entrevistadores); a organizacio do ambiente, 0 fluxo de incerasio entre os candidatos e suas relagées com 0 mediador e com os entre eno para suas rep vistadores-convidados (eleitores indecisos); a nacurcza do trabalho Yio mediador: a fungio dos processos elettbnicos de estabelecimento de contatos entre eleitores versus entrevistadores ¢ candidatos. Se, na prépria emissio t s nizagéo do evento por ela promovida, no ambito do ciberesp a emissora se auto-teferia & orgs taawa também de anunciar, de modo prévio, as condigdes nas Gquais 0 aconsecimenco se fri, algo totalmente atipico em relacio ratureza da enunciagéo do discurso politico, mesmo que co-pro: “duzido pelo discurso relemidictico. Essas operages aqui descritas se reportam ao dispositive da produgéo do debare, no fundlo, menos jomalismo, ¢ mais como uma realizagio, conforme lembrado na mensagem publiciiria acima descrita, em nora de pé de pagina b. Nada pode “sobrar” Durante a Copa do Mundo de 2007, a Rede Globo inroduzia no ambito de suas transmissGes esportivas, a mediagio de um espe Gialista em fonoaudiologia que cuidava de fornecer elementos sobre 0s dlogos travados entre treinador ejogador ou entre 0s jogadores, otes (Im: gem 2), Essa intervengio de um agente externo a0 mundo dos e adada que nao poderiam ser captados a distincia pelos narra especialstas esportivos ¢ 20s seus dispositivos de trabalho & pela propria ev, que, se Fantistico, em 18/06: “Nada escapa as cimeras atentas da Copa de undo registro de ordem co-rferes Mundo, Uma conversa entre jogador e técnico ou uma discussie no meio de campo. O que eles dizem no calor da partida? Para matar essa cutiosidade, 0 Fantistico procurou uma fonoaudiéloga ¢ adolescentes surdos”, Uma semana depois, comentando a reagfo do téenico da selegio brasileira, a Rede Globo, em seu principal jornal noturno, desdobra a operacio, fazendo o seguinte comentitio: *Parcira diz que ficou triste e d Labial’ e conside ontado com o quadro ‘Leitara acidade invadids’. Quando soub a que teve a pr das declaracées de Parteira, 2 diregio do Fantastico lamentou (..) humorados do porque o considera um dos momentos mais programa, um quadro que se encaixa mais ora do JN, que no jornalismo”. Disse mais ue {o Programa} BI AO € ROC 8 SOCIAN Lan s6 foi ao ar porque reve a certeza de que os espectadores saberiam compreender as circunstineias” (26/06/2006). Ao bus

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