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DA TEMPESTADE A BRISA DE VERO

Tenta segurar o choro


Enfrentar mais um dia como o outro
Fazendo mgica com seus olhos, espelhos d'alma, manchados pelas
lgrimas que fez o rmel escorrer e nos transformou em um triste pierrot
apaixonado
Respira fundo e pede fora, numa silenciosa prece no qual suplica
Passar por todos despercebida
No fcil disfarar um corao partido
Mas o dia-a-dia parece exigir o impossvel
E, mesmo em frangalhos, de p se tem que estar
E num esforo desumano representa parecer estar tudo bem
Esboua um sorriso amarelos nos lbios pintados de vermelho intenso
Lenos de papel para rinite sempre so um belo disfarce
Suspira fundo, cabea erguida, mente atormentada, enfrentar
Para no ter que se expor, explicar e desabar
Reconhece em silncio, o abenoado trabalho
No qual se jogar para esquecer a dores de desencantos e desamores
Ter que calar tudo o que gostaria de chorar
Mas o mundo em seu individualismo exige fora e controle
Parece cada vez mais desumano, cego e mudo
Ao exigir papis tristes, o homem de lata, sem corao.
E o fracasso, o sofrimento, e a insatisfao
No so qualidades apreciadas do que o mundo quer
Do equilibrado, produtivo, obediente, pessoa mquina
A sinceridade no mais aceita como virtude
Livros ensinam as tcnicas de mentiras que lhe fazem chegar ao topo
E os bons se tornam cada vez mais silenciosos
Engolindo a dor contida que, em forma de n
Preso na garganta dilacera e queima,
Abafa o grito, controla e contm o choro
Mas a tristeza da alma, essa impossvel de se esconder
Ainda existem, poucos de ns, que se olham nos olhos
Poucos de ns que realmente se importam
Que so capazes de perceber, que algum esteve chorando
Mesmo escondendo-se debaixo de enormes culos escuros
Do qual no possvel ocultar as nuances que vibram de um corao
partido
Nesse
Existe
Existe
Existe

raro e sensvel amigo


um ombro, existe consolo
um ouvido em que voc pode desabafar tudo isso
um abrao e tambm um afago

E uma noite em que todas as lgrimas choram


E secam, ate que chegue aquela manh em que estamos prontos
Para novamente, sermos livres, sorrir e, quem sabe, novamente, amar.
Simone Dimitrov
Santos, 12 de setembro de 2016

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