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UNIVERSIDADE DE SAO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SKO CARLOS DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS DESEMPENHO DAS LIGACOES DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS PRE-MOLDADOS DE CONCRETO ENG. ADRIANO WAGNER BALLARIN ORIENTADOR: PROF. DR. JOAO BENTO DE HANAI Tese apresentada A Escola de Enge- nharia de Sao Carlos, da Universidade de Sao Paulo, como parte dos requisi- tos para obtengéo do titulo de "Doutor em Engenharia de Estruturas". SKO CARLOS, JANEIRO DE 1993 A Maria Luisa, mulher amada, que 6 um toque constante de brilho e sensibi- lidade 4 minha vida. AGRADECIMENTOS A colaboracdo e estimulo de muitas pessoas amigas foram fundamentais na elaboracgado deste trabalho. A todas agradego com sinceridade, e desejo que continuem ao meu lado, caminhando. Gostaria, contudo de expressar meu agradecimento espe- cial: - ao meu orientador, Prof. Dr. Jodo Bento de Hanai - que desde ha muito tem me dado o grande prazer de seu convivio - pelas idéias brilhantes que inspiraram este trabalho e pela orientagdo firme e segura; - ao Prof. Dr. Mounir Khalil El Debs pelas inimeras e inestimaveis contribuigées; - aos professores e funcionarios do Departamento de Engenharia Ru- ral da Faculdade de Ciencias Agrondmicas - UNESP, com os quais venho construindo minha vida profissional; - ao Silvio Sabatini Simonetti Scolastici pelo incansavel trabalho de preparagdo das ilustragées; - a Maria Nadir Minatel pelo auxilio na elaborac&o da bibliografia; - ao Antonio Valdair Carneiro pelo trabalho de impressao final; - a FUNDUNESP e ao Programa Institucional de Capacitagdo de Docen- tes da CAPES, pelo apoio; - a minha familia, com carinho especial 4 minha querida mae, por terem me dado as bases emocionais e morais para o desenvolvimento de todos os meus projetos de vida. ii LIGAGKO “Dispositivo utilizado para compor um conjunto estrutural a partir de seus elementos, com a finalidade de transmitir os esforgos solici- tantes, em todas as fases de uti- lizagio, dentro das condigdes de projeto" (NBR 9062/1985 - ABNT) iii RESUMO Neste trabalho estuda-se o desempenho estrutural das 1i- gagdes de elementos estruturais pré-moldados de concreto. Com base na classificagao das ligacgdes de acordo com os elementos estruturais envolvidos, séo inicialmente apresentadas as metodologias tedricas de calculo e resultados experimentais disponiveis na bibliografia. Buscando langar as bases para a fundamentagdo de um pro- grama de pesquisa e desenvolvimento de longo prazo é feito um diagnéstico do estado-da-arte das ligagdes, através da revisdo sis- tematica dos principais requisitos de desempenho. Sao analisados requisitos de resisténcia, do comportamento em servico e dos aspec- tos construtivos e estéticos das ligagées. As diretrizes de pesquisa sugeridas enfatizam a conside- ragdo especial dos mecanismos elementares de transmissdo de forgas, coeficientes de seguranca, ductilidade e agdes dinamicas, no que se refere aos requisitos de resistencia, e da fissuragdo, deformabili- dade e durabilidade, no que se refere aos requisitos de comporta- mento em servico. iv ABSTRACT This paper presents the study of structural performance of connections in precast concrete structures. Based on the classification of the structural element connections, design methods and available experimental data are re- ported. Aiming to establish the bases for a long-term research and development program, a state-of-the-art diagnostic was perfor- med, through the systematic examination of the main performance re- quirements. The strength, serviceability, construction and esthe- tics connection requirements are analyzed. The proposed research guidelines specially emphasize the consideration of the force transmission elementary mechanisms, the safety coefficients, the ductility and the dynamic loads (concer- ning to the strength requirements), and the cracking, the deforma- bility and durability (concerning to the serviceability require ments). 1, INTRODUGKO. SUMARIO OBJETIVOS ... 2. TIPOLOGIA E CLASSIFICACKO DAS LIGAGOES ........ 3. ESTADO DA ARTE .... Fundagdo-Pilar sei ona 3.3. 3.4. 3.5. 3.6. 3.7. 3.8. 3.9. 3.10. 3.11. Ligacao Ligagao Ligagao Ligagao Ligagao Ligagao Ligag&o Ligagao Ligagao Ligagao Pilar-Pilar . Viga-Pilar .. Viga-Viga .... Viga-Laje ... Laje-Parede Parede-Fundagao Parede-Parede Laje-Laje .. Concreto pré-moldado Concreto moldado "in loco" ..... Dispositivos especiais .... 4, SISTEMATIZAGAO DA ANALISE DAS LIGAGOES ........ 4.1. 4.2. 4.3. 4.4, 4.5. 4.6. 4.7. 4.8. 4.9. 4.10. 4.11. 4.12. 5. CONSIDERAGOES FINAIS Ligagao Ligagao Ligagado Ligagao Ligagao Ligacao Ligacao Ligagao Ligacao Ligagao Conereto moldado "in loco" .. Fundagdo-Pilar .... Pilar-Pilar . Viga-Pilar .. Viga-Viga .......... eee Viga-Laje ... Laje-Parede .... Parede-Fundagd0 .....--++-- eee eee Parede-Parede Laje-Laje ... Concreto pré-moldado Dispositivos especiais .... Sintese da avaliacéo ...... 6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS vi Pagina 12 12 34 45 113 122 128 132 138 144 152 165 178 186 197 203 217 224 226 226 228 230 232 235 235 245 248 CAPITULO I 1. INTRODUCAO. OBJETIVOS Segundo definigdo do Instituto Eduardo Torroja, da Espa- nha, a Industrializagdo da Construgdo, consiste no emprego de forma racional e mecanizada de materiais, meios de transporte e técnicas construtivas para conseguir uma maior produtividade. SANTOS (1985)'S*!, simplificadamente, coloca a Industria- lizag&o da Construgao como a aplicagdo de técnicas proprias da ati- vidade industrial 4 execu¢ao de obras. A industrializagdo, caracterizada enfim como um processo, que busca associar conceitos de organizagéo e producdo em série a atividades até entdo desenvolvidas de maneira descontrolada e as— sistematica é uma tendéncia bastante forte e atual dentro da busca de aprimoramento da Construgao Civil. Os altos custos dos insumos basicos da Construgdo, o peso das leis sociais sobre a mio-de-obra, a busca de um maior controle de qualidade nas construgdes tornam imperiosas medidas que visem otimizar o aproveitamento da mao-de-obra e dos materiais. Encarada sob um aspecto bastante amplo, a Industrializa- gAo da Construgaéo compreende um profundo estudo da tecnologia dos produtos empregados, bem como dos processos envolvidos na aplicagéo destes produtos. De nada adiantaria atingir-se um padrao de quali- dade bastante alto dos materiais de revestimento, se eles conti- nuassem a ser aplicados com as mesmas técnicas artesanais, com a mesma mao-de-obra despreparada e com as mesmas condicdes de traba- lho desfavoraveis. Contudo, embora a Industrializagao da Construgao compre- enda a evolugao na tecnologia dos produtos e/ou dos processos cons- trutivos, ela recorre, quase que sistematicamente, a pré- fabricagao, ou seja, ao aprimoramento da tecnologia dos produtos. Segundo KONCZ (1976)'*®! a pré-fabricagdo é o método in- dustrial de construg4o em que os elementos fabricados em grande sé- rie, por métodos de producdo de massa, so montados na obra median- te o uso de equipamentos e dispositivos de elevacao. © pré-fabricado - notadamente de concreto armado e pro- [281 tendido traz em sua esséncia a solucdo para grande parte dos problemas até entdo enfrentados na construgao. Varios pesquisado- (291, (451, (463, 1473, (59) res sao unissonos ao afirmar as vantagens do pré-fabricado: - redugio dos prazos de construgdo, facilitando o cumprimento de cronogramas; - redugdo dos materiais empregados; - redugo do custo da méo-de-obra; - aumento na qualidade final da obra. Como desvantagens, o pré-fabricado de concreto armado te- via: - a necessidade de utilizagao de equipamentos de transporte e mon- tagem, e, - a dificuldade de se efetuar ligagdes. Historicamente, as primeiras tentativas de utilizacdo da pré-fabricagdo datam de 1891, com a execugao das vigas de concreto do Cassino de Biarritz, em Paris. Em 1900, s&o executados painéis de grandes dimensées (5,10 x 1,20)m*, com 5 cm de espessura, nos Estados Unidos. Em 1905 executam-se lajes pré-moldadas para edificios de quatro pavimentos nos Estados Unidos. Em 1907, a "Portland Cement Co.", dos Estados Unidos, e- xecuta edificios industriais totalmente pré-moldados na obra, e, em 1912 sdo produzidos edificios de varios pavimentos, totalmente pré- fabricados, através de método patenteado por John E. Conzelmann. Estas primeiras experiencias sd difundidas ao longo do mundo, surgindo, a partir delas, iniciativas isoladas em diversos paises, notadamente na Europa. Depois da 2° guerra Mundial, segundo SERRANO (1987)'°7, houve um grande avanco na utilizag&o dos sistemas pré-fabricados fechados (a base de grandes painéis). Foram utilizados macicamente para suprir, em partes, a necessidade de reconstrugao européia (no- tadamente na Europa do Leste e Comunidade Econémica Européia) também na busca de reconstituic’o do grande patriménio habitacional dilapidado nas décadas de 20 e 30, principalmente pela falta de in- vestimentos maci¢os no setor. A década de 70 se caracteriza por um arrefecimento no processo mundial de Industrializa¢do da Construgdo. As razdes des- sa "crise" , sentida concomitantemente em diversos paises, sao apresentadas e discutidas por SERRANO ‘°1). Como conseqiiéncia, a partir de 1974, nota-se uma acomoda~ gio no processo. Os sistemas de pré-fabricacdo fechados comegam a se flexibilizar em suas formas, opsdes e padrées. Procura-se uma melhor adequagao entre a produgdo industrial e a diversidade de produtos. Surge, assim, em 1975, a caracterizagaéo dos sistemas fe~ chados como uma 1! gerago de tecnologia de industrializagaéo. A 2° geragio, mais evoluida, é agora representada pelos sistemas abertos de industrializagdo, com construcSes 4 base de componentes compati- veis. Nos dias atuais, nota-se que os paises constituintes do antigo bloco soviético experimentam avangado estagio de desenvolvi- mento na area, motivado principalmente pelos programas nacionais de construgdo em massa de edificacdes a base da pré-fabricag&o pesada (células modulares completas ou grandes painéis). Nos Estados Unidos e também em alguns paises da Europa Ocidental, notadamente a Inglaterra, Franca e Espanha, da-se énfase produg&o de componentes industrializados, novos materiais e a ra- 3 cionalizagéo da construgao de estruturas. © desenvolvimento da pré-fabricag&o no Brasil 6 descrito detalhadamente por VASCONCELOS (1988)'7"). Partindo de um ntimero restrito de empresas, a industria nacional de pré-fabricados sofreu um processo de evolugado gradati- va, tanto no que diz respeito a tecnologia dos materiais e dos pro- cessos de produgdo e montagem como também no tocante aos projetos estruturais. Nota-se, hoje, a existéncia de um bem instalado parque industrial, capaz de atender satisfatoriamente a demanda de edifi- cagées destinadas a varias fungdes, em especial as que contemplam amplos espagos, caracteristica dos prédios industriais. Reunidos em torno da ABCI - Associacao Brasileira de Construgao Industriali- zada, os fabricantes tém procurado unificar o trabalho de institu cionalizac&o e divulgac&o da construgdo pré-fabricada. Os sistemas pré-fabricados mais empregados atualmente no Brasil podem ser classificados como de ciclo aberto e, no geral, aporticados ("beam-column framing"). Existem, ainda, empresas tra- balhando na produg3o de componentes para a construgdo, buscando a racionalizagdo das técnicas convencionais. Embora vivenciando um processo mundial de consideravel progresso, a construgaéo pré-fabricada enfrenta ainda alguns proble- mas que tém limitado a viabilizacdo plena do pré-fabricado como ferramenta de trabalho dos engenheiros, arquitetos e projetistas. Dentre esses problemas (modula¢do das construgdes, uso de equipamentos de tranporte e montagem sofisticados e de custo eleva~ do etc..) destaca-se o das ligagées. No estudo do tipo de ligagdo mais adequada a adotar, os técnicos sdo obrigados a lidar com uma multiplicidade de variaveis bastante incémoda. Existem ligagSes entre os mais diversos elemen- tos estruturais (fundagdo-pilar, viga-pilar, laje-viga, laje- parede, parede-fundagio, pilar-pilar, viga-viga), solicitadas a flexdo, tragio, compressao, cisalhamento etc. As ligagédes séo zonas singulares (de descontinuidade) da estrutura pré-fabricada. Nestas regiées, problemas como concentra- gio de esforgos e compatibilidade geométrica dos elementos ou com- ponentes sdo bastante fregiientes. Além disso, a dificuldade adi- cional de execugao da ligagao no concreto armado - material associ- ado, onde se deve providenciar a ligagio do concreto e do aco si- multaneamente - tornam o problema de solugdo mais dificil. A investigagdo sobre o comportamento estrutural das liga- gées nZo tem acompanhado a expansdo na utilizacao das estruturas pré-fabricadas. Embora nas duas Ultimas décadas alguns paises ve- nham realizando estudos experimentais sistematicos sobre determina- dos tipos de ligagdo, o volume de informagées disponiveis é ainda pequeno. Isto faz com que muitas das ligagdes que naéo foram tes- tadas experimentalmente recorram, para sua andlise, a modelagens tedricas muito simplificadas. Sao poucos os paises que dispdem atualmente de textos normalizadores do assunto. Na maioria dos casos, os paises pionei- ros no estudo das ligacées apresentam bases tedricas e experimen- tais para o assunto através de manuais, editados por suas institui- gdes como por exemplo o "PCI - Prestressed Concrete Institute" e 0 “ACI - American Concrete Institute", dos Estados Unidos, o "ISE - Institution of Structural Engineers" da Inglaterra e a “FIP - Federation Internationale de la Precontrainte" e o "CEB - Comité Euro-International du Béton", da Comunidade Econdmica Européia. scolas" no Estas instituigées configuram as principais assunto. Contudo, muitas das tendéncias por elas reveladas em suas recomendagées nao se adequam perfeitamente aos condicionantes e as praticas nacionais. A titulo de exemplo, o PCI recomenda em grande parte das ligagées o uso de soldagem em campo ou aparafusamento. No Brasil tal prdtica é utilizada em casos excepcionais, onde ou- tras opcdes como a concretagem "in loco" e o apoio simples com al- mofadas de elastémero nao sao possiveis. Nota-se, portanto, que é de grande importancia a realiza- glo de um estudo aprofundado e sistemdtico das ligagées nos elemen- tos estruturais pré-fabricados. Sera formador de opiniao sobre o assunto e tera, ainda, importancia estratégica na consolidagéo de uma escola nacional de pensamentos. Assim, este trabalho tem os seguintes objetivos: - realizar um extenso levantamento de dados bibliograficos e nao bibliograficos sobre ligagées de elementos estruturais pré- fabricados, com vistas a elaboragdo de um estado-da-arte sobre o assunto; - estabelecer um sistema de classificagao tipolégica das ligagées, levando em conta a fungao, o comportamento estrutural, o processo de calculo, a compatibilidade dimensional, o controle de qualida~ de da execucdo etc.; - realizar avaliagio critica do estado-da-arte, através de uma ana- lise sistemdtica do desempenho das ligagées; - emitir juizos a respeito dos tipos possiveis de ligacées em ele- mentos estruturais pre-fabricados e suas aplicabilidades; - fornecer subsidios para futuras pesquisas e normalizagdo técnica sobre 0 assunto. No capitulo 2 apresentam-se os critérios disponiveis para a classificacao tipoldgica das ligagdes, e elege-se dentre eles um critério tnico para andlise das ligagées. No capitulo 3 é feita uma extensa revisdo bibliogréfica das principais ligacdes que ocorrem em estruturas pré-moldadas. So apresentados varios aspectos das ligacdes como o método de cal- culo, o desempenho estrutural, a forma de ruptura, etc... AS in- formagées sdo obtidas de manuais, artigos técnico-cientificos, tex- tos normalizadores, catdlogos e revistas, principalmente. No capitulo 4 realiza-se uma avaliac&o critica do estado- da-arte, através da revisdo sistematica dos principais requisitos de desempenho das ligagdes, buscando o estabelecimento de diretri- zes para a pesquisa e para o seu desenvolvimento consistente e con- tinuado. © capitulo 5 apresenta consideragdes finais sobre o as- sunto. CAPITULO IT 2. TIPOLOGIA E CLASSIFICACAO DAS LIGACOES Existem diversos critérios para classificagao das liga- gSes em elementos estruturais pré-fabricados. MOKK (1969)'*5?, em seu livro "Construcciones con materi- ales prefabricados de hormigén armado" sugere para as ligagées as seguintes classificagée: i) quanto a vinculagao - rigida ~ articulada As ligagdes rigidas so obtidas normalmente com entrela- gamento, traspasse ou soldagem das armaduras salientes dos elemen- tos ou ent&o por soldagem de insertos metalicos devidamente ancora- dos nos elementos a serem unidos. Evidentemente, este tipo de li- gagéo restringe grande parte dos graus de liberdade do sistema, sendo adequada para suportar tragdo, compressao, cisalhamento e flexao. As ligagdes articuladas so obtidas pela superposicdo de um elemento estrutural a outro. Na interface de apoio entre ele- mentos pode-se utilizar ou nao placas especiais de apoio, confec- cionadas com materiais diversos. As ligagdes articuladas podem transmitir as forcas que passam pela articulagao, liberando contudo alguns graus de liberdade do sistema (principalmente deslocamentos horizontais e rotagoes). BIRKELAND e BIRKELAND (1966)'°!, analisando os aspectos desfavordveis - principalmente para solicitagées dinamicas - da falta de continuidade da armadura nas ligagdes articuladas acredi- tavam que as estruturas pré-fabricadas deveriam ser projetadas com © mesmo grau de continuidade das estruturas monoliticas, sugerindo assim, sempre que possivel, a adogdo de ligagdes rigidas. Esta tendéncia, conforme observa-se pelos relatos de MOKK (1969)"4®), esta superada. Devido ao custo normalmente mais eleva~ do das ligagées rigidas - sua execugdo é mais trabalhosa - a ten- déncia 6 reduzir sua aplicacio ao minimo. Como vantagem adicional, as ligagdes articuladas podem receber carregamento imediatamente depois de executadas. ii) quanto 4 exigéncia de concretagem "in loco", ou quanto a pre- senga de material de preenchimento - seca (junta a seco) - umida As ligagdes secas sio executadas pela simples coloca¢ao de uma pega sobre a outra, sem adigdo de nenhum material de preen- chimento na interface de contato e vizinhangas. Podem, eventual- mente ter incorporadas chapas de ago ou borrachas de elastémeros na interface de contato, para melhorar as condigdes de apoio e até corrigir a falta de precisao dimensional. As ligagdes umidas sao obtidas com adicdo de material de preenchimento (graute, argamassa ou micro-concreto) na interface dos elementos. © material de preenchimento, normalmente de nature- za igual a dos elementos unidos, pode ter finalidade estrutural ou somente finalidade estética e protetora. Segundo MOKK (1969)'**’, as ligagées Umidas sao mais ade quadas para suportar carregamentos de maior magnitude, conferindo um carater monolitico 4 estrutura. iii) quanto a classificagado estrutural dos elementos envolvidos - pilar - fundag&o - pilar - pilar - viga - pilar - viga - viga - concreto pré-moldado - concreto moldado "in loco" Complementando-se a classificagéo original de MOKK (1963)"*®) ter-se-ia ainda: - laje - viga ~ laje - parede - parede - fundago - parede - parede - laje - laje - dispositivos de igamento e insertos Esta classificagdo sugerida por MOKK 6 bastante pratica. Sem duvidas, as opgdes a se adotar na andlise da ligacdo entre dois elementos estruturais quaisquer sao muitas: ligagdo rigida ou arti- culada, com traspasse, soldagem de armaduras ou até mesmo parafu- 50s, com ou sem concretagem posterior, etc. Contudo, mesmo com es~ sa gama de possibilidades, ao analisar-se, por exemplo, a ligacao entre uma viga e um pilar, defronta-se com uma série de problemas que s&o comuns 4 maioria das ligagées viga-pilar, sen&o vejamoi solicitagdo predominante a ser transmitida, compatibilidades dimen- sionais, quesitos estéticos, necessidade ou nao de protecdo, etc. Além das classificagdes propostas por MOKK, encontram-se ainda outras classificagdes, como as que se seguem: iv) quanto a solicitac&o predominante - compressdo - tragao - flexdo - cisalhamento Esta classificacdo é também bastante interessante. Uti- liza-se como caracteristica comum das ligagdes de cada grupo a so- licitagdo predominante. Isto faz com que ocorra uma possivel seme- lhanga no mecanismo resistente, para ligagdes pertencentes ao mesmo grupo. Assim, por exemplo, para as ligagdes submetidas predominan- temente a flexdo, havera sempre um binario resistente, obtido atra- vés de uma regido tracionada da ligagdo e outra comprimida. Dessa forma, a andlise estrutural de novas ligagdes poderd ser feita pela simples adaptagdo de mecanismos resistentes ja completamente diagnosticados nesse grupo. v) quanto a dureza = "soft" - “hara" As ligagdes "soft", como o proprio nome sugere, sdo aque- las em que um elemento descansa sobre o outro intercalado por mate- rial de amortecimento. As ligacées "hard" sdo executadas com placas e perfis de ago, com soldagem ou com utilizagao de concreto moldado "in loco". Analisando-se os critérios de classificagdo expostos, no- ta-se que a maioria deles divide as ligacdes em dois grandes grupos (rigida/articulada, tmida/seca, "hard"/"soft"). Esses critérios terminam por enquadrar em um mesmo grupo ligacées que as vezes apresentam um fragil ponto de similaridade. Por outro lado, para os critérios com um numero maior de grupos, os pontos comuns as ligacées de um mesmo grupamento sao ma- iores e muito mais fortes. Assim, a identificac&o e equacionamento de comportamentos estruturais tipicos para o grupo e todas as ou- tras atividades relacionadas com 0 estudo das ligacdes ficam faci- litadas, permitindo a sistematizagdo da analise. © PCI - "Prestressed Concrete Institute" (1973) vés de seu "Manual on design of connections for precast prestressed concrete" apresenta detalhes tipicos de ligagdes de acordo com a 48) tra 10 classificagao do elemento estrutural envolvido (critério iii). De maneira semelhante procede "The Institution of Structural Engineers" (1978)'**? em seu manual "Structural joints in precast concrete". Neste trabalho, seguindo essa tendéncia, sera adotada a classificagao de acordo com os elementos estruturais envolvidos (fundagSo-pilar, viga-pilar, viga-viga, etc.). Paralelamente a es- se critério geral, para cada ligag&o analisada dentro de um mesmo grupo, serdo atribuidos os qualificativos dos outros critérios aqui apresentados, configurando-se assim uma classificacdo secundaria. a1 CAPITULO IIIT 3. ESTADO-DA-ARTE Seguindo-se o critério de classificacdo das ligacdes de- finido no capitulo anterior, desenvolve-se aqui uma extensa revisao de artigos bibliograficos (artigos de revistas técnicas, manuais, normas, cédigos) e nao bibliograficos (revistas, catalogos, impres- sos publicitarios) sobre o assunto, procurando agrupar e reordenar as informagdes disponiveis sobre cada uma das ligagées, e sistema~ tizar a sua apresentacao. 3.1 LIGACKO FUNDACKO-PILAR Classificagao da ligacdo : rigida quanto 4 concretagem: umida quanto a vinculaga quanto 4 solicitagdo predominante: compressao e flexdo quanto 4 dureza: "hard" Esta ligagdo é normalmente rigida, podendo, eventualmente ser articulada. A ligagdo rigida é obtida de varias maneiras: - embutindo-se a base do pilar em um encaixe (colarinho) deixado no pucket foundation"); - por soldagem de armaduras salientes; elemento de fundacado - por traspasse de armaduras; - embutindo-se armadura saliente do pilar em vazios deixados no 12 elemento de fundagao; - com uso de parafusos. A fig. 3.1 (MOKK)'‘S’ ilustra algumas ligacées rigidas obtidas embutindo-se a base do pilar (comprimento de engastamento do pilar) em encaixe existente no elemento de fundacdo. Tanto na face inferior do pilar, quanto na base de apoio do pilar na funda- gH0, pode-se prever a utilizagao de placas de ago, ancoradas em se- us respectivos elementos, para facilitar o posicionamento e a obten¢do de prumo no pilar. Depois de posicionado o pilar, faz-se o preenchimento do vazio entre as faces do pilar e as paredes do colarinho, com con- creto ou argamassa. Até o endurecimento completo do material de preenchimento, o pilar deve ficar suficientemente travado (normal- mente utilizam-se cunhas calgando o pilar na propria parede do co- larinho do elemento de fundacao). a ey » SS K FIG. 3.1 - LIGACKO FUNDAGKO-PILAR - A base do pilar embute-se em encaixe existente na fundacdo. © espago entre a late- ral do pilar e as paredes da funda¢ao é preenchido com argamassa, graute ou concreto, configurando-se uma ligagao rigida. 13 Na fig. 3.1-a tem-se o exemplo de elemento de funda¢do - sapata - pequena. A profundidade de encaixe do pilar, de 1,1 vezes a maior dimens&o do pilar, é a sugerida pela norma soviética. Na fig. 3.1-b, para sapatas médias, a profundidade de en- caixe foi obtida da norma hungara. Algumas regras praticas sugerem ainda a profundidade do encaixe deixado na fundagdo da ordem de 128 a 15% do comprimento do pilar. A fig. 3.1-c ilustra uma sapata para grandes carregamen- tos de compressao. 0 encaixe do elemento de fundagao devera prever folgas laterais de 5 a 10 cm para facilitar o emprego de vibradores no adensamento do material de preenchimento. A NBR 9062 (1985)'°! determina que as paredes internas do ercaixe devem ter pelo menos a mesma caracteristica superficial que ado pilar. Dependendo da rugosidade superficial desses elementos, pode-se garantir a transferéncia total ou parcial da carga de com- pressdo pela interface. MOKK (1969)'*5! aponta como vantagens da ligagado com em- butimento do pilar a facilidade na colocagao e obten¢gao de prumo no pilar, escoramento e travamento da ligacdo, além de ser ela menos sensivel as imprecisdes de projeto e montagem. Como desvantagem comenta que o momento fletor deve ser resistido tanto pela base do pilar como pelo colarinho da fundagdo. Isto provoca um custo adi- cional significativo em elementos de fundagdo de maiores dimensées. comenta ainda que para ligasSes onde a profundidade de penetragao do pilar for maior que 1,00 m, a unido soldada resultard mais eco- nomica. © equacionamento matematico dos esforgos solicitantes pa~ ra a ligacio com embutimento do pilar, considerando-se a atuagdo conjunta de M,, V, eH, , deve ser feito analisando-se dois casos limites quanto a conformac&o das superficies das paredes do pilar e do colarinho ou pedestal: superficie rugosa e superficie lisa. Segundo LEONHARDT (1978)‘*?), no caso de paredes com su- perficies rugosas, pode-se admitir funcionamento conjunto do pilar com a fundagdo, apds o preenchimento do espago entre esses elemen- tos, desde que: a) as superficies sejam rugosas com rugosidade minima de 1 cm em 10 cm; 14 b) 0 concreto de preenchimento seja de qualidade igual ou superior ao do concreto do pilar e do calice, tendo adensamento adequado; c) a espessura do colarinho seja igual a hz 1/3 da menor distancia interna entre as paredes do colarinho, sendo sempre maior ou igual a 10 cm; d) a profundidade de engastamento seja: M L 12h 2 0 6 eng? 2 para —yfp- < 0,18 (3.1) My L 10 = 2, 5 feng? 2/08 para yy = 2,00 (3.2) sendo: M,e V, - esforgos solicitantes de calculo, referidos ao bor- do superior do colarinho; h - dimensdo do pilar na diregdo da solicitagao. Para valores intermediarios, interpola-se linearmente. Para o caso em que 2,00, a NBR 9062 (1985)'*?, diferentemente especifica: Lg 1/6 h, colocando contudo: L 2 40 cm., quer sejam as interfaces lisas ou rugosas. ‘eng’ A fig. 3.2 ilustra o desenvolvimento dos esforcos para a transmissao das forgas do pilar as paredes do colarinho. Os valores de H,, e H,, sugeridos pela NBR 9062 (1g85)'5) e LEONHARDT e MONNIG (1978)‘*" sdo aproximadamente iguais: i (3.3) M Hw = -6 dee ud ae TT (3.4) As paredes transversais do colarinho transmitem a solici- tacio horizontal (H,,) as paredes longitudinais, que funcionam como 15 consolos engastados na fundagao (fig. 3.3). Nas paredes longitudi- nais o mecanismo resistente 6 o de uma trelica de duas barras, uma tracionada (tirante) e a outra comprimida (biela). . He ee ta a3. FIG. 3.2 - Distribuigdo de tensdes na ligagao fundagao-pilar -- paredes rugosas Me PLANTA Me no Hyg? * —- > Hyg/2 () CORTE ARMADURA EM ANEL gg /2 ° >) FIG. 3.3 - LIGACKO FUNDACKO-PILAR - a), Bielas de compressao para transferencia dos carregamentos; b) Mecanismo resisten- te das paredes longitudinais. Nessa trelica o tirante compde-se de estribos verticais, distribuidos ao longo das paredes transversais e calculados por: 16 (3.5) h,, h, eh, - grandezas lineares, conforme fig. 3.2. Deve-se prever armadura horizontal em anel (A.,), na zona superior do colarinho, para transmitir a solicitagao horizon- tal das paredes transversais para as longitudinais, dimensionando- se cada parede para HA 4/2 N3o ha necessidade de se verificar o cisalhamento das paredes transversais. LEONHARDT e MONNIG (1978)'*'! colocam que a forga H, etransmitida 4 sapata sem necessidade de armadura adicional. A NBR 9062 (1985)'°! especifica que a verificagao da pun- g&o no elemento de fundagaéo deverd ser feita, no caso de paredes rugosas, para o valor N_,, correspondente a carga aplicada pelo pi- lar por ocasiao da montagem e antes de se efetivar a ligagao entre a fundagdo e o pilar. No caso de utilizacdo de pilar e colarinho com superfi- cies lisas, LEONHARDT e MONNIG (1978)‘") tos de engastamento L_ | das expressdes (3.1) e (3.2) sejam multi- sugerem que os comprimen- plicados por 1,40. A NBR 9062 (1985)'°?, novamente sugerindo valores relati- vamente menores especifica: 4 /15 : Lge 5h para yp < 0,1 (3.6) My L 2 2,0h para —y—,- = 2,00 (3.7) ‘ong ’ No caso de interfaces fundacdo-pilar lisas, a distribui- Gao dos esforgos é a ilustrada na fig. 3.4. Os valores de H euH sugeridos por LEONHARDT e MONNIG (1978)'2"? © pela NBR 9062°(1965}"*? fo: 17 (3.8) od (3.9) ud — U8 Long 1273 Leng Hue i FIG. 3.4 - Distribuigéo de tensdes na ligagdo fundagdo-pilar -- paredes lisas. A absorgio de H,, 6 feita de maneira analoga a exposta para interfaces rugosas. Contudo, neste caso, as paredes verticais deverao ser ve- rificadas a flexdo e ao cisalhamento. A NBR 9062 (1985)'S? especifica ainda que o calculo dos estribos verticais (armadura de suspensdo) seja feito através da expresso: Alsat. (3.10) ya permitindo-se, como mostra a formulagéo, a transferencia de 0,7 N, pela interface lisa. A absorgdo de H|, pelo colarinho, através de armadura ho- rizontal, deve ser verificada, a nao ser que o pé do pilar penetre na sapata pelo menos em 1/6 L,, | 18 A verificagao da pungao no elemento de fundacdo sera fei- ta para 0,3 N,, quando se respeitar a equacdo (3.10), e para N,, em caso contrario. A NBR 9062 (1985)'®) especifica ainda que, em nenhum ca- so, a altura dessa parte do elemento de fundacdo seja inferior a 20 cm. Por fim, quando existirem barras longitudinais tra- cionadas no pilar, LEONHARDT e MONNIG (1978)‘*) sugerem a veri- ficagdo da sua ancoragem, tomando-se sempre o comprimento de anco- ragem 1 <1/2L. » eng FIG. 3.5 - Detalhamento final de armaduras no elemento de fundacao - caso de gran- des excentricidades ‘**? A fig. 3.6 ilustra ligagées rigidas funda¢4o-pilar, obtidas por soldagem. Na fig. 3.6-a o pilar apoia-se provisoriamente na funda- g&0, através de saliéncia existente em sua extremidade. Nota-se também na figura o rebaixo existente no elemento de fundagdo. Nesse sentido, MOKK (1969)'*°? sugere que as barras de espera da fundagdo nao ultrapassem o nivel do pavimento, evi- tando-se assim interferencias incomodas. Na fig. 3.6-b 0 apoio provisdrio do pilar é feito utili-~ zando-se cilindros de concreto armado. BIRKELAND e BIRKELAND (1966)'®) apresentam uma alternati- va as ligagdes soldadas da fig. 3.6, onde as barras de espera da fundag’o s&o soldadas a cantoneiras ancoradas na base do piler (fig. 3.7). 19 CONCRETAGEM POSTERIOR SOLDAGEM FIG. 3.6 - LIGACKO FUNDACAO-PILAR SOLDADA ARMADURA_00 PILAR. PILAR SOLDAGEM, PLACA DE APOIO FERRO DE ESPERA FUNDACAO ,— FIG. 3.7 - LIGACKO FUNDACKO-PILAR SOLDADA Alternativa’® 20 Na ligagdo fundagao-pilar soldada € sempre importante garantir a correta fixagéo e concretagem das barras de ago salientes dos elementos. As ligacées fundagdo-pilar soldadas merecem ainda cuidado especial no processo de soldagem. Embora a NBR 9062 (1985)'*) teca poucos comentarios sobre soldagem, somente em algumas ligacSes par- ticulares (por ex. consolos), manuais internacionais sobre pré- moldados s&o muito rigidos nas especificagdes e no controle de qua- lidade da solda. © pcr (1973)'*! recomenda que sejam soldadas somente barras de ago Grade 40 (f/x 280 MPa) ou Grade 60 (f= 420 MPa), com contetido de carbono e manganés nado superiores a 0,508 e 1,308, respectivamente. Recomenda ainda a utilizagao de eletrodos com baixo teor de hidrogenio e soldagem afastada em pelo menos 20cm dos pontos de dobramento a frio das barras da armadura. A NBR9062 (1985)°) também cita esse ultimo valor. A tabela 3.1, extraida e adaptada do PcI (1973)'**? suge- re valores da carga Ultima de tragao para ligagdes soldadas entre barras, utilizando-se ago com f ~= 280 MPa. RUDY et alii (1959)'%"), estudando soldagem de barras de armadura de estruturas de concreto, concluiram que para o tipo de solda ilustrado na tab. 3.1, a resisténcia ultima sera majorada em cerca de 308 se a soldagem for executada preenchendo-se também as “pontas" das barras. Depois de soldadas as barras de armadura salientes, essa ligagio fundagao-pilar é concluida com a colocagdo de estribos e a concretagem da ligagio. Endurecido 0 concreto de preenchimento (via de regra, e- xige-se para ele resistencia igual ou superior a dos materiais constituintes dos elementos unidos), o mecanismo resistente da li- gagdo é o mesmo do pilar. Contudo, considerando-se que uma das vantagens desse tipo de ligacdo é a rapidez com que ela permite sejam liberados os equi- pamentos de transporte, igamento e montagem, muitas vezes é neces~ sdria a verificacio estrutural da ligacio, em etapas intermedidrias de sua execucéo, tomando-se como elemento resistente somente as bavras de aco soldadas e como carregamentos 0 peso proprio dos ele- 21 mentos, 0 vento, as solicitagdes de montagem e outras. TAB. 3.1 - Resisténcia ultima da ligacdo soldada em barras.!*8 MOKK (1969)'*5) afirma que as ligagdes soldadas tém seu uso generalizado na pratica das estruturas pré-fabricadas, por suas vantagens (comportamento bem diagnosticado, Praticidade de execu- gio, boa estética, rapidez) que se traduzem objetivamente em resul- tados efetivos. A ligagdo fundagdo-pilar da fig. 3.6 pode ser ainda feita com emendas das barras salientes por traspasse, conforme mostra a fig. 3.8. Ainda nesses casos, a ligagdo, depois de concluida, com- porta-se como perfeitamente rigida. 22 Outro tipo de ligagdo fundacao-pilar rigida é obtida com as barras - em forma de gancho ou retas - salientes do pilar, pene- trando em vazios deixados no elemento de fundagdo, que sao concre- tados. MOKK (1969)'*®? sugere a utilizac&o de dois pontos de an; coragem das barras do pilar, para pilares com carregamento reduzi- do, e quatro pontos, para pilares mais carregados. o pcr (1973)'*"), a partir de resultados de testes de ar- rancamento executados por ANDERSON (1960)'??, indica uma formulagao para célculo do comprimento de ancoragem (1,) das barras (retas) salientes do pilar, no caso em que elas penetram em uma bainha me- tdlica ja preenchida com graute. IC “PILAR ‘CONCRETAGEM POSTERIOR °) FIG. 3.8 - LIGAGAO FUNDAGKO-PILAR POR TRASPASSE- Emendas das barras: a)sem ganchos; b)com ganchos. Para barras com ¢ < 12,7 mm tem-se: Af s—gpster 15 cm (3.11) 23 a) b) onde: A. = area da barra de ago, em cm’; £1), = resisténcia de calculo ao escoamento da barra de ago, em Kgf/cm*; @ = fator de redugdo, igual a 0,85; P = perimetro da barra de ago, em cm. Para essa ligacdo, o PCI (1973)'*®) sugere ainda: espessura minima da camada de concreto ao redor da bainha igual a 7,5 em; diametro externo da bainha maior ou igual a 3 vezes o diametro da barra de aco saliente do pilar; espessura minima da parede da bainha metdlica de 0,58 mm; graute de preenchimento com resisténcia minima f = 42 MPa; armadura "de confinamento" disposta na horizontal, na forma de estribos ou espirais, calculada por: Alf, Ag? ip (3.12) one yin sendo: fy - resisténcia caracteristica ao escoamento da ar- yes madura saliente; £7 Fesisténcia caracteristica ao escoamento da ar- ve, madura de estribos horizontais; A - area de armadura saliente do pilar; - coeficiente de atrito, dado pela tab. 3.2. Valores do coeficiente de atrito y ———Tipo_de_interface I conereto/concreto produzido monoliticamente 1,4 conereto/concreto endurecido—CS de textura aspera 1,0 concreto/ago com saliéncias soldadas 0,7 concreto/eoncreto endurecido——SSOSOS~—S—S com textura lisa 0,6 TAB.3.2 - Valores do coeficiente de atrito interno") 24 ARMADURA SALIENTE i 4 I EM Lac i CONCRETO ‘ou GRAUTE_ FUNDAC KO ° »” FIG. 3.9 - LIGACKO FUNDACKO-PILAR - As barras de ago salientes da armadura do pilar penetram em espagos vazios deixados para esse fim no elemento de funda- Gao. A ligac’o fundacdo-pilar pode ainda ser feita com uso de parafusos e chapas de aco conforme mostram as opcdes da fig. 3.10. As chapas de ago ficam soldadas a armadura do pilar e os parafusos so ancorados no elemento de fundagao. Segundo MOKK (1969)'*S) a precisio de execucdo exigida por esse tipo de ligagéo faz com que ela seja recomendada somente para alguns casos excepcionais. contrariamente, o PCI (1973)'**! e “The Institution of structural Engineers" (1978)'*°! sugerem, em muitas situagées, a 25 ligagdo fundagao-pilar parafusada. Segundo eles, as desvantagens desse tipo de ligag&o (custos, precisdo requerida, possibilidade de corroséo dos parafusos e chapas) sdo compensadas pela rapidez de igamento e montagem das pegas que a ligagdo propicia e pela facili- dade de obtengdo de prumo e nivelamento do pilar. Essa operagdo é feita utilizando-se duas porcas na fixacdo da chapa a cada uma das barras de ancoragem. A porca inferior de cada uma das barras de ancoragem, posicionada sob a chapa, ajusta o nivelamento, enquanto a porca superior prende a chapa a barra de ancoragem. ? - _ Ls ®) a FIG. 3.10 - LIGACKO FUNDACAQ;PILAR PARAFUSADA Arranjos tipicos 26 A interface entre o topo do elemento de fundagdo e a chapa - normalmente de 4 cm a 6 cm - é preenchida com graute. A fig. 3.10-c apresenta ligagdo em que sao utilizadas cantoneiras concretadas nos quatro cantos do pilar. Essas cantonei- ras sdo soldadas a pequenas placas de aco, em sua base (e = 19mm) e em seu topo (e » 3mm, com finalidade tnica de contengao do concre- to). Essa ligagdo permite a padronizagao de seus detalhes, inde- pendentemente das dimensdes da segdo transversal da coluna. As placas de aco da ligacdo fundagdo-pilar parafusada po- dem ainda ter dimensdes maiores, iguais ou menores que as da secdo transversal do pilar. As duas tltimas opgdes permitem um melhor tratamento arquiteténico da ligacdo, além de facilitar a protecdo contra corrosdo de seus dispositivos. Em algumas situacdes a placa de base 6 soldada a uma ar- madura secundéria do pilar (fig. 3.11-b) © PCI (1973)'*°! e "The Institution of Structural Engineers" (1978)'7°! recomendam que a fixagdo da placa a armadura do pilar seja feita passando-se as bar- ras por furos existentes na chapa e soldando-se essa regido em am- bos os lados da chapa. Deve-se evitar a soldagem de topo. As fases de carregamento critico dessa liga¢éo sao: - durante a montagem; - apés a conclusdo da ligagdo. Durante a montagem, os carregamentos atuantes sdo par- ciais (esforgos de montagem, peso proprio, vento). Essas cargas so transferidas do pilar para a fundacdo somente pelos parafusos (barras de ancoragem) sem o graute de preenchimento. Nessa situacdo, seguindo-se orientagdo do Pcr(1973)'*"! a espessura da placa de base deve ser: Fox te s (3.13) e 7 va . se todas as barras de ancoragem estdo submetidas a compressao, e (3.14) se pelo menos as barras de ancoragem de um lado da placa de base esto submetidas 4 tracdo, sendo: db - largura da placa de base, medida na diregao perpen- dicular ao plano de consideragdo das for¢as; forga total atuando em cada lado da placa de apoio distancia entre a barra de ancorageme a face do pilar; distancia entre a barra de ancorageme a armadura tracionada do pilar; resistencia de cdlculo ao escoamento do ago da placa de apoio; fator de redugao, igual a 0,90. FIG. 3.11 - Detalhes gerais da ligacdo FUNDACKO- PILAR PARAFUSADA‘ No caso particular de ligacées em que as placas de base apresentam dimensdes iguais as do pilar (fig. 3.11-b), utiliza-se a 28 eq. (3.13), com "x," igual a distancia entre a barra de ancoragem e a face interna da cantoneira. Na fase de utilizagdo da obra, o graute ja endurecido contribuird no mecanismo resistente e os carregamentos atuantes se- rio também maiores (peso préprio, vento, sobrecargas etc...). Existem diversos modelos para avaliacéo da forga de arrancamento dos parafusos nesta etapa de comportamento. © modelo elastico prevé uma distribuigao linear de ten- sdes de contato na regiao comprimida do graute e da fundagao. © modelo plastico admite uma distribuicdo uniforme de tensdes de contato, conforme ilustrado na fig. 3.12. +— ARMADURA PRINCIPAL ‘00 PILAR ‘1 v | Oe To» a FUNDAGAO eee a FIG. 3,12 - LIGACKO FUNDACAO-PILAR PARAFUSADA ~ Sistema de forcas atuantes, segundo © modelo plastico 29 Para esta situagdo, o equilibrio de forgas resulta no seguinte sistema de equagdes: V +F=C=0,85f,.2xb a e vy (Cea eP ee Tomando-se, simplificadamente'™*?, h - a wh, obtém-s ° h adam F : (3.15) Adotando-se valores para a dimensdo da placa no plano do desenho (h,) e para a variavel "x", consegue-se estimar a forga de arrancamento dos parafusos de ancoragem. Deve-se, posteriormente, verificar a largura da placa de apoio (b,), através da primeira equacdo do sistema acima referido. Segundo SANTOS (1985)'°°', a "Technishe Hogeschool", de Delft - Holanda, propée um modelo simplificado, aplicdvel somente as ligagSes que apresentam placas de apoio maiores que os pilares (fig. 3.11-a), admitindo que a resultante de compressdo do concreto da fundagdo atua exatamente no alinhamento da face do pilar. © cdlculo do comprimento de ancoragem dos parafusos deve ser feito considerando-se a ruina em duas situagGes distintas: a) perda de aderéncia entre o material de envolvimento do parafuso (concreto ou graute) e o parafuso © comprimento de ancoragem dos parafusos é calculado pela eq. (3.11), nos casos em que eles penetram em uma bainha ja preen- chida com graute, ou entdo pela eq. (3.16), dada pela NBR 6118 (1978)'*! quando os parafusos de ancoragem séo concretados junta- mente com o elemento de fundagao. (3.16) 30 Sane ae ee Ma | | | | | Na + T | ! 1 ! ! i | | PILAR | I | 1 I ! 1 1 | | I We Lito, TO I 7 Thf t- FUNDACAO c FIG. 3.13 - LIGACKO FUNDACKO-PILAR PARAFUSADA - Modelo plastico simplificado, para avaliagao da forga de arrancamento dos parafusos de ancoragem. Como as barras de ancoragem tém normalmente diametro superior a 12,7 mm e a NBR 6118 (1978)'*! exige a presen¢a de ganchos para barras tracionadas com # 2 6,3 mm, a expressdo do comprimento de ancoragem 6: o E zi 1 ls a a+) - n @, sendo: (3.17) 31 o - diametro da barra de ancoragem; - resisténcia de cdlculo ao escoamento da barra de "" ancoragem @ tragio; t,, 7 tensdo de aderéncia ultima; A. ca: 7 area calculada da barra de ancoragem; Al, ~ area efetiva (existente) da barra de ancoragem. n ~ varidvel igual a: 10 - para barras com coeficiente de conformagao superficial menor que 1,5; 15 - para barras com coeficiente de conformagao superficial maior ou igual a 1,5. b) ruptura por cisalhamento do concreto Neste caso, o parafuso deve ser analisado como inserto submetido 4 tracéo. © comprimento de ancoragem é entéo obtido in- diretamente através eqs. (3.103) ou (3.104) propostas respectiva- mente pela NBR 6118 (1978)'*? @ pelo pcr (1973)'**. Para a etapa de comportamento em que o graute ja colabora no mecanismo resistente, o PCI (1973)'*°) e DEWOLF e SARISLEY (1980)'**? sugerem que a espessura da placa de apoio seja avaliada PO: x ° bu eae a » sendo: (3.18) £,, ~ tensao de contato no apoio, limitada ao valor 0,85 £ £), 7 vesistencia de calculo ao escoamento do aco da y chapa. 32 A ligagdo fundagdo-pilar pode ser ainda articulada, embora seja esta uma situag&o pouco comum. MOKK (1969)'45) apresenta duas maneiras praticas de se obter a articulagao: embutindo-se o pilar em encaixe raso existente no elemento de fundagdo e por soldagem (fig. 3.14). CORTE 2-2 CONCRETAGEM POSTERIOR 3.14 - LIGAGKO FUNDAGKO-PILAR ARTICULADA ! a) por embutimento do pilar em en- caixe de pouca profundidade b) por soldagem FIG. 33 3.2 LIGACAO PILAR-PILAR Classificagdo da ligagéo vinculagao: rigida o quanto concretagem: Umida/seca solicitagio predominante: compressao e flexao a quanto quanto a dureza: "hard" a quanto A ligagdo pilar-pilar é normalmente evitada nas edifica- gdes pré-fabricadas convencionais. Sua execucéo é trabalhosa (di- ficil acesso e posicionamento para o trabalho, dificil obtengao de prumo, nivelamento e alinhamento do segmento superior do pilar etc...) e a responsabilidade estrutural é considerével - nos edifi- cios multi-pavimentos, convencionais do ponto de vista estrutural, os pilares desempenham importante papel na estabilidade global da edificasao. Por essas razdes, muitos projetistas, engenheiros e fa- bricantes de pré-moldados especificam e utilizam pilares continuos de grandes dimensdes nas suas construgdes, evitando assim essa li- gagao. MOKK (1969)'*5? comenta que os pilares se unem normalmen- te ao nivel do solo (ou das vigas), devendo-se evitar, se possivel, a execugio da ligacdo em pontos intermedidrios. o pcr (1973)"®! e “The Institution of Structural Engineers" (1978)'7°) ndo fazem consideracgdes a esse respeito. ‘A NBR 9062 (1985)°5! especifica que sendo necessaria a ligagdo, ela deve ser feita de preferéncia no tergo médio do pilar, onde o momento fletor atuante é relativamente menor. © comportamento estrutural da ligagéo pilar-pilar é basicamente o mesmo que da ligagao fundagao-pilar. Estando normalmente solicitada a flexdo, deve-se garantir a transferéncia de um bindrio, através de um contato perfeito entre as partes comprimidas do material e a continuidade das armaduras nas partes tracionadas. 34 De maneira geral, a ligagdo pilar-pilar pode ser feita: - fora do nivel do piso apoiando-se nas laterais do pilar ao nivel do piso conivicea apoiando-se no pilar inferior atravessando o pilar 3.2.1 Ligag&o fora do nivel do piso Nessa ligagéo, o segmento superior do pilar apoia-se no inferior e a solidarizacio das armaduras salientes ¢ feita por soldagem, através de luvas rosqueaveis, por aparafusamento em chapa de aco ou por traspasse. "The Institution of Structural Engineers" sugere ainda a execucio dessa ligagdo com armadura saliente do pilar inferior embutida em vazios do pilar superior, posteriormente preenchidos com graute ("dowelled and grouted joint") (fig. 3.15- da). Nas ligagdes PILAR-PILAR soldadas, com luvas rosqueaveis © parafusadas as etapas de carregamento critico sao: - durante o igamento e montagem, quando os carregamentos sao ainda parciais e a segdo resistente ainda nao conta com o graute de preenchimento; - apés a conclusdo da ligagéo, com a incidéncia de todos os carregamentos. A ligagdo pilar-pilar soldada (fig. 3.15-a) 6 calculada de maneira semelhante a ligagdo fundagao-pilar soldada. A resisténcia Ultima da solda é dada pela tab. 3.1 e todos os cuidados no procedimento de soldagem ja citados devem também aqui ser observados. Nesta ligagdo, durante a montagem, o pilar superior apoia-se no inferior através de saliéncia existente na segdo transversal. Deve-se verificar essa pressdo de contato entre os pilares, pois ela, eventualmente, pode ser fator condicionante. A NBR 9062 (1985)'S) reza que a pressdo de contato entre elementos pré-fabricados sera: 35 0,03 £ £5 © para contatos simples (3.19) 1,0 MPa 0,10 £, para contatos executa- fs ° dos com argamassa de (3.20) “ 2,0 MPa preenchimento onde £, 6 a menor das resisténcias caracteristicas dos materiais em contato. ARMADURA ‘SUPERIOR SOLOADA ACA a)soldagem b)luvas ros- c)parafusos d)grautea- queaveis mento FIG. 3.15 - LIGACKO PILAR-PILAR FORA DO NIVEL DO PISO - Tipos de emenda das armadu- ras. 36 A NBR 9062 (1985)'°? também da recomendacoes a respeito da armadura de reforgo no topo dos segmentos de pilares. Além de uma armadura calculada para a situagdo de bloco com carregamento parcial (obtida de [31]), especifica uma armadura de fretagem na extremidade do pilar, ficando a armadura final , em cada uma das direcées principais dada por: a 1 [o30¥, (8- ab} +, a] Gan onde: v, - forga vertical de cdlculo transmitida a ex- tremidade do pilar; H - forga horizontal de calculo transmitida a ex- tremidade do pilar; 4, de a- grandezas lineares, tomadas de acordo com a fig.3.16; para placas de apoio sem rigidez a flexdo, d, deve ser tomada como a dimensdo do elemento apoiado, se ela resultar menor que ai ¥ - fator de multiplicagao, dado por: a) no caso de elementos pré-fabricados em usina: = 1,0 quando a carga permanente for preponderante; 1,1 em caso contrério. b) nos demais casos: y, = 1,1 quando a carga permanente for preponderante; = 1,2 em caso contrario. LEONHARDT e MONNIG (1978)'°*) sugerem que se adote para essa armadura apenas barras de pequeno diametro, distribuidas em varias camadas sobrepostas que se extendem até uma profundidade equivalente a 70% da dimensio da peca na direcdo considerada, anco- rando-se a armadura bem proximo as faces laterais externas. A so~ lugio mais pratica é usar estribos fechados ou armadura em malhas. 37 Esta Ultima op¢io é detalhada pela NBR 6118 (1978)'*?. "The Institution of Structural Engineers" (1973)'*°? ado- ta como pressdo de contato maxima entre elementos pré-fabricados os valores aproximados 0,47 f., e 0,70 £,, para contatos simples e contatos executados com argamassa de preenchimento respectivamente. © PcI (1973)'*°? recomenda que nos apoios executados em concreto simples, a pressdo de contato seja limitada ao valor: 4 £20. 5,875 7 £, yf a/d, , sendo (3.22) bu i - pressao de contato, em MPa; fo, - resisténcia caracteristica do concreto a com pressdo, em MPa; ¢ - coeficiente de reducao, igual a 0,70; grandezas lineares, tomadas em "cm", de acordo com a fig. 3.16. aed 1 No caso da existéncia de forcgas horizontais de cdlculo (H,), a pressio de contato £,, deveraé ser reduzida, multiplicando-se a eq. 3.22 por um coeficiente de corregado dado por: ' (3.23) sendo H, e V, as cargas de calculo na horizontal e vertical, respectivamente e tomando-se a.d, < 58 cm’. Para apoios submetidos a carregamentos verticais e/ou ho- rizontais elevados, deve-se limitar a tensdo de contato ao valor: £5 00,85 f,, (3.24) bu onde @ - coeficiente de reducdo, igual a 0,70 , utilizando-se ainda armaduras de confinamento conforme a fig. 3.17 e a eq. (3.25). 38 iB va gg do: GB 4H, | sendo: 25) @ - coeficiente de redugo, igual a 0,85; ~ coeficiente de atrito, dado pela tab. 3.2. Para facilitar a obtengdo de prumo, o alinhamento dos pi- lares e corrigir pequenas imprecisées do processo de montagem, ¢ interessante a utilizagao do detalhe da fig. 3.7. FIG. 3.16 - Esquema geral de apoio em concreto simples FIG. 3.17 - Armadura de confinamento nos apoios de concreto submetidos a carregamen- tos elevados 39 A ligagdo pilar-pilar pode ter a emenda das barras feita através de luvas rosqueaveis. A NBR 6118 (1978)'*? nao permite o uso de roscas em bar- ras de ago classe B, salvo se demonstrado experimentalmente que o aumento da resisténcia por encruamento é uniforme em toda a segdo transversal. Segundo "The Institution of Structural Engineers" (1978)'?7, nos casos em que a ligagdo estiver solicitada por um elevado momento fletor, o trecho com rosca da barra pode nao apre- sentar ductilidade suficiente para acompanhar as deformacédes impos- tas a armadura do pilar. Quando necessaério, dados sobre a ductili- dade e resisténcia dessa regiao deverdo ser obtidos por meio de en- saios laboratoriais. Ainda segundo "The Institution of Structural Engineers" (1978)'6) 6 prdtica comum na finalizagéo da ligacdo pilar-pilar com luvas rosqueaveis ou parafusos (fig. 3.15-b e 3.15-c) a execu- go do preenchimento de concreto em dois estagios: adiciona-se ini- cialmente concreto, deixando um pequeno espago entre o topo desse concreto e a superficie inferior do pilar superior, espago esse que sera posteriormente preenchido com argamassa nao retratil ou graute. Um problema potencial a esse tipo de ligagdo e a todas as ligagdes rosqueadas em que nao se vé a extremidade com rosca da barra, é a garantia de que um comprimento suficiente da rosca en~ contra-se dentro da luva. Para soluciond-lo utilizam-se faixas de pintura delimitando essas regides minimas. A ligagio pilar-pilar com armaduras unidas através de chapas e parafusos apresenta os mesmos dispositivos, considera¢ées de uso e limitagdes ja apresentados para essa ligagado no caso fun- dacio-pilar. Neste caso, seriam possiveis de uso todos os detalhes em que a chapa de ligacdo nao apresenta dimensdes maiores que as da secao do pilar (fig. 3.18). Simplificando-se a execucdo e montagem, a chapa de base fica normalmente soldada a armadura do pilar superior. Nas situa- gSes usuais, sua espessura deverd obedecer as equagdes 3.13, 3.14 ou 3.18, conforme o caso. 40 "The Institution of Structural Engineers" (1978)'?*) su- gere a liga¢gdo pilar-pilar executada com barras salientes do pilar inferior penetrando em vazios deixados no pilar superior, que serdo posteriormente preenchidos com graute - "dowelled and grouted joint" (fig. 3.15-4). Esta ligacdo, de execucdo e mecanismo resistente bastante semelhantes a ligacdo fundacdo-pilar da fig. 3.9, apresenta, segun- do "The Institution of Structural Engineers" (1978)'**), vantagens econémicas - ao nivel da produg&o dos elementos - e praticas - pela facilidade com que permitem sejam feitas corregées no posicionamen- to dos elementos a solidarizar. FIG. 3.18 - Ligagfgs tipicas PILAR-PILAR PARAFU- sapas'*®! Contudo, uma desvantagem consideravel dessa ligacio 6 o tempo necessdério na finalizagdo da montagem, uma vez que o graute de preenchimento deve ganhar resisténcia antes da ocorréncia de quaisquer carregamentos. Até que isso ocorra, a liga¢éo deve ficar devidamente escorada e travada. Nao se dispondo de resultados de ensaio conclusivos a respeito do desempenho dessa ligagdo, pode-se estimar o comprimento 41 de ancoragem da barra saliente com o uso da eqs. 3.11 ou 3.16, obe- decendo-se também as seguintes recomendagdes construtivas para a bainha metalica (quando presente): a) espessura minima da camada de concreto ao redor da bainha igual a 7,5 cm; b) diametro externo da bainha maior ou igual a 3 vezes o diametro da barra de ago saliente do pilar; b) espessura minima da parede da bainha metdlica de 0,58 mm; ¢) graute de preenchimento com resisténcia minima £ ,= 42 MPa; d) armadura "de confinamento" disposta na horizontal, na forma de estribos ou espirais, calculada pela eq. 3.12. A ligagdo pilar-pilar pode ainda ser feita por traspasse das armaduras. Essa opcéo nado é muito comum, tendo em vista os comprimentos de traspasse - relativamente grandes - necessarios pa- ra as grossas barras dos pilares. 3.2.2 Ligagdo ao nivel do piso 3.2.2.a) com vigas apoiando-se nas laterais do pilar A fig. 3.19-a, com detalhes gerais dessa ligacdo, mostra que a ligagdo viga-pilar nio causa nenhuma interferéncia na ligacdo pilar-pilar, podendo assim analisar as ligagdes separadamente. 3.2.2.b) com vigas apoiando-se no pilar inferior Neste caso, devido a interferéncia das vigas que se apoiam nas bordas do pilar inferior, dispde-se normalmente uma armadura secundaria para realizagao da ligacdo pilar-pilar. 42 “The Institution of Structural Engineers" (1978)'°! co- menta que nessa situagdo a unido pilar-pilar é feita normalmente usando-se parafusos ou solda, com preenchimento posterior de graute. Em qualquer uma das situagdes, além das verificacdes relativas 4 ligagdo soldada ou parafusada, deve-se dimensionar: a) a armadura secundéria, para resistir ao momento fletor atuante no pilar; b) © espagamento dos estribos da armadura secundaria; ¢) © apoio da viga no pilar inferior (ver ligacéo viga-pilar). Novamente aqui, pode-se ter etapa de carregamento critico durante o igamento e montagem da ligacdo. sanea oF EsPena bo PILAR FERION nave eannas o€ esrene visa t I Lorian Inrenion ‘pre Famnicano a) b) FIG. 3.19 - Ligagdo PILAR-PILAR: a) com vigas apoiando-se nas laterais do pilar; b) com vigas apoiando-se no pilar inferior. 43 3.2.2.c) com viga atravessando o pilar A ligagdo da fig. 3.20 ja foi estudada experimentalmente por SOMERVILLE (1967, 1972)'®!-'61,'67} conforme citado em "The Institution of Structural Engineers" (1978)'7*), Esta ligagéo apresenta uma forma de ruptura potencial, causada pelo esmagamento de faces opostas dos pilares superior e inferior, forgando assim uma rotagdo da viga em torno de seu eixo longitudinal. Outro aspecto do comportamento dessa ligagdo é que se a viga apresenta mesma largura que o pilar, ha a tendéncia de ruptura @a camada de cobrimento da armadura da viga, na face sob o pilar superior. Se este fato no ocorre simultaneamente dos dois lados da viga, pode precipitar o efeito de torg&o citado. anna 0€ eseeRa 0 PILAR INFERIOR FIG, 3.20 - Ligagéo PILAR-PILAR com viga atra- vessando o pilar.[26 44 3.3 LIGAGKO VIGA-PILAR Classificagao da ligacao = quanto 4 vinculagao: articulada/rigida - quanto a concretagem: seca/umida - quanto a solicitag&o predominante: cisalhamento/com- pressao/flexao - quanto a dureza: "soft/hard”" A ligacdo viga-pilar mais elementar é a executada através de apoio simples da viga sobre o pilar ou seus prolongamentos (fig. 3.21). FIG. 3.21 - LIGACKO VIGA-PILAR - Algumas varia~ goes da ligagdo articulada. 45 Na fig. 3.21-a 0 apoio da viga se da através de cantonei- ras metdlicas de enrijecimento de borda. A ligac&o 3.21-b ilustra © uso de chumbadores (ferros de espera) e almofadas de neoprene. 0 orificio para encaixe dos chumbadores é posteriormente preenchido com graute ou argamassa nao retraétil. 0 chumbador, dessa maneira, limita a movimentagdo da viga (principalmente na horizontal) e da a ela maior estabilidade lateral, sendo por essa razdo bastante usado na industria nacional. As ligagdes 3.21-c e 3.21-d sao executadas através de consolos de concreto salientes do pilar. Na fig. 3.21-e utiliza-se para apoio da viga um perfil estrutural de ago, saliente do pilar. © detalhe da fig. 3.21-f mostra uma viga que passa sobre o pilar. # comum nas vigas em balango. Nota-se aqui também o uso de chumbadores. Quando se deseja permitir pequenas movimentagoes horizontais da viga, o orificio de encaixe dos chumbadores deve ser preenchido com mastique ou outro material compressivel. A ligagdo pode ser feita, ainda, com o apoio de mais de uma viga ao mesmo pilar (fig. 3.22). As vigas podem ser assentadas aos seus apoios (pilares): a) com junta a seco; b) com intercalagdo de uma camada de argamassa; ¢) com concretagem local; 4) com dispositivos metalico: e) com almofadas de elastémeros. Segundo a NBR 9062 (1985)'S’, a junta a seco so é permi- tida no caso de elementos de pequenas dimensées. A limitacao da pressdo de contato (f, ) se faz de acordo com a eq. (3.19). © cEB (1986)''?? no fornece a pressio de contato maxima nem limita a ligag&o a elementos de pequenas dimensdes, exigindo contudo grande precisdo de execucgdo e montagem. Para apoios com intercalacdo de uma camada de argamassa, a NBR 9062 (1985)'! especifica que o assentamento deve ser feito antes do inicio da pega do cimento © a pressdo de contato deve ser limitada aos valores da expressdo (3.20). 46 A ligag&o VIGA-PILAR com concretagem local é sugerida por MOKK'‘®), principalmente nos casos da fig. 3.22, onde existe mais de uma viga apoiando-se no mesmo pilar. MOKK'*®) sugere ainda a utilizagdo de pequenas alcas, fixas ao topo dos elementos, conforme se mostra na fig. 3.23. e) FIG. 3.22 - LIGACAO VIGA-PILAR - Ligagdes arti- culadas com mais de uma viga apoian- do-se no mesmo pilar. Nas especificagdes da NBR 9062 para ligagdes VIGA-PILAR com concretagem local, 6 citado o caso especifico de pilares, por- 47 ticos (viga-pilar) e arcos submetidos a esforgos de flexdo e cisa- lhamento, sem tensdes de tracdo. © apoio da viga sobre o pilar com uso de chapas e_canto- neiras metélicas é bastante empregado pela escola americana'‘*!. PLANTA ELEVACKO PILAR viGa 2 FIG. 3.23 - LIGAGAO VIGA-PILAR ARTICULADA - De- talhe do encontro de vigas sobre um mesmo pilar e das alcas de solidari- zagao. A concretagem local da aca- bamento e protecao a ligacao. Na sua utilizagéo mais simples, as chapas e cantoneiras trabalham como enrijecedores de bordas dos elementos pré-moldados (£ig. 3.21-d) e também como placas de apoio substituindo as camadas de argamassa e almofadas de apoio, no caso de cargas concentradas elevadas em areas de apoio reduzidas (por ex. apoio de vigas "Y" e detalhe da fig. 3.24). As placas de apoio sao normalmente solda~ das a armadura dos elementos pré-moldados, ou ligadas ao concreto, através de grapas ou parafusos ancorados. Os dispositivos metdlicos (perfis estruturais "I", "U") podem também ser empregados como consolos para apoio das vigas (£ig.3.21-e). © seu cdlculo seré visto posteriormente. Para assentamento da viga sobre seus apoios, os aparelhos com almofadas de elastémero sao os mais empregados'®’. 0 material utilizado nessas almofadas é a borracha sintética, conhecida comer- cialmente como neoprene. 48 Para cargas de pequena intensidade (caso comum nos pré- moldados) e espessura de apoio reduzidas, pode-se utilizar somente © elastomero. No caso de ocorréncia de cargas elevadas (pontes, por exemplo) sao empregadas placas de borracha e chapas de ago in- tercaladas, solidarizadas por vulcanizacéo ou colagem especial, formando um conjunto Unico (neoprene fretado). As chapas de a¢o exercem 0 efeito de cintamento sobre as placas de borracha, melho- rando © comportamento do conjunto. CORTE 2-2 CONCRETAGEM S77] one FIG. 3.24 - LIGAGAO VIGA-PILAR ARTICULADA ~ A viga se apoia no fundo de um pequeno vazio deixado no pilar. A superfi- cie de apoio deve ter uma placa de ago ancorada no pilar. Os resultados de estudos tedricos existentes sobre apare- hos de apoio de elastémeros ndo sao plenamente satisfatorios, pois baseiam-se em teoria de primeira ordem. Aos elastémeros deve-se aplicar uma teoria de terceira ordem'®?. 0s principais estudos experimentais sobre esses apoios foram desenvolvidos na Franca e divulgados a partir de 1965. 49 As formulas obtidas experimentalmente introduziram algu- mas modificagdes nas expressées determinadas através de estudos tedricos'®!, Nota-se, hoje, que a diferenga principal entre os va- rios critérios para cdlculo desses aparelhos de apoio esta nas li- mitagées impostas as tensdes de cisalhamento. No Brasil, na falta de uma norma especifica, a NBR 9062"°, com base nos critérios da norma da "Union Internationale des Chémins des Fer" (uIc)'’°!, fornece especificagdes para esses aparelhos de apoio. © cAlculo dos apoios de almofadas de elastomeros retangulares consiste em se fixar as suas dimensdes em planta e sua altura total - espessura e niimero de placas de elastémero - através de um pré-dimensionamento, procedendo a seguir a verificagdo das diversas condigdes de seguranga, especificadas pela NBR 9062'*), que sao: - pressdo de contato; - deformacao por compressao; - deformagdo por cisalhamento; - seguranga ao deslizamento; ~ n&o levantamento da borda menos carregada; - tensdo de cisalhamento; - condigées de estabilidade; - resisténcia das chapas de aco. BRAGA (1986)'°? sugere a utilizagdo de solicitagées ca-~ racteristicas nas verificagGes. © roteiro de calculo é a seguir detalhado, com base nas notagées da fig. 3.25, utilizando-se solicitacdes de servigo (ca- racteristicas). a) Pré-dimensionamento a.1) dimensdes do apoio 7,0 MPa - para almofadas simples 11,0 MPa - para almofadas fretadas 50 FIG. 3.25 - Alguns parametros caracteristicos de apoios de almofadas de elastomeros retangulares. Deve-se, preferivelmente, utilizar as dimensdes comerci- ais, que variam de 5 cm em 5 cm, dentro de certos limites. Segundo BRAGA (1986)‘®’ , a menor dimensdo "a" da almofa- da, orientada de modo a favorecer as rotagées de apoio, nao deve ultrapassar 30 cm, se possivel, salvo quando as rotagées previstas forem muito pequenas. o pcr ‘8! especifica que a menor dimensdo Sh az 10 cm a.2) espessura total da almofada (h) seja: h>2a,, , onde a, € 0 deslocamento horizontal da almo- fada, estimado com base nas agdes de aplicacdo lenta (retracao, temperatura, flueéncia etc) 51 A espessura total da almofada podera ser obtida com uso de uma nica camada de elastémero (almofada simples) ou com varias camadas de elastémero de altura h, (todas iguais, geralmente), fre- tadas por chapas de ago. b) Verificagées b.1) Deformagdo por compressdo (a) Segundo a NBR 9062'!, a deformagdo por compresséo em servigo deve ser limitada a 158 da altura total da almofada (h). a, s 0,15 h © pcr'*®! apresenta dbacos para a estimativa da deforma- g&o especifica por compressdo, em fung&o da dureza Shore A do elas- tomero e do fator de forma, definido como: = ab Beata y By (3.26) onde h, € a altura de uma camada de elastomero. No caso de elastémero simples, h, = h. BRAGA (1986)'®! sugere na determinagao do deslocamento vertical a, o uso da seguinte formula: of h OO — , Sendo: (3.27) Y 4B? +30! h = altura da almofada, tomada igual a nh, no caso de elastomero fretado; B - fator de forma, dado pela eq. (3.26); G - médulo de elasticidade transversal, tomado pela tab. 3.3; o! - tensao de contato efetiva, dada por: (3.28) tomando-se: V,, > forga normal caracteristica, devida as cargas estaticas ou de aplicagao lenta (normalmente as cargas permanentes); v, - forga normal caracteristica, devida as cargas dinamicas ou de aplicacdo répida (normalmente as cargas acidentais); At - érea efetiva dada por: =(a- a) b FATOR DE FORMA (8) FATOR DE FORMA (8) Sate s2Ss99 iy 2 | = © ] a as ait I | \“ }—_} cu Dureza, shore A-50 ° 0 10 20 30 40 50 yn CH) yy FIG. 3.26 - Deformagio especifica dos elastéme- ros em fungao da dureza e do fator de forma’ 53 Para as placas fretadas, esta verificagao 6 normalmente satisfeita com folga. dureza G (MPa) Shore A 50 0,8 60 1,0 70 1,2 TAB. 3.3 - Valores do médulo de elasticidade transversal do elastomero, em fun- ¢ao da dureza. b.2) Deformacaéo por cisalhamento (a,) © desilocamento horizontal a, é¢ composto de duas parcelas: asa ta » sendo: a,, ~ deslocamento horizontal devido a cargas permanentes de longa duragao; aT deslocamento horizontal devido a cargas acidentais de curta duragdo (cargas "instantaneas"). Como o médulo de deformag’o transversal é normalmente obtido com a aplicagdo de cargas de curta duracdo, tem-s Hy h HL h ata, teeter (3.29) z sendo: A = a.b - rea total da almofada de elastomero; Hy - forga horizontal resultante das cargas permanentes, de longa duracio; H, - forga horizontal resultante das cargas acidentais, de curta duracao. 54 A NBR 9062 (1985)'°? e o PCI (1973)'**) fixam a, s 0,5 h. BRAGA (1986)'°) sugere a, < 0,7 h. Na literatura encontram-se ainda alguns limites distintos para as diversas situagées: a <0,5h na ay t ay, <7 R » © que parece mais razoavel. b.3) Seguranga ao deslizamento Para se evitar o deslizamento, deve-se garantir inicial- mente: Heyy , onde: (3.30) ~ coeficiente de atrito entre a almofada e o concreto. A NBR 9062'5) sugere a aplicagdo da eq. 3.30 em termos genéricos, com as forgas H e V sendo consideradas como resultantes dos carregamentos estaticos e dinamicos. A NBR 9062 (1985)? estipula p como: w= (0,14 22) Fi (3.31) com a! dado pela eq. (3.28), em MPa. . BRAGA (1986)'°! recomenda que a equagao seja verificada em duas situagdes, inicialmente considerando-se somente os carrega- mentos permanentes (que normalmente séo estaticos) e posteriormente considerando-se os carregamentos totais. Sugere ainda, na eq. 3.31, a substituigaéo do coeficiente 0,2 por 0,6. Os valores do coeficiente de atrito estatico da tab. 3.6, sugerida pelo PCI (1973)'*®, so mais préximos dos obtidos pela formulagao modificada de BRAGA (1986)‘*? Na verificag&o da seguranga ao deslizamento, a NBR 9062 (1985)'°! fixa ainda: Vv pee ee , em MPa e —Rr > 2 Pa, para almofadas cintadas. 55 Quando qualquer das condigdes de seguranga contra o deslizamento ndo 6 atendida, deve-se ancorar os aparelhos de apoio através de chumbadores. b.4) Nao levantamento da borda menos carregada Para se garantir esta situagdéo, a norma da UI que pelo menos dois tergos do aparelho mantenham-se comprimidos. c!7°) impse Para que isso ocorra: to 9 ou (3.32) toe com a, dado pela eq. (3.27). A eq. (3.32) é apresentada por BRAGA (1986)'°! , que su- gere seja a verificagdo feita separadamente, considerando-se somen- te as cargas permanentes e posteriormente o carregamento total. FIG. 3.27 - Condicdo extrema de deformagao do elastomero, para que ndo se tenha levantamento da borda menos carrega- da. A NBR 9062 (1985)'°!, com base na condicdo da VIC (1969)'7°! acima exposta, apresenta formulas mais complexas e mais rigidas do ponto de vista da seguranca, para essa verificacao: 56 — para almofadas simples (tomar a mais desfavoravel das condigées): 2a i)tgs « — 2m , onde: 9 a § - rotagées impostas pelas cargas permanentes; 2a ii) tg 9 +1,5tg9 ne + 0,004 ¢ #1 ¢ 0018 - 0,006 < F< 002 As tir A, A, Met CAL CAs + Ayn DISTRIBUIDOS NOS 2/3 SUPERIORES DE “4 + Capoie,d ¢ Stes FIG. 3.40 - CONSOLO CYRTO - Valores limites de alguns parametros, conforme sugestao de KRIZ e RATHS (1965) 1 Os estudos de KRIZ e RATHS foram de grande importancia Para o diagnéstico do mecanismo resistente de consolos. 0 notavel trabalho por eles desenvolvido forneceu dados experimentais indispensaveis para a confirmagdo e consolidag&o de novas teorias sobre © assunto. No estudo de consolos curtos, a escola americana tem ain- da importante colaboragéo de alguns pesquisadores, que procurando dar uma interpretagao fisica simples ao mecanismo resistente dos consolos, fizeram uso do conceito de "atrito-cisalhamento". Segundo o "Summary of Basic Information on Precast Con- crete Connections" (1969)'5?), 0 conceito fora introduzido por BIRKELAND e BIRKELAND'®), em 1966, como ferramenta para solugdo de problemas onde a forga cortante é o esfor¢co solicitante predominan- te e nao se aplica a teoria basica de flexao. © conceito de “atrito-cisalhamento" interpreta o fenomeno da ruptura por forga cortante como um problema de deslizamento en- tre superficies, provocado por uma fissura potencial - assumida co- mo existente - numa secdo de forga cortante maxima. Considerando-se a rugosidade inerente as faces da fis- sura, quando houver tendencia de deslizamento das partes ao longo da fissura, elas serdo forgadas a separar-se. Se existe uma armadura cortando transversalmente a fis- sura, esta separacdo, tracionando-a, provocara como reagdo uma com- pressdo no concreto ao longo da fissura (fig. 3.41). £ admitido que a pequena separagdo que se processa é su- ficiente para tensionar a armadura até o escoamento, fazendo com que a resisténcia ao cisalhamento (desprezando-se, por ora, 0 efei- to de rebite ou tarugo da armadura) seja dada por: Vee ephemera , (3.53-a) ou, em termos de tensdes: foe op fy u , sendo: (3.53-b) @ ~ coeficiente de redugdo, igual a 0,85; A_ - area total da armadura que corta transversalmente a fissura; 2B fy: resistencia caracteristica ao escoamento da arma- dura; H ~ coeficiente de atrito entre as faces da fissura. 4 = “pyr > "tensdo convencional de cisalhament pr - taxa geoméetrica de armadura. pa ied DEviDAS mnie Na. |< SUPERFICIE DE CONCRETO. | * » In Neen NA | anacuna FIG. 3.41 - Tendéncia de deslizamento entre par- tes de concreto ao longo de uma fis- sura atravessada por armadura e suas consequencias. mast (1968)'%) foi o pioneiro no estudo criterioso da validade e abrangéncia do conceito de “atrito-cisalhamento", bem como sua aplicabilidade no estudo de consolos e outros elementos estruturais. Posteriormente a MAST (1968), um longo programa de estu- dos sobre a transferéncia de forga cortante - utilizando-se 0 con- ceito de "atrito-cisalhamento" - tem sido desenvolvido. As principais conclusdes até agora obtidas sao: a) a presenga de uma fissura pré-formada no plano potencial de ci- salhamento, induz a ocorréncia de maiores deslocamentos relati- vos'?9}, bem como proveca uma reducdo na carga de ruptura!®3)-'411 quando esses valores sao comparados com os de exemplares ensaiados sem a fissura pré-formada. 79 b) ce) da) e) £) Desta forma, os trabalhos experimentais tém sido encaminhados com consideragéo da fissura pré-formada, na busca de limites minimos de resisténcia a forga cortante; } para concretos os valores dos coeficientes de atrito adotados'’ com densidade normal sao os apresentados na tab. 3.2; variagées no diametro, espacgamento e resisténcia ao escoamento das barras da armadura de cisalhamento alteram a resistencia a forga cortante em igual proporgéo a4 que alteram o parametro ef,,"91, ou seja, a eq. (3.53-b) 6 valida para quaisquer diame- tros, espacamentos e resisténcias adotadas para a armadura (0 Act 318/83 '*) limita fy4 s 400 MPa e a NBR 9062/85'°) especifi- ca, na aplicagéo do conceito - consolos com a/d < 0,5 - f£,, < 435 MPa); a resisténcia do concreto, indiretamente, é um limitante superi- or para a eq. 3,53'79)/141), Segundo HOFBECK, IBRAHIM e MATTOCK'**’, a resisténcia ao cisa- lhamento, quando comparada ao parametro ef, Para exemplares pré-fissurados, considerando-se varias resistencias de concreto, deve ter o comportamento esperado da fig. 3.42. Esta constatagado embasou a limitacdo conservadora de v, em: 0,28 vis ce , Proposta inicialmente por MAST 7 5,5MPa (1968)'95) e@ depois consubstanciada no cédigo ACI 318/83'"); tensdes diretas de tracdo, atuando paralelamente ao plano de ci- salhamento ("push-off tests", ref.[41]) no reduzem a resistén- cia ao cisalhamento de exemplares pré-fissurados, podendo por- tanto serem desconsideradas nestes casos‘*"?; tensées externas, atuando transversalmente ao plano de cisalha~ mento devem ser consideradas na avaliagdo da resisténcia ao cisalhamento''!-'4?), tomando-se: v, o (v8 +o )u , sendo: (3.54) . vet ue 80 g) nh) i) o, _ - tensdo externa, atuando transversalmente ao plano de cisalhamento, tomada positiva no caso de com- pressao e negativa no caso de tracdo. 3 Resistincie ee cisalnamento = 32, > 0] téncie concrete feu 2tMPo teks I7,5MPo ry °. 4 8 2 Sty (Pe) FIG. 3.42 - Relagdo possivel entre ve pf), pa- ra exemplares, pré-fissurados | ¢om concretos de varias resistencias quando a armadura que atravessa o plano de cisalhamento € incli- nada em relagdo a ele, de tal forma que a forga cortante produz trag3o na armadura, deve-se tomar:!38 vy, = op £,, (u sen a + cosa) , (3.55) sendo « o angulo entre a armadura e o plano de cisalhamento; a carga ultima ao cisalhamento que pode ser transferida ao longo de um plano fissurado ndo é afetada pela presenga de momento fletor ao longo desse plano, desde que esteja garantido que o momento atuante é menor ou igual ao momento witimo (de ruina) para essa secao'*?); a contribuic&o da resistencia ao cisalhamento das barras da ar- madura ("dowel action") na resistencia final ao cisalhamento é 81 significativa para exemplares com fissura pré-formada '29)/'41), Como este efeito néo é considerado na teoria do “atrito- cisalhamento", adota-se compensatoriamente, um coeficiente de atrito relativamente elevado (u | 1351 ae 1,4, enquanto em outros ensaios » obteve-se para a interface concreto/concreto mol- dado monoliticamente, 0,7 << 0,8 ). Embora a formulagdo do conceito do "atrito-cisalhamento" tenha algumas pequenas limitagdes (resultados um pouco conservado- res, limite arbitrério imposto para v,) ela é uma ferramenta valio- sa e de aplicacdo simples na avaliagdo da carga Ultima de cisalha~ mento que pode ser transmitida através de um plano potencial. Algumas entidades e pesquisadores tém proposto ainda algumas corregdes a formulagéo original (adotada pelo ACI 318/83'"') do conceito de "atrito-cisalhamento". Nota-se pelos resultados de ensaio que valores de y superiores ao limite de 5,5 MPa, imposto arbitrariamente, podem ser obtidos desde que se utilize taxa de armadura e resisténcia de concreto adequados. © PCI Design Handbook (1971 (3.54), inclusive para valores de v superiores aos limites do item d) retro, tendo em conta que para valores de p.f > 4,2MPa, y seja ve multiplicado por (ae + 0,50}. ve )5°) recomenda o uso da eq. MATTOCK (1974)'?°) sugere nova expressdo, simples e mais precisa: vee [28 + 0,8 (of, + oy) ] , tomando-se (3.56) v 50,3 £, BIRKELAND (1968), conforme citado em [42], apresenta a proposicao: v=o. 2,81/ pf +0, (3.57) 82 Em 1987, WALRAVEN, FRENAY e PRUIJSSERS'’*), em artigo pu- blicado no PCI Journal, contestaram alguns aspectos até entdo uti lizados na aplica¢gdo do conceito de "atrito-cisalhamento". Os autores mostram que a transferéncia de esfor¢os entre faces opostas da fissura pré-formada se da através de inumeros pon- tos de contato entre particulas do agregado e a pasta, na face oposta da fissura. Assim, de acordo com esse modelo, a pasta e, em Ultima andlise, o concreto, influenciam na capacidade resistente. Segundo os autores, o fato ndo havia ainda sido revelado nos ensa- ios anteriormente feitos porque as resisténcias de concreto utili- zadas variavam muito pouco. Dessa forma sugerem uma nova expressdéo, mais precisa, conforme as evidencias apresentadas no artigo. c. vee (cof) *| , sendo (3.58) 0,406 (x) C, = 0,878 £, ©. = 0,167 £9303 (=) 2 Q ck (o- expressdes extraidas de [72], tomando-se f_, = 0,85 f__, sendo f__ a resistencia caracteristica do concreto, avaliada em cor- pos de prova ctibicos. WALRAVEN, FRENAY e PRUIJSSERS (1987)‘7*) estudaram ainda a influencia do tipo de carregamento (estatico, estatico de longa duracgio e ciclico) nfo notando nenhuma influéncia deles na resistencia final ao cisalhamento. 0 conceito de "atrito-cisalhamento", expresso nas suas variadas formas (eq. 3.53 a 3.58) é ferramenta simples e potencial na verificagao de situagdes onde o cisalhamento € 0 esfor¢o predominante. A fig. 3.43 ilustra comparagdes entre diversos resultados experimentais e os valores tedricos sugeridos pela eq. 3.54 Mast (1968)'°°! foi pioneiro na aplicagao do conceito de 83

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