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Imagem de remador no Rio Cam em Cambridge, Reino Unido, cedida por Andrew Dunn, SUMARIO. 6.1 Introducao e sinopse. 6.2 Materiais para remos ..... : Se ee 63° Espelhos para grandes telescopios.. ee ee aie 64 Materiais para peas de mesa... ... See ee * tester ees Mame 6.5 Custo: materiais estruturais para edificios ._. eae) 6.6 Materiais para volantes ..... n 128 67 Materiais para molas ae - 132 6.8 Dobradicas e acoplamentos elasticos - 136 6.9 Materiais para Wedagces sine snc ees ee ere 139 6.10 Projeto limitado por deflexao com polimeros frageis..........2.. ee 6.11 Vasos de pressaio seguros wate % Fer nse ee 6.12 Materiais rigidos de alto amortecimento para mesas vibratdrias, sees 148 6.13 Isolamento para tecipientes isotérmicos de curto prazo.. 152 6.14 Paredes de fornos energeticamente eficientes . 154 6.15 Materiais para aquecimento solar passivo . . . 158 6.16 Materiais para minimizar distoreao térmica em dispositivos de preciso. . . 159 6.17 Materiais para trocadores de calor . ms 6.18 Dissipadores de calor Para circuitos integrados aquecidos. 168 163 6.19 Materiais para domo de Tadar . - 170 6.20 Resumo e conclusées . GehGitine eg as. 174 6.21 Leitura adicional..... een eee 175 Oemunciado do problema, que monta a cena, A traducio, que identifica funcio, restrigdes, objetivos e varidveis livres, da qual emergem os limites de atributos e indices de materiais, A selegfo, na qual uma lista completa de materiais é reduzida Por triagem e classiticagao a uma lista curta de candidatos viaveis A obseroncio, que permite um comentério sobre resultados e filosofia 14 2 Materiais para remos Os primeiras exemplos sao diretos, escolhidos para ilustrar 0 método. Exemplos posteriores so menos Sbvios e exigem raciocinio claro para identificar e distinguir objetivos e restrigbes. ‘Aqui, uma confuséo pode levar a conclusdes bizarras e enganadoras. Sempre aplique o bom- -senso:aselegdo inclu’ os materias tradicionais usados para aquela aplicacS0? Alguns membros do subconjunto séo obviamente inadequados? Se forem, normalmente é porque uma resirigio foi ignorada ou um objetivo mal-aplicado. A resposta é voltar a pensar neles, A maioria dos estudos de casos usa cépias em papel dos diagramas do Capitulo 4; as do final ilustram métodos por computador. 6.2 MATERIAIS PARA REMOS Ocrédito pela invengio do barco a remo aparentemente pertence aos egipcios. Barcos com remos aparecem em relevos esculpicios em monumentos construidos no Egito entre 3300 ¢ 3000 aC. Barcos, antes dos movidos a vapor, podiam ser impelidos por varapaus, pot velas ou por remos, Remos do mais controle do que 0s outros dois, e seu potencial militar foi bem-entendido pelos romanos, viquingues e venezianos. Ha registros de corridas de barcos a remo no Témisa, em Londres, desde 1716. Originalmente 0s competidores eram barqueiros que remavam as barcas usadas para transportar pessoas e mercadorias pelo rio. Gradativamente cavalheiros comecaram a se envolver (notavelmente os Jovens cavalheiros de Oxford e Cambridge), sotisticando, assim, as regras, bem como o equipa- mento. O real estimulo para o desenvolvirnento de barcos e remos ocorreu na década de 1900 com o estabelecimento do remo como um esporte olimpico. Desde entdo, ambos aproveitam ao maximo o artesanato e os materiais de sua época. Considere, por exemplo, o remo. A tradugao Em termo3 mecinicos, um remo é uma viga, carregada sob flexo, Deve ser forte 0 suficiente para suportar, sem quebrar, 0 momento fletor exercido pelo remador; deve ‘er uma rigidez que combine com as caracteristicas proprias do remador; e deve ter 0 “toque” certo. Cumprir a restricdo da resisténcia ¢ fécil. Remos sao projetados para rigidez, isto & para dar uma deflexao eléstica especificada sob unta carga determinada A Figura 61 (parte superior) mostra um remo: uma lamina ou pé ¢ ligada a uma haste que porta EU" lum pescogo e um ombro para indicar a localiza- rae 4 io positiva na trava do remo. A parte inferior da figura mostra como a rigidez do remo é medida: [pane Sareea uum peso de 10 kg¢é peridurado no remo a 2,05m do escogo e a deflexdio 6 nesse ponto é medida, Um remo mole sofreré deflexao de aproximadamente 50 mm; um duro de apenas 30. Quando faz o pe- dido de compra de um remo, 0 remador especifica a dureza desejad FIGURA 6.1 pean Un remo, Romos so projets para ride, medida Além disso, 0 remo deve ser leve; peso extra comp mostado na pt infin da figra e deve ser aumenta a drea molhada do casco e o arraste que kes punhadura Pescogo Ombro Pe vials 15 EEE CAPITULO 6: Estudos de casos: selecdo do materiais ELSEVIER aacompanha, Portanto, af ests: um remo é uma viga de rigidez especificada e peso minimo, fndice de material que queremos foi deduzido no Capitulo 5 como a Equacao (6.15) Para uma viga leve, rigida, é esse: pe p onde £60 médulo de Young e p € a densidade. Hi outras restrigbes dbvias. Remos séo derru- bados ¢ as vezes as pis se chocam. O material deve ser rijo o suficiente para sobreviver a isso; portanto, materias fréges (0s que tem tenacidade G,cmenor do que 1 KJ’) so inaceitaveis. Dados esses requisitos, resumidos na Tabela 61, quais materiais vocé escolheria para fazer remos? 61) Aselego A Figura 6.2 mostra 0 diagrama adequado: 0 do médulo de Young em relagéo & densidade p. A linha de selegao para o indice M tem inclinacéo 2, como explicado no Item 54; esta posicionada de modo que resta um pequeno grupo de materiais acima dela. Sao os satetiais que tm 0s maiores valores de M e representam a melhor escolha desde que satisfa- cama outta restricao (um simples limite de atributo para a tenacidade), Esse grupo contém trés Classes de materiais: madeiras, polimerds reforgados com carbono e certas cerdmicas (Tabela 62), Cerimicas sao frégeis; o diagrama tenacidade-médulo na Figura 47 mostra que nenhum doles cumpre os requisitos do projeto. A recomendacio & clara: fasa seus remos de madeira ou - melhor - de CFRP. Observago Agora sabemos de que material remos devem ser feitos. O que, na realidade, éusado? Remos de competicgo, normais e de pa céncava (sculls) sao feitos de madeira ou de um compisito de alto desempenho: epéxi reforgado com fibra de carbono. [Ainda hoje, remos de madeira sfo feitos, como ha 100 anos, por artesios que trabalham principalmente& mao. A haste ea pa sto de espruce de Sitka originario do nordeste dos Estados Unidos ou Canad; quanto mais ao norte melhor, porque a curta estagao de crescimento déum vyeio mais fino. A madeira é cortada em tiras e quatro delas so laminadas juntas para obter rigider média ea pa é colada & hast, Entao, nese estado bruto 0 remo descansa por lgumas semanas para se acomodare depois ¢ acabado porcortee polimento manuais. Quando acabado, o remo de espruce pesaentre4e4.3kg. és de compésito so um pouco mais leves do que as de madeira para a mesma rigidez. As pegas components sio fabricadas com uma mistura de fibras de carbono e de vidro em matriz de epéxi, montadas e coladas. A vantage dos compésitos é, em parte, a economia de peso (peso tipico: 39 kg) e em parte o maior controle do desempenho: a haste é moldada para dar a rigidez especificada pelo comprador. Até recentemente um temo de CFRP custava mais do [Tabela 6.1 Reauisitos de projeto para o remo ] Fungéo ‘Remo ~ sigiicendo viga lave, rigid Rostigbes Comprimento L espectioado Rigidez a flexdo S* especticada Tenacidade G,, > 1 kiim® objetivo Minimizar a massa m \arigvels livres Didmetro da haste Escotha de material 62 Materiais para remos, 6 & 8 3 Es. i oe = £ § Densidade p (kg/m?) FIGURA 6.20 i Mateiais para remos, CFRP é melhor do que madeira porque a estrutura pode ser contolad. ‘Tabela 6.2 Materiais para remos Baru 40-45 (© material tradicional pera ramos de canoa Madsiras 34-63 Baratas, tradiionais, porém com variabiidade natural FRE, 63-79 ‘Téo bom quanto 2 madeira, mis controle de propriedades Cerémicas 4-89 Bom MM mas tenacidade balxa e custo alto que um de madeira, mas 0 prego das fibras de carbono caiu o suficiente para que os dois custos sejam aproximadamente o mesmo. Poderiamos fazer algo melhor? O diagrama mostra que madeira e CFRP oferecem os remos mais leves, ao menos quando sao usados métodos de construcao normais. Novos compésitos, ‘no mostrados no diagrama, poderiam permitir mais economia de peso; e 0 de grau funcional (uma casca externa fina, muito rigida com niicleo de baixa densidade) poderia fazer isso. Porém, ‘no momento, ambos parecem improvaveis. 17 CAPITULO 6: Estudos de casos: selepio de materiais Leitura relacionada Redgrave, 8. (1992). Complete book of rowing, Partridge Press, Estudos de casos relacionados 6.3 "Espelhos para grandes telescdpios’ 6.4 "Materiais para pernas de masa” 10.2 “Longarinas para planadores' 103 "Garfos para uma bicicleta de corrida” 6.3 ESPELHOS PARA GRANDES TELESCOPIOS Hé alguns telesc6pios dticos muito grandes no mundo. Os mais novos usam truques complexos € astuciosos para manter sua preciso enquanto perscrutam o céu — falaremos mais disso na Observagao. Porém, se quisermos um telescdpio simples, o refletor ser4 um tinico espelho rigido, Ormaior dos telescépios desse tipo esta situado no Monte Semivodrike, perto de Zelenchukskaya, nas montanhas do Céucaso, na Riissia. O espelho tem 6 m (236 polegadas) de diametro. Para ser suficientemente rigido, o espelho ¢ feito de vidro com aproximadamente 1 m de espessura © pesa 70 toneladas. O custo total de um grande telescdpio (de 236 polegadas) 6, como o proprio telescépio, astrondmico ~ em torno de USS 300 milhdes. O espelho em si é responsével por apenas apro- ximadamente 5% desse custo; 0 restante do custo é 0 mecanismo que o sustenta, posiciona e movimenta em suas incurs6es pelo céu. Esse mecanismo deve ser rigido o suficiente para posi- cionar o espelho em relagao ao sistema de coleta com uma preciso aproximadamente igual 20 comprimento de onda da luz. A primeira vista poderia parecer que para dobrar a massa m do espelho seria necessério também dobrar as segGes da estrutura de suporte para manter iguais as tensdes (e, por consequéncia, as deformagdes e deslocamentos); porém, entdo, a estrutura mais pesada sofre deflexdo sob seu préprio peso. Na pratica, as segGes tém ce aumentar proporcionalmente a me o custo também Ha um século, espelhos eram feitos de metal polido (speculum ow especular de densidade ao redor de 8.000 kg/m?). Desde entao, sao feitos de vidro (densidade: 2.300 kg/m?) com a superficie fron- tal revestida de prata, de modo que nenhuma das propriedades Sticas do vidro é usada. O vidro é escolhido somente por suas propriedades mecinicas: as 70 toneladas de vidro so apenas um ‘Suporte céncavo para supertcie retltora, 1 suporte muito esmerado para 100 nm (cerca de 30 gramas) de prata. ‘ Podleriamos, se adotéssemos uma premissa radicalmente nova em tk relagdo a materiais para espelhos, sugerir rotas possiveis para a FIGURA 6.3 construcao de telescépios mais leves, mais baratos? Oespehno de um grande teescépio A tradugdo_ Em sua forma mais simples, o espelho é um ‘dtico é madalado como um disco simpesmertaapcigo em sua _‘i8C0 circular com didmetro 2R e espessura média simplesmente perteria, Nio dove oadarmeiscn @POiado em sua periferia (Figura 6.3). Quando na horizontal, sofre- «que um comprimente de onda da uz ®4 deflexio sob seu préprio peso m; quando na vertical, nao sofrerd én seu cent deflexao significativa, Essa distorgao (que muda o comprimento 118 aaa remanent 63. Espelhos para grandes teleso¢pios focal eintroduz aberragSes) deve ser pequena o suficiente para nao interferir com o desempenko; na prética, isso significa que a deflexao 6 do ponto médio do espelho deve sar menor do que o comprimento de onda da uz. Requisitos adicionais sio alta estabilidade dimensional (nenhuma fluéncia) e baixa expansio térmica (Tabela 6.3). ‘A massa do espelho (a propriedade que desejamos minimizar) é m=nRtp 62) onde p & a densidade do material do disco. A deflexao eléstica, 6, do centro de um disco ho- rizontal em razao de seu proprio peso é dada para um material com indice de Poisson de 0:3 (Apéndice B), por: 3 mR an EB 63) A quantidade g nessa equacao é a aceleragdo da gravidade: 981 m/s; E, como antes, é 0 médulo de Young. Exigimos que a deflexao seja menor do que (digamos) 10 um. O didmetro 2R do disco é especificado pelo projeto do telescdpio, mas a espessuira t é uma varidvel livre. Resolvendo para te substituindo na primeira equacio obtemos: m= (8) e nt fet 64) Oespelho mais leve é 0 que tiver o maior valor do indice de material: a3 MoE p Tratamos as restricGes restantes como limites de atributo, exigindo um ponto de fuséo maior do que 500°C para evitar fludncia, zero de actimulo de umidade e baixo coeficiente de expansio térmica (a < 20 * 10*/K). 6.5) A:selegao Aqui temos outro exemplo de projeto eléstico para peso minimo. O diagrama adequado é novamente o que rélaciona o médulo de Young E com a densidade p— mas agora a Jinha que construimos nele tem inclinagio 3, correspondente & condi¢do M = E™*/p = constante (Figura 6.4). O vidro se encontra no valor M = 1,7 (GPa)!*.m/Mg. Materiais que tm maiores valores de M sao os melhores; os que tém valores menores, so piores. Vidro 6 muito melhor do que aco ou metal polido (é por isso que a maioria dos espelhos ¢ feita de vidro), porém nao 6 tao bom quanto o magnésio, varias ceramicas, polimeros reforcados com fibra de carbono e Tabela 6.3 Requisitos de projeto para o espelho de telescépio Fungao Espetho de precieso Restrigdes io Fespectiicado io deve sotrer cistorgo maior do que 6 sob 0 peso préorio Alla estabiidade dimensional: nenhuma flugncla, baixa expansto térmica | Objetivo Minimizar a massa, m Varaveis livres Espessura do espelho, ¢ Escolha de material 119 CAPITULO 6: Estudos de casos: selecao de materials ELSEVIER [Heated voung = Densidad Ceramicas 1.000 4} —— ~~ t6onioas 100 z 0 g Pet” Ceramicas io “cpds nao técnicas Pou Fe 2 3 3 ot 3 2 10? 108 14 10 “00 “1000 i000 Densidade p(kg/m’) FIGURA 6.4 © ‘Materiais para esgetios de tlescépio. Vio & mahor do que a maori dos metas, entre 0s quals 0 magnésio & uma boa ‘escola. Polmeras reforcados cam fora ce cartaono do, aotencialmente, 0 peso mais babo de todos, mas pode es falta a establdade dimensional adequadla, Viro espumado é ur posse candidat. fibra de vidro, ou um achado inesperado espumas rigidas de polimeros. A lista curta antes de aplicagao dos limites de atributos é dada na Tabela 6.4. E claro que devemos examinar outros aspectos dessa escolha. A massa do espelho, calculada pela Equacdo (64), apresentada na tabela. O espelho de CFRP tem menos da metade do peso do de vidro, e assim sua estrutura de suporte poderia ser até quatro vezes menos cara. A possivel economia pela utilizagao de espuma ¢ ainda maior. Mas esses espelhos poderiam ser fabricados? A primeira vista, algumas das escolhas — espuma de poliestireno ou CFRP ~ podem parecer pouco priticas. Porém, a economia de custo potencial (0 fator de 16) ¢ téo grande que vale a pena examinéla. HA modos de fundir uma fina pelicula de borracha de silicone ou de epéxi a superficie das costas do espelho (0 poliestireno ou o CFRP) para dar uma superficie oticamen- te lisa que poderia ser revestida de prata. O obstéculo mais ébvio é a falta de estabilidade dos polimeros ~ eles mudam de dimensdes com o tempo, umidade, temperatura ¢ assim por diante. Porém o vidro em si pode ser reforgado com fibras de carbono; e também pode ser espumado 120 8.3. Espelhos para grandes telesc6pios Tabela 6.4 Suporte de espelho para telesc6pio de 200 polegadas (5,1 m) ‘Ago (ou metal polo} Muito pesado ~a escotha orginal GFRP 18 25,5 Nao tem estabifdade dimensional sufcente - usar para radiotelescépio Ligas de Al 48 23,1 Mais pesadas do que vidro e com alta expanséo térmica Vidro i 216 Acscolha atuel Ligas de Mg 19 17.9 Mais eves do que vidro porém com alta expansdo térmica ‘FRE 30 9 ‘Muto leve, porém no tem establidade dimensional - usar pera radiotelescépios Pollestreno espumedo 45 5. Muto eve, porém néo tem estabiidade dimensional. Vidro espumado? para dar um material mais denso do que a espuma de poliestireno, porém mais leve do que 0 vidro sélido. Ambos, vidros espumados e reforgados com carbono, tém a mesma estabilidade quimica e ambiental do vidro sélido, Poderiam dar uma rota para grandes espelhos baratos. Observagéo Hi, claro, outras coisas que podemos fazer. O rigoroso critério de projeto (6 < 10 um) pode ser parcialmente superado por um projeto de engenharia que nao se refira & escolha do material. O telescépio japonés de 8,2 m em Mauna Kea, Hawaii, eo Telescépio Muito Grande (Very Large Telescope ~ VLT) em Cerro Paranal Silla, no Chile, tgm um fino refletor de vidro suportado por um conjunto de macacos hidréulicos ou piezelétricos que exercem forcas distribuidas sobre a superticie traseira, controlados para variar com a atitude do espelho’ O telescépio Keck, também em Mauna Kea, é segmentado; cada segmento ¢ posicionado inde- pendentemente para dar foco dtico. Porém, as limitacdes desse tipo de sistema mecénico ainda exigem que o espelho tenha uma rigidez determinada, Enquanto a rigidez com peso minimo for requisito de projeto, os critérios de seleco de material continuam os mesmos. Radiotelescépios nao tém de ter dimensdes tao precisas quanto os éticos porque detectam radiagao de comprimento de onda maior, aproximadamente 0,25 mm em vez de 0,02 mm das ondas de luz. Porém s4o muito maiores (60 m em vez de 6) e sofrem dos mesmos problemas de distorgao. Um radiotelescépio de 45 m construido recentemente para a Universidade de Téquio tem um refletor parabélico composto por até 6.000 painéis de CFRP, cada um servacontrolado para compensar macrodistorgao. Agora radiotelescdpios so feitos rotineiramente de CFRP, pelas exaias razées que deduzimos. Estudo de caso relacionado 6.16 "Minimizacéo de distorgao térmica am dispositivos de preciso" © Atitude do espelho é a posigio do espelho determinada pela diregio de seu eixo principal em relacio a um dado sistema de coordenadas. (N.T) 12a CAPITULO 6: Estudos de casos: selogdo de materials ELSEVIER 6.4 MATERIAIS PARA PERNAS DE MESA Luigi Tavolino, projetista de méveis, inventou uma mesa leve de audaciosa simplicidade: uma chapa plana de vidro endurecido, simplesmente apoiada sobre pernas cilindricas delgadas, sem | bracadeiras (Figura 6.5). As pernas devem ser sélidas (para serem. finas) ¢ tdo leves quanto possivel (para que a mesa seja facil de movimentar). Devem suportar o tampo da mesa e tudo 0 que for colocado sobre ele sem sofrer flambagem (Tabela 6.5). Quais materiais poderiamos recomendar? on A tradugdo_ Esse é um problema com dois objetivos? 0 FIGURA 6.5 peso deve ser minimizado ¢ a esbelteza maximizada. Ha uma lia mesa leve com pers cinctioas restrigo: a resistencia & flambagem. Considere primeiro a mi- Segadas. A leveza ea esbelieza nimizacao do peso. sii independentes das metas de ‘rojeto, ambas restringidas pelo ‘A perna é uma colund delgada de material de densidade pe _requista de que as paras no devem médulo E. Seu comprimento, L, e carga maxima, F, que ela deve Soffer fambagem quando & mesa é suportar sio determinados pelo projeto: sdo fixos. O raio r de 9#"egada, Amer escoha 6 um uma perna é uma varidvel livre. Desejamos minimizar a massa "tl cim ais valores de Pip dee mda perna, dada pela fungio objetivo: oe m=anrLp 66) sujeita 8 restricao de suportar uma carga P sem softer flambagem. A carga elstica de flambagem F,.de uma coluna de comprimento L e raio r (veja Apéndice B) é: WEI _ WErt 4i usando I= nr/4, onde Ié 0 momento de segunda ordem de area da coluna. A carga F néo deve ultrapassar F.. Resolvendo para a variavel livre, e substituindo-ana equacéo para m obtemos: me (4)" co? [| co) . Feri 67) Tabela 6.5 Requisitos de projeto para pernas de mesa Fungao CGoluna (suportar cargas de compresséo} Resttigoes Comprimerto L especticado Nao deve solrerflambagem sob cargas de projeto Nao deve soirerfratura por choques acidentals Objetivos, Minimizar massa, m Maximizar esbetteza Varigvels ivres Diametro das pernas, 2r Escolha de material ® Métodos formais para lidar com varios objtivos so desenvolvidos no Capitulo 7 122 ay 64 Materiais para pernas de mesa As propriedades de materiais estao agrupadas no iiltimo par de colchetes. O peso é minimi- zadio selecionando 0 subconjunto dos materiais que tém os maiores valores do indice de material: ‘2 m- Ee (um resultado que poderiamos ter tirado diretamente do Apéndice C). Agora a esbelteza, Invertendo a Equagio (67) e igualando Fay a F obtemos uma equacdo para a pena mais fina que nao sofreré flambagem rn @yorq" 69) A pena mais fina é a feita do material que temo maior valor do indice de material: M,=E A selegao Procuramos 0 subconjunto de materiais que tenha valores altos de E/p e E, Precisamos novamenite do diagrama E ~ p (Figura 66). Uma diretriz de inclinagao 2 est 1.000 100 Modulo de Young E (GPa) fe < 2 Densidade p (kg/m*) FIGURA 6.6 © Materials para pernas de mesa leves, delgadas. Madeta é uma boa escola; um compésito como CFRP também é bom, jd (ve, porter um médulo mais alto co que a madeira, forece uma coluna lve @ 20 mesmo tempo delgada. Cerémicas cumorem 8s metas de projet eslabelecidas, mas sto frigeis, 123 CAPITULO 6: Estudos de casos: selegdo de materiais FLSEVIER desenhada no diagrama; define ainclinacio da grade de linhas para valores de E'/p.A divetriz é deslocada para cima (conservando a inclinagao) até que um subconjunto de materiais razoa- velmente pequeno fique isolado acima dela, o que é mostrado na posicio M, =5 GPa!"{Mgim’). Materiais acima dessa linha tém valores mais altos de M,. Sao identificados na figura como sadeiras (0 material tradicional para pernas de mesa), conpésitos (em particular CFRP) e certas cerdicas de engenharia, Polimeros esto fora: nfo sao suficlentemente rigidos; metais também: so demasiado pesados (mesmo as ligas de magnésio, que sao as mais leves) “Acescolha é reduzida ainda mais pelo requisito que, para esbelteza, E deve ser grande. Uma linha horizontal no diagrama liga materiais que tém valores iguais de E; 0s que esto acima sio mais rigidos. A Figura 6 6 mostra que posicionar essa linha em M,=100 GPa elimina madeiras © GFRP. Se as pernas devem ser realmente finas, ento a lista curta fica reduzida a CFRP € cerdmicas: esses materiais dao pernas que pesam 0 mesmo que as de madeira, porém nao tém nem metade de sua espessura. Ceramicas, como sabemos, sao frégeis: t8m valores baixos de tenacidade 4 fratura. Pernias de mesa esto expostas a abusos — levam golpes e sao chutadas; 0 bom-senso sugere que necessério uma restri¢ao adicional, a de tenacidade adequada. Isso pode ser feito usando a Figura 47; ele elimina ceramicas, sobrando entao o CFRP. O custo do CFRP talvez faca o sr. Tavolino reconsiderar seu projeto, mas essa é outra questo: ele nao mencionou custo em sua especificacio original. uma boa ideia organizar os resultados como uma tabela, mostrando nao somente os me- Ihores materiais, mas também os segundos melhores - pode ser que eles, quando outras consi- deraces estiverem envolvidas, tornem-se a melhor escolha. A Tabela 6.6 mostra como fazer isso. Observagao Pernas tubulares, dird o leitor, devem ser mais leves do que as sélidas. E verdade, mas também seréo mais grossas. Portanto, isso depende da importancia relativa que ost. Tavolino dé aos seus dois objetivos — leveza e esbelteza - s6 ele poder decidir. Se conse- guirmos persuadi-lo a conviver com as pernas grossas, podemos considerar tubos—e a escolha de material pode ser diferente. A selecdo ce materiais quando a forma da segao é uma varivel vvird no Capitulo 9. Pernas de cermica foram eliminadas em razao da baixa tenacidade. Se (0 que éimprovavel) meta é projetar uma mesa leve com pernas delgadas para ser utilizada em altas temperatura, ‘as ceramicas devem ser reconsideradas. O problema da fragilidade pode ser contornado prote- gendo as pernas contra abuso ou por tensionamento prévio sob compressa ‘Tabela 6,6 Materiais para pernas de mesa GRP 28 2 Menos caro do que GFRP, porém MM, mais baixos | Madras 45 10 M, notével M, im Gerdmicas 63 300 M, 8M, notévels Blminades pea fraciidade lore as 10 Wed pines 124 6.5 Custo: moteriais estruturais para editicios Estudos de casos relacionados 6.2 “Materiais pare remos' 63 “Espelhos para grandes telescdpios" 85 "Objetivos contflitantes: Pernas de mesa novamente” 10.2 “Longarinas para planadores" 10.3 "Garfos para uma bicicleta de corrida 10.5 “Pernas de mesa mais uma vez: finas ou leves?” (65) CUSTO: MATERIAIS ESTRUTURAIS PARA EDIFICIOS “Accoisa mais cara que a maioria das pessoas compra 6a casa em que moram. Aproximadamente metade do custo da construgéo de uma casa é 0 custo dos ateriais de que ela ¢ feta, e eles so usados em gran- des quantidades (residéncia particular: aproximada- mente 200 toneladas; grande bloco de apartamentos: aproximadamente 20 mil foneladas). Os materiais so utilizados de trés modos: estruturalmente, para man- ter a construgao em pé; como revestimento, para isolar contra as intempéries; e como “internos’, para isolar contra calor e som e para decoracao. Considere a selegfo de materiais paraaestrutura FIGURA 6.7 (Figura 67) Eles devem ser rigidos, fortes e baratos, 0 Mal de ume desenpsthan ts Rigidos, para que o edificio nao softa demasiada Te; inik Kean af spats metro flexdo sob cargas de vento ou cargas internas; fortes, _syarcies items contolam cao ize som, para nao haver nenhum risco de colapso; e baratos, cio de seeeda depende da fun. porque a quantidade material usada é grande. O esqueleto estrutural de um edificio é raramente exposto ao ambiente e, em geral, nio € visivel, portanto aqui os critérios de resisténcia & corrosao ou de aparéncia néo séo importantes. A meta do projeto € simples: rigidez e resisténcia a custo minimo. Para sermos mais espect- ficos: considere a selegao de material para vigas de assoalho. A Tabela 6.7 resume os requisitos. A tradugdo Vigas de assoalho, como diz 0 nome, so vigas; s4o carregadas sob flexio. O indice de material para uma viga rigida de massa minima, m, foi desenvolyido no Capitulo 5 Tabela 6.7 Requisitos de projeto para vigas de assoalho Fungao \Viga co assoatho Restrighes Comprimento L especiicadia Figidez: néo deve sotrer demasiada tlexao sob cargas de projeto Resisténcia: ndo deve falhar sob cargas de orojeto Odjetivo Minimizer custo de material, © Varigvels lures ‘Area da sagio transversal da viga, A Escola cle material 125 CAPITULO 6: Estudos de casos: selecao de materiais ELSEVIER (EquagSes (511) a (615) O custo C da viga é apenas sua massa, m, vezes 0 custo por kg, Cyy do material de que ela ¢ feita: C=mC,=ALp Cy (630) quese torna a funcGo objetivo do problema. Prosseguindo como no Capitulo 5, constatamos que o indice para uma viga rigida de custo minimo & oe ae O indice, quando a restrigio ¢ a resisténcia em vez da rigidez, nao foi deduzido antes. Faze- ‘mos isso aqui. A fungio objetivo ainda ¢ a Equagdo (6.10), mas agora a restrigao € a resistencia: a viga deve suportar F sem falhar. A carga de falha de uma viga (Apéndice B, Item B4) &: Io, Fy=Q—5 er (cn) onde C, é uma-constante, o;¢ a resisténcia & falha do material da viga e y, &a disténcia entre 0 eixo neutro da viga e seu filamento externo. Consideramos uma viga retangular de profundidade de largura be supomos que suas proporcées sao fixas de modo que d= ab, onde a é a razao de aspecto, cujo valor tipico para vigas de madeira é 2. Usando isso e e I= bi/12 para eliminar A na Equagio (6.10) obtemos o custo da viga que suportaré exatamente a carga Fj: FS = Tc 2) (PB) | (612) ‘A massa é minimizada selecionando materiais que tenham os maiores valores do indice: Aselegéo Primeitoa rigidez. A Figura 68{a) mostra o diagrama relevante: médulo E em relagdo a custo relativo por unidade de volume, C,,p (0 diagrama usa um custo relativo Cy, de- finido no Capitulo 4em vez. de C,, mas isso nao faz. diferenca para a selecao. A faixa sombreada tem a inclinagio adequada para My isola concreto, pedra, tijolo, madeiras, ferros fundidos e agos-carbono. A Figura 6.8(b) mostra resisténcia em relacao a custo relativo. A faixa sombreada = M,, dessa vez - da quase a mesma selegio. Sao apresentados, com valores, na Tabela 6.8. S30 exatamente os materiais com 0s quais os edificios tém sido e so feitos. Observagao Concreto, pedra e tijolo tém resistencia somente sob compressao; a forma do edificio deve usé-los desse modo (colunas, arcos). Madeira, ago e concreto armado tém resistén- cia sob flexao e sob tracio, bem como sob compressio; além disso, o ago pode ser fabricado em formas eficientes (perfis I, segbes-caixio, tubos, discutidas no Capitulo 9). A forma do edificio feito com esses materiais permite liberdade muito maior. Comenta-se as vezes que 0s arquitetos vivem no passado; que no século XXI deveriam estar construindo com compésitos de fibra de carbono (CFRP) e fibra de vidro (GERP), aluminio e ligas de titanio, e aco inoxidavel. Alguns esto, mas as duas tiltimas figuras dio uma ideia do prego 126 bel 6.5 Custo: materiais estruturais para edificios LM, A aT i Siicio M0, = 1,000: 100 = & uw 10 : £ 3 et 3 3 = 0,1 dpa 001 opt an + 70 100 ‘Custo relativo por unidade de volume Cy, FIGURA 6.8(a) © A salegao de materiais raids, baratos para os esquolato estruturas de eifcios. Pago por isso: o custo para conseguir a mesma rigidez.e resisténcia ¢ entre 5 e 50 vezes maior, A construcao civil (edificios, pontes, estradas e assemelhados) faz uso intensivo de materiais: 0 custo do material domina o custo do produto e a quantidade usada é enorme. Entao, somente s materiais mais baratos se qualificam e 0 projeto deve ser adaptado para usé-los, Leitura relacionada Cowan, H.J. & Smith, PR. (1988). The science and technalogy of building materials. Van Nostrand-Reinhcld, Dotan, DX. (1992). The construction reference book. Butterworth-Heinemann. Estudos de casos relacionados lateriais para remos” 64 “Materiais para pemas de mesa” 8.2 "Milltiplas restrigdes: vasos de pressao leves” 104 "Vigas de assoalho: madeira, bambu ou aco?” 127 CAPITULO 6: Estudos de casos: selegao de materisis aon Lme=oP Gn pas de, Metais: 1.000 4 Linas do AN 100 ae x Coramicas téenicas Resisténeia o; (MPa) o Custo relativo por unidade de volume Cy, FIGURA 6.8(b) © ‘Aselegdo de materi fortes, baratos para os esquelets estruturais de edicos. ‘Tabela 6.8 Materiais estruturais para edificios | Conereto 160 4 Uso somente om compressa Tilo 12 2 Pedra 93 2 | Madeiras a 90 odem suportar lex & tenséo, bem Ferro fundido 7 90 coma compresséo, 0 que permite Ago 4 45 liberdace muito ator. MATERIAIS PARA VOLANTES Volantes armazenam energia. Os pequenos ~ do tipo encontrado em brinquedos de criangas — sao feitos de chumbo. Antigos motores a vapor e modernos automéveis tém volantes também; estes sao feitos de ferro fundido. Volantes foram propostos para armazenagem de poténcia & sistemas de frenagem regenerativos para veiculos; uns poucos foram construfdos, alguns de 128 66 Matoriais para volantes ago de alta resisténcia, alguns de compésitos. Chumbo, ferro fundido, aco, compésitos —ha uma estranha diversidade aqui. Qual éa melhor escolha de material para um volante? Um volante eficiente armazena 0 méximo possivel de energia por unidade de peso. Quanto mais 0 volanteé girado, aumentando sua velocidade angular «) mais energia armazena. Porém, 52 a tensdo centrifuga exceder a resisténcia& tracio do volante, ele se parte e voa para longe. Portanto, a resisténcia estabelece um limite superior para a energia que pode ser armazenada, © volante de um brinquedo de crianga nao ¢ eficiente nesse sentido. Sua velocidade an- ular élimitada pela poténcia de tracao da crianca e munca se aptoxima, nem remotamente, da velocidad de ruptura, Nesse caso, e para o volante de um motor de automével, desejamos maximizar a energie armazenada a uma velocidade angular dada em um volante com raio extern R,restringido pelo tamanho da cavidade onde deve ser colocado, Assim, o objetivo e as restrigdes no projeto de um volante dependem de sua finalidade. Os dois conjuntos alternatives de requisitos de projeto séo apresentados nas Tabelas 6 (a 6 9(b). A'tradugao_Um volante eficiente do primeito tipo armazena o méximo possivel de energia Por unidade de peso sem falhar. Imagine um disco sélido de raio R e espessura , girando com ‘elocidade angular o (Figura 65), A energia U armazenada no volante (Apéndice B) & 1 U= 5]? 613) Aqui J=3 pR't é 0 momento polar de inércia do disco e p é a densidade do material de que ele € feito, o que dé: u a pR te? (6.4) A massa do disco é . m=nRitp (6.5) A quantidade a ser maximizada é a energia cinética por unidade de massa, que é a razd0 entre as duas tltimas equacées: | Tabela 6.9(a) Requisitos de projeto para um volante de energia maxima ] | Fungo Volante para armazenamenio de energia | | Restrigoas aio extemo, R,fxo Nao deve softer ruptura ‘Tenacidade adequace para dar toleréncia & tincadura Objetiva ‘Maximizer eneraia cinética por unidade de massa Varidvel fives Escolha de material Tabela 6.9(b) Requisitos de projeto para velocidade fixa Fungo Volante para brinquedo de cranga | | Restrigdo Raio externa, R, tro | objetivo ‘Maximrizar energia cinética por unidade de volume a uma velocidade angular fixa | Varivel ie Escobedo material 129 CAPITULO 6: Estudos de casos: selegéo de materiais ELSEVIER ne Motel We Lees (616) Genser, >” weastonca oy A medida que o volante ¢ girado, a energia ar- mazenada nele aumenta, mas a tensdo centrifuga também aumenta, A tensao principal maxima em. um disco giratério de espessura uniforme (Apé dice B novamente) & onde v 6 0 indice de Poisson (p = 1/3). Essa tenséo FIGURA 6.9 5 nao deve ultrapassar a tensio de falha c-(com um incl, A main ee cet ot le pode imate estabelece um limite superior para 0 produto entre a velocidade angular, «, ¢ 0 raio do disco, R (as varidveis livres). Flimifiando R,, entre as duas tiltimas equagSes obtemos: : cai pat 612) voene fata Let Ei ee 18) 2) i Os melhores materiais para volantes de alto desempenho so os que tém valores altos do indice de material: o P (619) Unidades: Ki/kg. E agora o outro tipo de volante -o de um brinquedo de crianga. Aqui procuramos omaterial que armazena a maior energia por unidade de volume V a velocidade constante, @. A energia por unidade de volume a uma dada w é (pela Equaco (6.2): YlloReg Ue bpRai ‘Ambos, Re «, sio fixos pelo projeto, portanto agora o melhor material é o que tem o maior valor de: M.=p (620) Asselegao A Figura 6.10 mostra o diagrama resisténcia-densidade. Valores de M, corres- pondem a uma grade de linhas de inclinagao 1. Uma delas é representada no grafico como uma linha diagonal no valor M,=200 K/kg; Materiais candidatos com altos valores de M, encontram-se naregiio de busca 1, préximaa parte superior esquerda, As melhores escolhas sao inesperadas: compésitos, em particular CFRY, ligas de titdnio de alta resisténciae algumas cerémicas, porém estas s4o eliminados por sua baixa tenacidade. Mas ¢ os volantes de chumbo de brinquedos de criancas? Dificilmente poderia haver dois materiais mais diferentes do que CFRP e chumbo: um é forte e leve; 0 outro, mole pesado. Por que chumbo? E porque, em um brinquedo de crianga, a restricao € diferente. Mesmo uma supercrianga nao conseguiria girar o volante de seu brinquedo até sua velocidade de ruptura. ‘A velocidade angular « € limitada pelo mecanismo de acionamento (puxar um cordao, acio- namento por friccao). Ent@o, como vimos, o melhor material é 0 que tiver a maior densidade. 130 6.6 Materiais para volantes oe Duna |e Geramicas comptes Ne Cormioas, vir: méduo de uptra, MOR aes | Elestémeros:resistncia&rupta portznto, gg ____OFR ‘Cnt: aha po ad, o¢ 4.000: (Regio de], lastémeros Siti é = i 40 @ 1 a4 oot Yensidade p (kg/m) FIGURA 6.10 © ‘Materia para volantes. Compdsitos so as melhores esouihas. Chumbo efero fund, trdicionals para volantes, sto bons ‘quando o desempenho 6 liitado por velocidad rotacional, © ro por resisténcia, A segunda linha de selecdo na Figura 6.10 mostra o indice M,no valor 10.000 kg/m’. Procura- ‘mos materiais na regio de busca 2 a direita dessa linha. Chumbo é bom. Tungsténio é melhor, Porém mais caro, Ferro fundido nao é tao bom, porém mais barato. Ouro, platina e uranio (no ‘mostrados no diagrama) so os melhores de todos, mas podem ser considerados nao adequados por outras razes, Observaco Um rotor de CFRP consegue armazenar aproximadamente 400 kj/kg, Um volante de chumbo, ao contrério, pode armazenar somente 1 KJ/kg antes de se desintegrar; um volante de ferro fundido, aproximadamente 30. Todos esses valores so pequenos em com- Paracio com a densidade de energia na gasolina: aproximadamente 20.000 Ki/kg, Ainda assim, a densidade de energia no volante é considervel; sua liberacio repentina causada por uma falha oderia ser catastréfica. O disco deve ser protegido por um escudo antirruptura e um controle de qualidade minucioso ¢ essencial para evitar forgas fora de equilibrio. [sso foi consegiuido em varios volantes de armazenagem de energia feitos de compésito e destinados a utilizaco em caminhies ¢ Gnibus e como reservatério de energia para suavizar a geracao de poténcia edlica Agora uma digressdo: o carro elétrico. Carros hibridos gasolina/eletricidade ja esto nas estradas, usando tecnologia avancada de baterias para armazenar energia. Porém, baterias tém seus problemas: a densidade de energia que elas podem conter é baixa (veja a Tabela 6.10); seu 131 CAPITULO 6: Estudos de casos: selecao de materiais ELSEVIER | Tabela 6.10 Densidade de energia de fontes de potencia COxidago de hidracarboneto ~ massa de Gasolina coxigério no incluida Comoustivel de foguete 5.000 Menos do que hidrocarbonetos porque o agente ‘oxidente 6 parte do combustivel Volantes até 400 ‘Atreentas, mas ainda néio comprovados Bateriade fons deitio —_At6 350 Cara, vida limiteda Bataria de niquel-cadmio 170-200 Menos cara do que a da fons de Itio Bateria cida de chumbo 60-80 Peso grande para a faixa acsitvel Moles, trasdeboracha Al 5 Método de armazenamento de energia muito ‘menos eficiente do que votantes | peso limita tanto a faixa quanto o desempenho do carro. E pratico construir volantes com uma densidade de energia aproximadamente igual das melhores baterias. “Atualmente esté sendo considerado um volante para cartos elétricos. Um par de discos de CERP que giram em sentido contrario é acondicionado dentro de um escudo antirruptura feito de aco, Magnetos embutidos nos discos passam perto de espiras na carcaca, 0 que induz uma correntee permite que a poténcia seja arrastada para o motor elétrico que aciona as todas, Estima- “se que tal volante poderia dar a um carro elétrico uma faixa adequada a um custo competitive ‘em relacio 20 motor a gasolina sem nenhuma da poluicio local desses motores. Leitura relacionada Christensen, R. M. Mechanics of composite materials (p. 213 88) Wiley Interscience, 1979. F + Lewis, G, Selection of engineering materials (Parte 1, p. 1), Prentice- ae Hall, 1990. Medlicott, PA. C., & Potter, K. D. The development of a composite @ ‘iywhee! for vehiole applications In. Brunsch, H-D. Golden & C-M. Horkert (Bditores), High Tech ~ the way into the j nineties (p. 23). Elsevier, 1986. Estudos de casos relacionados 4 6.7 “Materiais para molas” 6.11 “Vasos de pressdo seguros” 4 © 8.3 "Miltiplas restrigdas’ bielas para motores de alto desempenho” o eee) (6.7) MATERIAIS PARA MOLAS es a FIGURA 6.11 Ha muitos tipos de molas (Figura 6.11 e Tabela 6.11) e elas ee a eee ne cae et eee ee a : para qualquer mot, independentemente ds por exemple), molas em laminas, molas helicoidais, molas 3 yma gu da mad como & caegata, espirais, barras de torgao. Independentemente desua forma que temo mar vdr de of /Eau, se 0 ou utilizagao, o melhor material para uma mola de volume peso for ingortante,o¥/oE 132, 67 Materiais para molas ‘Tabela 6.11 Requisitos de projeto para molas Fungao Mola elistica Rostrigdo Nao pede fahar, 0 que significa « < o,om toda a mola Objetivo Maxima energia eléstica armazenada por unidade de volume ou maxima energia eléstica armazenada por unidade de peso Varidvel fe Escolha ce material minimo é 0 que tiver 0 maior valor de o?/E, e para peso minimo é o que tiver 0 maior valor de aijp E (deduzido na Equagio (621). Usamos molas como um modo de apresentar dois dos di gramas mais titeis: 0 do médulo de Young F em relago & resisténcia aye o do médulo especifico Ep em relagao & resisténcia especifica o,/o (Figuras 4.5 e 46). A tradugéo A funco primordial de uma mola é armazenar energia elAstica e - quando exigido - liberé-la novamente. A energia eldstica armazenada por unidade de volume em um loco de material submetido a uma tenso uniforme o & 2 w= $e 62) onde E é o médulo de Young. Desejamos maximizar W,. A mola serd danificada se a tensao o ultrapassar a tensao de escoamento ou tensao de falha of a restric é o <: o;. Assim, a densidade de energia maxima é 2% ee Barras de torgao e molas em laminas so menos eficientes do que molas axiais porque grande parte do material ndo ¢ totalmente carregada: 0 material no eixo neutro, por exemplo, nao esta sob absolutamente nenhuma carga. Para molas em laminas: We 62) para barras de torgio: a1 SE We Porém — como esses resultados mostram -, isso nao tem nenhuma influéncia na escolha de material. O melhor material para uma mola independentemente de sua forma é 0 que tem 0 maior valor de: G M= = (6.23) Seo que importa é 0 peso, endo 0 volume, temos de dividir essa expressdo pela densidade p (© que da energia armazenada por unidade de peso) ¢ procurar materiais com altos valores de: s mn (6.24) is (624 M 133 ) ELSEVIER CAPITULO 6: Estudos de casos: selegao de materials Aselecaéo A escolha de materiais para molas de volume minimo é mostrada na Figura 642(a) A familia de linhas de inclinagSo 2 liga materiais que tém valores iguais de M,=0/E; os que tém os valores mais altos de M,encontram-se proximos da parte inferior direita. A linha cheia é uma da familia; esté posicionada em 2,5 MJ/m* de modo que um subconjunto de ma- teriais fica exposto, A melhor escotha é um ago de alta resistencia que se encontra préximo da extremidade superior de linha. Outros materiais também sao sugeridos: CFRP (agora usado para molas de caminhéo); li gasde titinio (boas, porém caras),ndilon, PA (brinquedos de crianas muitas vezes tém molas de ndilon);e, claro, elastémeros. Observe como o procedimento identificou um candidato dé quase todas as classes de materias: metais, polimeros, elast6meros e compésitos. Sao apresen- tados e comentados na Tabela 6.12(@). 'A selego de materiais para molas leves é mostrada na Figura 6.12(b) A familia de linhas de inclinagdo 2 liga materiais que tém valores iguais de: wm GG) “ 4,000) ‘Médio — Resistancia {tase poimros:esistneia a0 escoamento (Cores, vos: médu ce ruta, MOR islonerosreetnci ao sagamento por tral! og OBESE haere ‘Médulo de Young E (GPa) ———— a on 1 10 100 Resistancia o, (MPa) FIGURA 6.12(2) © Haters para pequenas mola. Ago de alta esstncia "ago de malas” 6 bom, Todos, vido, CFRP e GFAP, sob crcunstincias ‘carta, fazom boas moas. ElestGmeos sdoexceletes. Cerca so elinadas por sua bai resstnca& treo 134 6.7. Materiais para molas teckioespctce~ Resta sopetca) | Ba ‘Metals @ polmeros: resistencia ao o2coamento, 3, | ‘Ceréicas, vos: dda doruptra, MOR! | | Eastémoros resténca a0 rasgernento por tagao, 6 | Compéstos: aa por tap, o Coramicas do técnicas 102: 10°: Module especifice E/p (@Pa/{ka/m*) 104s, 102 102 1 Resisténcia especica o,/p (MPa/(kg/m) FIGURA 6.12(b) © ‘Materials para molas leves, Metals esto em desvantagem por sues altas densidades. Compésitos so bons; madeita também, Elastimeros séo excelente. Tabela 6.12(a) Materiais para pequenas molas eficientes Ligas de Ti 442 Caras, resistentes a corroso ‘FRE 610 Desompenho comparével 20 do ago; caro Agodemolas 3-7 ‘A escolha tradicional de conformar e de tater tarmicamente Niion 15-25 Barato@ fi de conformar, porém tom alto fator de perda Boracha 20-50 Melhor que o ago de molas, porém tem alto fator de perda Uma é mostrada no valor M,= K/kg. Metais, em razio de suas altas densidades, nao so tao bons quanto compésitos, ¢ muito menos bons do que elastémeros. (Podemos armazenar aproximadamente oito vezes mais energia elastica, por unidade de peso, em uma tira de bor- racha do que no melhor aco de molas.) Candidatos sao apresentados na Tabela 6.12(b). Madeira ~o material tradicional para arcos (de atirar flechas) ~ agora aparece. 135

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