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Capitulo 1 - Resumo Do alvarogo que foi na cidade cuidamdo que matawom o Mestre, € cone allo foi Alvoro Faaez e muitas gemtes com elle A frase-que serve de titulog este capttulo expelits a reagdo e 2 extraordindria ade- So do pov d pessoa do Mestre O titulo destaca tambérn o papel desempenhado por Alvaro Pais nesse levantamento popular de apoio e de defera. ste capitulo enquadra-ee na sequéncia de eventos que levararn ao cexco da cidade de Lisboa, considerado um dos facos estruturadores da Crénica de D. Joie I (o-utro € a batalha de Aljubarrota), Femic Lopes relata como se deu a aclamacdo do Mes- tre, apis oassassinata do conde Andelro, x ages da populagio quando soube que -@ Mesure corria perigo © os seus sentimentos relativamente ao future menatcs. ‘O capitulo abre com uma referéncia ao pajem do Mestre de Avis que estava & ports -¢ preparado parair pelas Tuas, bradanda “Mutom ¢ Meestre! matom ho Mrestre nas ‘Paagos da Rainha! Acorree ao Mecstre que mata", Dirige-se a casa de Alvaro Pals. ‘Como resultado, as gentes "sahiim aa rrua veer quecucisa era", mestram-st agitadas -€ comeCam a pegar efi artnas, Paths gees so mesmo comparadas # uma vidwa ‘que encontra um novo marido em quem se apolar: “e ass caro vhuva quo rei nom ‘tina, € coma ss Ine este ficaraem logo de marido, se mouerorn todd corm mnao armada’. Entretanto, Alvaro Pais, que também ji estava preperado, segue com o pajem © ‘outros allados para os paros, Novo apelo ¢ lancatio & populacéo: "Acarrantas 40 ‘Mestre, amigos, ccornarics ao Yeestre, ca filo he delRel dems Fed” Assim, comeca-se 3 formar uma multidio nervosa que acempanha Alvaro Pais: A genie comeyou de 33e Jumitar a elle, e era tanta que era estranha cousa de veer. NO ‘cabiarn pellas ruas primcipaues, ¢ cirevessavom logares escusos, desejande cada hut de eet 0 primeira’. ‘Chegados 8s portas do pao, que estavam fechadss, ag gentee dio sinais de ner vvosismo ¢ agitugde: “Alli ¢ram cuvidas bractos de desvatradas maneiras” Querem quelmar-o conde Andeiro © Leonor Teles (que epelidam de traidore) e entrar nos [Pacos: "Delles braadavare por lenha,e que vehesse lume pera postem foga acs Paagas, © queimar 6 teedor ¢ 4 dieivota. Cuttros se afficavam pedimdo esrandas pora soblr asim, pra veerem que era do Moustro". A populacio exige ver o Mestre este, aconselhada pelos que estavam consigo-e satendendo ao alvorogo das pessoas, aparece finalmente a janela para que todos eonstatem que estava vive, Ente, a popula¢ao manifesta Ut “enki prazer Sentindo-se seguro,o Mestre deixa os pacos @ cavalga pelas russ, com tedos “mui leds arredor delle", em direcio ave pagos do Almirante, onde se encontrava o cande Joo Afonso, inti da rainha, Pelo caminho contacts com @ populacto que revela aa sua alegria e disponibilidade, as donas da eldade dizem: “Mamtenhavos Deas, Se- mbar. Beemnto sia Deas gue ves guaidou de tamaninatrnigar, qual wos tiinham bastecida” Prosime dos pagos do Almirante, o Mesire ¢ acolhido pelo conde, pelos funciont- ‘log da cidade e por outres fidalgns. Ji 8 mese, vém-the dizer que as gentes da c- lade querem matar 0 bispa.O Mesixe faz tenes de o ir socorrer mas ¢ aconse- Uhade a permanceer ali. capituin termina com a sequinte informacao: "AO dito da ‘Cornde gessou o Mestre de sua boa voomitade. ee Blspo fol meorio dvsta guica que ce sag.” ‘Topicos de andlise +0 protagonista deste capitulo ¢ a populagio, “as gemtes". Asseme- Ihando-se a um reporter que assistiu ao desenrolar dos acontecimen- tos, Fernéo Lopes transmite-nos as movimentagSes dessas gentes através de sensagdes auditivas (dizemdo altas vozes, braadamdo pella mua’, “e comegamdo de faltar huizs com os outros", “Soaram as uazes do ar- roido pella cidade ouvimdo todos braadar que matavom o Mestre”, “Ali eram ouvidos braados de desuairadas maneiras"), mas também visuais (se moverom todos com mado armada, corremdo a pressa”, “A gemte come- cou de sse jumtar a elle, € era tanta que era estranha cousa de veer. NO ca- diam pellas ruas primgipaaes, e atrevessavor logares escusas"). + Orelato revela uma concentraciio espacial (rua-paco-janela) que coin- cide com uma gradagio e um ritmo crescentes das acées (ao apelo do pajem e de Alvaro Pais segue-se 0 alvoroco da populagao, que se desloca [para 0 paco e que ai mostra o seu estado de espirito - confuse, nervo- sismo}, culminando no climax: 0 aparecimento do Mestre & janela. * Apés esse momento, o ritmo narrativo diminui e 0 estado de espirito da populagao passa a ser de alegria, satisfagio e alfvio ‘ouveram gram prazer quamdo 0 virom'’). + Os sentimentos desta “gemte” sho ainda realados através das falas transcritas, que conferem uma tonalidade realista e expressiva 2 todo o episédio. Estas falas servern tarnbém para denegrir a imagem de Leonor Teles (repare-se nos comentarios que sao feitos sobre ela) ¢ para fazer a apologia do futuro monarca (veja-se como sai ilibado de ter morto o conde - “Oo que mall fez! pois que matou o treedor do Comde, que rom matow logo a alleivosa com elt!") * Entre a multidao (ator coletivo) destacam-se, porém, alguns atores individusis, nomeadamente: ~pajem do Mestre - jé preparado ("segundo jd eva percebido”), é a pri- meira personagem referida e é ele quem desencadeia toda a movi- mentagio posterior; ~ Alvaro Pais - avisado pelo pajem, e também ele pronto (“que estava prestes ¢ armado cb hufta coiffa”), pegou no seu cavalo e com os seus aliados foi até a0 paco, espalhando igualmente o alvorogo e influen- ciando © povo a correr em auxilio do Mestre; Mestre de Avis - atua segundo o conselho dos que 0 rodeiam; de inicio, parece ter receio da multidao; depois, mostra-se & janela e, sentindo-se seguro ("Veédo el estomce que nehuiia duvida tiinha em sua sequramga’), abandona o paldcio e percorre as ruas da cidade a ca- valo até aos Pacos do Almirante

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