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capitulo Projetos - Do Significado as Vantagens NOGUE IRA, Nilbsmbeies -Pedagog, a dos Petes: la pas, papsis e afores. Sav Paulo Erica, 2005, a ee diante', e que se refere a: Pedagogia dos Projetos - Btapas, Papéis € Atores 2.1. Significado e concei: A palavra projeto origina-se do latin Empreendimento a ser realizado d Um projeto na verdade é, a principio fomnando real, conforme comeca g de aces _e, conseqiientemente, segundo MACHADO (1997, p. 63): Em Teoria da Inteligéncia Criadora, exemplifica bem esta fase com a seguinte Gt “Nao existem projetos desligados da acao. | antecipacées de acontecimentos futuros, come planos abstratos que sao apenas, na mell que se converterdo em projetos quando gados como programas vigentes. O_projeto _empreendida. Uma possibilidade vislumbra Ihe dé uma ordem de marcha, ainda que difé Com isso podemos imaginar o projeto vontades, desejos, ilusdes, necessidades, ete como impulsionadores para 0 ato de projetar. Projetos - Do Significado as Vantagens Ainda no sentido de algo a se materializar, 0 projeto carrega em seu bojo uma certa ambivaléncia (Boutinet, 2002), pois ele existe quando realizado, quando materializadas as intengGes, mas a partir disso deixa de existir como projeto, j4 que nao sera mais um sonho, um desejo, algo "langado para diante" ¢ sim algo real e j4 concebido. Sao estes fatores impulsionadores que levarao 0 sujeito a iniciar sua busca, dando espago para o surgimento do novo. Todo esse processo sera permeado por acées, do sujeito ou de um coletivo, que levarao a efetiva realizagao do projeto. 2.1.1.Projetos temdticos ou de trabalho - Uma pratica educativa Historicamente os projetos aparecem como pratica educativa desde que Kilpatrick, em 1919, levou a sala de aula algumas das contribuigGes de Dewey (Hernandez, 1998); porém, nos dias de hoje, eles ressurgem como proposta da pratica para a mediagdo do desenyolyimento das habilidades e competéncias. Em termos praticos, temos presenciado alguns desses projetos sendo "desenhados" e planejados pela coordenagao pedagégica (da escola, da secretaria de educagao, etc.) em um trabalho solitario, ou seja, a coordenagao decide qual sera o tema e/ou objeto de inves- tigacdo, traca posteriormente os objetivos gerais, os especfficos, as estratégias e as agées que deverdo ser desenvolvidas pelos alunos. Aparentemente, olhando pela éptica da estrutura ¢ da "boa vonta- de" em querer trabalhar com projetos, estaria tudo correto, mas gostariamos de questionar os seguintes pontos: * Se considerarmos um projeto a realizagao de um ato de projetar, sonhar, etc. como a coordenagéo pedagégica poderd "sonhar" ou vislumbrar os interesses e as neces- sidades de seus executores (alunos)? 0-0-9 @ Pedagogia dos Projetos - Etapas, Papcis ¢ Atores * Por outro lado, os alunos vao. jadas pela coordenagéo peda “sonhar" os sonhos de terceiros? Podemos imaginar entao que um desde a sua fase inicial, ser um processo co ‘a idéia de alguém tracar, sozinho, inte de gabinete, ou seja, decidir por sua conta fazer, porque iréo fazer e assim por d tragado sozinho, o executor das agGes_ planejou. Desta forma nao queremos impedir de realizar o ato de "pensar sobre", pois uma de suas fungdes. Na realidade, porém eles s6 se transformarao realment junto com suas agées, no caso coletivas, 2 Embora seja estranho mencionar, (pseudo) projetos tematicos realiza nao ser uma pratica ainda bem trabi s professores, a coordenagdo pedagégica direito de realizar sozinha todo o planejan do projeto, cujo tema também foi deci Como triste e recente exemplo de projetos em varias escolas, intit anos". Num ato arbitrario, muitas coor ram totalmente o "projeto" e depois sa para os professores. Por felicidade ou infelicidade a como Ciéncias, Educagdo Fisica € 1 para trabalhar com seus alunos, 1800. De forma desesperada e di responsabilidade da "pesquisa" para s& Projetos - Do Significado as Vantagens Tivemos entdéo um repasse de atividades, em que a coordenacao mandou o professor fazer, 0 qual manda seus alunos fazerem. Ao final do projeto presenciavam-se dezenas de cartazes colados pelos corredores e folhas e mais folhas de papel almago, com cépias de livros, sobre o governo do periodo solicitado. Mais triste ainda era presenciar o orgulho da coordenagao pedagégica em mostrar 0 "seu projeto" e estampar um olhar orgulhoso de misséo cumprida. £ aparentemente estereotipado o exemplo mencionado, porém de uma pratica absolutamente real em muitas escolas que se designam utilizar a "Pedagogia dos Projetos". Gostarfamos de alertar para a nossa preocupagao diante da simplificagao e do reducio- nismo com que tém sido tratados os projetos. Os projetos tematicos ou de trabalho estado atualmente sobre uma linha entre 0 modismo descabido, e sem fundamentos conceituais, e uma excelente proposta para fazer com que o aluno interaja em seu processo de construcéo do conhecimento, resol- vendo problemas ¢ desenvolvendo habilidades e competéncias para a sua formacao integral. Dependendo do movimento, a escola podera pender para um lado ou outro dessa linha. Nossa fungaéo, como educadores, é voltar todos os esforcos para que a praxis esteja norteada para a exceléncia ¢ nao para a simpli- ficagdio, B necessario (re)pensar os projetos dentro de uma concep- cao mais ampla, da qual surge entdo a Pedagogia dos Projetos, que visa ampliar a viséo em funcéo de uma pratica. rr Ampliar esses conceitos significa comrpreender onde e como o auxiliar na prdxis, quais a8 as vantagens para ¢ ) professor projeto pac para_os alunos em trabalhar com essa dinamica, qual a relaci ‘entre projetos ¢ com peténcias, até onde vai a autonomia dos alunos nessc trabalho e, principalmente, quais sao os papéis dos diferentes atores quando se trabalha com os projetos. Esperamos enfim, em poucas palavras, ter alertado sobre a importancia do "coletivo", do "participativo" e do "cooperativo" para pgp @ 33 Pedagogia dos Projetos - Etapas, Papéis ¢ Atores Se sonhar nao puder ser um ato de interesse individ mos seja uma necessidade e uma vontade coletiva. Ag 2.1.2. Projetos e intengdes 1" Antes de tratarmos da pratica dos responder a seguinte questao: Por que trabalhar com proj Parell!... pense e tente chegar a uma respe continuar a lettura, Varias sao as possibilidades de resposta. incomodam muito, como, por exemplo: © — Todas as escolas trabalham com projetos, a1 que conheco trabalha com projetos. Como so atualizado(a), ndo posso ficar de fora, prec com projetos. Esta resposta ou qualquer outra variagao n | raciocinio passa a nitida impressdo de que, em o1 | professor(a) esté querendo dizer: - : @ s6 depois caminharmos em direcdo do pr | | i : | | i i i i : : ° Vou trabalhar com projetos porque estd na Uma outra resposta que incomoda muito é: * Vou trabalhar com projetos porque a diretora (ou a coordenadora ou a secretaria de educacdo) mandou! Creio que, para os dois casos exemplificados, os projetos que serao elaborados nao passarao de meras colegGes de cartazes pendurados pelos corredores da escola. Nao que um projeto nao possa ter cartazes, mas simplificar um projeto apenas na elaboracdo Projetos - Do Significado as Vantagens de cartazes é olhar de forma muito reducionista para esta dinamica de trabalho. Na realidade_ao_trabalharmos com projetos, precisamos ter claramente a resposta p para a pergunta: Quais sao nossas intengdes? Intenco = O préprio fim a que se visa. Intento, pensamento, propésito. Pensamento secreto e reservado. Vontade, desejo. (Diciondrio methoramentos da lingua portuguesa - Edicéo especial para a revista Veja - Francisco da Sliva Borba). Figura 2.1 - Prof. Nilbo comentando o significado de INTENCAO. Vale lembrar que quando nao se tem nenhuma intengdo, qualquer coisa esta bom! Neste caso, um simples cartaz ja pode ser o suficiente para aqueles professores que entraram em um projeto sem nenhum tipo i de intencao de resultados para seus alunos. : Portanto, tenha muito claro 0 que pretende com o projeto, quais os motivos para realizd-lo, 0 que se espera que alunos ¢ professores fagam, quais objetivos querem alcangar, etc.; caso contrario, nao faga o projeto, pois ele pode nao servir para nada! Mais do que todas as preocupagées citadas, 0 projeto tera grande significado _e importancia se estiver a servigo do Projeto Politico Pedagégico, conforme detalharemos a seguir. 2-2-2-@-—— 96 @ Pedagogia dos Projetas - Etapas, Papéis ¢ Atores Para efeito de andlise do que mencionamos neste capitulo, acompanhe um resumo ¢ a demonstragéo da complementaridade dos papéis na tabela seguinte: Etapas e papel do professor Etapas e papel dos alunos Definicéo do tema O professor detecta a necessidade ¢ apresenta 0 tema aos alunos. Definicao do tema Os alunos argumentam sobre o tema. Planejamento O professor planeja a parte operacional - recursos, objetivos, metas, datas, perfodos, etc. ¢ ainda questiona os alunos para auxiliar na élaboragao de seus planejamentos. Planejamento Os alunos planejam as ages a serem executadas no projeto - 0 que gostariam de fazer, como vao fazer, que recursos vao utilizar, etc Acompanhamento O professor acompanha e auxilia nas etapas de execugio, depuracio, apresentagio e avaliacio feitas pelos alunos Execucdo O professor auxilia nessa fase ¢ fornece suporte para que acontegam as ages planejadas pelos alunos. Execugio 0s alunos colocam em pratica todas as ages que foram planejadas por eles na etapa anterior. Depuragao O professor provoca os alunos no ato de analisar, refletir e melhorar a qualidade das aces jé realizadas. Depuracao s alunos analisam tudo que ja foi realizado, refletem sobre suas aquisig6es, descobertas, produtos quando ndo satisfeitos, (re)planejam, (re)executam suas acées. Apresentacdo 0 professor orienta ¢ assiste & apresentacio, fazendo todas as anotac6es que julgar pertinentes para 05 futuros ajustes do projeto. Apresentacao Os alunos planejam como farao a apresentacao de suas diividas iniciais, dos problemas, das suas vontades, sonhos, necessidades, do process investigacdo, das suas produgées ¢ como chegaram ao encaminhamento dos problemas. de Diferentes Atores ¢ Diferentes Papéis Etapas e papel do professor Etapas e papel dos alunos Ajustes finais O professor verifica tudo aquilo que nao foi abordado no projeto que julga ser necessério e faz 0 fechamento com os alunos ‘Avaliacao O professor medeia uma sesso de auto-avaliagio e autocritica com os alunos. Questiona os alunos sobre o processo € suas aquisicées. Posteriormente avalia o projeto como um todo (por meio dos objetivos) e a8 aquisigbes dos alunos. ‘Avaliagao Os alunos realizam a avaliagao do projeto, sua auto-avaliagio ea avaliacao dos demais projetos. Os alunos fazem crfticas ¢ dao sugestdes para melhorias. Registro O professor registra todo 0 processo, desde o nascimento até seu fechamento. Redige um documento constando a apresentagio, justificativa, objetivos, etc. Registro Os alunos registram a trajetéria, por meio do processofélio indicam suas expectativas, suas hipéteses iniciais ¢ finais, suas descobertas, 0 processo de inyestigagao, os pontos altos, o que nao gostaram de fazer, as idéias sobre projetos subseqiientes, etc. Quadro 3.2 - Resumo das etapas e dos papéis dos diferentes atores. 3.6. A postura do professor na aprendizagem com projetos Muito se fala da postura do professor como mediador, facili- tador do processo de aprender, etc., mas a pratica dessa postura nado parece ser uma realidade no ensino tradicional. Vale, portanto, refletirmos sobre: o que é ser facilitador e mediador? Como ter essa postura na sistematica de projetos? O que vem a ser a tal "mediagao pedagégica"? 98 lg aati: Pedagogia dos Projetos - Etapas, Papdis ¢ Atores Para Masetto (2001) a mediacdo pedagégica significa a atitude € 0 comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos. Quando os alunos trabalham com projetos, mao precisam receber informagées totalmente estruturadas, originadas somente do professor, porque nesta sistematica ele nao é a timica fonte de conhecimento, j4 que outros instruments, recursos € fontes serao acessados. Por este motivo ele comsegue ser 0 facilitador do processo, ou seja, como ele nao é mais o banco de dados, possuidor tnico das informagées, outros "bancos" deverao ser acessados, e ser facilitador é exatamente auxiliar seus alunos a acessar essas Novas fontes. Durante o planejamento, ser facilitador é indagar seus alunos sobre o que fazer?, por que fazer?, como fazer?, onde Dbuscar?, quando ir?, pois como ja dissemos anteriormente, 0 ato de planejar nao é (ainda) objeto de dominio dos alunos, ¢ como 0 projeto da margens 4 escolha de contetidos diferenciados entre as equipes, ndo € possivel que o professor padronize uma fala Unica para todos, necessitando de uma mediagao diferenciada para cada equipe. Apés o planejamento, no processo de elaboragdo, pesquisa, criagao, ete., o facilitador é aquele que auxilia 0 acesso dos alunos as fontes de conhecimento, como, Por exemplo, questionando sobre o que eles precisam, e assim, juntos, busquem as informagdes em Processos de pesquisa: em enciclopédia de papel ou eletrénica, em softwares educacionais, em entrevistas de campo, no convite a membros da comunidade para explanarem sobre a tematica em questao, nas visitas, etc. O professor com essa postura nao teve que ministrar uma aula sobre os contetidos dos Pprojetos, das diferentes equipes, mas mediou as aquisigdes de forma personalizada tanto para as equipes como para os elementos integrantes destas. Diferentes Atores e Diferentes Papéis £ fundamental que esse professor tenha em mente que nao é s6 no projeto que ele sera o facilitador, mas que esta deve ser uma postura inerente a todas as demais atividades no convivio escolar. Para trabalhar com a concepgao da pluralidade das inteligén- cias, esse professor deve estar constantemente atento a todos os alunos, aproveitando toda e qualquer oportunidade de mediar as diferentes ¢ possiveis conexGes entre as multiplas competéncias do espectro. Sabemos que esta ndo é uma proposta facil de praticar no inicio, mas sabemos também que nao é impossfvel comegar, A pratica, 0 estudo, a atengao voltada para este foco e principalmente 0 acreditar formarao 0 conjunto necessdrio para o sucesso na préxis ea futura satisfagéo em notar um aprendiz mais completo em sua formagao. a incl a

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