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Dados Internacionais de Catalogagao na Publicagéo (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bibliogratia ISBN 978-85-249.0607-8 io 2, Pedagogia 3. Pedagogia como profissio 98-4189 cpp-370, indices para catélogo sistematico: 1, Pedagogia 370 José Carlos Libaneo VlOosMy 21.0419 PEDAGOGIA E PEDAGOGOS, PARA QUE? 11" Edigio CEFET -MG ipjoteca C1 - BH $sigo30356 —_Classieacdo 371.302814 —Lea4p o PEDAGOGL EPEDAGOGOS, PARA CUE SILVA, Carmem S. B. da, A reforma universitéria e 0 curso de Peda- gogia: determinagies € Didética. Sao Paulo, 24: 1-105, 1988. SUCHODOLSKI, Bogdan. La educacién humana del hombre, Bat- ccelona, Laia, 1977. VISALBERGHI, Aldo. Fedagogia e scienze dell'educazione. Milano, ‘A. Mondadori Editore, 1983, WILLMANN, Otto. 4 ciéncia da educacao. Por 1982. Alegre, Globo, (0s stauicanos oa eoucap, ry CAPITULO OS SIGNIFICADOS DA EDUCAGAO, MODALIDADES DE PRATICA EDUCATIVA E A ORGANIZAGAO DO SISTEMA EDUCACIONAL ges clissicas e & critica dessas definigées com base na concepeio hist6rico-social. Formula uma definigo de educagio nessa pers- pectiva para, em seguida, abordar as modalidades de educagiio (informal, niio-formal, formal), fazendo conjecturas sobre as for- mas de incluso dessas modalidades num sistema articulado € integrado. Finaliza com 0 entendimento de que a pratica educati- va € objeto peculiar de estudo da ciéncia pedagdgica, que dé idade aos aportes das demais ciéncias da educagao. re 0s profissionais que se ocupam, direta ou indireta- ‘mente, de atividades no campo educacional, tem havido entendi- ‘mentos bastante diversos e, frequientemente, parcializados do ter- mo educagao. Em boa parte devido & complexidade ¢ multidi- mensionalidade do fenémeno educativo, a investigagio de sua s fungdes pode ser feita \rico e o pedagégico. 1” PECAGOSIAE PEDAGOGOS, Pana QUE colas, supervisores, psicélogos — se dizem educadores, mas, rem sempre os sentidos que do ao termo educaedo aplicam-se fas mesmas realidades, Por exemplo, educadores ocupados planejar, organizar, supervisionar um sistema estadual de er no tero menor interesse em temas como aprendizagem da tra; um professor em aprofundar Para uns, it outros, a educacdo como processo de escol que se dedicam a formagao de professores de nivel superior ou de nivel médio, é comum tomarem apenas 0 aspecto da totali- dade do fendmeno educativo decorrente da érea de estudo em que silo especialistas — sociologia, psicologia, economia, filo- sofia, ling! a etc. Ao professor de Sociologia da Educagao, por exemplo, assuntos como didética das matérias, processos internos de aquisi¢ao de conhecimentos, certamente so toma- dos como secundédrios. Um psicélogo da educago, quando in- vestiga ou atua no campo educacional, aplica os conceitos € métodos da Psicologia, ¢ 05 resultados que obtém so de ordem, psicol6gica. Além disso, h4 que se considerar idéias, significa- dos, representagtes e priticas do senso comum, em que 0s sig- nificados de educagdo sao mesclados de elementos ideolégi- , religiosos, dominantes no ambiente im, que ocorram entendimentos iés das varias éreas de conheci das diversas institui- is ou das experiéncias vivenciadas na pratica. Nao é de estranhar que sociélogos, psi- edlogos, administradores escolares, professores costumem abor- dar questdes da educagao apenas sob o prisma de sua formactio académica ou de suas experiéncias em ‘i (Os problemas surgem quando pretencem generalizar ses de estudos ou opinides para todas as instancias da prética educativa. (06 StaFICAG08 0A EDUCA, n As conseqiién: lizadas, reducionistas ou de senso comum, bem como as par not6rias dificuldades de preciso na definigfo de certos tema de ensino, E sabido que a propria Pedagogia nfo dispde de uma estruturagio clara ¢ formal de conceitos, mas isso no in- valida a busca de integragio entre as varias especializagdes, para i 16m disso, precisamente gue 0 enfoque educativo da realidade de ‘outros enfoques, Essa tarefa pertence & Pedagogia, na condigio de cigncia da e para a educagao: das demais ciéncias da educagao, dando u dos enfoques analiticos do fendmeno educi cconhece-se que os processos educativos ocorrentes na socieda- de siio complexos e multifacetados, no podendo ser investiga- dos a0 Ambito escolar. Ao mesmo tempo, € em razio da mu cidade das dimensdes do educative que se torma necessério enfoque pro} cativa, mediante uma reflexao probler enfoques parciais providos pelas dem: vve7 seja esse 0 niicleo do debate sobre a prob da educagao e da ‘oconhecimento avangar. O objetivo deste artigo & contribuir para o centendimento mais amplo dos significados extensdes do termo ‘educagdo. A par disso, 0 texto poderé servir de subsidio aos alunos que se iniciam no estudo dos fundamentos da educagao. 0 conceito de educagao ‘No linguajar corrente encontramos diversas expresses para designar 0 acontecer educativo: processo educativo, prética edu- n PEDAGOSA E PEDAGCEOS, PARA QUE cativa, atividade educacional, Falamos de educagao nacional, 1, educagdo rural, educago sexual, educa- educagiio escolar etc. Serd posstvel chegar- mos a um conceito que expresse caracteristicas basicas, distin- tivas, do fenémeno educativo? Mesmo considerando 0 aconte- estigacio do educativo para distinguir modalidades, setores, ipo de educagao? Talver,seja dtl partirmos do sentido e gem latina de doi ferido tanto as plan (irar para fora de, conduzir para, modificar w faz uma interessante observagio sobre o significado destes dois termos: Alimentar e educar. Nao serdo estas as duas tendéncias secula- res e freqilentemente em conflito de uma educagio ora preo- ccupada antes de tudo em alimentar a crianga de conhecimen- tos, ora em educé-la para tirar dela todas as possibilidades? (1976: 11), Planchard (1975: 26) assinala que educar, em seu sentido estado para outro, € agir de ma- no, tendo em aco, tratamento, maos educandos visando adaptar seu com- ise exigéncias de um determinado meio Essa nogiio parece estar presente Quando as pessoas dizem: “os pais educam no tem educagio”, “a escola educa para a vi a mola do progress cagiio: uma série de agGes visando & adaptagao do comporta- mento dos individuos € grupos a determinadas exigéncias do (0 sigAcAnos om EDUCA, cy contexto social, Esse contexto pode ser a familia, a escola, a Igreja, a Fabrica e outros segmentos sociais. A acio educadora a transmissio as criangas, aos jovens e adultos, de dos pelos adultos, de modo que se formem & imagem e seme- Thanga da sociedade em que vivemn ¢ crescem, Nesse entendimento corrente, numa visio estrutural- hi, sem dhivida, um posicionamento que pode ser cago seria sempre a mesma para uma so« mesma, Para apreendermos uma nogao mais ampliada da edu- rente que vimos mencionando, A educagao tem, de fato, uma fungio adaptadora. Ha vinculos reais entre o ser humano que se educa e o meio natural ¢ social, hé um certo grau de adaptacio as exigéncias desse meio. A educaco é, tambéi transmitir as geragdes mais novas os conhecimentos, experién- cias, modos de ago que a humanidade foi acumulando em de- corréncia das relagdes incessantes entre © homem e o meio na- tural e social. Trata-se, assim, de reconhecer no conceito de edu- acontecer educativo corresponde & agao e ao resultado de um processo de formago dos sujeitos ao longo das idades para se narem adultos, pelo que adquirem capacidades ¢ qualidades amento de exigencias postas por deter- do as teorias da educagio, nas quais filésofos ¢ educadores ” PEDAGOGA €PEDAGOGOS, PARA QUE explicitam a natureza, os fins, as modalidades ¢ métodos da educagao. Algumas definicdes clissicas de educacao As definigdes de educagao sio tio variadas quantas sto as correntes e autores que se dedicaram ao seu estudo. Menciona- remos algumas delas com o intuito apenas de exem posicionamentos sobre a natureza da ago de educar ¢ a final dade ou ideal que postulam, Ver-se-4 que hé quase uma unani- midade entre os autores de considerar a educagao como um pro- cesso de desenvolvimento: 0 ser humano se desenvolve e se trans- forma continuamente, ¢ a educagao pode atuar na configuragio da personalidade a partir de determinadas condigdes internas sigdes internas ou da ago recfproca entre ambos; 2) qua busca. Vejamos algumas dessas definigdes, sem pret tar as concepgdes pedagégicas. As concepgdes naturalistas, também atribuern primazia aos fatores biolégicos A influéncia externa ais, agiria apenas como reguladora do ritmo e da manifestacao de proces- s inatos. A educagio € o ensino devem adaptar-se & frases de Pestalozzi expressam bem esta idéia: A idéia da educagio elementar nada mais € que 0 propésito de ‘conformar-se com a natureza para desenvolver e cultivar as dis- posigdes e as faculdades da raga humana (..). A educagiio ver= dadeira, a educagio segundo a natureza, conduz por sua essén- cia a aspirar & perfeigio, a tender a realizacdo das faculdades hbumanas (..). Cada uma dessas faculdades se desenvolve se- 10 SKMFICADOS OX EDUCAGAO, 6 gundo leis ctemas imutiveis; ¢ seu desdobramento nao & con- forme natureza sendo na medida em que concorda com as leis temas de nossa propria natureza (in Chateau, 1978: 217). As concepgdes pragmiticas concebem a educagaio como um proceso imanente ao desenvolvi que o individuo desenvolve suas fungdes cognitivas. ‘a concep¢ao recusa toda orientagdio externa ao proceso edu- cativo, ja que a finalidade da educagao se confunde com o pro- cesso de desenvolvimento. Dewey (1979: 45) diz. que “a crianga 6 ponto de partida, o centro € 0 fitn; seu desenvolvimento e seu crescimento, 0 ideal”. Duas det ‘A educagio € a organizagdo dos recursos bi . de todas as ca \daptavel ao meio 1951: 40). A educagao nao é a preparagiio para a vida, é a propria vida (.).A educagdo é uma constante reconstrugdo ou reorganiza- io da nossa experiéncia, que opera uma transformagdo dire- ta da qualidade da experincia, isto &, esclarece e aumenta 0 Ja experigncia e, ao mesmo tempo, nossa aptidio para 10S © curso das experiéncias subseqiientes (Dewey, 83). jzicos do indi- ‘idades de comportamento que 0 fa- ico e social (W. James, in Luzuriaga, As concepgtes espiritualistas também concebem a educa- «20 como um processo interior mediante o qual cada pessoa vai se aperfeigoando, mas é necesséria a adesio a verdades ensinadas de fora, que dizem como o homem deve ser. Para a Pedagoyia tentes potencialmente tais para atingir o ideal de perfeicdo, cujo modelo € Cristo. % PEDAGOGA E PEDRGOGOS, PARA UE [Edlucagdoé um processo de crescimento e desenvolvimento pelo {qual o individuo assimila um corpo de conhecimentos, demar- Para as concepedes culturalistas, a ed dade cultural dirigida & formagdo dos in transmissio de bens culturais que se transformam em forces espirituais internas no educando. O processo educativo realiza ‘oencontro de duas realidades: a liberdade individu € a vida interior, e as condiges externas da vida real, pode criar mais cultura. A educagio € a mam a vida anf influéncia intenci pretende dar aos iuos que se desenvolve determinada Forma de vida, determinada ordem as forgas espitituais (W. Dilthey, in Luzuriaga, 1957: 32). A educago 6 0 modo de ser subjetivo da cultura, a forma inter- wal da alma, que pode acolher em si com suas pré- ividade planejada pela qual os adultos for- ‘As concepedes ambientalistas so as que jogam no am- biente externo toda a forga de atuacdo sobre o individuo para configurar sua conduta as exigéncias da sociedade, Segundo Durkheim, é a sociedade que propicia valores ias, regras, as quais 0 espirito do educando deve submeter-se. Diz mesmo que a educagiio é uma imposig&o ao educando de manciras de ver, 0 stawricaD03 oa epucAGHO, n de sentir e de agir em consonéncia com os valores sociais. conhecida a definigdo desse autor: ‘A educaglo é a acto exercida pelas geragées adultas sobre as _gerag6es que néo se encontrem ainda preparadas para a vida |; tem por objeto suscitar € desenvolver, na erianca, certo rimezo de estados fisicos, intelectuais € morais, reclamados pela sociedaue politica, no seu conjunto, e pelo meio especial a {que a crianga particularmente se destine (Durkheim, 1967: 41). Outra corrente ambientalista éa que vem do behaviorismo,, pelo qual o homem é um ser moldével, e por isso suas caracte- risticas se desenvolvem mediante a ago do amt ‘A educagao seria a organizagao de situacdes las quais se controla comportam: iocfnio, seus desejos € As concepgGes interacionistas, por sua vez, evitam a pola- rizagao entre agéo educativa externa ¢ a atividade interna dos sujeitos. A explicagdo interacionista para 0 processo educativo diferenciam quanto 4 énfase que do a do meio ou do papel mais efetivo do iprendizagem & um processo interativo em que 0s 8 iroem seus conhecimentos através da sua interago com numa inter-relago constante entre fatores internos e externos. A concepgaio interacionista de desenvolvimento apéia-se, por tanto, na idéia de interacao entre organismo e meio ¢ vé a aqui sigio de conhecimento como um processo construido pel dividuo durante toda a sua vida, nfo estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente gragas as presses do meio a. p. 36). n PEDAGOGI PEDAGOEOS, PARA QUE Se percorrermos outras teorias, encontraremos diversas es de educacio. A amostra que demos sugere os vérios tos da acdo educativa e de suas finalidades. Algu- ‘outras atribuem ao ambiente externo a determinagzio do desen- volvimento. Algumas, ainda, buscam resolver 0 possivel anta- ‘gonismo entre o desenvolvimento — fator interno e espontineo —e a adaptagiio — fator externo e imposto —, como o fazem as, Como esereve Suchodolski (1984: 3), 0 pensamento pedagdgico de nossa época se debate com : “unir educagio e vida de modo que nao seja neces- I que a vida real nfo seja ‘compromisso entre um caminho € out ligagdo entre educagao e vida ao prinespio de uma educagio subordinada a um ideal ou, ainda, desfazendo a polarizagio en- tre a idéia de homem tal como deve ser e a idéia de homem tat ‘Seja como for, as definigdes que apresentamos se move em toro de uma visio individualista e liberal de educagdo, ora passando ao largo dos vinculos entre o processo educativo e as condigoes histéricas e sociais em que se assenta a organizagio sociedade, ora tomando a sociedade e as relagdes sociais co! Igo consolidado e estético. ‘Numa visdo critica, a superagdo da antinomia entre vida e ideal nao pode se dar no ambito apenas da individualidade, pois tanto a esfera do individual quanto a esfera do ambiente acham- se vinculadas a condigdes concretas de vida material ¢ social. O processo e conseqtiéncia, € um fendmeno social, enraizado mas contradighes, nas lutas sociais, de modo que & nos embates da préxis social que vai se configurando o ideal de formacao humana. Isso significa que a tarefa da reflexfo peda- gégica é a de superar a antinomia entre fins individuais e fins sociais da educagao, Esta é a idéia-chave de outra das concep- incipio da (08 siaMicaDOS DA EoUcAGAO. ” ‘ges cléssicas de educago, a concepgio hist6rico-social, de- senvolvida dentro da tradigo socialista-marxista, A crtica politica e pedagdgica do con to de educagao A concepeao histérico-social, ao conceber @ educagio como produto do desenvolvimento social ¢ determinada pela forma de relagdes sociais de uma dada sociedade, pée-se como critica radical & educago individualista. O vinculo da pritica da ideologia que responde a esses interesses. Com efeito, a educagio, para além de sua configuragio como processo de desenvolvimento individual ou de mera rela- «do interpessoal, insere-se no conjunto das relagdes sociais, eco- ndmicas, politicas, que caracterizam uma sociedade. Se atentarmos para o fato de que, na sociedade presente, as rela ‘g0es sociais so marcadas por antagonismos entre teresses sociais em jogo. Com base nesse entendimento, a prié- tica educativa sempre a expresso de uma determinada forma de organizagao das relagdes sociais na sociedade. Se, a par dis- 80, virmos cada forma de organizagio social como resultado das ages humanas, portanto passfvel de ser modificada, tam- ‘bém a educago é um acontecimento sempre em transformagao. Ou seja, 08 objetivos e contetidos da educacdo no sto sempre idénticos ¢ imutaveis, antes variam a0 longo da hist6ria e sio eminados conforme o desdobramento concreto das relagdes sociais, das formas econdmicas da produc, das Iutas s Essa dependéncia da educago em relagio as formas s0- ciais, econémicas, politicas de uma sociedade levam a colocar EOAGOCAA PEDAGOGOS, PARA QUE em questo uma pritica educativa meramente-adaptadora ao modelo de sociedade vigente e cuja ago se restringe aos mar- cos estreitos da familia, da escola, da Igreja. Ha processos edu- ceativos mais amplos que se sobrepdem as instituig6es, aos indi- viduos € aos grupos que, tal como outra cial, politica, cultural, encontram-se vinculados a0 modo de pro- dugo da vida material. Marx & Engels escrevem a esse respei- to 0 seguinte: da classe dominante so, em cada época, as idéias tes; isto é, a classe que & a forga material dominante da sociedade &, 20 mesmo tempo, sua forga espiritual domi- nante. A classe que tem & sua disposicZo os meios de produgio disp6e, ao mesmo ten com que a ela igias daqueles aos quais faltam os meios Entender, pois, a educagio como as e exigéncias da sociedade e° heer a constuigd histrco social do conceit de educagio ‘A educacio nunca pode ser a mesma em todas as épocas e luga- sociais, os valores, os mod: coe politico. Como se manifestam estes modelos? Em certo sentido, pode-se dizer que a pritica social se ma- nifesta, preponderantemente, na p (1979: 13), “a politica constitu’ uma certa forma de totalizagiio do conjunto das expe numa determinada socie- dade”. Tais experiéncias ocorrem no Ambito das instituigdes sociais, politicas, econdmicas, culturais, geridas pelo Estado enquanto estrutura juridico-politica, Entre estas instituigdes, destacam-se aquelas encarregadas da instincia ideoldgica, isto 6, da produgdo, reprodugdo e difusto de pr que asseguram os interesses do sistema pol de social. (08 SEMFICADDS DA EOUCAGAO. st E no nivel das relagdes entre classes e grupos socins (antago (Severino, 1986: 50), Esse mesmo autor afirma, em seguida, que todo discurso reprodutor das relag6es soeiis que estrutram determinada so- ciedade. Mas esclarece que a educagio niio tem sentido univoco enquanto pura instincia de reprodugao, pois os processos que desencadeia geram e desenvolyem também forgas contra as, que comprometem 0 fatalismo da reproduco quer ideol6gi- cea, quer social, atuando na diregao da transformagao da re de social. Pode operar, pois, uma mediago na ruptura das pré- ticas reprodutivas pela intervengdo da praxis humana, que pode , recriar, transformar a realidade social. Pode prover aos {duos a apropriagao de saberes pelos quais podem com- s relagdes reais de poder, atuando na formagio politi- ses dominadas, tanto ao nfvel da gestacdo de suacons- ciéncia de classe quanto ao nfvel de sua instrumentagao para a itica mais adequada (id. ib). 0 ponto de vista eritico-social sobre a educapao Podemos buscar uma sintese da concepedo hist6rico-so- -o-social. Em sentido amplo, a educaco compreen- de 0 conjunto dos ocorrem no meio social, sejam eles pelo que se constitui como uma das nfluéncias do meio social que compée 0 proceso de socializa- io. Em sentido estrito, a educagio diz respeito a formas inten- cionais de promogio do desenvolvimento individual e de inser- a PEDAGOGH E PEDAGOGOS, PARA CUE cnvolvendo especialmente a educa- Esse carter de intencionalidade sera isténcia humana, individual ou grupal, em suas relagées miituas, num determinado contexto histérico-social. Quando falamos em configuragdo da existéncia humana, queremos di- zer que a educagao visa a0 desenvolvimento e & formacao dos individuos em suas relages meas, por meio de wm conjunto ‘mana para torné-la mais rs das tarefas da praxis social postas num dado sistema de rela- ges sociais. O modo de propiciar esse desenvolvimento se ‘manifesta nos processos de transmissao e apropriagdo ativa de conhecimentos, valores, habilidades, téenicas, em ambientes se nessa definigao 0 carter de mediagdo da edu- cago na atividade humana prética, operando a ligagao teoria- prética. Ou seja, mediante conhecimentos, habilidades, valores, modos de ago, os sujeitos intemalizam aquelas qualidades € capacidades humanas necessérias 4 sua atividade p: transformadora perante a realidade natural e social. Pode-se di- (0 SiawFIcaD0s DA EDUCAGAO, ® zer que a prética edueativa intencional concentra a experiéneia ‘generalizada da humanidade no que se refere a saberes, experi- ncias, modos de ago, acumuladas no decurso da atividade s6- cio-hist6rica de muitas geragdes, para propiciar as novas gera- es a apropriagao ativa desses saberes e modos de aio como patamar para mais produgdo de saberes. Nesse movimento de Constituem-se, assim, os contetidos da educagiio (conhe- idades e procedimentos, valores) conforme con- idos de espago, tempo, cultura e relagées sociais. Outros sentidos da educacao: instituicdo, processo, produto 0 termo edueagdo &, também, empregado em trés outros sentidos, conforme sugestio de Mialaret (1976: 12): educagio- 0, educagao-processo e educaco-produto. dades educativas presentes na sociedade contemporfinea no per- mite restringir o sistema educacional ao sistema de ensi reduzi-lo &s suas formas estritamente jonais ou oficiais Como veremos adiante, hé instincias de educagio no-formal tencionalidade, nZo so necessariamente ry PEDAGOGI FEDASOGOS, PARA QUE ‘A educagio-processo corresponde & ago educa condigdes e modos pelos quais os sujeitos incorporam o-se que toda educagao implica uma rela- cias entre seres humanos, a educacio-processo ide formativa nas varias i alcangar propésitos explicitos, intencionais, visando promover aprendizagens mediante a atividade propria dos sujeitos. Impli- «a, portanto, ncia de ambientes organizados, objetivos € idos em fungdo de necessidades dos sujeitos € icos, métodos ¢ procedimentos de interven- espontineos, Mialaret d4 o-processo: 0 fato da educagio & grupo de sujeitos, aca ou grupo de sujeitos, funda, tal como novas forgas vivas nascem nos sujeitos e estes se tomam, eles mesmos, elementos ativos desta agdo exercida sobre eles. 0 processo educativo opera, pois, ao menos com trés el mentos: um agente, que est na origem da ago educal modo de atuagdo (contetidolmétodo) € um destinaté duo, grupo, geragdo). Outro autor, Nassif ( idual e grupal, conforme fins . a educagiio tem o sentido de caracteri- a configuragao de (08 SioNFCABOS OA EDUEAGIO, 6 redigir uma linha”, \do. Evidentemente, cago, seja escolar ou extra-escolar, que reflet ddesejamos formar profissionalmente capacitados etc., ito que se comporta € se conduz de acordo com estas expectativas. Importa muito, para os eduea- dores, a clareza de objetivos ¢ os efeitos do proceso educativo. Ea partir da avaliagao da educagio-produto que se pode formu- lar ou reformular a educago-instituigao, tendo em vista apri- morar a educagdo-processo. siderando-se que a educagio é uma agio, & a educa- ss80 que caracteriza mais propriamente o fato educati- as bases para a educacdo-sistema ¢ para a edu- E aqui cabe verificar obj de educagdo conforme as idades, os vaio ciais a atender, delineando a natureza ¢ 0s vinculos entre a edu- cago informal, néo-formal ¢ formal que se definem segundo 0 critério da intencionalidade ou ndo-intencionalidade dos pro- cessos educativos. As dimensdes da oducapao A referéneia aos processos e aos produtos ou efeitos da educagao remete-nos.as dimensdes ou dmbitos da educacio, uma ‘vez que elas antecedem a formulacdo dos objetivos e contet- dos. O tema é recorrente na teoria e na filosofia da educagiio, ¢ quase undnime entre os autores a crenga de que a formacio de dimensdes visando ao ser hu- | como preferem outros). As dimens6es da educagao correspondem a fungdes da ati- vidade humana consideradas prioritétias no proceso educati- « PEDAGOGE € PEDAGOGOS. PARA UE ido especi as dimensées inte- lectual (ou cognitiva), social, afetiva, , estética, ética. E evidente que tais dimensdes formam uma unidade no compor- tamento humano, pois as respostas dos sujeitos so sempre to- € 0 ser humano inteiro que se educa. Além dessas dimen- ‘outras vao surgindo conforme necessidades e expectativas ligfes, das mudancas que vao ocorrendo na sociedade em contextos globais e locais. E 0 caso, por exemplo, da educa- ‘cdo ambiental que ganha cada vez. mais destaque nas instancias de formagdo. Outros temas vém se destacando como a educa- gio sexual, educago para a convivéncia social, educagio para solidariedade, educagao holistica ete, ‘As modalidades de educacdo: informal, néo-formal, formal Nosso prop6si lerar a educacdo em. duas modalidades: mal, também cha- mada de educagao informal ou, ainda, educagao paralela; a edu- cago intencional, que se desdobra em educago nio-formal & formal. Veremos em que se distinguem e como se articulam. Educagéo nao‘intencional e educagéo intencional J4 hd um bom tempo que os educadores progressistas des- cartam a idéia de conceber a educacdo como fendmeno isolado da sociedade e da politica, e de que a escola convencional seja a \inica forma de manifestacao do proceso educativo. Desde Marx Engels, aeducagao somente pode ser compreendida como pro- duto do desenvolvimento social, determinada pelas relagdes so- cinis vigentes em cada sociedade e, portanto, dependente dos interesses e priticas de classe, de tal modo que a transformacio da educagio é um processo ligado a transformagio das relagdes sociais. ‘Uma tal concepgao do proceso educativo leva & amplia- ‘¢do do significado da educagio na sociedade. E aqui se destaca como necesséria a distingo entre educacio ni (0s sraNFcAnos oA EoucAGAO. ” educagao intencional, Num sentido mais amplo, a educago iéncias do meio natural e social que 10 do homem na sua relagao ativa com rs naturais como o clima, a paisagem, os quanto mais a so- costumes, as idéias, a re- © sistema de governo, os de comunicagao soci pritica educativa. A despeito desse grande poder dessas influ- éncias, boa parte delas ocorrem de modo néo-intencional, nio- sistemético, ndo-planejado. Elas atuam efetivamente na forma- glo da personalidade, porém, de modo disperso, difuso, com cardter informal, nao se constituindo em atos conscientemente intencionais. Isso no significa, absolutamente, que sejam ne- gados seus efeitos educativos, mesmo porque é muito em virtu- de desses fatores e influéncias ndo-intencionais que se dé 0 pro- cesso de socializagio, Além do mais, eles esto presentes em qualquer lugar onde ocorram atos educativos intencior confundir a educagaio ni: ide do proceso educativo, teméticas. Nao apreender esta diferenca {que tende a ver a educagao, exclusiva e social Surge, pois, no desenvolvimento educacio iniencional como consequéncia da compl da vida social e cultural, da modernizagdo das inst progresso técnico cientifico, da necessidade de cada vez maior niimero de pessoas participarem das decisdes que envolvem a coletividade. A sociedade moderna tem uma necessidade inelu- tiivel de processos educacionais intencionais, implicando obje- tivos sociopoliticos explicitos, contetidos, métodos, lugares € o Penacoss PeAGoGOS Pana cue condigdes especificas de educagao, precisamente para Titar aos indi vida social global. Acertadamente escreve Ribeiro: ‘A capacidade de aproveitar experiéncias nfo preparadas varia ‘uma vez. que ha um minimo de integragao do i po, aquém do qual nem poderd apren ue niio tero sequer sentido para ele (19 Educagéo néo-formal e formal io, distinguir duas modalidades no-formal ¢ a formal. E aqui nos cencontramos diante de questdes que merecem uma reflexaio mais, detida, Que 6 a educagdo formal e a educacao nao-formal? Edu- cacao ndo-formal é a mesma c intencional? A educagio f lar? A educagao de adultos, a educacao sindical, politica etc., por se darem fora do ambito da educagio escolar convenci- onal, nio teriam, também, caréter formal? O que nao é educa- ‘Go escolar, tera sempre carter “informal”? A recusa que se faz do caréter intencional formal da educago — pot ver os sem- pre um caréter ideolégico e classista — nao levaria a que as formas ndo-convencionais ou alternativas de educagao postu- assem um romantico retorno a “comunidade pura”, onde a edu- cago seria outra vez difusa, espontinea, informal”? Sendo 0 termo formal o elemento distintivo das duas de- nominagGes, vejamos 0 que ele si a uma forma, Ia estruturada, organizada, plan a edlucagio escolar convencional & tipi dizer que nfo ocorra educagiio formal em outros tipos de educagao intencional (va- ‘mos chamd-las de no-convencionais). Entende-se, onde haja ensino (escolar ou nfo) ha educagiio formal. (0s stauetcanos Da EDUcApAO. © caso, sio atividades educativas formais também a educagao de |, a educagao profissional, desde que ributos que caracterizam la que realizadas fora do ‘marco do escolar propriamente di ‘A educagao ndo-formal, por sua ve2, sao agi estruturaggo e sistematizacio, implicando certamente relagbes pedagégicas, mas nao formalizadas. Tal € 0 caso dos movimen- is organizados na cidade € no campo, os trabalhos co- s,atividades de animagao cultural, 03 meios de comu- nicagio social, os equipamentos urbanos culturais € de lazer (museus, cinemas, pragas, areas de recreagao) etc. Na escola sio praticas ndo-formais as atividades extra-escolares que pro- véem conhecimentos complementares, em conexao com a edu- cago form: visitas etc). O exemplo da escola mostra ‘que, freqtientemente, havera um intercmbio entre o formal ¢ 0 ndo-formal. Uma associagio de bairro, instincia de educagio nio-formal, poder reunir as mies, durante trés dias, para um curso sobre a importancia do aleitamento materno, onde se te- ‘Ho objetivos explicitos, contetidos, métodos de ensino, proce- s que So caracteristicas da educagao formal. lera-se, pois, equivocado o entendimento de que for- ima, que 0 ie ec educaggio informal ‘A escola nfo pode eximir-se de seus vinculos com a edi informal e ndo-formal; por outro lado, uma postura con: criativa e critica ante os mecanismos da educagdo infor nijo-formal depende, cada vez. mais, dos suportes da escol rizagio. Nao levando em conta esta interpenetragio, expressan- do o movimento de entrecruzamento entre as diversas modali- dades de educagfo, cai-se em posigdes sectirias que 86 contti- » PEDAGOGIM EFEDASOGOS, PARA GUE buem para a divisio da agio dos educadores. Nem negagio da escola, nem isolamento da escola em relagéo & vida social. Ve- jamos a questo mais de perto, Educacdo informal x Educacéo formal? Convém, pois, encetar um esforgo para dissolver os reducionismos. Ver a educagao como pratica social dissolvida znos moyimentos soci 10 da educagao que cempobrece a Pedagogia; ver a educagtio apenas no fmbito esco- lar 6 pedagogismo que empobrece uma visio da prética educativa escolar. Vejamos como se di centre as modalidades de educacdo, para tomar mais Nass proceso acrescentando ainda s iza-se do termo “func cativas decorrentes da impregnago do meio ambiente perante laptar-se. Entendemos, todavia, que o termo * adequado para indicar a modali- dade de educagao que resulta do “cli i vivem, envolvendo tudo 0 que do ambiente ¢ das relagdes socioculturais e politicas impregnam a vids le grupal. Tais fatores ou elementos informais da vida social afetam e in- fluenciam a educagdo das pessoas de modo necessétio e inevi- tavel, porém nao atuam deliberadamente, metodicamente, pois nfo ha objetivos preestabelecidos conscientemente, Daf seu ca- réter nfio-intencional, Essas relagdes educativas si contrafdas independentemente da consciéneia das finalidades que se pre- estas circunstancias que configuram a globalidade da vida so- cial podem ser modificadas, transformadas, tendo em vista uma nova sociedade; assim, passar-se-ia de uma sociedade educado- ra para outra sociedade educadora. Todavia, cumpre constatar que tais transformagées requerem uma ago educadora intencio- (0s stawicabos na ecucAgAD. nada, Os processos educativos informais s6 se movem a partir de ages organizadas, conscientes, intencionais, ou seja, quan- do se pode prefigurar, antecipar resultados que se quer obter. (O cantter nfi-intenci ceagio informal nfo di importéncia dos influxos do meio hhumano ¢ do meio ambiente na conformagéo de habitos, capa- cidades e faculdades de pensar e agit do homem. A énfase que muitos educadores tém dado a essa modalidade de educagéo tem contribufdo especialmente para a compreensio da totalida- de dos processos educativos, para além da dualidade docente- discente. Com efeito, a educagao informal perpassa as modali- dades de educagio formal e niio-formal. O contexto da vida so- tica, econémica e cultural, os espagos de convivéncia na famflia, nas escolas, nas fabricas, na rua e na varieda- igdes sociais, formam um ambiente s, embora ndo se constituam me~ is, nfo se realizem em icionalizadas, nem sejam dirigidas por sujeitos determindveis. Refletem-se, por exemplo, em co- mhecimentos, experiéneias, modos de pensar; na determinagao de oportunidades de trabalho ov nas opges sobre modalidades de qualificagio profissional, na conformacdo a modelos de nor- malidade social, regras de convivéncia; prinefpios norteadores na adogo de tudo repercutindo no imento da personalidade. Os estudos sobre educaclo ce prética social, educagao e trabalho, curriculo e sociedade, edu- go social, curriculo explfcito e curriculo oculto iio mostras do impacto dos elementos informais da educagio wividuais. ar prética educativa apenas com suas manifestagoe jzadas e formalizadas, tam- bbém niio cabe minimizar a escola. Quando falamos em forma ‘¢do — construgio do homem, desenvolvimento da consciéneia critica, desenvolvimento de qualidades twais—,referimo- nos a alos intencionados, objetivos explicitos, certo grau de di- regiio e estruturagao, o que niio ocorre em contextos nao-inten- cionais. Exatamente por causa da importéncia dos processos 2 EDAGOGIK EPEDAGOGOS, PARA CUE educativos informais é que se postula a necessidade-da educa- Go intencional. Ou seja, a tomada de consciéneia dos influxos sobre 0s educandos do contexto global da vida social requer da prética educativa uma intencionalidade, isto é, processos orien- tados explicitamente por objetivos € baseados em contetidos meios dirigidos a esses objetivos. O problema é saber como tais| processos podem ser transformados em atos conscientemente orientados ao assumir modalidades de educacio formal e nio- formal, Nesse caso, cumpre destacar, no ambito especifico da educagdo escolar, a necessidade de investi gacdo dos efeitos dos ‘elementos informais da educago nos processos cognitives e, principalmente, como tais elementos impregnam a prépria na- tureza dos contetidos e métodos de ensino. Nessa medida é que se pode encaminhar efetivamente a formagao cientifica em fun- ‘¢fo da consciéncia critica, para além da conformagao dos sujei- tos ao que Ihe impde 0 meio social. E nisto que se empenha uma Nos t6j mento dos si como as modalidades em que se manifesta sem perder de vista a necessdria visio globs Trata-se, agora, de distinguir setores, instanci estruturagdo ¢ organizagdio das esferas que con: 0s educacionais. Nosso prop6: educagdo-instituicao, educagio- i jema educativo nao pode desvit tema produtivo, sistema cultural etc. Comecemos pela nogio de sistema. B: conjunto articulado e coordenado de prin estruturas, processos, para atingir determinados objetivos. O sis- tema educacional, assim, compreende o conjunto de institui- (0s SIGMFICADOS DA EDUCATAO, ® ‘obes educativas intencionais, com certo grau de organizagio, ipios filos6ficos, Que mo sistema educacional? Se é possfvel prever uma setorizagio da ‘educagio nao-formal e formal, pode-se fazer © mesmo com a educagdo informal? Conforme vimos anteriormente, na socie- presentes processos educativos informais, esponta- tivas vio se diferenciando e se especiali ‘em instituigdes e formando sistemas e subsistemas (cas das tarefas de ensino). Ao falarmos, pois, de sistema educacio- nal, nao cabe incluir as funges educativas nao instit nalizadas, informais, nio-intencionais. Tod um sistema educacional se reduz & educagtio “fon existem instituigdes edu je cardter ndo-formal, no con- vencional, nas quai jencionalidade e certo grau de institucionalizagao e organizagao. Cumpre, assim, demarcar © entendimento de que sistema educacional compreende agdes educativas que guardam o carter de intencionalidade ¢ institucionalidade, de tipo formal e nao-formal, Com esse grau de abrangén sistema educa- cional e sistema de ensino, Portanto, uma lei que regula 0 ensi- 1no no pafs no deveria ser denominada “Lei de Diretrizes Ba- ia de regra, ela se refere ape- Nesse caso, caberia a diivida se o Estado pode re a educagiio nacional, uma vez que esta inclui- Vé-se que a refa complexa. A edueaco em ins o PeDAcoal & PeDAGOGOS PARA GUE articulam. Com efei- jema educacional a mnalidade, é forgoso reconhecer que em tudo 0 que € intencional converte-se obrigatoriamente em institucional; e 0 que é intencional nao prescinde, por sua vez, dos elementos inforr da educagio, ia, arriscamos propor numa tentativa de ex a setorizagao, ainda que que as implementam e agdes educativas que as operacionalizam. EDUCAGAO + + EDUCAGAO FORMAL INFORMAL, EDUCAGAO NAO- procestos s0- FORMAL Ensino apecfeigoa- educapio meni ambiental ‘reinamento agencias ate, atividados escolar extra t____ seneuracto ———t (0 SIQNFICADOG DA EDUCA 6 grifico mostra as possibilidades de integragao e articu- lagi entre as modalidades de educagao eas pondentes. Colocames num extremo a educacao informal, no ‘outro a educacdo formal ¢, no meio, a educagao ndo-formal. Por ser esta um tipo intermediario, tem conexdes muito proxi- ‘mas com as outras duas, porém, distinguindo-se da primeira por implicar ages educativas intencionais e detiberadas e com 10 de organizaglo, ¢ da segunda, por realizar-se sempre perpassadas pela educagio informal; rencional daquelas, cabe-lhe contemplar nas idos e métodos que conside- vindas no ambiente natural e sociocultural. Por 0 formal e niio-formal interpenetram-se con: vez que as modalidades de educagio nao-formal néio podem prescindir da educagio formal (escolar ou ni, oficiais ou ndo), as de educagao formal nfo podem separar-se da nio-formal, uma vez que 0s educandos nao so apenas “alunos”, mas patti cipantes das varias esferas da vida 10 trabalho, no sindi is, sempre, de uma interpenetragao entre 0 escolar ¢ 0 Estas consideragées ndo esgotam a questo da setorizagao.. Uma andlise mais completa implicaria a discussao da politica educacional e da articulago do sistema educacional e seus subsistemas com o sistema econdmico, sistema prod is tema cultural e outros, questées que ja tém merecido estudos de outros autores. Educagao, objeto de estudo da Pedagogia Se, como vimos, a prética educativa é um fendmeno cons- tante e universal inerente a vida social, se € um ambito da reali- dade possivel de ser investigado, se é uma atividade humana to, pertencen- * PEDAGOGI PEDAGOGOS, PARA GUE do essa tarefa & Pedagogia que é, por isso, teoria¢ pritica da mento histérico, para dat extrait obj mas de intervengio organizativa e ‘a mutagdes na Pedagogia, cabendo-Ihe orientar a prética educa- tiva conforme exigéncias concretas postas pelo processo de con- quista da humanizagao em cada momento do processo hist6ri- co-social. Com isso, diante das mutagdes da educacio, ela vai propondo novas objetivos ¢ contetidos da educagio, Como diz Suchodolski (1976: 19), “a Pedagogia, em certo sentido, cria seu prOprio objeto analitico, porquant ‘educativa e forma seu contetido” e, por isso, pode ser sobre a atividade transformadora da atividade educativa”. ‘A Pedagogia no € 0 tinico campo do conhecimento que 4 educago como objeto de e das ciéncias da fendmeno educativo na sua globalidade. ‘a coneeitos e métodos de outras i seus préprios. Todavia, & um campo de estudos com jade e probleméticas préprias. Cube ‘educativos (Visalberghi, 1983: 265). 05 SiFICADOS 04 EDUCAGhO. ” ‘Mas convém insistir, ainda, que 0 educativo nao se reduz ao escolar. A educagio é um fendmeno social inerente a consti- tuigdo do homem e da sociedade, integrante, portanto, da vida social, econdmica, politica, cultural. Trata-se, pois, de um pro- blemas, referentes & educagio escol ensino. isto 6, & instrugo & a0 A educago escolar que, como yeremos adiante, é uma instdncia de educagdo formal, nao pode eximir-se da interacao utras modalidades de educagdo (informal e naio-formal). lere-se, por exemplo, a ago dos meios de comunicagao social que exerce forte concorréncia com a educagio escolar, Ao lado, portant trugdo ao ensino, para isso convergindo sua organizago inter- na, sua diferenciagio por graus, seus procedimentos espectfi- « PEDAGOGI E PEDAGDOS, PARA UE 0s, hii que se ver que educago escolar assume atributos que transmissfio e asst suas formas de atuaga instituigao escolar e cor gando 0 mundo exterior ao cotidi eficaz sua prépria contrib penho de suas tarefas especific riormente, quando mostramos como a pr cisdo conoeitoal, mais rigor nas definigdes e maior rfinamento ‘metodoldgico na investigagio, tarefa a que precisam dedicar-se «0s interessados no estudo da teoria da educagdo. Além do mais, procurou-se acentuar as relagdes necess educativas com os contextos econdmico, jedade de enfoques, que possi- bilitario investigagdes mais minuciosas do tema. Post-Seriptum Este texto foi publicado pela primeira vez em 1992 e seu objetivo nao declarado era desfazer um falso entendimento que (08 stawrican0s DA EDUCAGiO.. * vvinha se propagando em alguns lugares de que a pedagogia criti- co-social dos contetidos exagerava na defesa da escola conven- siderar 0 contexto s0- ipalmente, de dois segmen- * que preferiam enaltecer 0 € da educagao popular em al; outro, de intelectuais vin- tos: um, de educadores “popula papel dos movimentos 0% contraposigao a escola ptblica pedagdgica certa sicas e as relagoes cago, economistas da educagao, filésofos da educacio, com as devidas excegdes, analisavam a pritica escolar, falavam dela, -4 mas nfo lidavam concretamente no cotidiano cola e da sala de aula, Enquanto isso, eram os pedagogos € professores que precisavam compreender melhor a natureza do fenOmeno educativo e suas exigencias de exercfcio profissio- io do artigo era, pois, tentar dissolver os mal-entendidos, os eventuais vieses de pedagogismo, as distorgdes de leitura, €, 20 fender 0 espago da Pedagogia como campo , assim, na explicitagdo dos objetivos & contetidos da educagao, partindo de uma nogao ampliada do educativas na dina des da educagio (formal, nao-formal, informal) como um carinho para se obter maior compreensao dos ingredientes externos ¢ internos do processo educativo, Formulou um entendimento das relagdes entre a Pedagogia ¢ as demais ciéncias da educagio, tentando combater os reducionismos. E certo que vem ocorrendo hoje uma reviravolta em todos ‘0s campos investigativos que afetam a educagao seja no ambito 100 FEDAGOGI EPEDAGOEOS, PARA GUE ito da realidade, Os educadores vm as- ie. Outros assumem uma posigao de ruptura com ‘a modlernidade e suas categorias dominantes como raziio, cién- dernidade, sustenta um compromisso com uma razo emancipat6ria ¢ com outros valores modernos, mas admi- , de fato, novos contextos, novas realidades & a do projeto moderno. Mas, se se trata de incorporar itens da agenda pés-moder- inda, do projeto modemo, que referenciais e que 7 Boa parte dos educadores desconhece essa ques- ‘Go, enquanto outros encontram-se ou assustados ou vidos por sonhecer no meio certa mania de transposicdo de idéias de outras cul- turas, de assungo de modismos, de pr ‘gagiio sobre o campo conceitual da Pedagogia para uma com- preensiio mais precisa do fendmeno educativo, com a contribui- incorporando as, iar, [ss0 86 se torna- to, com o suporte da investigagdo da pr certo, também, que a Pedagogia nao pode ficar presa ao referencial conceitual “modern” e, por isso, precisa reconfigurar ou reconceitualizar seus temas diante das novas realidades do trabalho produtivo, dos avangos tecnol6gicos, na mudanga dos paradigmas do conhecimento, das mudangas no entendimento das formas de vida politica e da democracia, das recentes pes- quisas sobre inteligéncia humana ete, ‘Tais questdes nfio poderiam ter aparecido neste texto quan: do foi escrito, pois & época havia bem mais certezas do que hoje 10s ScMFicao0s Da eoUcagio. wo e fil6sofos. Entretanto, {ou como se queira chat certos processos que fizem parte do nticleo da realidade educa- como: 0 desenvolvimento humano, a formagdo cultu- rias formas de manitestacao da cultura, a socializagao metédi- ca, a aco politica ¢ transformadora da realidade, a formacio isso tem ocorrido com temas como cultura, linguagem, poder, desejo, diferenca, interdisciplinaridade, coxporeidade, ética etc. Proponho que nada disso fique de fora, mas que se renuncie & tentagao de sul 1 pela Tinguagem representational A formulagio das tr8s modalidades de prética educativa — informal, ndo-formal, formal — abordadas aqui na sua inter- relagio, ganha hoje novas configuragdes com o impacto mais, decisivo de processos informais e nao-formais formais. No texto, esté antecipada a preocupacio educagdo nos processos cognitivos e, principalment elementos impregnam a prépria natureza dos contetidos © mé- arece que o reclamo foi atendido mais cedo do que se poderia imaginar. A interse¢do da escola com as midias 0 aparato informacional & cada vez mais usual, pelo seu poder educativo, premendo os educadores a ajudarem os alunos a aprender a atribuir significado a informaco e, portanto, dando ¥es0 aos meios de pensar para lidar com a informagao midiatizada. Mas hi, também, hoje, uma busca de pedagogizaca0 dos processos informais de educacdo. E verdade que os fal DAGOGI EPEDAGOSOS, PARA CUE pedagogos da “educaco popular” no Brasil e outros lugares da América Latina se anteciparam na idéia de construir espagos para ensinar nos processos espontdneos de aprendizagem, como foi o caso bem tipico das comunidades de base da Igreja Cat6li- ca, Essa tendéncia se amplia hoje para a multiplicidade de in- fluxos da “escola paralela” 0 que tem acontecido, poi entre o informal e o formal, certamente pelo impacto na socie~ dade das novas tecnologias da informagio e da comunicagio, da urbanizagio, da mudanga no trabalho, pela acentuagtio da {dia de ensino como trabalho interativo ete. Com isso, informais de educago (conversa¢do eventual em sinagbes © experigncias cotidianas, interagdes em organizagdes comunité- rias, animagio cultural, educagao sindical etc.) podem ser reali- zadas em classes para atividades de ensino, enquanto professo- res de escolas podem trabalhar informalmente em algumas ati- a situagoes e experiénci s 6 a redugdio das diferer mento do conceito de educagdo informal, envolvendo préticas conduzidas por conversagao, em torno de oportunidades ¢ tuagdes do cotidiano, visando explorar e alargar a experi das pessoas podendo ocorrer em qualquer lugar. A dit entre as trés modalidades ndo se perde nem elas se descarac- terizam na sua definigiio; 0 que muda & o adensamento do intereruzar cada vez. mais exp! ‘Vé-se que sao intimeras as questies que se poem no pre- sente a0 campo investigativo da Pedagogia. Em vérios lugares do mundo, a Pedagogia como teoria pritica da agiio educativa ‘vem retomando o interesse de pesquisadores, de modo que a temitica proposta neste texto continua atual. Referdncias bibliograficas CHARLOT, Bernard, A mistificagdo pedagdgica. Rio de Janeiro, Zaha, 1979. (0 siaweicanos 0A eoucagio, 1 CHATEAU, Jean, Os grandes pedagogistas. Sto Paulo, Companhia Editora Nacional, 1978. um F. Introduedo 2 educagéio, Porto Alegre, nna educagio. Sao le. Educacdo e Sociologia. $10 Paulo, Melhora- ‘mentos, 1967, LIBANEO, José C. Fundamentos tedricos e praticos do trabalho io sobre Fedagogia e Diddtica. Tose MANACORDA, Mario A. Marx e « pedagogia moderna. Stio Paulo, Cortez, 1991. Coimbra Editora, 1975 RIBEIRO, José Q. As formas do processo educacions RA, L. & FORACCHT, M. A., Jo, Companhia Editora Nacion SUCHODOLSKI, Bogdan. A pedagogia ¢ as grandes correntes flo- s6ficas. Lisboa, Livros Horizonte, 1984. La edueacién humana det hombre. Barcelona, Laia, 1976.

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