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(WL feira, 15 de Marco de 2011 “rerga-feira, 15 de Marco ee eae Ny LSérie — \ARIO DA REPUBLICA ORGAO OFICIAL DA REPIJBLICA DE ANGOLA Preco deste nvimero — Kz: 160,00 Fada a comespondenca, ver oficial, ge ‘ASSINATURAS Zr progn ds eda ia pba oe Diris relaiva amincio e asinauras do «Didria de ‘nv | de Repiice "© 27 sren ede Kas 75.0008 par» As wks séies ee-aan 49500) 32 série Ke: 9500, acrescido do respective epiblicess. deve ser eigign & Imprenst “ Alsi Teast s000} imposo do sel, dependendo 2 blicuo t Nacional ~ Pom Lands Caixa Post 1300] 9 2° sere eins ws0.n) | 3" sEre de dep prvi fcr Tesmrain ~ Eeu-Teleg. leprena Asst x 1087001 | prensa Nacional ~ EP SUMARIO endo em conta a necessidade de fazer acompanhar as reformas legislativas de uma profunda reforms na Admini Presidente da Republica tragio Tribuéria, no plano organico, no plana dos Fess Deereto Presidencial "SOM: “ppv ins Gerad xcctivo par Reforma Tabu PRESIDENTE DA REPUBLICA Decreto Presidencial n." SO/M fe 15 de Marge Considerando que num iempo de globalizagio © inkesra flo econémicn e de progressiva abertura 20 cx OF, a eeraina Tributéra, tanto no dominio do sistema Fiscal © vvaneiro, como da Administragao € da Justga Tribetitiag milo pade ser adiada por mais tempo, sob pens do Replica vie Aregela no consolidar as vantagens decorremtes Cis ‘nudangas polities, econdmicas € socials CHSC; Considerande que o actual sistema tributério angolano enconta se mito desfaxado em relagio 3 realidade s6cio~ cae ios e as principios constitucionais em vigor, APESSr se cintirem algumas alteraghes legislatives posits © Sfgomas melborias no apaelo administrative, © SSM aenyari € ainda, em muitos aspects, obsoeto, ines. wp vammente complexc e por vezes baseado em (es No eto caonil no compativeis com or dames de juss aistributiva Tendo om conta a necessidade de dotar 0 P spoviemo sisteana tributéio capa de dar resposta 20s obIeE tivos de politica que Ihe so constitucionalinent® atribuidos e tos desafios do desenvolvimento sécio-econ6mice através omeadamente de polticas de fomento do desenvolvinen © ror micn, de atracgao do investimento € de promogso Jo emprego: tromanos eno plano dos procedimentos administrative ¢ dos tHatemas de informagio © 2 necessidade de reformular & setual sistema de justign tributéria, tanto no plano adminis trative, como, em especial, no plano judicial, de forma & Tesogurar uma oélere ¢ independente decisto dos confitos vee a Administragio Tributéria © os contribuintes, Hem como a efectividade do sistema de cobranga cverciva das Awidas tributérias, © Presidente da Republica decreta, nos termos das al reas bye d) do artigo 120.2 don. 3 do artigo 125° ,ambes dda Constituigio da Reps dde Angola, 0 seguite [niga 1.) — Silo uprovadas as Linhs Gerais do Exe cutive para a Reforma Tributiria, anexas ao presente ipo. do qual é parte integrante Ant.2" tagio do presente diploma Repsblica. — As duividas € omissties esultantes da interpre 10 resolvidas pelo Presidente da ‘an 3° —0 presente Decreto Presidencial entraem vigor tna data da sus publicagio. Apreciado em Consetie de Ministos, em Luands aos 23 de Fevereiro de 2011 Publique-se. Lvanda, aos 4 de Margo de 201 © Presidente da Replica, Jost Enuanoo DOs SANTOS 1384 LINHAS GERAIS DO EXECUTIVO PARA A REFORMA TRIBUTARIA 1.A Reforma Tributéria: Razdo de ser, principios, objectives, estratégia: 1.1. Rario de ser: Diversos factores aconselham a realizagio, a curto e ‘médio prazo, de uma reforma tributéria, entendida em sentido amplo, abrangendo o sistema fiscal como eonjunto de todos (8 impostos, as Administragdes que t8m a sev cargo # sua gestdo € o sistema de justiga fiscal 0s estudos existentes mostram que o actual sistema ti: butério,em particular a érea dos impostos internos, éineficaz pois no permite atingir os objectivos constitucionais ov de politica tributéria que Ihe sAo atribuides, nomedamente néo 4 resposta aos planos nacionais de desenvolvimento nem stimula a desejada diversificaclo das fontes de financia- ‘mento do Estado. Os impostos petroiferos representam nos ‘ltimos anos, em média, cerca de 80% do total da receita fis- cal e 45% do PIB. Seguem-se, por ordem de importincia, os impostos sobre o rendimento, os direitos sobre as importa: .90es & 0s impostos sobre a produ e as actividades comer- ciais, cuja receita total nfo ultrapassa os 4% da receita fiscal total e no ultrapassando os 7.5% do PIB, percentagem das, mais baixas do mundo. Existe ainda uma multiplicidade de ppequenos impostos, taxas e receitas parafiscais diversas com receitas irelevantes que frequentemente complicam o sis- tema e 0 controlo da arrecadacéo. Por outro lado, o sistema tributétio pode mesmo consi- derar-se como um obsticulo ao desenvolvimento (por exem: plo, no esté suficientemente configurado para a atracsio de investimento; a inexisténcia de convengdes de dupla wibuta- (lo reforga 0 sou carter poueo atractivo; a justiga tibuté- ria nfo garante a necesséria seguranga) O sistema fiscal, em particular, 6, igualmente, obsoleto, pois provém, no essencial, do periodo colonial. H4 uma pro- fusio de diplomas avulsos € desconexos, de épocas muito clstinta, facto que contribui para a ineficiéneia do sistema, A legislugto wibutdria tem vindo a ser actualizada para adup- ‘ago as realidades das tiltimas décadas mas de forma pontual © manifestamente insuficiente, Por outro lado, apesar dos esforgos jé efectuados no plano administrativo, o sistema tributério nao é ainda dotado de eficientes sistemas de infor- mages ¢ dos recursos humanos necessirios, com as qualifi- cages hoje exigidas na gestio de um sistema moderno, O sistema tributério ndo se adequa 8s mudangas politicas em curso (consolidagao da democracia e do processo de paz, normalizaglo da Adminisiragio Local do Estado no teritorio, incluindo a desconcentragio da Adminisiragdo fiscal e adua- DIARIO DA REPUBLICA neira), a abertura da economia angolans ao exterior (atrac- 0 do investimento, concorréncia internacional empresatia| e concorréncia entre Estados) ¢ as transformagies do tecido ‘cconémico angolano (desenvolvimento do mercado formal ‘modernizacio da estrutura empresarial, novas tecnologias de informagio ¢ de comunicagao, comércio electrénico). Por outro lado, assenta em técnicas juridicas ultrapas- sadas (um C6digo Geral Tributsrio restrito a impostos sobre © rendimento, normativos sobre procedimentos, execugdes fiscais e infracg6es tributirias inadequados, legislagio sobre 4 tributagdo dos rendimentos e do consumo desfesada das reformas tributérias modernas, etc.) e revela uma dificil insergo no tecido social e empresarial. De facto, sistoma tributirio nio atende aos objectivos e expectativas dos principais agentes s6cio-econémicos (pro- ‘mogio de emprego, competitividade, incentive ao empreen- dedorismo, interesses dos consumidores), & criago de uma ‘menor dependéneia financeira do Estado relativamente as receitas do sector petrolifero e & promogao de niveis acres- Cidos de justiga social, corrigindo as injusticas fiscais mais gravosas. Do mesmo modo, actual sistema ndlo obedece as moder- nas tendéncies da tributagao que assentam no alargamento da base tributéris e na diminuigtio das taxas e nfo é exigente em relagio & organizago contabilistica ¢ documental das médias ‘empresas, No dominio da fiscalidade internacional, € not6ria a auséncia de acordos sobre dupla tributago que incentive © investimento e aprofundem as relagSes de eooperagio cempresarial com os paises com quem Angola mantém rela- ‘gdes econdmicas mais estreitas ‘Actesce, no plano orginico, que existe uma Administra- ‘eho Tributaria tipartida, Disecefo Nacional de Impostos (DN}), Servic. Nacional das Alfandeges (SNA) ¢ Instituto Nacional de Seguranga Social (INSS), globalmente com ccaréncias de recut os humanos, de reeurs0s téenicos, de for- ‘magi profissional que o tempo foi acentuando e que tornam Jificil a defesa dos interesses financeiros do Estado perante grandes empresas, com meios e técnicos bem preparndos. mas medidas ja introdiuzidas, tenden- tes a uma maior eficacia (como muitos aspectos da Reforma Aduaneira e a criagio da Repartigao dos Grandes Contri- buintes) ou uma melhor coordenagio entre a DNI e 0 SNA, no que toca a0 cadastro de contribuintes ¢ ao sistema infor- caminho a percomer no Ora, apesar de a ‘matico, existe, ainda, um important sentido de uma melhor articulagao e maior aproximagao des- {es organismos, nomeadamente em reas como os sistemas de informagio, a justiga, a inspecedio, as infracedes e demais procedimentos na relacao com os contribuintes, de forma a | SERIE — N49 — DE 15 DE MARCO DE 201! criar condigées para dar cumprimento aos objectivos da Pro- jeoto Executive para a Reforma Tributéria (PERT), que implicam, na linha das melhores priticas internacionais & rama primeira fase, uma coordenugio reforgada das diferen- tes administragées tributdrias, aduaneita e nfo aduaneira, [A tigider estrutural destes dois Srgios nacionais (DNI € SNA), decorrente da sua natureza de organismos da Admi nistragio Publica cléssica e dos condicionamentos dafresul- tantes para a adopgio de uma politica remuneratéria, baseada no mérito e focalizada na realizagio de objectivos e resulta: dos, sfo factores que tEm constituide um entrave ao desen: ‘volvimento organizacional ¢ humano, com reflexos negalivos nha capacidade técnica e funcional dos dois organisms, Especificamente, no dominio aduanelro, importantes pre sressos foram efectuados ou esto em curso de realizagio. 6 ‘o-caso da sua (ransformagdo, em termos de naturezajuridie, de direcgao nacional para instituto piblicn ¢ igualmente do process de modernizagio da legislagio aduaneira com 0 propdsito de a desborocratizar, simplificar © aduptar as rnethores pritcas intermacionaise & realidade sScicr-econs- rica do Pais. E ainda 0 caso do refrescamento da forga de trabalho com ‘ enquadramento de téenicos jovenss e com boa formagio acaclémica, da alteragSo da estrutura organica dos servigns. da implantagao de novos procedimentos e praticas de actuagio, ‘bem como da realizagao de importantes investimentos em tecnologias de informagio, na reabilitagio de Estincias Aduuneiras ¢ na formagio de funcionarios, Procedeu-se igualmente a um processo de reforma da Pauta Aduaneira, adoptando-se o sister harmonizado de designagio e codifieagio de mercadorias. 1 uma reducio ou eliminagao progressiva de isengGes injustifieadas ¢ ao incre mento do combate 8 fraude e evasdio fiscal Deve incrementar-se 0 esforgo de modemizagio, de modo ‘aque a administragio aduaneira nacional seja uma referén- cia de boas priticas aduaneiras a nivel da Regido. Tmporta assim prossegutir todo este esforco de moderni- zagio, consolidando a racionatizagio dos circuitos aduanei- +108, reduzindo of constrangimentos ainda existentes derivados do excessive niimera de intervencdes, de formutérios, taxas € procedimentos a que os contribuintes estdo sujeitos, desenvolvendo a formacZo profissional e harmonizando os. sistemas de informagdes com os da DNI. E imprescindivel {que exista uma presenga da administragao nos prineipais pontos de entrada e saida de pessoas, mercadorias ¢ meios de trans- porte Particular atengio deve ser prestada & monitorizacao das exportagdes de petréleo bruto, gés naturale diamantes. pois constituem as prinipais Fomes de divisas Recorde-se igualmente que existem obrigagées interna C’cionais ¢ regionais que no podem deixar de ser consideradas ra formulacio das polticas aduaneiras. Mas a compatibili- zag com tais obrigagdes, nomeadamente construgio de uma Uniio aduaneira, deve ser efectuada gradualmente, sem por em causa a necessidade de ser salvaguardadu a recupe- raglo da capacidade produtiva do Pais, através da adopya0. se necessirio for, de medidas temporérias de protecgao adua- (Quanto & parafiscalidade (taxas, emoluments, ete.) hi a assinalar a multiplicidade ¢ 0 peso excessivo de encargos muito onerasos pars a eriagio de empresas ¢ para u activi dude empresari: |e 08 cidadfios em geral, nomeadamente em sede de registos + de custas judiciais. De acordo com 0 PERT. importa rever. racit nalizar €, quando se justiique, reduzir ‘estos encargos, nos termos da lei-quadro das contribuigiees ‘especiais que a Constituigio jé prevé, de modo a que n30 ‘constituam factores que desincentivem a realizacia de actos nevessérins & constituigdo e ao funcionamento das empresas cu entraves desnecessirios a vida dos cidadios Um outro dominio que necesita de urgente intervengiio 6. da organizagdo do sistema de justiga tributaria que no da resposta is necessidades de especializagio ¢ de celeridude na resolugio de litigios entre a Administracio Tributiria e os contribuintes. Ao longo dos titimos anos. tem-se. ali issistido, neste dominio, a uma erescente desarticulagao ongiinica e desajustamento egislativo. que o modelo de Estado de direito consolidado na nova Consttuigdo, baseadlo rns prineipios da separagiio dos poderes ¢ da independéncia dos tribunais, tomnaria ainda mais evidente As solugdes pontuais que, em certos momentos, foram adoptadas, nfo 86 nfo permitiram eriar uma clara demares (Glo entre a justign administrativa e «judicial, como também, reflectiram uma subalternizacio dos meios contenciose: enquanto garantias fundamentais dos direitos dos contri buintes. Neste contexto, as mudangas no sistema sécio-econé- rico, 0s efeitos da globalizacZo aliados 2 inadequacio do sistema legislativoe a insuficiente moemizacao do aparelho administrativo tributrio levam a que 0 pagamento dos iimpostos seja predominantemente efectuado por iniciativa dos contribuintes e « que exists uma propensio para una forte evasio fiscal, sem que a Administragao e a Justia tenam os meios necessérios para reagir adequadamente Basta recordar que as projecgSes macroeconémicas do Plano Nacional 2009-2013 indiciam uma forte redugo do sector mineral na estrutura do PIB, dos actuais 54% para ‘menos de 30% em 2013, com o crescimento da indstria ‘ransformadora (dos 4% sctuais para mais de 20% em 2013), da construgto, agricultura, sector financeiro, comércio ¢ ser-

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