Você está na página 1de 15
CONCEITOS E CRITERIOS DE MENSURAGAO DO ATIVO: ABORDAGENS FILOSOFICAS, HISTORICAS E PRATICAS Jorge Vieira Reynaldo José Canabarro Alunos do Programa de Mestrado em Ciéncias Contdbeis na UERJ 1 CONSIDERACOES INICIAIS reliminarmente, gostariamos de Piss que 0 objetivo deste trabalho nao foi o de se restringir a0 levantamento puro e simples de conceitos ¢ critérios de mensurago de ativos apresentados pela teoria contabil. Nao queremos dizer com isto que buscamos estabelecer_ novos _ paradigmas, tampouco questionar a validade dos existentes, posto que nao tivemos essa pretensdo, Visamos na verdade, na medida do possivel, a encontrar origens histéricas para determinadas posturas adotadas pela contabilidade ao longo do tempo no tratamento dispensado aos ativos, bem como a entender a base filos6fica do arcabougo te6rico vigente. O porqué deste ou daquele conceito, 0 porqué deste ou daquele método de mensuragio. Inevitavelmente, para aleangarmos os resultados que nos propusemos, tivemos que recorrer a _—_determinados_Princfpios Fundamentais de Contabilidade_ no desenvolvimento de nosso raciocinio, dada a relagio existente entre estes ¢ 0 ativo. Segundo ludicibus', “E tao importante o estudo do ativo que poderiamos dizer que & 0 capitulo fundamental da Contabilidade, porque & sua ‘TUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: 0 tivo e sua avaliago. Sao Paulo: Atlas, 1997. p. 123. 35 definigdo e avaliagdo estéligada_ a multiplicidade de relacionamentos contabeis que envolvem receitas e despe: Em linha com © escopo do trabalho, contrapusemos teoria e pratica profissional, apresentando determinadas operagdes em que alguns conceitos de ativo e métodos de avaliagiio nio foram observados, embora sejam aceitos por entes reguladores de normas contabeis. Abordamos também alguns intangiveis para os quais, até 0 presente momento, a contabilidade nao conseguiu encontrar uma formula objetiva e adequada de traté-los na pritica. Sdo aqueles enquadrados dentro do conceit de goodwill gerado que, embora ainda oferecam dificuldades para a contabilidade registré-los ¢ evidencid-los, surgem a valores substantivos quando dos processos de combinagao de negécios. Espécie do género goodwill, 0 ativo humano, ou capital intelectual, se apresenta como um novo horizonte para a contabilidade. Qual © valor de uma intelectualidade? Como mensuré-la objetivamente? Pode ser avaliada de forma dissociada dos demais ativos com os quais interage? Nao menos importante que os intangiveis sfo0 os derivativos financeiros, contratos transacionados em ambientes de alta volatilidade de pregos © de complexas operagdes de engenharia financeira, que fogem aos conceitos tradicionais de ativo. Fizemos questo de contemplé-los neste trabalho para servirem para futuras reflexdes. 2 DAS DEFINIGOES DO ATIVO. Os textos a que tivemos acesso neste trabalho despertaram em nés o sentimento de que, a medida que as relagdes juridicas, econémicas € sociais foram evoluindo com o passar do tempo, evoluiu também 0 entendimento da contabilidade acerca do que vem a ser ativo. Juridicas, porque 0 conceito de ativo niio esti mais restrito téo-somente A sua propriedade, sendo esta desconsiderada em certas circunstincias para fazer valer a esséncia de um acordo preestabelecido; econdmicas, porque recursos até pouco tempo atris ignorados, com —_beneficios _potenciais intrinsecos, passam a ser objeto de preocupagio por parte da contabilidade em termos de mensuragio, posto que surgem naturalmente em processos de combinacio de negécios; e, por fim, sociais, em face da importincia que o trabalhador do conhecimento vem tendo junto ao detentor do Capital no mundo atual dos negécios, visto que o "ativo intelectual" ou 0 “ativo humano” passa a ter relevancia nas avaliagdes econdmicas de empresas. Os iniciantes. no estudo da contabilidade, em seus primeiros contatos com os fundamentos dessa Ciéneia, defrontam-se com a proposigao "ativo compreende os bens € direitos da entidade expressos em moeda."” Simplista. 4 primeira vista, referido conceito ressalta a questdo da propriedade dos ativos, a qual, vale dizer, nao € condigao sine qua non para caracterizagao destes. Desperta também em nés o entendimento de que, ao falar de direitos, contempla, ainda que de forma superficial, os intangiveis. Em definigdes mais _—_acuradas, pereebemos que a lacuna relacionada aos *TUDICIBUS, Sérgio de. Contabilidade Introdutéria: estitica patrimonial. Sa0 Paulo: Atlas, 1993. p. 30. 56 intangiveis € preenchida, tendo em vista que novas caracteristicas dos tives foram abarcadas pela teoria contabil, Em citacdo feita por Iudicibus*, de Sprouse e Moonitz, apesar de ser datada de 1962, verificamos claramente elementos do intangivel, denotando sua faceta contempordnea, ao enunciar: os ativos representam beneficios futuros esperados, direitos. que foram adquiridos pela entidade como resultado de alguma transago corrente ou passada.. Trazendo para o campo _pritico, podemos enquadrar dentro dessa concepcio 0 IR diferido ativo, intangivel que deriva do surgimento de direitos de compensagdo futura, contra 0s quais uma dada entidade possa auferir receitas com a economia de imposto Entretanto, a existéncia pura ¢ simples de beneficios potenciais futuros nao é suficiente para a caracterizacio do ativo, a contabilidade requer também que seja dispensada atengio para a questo da sua realizagao. Tera alguma substdncia econdmica o ativo fiscal derivado de direitos de compensago se uma dada entidade nao tiver a menor perspectiva de gerar lucros, tributaveis futuros? Observemos 0 caso envolvendo a Eucatex S/A Indistria e Comércio, que em suas demonstragdes contabeis, relativas ao exercicio social encerrado em 31.12.97, registrou imposto de renda € contribuigao social diferidos ativos no montante de R$ 3.974 mil, tendo registrado também em 31.12.95 © 31.12.96 ativos fiscais nos montantes respectivos de R$ 3.709 mil © RS 7.639 mil. No obstante tal fato, a companhia apresentou prejuizos contabeis em patamares altos nos tés exercicios, sendo de R$ 39.926 mil em 31.12.95, R$ 46.317 mil em 31.12.96, e R$ 31.966 mil em 31.12.97. O questionamento que fazemos € © seguinte: Os ativos fiscais registrados sao entendidos pela teoria contabil como tais? Possuem alguma _substincia AUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: 0 ativo e sua avaliagio, So Paulo: Atlas, 1997. p, 123-124. econémit Serao realizado: Essas perguntas sio respondidas por outro autor citado por Iudicibus, Paton, para 0 qual "..ativo € qualquer contraprestaco, material ou nado, possufda por uma empresa especffica_e que tem _valor_para__aquela empresa..." (grifo nosso) Como podemos verificar, o fator “valor para a empresa” é extremamente relevante. Nao basta © ativo ser mensurdvel, como no caso da Eucatex, em que esta apurou, durante alguns exercicios, prejuizos fiscais, os quais foram base objetiva para atribuigao de valor ao ativo cal; hd que se saber, sobretudo, o quanto desse valor € passivel de realizacao, ou melhor, qual a sua utilidade para a empresa. Nessa circunstancia, o aspecto utilidade, ou melhor, a perspectiva de realizagdo do ativo, deve ser pesada, ainda mais em se tratando de algo por demais subjetivo, que demanda juizos de valor. Afinal, para a contabilidade, qual seria © momento adequado para o registro de um ativo fiscal? Por que base de mensuragio? Conceigdo Benther’ em __estudo realizado, afirma que “fixar parametros para formular regras de reconhecimento de ativos, através de caracterfsticas. comuns, € um objetivo a ser alcancado pela Contabilidade.” Ainda com relagio ao tema, segundo trabalho desenvolvido pela ONU, ressaltado por Said El Hajj e Goreth Miranda’ Um item deve ser reconhecido numa demonstrago contabil se ele pode ser mensurado com suficiente confiabilidade, se 0 valor envolvido pode ser razoavelmente estimado, se é provavel que os futuros beneficios econdmicos ou recursos associados com ele sero obtidos ou renunciados. “BENTHER, Tania Maria da Conceigao. Ativo e sua Mensuragao. Cademo de Estudos, Sao Paulo, Fipecafi, v. 10, n. 18, p. 20-27, maio/ago. 1998. 5 MIRANDA, Maria Goreth, SAID EL HAIJ, Zaina. Mensuraco © avaliagio do ativo: uma revisio conceitual e uma abordagem do Goodwill e do ativo intelectual. Caderno de Estudos, Sa0 Paulo, Fipecafi, v. 9, n. 16, p. 66-83, jul fdez. 1997. 7 Persistindo na conceituais s busca de bases lidas para a definigao dos ativos, nos deparamos com situagdes em que aspectos legais de determinados contratos, em especial quanto as suas formatagdes, como no caso do leasing, concorrem para uma __possivel descaracterizagio do ativo. Nao fosse a contabilidade a se utilizar, subsidiariamente, em dado momento, da posse em detrimento da propriedade, tal situagio seria um problema a ser resolvido. Essa afirmagao esta consubstanciada na definigdo de Walter B Meigs e Charles E. Johnson, citados por Iudicibus® em sua obra, para os quais ativos sao “...recursos econdmicos possuidos por uma empresa.” Imaginemos um contrato de leasing que possuisse quaisquer da seguintes caracteristicas: i) a propriedade do bem arrendado fosse transferida ao arrendatirio ao término do contrato; ii) a opgao de aquisigao do bem arrendado prevista contratualmente, a ser exercida ao seu término, fosse por um valor residual nao substancial; iii) a vigéncia do contrato fosse igual ou superior a 75% da vida itil econémica do bem arrendado; iv) 0 valor presente das prestagdes previstas no contrato fosse igual ou superior a 90 % do custo do bem arrendado; ou v) a natureza dos ativos arrendados fosse de uma especializagao tal, que somente 0 arrendatério pudesse utilizé-los sem necessitarem maiores modificagdes.” Parece-nos que seria um equivoco 0 tratamento como ativo, na companhia arrendatéria, dos contratos de leasing que se enquadrassem nessas premissas, pois, alguns dos elementos presentes no conceito de ativo, quais sejam 0 risco e © controle, tratados por Meigs © Johnson, constam nesses tipos de contrato. “ TUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: 0 ativo © sua avaliagao, Sd Paulo: Atlas, 1997. p 124, 7 Com o propésito didético, reunimos no pardgrafo de forma sintetizada, as orientagdes contidas no SEAS — Statement of Financial Accounting Standard n° 13 € no IAS — International Accounting Standard n° 17. Segundo Conceigiio Benther®, © objetivo da Contabilidade sera alcangado —concentrando-se. na substincia econdmica das operagdes e dos eventos que afetam o desempenho e a condigdo financeira da entidade. Nao procedendo dessa forma, qual seja, contabilizagao do leasing apresentado como ativo, na companhia arrendatiria, as bases de realizagdo do ativo estariam comprometidas, haja vista que os Principios da Competéncia, da Confrontacio de Receitas e Despesas, e da Esséncia sobre a Forma seriam_ infringidos, sendo ignorada, dessa forma, a Estrutura Conceitual da Contabilidade. Atentemos para as demonstragdes contabeis da Varig S/A, relativas aos exercicios sociais encerrados em 31.12.97 e 31.12.98, Em 97, as aeronaves arrendadas pela companhia, cujos contratos de arrendamento prevéem opgio de compra, foram ativadas e depreciadas com base na expectativa de vida dil destas. O passive correspondente operagio foi contabilizado, bem como os encargos incidentes foram levados a _ resultado tempestivamente. Ja em 98, a companhia decidiu estornar 08 saldos de balango relatives a operagio, retroativamente a 97, reconhecendo nos resultados de 97 e 98 parte das contraprestagdes do leasing equivalentes A depreciago das aeronaves, tendo sido a outra parcela das contraprestagées contabilizada no ative, para ser apropriada ao resultado do exercicio no perfodo compreendido entre 0 témino do contrato € o término da vida til estimada das aeronaves, Ora, se as aeronaves sio recursos econémicos possuidos pela companhia, se sio contraprestagdes materiais possuidas pela companhia, se contém valor para a companhia, se constituem-se em meios pelos quais a companhia obterébeneficios _econémicos " BENTHER, Tania Maria da Conceigdo. Ativo ¢ sua Mensuracéo. Caderno de Estudos, Sio Paulo, Fipecafi, v. 10,n. 18, p, 20-27, maio/ago. 1998, futuros, por que nao manté-las ativadas? Trata-se de mais um caso concreto em que a teoria contabil nao foi observada, a realidade econdmica de uma transagio foi completamente distorcida, € principalmente, a informacio contabil ficou prejudicada. ATIVO INTELECTUAL, E INSTRUMENTOS — FINANCEIROS: UM NOVO HORIZONTE Em nosso trabalho de pesquisa, verificamos que comega a ganhar espaco no meio académico ¢ no mundo dos negécios a questo do capital do conhecimento - 0 ativo intelectual. Alguns estudos tém sido conduzides no sentido de tentar entender o fendmeno sob 0 ponto de vista contabil. Em reportagem de O Globo’, as seguintes informagdes sao trazidas ao nosso conheciment« Se © milionério Bill Gates vendesse hoje a Microsoft apenas por seu valor contabil, no encheria os bolsos. Especialistas garantem que a empresa — onde nasceu o sistema operacional Windows — vale menos de 1% de seu valor de mercado. A grande discussio no momento gira em torno de como fazer a medigao. Institutos de contadores da Escécia e do Canada ja esto estudando equagdes numéricas, enquanto as multinacionais, a exemplo da IBM ¢ da General Electric, criaram cargos de diregdo ou de superintendents de conhecimento. Especialista americanos calculam que mesmo nas indiistrias 0 conhecimento chega a representar 75% do valor adicionado aos produtos. Depreendemos, de inicio, que a contabilidade necessitaré de um grande ° JORNAL O Globo — Domingo, 06 de outubro de 1996, ferramental matematico, além de mudangas em concepgoes te6ricas, para fazer face a esse novo desafio: a mensuragdo do ativo intelectual. Nossa percepgio encontra amparo em artigo de autoria de Goreth Miranda ¢ Said El Hajj", em que sao feitas as seguintes consideragées: E um grande desafio para a Contabilidade mensurar quanto o capital intelectual representa para uma empresa. Encontram-se, no entanto, empresas que se viessem a perder um determinado executivo inviabilizaria ou prejudicaria ignificativamente a _obtengio__ de resultados futuros, pela _capacidade intelectual que esse recurso humano detém ou pela sua presenga no mercado. © sistema contabil que informa apenas 0 custo do material € do trabalho nao é apropriado. Observamos também que esse nosso sentimento vai ao encontro do contido em artigo publicado na RBC, através do qual Bastos Paiva'' faz referéncia A seguinte revelagdo de Edvinsson & Malone: Os estudos do Capital Intelectual surgem a partir da constatagio da impossibilidade de a Contabilidade tradicional assimilar a natureza dinamica © imtangivel da criag3o de valor da empresa moderma. Enquanto recurso econdmico a disposigdo da companhia, fato gerador de beneficios econémicos futuros derivados de sacrificios financeiros, no encontramos dificuldade para buscar bases conceituais, na '° MIRANDA, Maria Goreth e SAID EL HAW, Zaina, Mensuraco © avaliagio do ativo: uma revisio conceitual ¢ uma abordagem do Goodwill ¢ do ativo intelectual. Caderno de Estudos, Sio Paulo, Fipecafi, v. 9, n. 16, p. 66-83, jul /dez. 1997. " PAIVA, Simone Bastos. O capital intelectual e a contabilidade: 0 grande desafio no alvorecer do 3° milénio. Revista Brasileira de Contabilidade, CFC, n. 117, p. 78-82, maio/jun. 1999. 59 teoria contabil vigente, que suportem a izagio do capital intelectual como ativo. © grande problema, entendemos, surge na medida em que a entidade nao tem o controle sobre esse ativo, além de desconhecer sua “vida til” Referido aspecto é abordado por Bastos Paiva'?, em trabalho publicado na RBC em que afirm: As pessoas, reais detentoras do conhecimento, no dia seguinte poderao estar trabalhando para um concorrente do ex-empregador, pois, apesar de as pessoas representarem um ativo para a empresa, esta ndo pode ser proprietirio. seu Goreth Miranda e Said El Hajj’ levantam esse mesmo ponto em seu trabalho, 20 citarem Arian Ward, que ao abordar o problema da perda de receita, afirma: O conhecimento adquirido pelos engenheiros que desenharam um satélite ha dois anos atrés_ pode ser desconhecido para um grupo de engenheiros que esteja, agora, diante de um problema similar, ou © novo grupo, conhecendo a solugao do problema, mas desconhecendo a pesquisa que levou a elaboragao de tal satélite, pode nao ver a aplicabilidade ou nao confiar no trabalho. O resultado sao as ilhas de conhecimento. Na apreciagio da matéria - capital intelectual — a contabilidade terd varias barreiras a serem vencidas, a comecar pela " PAIVA, Simone Bastos. O capital intelectual e a contabilidade: 0 grande desafio no alvorecer do milénio. Revista Brasileira de Contabilidade, CFC, n, 117, p. 78-82, maio/jun. 1999, ' MIRANDA, Maria Goreth ¢ SAID EL HAIJ, Zaina. Mensuracio © avaliagao do ativo: uma revisio conceitual € uma abordagem do Goodwill © do ativo intelectual. Caderno de Estudos, Sao Paulo, Fipecafi, v. 9, n. 16, p. 66-83, jul/dez. 1997, revisiio de alguns de seus institutos, conforme conclui Bastos Paiva’? em scu artigo: Na Sociedade do Conhecimento, muitos prinefpios, conceitos e normas contabeis necessitam ser _reavaliados, como, por exemplo, © Prinefpio do Registro pelo Valor Original — custo de aquisigio —¢ ~—devidos_—_ajustes: depreciagio, correo monetéria — pacificamente accito para avaliar os ativos da empresa, niio se aplica aos ativos intelectuais. Outro tema interessante, que fizemos questio de agregar a este trabalho, que jé faz parte, inclusive, das pautas de reunido de organismos contabeis internacionais, sio os derivativos financeiros, instrumentos que, dependendo da intengZo com que sao transacionados (Protegio. — “Hedge” ou Alavancagem ~ “Especulagao”), podem resultar em prejuizos devastadores, Embora nao seja 0 nosso propésito, mas também dada a especificidade do tema, apresentamos, 2 guisa de elucidaciio, as seguintes definigdes para os derivativos: “... um contrato cujo valor depende (ou deriva) do valor de um bem bisico, taxa de referéncia ou indice.”"* instrumentos financeiros que derivam ou dependem do valor de outro ativo, podendo ser os derivativos ados ¢ — negociados em secundarios organizados ou serem um contrato ad hoc entre as partes.!° A generic term often used to categorize a wide variety of financial instruments whose value depends on or “ PRODUTOS de Tesouraria, Instituto Brasileiro de Contadores/Instituto Brasileiro da Ciéncia Bancéiria. p. 6, 1994, * SANTANA, AntOnio Carlos de. Boletim JOB 29195. Temiitica Contabil: Instrumentos Financeiros. p. 262-269, 1995, derived from the value of an underlying 16 asset, reference rate or index. Como a contabilidade deve tratar esses contratos, que em alguns casos resultam na assungio de direitos e obrigagdes? Sao eles abrangidos pela estrutura conceitual da contabilidade como ativos? Deve a contabilidade levar em consideragio a intengio com que sio utilizados, para contabilizé-los? De que forma devem ser mensurados? A esséncia de uma operaco com esses contratos deve ser pesada quando de sua escrituragao? Vejamos um caso simples envolvendo contrato de opgdes com moeda estrangeira, extraido do livro “Solving the Mistery of Derivatives — KPMG, 1994, pigs. 43 © 44”, obra ja citada, em que uma companhia norte- americana assume um compromisso firme (firm commitment) com um fabricante francés, através do qual se compromete a adquirir uma determinada maquina, ao prego de 10 milhdes de francos franceses, para serem pagos nessa moeda, em seis meses. Simultaneamente, para evitar 0 risco de moeda, adquire, pelo prego de 64 mil délares, 40 contratos de opgdes de compra de francos franceses, com valores individuais de 250 mil francos, a serem exercidos, quando do vencimento das opgdes, em seis meses, pela taxa de cimbio de | franco para 0,18 dolares. Na data de vencimento das opgdes © aquisigio do maquindrio, a taxa de cimbio situa-se no patamar de I franco para 0,19 délares, ocorrendo os seguintes resultados: "© SOLVING the Mistery of Derivatives, KPMG Peat Marwick LLP, USA, 1994, p O1 custo do maquindrio variagao cambial custo total quota de depreciagio (5 anos de vida util) Ganho na Opgao Prémio pago Total Sao referidos contratos ativos? Afinal, 0s contratos sio ou nao agregados de beneficios econdmicos futuros, decorrentes de sacrificios financeiros realizados? Como contabilizar as operacdes? Em que momento? Nesse caso especifico, 0 instrumento derivativo foi utilizado vinculado & operacao de aquisigio do maquinario, devendo ser tratado custo do maquinério riagdo cambial Ganho na Opgio Prémio pago Total quota de depreciagio (5 anos de vida ttil) Essesseriam os langamentos no desfecho da operagao. Mas, € quanto 2 origem desta?” Como seria contabilizado © contrato de de cAmbio variasse ao contrério, ou seja, se houvesse valorizagao do délar frente ao franco francés? Os efeitos seriam os mesmos? Essas e outras questées devem ser respondidas pela contabilidade na formulagio de novos preceitos voltados para esses instrumentos. Como vimos, a contabilizagio dessas operagdes deve ser norteada pela USS 1.800.000 100.000 1.900.000 380.000 USS 100.000 (64.000) 36.000 como hedge, dada a intengao que a companhia teve, quando da aquisigio das opgdes, de se proteger contra possivel variagio da taxa de cimbio, sendo seus resultados agregados ao custo do ativo, de forma a possibilitar registros contabeis de acordo com a realidade econdmica da operagio. USS 1.800.000 100.000 (100,000) 64.000 61 372.800 intengdo do agente econdmico envolvido; se este tenciona minimizar riscos associados a determinados ativos ou a entidade como um todo, ou maximizé-los. Em artigo publicado na Resenha BM@E, Broedel’” revela um projeto bastante ambicioso desenvolvido pelo FASB no tratamento dos instrumentos derivativos, que culminou no SFAS 133. De referido estudo, BROEDEL, Alexsandro Lopes 132, p. 54-70, Resenha BM&F, n. destacamos pontos que _consideramos extremamente relevantes, sao eles a) as operagdes com _derivativos fornecem direitos e obrigagdes para seus participantes, devendo ser registradas como ativos © passivos no balango; os derivativos devem ser mensurados pelo seu fair value, podendo ser este o valor de mercado, 0 valor presente dos fluxos de caixa futuros, modelos matematicos de _precificagao, analogia com 0 fair value de ativos similares, entre outros; os derivativos serio classificados conforme a intengio do agente econdmico, decompondo-se em: fair value hedge, cash flow hedge, foreing currency hedge, no hedging designation; conforme _classificagio que recebam, ganhos e perdas derivados das operagdes podem ir a resultado ou nao. Segundo conclusio do autor, 0 pronunciamento do FASB “altera significativamente algumas premissas bisicas by c) d) Caixa mudanga fair value derivativo mudanga fair value commodity receita com venda (1.075.000) cmv liquidagao derivativo (25.000) (1.100.000) Nao restam dtividas de que a esséneia da transagio, qual seja, garantir o fair value da commodity “A” em alienagdo futura, e por conseqiiéncia travar o resultado a ser auferido, foi perfeitamente observada pelo tratamento contébil dispensado. Qualquer que fosse o comportamento do prego da commodity “A”, dada a sua correlagao perfeita com o derivativo “Z", 0 resultado contdbil seria o mesmo. Ocorrendo a perda no derivativo, hd ganho na 62 do tradicional modelo contabil”. “Nao ha a menor razio em se reconhecer um instrumento dessa natureza por seu custo histérico, uma vez que sua precificagdio nao é uma relagdo direta desse prego”. “Ha consideragao clara de que uma informagao, embora nao seja perfeitamente objetiva e verificdvel, pode ser a mais significativa para o usudrio da informa contabil.” A. guisa de elucidagio, reproduzimos exemplo extraido © adaptado do prdprio pronunciamento SFAS 133, § 106, em que a Empresa ABC usa derivativo Z para hedgear sua commodity A (fair value hedge). Hi correlagao perfeita entre variagao do fair value do derivativo Z com fair value da commodity A. A commodity A é vendida ¢ 0 derivativo Z é liquidado em dez/X1. No inicio da operacao (jan/X1) fair value do derivativo Z igual a zero; valor de custo da commodity A igual a $ 1.000.000 e seu fair value igual a $ 1.100.000, Em dez/X1 0 fair value da commodity A reduz em § 25.000 € 0 fair value do derivative aumenta em $ 25.000. (Débito) Crédito Derivative Estoque Resultado (25.000) 25,000 25.000 (25.000) 1.075.000 975.000 (975.000) 25.000 - 1.000.000 100.000 comercializagdo da commodity. Ao passo que, ocorrendo ganho no derivative, hé perda na comercializacao da commodity. 4 DOS CRITERIOS DE AVALIACAO Hendriksen e Van Breda ao tratarem 'S HENDRIKSEN, Eldon, VAN BREDA, Miachael. Teoria da Contabilidade: ativos e sua mensuragio, da avaliagio dos ativos argumentam que a escolha de medidas para sua mensurago deve ter como norte: i) os objetivos da divulgacio financeira; ii) 0 desejo de ser capaz de traduzir as demonstragées financeiras em termos econémicos; ou iii) 0 seu valor para os usuarios. Asse respeito, Iudicibus"” afirma que 0 “significado de alguns ativos somente pode ser relacionado aos objetivos da entidade e dependerd da continuidade desta. Ainda com relagdo aos objetivos da mensurago, Hendriksen °° Van Breda’ defendem a tese de que “a escolha é afetada, em primeiro lugar, pelo enfoque adotado pela contabilidade no tratamento da matéria.” © porqué de um ou outro método de avaliagdo - mensuragao por valores de saida ou valores de entrada - tera relagdo direta com as necessidades do usudrio final da informagio contébil, ou melhor, com as do usuario com maior poder de influéncia, Martins”!, em trabalho realizado acerca da evolugao histérica da contabilidade, revela que esta nasceu para atender aquele que foi o seu primeiro usuario: o proprietdrio do negécio. E afirma que a consagragio do “Principio do Custo Histérico como Base de Valor” decorreu das necessidades desse mesmo usudrio em saber se seu negécio dava lucro ou nio, posto que “a nogdo mais simples e intuitiva que pode existir de lucro é a relativa a diferenga entre dinheiro que entra contra dinheiro que sai.” Faz ainda a seguinte consideragio: Veja-se que o principio do custo nasceu com a finalidade de servir & mensuragio do Lucro, e no do Patriménio. Para avaliagio. do patriménio seria sempre muito mais Gti " TUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: 0 tivo € sua avaliagao. Sio Paulo: Atlas, 1997. p. 125. * HENDRIKSEN, Eldon, VAN BREDA, Miachael. Teoria da Contabilidade: ativos e sua mensuragio, cap. 14, p. 314, Fliseu. Boletim 10B34!91: ‘Temitica De Luca Paciolo a volta Contabilidade Gerencial, p.338-342 63 © uso do valor de venda, e nao o de custo. Contrariamente entaio ao que as vezes se pensa, a Contabilidade nasceu mais voltada & mensuragao do Resultado do que a avaliagio do Patriménio. Para este, 0s inventirios so suficientes. Elucidando mais a questo, Hendriksen e Van Breda atentam para o fato de que 0 enfoque convencional que vem sendo dado pela Contabilidade continua sendo o de receita- despesa, através do qual a mensuragao dos ativos € tomada por base para célculo de margem operacional bruta e do lucro. “O luero € definido pela diferenga entre receitas totais ¢ © valor de entrada de todas as despesas associadas a essas receitas ou ao exereicio.” De outra forma, os mesmos autores” argumentam que, se 0 foco da mensuragio pasar a ser ativo-passivo, as bases de avaliagaio estaro voltadas para 0 conceito de crescimento natural da empresa, através do qual o lucro é entendido como sendo aquele derivado. de incremento do ativo ou redugdo do passivo. Fazem a seguinte consideragio: Note-se que 0 objetivo de avaliaco, de acordo com este conceito, € convergir para valores de saida ¢ valores vista assim que os servigos basicos tenham sido prestados pela empresa € to logo medidas verificdveis tenham sido conseguidas. Com procedimento, o Iucro é registrado na base de crescimento natural. esse Em se tratando de métodos de mensuracio, a contabilidade se utiliza daqueles obtidos mediante valores de entrada, extraidos de mercados presentes, passados ou futuros, ¢ daqucles obtidos mediante valores de saida, também extraidos de mercados _presentes, passados ou futuros. Iudicibus™ nos apresenta os seguintes ® HENDRIKSEN, Eldon, VAN BREDA, Miachacl. Teoria da Contabilidade: ativos e sua mensuragio, cap. 14, p. 314, * TUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: 0 ativo e sua avaliagio. 1997. p. 132-135. métodos de mensuragio, clasificados valores de entrada e de s: a) Valores de Entrada: custo histérico, custo corrente ou de reposigio, custo histérico corrigido, e custo corrente corrigido, b) Valores de — Safda: valores descontados das entradas Iiquidas de caixa futuras, pregos correntes de venda, equivalentes correntes de caixa ¢ valores de liquidagao. © método do custo hist6rico, como ja revelado anteriormente, em citagéo feita por Martins™, tem sua origem no enfoque dado pela contabilidade, no seu nascedouro, & mensuragio do lucro, dada a necessidade premente do seu primeiro usuario em avaliar 0 desempenho do seu negécio. Segundo ludicibus”*, sua aplicagfio aos ativos ndo monetérios encontra forte apoio, dada sua objetividade ¢ verificabilidade. Entretanto, faz a seguinte ressalva: em Mas, apesar de todas as vantagens, ha muitas desvantagens, que se referem, normalmente, ao fato de que © valor dos ativos muda com relagio ao tempo, ndo somente em virtude das variagdes de precos, obsolescéncia etc., mas também em virtude da mudanga no estoque de potenciais de servigos de cada ativo. Com relagdo ao custo corrente, segundo nos revelam Goreth Miranda e Said El Hajj", sua base filoséfica reside na teoria da manutengdo do capital fisico — Replacement Value Theory, desenvolvida pelo contador Ppiiblico holandés e professor da Universidade °! MARTINS, Eliseu. Boletim JOB34/91: Temética Contabil: De Luca Paciolo & volta & Contabilidade Gerencial, p. 338-342 ** TUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: 0 ativo e sua avaliagao, 1997. p. 133 * MIRANDA, Maria Goreth, SAID EL HAI, Zaina Mensuragao € avaliagdo do Ativa: uma revisio conceitual ¢ uma abordagem do Goodwill e do ativo intelectual. Caderno de Estudos, Sao Paulo, Fipecafi, v. 9, n, 16, p. 66-83, jul./dez. 1997. 64 de Amsterda, Teodere Limperg. Segundo referida teoria, uma entidade s6 reconheceria como lucro a parcela que excedesse 0 seus custos ¢ despesas do perfodo somados ao sacrificio que se faria necessario para reposigdo dos bens € servigos vendidos, sendo esse sacrificio _ reconhecido tempestivamente. Firma Szuster’? 0 seguinte entendimento: © conceito de capital fisico admite que o patriménio da empresa € quantificado em termos de uma capacidade de operagao, medida através do conjunto de bens necessérios a esta, mensurados a data da avaliagio, S6 haverd lucro quando Patriménio for superior ao valor dos ativos necessirios para assegurar um mesmo nivel de atividade. E coerente com 0 raciocinio que a empresa permanece em atividade devendo, para tanto, efetuar a reposigao de seus ativos. A existéncia deste conceito independe da ocorréneia de inflagio. Jé 0 custo histérico corrigido, variante do custo histérico, toma como premissa a manutengio do capital monetério, 0 qual deve influenciar a retengio de lucro pela entidade para que esta chegue ao fim de um perfodo com, no minimo, 0 montante de recursos investidos no inicio do empreendimento, Conforme afirma Martins, citado por Szuster’’ , “rédito € 0 resultado econémico que pode ser retirado da Entidade num perfodo, de forma tal que o PattimGnio Liquido, no final ® SZUSTER, Natan. Calculo e anélise contébil do Iuero passivel de distribuigdo: uma abordagem que reconhece a manutengiio do capital da empresa. Artigo sintese da Tese de Doutoramento aprovada em outubro de 1985 FEA/USP. Revista do IBMEC 35/85, pig. 224/241. * SZUSTER, Natan. Cilculo ¢ anélise contabil do lucro passivel de distribuigo: uma abordagem que reconhece a manutengao do capital da empresa. Artigo sintese da Tese de Doutoramento aprovada em outubro de 1985 FEA/USP. Revisia do IBMEC 35/85, p. 2247241 deste periodo, seja exatamente igual ao inicial.” Ou seja, dentro da visio de que “lucro é a diferenga entre dinheiro aplicado e dinheiro retornado”, hd que se considerar esse dinheiro em uma moeda forte, posto que de outra forma ‘a distribuigo do lucro acima do capital em termos monetirios corrigidos iria representar uma restituig’o do capital investido”””. Quanto ao custo corrente corrigido, segundo ludicibus*’, “é talvez o mais completo conceito de avaliago de ativos a valores de entrada, pois combina as vantagens do custo corrente com as do custo histérico corrigido.” O custo corrente corrigido na realidade € a conjugagio da teoria da manutengio do capital monetario com a teoria da manutencio do capital fisico, como bem elucida Szuster em sua tese, que culminou na frmula para o lucro passivel de distribuigio. Em se tratando de critérios de mensuragio a valores de saida, uma de suas espécies, os valores descontados das entradas liquidas de taxas futuras, € tida por Iudicibus” como demandadora de um proceso que envolve 0 estabelecimento de uma_ taxa adequada de juros, além de uma estimativa da probabilidade de os valores previstos se materializarem Em estudo feito por Bezerra ¢ Vieira”, é revelado que a pratica profissional tem se utilizado desse critério para reconhecimento do IR diferido ativo, pelo menos no que diz respeito As normas do IASC (IAS 12), do FASB (SFAS 109) e da CVM (Deliberagao 273/98). Ocorre que tanto a norma americana quanto a internacional vedam expressamente © desconto do ativo fiscal. Quanto aos pregos correntes de venda, método denominado também por valor liquid ® MARTINS, Eliseu. Boletim 10B34/91; Temitica Conti: De Luca Paciolo. @ Volta a Contabilidade Gerencial, p-338-342 “ TUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: 0 ativo e sua avaliagio. 1997. p, 132-135. RRA, José Carlos, VIEIRA, Jorge da Costa Junior. 8° Semana de Contabilidade do BACEN: Imposto de Renda Diferido © Contribuigio Social Diferida.1999.DF 1B 65 de realizagao, Iudicibus* 0 considera como sendo “uma razodvel aproximagio para as entradas previstas de caixa para ativos, tais como inventérios de produtos para venda, produtos ou co-produtos préximos do estigio final de acabamento”. Parte-se do pressuposto que os produtos da empresa so vendidos em um mercado organizado, sendo o prego corrente uma razoavel estimativa do prego futuro. Ainda no tocante aos pregos correntes de venda, estes, segundo Goreth Miranda e Said El Hajj’, so considerados pela ONU como sendo “o montante de dinheiro ou equivalente a dinheiro pelo qual um item pode ser trocado no mercado no curso normal do negécio, ou seja, prego de venda menos despesas com venda.” Relativamente ao método dos equivalentes correntes de caixa, este tem relagio com o caso de uma liquidagao organizada, aplicando-se tio-somente aqueles ativos valores de mercado _ prontamente determinaveis. Hendriksen e Van Breda™, entendem que se referido critério for “interpretado em sentido estrito, justificard a exclusio, da demonstragio de posigao financeira, de todos 0s itens que no possuem um prego de mercado contemporaneo. Por exemplo, equipamento especializado nao passivel de venda, bem como a maioria dos ativos intangiveis, seria baixado no momento da aquisigio, devido impossibilidade de obter um prego corrente de mercado.” Por fim, dentro da _classificagdo estabelecida por Iudicibus*, 0 tiltimo dos critérios de mensuragdo a valores de safda — os valores de liquidagio — aplicar-se-fam caso fosse desconsiderado 0 pressuposto da * TUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: 0 ativo e sua avaliagao. 1997. p. 132-135. MIRANDA, Maria Goreth, SAID EL. HAJJ, Zaina. Mensuracio € avaliagio do ativo: uma revisdo conceitual ¢ uma abordagem do Goodwill e do ativo intelectual. Caderno de Estudos, Sao Paulo, Fipecafi, v. 9,n. 16, p. 66-83, jul /dez. 1997. “ HENDRIKSEN, Eldon, VAN BREDA, Miachael. Teoria da Contabilidade: ativos e sua mensuragao, cap. 14, p. 311 5 TUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: 0 ativo e sua avaliaglo, 1997. p. 132-135. continuidade da entidade. Hendriksen e Van Breda®* recomendam, sua utilizagio sob as seguintes condigdes: i\quando da ocorréncia da perda de utilidade dos ativos, seja por obsolescéneia, seja pela rda de seu mercado normal; e ii) quando da pensio das operages da entidade. Hendriksen e Van Breda” ainda apresentam outras variantes dos valores de entrada ¢ de saida, além das consideradas por ludicibus. Para os autores, o custo hist6rico e 0 custo corrente siio decompostos em: Custo Hist6rico: a) custo prudente: utilizado para controle por parte das autoridades governamentais dos servigos de utilidade piiblica_prestados por concessionarias. E definido como sendo aquele que seria pago por um ativo por uma — administragao razoavelmente prudente; 0 que exceder a esse valor nao poder ser repassado aos consumidores via tarifas. b) custo original: utilizado também para controle por parte das autoridades governamentais dos servigos de utilidade — piiblica prestados por concessiondrias. E definido como sendo aquele custo de um ativo obtido pela entidade que primeito © destina A prestagao de servigos. Qualquer_ valor adicional ao custo original do ativo menos depreciaco acumulada pago por uma segunda concessiondria na sua aquisi¢ao, deverd ser segregado do custo do ativo para ser depreciado em bases determinadas pela autoridade — governamental, * HENDRIKSEN, Eldon, VAN BREDA, Miachael. Teoria da Contabilidade: ativos ¢ sua mensuraga cap. 14, p.311 ” HENDRIKSEN, Eldon, VAN BREDA, Miachael. Teoria da Contabilidade: ativos sua mensuraedo, cap. 14, p. 311. evitando o repasse imediato desse custo, incremental aos consumidores. A I6gica que esté por trés desse critério é o estimulo & competitividade, dada a auséneia de concorréncia no setor; uma empresa compradora seria estimulada a pagar 0 menor prego pelo ativo. ©) custo-padrao: sua definigio é ssociada ao nivel desejado de eficiéncia produtiva e de utilizagio de capacidade instalada, Esta baseado nos pregos de troca apropriados das quantidades justas de insumos nece: produtivo. ios a0 processo Custo Corrente de Entrada: a) valor estimado: € aquele obtido mediante um proceso sistemitico de cilculo de custos e precos correntes, por terceiros independentes. E 0 instituto da teavaliagio de ativos previsto na nossa lei societiria, b) valor realizavel Ifquido menos uma margem normal: segundo Hendriksen e Van Breda®, deve ser utilizado quando nao houver custo de reposigio disponivel, sendo obtido mediante a subtragio de uma margem normal de lucro do valor realizavel liquide (prego de venda menos custos. de —_venda incrementais). Uma limitagao desse método & que os precos correntes devem variar _proporcionalmente aos custos correntes de forma direta. ©) valor justo: combinagao de bases de avaliagio —determinadas _ pelos tribunais e comissées. para uma finalidade especifica, Faz referéncia * HENDRIKSEN, Eldon, VAN BREDA, Miachael Teoria da Contabilidade: ativos ¢ sua mensuragio, cap. M4. 66 a0 capital total sobre © qual os investidores t@m o direito de obter um retorno. E um método presente nos pronunciamentos expedidos pelo FASB e pelo IASC. Além dessas. variants, Hendriksen © Van Breda® destacam mais um método de mensuragao de ativos a valores de entrada, os custos futuros de entrada descontados, 0 qual prescreve que se o prego de um_ativo, preestabelecido contratualmente, deve ser pago mais tarde, o seu custo deve ser © valor presente da obrigagdo contratual. E 0 caso em que a empresa pode adquirir os ativos ao ritmo de suas necessidades. Esse conceito se aplicada ao tratamento dispensado ao leasing financeiro pelo IAS 17 © pelo SFAS 13, em que o custo do bem arrendado 6 calculado mediante 0 ajuste a valor presente de todas as prestagdes previstas contratualmente, pela taxa implicita na operacao. A todos os métodos de mensuragéo de ativos revelados por Iudicibus e por Hendriksen ¢ Van Breda, seja a valores de entrada, seja a valores de saida, se impde a regra do Custo ou Mercado, dos dois 0 menor. Em estudos realizados por Chatfield“ acerca da doutrina do conservadorismo, as seguintes revelages si trazidas ao nosso conhecimento: ‘As bases da doutrina moderna do conservadorismo se encontram na contabilidade da_—_administragao medieval. Durante a idade média a concentrago da propriedade da terra entre a nobreza produziu um sistema de delegagio e administragao através de procuradores. » HENDRIKSEN, Eldon, VAN BREDA, Miachael. Teoria da Contabilidade: ativos € sua mensuragio, cap. 14. * CHATFIELD, Michael. Enfogue: reflexio contabil. Investigagdes sobre Teoria Contabil: A Doutrina do Conservadorismo. 1991 or O administrador feudal, entao, assumiu uma atitude conservadora para enfrentar a auditoria e proteger-se a si mesmo, Um homem a quem se tem confiado os bens de outro normalmente nao antecipa incrementos nos. valores destes, posto que pode —tormnar-se responsével pelos resultados. Ainda quanto ao tema, Chatfield"' nos revela que: A emergente profissio de contador teve suas proprias razbes para preferir a prudéncia na informagao financeira, Nascia num ambiente de faléncias, fracassos, fraudes e questdes judiciais, 0 que deixou aos contadores um vivo sentido de desastre (Parker, 1965). Na Inglaterra vitoriana ocorreram, depressdes econdmicas quase a cada dez anos. A resposta da contabilidade foi cobrir todas as contingéncias futuras razoaveis, mesmo quando tais, contingéneias nao fossem exatamente quantificadas ou definidas. Até 1880, os auditores ingleses haviam desvalorizado as mercadorias obsoletas ou estragadas para aplicar a regra do custo ou mercado © mais baixo. ‘Como podemos perceber, 0 Principio da Prudéncia ou do Conservadorismo nasceu muito mais por uma questo de previdéncia dos entes envolvidos com a contabilidade, sejam administradores_medievais, sejam contadores do século XIX, do que por questdes de natureza cientifica. Surgiu como um instrumento de salvaguarda desses._individuos contra questionamentos futuros. “| CHATFIELD, Michael. Enfoque: reflexio contébil Investigagdes sobre Teoria Contébil: A Doutrina 0 Conservadorismo. 1991 5 CONCLUSAO A contabilidade com certeza esté no limiar de uma nova fase. Podemos perceber que assuntos do tipo capital intelectual ¢ instrumentos derivativos demandarao um novo profissional de contabilidade, com habilidades matemiticas e visio mais abrangente do mundo dos negécios, assim como demandario da propria contabilidade uma revisiio de antigas concepgies. Critérios adequados para mensuragio de ativos sio fungiio da natureza destes e do propdsito a que se destina a sua mensuragio, Ativos monetarios, tais como titulos e valores mobilidrios, no se adaptam ao custo histérico, assim como ativos nfio monetarios, tais como estoques, encontram no custo corrente corrigido um instrumento gerencial de grande valia. Tendo em vista os resultados alcangados em nossa pesquisa, em especial quanto ao estudo dos instrumentos _—_derivativos, entendemos que a contabilidade tende a ‘caminhar a passos largos para uma fase em que 0s ativos refletirio com mais esmero a realidade econdmica das transagGes realizadas. BIBLIOGRAFIA BENTHER, Tania Maria da Conceigao. Ativo e sua Mensuracio. Caderno de Estudos, Sio Paulo, Fipecafi, v. 10, n. 18, p. 20-27, maio/ago. 1998. BEZERRA, José Carlos, VIEIRA, Jorge da Costa Junior. 8 Semana de Contabilidade do BACEN: Imposto de Renda Diferido e Contribuicao Social Diferida.1999.DF. BROEDEL, Alexsandro Lopes. Resenha BM&F, n. 132, p. 54-70. CHATFIELD, Michael. Enfoque: reflexio contabil. investigagdes_ sobre Teoria Comtabil: A Doutrina do Conservadorismo.1991 68. GORETH Miranda, Maria, SAID EL HAJJ, Zaina. Mensuragio e avaliacio do ativo: uma revisio conceitual ¢ uma abordagem do Goodwill ¢ do ativo intelectual. Caderno de Estudos, Sio Paulo, Fipecafi, v. 9, n. 16, p. 66-83, jul/dez. 1997 HENDRIKSEN, Eldon, | VAN BREDA, Miachael. Teoria da Contabilidade: ativos ¢ sua mensuragdo. 5.ed. Sao Paulo: Atlas. IUDICIBUS, Sérgio de. Contabilidade Introdutéria: estética_patrimonial. Sao Paulo: Atlas, 1993. TUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade: ativo © sua avaliagio. Sao Paulo: Atlas, 1997. JORNAL O Globo. Domingo, 06 de outubro de 1996, MARTINS, _ Eliseu. Bolerim 1034/91: ‘Tematica Contabil: De Luca Paciolo & Volta A Contabilidade Gerencial, p. 338-342. PAIVA, Simone Bastos. O Capital Intelectual e a Contabilidade: 0 grande desafio no alvorecer do 3° milénio, Revista Brasileira de Contabilidade, CFC, n. 117, p. 78-82, maiofjun. 1999. PRODUTOS de Tesouraria. Instituto Brasileiro de Contadores/Instituto Brasileiro da Ciéncia Bancéria. p.6, 1994. SANTANA, Ant6nio Carlos de. Boletim JOB 29/95. Temética Contabil: Instrumentos Financeiros. Pg. 262-269, 1995. SFAS — Statement of Financial Accounting Standard n° 133 SFAS ~ Statement of Financial Accounting Standard n° 13 e no IAS — International Accounting Standard n° 17. SOLVING the Mistery of Derivatives, KPMG Peat Marwick LLP, USA, 1994, SZUSTER, Natan. Célculo e andlise contabil do lucro. passivel de distribuigio: uma abordagem que reconhece a manutengao do capital da empresa, Artigo sintese da Tese de Doutoramento aprovada em outubro de 1985 FEAJUSP. Revista do IBMEC 35/85, p.224.

Você também pode gostar