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ARMINDA ABERASTURY PSICANALISE DA CRIANCA teoria e técnica Ccolaboraedo de ‘SUSANAL DE FERRER ELIZABETH G. DE GARMA POLAI DE TOMAS. eo de FORTI, HECTOR GARSARINO, NERCEDES F. DE GARBARINO. SARA i DEJARAST. MANUEL KIZZER, GELA H, DE ROSENTHAL, JORGE T. ROVATTI 6 EDUARDO SALAS avast técnica. Trad. por Ana Medloas, 1982. Tradupéo: ANA LUCIA LEITE DE CAMPOS Licenciada em Letras +1. Crlengae-psiewntlise, 2. Psicanisi. 1 Gammon, Ana peel ue Supervisio de tradugao e _apresentacio & ediga0 brasileira: Associacdo Psicanalitica Argantina 82 EDIGAG PORTO ALEGRE / 1992 3 Duas correntes em psicaniilise de criancas Cor imo da psicanilise e de urna nova ‘Bo somente pelo que 0 de partida para um nove ra- ianca; foi, além disso, muito est Quando os primeiros analistas de criancas se encontraram no consultério com, 2 experiéncis de que um paciente de quatra ou einea anos é incapaz de associar vremente, sentiram-se desencorajados, principalmente s2 comparavam seus re {dos com 9s obtidos por Froud em Jofozinho. A dificuldace que encontraram no 52 apresontou neste caso, porque 0 menino falava com seu pai e em sua easa. Talvex ‘tomando como ponto de referéncia esta circunsi ram que a solugio seria analisar as eriangas em suas prop proveram que esta situacao, aparentement: a relagio com o pacionte e a familia. Al dentro de parsmotros adequidos, senda impres :om a5 obras de Anna Freud e Melanie Klein que surgi esta técnica. Des fo momento apareceram diferencat fundamentais entre 9s duas posturas incipalmente ncia, envolviam diferentes conceitos taéricos sobre a formacio do ego e do superego, o complexe de Edipg ea relacko de objeto. Surgiram assim duas escolas em psicanslise de erianca. "FREUD, Slyrund. “Ansliss de Ia fbia de un nfo do cinco ne XV, Historias oi @ dere que as eriangss nic balho privio no at |, proporeionandothes consciéneis de entermidade, sp © no anslista erianda uma tranéteréncia positiva aca interna a decisio externa de analisarse. ExpSe sous métedos em diferen ‘casos: por vezes adlapta-ze 20s caprichos de criana; com outros seque of vai stad ou babllidade, trans Anna Freud? co tristeza; per ye até que ponto era done e senhe iados & compara: vs suas arrancadas a da um enfermo mental a quem dificilmente poderia prestar ajuda algama, Tudo isto deixou a idado, pols, naturalmente, ser tide por louea jf ultrapassava 0 que sua ambi¢So porseguia. Entio tratou de domi: ‘mesmo suas arrancadas. Camacau a opor-se em lugar de provocé-ls, co mo tinha feito antes, eansciontizando- Impoténcia e ta endo eretcer suns sénsagSes de sofrimonto e desprazor. Depots de algumas tontati © sintoma converteu-se, par fim, de acordo com $608 propé- gun nar ‘mantém com Jas reais de satsfacio # desengano. por uma pettoa r ico adul rma, paula #¢, abendona os veihos objetes 305 yeentra sua neurose na pesca do amente, of sintomas que 0 foveram & ans se aferravarn até entéo suas fant 2 pREUD, Anna Epsicuandisiede! mio, Ed. Urn, BuosoE Aves, 1951 6 Woe , que conver. e criansas pode ser tudo, menos ums sombra, Jé sabemos que & janea uma pessoa interessante, dotada de todas as qualidades imponentes s. As finalidades pedandgicas que, como recursos, se combinam com as a5 fazer com que a crianca saiba muito bom © que 0 analista considera con. 1 que aprova ou reprova’’. "E como se encontréssemos sma.tela sobre a qual se projetard a imagem. Quanto mais aquele, tanto mais apagade serfio os contornas da imagem projetada. Por tais motivos, @ rianea nfo desenvolve uma neurose de transferéncia Apesar de todos 0s seus impulsos carinhosos e hostis na relagdo com 0 analista, suas Teagdes anormais continuam se manifestanco onde sempre eparacet bik veniente ou inconveni pintado um quedro on iando se empregam técnicas de tranaiilizagao © manutengio de transferéncia positiva, tal como postula Anna Freud sua escola, transmitind sim- patia ao paciente ¢ tranqtilizando-o, 0 analista converte-se, por um momento, em lum objeto bom, mas apenas 3s custas de uma futura dissociacdo entre os objetos ‘aus @ bons e com o reforco das detesas patalgicas do enferma, Manifesto fortncia negativa se torna de di se 20 progresso da analise, sofrer ciente escolhe outra iilia, que ésta muito menos preparado para fazer ‘Anna Freud chega & conclusio de que so pode-se conseguir a neurose de transfer@ncl fo ensdvel para a repeticfo * Toe. 0.71 S em, 9.72. 7 SEGAL, Hanna. “Some aspects ofthe analysis of a schizophrenia", snternational Journal of Peycho-Ansiyss torne 31, 18D, p. 268» 278 @ 1 sind se encontra a dose a suas exigéncias € soguindo todas as flutuagies da relago com a pessoa amads e todas as modifica (Bes de suas proprias opinides."* pslhamos come na anilise de adultos, em forma pura- do id ¢ do ego. Por outta lado, 0 i20, na desintegracio his {8 aleancou sua independinci rica levada desde o interior, na met rante todo © curso da andl ava atsegurar a feliz concluso do 1 iva 0 a opinido do analista deci que parte dos impulsos infantis deve ser suprimida ou condenada, que parte se pode satistazer o qual deve ser conduzica & te tod @ anise, o lu: sta reine em sua pessoa cuas mis educar 80 mesmo. {que © analista cons 921 do ideal do ego lidade diametraimente op uénela humana os reais que rodelam 0 pationte, entio o estorea serd flugneia do mundo exterior sobre sua neurose & di Jonge de desprender-se dos primeiros nados tal, ashdentificacies somente se estabelecerdo tenta © pa ‘que ¢ evidente também a rolacio entre este superego ¢ 08 objetos aos que deve sou esiabelecimento, comparando-e 90 que se dé entre dois vasos comunicantes. Assinala a la limpeza nos no munda ex’ mento, Enqut prover que te ou no de sas the causar repusniincia, quando ests ‘com adulto @ estando com compan {do superego infantit de dupla moral levarmsna = pensar que a anilive da erianca nfo. & como a do adulto. “‘Aquele deixou de sor |, 90 aproveitamento .dos impulzos inst 2 influéncia enquanto o superego infantil nSo se tr tante impossoal das oxigéncias assinaladas do mundo ext reps organicamente vinculado a est Uma ver conseguida a wansferénela po: Froud evita cuidadosamente fa 8 sus mae, menos impulsos: amistosos terd para ‘Quanto as suas expressBes negativas, pademos sen- télas quando tratamos de liberar do inconsciente uma parte do materia reprimido, despertando assim a resisténeia do ego. Em tals mamentas; a erianga nos considera lum sedutor petigoso & terrivel, dedicando-nos por isso todas as suas expressBes de fio ¢,fechaco que em getl rige 808 seus proprios impuilos instintvas concena os." A anilise infantil exige, segundo eia, uma vinculagéo p Jntensa », porque, além da finalidade ans agogica, « om oducacio o éxito sempre dependers do dor, Portanto, a transferdne'a negat que no é dominio imperfeito a linguagom e téenico eomparavel 8 associaco livre ‘em pane a téeniea da fase privia pars 3, abreviando ou eliminando esta etape, O festudo dos mecanismos de defesa marea uma segunda gpoca na obra de Anna Froud © a considero uma valiosa contribulggo. A maior crianeas continua sendo para ola tato.de ssociagio livre, Aposar disso, diz {que "08 sonhos o 08 sonhos diutnos das crianeas, juntamente com a fantasia a: nifestada no jogo, desenhos, ete, ravelam os impulsos do id sem distarces # de uma ‘maneira mais acessivel que nos adultos. ..“2 Aceita, por outro lado, que @ canhe- imento do ego infantil 6 sumamento escasso. Nao esta de acordo com a técnica de jogo de Melanie Klein, no qual se equipare a stividade ldiea infantil com a asso- ciacio livre do ad Referindo-se a e tranqiilo do jogo: a associacdo. Para Anna Freud, s08 do id, mas rio titutives capazes de consegue com 9 exame das t — como técnica complementar ~ esclarece os impul- permite ver como funciona o ego. Recorre a métodos subs- formar-nos sobre ¢ funcionamento eqdico e cré que isto se wsformagdes dos aferos. “A andlise e a conducdo & consciéncla das 5 destas defesas contra os sfatos ~ seia da transtor- ‘magi no eontrario, do deslocamento ou da completa repressio ~ nos informe so- bre as técnicas particulares deste ego infantil; assim como a andlise das resisténcias fer, 985. 2° FREUD, Anna. EFyay los mecaniamas de defonsa Ed, Paidbs Bueno Bi dem,» 56. 7 som, 0.57. tf, incia que, na abservario das procestos afe de crianeas, no dependamos da voluntiria cooperacio do pacis le de suas comunicagSes, Seus afetos traem-se a si mesmas cor em da since sou propos ‘Anna Freud @ sua escola consideram que, embora na andlise de crianeas se amas e dfesas, a neurose permanoce centralizada nos abjetos oriyi- Jomente se estence andlise com propésito defensivo ~ quando a . Também ela é de opinio que o papel educativo do a is io necessérios para a cura da crianga, tivas, no faz uma verdadeira neurose de transierane inerentes & crianga e em parte porque es um trabalho educativo; 3 ~ a erlanca no pode fazer uma segunda edico antes de ‘esgotar a primelra ¢ 0 analista deve ser educador, porque © superego do peciente ainda depende dos objatos exteriores que 0 originaram e nio ost maduro; 4 — a cia negativa nfo deve ser interprotada, mas dissolvida par meios nfo ana 5 — somente com transferéncia positiva pode ser realizado um pontinea na dele 0 pri 1 Pensa que a ansiedade da crianca é sledades priméries que pée em funcionam: ‘mo estudado por Freud na dinamica da tran Conduzem-no a simbolizacSes © personiticagSes, nes quais reedita suas primeiras ralagtes de objeto, & formariio do superego e 3 acaptacdo A reslidade, que se expres sam em saus jeyos @ podem ser interpretados.** Uno tori saxval y eros oneayos, 26KLEIN, Melanie. ol K, 1929, ovinal of Paychoanelyss, 66 05 trabalhos,*? Melanie Klein era de opinie que, pelo processo de simbolizacio, a crianca conseguia distribuir o amor a novos objetos e novas fon: do afirmou?* que também distribui suns angistias e que (2 repatir as dimioui e doming, afastando-se de sous tos e.2 elaboranio de sentimentos de perda através da experiéncia de afastamento € Fecupereqio ~ como Freud snalisou no jogo do carretel — sio a base da atividads Itdica e da capacidede de transferéncia, Com 0s abjetos ~ pelo mecar zom transferéncias pi objeto, aumentando ou aliviando sua tuago transforencial, onde se repete a relago com 03 obj relacdo da dincias sfo a projecdo, considerado 0 do 0 objeto. momento, © paciente projeta no analista e nos bi quedos suas fas © amorosas, com uma intensidade que variard com 0 grau de fusio que tenha conseguido com os instintas de morte e vida. fanca, quando brinca, coloca © analista nos mais variados papéis. Pode F 0 id e nesta projecdo dar vazdo a suas fantasias, serm despertar demasia- dda ansiedacle; quando esta diminui, serd capaz, ele mesmo, de parsonifiearse neste papel Nas personificacées do jogo, observa-se que muito rapidamente pode mudar 0 ‘objeto de bom em mau, de aliado em inimigo, e como o analista assume ¢ interpreta 5 papeis hostis reque tante progr 1a que deseja penetrar nas ir nenfum papel; deve adaptarse preter 8 transterdncia negativa, diz em um atamento, 0 ans 20 na Rey, Uruguay de BE KLEIN, Mtonie, "Lee 12 1.62, 9.178, °7 ia, diminuindo assim 2 idealizaedo. No transcurso do sasferdneia, urna variada gama de que corres visto como perse- A cranes pequena rolages com tot do amor presentes sfo imagens 70 6 que pode muito bem produzir uma nova edicdo dos objetos desejadas ao principio. Seus sintomas inclusive aeontecer que em casa retorne a hibitos © condutas que jé ha: viam desaparecido, ‘A ‘elagio consciente-inconsciente & diferente na crianga € no adult cconsciente esté em estreito contato ¢ 6 mais permedvel com 0 consciente na ‘ca. Eles esto mais protundamente dominados pelo inconsciente ¢ por isso preva Ieee a representagdo simbslica. ‘Na andlige de criangas nos encontramos com resisténcias to marcadas co- mo na anilise de adultos; manifest ices de angistia, como interrup- fo ou rmudianca de jogo, al eseonfianca, variando com os casos com a icade, As erisos de an malmente pelo medo, nas maiores ~ especialmente na laté escontianca, réserva ou simples desgosto. Quando a crianga m: confianea, aborrecimento, ansiedade — pretacio os reduz, fezendo retroceder locar este temor a abjetas mais distant enfrentar a ansiedade — e a ver assim noles sua mae e pai maus. A sente pretiominantemente sob ameaca de perigo espera sarmpre encontrarz0 com 0 pai ou mie maus e fpredominante nestes casos é a ‘mecanismo uma boa imagem dos Reesumindo os pontos de vist escola: ica negativa, conseguindo at , diremos que para Melanie Klein ¢ sua 68 1 A mesma ansiedade que leva & divisdo de imagens, boa e mé, no infefo de bons no mundo interno, melhorando as relagGes com 0 munde exterior. No tra tamento, este progresso conduz 3 cura 3 0 aumento da capacidade de sintetizar prova que 0 processo de dissocia- fo, originado nas relecdes de objeto da erianca pequena, 4— A atuacio das imagens com cats jeas fa icamente boas ou mas, que predominam na vida mental, 6 urn mecanisme geral em crisneas e adultos. Suas idade, varlagGes sd0 somente de grau, freqiéncia o int 5 Estas imagens corresandem a estados ico totalmente afastado da r 6— Na medida om que esta do mecanisme de sim! asia transferencial ¢ 0 estabelecimento da rele iias @ as situacSes atuais constivuer o principal meio de cura, 9— A repetigdo das situacdes primarias na wansterdncia nos leva as vivencias dos primeiros meses de vida 10 — Nas fantasias com 0 analista, a crianca retrocede a seus primeiros dias € 40 estuctvlas em sau contaxto ¢ compreandé-tas em detalhe obterse-é um conheci- mento sétido do que acenteceu na sus mente nas etapes primérias, No finn cla ands . © paciente revive emociet de sua época de desmame e a elaboraeio da luto nsferencial se consegue através da anélise das ansiedades parandides © depressi-

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