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No captulo II de seu livro, que d o ttulo de sua obra, Peirano traz uma resposta ao artigo

Contra a etnografia, publicado por um antroplogo australiano, Thomas, que critica o


modelo atual cannico de antropologia e sugere um revigoramento da antropologia
comparativa e uma reformulao da escrita ps-etnogrfica. Peirano prope um resgate de
teorias, recorrendo principalmente a Malinowski, Evans-Pritchard e Radcliff-Brown,
sugerindo uma leitura destes tericos levando em considerao seu contexto histrico e
mostrando que os problemas levantados pelo australiano j haveriam sido trabalhados
anteriormente.
Peirano sugere que a essncia da antropologia esteja no confronto ou dilogo entre
teorias acadmicas e prticas nativas vivenciadas na pesquisa de campo, onde o etngrafo
convidado a repensar opinies j formadas de acordo com seu contexto histrico-social. No
existe antropologia neutra. Nesse sentido a autora ressalta o impacto da pesquisa sobre o
pesquisador, a renncia da pesquisa logo depois de seu incio, o que coloca dvidas sobre a
vocao, a converso religiosa de antroplogos que, depois da pesquisa, aderem a crenas
institucionalmente reconhecidas e, finalmente, verifica que h antroplogos que reconhecem
que as etnografias - mais que do que a teoria elaborada sobre as mesmas - so a verdadeira
herana da antropologia, relembrando que as teorias etnogrficas, quando bem feitas, podem,
com o decorrer do tempo, serem revistas.
A antropologia no se reproduz por paradigmas estabelecidos, mas por determinada
maneira de se vincular teoria e pesquisa. A possibilidade de trazer uma nova noo social d
sentido etnografia.

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