Você está na página 1de 34
O NOVO PARADIGMA CIVILIZATORIO EO. CONCEITO CRISTAO DEPESSOA Introdsgio ser humm ¢ pessoa. Esta firms consi a melortrngn ‘ipela een woimuno cura occ. oconeile eeeaan BiG Fema ia ing DO ao Pessoa de fondamenalimponciaara deere ailoapesigten onde que deve set hitanizagte do serhumancr ica oma geal sta seme qo shone es Ges referan 8 mania Gu dena Skee eens st reocpert0o valorea dea da pesca haa De ance Af esi, a mania dodo erhmano evans denver, de dimenatos bea i pouon none ds stance en Ttrtnt, observe, be mo chamado mundo poe maderwa, 0 descvolvineto de una edn een ade ka pagans inert, sistema, global on bolic, citeaaviato ei pane or considors a inavidatista ental divs Sst Rees ‘posal supa nro dpe moteradals, oes an Atencia To cas a Nova tae de oxtas onenantes rine Conv, pois, repensar 0 conc de pessoa im de perches ielhot alé qe pots osu fendamcatoconinun seer vaiderrc dose bemcome parcomign poster unlacsianes ee uum onzdnte mas losalsantee uals gran longed ner sno ede rparaeetomice dost has coil acer eas cates hmanos com oieieaabicnts com Dees ait, neva das perpnts bes: princamente,cqne que gia, eepociainent a eloga querer quacte sians Spo sr una €pesoa! Ein sega hpar ser eo somen rato de pessoa no estaréultapassa send necsne case Por ooo mas adage vn olan Se er asa 116 Acne Para tentar responder, sumariamente, primeira questo, sex4 neces: sto langar ina pda olbada longa radia eclesial nau oconceity td pesbun surge eae desenvolve. Claro esti que no € possvel seguir aq, pe tm, velo hte a so do er amano co ese ita nos emis a aStnalar OmafCOS Mals SODTESSAINS. [Note-se hein que falameos do conceito de pessoa, pois as raizes profundas da wealidade do que 6 pessoa encontram-se na teologia bblice Ua salvagio eda criagio, Por isto, vamos nos FeMmOntar até essasrafzes (item 1). Lembraremos, a seguir, 0 camino percorido pela teologin patistica © meslieval na elaboracao 00 coneeito de pessoa item 2). O ‘paresimento da subjeividade moderna ¢ a reago,taria, da teologia (qhe a levou «assumir uma perspoctva htsrice Undue, sean abndo~ Nar por isso a dimensio onfoldgies, nos oeupars nos its 3e 4, Consta~ tareinos, depois, a nocossdade, na Igreja € na teologia. de continuar peteorrenda 9 camino da superacto dos esquemas dieotémicos (item 5). [Em resposta A segunda questi, focalizaremos alguns aspoctos éa ‘mudanga de paraligma que esta se desenvolvendo em alguns ambicntes Centifios, queestaria apontando parauma visio holistica do serlmaxo ‘da ealidage como ura odo (text 6) bem como as pistas desenvolvidas pela teologia contemporanea para estabelecer uma integragio fecunda {Entre as dimensdes da pessoa que se encontram.ema ensio (item 7). Nesa ‘Caminbiada para a integraga, a resposta a crise ambiental est se rev fando pariculanmente fecunda (tem 8). Finalmente, examinareincs, Criticamente, as chances existentes de didlogo entre 0 nove paradigms Civilizatério que parece delinear-se nesta conturbada transigSo para 0 ‘S6e. XXT ea visio de pessoa elaborada pela Ipreja Gem 9) ‘Concliremos reafirmando o valoratual do coneito cristo de pessoa precisamente para que a visdo holistica seja realmente abrangente e Integrada eno se consttua em nova forma de reducionismo antropols- ico, 1.0 fandamento biblico-cristio do conceito de pessoa Os diferentes escxitos que comple a Sagrada Biblia no focalizam nem Deus nein @ ser humano em si mcsinos considerados. O que infctessa no texto biblioo no 6 a definicao de quem seja Deus ou de ‘quem seja ser humano, A Sagrada Escritura prencopa-se em ressalar ew pedomtccia depae mn 8 rolapi, ou melhor, as relagdes existentes entre Deus © of seres hhumanos. Pois bem, tanto 0 encontro com o Deus salvader como relacao cum o Dens criador sto apresentados como experiéncias diald- teas. ‘Acompanhando a caminhada histcica de Israel, narrada e interpre- ‘ada pelasdiversoseseritos do Antigo Testamento,¢ teil constatar como © oferecimento da salvacio por parte de Yahweh se dé nium contexto ialégico de intctpelacao-tesposta. Ti a proposia de Yahweh e hi a ‘esposta ~ postiva ou negativa — do ser humano, Este 6 chamado a se ‘Soci pla sceitagodo dom de Deus, Pode também jit lo fechado ‘a sua aufo-sfietencia, © que constitu: igualmente uma forma de se ‘decidir. Racrescente-ce que a aeilagio comporta sempre o comipromis- ‘so ético com a prtica da justica e com a vivencia da misericordia e do amor efetvo (of. Is 1,10-20, 58,18... Fxzento uso de uma terminologia atl, pode-se afirmar que entre ‘Yahweh e seu povo deseavolvem-se relaghes de tipo pessoal. Retagoes 4quc, da parc do ser humano, comportam decisio e respoasabilidade, Este no se encontra dominado por uana forga ow por um desting Jmpessoal, mas éintespelado por wm Deus vivo, 6 chamado a assumit lama decislo responsivel perante © convite proposta deste Deas inceparaelment, face 3 interpelapao provements dos outros homens & "mutheres vistos como irmaos efrmas Se passamos da toologia da salvagio para a teologia da criag0 nos deparamos com a mesma constatarao: a relacdo entre 0 Deus eriador © © Ser humano, sua criatura, ¢ dialégica. Também a f¢ em Dens criador focaliza ohomem ca muller como seres de espostae, assim, respon- siveis. De fato, conforme o relato sacerdotal, 0 Ser humano ~ homem © ‘mulher ~ € exiado & imagem do Deus (ef. Gn 1,26s). Esta afirmaraoy Significant outras coisas, que a criaura humana 6 chamada a respon. ler i interpelagao do Deus eriador. O. ser human, também pala a twologia da criagio, & um ser de diloge". Na qualidade de iragem de Deas, 0 ser humano assume a vocacio de colaborador de Deus criador, administrando responsavelmente 0 mundo criado. ‘A narratva javista da criacao do homeme da mmlherressalta também ‘© caraterdiaogico-etacional proprio 00 Ser human, steno & ape iG LMEA MO pte Or ae rf cin 08 ene ee ene greene cron oe rama pom sere races oe ene a ee ee eee pepe ee Seen atest coe speciosa ees Ce ee ee Sees eee any SS erate ere meneame Sc ee sees eee eee See erat ee ane Senet eee, tree ata en eae one ee eee eyes sabre sega ne eee aoe see ee ela eee eee cath isin foment cree canes puede £ cope qe of a cia rset ee ee oe a kg ee Se cee es ser ne ars es aera ee os sre ae ee te ee fees tana gs open ee ee eee poucoptineypipamnorte eee Be rte rere eter) RIE ve am o cle quem realizao projeto de Deus sobre a humanizago do ser humano, Por iss0, Jesus Cristo ¢ proclamado e confessado, na f8,corioo homes por exceléncia, o modelo do hhumano, principio ¢ cahect da rove smanidade. Ele 60 Homem Novo, o Segundo Adio (el. Hf. 15; 1Cor 15.45..).0 Frimogénito (et. Rm 8,29), a verdadcica Imagem ds Dens (ol, 2Cor 4.4; C11.15-20..) Ora, em unio com Jesus Cristo eem conformnidade coms qualidade {de vida vivida por ele, oeristio toma-se uma “nova eratirs" (ef. 2Cor 5.17;G16,15..). Em que consste esta novidade de vida? De modo unite cesquemético, podemas responder: 4 vida nova caracteriza-se pela abettura © pelo acolhinenta da interetagio-tom de Deus, que eomporta viver un novo mc de ser Peneirado pela experiéneia do amor gratuito do Pai (ar), = experiéncia de Deus que leva consigo, inseparavelmente, um Drocesto de libertagio para a vivéncia da libcrdae, Conerizada to amor-serviga © na solidariedade face 2 interpelagae provenieate dag situagbes de injustiga, da marginalizago em que 03 outros se cncontians «do sofrimento nas suas varadas manifesta, no extreme apocto ds fechamento na propria subjetividade que se manifesta na dominayao ‘na negagio do outro bem como na superprotegdo & na omissi, 5, libertagao para o servigoe para a solidariedade vive se tanto no clominio das relagbes interpessoais quanto nas relapdes Soda, poll, ticas e econdmicas, ~ implica também o desenvolvimento de um relacionatrento sadio com 0 meio ambiente, capaz de articular & tilizagao responsdvel dee seus recurtos com uma aitude de respeto pela vida de eneantamenteg de agao de gragas pelo dom que este mundo represents = em conexio com estas relagies todas, o homem e a mulher novos vivem o verdadeiro encontro consigo préprios, fidelidade& pepe verdad, superando a tentagso da mealira¢ da auto-ilusio; — vida nova que fazcom que homem e mulher vivarn umaexisténcia comunitiria, impulsionads pelo Espirito (Pentecostes) de camunhi, ‘dotados dei “carisma proprio, dom desse mesmo Espirito, rservigg dda vivencia comunitatia (experiencia celesial), «sta novidade de vida, entretanto, desenvolve-s histrica ¢ dina ‘micamente: raa-se, em definitivo, de um processo de passagom da vida ‘velha” (fechamento na prdpria subjeividade) para a abertutaerescente vida “nova” (vivéneia dasrlagées bésicasanteriormente enn cracas) 7 80 Aone — vida nova, em processo dindinico comtando com a ambigidade incrente& nossa existencia hist6rica, aberta& plenitude da Promesse do ‘Deas da vida e do atpor, na expectativa do futuro de plenitude Jmpulsionar, hoje, para arealizagio de promessas, imitadas mas reais, de Paz, de Reconeilingao ete. ; — vida nova que implica na divinizacao do homem ¢ da males, io por uma exigencia Jo ser humano deles, mas por causa do dors, da ‘dQ amor de Deus que n0s trna filbosgragas a0 Espirit (ct. Rn 817, [Nesta descrigio da vida nova, aparecem ressaltadas tanto a dimersio ‘elacihal do serhumano quanto a suacapacidade de tomar decisBes com Iiberdade e responssbilidade, sempre num processo dinimico, [Note-se ainda que abertura eas relagbes vividas por Jesus Crisio~ algo semelhante deve ser afirmado da pessoa unida a ele ~ no ¢ leva, ‘a perce a prdptia identidade. Pelo contririo, na abertre dial6gie, no {colhimento hospitalero do out, n0 servigd que o promove, nasolida= ‘edade que transforma, na intima comunhio com oPai, que Jesus Cristo Sle mesmo, fel A propna verdade eidentiade. Resumindo, na ologia veterolestamentéria da salvaeto eda crcg0 «, sobretudo, na exist@ncia vivida por Jesus Cristo e pelo cristo a cle Unido, encontramos as raizes mais profundas, sadias ¢ com enccme ‘italidade, daquilo que, séculos depois de esttos os textos que compe 1 Biblia, serd conocido como pessoa. Pereeber o ser humano come ser fe decisao-resposta como ser dial6gico, ser de acolhimento-aberurs, onstul passe inn iaypontante para se avaliar adequadamen's © Sienficado que a frist atsibui a realidade da pessoa. 2, Tematizagio do conceito de pessoa [No timbito das dscussses trnitérias, encontra-s¢ a primeira labora ‘go do conceto de pessoa, Para 0 pensar filos6fico, Deus € coxcebido ‘smanciraimpessoal: Ele 60 primetroprinipio. O orginal monxteismo ‘ristio uum Deus: Pai, Filho ¢ Espirito Santo ~ era impensével para a | seins *C un En LP CEDUE pb GENE “O hme a ne per ns an azo filos6fica. A questio era inevitavel: como preservar a alizmagé da absoluta unicidade do principio divino acetando,simulaneamente, ‘a conlssao def crsti no Deus tina? O monarquianismo ("tmones tinico;“arché" principio) foi uma tentatva de resposta a esta perpunta Conforme aexplicaeao monarquianista, deve ser mantida atodo cust a afirmacao da absoluta unicidade do principio divino.E assim, Pai, Fiho- c Espirito Santo devem ser entendidos simplesmente comp modos de expresso ou de comunicario desse Ginico principio divino. O daico- principio, Deus, revelase as vezes como Pa, utras como Filho ¢outras ainda como Espirito Santo, Mas, rata-se sempre do tnico principio divino. Nao existe Trindade em Deus, mae apenas em r03540 4 nbs, ‘como modas diferentes de Ele se communica, Este € 0 contexto onde seri explicitado 0 conceito de pessoa, A palavra latina “persona” (pessoa) significava quer a méscara uilizada pelo artista no teatro quer orosto humano. “Présopon” é 0-semo grepo ‘equivalente. No dominio flos6fico, otermo “persona” foi utlizado pelos {ste paradesimars fangs pape quo serhaman desea ‘Tanto o termo latino “persona quanto 0 prego “préscpon” foram aplicados, no inicio da elaboracio da doutrina trinitéria, & Trindade Enlrciant, surg logo o perigo da compreensio modalista tratar-se-ia de fangSes, papéis ou simples modos de expressfo do “nico principio divine". “Persona” ¢ “présopon" pareciam apontar para algo exterior © acidental carente de base ontoldpiea endo para uma realidadeinratrint- tiria. "Persona" e “pr6sopon” se prestavam facilmente para uma inter pretago modalista. Tinham, contudo, © mésito de situar Pai, Filho € Espirito Santo no émmbito da ielagio. Pa evita este perigo da intespretaglo modalista, os tedlogos da poca patristica passaram a utilizar 0 termo grego “hypéstasis” (su porte), absndonando o termo “pr6sopon”. Pai Filho ¢ Espirito Santo Constitvem trés “hypéstasis” do tinico Deus, Nao sio realidades fparentes, nem meras fungSe, mas possuem uma consistencia real interna, Deus em si mesmo € Trindade. O Deus que se revelatrino na historia da salvagio (Trindade econdmica) & 0 mesmo Deus trina em simesino (Trindade imanents), SW KASUDR Jr i Sno Spee HD, Fa 6 252 A0.Rn En lim continou se titizado o temo "persona resbemlo, ont, um novo signifi: aquele propo do repo “hypanans Assi, oi, a pessoa, deseo into da sua concetoga, rene ¢ staan fmbito di relate, Nun segundo momen, val lesfest do-seofato de que nose tsa eum lagaoenttnsen acon, ‘nas de uma ealadeobjeiva substance, ou melhor, subsite Por oir lado, a necessidade de esclarecer o sentido geautno da confsso de fem Jens Crna, de macie ue fens sleagunseala tanto a realidad da congo humana quant a reaidae da songaa vind manda do nico sujet, levou a Patients oe ‘usa (tert add aim por-natra nea cso (ended cr atin emcee; pant Poser ee constatada @impereiao deste termo, por “subssenia?), ‘ima corn eo “persona reece i moss Deste modo, o conceit de pessoe, mediante wna complex eval 0, fo} enrquecende 9 seu sgnieado. Podomos rsumlo ssn & Besa pertence ao dowfioda elas, sm, mas tata sede uma ayo Subsite Dats as caractrsica do pensamentoflossfico predominant no mondo greg, nada tem de esanho ofa de que a enaioaae a ance de peso leven pea Patsca peatcologaa medio tea sido privilege una perpeetiva sttc, substan be ate s-histricn. sta visio parece carmente nas defngon lon Ae pessoa. Eo cao da dein de S: Bote: “Pesson€ a subancs Jindal da natura raional" (Persona ext aro ena ine shaban’, Aentua-se carder de independecine de atone proprio da pesson, ms ams prspectivneatiacn. Trniemantenee feta ext defn, substan porém, 0 temo “susan por “subsite A perspetivarelaconal da pessos fi melhor foalizadanadefinico ioposta por Rican de. Vit (eX "Eisai ncorani de ima natnezatncleeteat” nator itllectas castes Ton a ep. 060 OT paar ro pene sin pe 18 existent”). " A pessoa, conforme esta definigho,& tiniea e irepeve ‘nao pode ser permutada por outra. Mas, isto ni € entendide na dtiea de uma subjetividade fechada, antes, pelo contriro, a pessoa € to isso presisamente porque existe na relagio com outtas pessoas ¢ 4 partir delas (Yek-sisténcia"). Esta dimensio relacional Ua pesson € Fetoniada © aprofundada por Duns Eseato, a tal ponto que, pera cl, ‘pessoa resume-se na relacio com Deus, dado que 0 ser 6 visto como relacao transcendental. ” lim resumo: Nio é dif! pereeber, nesta répid apresentado da evolugio do concrito de pessoa, duas dimensOes bisicas constiativas faa realidate do ser pessoal: 0 scr-em-sie para-si ea abertura lage. la tinicac imepetivete,simultaneamente, esi aberta realidad tod, 20 ilititado do ser, precisamente pelo seu caréter de “subsisténcia espinitual™ 3.0 surgimento da subjetividace moderna so ne ert me pene eno eee ublermcmmetan aeemagene peoness ———— Menace eateries neg eoccagean manatee ioeaeenign pematetiniteee ae ro realidades sio referidas ao ser humano, a comogar pelo mundo da nattreza. Na qualidade de sujeto, o ser humano destaca-se dela a ‘ranicende, Fics, assim, invertida aelagio homem natureza, Esta deixa Se s2ra norma que o hous deve set Pelo contro, o homern € qc a medida dla, B, de flo, aciencia experimental vai tornando postive] © deminio do homem sobre a natureza. Bo homem quem impive norris ‘20 mundo da naturezae ndo 9 contrario, Concomitantemente a nature val perdendo o seu carder fascnante-sagrado, Incia-se 0 process0 de Secularizagéo. A rligio vai perdend a sua antiga fungao social, poi cigncia c 4 razo ilustrada explicam aquilo que antes c1a considered Drivativo do conbecimento religioso ¢teol6gieo. A stuacio de Deus na hatureza © na histria vai perdendo a transparéncia que tinha para os antiges ‘Tambéima verde passaréa ser vistaem fungi do sueito humano, considerado 0 verdadetto juiz da mesma. O racionalismo modeeno ¢ txitcoe oético em relagao a toda autoridade eadicionale a td tipo de ddoginas. A crftica histériea conslata 9 oondlicionamento hist6rico Jas ‘verdes tis, no passado, como etemas e absoluas, Com verdadeio, & aceito unicamente aquilo que pode ser comprovatlo © que convenes pelo sex canted. ‘A subjetividade moderna comporta também uma consciéncia viva do sentido histérco da existéneia humana. A hist € consietada tao ‘mais com algo dado a ser aceito,resignada epassivamente, mas come ‘uma realidad que deve ser feta pelo prdprio home. A modernidade, v0 xr humano de maneira dindmica, evolutivaehistien, ser humano descobre-te sujeito nfo apenas face. a0 mundo da ‘natu:za, urn mundo a ser dominad pelo instrumental cienifico-tSeni- 0, mas também em relacio 20s outros sujeitos. A independéncia, a futonomia © 4 liberdade. do sujelto san fortemente portals pela ‘modemidad. " E, como bem conhecido, esta defesa da autonomis do individuo tom derivado frequentemente para o individulismo, da mcs ‘ma maneira que a defesa unilatoral da iberdade individual teve como {tuto o liberalism, rata-e, 6 fil consatar, de uma subjetividade que Pouco valoriza as relages inter-humamas no projeto de manag ‘Que abandons as relagdes macro-sociais& let do mas forte can iti a ets on rn nc ane A oe prac eens as E verdade que K. Mar, erico perspicaz da coisificagio do traba- Ihador pela engrenagem produtiva, defendeu © valor a dignidade do sujet humano trabalhador, mas, na prética, 0 sujeto pessoal acabou ‘ieando prisioneiro, no chanado socialisma real, das relagbes de prods ‘so, referido eabsorvido pelo conjunto das relagdes socials, econdmicas © politica. ‘A modernidade, tanto na vertente liberal quanto naquela martsta, temtiticadoe deixadode lado a maneiraclissicae medieval entender ‘pessoa. Nao foi nada facil para a tzologiaabrir-se a umn didlogo com a nova subjtividade. As tesisténcias, no interior da lgrea, foram fortes © persistentes. A passagem do canceto de pessoa do dominio ontoldgico para 0 campo da consciacia pareria, ane tos, urna volaizaSo ot fesvaziamento da realidace da pessoa. depois de um longo tempo de. fechamento face s nova visbes da pessoa, ¢ que 0 seu caraterhistrico, © dindmico passou a ser valorizado a telogia, sem perder, com isso, a ‘dimensio ontoldgica. A fenomenologia, especialmente, tem apresentado tama ria série de dados que fundamentam essa perspectiva histico-di- ‘nmi, Também a filosofia personalista tem cantrbuido no aprofunda mento das earacteristicas proprias do ser pessoal 4.0 conceito de pessoa na teologia pré-conciliar Partino da conceituaeo da pessoa feta pela Patritica e pela teolo- sia medieval elevando também em consderagio as consibuigbes mo ‘demas da fenomenologia e do personalismo, a teologi, ja ames do Coneitio Vaticano I, deserevia a pessoa focalizando, sobretudo, 23 ‘dimensbes de inttiorizagao e de absrtura”. A seguir, um resumo desta eserigao: ‘A. ~ Enfatizava-se, em conformidade com a tradigio eclesial, a dtimensio de interiorizazdo ou imanéncia. sto quer dizer, smplesmente, ‘que a pessoa estéorientada para cla mesma, que ela deve esta cenrada ‘ela mesma, Especficando um pouco mais 0 contetido desta dimensao, {importa sublinhar: 13.ema dn nana UASESY ohn Pre San ree xh EM SEDAN Fes pm wt Nl i ea 236 rere 2 0 pts Scam spina i a ie renner een gn Eat goin stents aceon oe eee taste Pentima a tpt Ma The tena es fees ee eit ce ets mem mam Tenuta 9 poms a como rd sae is en ee = Sheaticste ge tient we eatin elec a Srodb ar ie wien Suerte sae ce tere eae iene mage teat segue amen Grapes than ep cel nes gE Sa es eer Sah air sien ee See ecm ee ee re tet ad pn pm eta an Sta ca fe re ee eee Ae 1. Bd tee capa mtg cnc eri eg cman ee aprons ne ris eee gence eect er eee ee pa apap as es ran 1nd mtr li tap ml te phate ie taremneomoren ‘Ser cu etna imeem sora denim aan on ‘Mental desse mundo (dom do amor do Deus da vida). * ‘Siete naman ane ee a mae es esis mans WAR tC oo ae Soa », - as outras pessoas. A pessoa ralia-se no dilogo, no encontro Jter-humano, A pessoa ¢chatradaasait-ela-meema no acothment accitagdo da outra pessoa respeitada ¢ Valoizada como outra, como diferente, Esta abertara-aceitagao do outro como outro est implicaana afirmasdo do cardtr nico e iepetivel de cada pessoa. E una conse ‘jiéncia da aceitagéo da realidade da autoinaidade como dimensto ‘bisica da pessoa, chamada a viver de maneira propria ose ser pessoal (woeagto pessoal. ~ 4 Deus: a abertura mais fundamental da pessoa, onforme a visto do ser humano propria da Sagrada Eseritra Jé assinalamos acima gue 8 telagdo entre o Deus da revelagdo bibliea eo see aman & sempre dialigiea. O ser himano échamado aso abei A ntepelagdo propos de Deus. Esta relagio dialégieg 56 possfvet quando se tat de um Deus com caracteristcas pessoais™ Bo ser humato, aksinalamos igua mente, Possul a possibilidade real de decidir-se pela scetagao do dom de Deus, omo também a possiblidads de se fechar © de tejitar 0 amor d'Ele Isto 86 pode ser bem compreendido quando nos deparamos. com «stupenda afitmagao bli de que Deus é Agape (amor gratuit). Amor ‘que nao seimpoe peta forea, que nfo violentaninguém. precisamente Porque se ratada aerturaaum Deus-Agape, sua aceitag €inseparavel 4a viveneiado amor-servigo, da solidriedade conereta, do comipromisso on a justia e com a snstaragao de novas relagbes com 0. meio ambiente. sta deserigto das dimens6es de intrivizagdoe aberture, contudo, ao constitu © ncleo timo da pessoa, Trata-se de caracteristicas bisicas da pessoa outras podem igualmente ser enumeraas tas como a corporeidade e a espiritualidae, a razZo eo afeto ete. mas estas se revela quando emerge osujeito possuidordessas dimensbes ‘ou caracteristicas. E 0 sujito concreto,oeu", 0 “tu”, com uin nome Aeterminado, qugm possui ¢ vive de maneira dindmica e histGrica essay dimensoes™ a pte nari bese Attar s bw cea penis we CaRiSEt a poroartna ee Sn mH a Acct 5. As dimensdes da pessoa: ruptura dicotdaiea ou mitua implicagio: Como se articulam as dimensbes de interiorizagdo e de abertra anteriormente desenitas? E como se relacionam a razio o afeto, © {individual eo social bem como as outras dimensdese aspectos em tensio bipolar proprios da pessoa? Para responder a estas perguntas, €necessa- riofocalizar, previamente, como se temresolvido ans existente entre «spirtualidadee conporeidadc otras dua dimensoes bisicasda pesos. Iimpossvel analisar aqui a complexa histria da antropologia duals ‘Basta lembrar, sumariamente, como o dualismo entre alma e corpo levou, durante fongos séculos, a uma supervalorizagi do esplito em detiimiento do corpo, da razio as custas do afeto ee Reventemente 50 «dé em cortos ambienies una reversao dialtica: a corpareidade passa set valorizada em detrimenta do espe, 0 afeto as ustas da fardo e sssim por diante. A tensdo bipolar fot resolvida, emamas as modalida. ‘desde dualismo, saerificando um p6loem nome da valorizagao do out, ‘A conseqliéncia ‘em sido oempobrecimento da complexidade do numa: ‘no eda vida erst. Acrescente-se que as tentativas recente feilas para valorizar ox dos plas em tensto, realizadas ainda no interior da sige ‘modelo antropoligico que desenvolve uma ruptura entre os dimensier, 56 em conseguidoestabelecer uma justaposigao eséril entre elas.” Aplicando esta mentalidade dicatémice a tensto-relagio entre inte- riorizagao © abertura € facil perceber quais tém silo a conseqiencis, Ora se-tem privileyiado a interionizagao em detrimento da abertura, procurando a pessoa, primeiramente, ser cla mest, autOnoma, inde: pendent, livre ete, para depois abrr-se Tecundamente aos outs, 20 ‘mundo e a Deus. Ora valoriza-se, espocialmente nos dias de hoje, relardo com os outros, a abertura, enconto, as reunices, a conversa, {em cetrimento do sléncio interior edo enconteo convigo proprio. A met jsteposigio da intriorzacao e da abertra tampouco resolve a dicot, ‘mia, dado que a elagdo permanece extrnsece ¢infecunda. Bastam estas breves consideragGes para que aparega claramente a lurgente nscessidade da superagao da mentalidade dualisa subjacent aricolagdes das dimenstes da pessoa que se entontram em (en mopman pen 289 bipolar. Esta superago faz tempo que est se prosessando, 10 ibito ‘colic. E guarda uma certa analogia com a mudanga de yaradigmna «em curso no dmbito cientifioe, como conseqiéncia,naviso do mundo, «a sotiedade edo ser human. Como & sabido, Th. S. Kuhn, numa obra jé clissica, entende por paradigma cientifco “toda a constelagao de erengas, values, tcenigas ‘t,,pariadas pelos membros de uma comunidade determinada"” ¢ ‘queso utilizados para equacionare solucionar problemas "Neste nosso trabalho, o termo paradigma equivale a model expliea- ‘tivo, em sentido muito mais abrangent: tats aqui de paradigm que podemos chamar social, com seus valores, percepstet,prtins, Wie da sociedad, do ser nimano e do mundo, e dora sua maneira propria de ‘organiar-se a sociedade e de euftentar ¢ resolve os problemas. Neste sentido, pode-se falar de paradigma civilizatri. Todavia, anes de focalizamos este novo paradigma bem como 0 brocesso quc ext sendo segnido na coneretizago dea vsaointegrada dla pessoa, importa muito nfo esquecer que, na perspective cris, pestoa nao se encontra mame sitagao neuta xt ncaa pessoas situa de lo-salvago, antes mesmo de quale at ive A pessoa, toda pessoa, est erientada para o fochamento na prpriasubjtvidad, par a negacio do outro como outo, para a dominagtoe cisficagio do tro, paraadevastagao do meio ambiente e paraa falsificagto darelagio consigo proprio. E, antes de qualquer ato live. a pessoa, toda pesson, eat6 penetra do amor de Deus (gra) que toma possvel c impulsiona para aberura ao dom do amor de Deus, para a accitacao valoizagao ‘fo outro como outro, parauma elagSoresponsivel com omic anbicae © para o enconiro eonsigo propo na verdade © na sincerdade, O “existencial” da nio-salvagio e 0 “existencal” salvitico (K. Ranher) Solicitam a decisio da pessca para assumirno nivel consciente uma ou jutraorientagéo, Mas, note se bem, mesmo quando a pessoa escac 0 fechumento,continoa presente ¢ alvando nela 0 exstencal salviico 1, mesmo quando a pessoa opta pela abertura, continua alvanc nela a crintagao para 0 fechamento' (eoneupiscSncia). Ora, cnre as das ‘rientages, entre o “velho” e 0 “nave, entre graga e pecado, entre justia injstiga deve ser deseavolvidauina lag, nao de intpragao, "975 KUNA ae te ln SP ec A186 a whi 20 Aone mas de exclusdo. O que apresentamos, nos ites seguintes,arespeito da viséo inegrada da pessoa, n40 neya 2 realidade antropologica ca exis- {ncia do confltoe da luta no dominio das opcoes éticas. Emboraseja ‘verdad que, em Ghima andlise, também a negatividade pode ser apro veitada a servigo do amadurecimento da vida pessoal ¢ da existencia rit. 6. A mudanga de paradigma clentitico Ultimamente tem-sefaladoe escrito muito a respeito da necessidade do superar a visio mecanicista que tem norceado a eiéncia experimental partir de Descartes. Uma perspectivaintegrada, ecolégica ou holistica parece ser defendida cada ver mais por homens e rulheces acs mais ‘iversos campos da cultura, incluind cientistas. Trata-se de uma visio ‘que, os tltimos anos em conexdo com a cise ambiental, desenvnlve-se rapidamente, em escala mundial. E uma perspectiva que exzpola 0 ‘campo cientifico, com uma multiplicidade de tamifieag®es e de movi Imentos que fazem dela sua bandeira E que, certamente, repercute também sobre 0 conceito ctistio de pessoa, especialmente, sobre a ‘maneira de articular suas dimensdes ou aspectos em tensao.. Na realidade, rata-se de uma madanga iniciada jf nas primeiras ‘écadas do sée. XX, precisamente, no campo da isica dbserva F. Capra. Nao @ 0 caso de seguir aul os passos mais importantes da revlucto cientifica moderna. " Todavia, convémn lembrat a conkecidissima s- Lingo cartesiana entre “res cogitans” (a mente) ¢ "res extensa” (a smatéria).A primeira ¢valorizada em detsimento da segunda, reaiman- ‘do Descartes a antiga tradigao da antropologia dualista. O munde mate ‘al, omposto de objetos, €considerado como uma miguing, repdo por leis matematicas. Plantas.anzmais e também 0 corpo humano passarn 2 ser estudados como se fossem maquinas. Desenvolve-se, ass, uma visto mecanicista do universo e do ser humano. Visto que recebeu um sign ne Fong Fn pion ha ei pa ‘See pace es ‘mam pamnenne pen Sem ie eat spss ge pence pa a an eB ena fo Sees pe Eo ps van a ane ps me oedema 201 Sono funciona essa unaravihosa maquina jue €a natoreza,Fcous seen serio o amino quclvardas dominio manipulagio do'neioma ee {ris a8 éncias foram panatnameatepauindas pelo modalomeaniaen, (Certamente, também o estud da sociedad edo ser humene Este modelo mecanicsta, nos embea F. Capra comoga a set contes- tado i6 no séc. XIX, primeiramente com 0 estudo dos fenders ctro-magnétics, com a comprovacao da realidad da evelusie bang ica e com a formulagao das leis da termentinmica, Com te Mas é no infeio do sée. XX, com A. Einstein, que os alicerces da ‘ova fisia io colocads. Sio cles: atcotladarelaividadeconeoniee ‘mudangas a compreensio da tempo e do espago, en wot alan As pesquisas sobre os fendmenos atomioas e subatfinicos levarem ‘desconcertante constatuedo da inaplicabildade nesse nivel dia han tare tetoniana, Com efit, na visio mecanicista, oto écommen dido a partir da investigagao das partes. O todo é divididos submnccn, £m puvles OU unidades cata vez menores, até chegar as eens fundameatais. Conhecidas as propriedades c a lis Tundamenak acs partes pass Ora, no desenvolvimento da chamada “teoria quética” verifcou-se aa, no nivel atmico ¢subatdmico, nao parece apliivel oeencin ge Pate, Neste nivel o que se percebe é uma rede ou tla de telstos S Inerconexdes. As chamadas pariculassubatomicas nio do Obfee os 2c 6c ‘fo esto isoladas, ms inter-relacionadas, frmando wm conjunto de ‘elagées, som existéncia independente. As relagBese interconexes va0 sbetituindo, na nova Gsiea, visio clisien do objeto ou Cosa em s Pensava-se, na visio mecanicista, que amatériacra compost deurma “substioeis material”. Ora a teoria da relatvidade moston que 0s clamados objtos slides que supostamente compunkam a reaidate fisica nada tna a ver om o que evidenciavam as pesquisa sobre os ‘tomas cam suas pasticulas em incessante movimento em forme do Injcleo. A massa éenerpia armazenada. As patculas subatomic a0 io “substincias materias”, mas propriamente feixes de energia™ Av Priclas consituem, “paves iteigados de energia nut contin processo dindmioo”. ‘A propelada objetividade cientfica entrou também em crise. Nao exist a indopendéncia do observadorhumano e do processo cgnasc- tivo em reagao as afimagSes cientfias. No nove modelo, ressaltase ‘Aimportincia daconscicia humana. processo mesmo de obsrvacio. A clara disingdo cafesiana enre mente © materia no existe, no nivel 4a fisica smica. Na reaidade, quando o ser humano fala solve a tatureza fea também dele proprio. Verificne una interconeio entse ‘ consci¢ncia humana a pesquisa cientiea. Nao existe eiénci neta ‘ou indepeniente dos valores do cient, mm resumo, sabe-s, pla teoria quintcs, que as particlassubato ‘micas no so arozinhosisolados de matéria mas interconexdes de uma ‘omplena rede edsmica que incl aconsci¢aciad yesuinaist hut, E sabemos, pela tori da relaividade, que essa rede € indica, ava, ‘em movimento continu, E assim, a meléfora da méquina nao ¢ mais indieada para deserevero universa Ese assemalba se muito mais a um {odo indivisivel, com uma muliplicidade de elementos inter slacions. aos." ‘A perspctiva sistémica apontana mesma drego. Com efit, a vida vista de maneiraintegrada edotada de propriedadesinterceacionadas, Mais em cnereto, 0 ser humano consti um sistema vivo. que to enconta relacionado estitaments com a comuunidade hamana, ‘ambym um sistema integrado com mpl interselagées,inseido, por sua vez, num outro sistema nalobantequetornapossivele vida, ou sea, 6 ecossistema que campreende a rica evaada rede de intrconexces ¢ interdependéncias entre os organismos ea matériainanimada, ™ Convém aqui chamar a tengo, com F-Capa, parao fit de que um Sintra 6 pode ser adequadamente avaliado na relag como todo "as _propriedadessistémica st desta quando um sistema &disecad, Tisca ou teoricamente, em elementos isolkdos.Ebota possamos dis emir pares Individuals em qualguer sitema, 4 natueza do todo 6 Sempre diferente da mera soma das suas partes Lentamente esta nova visto do univers i abrindo camino durante aqusetodo.o século X06. E uma visao que hoje eié senda eplicaa Sociedad, economia, bmedicina, apsicolngiaete, Bogue azo mesmo Fret, importa mato lar agi que, ta come 20 modelo imecanicisa, as extrapolagbes do campo fisico para outs setores do conhecimenio e da vida humana constituen una forte entapao, Claro esti que devem ser crticadas as extrapolagSes da fisca moderna mec. hicista. A reagio contra essas extrapolagées sfo justificadas, Mas, 0 problema reaparece quando se pretend furdamentar ou provar a visio holistica ou imegrada a partir da nova fsica Especialmente oportana é ‘critica feta por K. Wilder tentativa muito cara aos adeptos da Nova Era, incluindo F, Capra ~ de fundamentar a visio mistca do mundo na fisiea quintia: 0 petigo de redacionismo a0 dominio da fisica & aqui cevidente™ © valor humanizante ou desumanizante desta nova perspectivas6 0 tempo poders’ mostrar, De fato, contariando a sua intencionalidade profunda, a valorizagao atual do intitvo, da sintese, da globalidade, do 11,6. VILE." Shan SD, Qn sin Min a6 Acnate afetivo etc, estésendo apresentada, feqientemente, como superagao ¢ até como negagio da ractonalidade moderna. Percebe-se com facilidade ‘que, nesta autudes,existentes também no carnporeligioso est atuando ninda a velha tendéneia dicaténica da intropologia dualisia. Po isso, a nova visio $6 pode ser chamada, com propriedade, de holistica ou fecoldgica quando for capaz, de fato, de articular satsfatoriamente 2s simensées em tens 7.0 caminhar para a integracio das dimenses da pessoa. Conconitantemente,observa-se na reflexto teldgica um vast mo- vimento de superagao dos esquetnas dicotmicos e de desenvolvimento de una visto imtegrada do Ser humano. A seguir, sto apresentadas algumas dimensBes ou aspects da pessoa rm ens bipolar, que exo Sendo arculados de manera fecuna, no horizonte de uma perspeciva inteprada do ser humano. No nfvel do magistso da ge, a visto imegrads do ser human ¢ ressltada no Coneiho Vaticano I especialmente na GS, tf 14. A Aliereaga da velba antopologiaduaista, a vsdointesradadesenvolve uma relacao de complementaridade ene a dimensbes da pessoa em tens bipolar. Nao se nega a elidae ds dalidade (ou plraidae) dlineasoes nemo fat de que existe uma tensG0 real Com no se nega 4 necessidade expermentadafrequentemante de valoczat mais una 01 ‘uta dimensio,conforme as exigncias do momento histreo. Mas a ‘alorizagio ou scentuago expecta fits sempre na abertura rien ¢ {eomplementagao da oava cu ouasdimeasbes 0 que deve sercliminado éo muro divisor constuid peta antopo a para separar de meneiraireconclivel, as UmensSes em existe uma roptura insperavel, mas, elo coataio, Una intersclagbo direta que pode set entendida en termos de complement edad. Esta inteconesdo enrguece ambas as dimensbes em tnsto, tspinitualidad ecororedae,azioc afeto cic, ourelhor,emiquece bfodo gue pessoa humana, Pais naunidade da pessoa ue se resolve 2 tensao enue Uimensdes ese passa peresber ques opie cas @ exacerbada peo condcionamento cltual de tipo dasa. £0 sueto onotto pessoa, quem vive e sera numa ssesefecunda a testo, gue nio deve scr confundida com oposigio exclude. A dlidade fesolvese numa unidade abrangente nip num dualism eXcludente mpobsevetor da iqueza de dimensbes proprias da possoa ‘A seguir, sio assinalados, muito sucintamente alguns aspectos da ‘evisdo da realdade © do conceto de pessoa que esti sendo levada abo, no horizonte de uma perspectiva integra. = A relagio entre corporeidade e espiritualidade ¢ vista numa perspectivaintegraca, como assinalamos seima, E na umidade da pessoa {que se resolve a tensto entre corporeidade e espiritualidade, vistas ni ‘como partes, mas como dimensbes da pessoa humana concteta, Tanto a sdimensao de corporeidade quanto a dimensio de espiritualidade desig- ‘nam o ser amano na sua toxalidade, embora apontanda para aspectos tiversos dessa realidade unitria que & 3 pessoa, Nao existe um muto ou um fosso entre espritalidade e comporeidade, mas uma fatima inter re- igo. B convém repetir, a acentnagao do valor de urna ou de outta estas dlimensdes € legitima e necessiria, dependendo das crcunstancias, mas lrata-se de uma acentuagio ou de urna valorizagao abertas sempre. a ‘complementagdo da outra dimensd, " Existe uma intereonexdo entre 0 corpéirco €o espiritual, como bem tem comprovada a medicina psicos. 'b.-O amadurecimento da personaidade realiza-se na inter-elag «© mitua complementariedade da inteviorizapao e da abertura e io na Supervalorizagao de uma dimensao em detrimento da outra, Desenvol- verse, assim, uma pedagogia que sabe resolver a tensdo entre estas dus dimensées, deal maneira que a nteriorizagio leva auma maior abertta or sua vez, eniguece e aprofunda eidentidade da pessoa”. Una visio integrada da pessoa crienta, gualmente, para que» necessitia ‘uto-alinmagao pessoal que comporta uma ceria dose de competigto agressividade sejacomigida e complementada, de to, por uma aitade predominante de colaborasto, «©. ~ Comega também a ser superada a estéilruptura entre nae © ‘fete. Nem o drido racionalismo nem a desenvolvimento de uma afet vidade desnorteada, porque carente do discemimento da razio, tem possibilidade de resolver 0 desafio da humanizagao do ser humano. A tensdo entre razioeafetonio ébemresolvidaquando,em nome da raza, € deseuidada a afetividade ou vice-versa, Os eletor desumnizantes da aplicagio dessa dialética de exclusio slo bem conhecidos™ Ea pessoa sagt €!NGHRCA RUN Eman a Si. a 8.08 ied 236 Ac tis concreta, convém repetir quem artculae elaciona raza ¢ afet, conetados e complementares. E a pessoa quem, no seu processo de Amadurecimento da personalidade, vai sendo capa de vivenciar uma ‘a7do afetuosae uma afetividadeiluminada pelo discernimentoraciona ‘As consquénis pn aur para a pastor pero conju da vida eis so importantisianas. 4. Tratar da afotividade na sua ralagfo com a rao lava nos necessdede de superar outa dicotomin eno consciemeeoinconsctene A pessoa humana nio € 56 conscinciaracional e voluntiia. Emoto, Sentimento, fantasia fazem parte da pessoa. Como também os sonhos, toda ‘ica simbologiae os podzososimpusos do inconsciets. Cada ver sho ‘ais numerosos aueles que afimam ser neceséra a superagio da pers pectva racionaisa, pelo econhecimento ¢ aeitagao da impordncia da Energia vital que brota do inconsciente. E necessio, aqui também, buscar ‘ma elagaotecunda ene 9consciente eo inconscint {A dinmica do inconsciente nfo deve ser deixada de Indo quando s© quer viver uma vida pessoal sadia e integrada. Como nio deve ser Dassado por alto fato de que experiéncias do nosso passado, especial: mente da primeira infancia ~ sensagbes,conflitos, frustagbes, desejos ‘le. —ficam esquecida e podem ser reprimidas no inconsciene,pertur- Bando mais ou menos gravemente a vida da pestoa. A angistn,virios tipos: de somatizagdgs, a depressio - apontam para a existencia de vivéncia reprimidas™, Econvémacrescentarque adivisfo-ruptura ene tazio c afeto, entre conhecere experimenta, ene objeto e seit ete causadora de transtomes neurdtics. Alienam a pessoa dela mesma, dos outros sereshumanos do Deus da vida ‘Sabido é que as attudes da Igrejacatlic, particularmente da teal sia, em relacio & psicandise tém so bastante variada, indo desde a fejigdo total alé&aceitagentusianta Apesar do caminhojpercomio, falta muito ainda pra se coneretizarum dislogo feundo entre ateologia a psicanlise, a servigo da integragso da pess08" Sees ewes Seneca Nmap owt ce. — Esta perspectiva integrada constitui uma poderosa ajuda para. levaradiante 0 processo de superaeao do patriarelismo e do androven trismo, sem cai por isso n0 matriarcalismo. A rupluts-oposigaa entre set feminino eo Ser maseulino ¢ uma das principals causas da unidimen- Sionalidade da nossa sociedade bem como do empobrecimento da vida eclesial. A civilizagaio moderna, confirmando e aprofundando o patiar- calismo de civilizagdes anteriores, tem privilegido © conhecimento ‘acional, a luta compettva, a exploragio abusivado meio ambiente, 0 trabalho de andlise eve, em detrimento do conhesimento inwitivo, da colaboragae, da receptvidade, da contemplacio, da conservagao, da sinlese etc Istg tem provocado, como conseqiencia, um grave dese Ibo cultural. 0 principio masculino isolado do principio feminino Teva auma grave erse de cvilizagso. Furpentea area de inereeacio= nar fecundamente 0 ferinino ¢ © maseulino. Se cada see humana & onstituido, conforme afirma C. G. Jung, de um principio masculine © {de um principio ferinino, com predominancia de uma ou de outro, & rnecessirio que o homem saibaacetae valoriza componente feminino (que existe nel. S6 assim poders se elacionar de manetraenriquecedorn om a mulher real. S6 assim poders viver um lacionamento adulto ‘capaz de tespeitar€ de valorzaro ser feiminino da mulher, sem domina: ‘Go ou escravidio, superando a tenlagio de neger ooutro como out, A Inulher € chamada, por sua vez, a acetare valorzar 0 homem interior ue existe nea, como condigio paga um relacionamento sadio, allo © enrigueeedor com o homem real” Assim, a relapio homemtuulher, ‘vida na reciprocidade ena complementariedade que respeitae valoriza © outro como onto, € enrquecedora para o ser pessoal de ambos, par 1 Soviedade © para yyeja, Trata-e de uma caminbad dif, mas os primeiros passos ja estao sendo dados, especialmente devido ao empe- ro de mulheres, na sociedade ena Igeja, que pereebem a gravidade, a Iimportinica ea urgéncia dese entrentar este desato, 28 Acre {.— Uma visio integrada do ser humano leva avalorizara dimensio relacional propria da sexualidade humana, superando-se, assim, a dico- toma entre sexualidade e afeto. A sexualidade tem sido reduzida fre- fqceatemente A mera genitalidade, outo grave empobrecimento da vida dd pessta, homer ov mulher”, ‘5. Na vida especificamente crit a perspectiva integrada possibi- lit uma relagdo fecunda entre oragdo e compromisso sdcio-paltco, stperando, assim, a esteriizante ruptura entre estes dois aspectos da enistencia crit. A histria recente do Brasil € testemunha do quanto é Enpoliecedora da vida cris ~ e inseparavelmente da pessoa — esta ‘dicotomia: umaoragao desenvolvida, de maneiraalienada, em detrimen- te do compromisse s6cip-poitice ou, entio, um compromisso que desuida a vida de ofacact™ A visto integrada permite igualmente a Superagio da rupusia entre a abertura & plenitude da Promessa, dom de Deus, realizagao de promessaslimitadas e imperfeitas, mas reas, 0 Cceragio da ambigsidade alval. Permite, outrossim, veneer a dicotomia rire 0 dom de Deus (graga) © a resposta-compromisso da pessoa humana, entre o projeto de Deus © a hiberdade humana bem come a Tamentavel raptara entre (eologiae experiencia def. Sem a artculago viva com esta experincia, a eologia acaba tornando-se wma reflexao no ‘A tensio bipolar, em todos ests casos, no se resolve utilizando uma ialética de exclusto, mas na mediagao de una perspectiva que ressalta ‘a somplementariodade das afirmagoes em tensio fh. Conforme foi assinalado ao tratarmos do historico do conceito de pessoa a valorizago da pessoa fi defendida durante muitos séculs de rmaneira bastante absrata, desconectada das stuagdeshistnicas da vidareal ‘daspessoas, froentementemarginalizadas cimpedidas dedesenvolver sa ‘id pessoa, Esta visao abslrata,heranga do pensar domiane no mundo rego, foi ume tenlapio consiante para ateologia cris, durante toda a ‘igencia do modelo de Ieeja conhecido como Cristandad. ‘Onfluxo da modemiade com sua forte valorizagio da historicidade ‘em conexao com a tendéncia para a superacio dos esquemas dualistas, fez com que no magisério eelesial, na teologia e na pritica pastoral No gmc ss 20 cresoesse a conviogdo de que a dignidade da pessoa valoriza-se, acima fe do, no cotidiano, no conerelo das situagoes histéieas, com. os condicionamentos de todo tipo que afetam < vida das pessoas. ‘A preocuparao pela erianca, pela pessoidosa, pela mulher e pelo ‘homer marginalizados e empobrecidos tem levado ao descobrimento do quanto ¢ poderoso eesmagador o peso das insituighes e das estruta- ras, quando injustas, sobre a vida das pesscas concretas. Com 0 surgi- mento inevitavel da questo: como falar coerentemente sobre signidade da pessoa humana, quando se permite a permanéncia de um “status quo” injusto e discriminador? Que sentido pode tet a detesa apenas erica do valor sagrado da pessoa, quando se €omisso em relagao ‘estrnturas que oprimem o ser huano canto, impedindo-Ihe ou, «0 ‘menos obsiaculizando,o desenvovimento de uma vida pessoal? (Cada vez vaificando mais claro que © compromisso pela justica vem cexigdo pela defesa da dignidade da pessoa humana. A Doutrina Social ‘da Igreja vem peresbendo cada vez com maior clareza a importineia ‘esta relagao ene a justign eo valor da pessoa humana conereta™ A artculasaa ene o abstrato o cancreo, entre Leora prética bem como a valorizagao crescente do empenho pela defesa da pessoa concre- ta, quer no nivel individual quer no nivel das estruturas, constituem futros tantos desdobramentos Fecundos dc desenvolvimento de uma visio integrada do ser humano i. 0 individualismo na compreensio de pessoa humana € superado ‘quando se desenvolve coerentemente uma visa0 integrada do ser hurma- no, Ne penetragzo da individualismo, na vida e na reflexio erist3s, 0 inflxo ca moderidade tem sido considerdvel. Individualism tio eon lero a perspectiva antiga erst que valorizava ao fartementeainserga0 ‘da pessoa na vida comunitéria eclesial. Mesmo na paca medieval, predominava ums vido organiista darealidade como um odo ineluindo i existéneia humana, {A visio individualist da pessoa teve como conseqiiéacia a omisséo dos crisos face aos desafios do. mundo macro-social, que acabou cenlreque a lei do mais forte. O individualismo, unido a privatizacio da {, empobreceu gravemente a vida da pessoa e a existéncia eesti, 'Forgoso 6 reconhecer que a acusagio de individualismo levantada contra 1 BICOEBASTOSDEAUILA Fie Conn la aa 300 Aerie 8 visio crit da pesso tem algum fundamento. De fato, na tentativa de ‘esponder aos desafios do antropocentrismo modemo, ealogia proc. ‘ou essaltarna pessoa, nun primeiro momento, acapacidade de deeb, sla escolha lve iluninaa pela razao e pela fe Resgatou, asinn doe importantes do Antigo Testamento e do Nove Testumento sobre ser hhumano. Sé que esta preocupagaio ficou bastante limtade As rlagbes he sujto Consigo préprio e com 0s outos sujetos, no nivel do eelaeio ‘mento interpesson!. Esta acemuaio da importincia da liberdade, da ‘apacidade de decisto et. foi necessria para poder comiie a perspec, tivaexcessivamenteabstrata com que nha sido apresentada, no pasted, pessoa humana. Mas, situada ainda areflexao tcoldgica ho hovocate 4 visio dicotémiea do ser humano, nao foi eapaz de superar a entarss 4o individualismo e do subjetivismo privaizante. Como reago,surgiram 2s teologias do poltico, A teologiae apeixis sts foram “desprivatizadas™ eo mundo do macro-soeil paseos a {cuparo centro do interesse teol6gico, Em conenio com a perspecdva Politica, a préxiserista tem sido orientada para 0 Compromisce cong ‘sus da justigne na luta conta as estrus opressoras marginal. dora. As teologias da prxis tm procurado, aceitando a peoposta de Marx, priorizar nioa mera interpretagio da realidad, mas sua tons Formacao, Enovamente:nos deparamos como messno fentmeno, Nao héivida de que era necesséria a desprivatizago da fe, da teologia¢ da putes ‘ist, mas isto fol feito, em boa parte, em dettimentp ak relntes Besson pessoa, sendo descuidado o mundo da aftividade, Como ja tblinhamos acima, a valorizacao especial de uma ou outta dimensad ¢ regucntemente necessria, mas deriva facilmente pats wilatealianno {quando a visio antropologica subjacente est tinda marcada plo velho esqueniadicotdmico. A tensSo real entre o privado eo pablicn aeabase ‘esolveno na oped por um descuidando ou negando out. A tealoga da liberiagao, teologia certamente politica teologia da praxis, now Sempre oi capaz de evitar esse unilatraismo, Miaitos militants cristae, ‘no Brasil, tem sofrido as amargas conseqdneias desta tupluta entie politico o afetivo, entre a racionalidade politica e ay relapses alstivay Dessoa-pessoa, AA visio inteprada da pessoa esté ajudando, hoje, decisivamente, Roma ariculagio mais fecunda entre © pe ‘conipromisso s6cio-politicoe a vida afetive, Novas erent 301 8. A pessoa ea criseambiental Outro passo muito importante na explcitagao dariqueza de elagdes préprias da pessoa comera a se firmar com a resposia a0 desafio ‘ecolégico. Nem 0 personalismo teol6gico nem as tealogias poliicas & ‘da px tm prestado siciente atengioao relacionamento com o meio. ambiente. O personalismo, porque ficou enredado ainda numa perspec tiva privadae intimista. Eas teologias dahistorae da préxis porque nao. pereeberam claramente que o compromisso urgente Com a construgao- ‘de uma sociedade justae soldacia nfo deve ficar separado da revisio. profunda do relacionamento que a Civlizaio Industral tem mantdo, © ‘mantém ainda, com 6 meio ambiente. Acctise do meio ambiente é muito grave e nfo deve ser deixada sob- aresponsablidade apenas de representantes da tecnoburocracia, Nactse cologica, & a visio bisica subjacente a0 relacionamento entye 0 ser hhumano ¢ 0 meio ambiente que deve ser revisla em profundidade © superada.O significado da pessoa humana, evidentemente, est dre mente implicado neste desaio ‘A crise ambiental estéexigindo paraa sua superagio o desenvolvi- mento de novasrelagdes entre oserhumanoe anatureza, Novas elages que, por sua vez, postulam a adocio e 0 desenvolvimento da visio. iteggada do ser humano eda realidad, noseu conjunto, Pode-seaficmar que a crise ambiental esta ajudando na redescoberta da intima conexi0- existente entre os seres humanos e a mivreza. Convém explicitar 0 sentido desta redeseoberta, no contexto da exist Vimnos, no item 12 deste trabalho, como 2 origem dtima do conceito. de pessoa se encontma no Antigo Testamento, na teologia da salvacio

Você também pode gostar