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a Carlos de Meira Mattos RIBLIOTHECA DO EXERCITO (Casa do Bario de Loreto por FRANKLIN AMERICO DE MENEZES DORIA, Bario de Loreto, ‘Minisro da Guerra, e reorganizada pelo Generate Divisso VALENTIN BENICIO DA SILVA, ‘pelo Decreto n*1.748, de 26 de junho de 1937. Comandante do Exército Genera-de-Exéreito Gleuber Viera Deparamento de Ensino ¢ Pesquisa Gonera-de-Exército Gilberto Barbosa de Figueiredo Diretor de Assuntos Cuurais General-de-Divisto Synésio Scofano Femandes Diretor da Biblioteca do Exército Coronel de Engenharia Luiz Eugénio Duarte Peixoto Consetho Editorial Presidente 4) Coronel de Artlharia e Estado-Maior Luiz Paulo Macedo Carvalho Benemérito ¢ Coronel Professor Celso Jost Pres | Membros Efetivos | Embaixador Vasco Mariz Goneral-de-Diviso Ulises Lisboa Perazzo Lannes (General-de-Divisfo Carlos de Meira Mattos General-de-Brigada Aricldes de Moraes Motta Coronel de Ariiharia @ Etado-Mior Luiz de Alencar Araripe ‘Coronel de Anifharia e Estado-Maior Amerino Raposo Filho Coronel de Cavalariae Estado-Maior Nilson Vieira Ferreira de Mello Professor Doutor Amo Webling Professor Doutor José Arthur Alves da Cruz Rios Professor Douior Ricardo Vélez Rodriguez | Biblteca do exrcto praca Duque de Caxias, 25 ~ Ala Maco Diss ~ andar | 30221260 ~ io defn, I~ Bras | Tels 65021) 2519-5707 = Fan (3 021) 2519-5569 OG, 0000298365 Endereg Telegiico “BIBLEX™ Mal biblex@ismcom.be ‘Home-Page: hitp://www.bibliex.eb.br oat nar ea ee | | | Geopolitica no foi invengio de politi teoria positiva, Este caminho foi d Dimonstrazion’ Mathemati mental, Aplicando-o, 0 fil classica Novum O} fica das Ciéncias Soc ‘EOPOLIMCAE MOOERDADE mem. Platdo e Aristételes indicaram as vantagens e desvantagens das po pulagSes quando litoréneas ou interioranas, Bstrabso, na sua Geografia indica a posiglo geogréfica da iélia como ator importante para osucesso do Império Romano. Na Idade Média, surge a tentativa pré-cientifica do gesgrafo Jean Bodino de ordenacdo do pensamento geoeréfico-paltico, ~valorzando a relacao Estade-meio fisico, Contribuides valiosas ao enca- minhamento da reflexao normativa sobre esta correlacao dos dois fatores _acima referidos encontramos nas obras de Emmanuel Kant, Montesquieu € Hegel. Este dltimo, no seu livto Filosofia da Histéria, dedica um capitulo inteiro a "Base Geogréfica da Historia”. Nesse capftulo, Hegel desenvolve vasta eerudita apreciacéo sobre ainfluéncia da geografia na modelagso do homem politico e da sociedade politica. Napole’o Bonaparte, no apogeu de sua gléria, sentenciou:"A Geografiaindica odestino das nacies" {As opinides acima, que colhemos entre muitas outras tao conceltu- adas, vieram ordenando uma teflexo normativa sobre a relacao pol geografia, poscibilitando o surgimento, no campo das ciéncias, sucessi- vamente, da Geografia Humana (ou Antropogeografia), da Geografia Polt- ticae, finalmente, da Geopolitica © final do sécuto XIX e primeiras décadas do século XX marcaram 1 época do grande progresso nos estudos das ciéncias sociais eda ciéncia geogrética. No campo da Geografia, surgiram, na Alemanha, os livros “Antropogeogratia e Geografia Polltica, de Friedrich Ratzel © 2 obra pio- neira Geopolitica, de Rudolf Kjellen, esta jé transpassando a Geogrefia Politica, estética, panoramica, para um,cendtio vivo, movimentado, ectivo. Comparando, Ratzel disse que a Geografia Politica ere'como a fotografia, enquando a Geopolitica era a cinematografia. € 0 produto da teracdio dindimica dos trés fatores: Politica, Geografia e Histéria, condu- zindo a uma prospectiva dos acontecimentos do Estado. A Geopoltica teria que se desprender da érea das Ciéncias Geogrdficas e vir a ocupar 0 ‘seu lugar como um dos ramos da Ciéncia Politica Das obras pioneitas de Ratzel e Kjellen, ressaltamos alguns con- ceitos que se destacaram por sua projecdo no tempo, Ratzel, no seu livro 8 RAIZESOA GEOPOLITICA tathuc Potack ‘ one is do Crescimento Territorial dos Estados, angou as famosas “Sete Leis do Expansionismo’ que aqui teprodutimos 1 =0 espago dos Estados deve crescer com a sua cultura 2 O crescimento dos Estados apresenta outros sintomas de ex- pansto:idéias, intercimbio comercial, aividades missionérias. 3-0 crescimento do Estado manifesta-se pela adicio de navos estado, dentro do processo de amalgacso. 4~Alronteiraé 0 reo periérico do Estado e, como tal, prova do crescimento, da forga e das mudancas desse organismo. 5~Em seu crescimento,o Estado luta pela absorgao de dteas poll- ticamente valiosas: itoais, planicies, egies ricas em recursos, 6- O primeiro impulso de crescimento territorial chega a0 Estado primitivo de fora, de uma civilizagao superior. cimento teritorial de Estado para Estado e aumenta estate processo de transmiss3o (¢ camo um apetite que vem com ‘Osautoresalemaes formaram uma escola”. que no: ragdo homem-geografia consideraram a preponderdincia d Eréfico, por isto chamada, usualmente, de escola *determini siderarofator geogratico determinante no processo civilizl Reconhecida a autenticidade cientifica da nos primeiros anos do século XX as obras dos autores La Blache, Brunhes e Vallaux, todos de sub considerar6 fator geogréfico, na interagdo acima: que 0 fator politic. Criaram uma escola que p “possibilista",em contrapo sige’ escola alema."det Sem se embrenharem no campo te6rico, até hoje consultados como guias da pol Almirante norte-americano Alfred Thayer Poder Naval na Histéria 1890), e oinglésH cou Democratic ideals and Reality e Geo RAIZES DAGEOPOLITICA CGEOPOLITIAE MODERMIDADE ‘Sir Halo. Macknde,fplomataegeoplticn inglés, ‘autor do livro Geographical Pivot of History (1914), deurigem ‘achamada teria do Pode Terestre cop OLCAE MODERNDADE os Mahan e Mackinder ainda hoje so considerados inspiradores ‘espectivamente, da politica do Poder Marftimo e da politica do Poder os brit Continental, © inglés Mackinder, desejoso de alertaros pol para o perigo de vira se crlar no continente eurepeu um poderoso ‘dcleo poltt 1¢ ameacar o seu pais, formulou uma teoria de o que vie da na amalgacdo da massa continental européia Jer mundial, base vo de uma érea central, "rea piv6: A polarizago politica da mas- sa continental européla, constituindo um dnico poder, formaria 3 itha reas adjacentes, os “Crescente Interior € mundial", em torno da qual as iam que se submeter Estaria criado om Crescente Exterior do poder mundial dnico Esta concepcéo mackinderiana, sobre @ po: fe um Poder Mundial tendo como centro uma base continental yaa teoria anterior do Almirante Mahan, que concebera um Poder Mundial baseado no dominio dos mares, segundo olema “quem dominaros mares ibilidade de criagao dominaré o mund No p nflitos bélicos mundiais, nos vinte anos entre 1919 ¢ 1939, desenvol tre-guertas, que mediou entre os dois grandes fodo de vyeu-se um processo de refutagSo e progressiva desobediéncia do govern de Berlim ao Tratado de Paz de Versalhes Nese clima de inquietago e de frustragio da nag. ceuallideranga de Hitler, que prometendo restaurar a dignidade do povo germfnico seduziu-o elevou-o a provocar a Segunda Guerra Mundial Nesse perfodo, a Geopolitca ale atinglu grande prestigio no pats gragas as obras do General Karl von Haushole, professor da Univer- na, nas ‘idade de Munique. Haushofer criou na referida universidade o Instituto de Geopoltica, culos estudos empolgaram o espfritode Hitler e dos prin- cipais lideres do Partido Nazista, © imperialismo da Alemanha de Hitler buscou, nos estudos aca démicos do Instituto de Geopolitica de Munique, um endosso cientifice para as suas teses expansionistas. Isto gerou para a Geopolttica, no meio académico, um clima de desconfianga quanto 8 sua Ocidente, no 2 (Geer Protea ado Kr Haske, Dior dons ge Genptta de uncured enamine altri do Pocer Mal ode 942) autenticidade cientifica, Desconfianga injusta, pols seria o mesmOGUe! Mebon ili a ‘AIZES DAGEOPOLITICA ‘uerras da Coréia edo Vietna, no Tratado do Sudeste AS iniciativas de menor vulto, Sem serem geopoliticos, mas internacional mente os conhecimentos geopoliticosem seus e tos, Brzenske Kissinger vem inspirandoas e da conseqilente orientagio estratégica da estadunidense nestes ditimos anos A Unido Soviética da Guerra Fria p ‘Mackinder. Sua posicdo de poténcia rental, ambiciosa por um Poder Mundial outrina geopolitica do professor e di ‘Aameaca de um isolam dos mares pelo Ocidente demoi Gorshkov a criar uma doutrina nstalagio de bases navais 501 ‘comunista ou pré-Moscou. Hoje, entre os "grandes", VEVU UVES UU e UL rrerertrrcrrrerrrsrerses RAIZESOASEOPOUTICA AMo Sun 6 ‘BEOPOUIICAE MODERNIOADE ti fol. durante oséculoXX, a principal inspiradora da Estra liticas. Em termos da disputa pelopoder ‘mundial, assistimos a0 constante antagonismo entre as 0 tégia de Poder das superpoténcias pe fticas de Poder Terrestre inspiradas pelo inglés Mackinder (The Geographical Pivot of History, 1904) e ado Podet Marftimo, formalizada pelo norte-americano Almirante Mahan (The Influence of ea upon History, 1890) Dateo jentada no centro ia geopolitica do Poder Terrestre decorteua estratégla funda cleo central poder mundial situado na érea pi englobando os territérios da Alemanha, Polnia e Rissia), iradiando seu dor faixas litordneas da imensa massa eurasiatica (a grande Ilha Mundial), Dateoria geopolitica do poder marftimo, nasceu a estratégia base- ada no centro do poder mundial localizado no territério biocednico norte- ‘americano (enorme subcontinente debrugado sobre os dols maiores oce- anos do planeta) e dominio dos estreitos e passagens ocednicas. Mais. tarde, os norte-americanos Spykman George Kennan acrescentaram & inio em todas as direges rumo a0 mar, em busca da Incorporacio das, Visto gepaltica de Spykman, res do Rmland da urs, ‘envovendoo Herland de Macknder ¥ (GEOPOLITIOAE MODERMIOADE estratégia de Mahan a importdncia do dominio, também, das fringe areas, faixas costeiras da “Ilha Mundial” eurasiatica Os cingiienta anos de Guerra Fria viveram a disputa de poder entre 5 governos de Washington e Moscou, Iutando cada um pelo dominio mundial, inspirados na aplicacdo de sua estratégia ~ Washington, a de dominio dos mares e das éreas costeiras da massa continental eurasiana, Moscou, buscando a conquista de toda a Eurdsia, através da irradiagio do seu dom{nio a partir da érea piv6. A desagregacio da Unigo Soviética, apdsa queda do Muto de Berlim (1989), resultou no fim deste antagontsmo estratégico bilateral e fez sur- giros Estados Unidos como superpoténcia hegeménica, No futuro visivel poderdo vir contestar esta hegemonia de poder norte-americano a Chi- nae a Unido Européia, ‘A Federago Russa, nicleo de poder de Moscou que resisiu 20 proces- so de desagregaco da Unido Soviética, esté se reestruturando a fim de vira ocupar 0 set lugar no cenério estratégico mundial. Apbs dez anos de instabi- lidade politica e econémica, agora, sob a lideranga do Presidente Putin, a Federagio Russa anuncia sua nova estratégia: a criago de um centro de poder eurasiético. Isto implica, sem abandonara sua doutrina geopolitica de Poder Terrestre de Mackinder, a formulagao de uma nova estratégia que pre- tende deslocar a “érea piv6", predominantemente européia, para uma posi- fo mais a leste, abrangendo maior faixa de territ6rio centro-asiético, £ muito cedo para uma anélise mais profunda desta estratégia eurasidtica anunciada por Moscou. Entretanto, ela deve ter tido sua origem numa nova opgdo cultural da Rassia, pafs geograficamente eurasiético. O Imperador Pedro, o Grande, optou, no primeiro quarto do século XVIII, pela adogdo da cultura européia. Desde esta época a politica de Moscou tem sido de matiz essencialmente europeu. Ao que tudo indica, apés as refle- x6es revisionistas destes Giltimos dez anos, os russos, agora, desejam forta- lecer as suas rafzes asidticas, equilibrando os estimulos europeu e asiatico de seu territ6rio e de seu povo. Tratar-se-ia, portanto, de uma revisdo de foco cultural, com reflexos na estratégia da nagao. Ey formou pela interagdo dinémica de trés ra Geografia (espaco fisico), a Politica (apl governar) ea Hist6rla (experiéncia humana). — Neste capitulo vamos tratar da contrib tatriade. A mamos que a Geopolitica é um ramo da Obediente a este conceito var ‘Go geografico para o seu uso politica. Devemos consignar que 0 es tempos, ver sendo politicament tagdes artificiais implantados taneis ete, O8 progresses da toricamente, ao homem operat para vencer as dificuldades « do meio natural Na época em que o Ratzel, Rudolf Kiellen e final do século XIX e prim SES SSTTSIsSs TeV vevuuvouveeeereerrNNn GEQPOLITICAE MODERNIOADE sobre o qual assentaram seus pensamentos jé era beneficiado por instru- mentos e técnicas consideradas avangadas. Conhecia-se, [6,2 eletricida- de, a maquina a vapor propulsora da indiistria, as ferrovias eas comunica- ‘gOes com fio; a engenharia alcangara valiosos progressos, as técnicas de agricultura ea medicina tinham deixado de engatinhar Hoje, este espaco geogréfico, em queos instrumentos eas técnicas daquela época inspiraram os fundadores da Geopolitica, supervalorizou- seem termos de recursos arifciais, homem ativoda moderidadecon- —/ ta com 0 dominio do espace aéreo, do estratosférico e pesquisa osideral ‘Avi6es, misseis e satélites cruzam os espacos transportando pessoas, er genhos cientificos de observacao, equipamentos fotogréficos e, também, armas poderosas. A tecnologia eletr6nica eas comunicagdes permitem @ instantaneidade das mensagens sonoras e visuais, alcangando qualquer parte da Terra. A informatica, a Internet, dominam o campo da informagao mundial, utilizadas pela politica, comércio, operacées bancérias e fins vriltares- A urbanizaeao diseeminouse’é efiou imensos ndleos popu: lacionais superpovoados. Nao resta divida que 0 espaco artificial, assim cenriquecido, precisa ser reavaliado pela Geopolitica. Hé que se conside- rat, igualmente, na operacionalidade do homem moderno no espaco, @ vertiginosidade do fator tempo. Os transportes, as comunicagdes © @ informética reduziram drasticamente o tempo operativo.otempo-uso do instrumental colocado & disposigao do progresso. ‘Ao lado disso, o planeta tornou-se superpovoado, gerando novas preocupagées aos agentes politicos, tais como: a polulgao ea preserva: do do meio ambiente CO fato hist6rico esté sempre relacionado a dois fatores: espaco € tempo. 0 espaco geoerfico, na modernidade, como vimos, recebeu vari- ados artefatos artificials que facilltaram e facilitam a operacionalidade do homem-politico, entretanto, quanto a sua forma posigao, no mudou, -Mesmo a maioria do espaco politico territorial das nacionalidades |é for- madas na virada do século XIX para 0 XX (época em que a teoria Geo- politica foi formulada), como a Franca, Inglaterre,Itlia, Estados Unidos, 30 ee ee ee y ‘CONTRIBUIQKD DO FATOR GEDGRAFICO PARA AFORMULAGAD OAGEOPOLIICA China, Japao, Brasil, Argentina, Alemanha, pouco mudou,O ave mudou ‘enormemente foi o fator tempo, o fator do acontecer, ‘A quase instantaneidade da comunicagao da imagem € do soma qualquer quadrante da Terra, assim como o/gneuirtamento dréstico das distdncias pelos novos meios de transporte, volatizou 0 fator tempo Constatamos que a incidéncia sobre os anseios, habitos € cost ‘mes da sociedade, provocada pelos extraordindrios avangos tecnol6gicos, alterou muito mais 0 fator tempo do que o fator espago, Descartes i observara:"0 espago & conereto,¢ tempo no", O contexto fisicodoespa- 0, objeto da Geopolitica, continua inalterado, sua extens#o, forma ¢ po- sigSo inamoviveis, s6 que agora sio operacionalizados por agentes pollti- cos dispondo de instrumentos de progresso mais eficazes, Nos seus estudos sobre o espago na modernidade, o Gedgrato| ton Santos, da Universidade de Sao Paulo (USP), oferece-nos cone: bastante elucidatives que transcreveremos abaixo, “Encontramos no territ6rio, hoje, novos tecortes, alémd tegoria de regio e isso é um resultado da nova construgao: do novo funcionamento do tertitério, daquile que estou horizontalidades e verticalidades As horizontalidades serao os dominios da co lugares vizinhos ligados por uma continuidade tertitoi verticalidades seriam formadas por pontos distantes uns dos por todas as formas de processos sociais” *O territério hoje pode ser formado de I resem rede” Oconceito de "lugares em rede” seria tinuos ligados por fluxos eletrSnicos € i solidérios politicos, econémicos € técnicos:: Mais adiante, o Professor citado ex ramos chamar de controle politico do e POLTIONE MODERNIOADE "So 0s mesmos lugares, os mesmos pontos, mas contend slmul- taneamente funcionalizagves diferentes, quicé divergentes ou opostas, Esse acontecer simulténeo, tomado possivel gragas aos milagres da cién- cia, cia novas solidariedades: a possibilidade de um acontecersolidéri, ‘malgrado todas as formas de diferenca, entre pessoas, entre lugares, Na realidade, esse acontecer solidério se apresenta sob t@s formas no tert Xério atual: um acontecer homélogo, um acontecer complementar e um sees tc “No cass do SSID cerca eons SS a 4reas de produgao homéloga no campo ou da produso homéloga na ci de, 0 territério atual é marcado por um cotidiano compartido mediante ane ee Stroman Tse nese «aso, do uso da informacao que tende a se generalizar. Quanto ao aconte> see on ao contrério, de um cotidiano imposto de for. comandado por uma informagéo privilegiada, uma ea. acontecer homélogo ¢ no acontecer complementar, emoce domino de forasquestolocainente certs. enantone acontecer hierArquico o dominio é das forgas centrifugas. H4, sem diivida, um centripetismo, neste dltimo caso, mas é um centripetismo do outro. ta primera eseundahipstses, eos» pina dos fomas com relevancia das técnicas, 4 que estas, de mais em mais, produzem as formas utilizadas. No caso do acontecer hierérquico, temos a primazia das normas, nao mais com a relevancia da técnica, mas da Polftica. Afirma-se, cada vez mais, a dialética no territério e, ousaria dizer, a dialética do territério, j4 que 0 territ6rio usado ¢ humano, podendo, desse modo, comportar uma dialética. Essa dialética se afirma mediante um controle “local” da parcela “técnica” da produgao e um controle “remoto" da parcela politica da produgao. A parcels técnica da produgao permite queas cidades locais ou regionais tenham um certo controle sobre a por- so de territério que as rodeia. Este comando se basela na configuracéo técnica do territ6rio, na sua densidade técnica e também, de alguma for- ‘ma, na sua densidade funcional, que podemos igualmente chamar de 2 __ oe © & © © @ i ‘CONTRIBUIGRO DO FATOR GEOGRAFICOPARAA FORMULAGAO DA GEOPOLITICA densidade informacional. | localmente realizado sobre a parcela politica da producéo, 05, O resultado é fo qual um componente é a atual enorme sobilidade das pessoas: aquela maxima do direito romano “ubi pedis iby patria” (onde esto 0s pés af esté a pétria) hoje perde ou muda o seu sentido. Por isso, também o direito local e 0 direito internacional est80 se transformando, para reconhecer naqueles que nao nasceram num lugar cieito também de intervir na vida politica desse luger ‘Anova visdo da funcionalidade politica do territério, estudada pelo Professor Milton Santos, acima resumidas, a nosso ver reflete tendéncias bastante acentuadas produzidas pela influéncia da tecnologia no uso dos espagos,entretanto, nfo representam um compromisso do Estado Nacio principal atorda Polltica, ema elas se enquadrar cegamente, sem consid ‘os aspectos de alienago da identidade nacional que elas contém. qi Repetimes aqui o nossa conceito de Geopolitica,afim de ‘a seguir, o nosso pensamento: Figis a este conceito, ndo temes dividas em afitmar cientifico da Geopolitica nao foi sequer arranhado com: acréscimos recebidos no teritério pelos instrumentos da ‘gumas teorias particulares de seus fundadores e Ultrapassadas, entretanto, o fundamental, abase: ‘Se as caracteristicas do espago mudaram, especialistas no saber e arte de aplicar 0 ajustarem o seu conhecimento a esta nova Em livro recente, Critical Geopolitics, 0 ‘Tuathail, professor das universidades de ee ee (GEOPOLITIOAE MODERNIDADE propde-se a desqualificar a Geopolitica como ramo da Ciéncia Politica, apontando-a como uma miragem (a palavra inglesa que usa é ‘vertico”). Entretanto, este mesmo autor em quase toda sua obra mostra-se fiel a0 conceito de Geo-Power, que ele mesmo conceitua: “Geografia € Poder” Entdo, nao se trata de uma rejeigo A Geopolitica como ramo de conheci- mento, mas de uma rejeicao da palavra, ou talvez das teorias especfficas de alguns de seus autores. Em sintese, a Geopolitica continua viva e seu estudo indispensével a0 estadista e aos formuladores de Politica, | gicos, a serem empenhados ‘O Filésofo-polt interago Politica ¢ Poder e. CUA (BEQPOLITCAE MODERNIDADE homem moderno: vamos agora avaliar o que de novo oferece a préxis politica @ este homem equipado pela avancada tecnologia. exercido pelo Estado ou grupo de estados podero: Os tradicionais meios de protecao tertitorial dos estados sobera- nos mostram-se, hoje, incapazes de impedir esta invasdo de mensagens sonoras ¢ visuais, difundindo idéias, propaganda e operacées financei- ras de empresas multinacionais. Nao resta divida que esta interferéncia de fora, aque os terit6- rios nacionais estdo submetidos, representa um capitis diminutio = sua soberania. _deSoberania. Fala-se mesmo no surgimento, no mundo, de um novo “colonialismo tecnolégico” imposto pelos estados poderosos. Sobre este tema, o diplomata e famoso internacionalista norte- americano George Kennan, em entrevista concedida a revista Veja, em 10/12/97, perguntado sobre o que entendia por globalizaco proclamou “Nao vejo nada de novo que justifique o uso de palavras pomposas para descrevera presente situacZo intemacional, Sou favor dos aranjos regionais porque so os que realmente funciona.” Disse ainda Kennan: 0 préprlo pontifice do liberalismo, Milton Friedman, interrogado sobre substtuigdo do Estado-Nagdo por um mundo dirigido pelo merca- do, pela livre movimentacao do capital e do trabalho, respondeu: ‘nao acho que o Estado-Naggo esteja morto,e todas as tentativas paalivar-se do Estado-Nagdo tém sido um completo desastre’” 6 ‘CONTRIBUIGAODO FATOR POLITICO PARA AFORMULAGAO DA SEOPOLITICA © consagrado pensador patricio Miguel Reale, em um de seus dlti- mos livros, Pluralismo e Liberdade. reafirma o valor ea necessidade de se preservar 0 Poder Nacional nesta fase de reavaliagbes estratégicas que estamos vivendo. Vamos dar a palavra a0 Professor Reale ‘0 respeito aos valores universais no significa que, nas atuais conjunturas hist6ricas, seia possivel ou necessério resolver os problemas da sociedade. fora dos quadros nacionais. apelando-se para uma solidari- edade de classe superior as exigencias de coesdo interna de cada pov, O internacionalismo concebido em antitese as patrias é uma ilusdo perigo- sa, que s6 serve para enfraquecer certos estados, deixando-os & merce dos que se arvoram ideol6gicos do alardeado ideal de universalidade ‘Assim sendo, a renovagio do direito nao hé de se operar dédiva de uma ordem social superior aos estados nacionais, vist cada povo vive e constr6i o seudireito a seu modo, e é nes que reside a sua melhor garant'a.” = Percorremos algumas idéias e alguns autores conjuntura atual. Esta Politica € 0 agente mais ativo Geopolltica: Politica-Geografia-Historia. Concluimos que o pensamento politic tadistas e académicos modernos abriga as seguin ee -agdo de que a paz, harm mundial exige dos estados dade e compreensio, a fim de, ‘seus interesses coletivos espacial e tecnolégica; — reafirmacao do poder politico \inicoe indispensdvel dah Asoberania, direito impresci minar-se no campo interno e nas st cionalmente, resguardada por serve eveseeeTesevErVveVveoeeCeeoereee”Y””. CEOPOLITICAE MODERNIDADE larmente nas éreas de informagées e protesdo territorial. A invasdo territorial inevitével pela informagao de todo tipo ea rapidez dos transpor- tes modernos, encurtando drasticamenteas distancias, vém obrigando os estados a reverem os antigos critérios de zelo pela preservagio preventi vade sua soberania, Esta revisto vem refletida, particularmente, nos tex- tos das aliangas militares e pactos econdmicos fitmados @ partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Por exemplo, até o seu inicio, era considerado inadmissivel, em termos de elo soberano, exceto em situacdo de belige- rancia, um Estado permitir o estacionamento de tropa estrangeita, mes- mo aliada, em seu territério. Este zelo de avaliagao da soberania jé ndo existe, desde que aceito pelas partes soberanas em tratado. O mesmo acontece com 0 que dizia respeito a admitir comando estrangeiro as suas tropas, quando aliados. Este zelo era tao forte que durante a Primeira Grande Guerra (1914-18), tentado no decorrer dos quatro anos de contlito bélico, nao foi possivel estabelecer-se o comando tinico das forcas com- batentes, preferindo os aliados arcarem com os imensos prejufzos estra- tégicos que isto acarretou. Oapequenamento do planeta eo devassamento dos territérios tm feito crescer os ajustes entre os estados, em que a compreenstio das ne- cessidades conjunturais atuantes permite concess6es que néo firam a esséncia das soberanias nacionais pactuantes. Nestes ajustes internaci- onais deve ser mantido, sempre, o principio de consentimento soberano das partes. Dentro deste critério é possivel atender-se as alegadas necessida- des de preservacao ecolégica e de facilidades de tréfego fronteirigo, regu- lando-as por tratados internacionais ou multinacionais, sem lesdo & so- berania dos estados nacionais. Havendo consentimento nacional formal nao hd lesdo de soberania. Nos tiltimos dois séculos, a sociedade mundial esteve alicergada na figura do Estado-Nagéo, cujos suportes fundamentals foram o respeito 10s principios de soberania e de autodeterminacao dos povos. Toda juris- prudéncia do Direito Internacional, consolidada arduamente através do eee Se ae ‘CONTRIBUIGAO DO FATOR POLITICO PARA A FORMULAGAO DA GEOPOLITICA Ultimo século, entregue ao resguardo do Tribunal de Hala, consagra a legitimidade destes dois principiosbasilares. A estrutura politica do mundo esté baseada no reconhecimento da legitimidade destes dois principios (Os dois tratadios internacionais mais importantes dos siltimos cem anos. 0 ‘Tratado de Paz de Versalhes (1919) ea Carta de. Francisco (1945), funda- mentaram a obtengao da desejada paz e seguranga da sociedade mundial no respeito aos principios de soberania nacional e autodeterminagao dos povos. A violagao deles, como imposiggo da modernidade, ou da globalizagao como preferem outros, derruiré toda a estrutura que assegue Varios autores de renome - Mac Luhan (A Aldeia Toffler (As Mudangas do Poder), entre outros ~ vém clé certezas por que atravessa o mundo contemporaneo de transicao, O escritor francés Pascal Boniface, no Impuissance, destaca a principal caracteristica d tradigdes estratégicas que produz. Assim ele alin proliferagdo de reagrupar dos micronacionalismos; GEOPOUITICAE MODERNDADE ~~ apetuaainaleaaaaahemomng oeeelilg vimento dos meios de comunicacSo, mas 0 surgimento de zo- nas de sombra e de terrae incognita; curiosidade intelectual, mas aumento das vaidades restritivas; mas egofsmo sagrado; desejo agudo de compreender 0 mundo, mas simplificagdes abusivas Conelui, o autor francés, que estas contradigdes confundem as pes- soas, criam inevitéveis vacilagées de comportamento e influem no exer- cicio do poder pelo Estado. ‘Ogoverno da Franga publicou em 1994 0 Livre Blanche sur la Defense, da responsabilidade do entao Primeiro-Ministro Edouard Balladur e do Ministro da Defesa Francois Leotard. Este livro faz uma profunda andlise das novas ameagas que pairam sobre o Estado francés, em face das con- tradigGes, incertezas e vacilagGes geradas pelo fenémeno da transi¢ao. Depois de avaliar todos os perigos, conclui Livre Blanche: "A defeca de nassos interesses vitais esté ligada a sobrevivéncia da nagdo, nossa iden- tidade nacional deve ser preservada a qualquer custo.” Note-se que a avalanche mudancista levou, j4 em 1994, os estrategis- tas franceses a se preocuparem com a preservagao da identidade nacional. Também preocupado com 0 poder politico do Estado-Nagao neste perfodo de emergéncia de um mundo em transi¢ao, 0, politicélogo e soci- 6logo brasileiro Vamireh Chacon, Professor da Universidade de Brasilia, no seu livro Globalizagao e Estados Transnacionais, destaca a importan- cia que assumiu, nos nossos dias, a associagio Estado-Empresa na proje-

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