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Antonio Gramsci Aquisicao 2 — wes ot potati Lt Proved. oe oO as oe Cadernos Esto: carlos Neen Couto : do carcere Coeditores: Luiz Sérgio Henriques ¢ ‘Marco Aurélio Nogueira 0 Cadernos do cércere (6 vols) S ee os Maquiavel. Notas sobre o Estado e a politica © 1.Introdugio ao estudo da filosofia. A filosofia de Benedetto Croce 2. 0s intelectuais. © principio ed 3. Maq hat 4, Temas de cultura. Agao catélica. ‘Americanismo e b TRADUGAO DE fordismo Luiz Sérgio Henriques 5. Il Risorgimento italiano. Para uma histéria das clas- ‘Mareo Aurélio Nogueira ses subalterna Carlos Nelo Continho 6. Literatura. Folelore. Gramética ' Eseritos politicos (2 vols.) \ | 1, Escritos pol 1910-1920 i 2. Bscritos politicos 1921-1926 | cod cen 0) @ CAVILIZACAO BRASILEIRA | io de Jno 1401069065 | 2000 anna $1.0 catéter fundamental do Principe 0 de no ser um tratad Remético, mas um livco “vivo”, no qual a idcologia politica ea ciéncia politica fundemn-3e na forma dramatica do “mito”, Ente utopia ado escolistico, formas nas quais se configurava a ciéncla Gavel, este deu& sua concepsao a forma da fantasia ¢ da arte, “iio e racional personifica-se em um cor vrtaro, que representa plastica ¢ “antropomorficamente”o simbolo 4: *yontade caletiva". O processo de formagio de uma determinada syontade eoletva, pars um determinado fim pol es Veo através de investigacdes e classficacdes pedantes de eigrios de um método de ago, mas como qualidade fettico,deveres, necesidades de uma pessoa concretay 0 due poeem Movimento a fantasia artistic de quem se quer convencer ¢ d4 uma ses politicas. (Deve-se pesquisar, nos . existem textos config cipe ext ligado a este ‘0; depois de ter representado o condottiero —invor ro, conferindo-Ihe precisamente 0 Nos Prolegomeni de L. Russo, Maquiavel € cha ‘e,numa ocasifo, chega-se mesmo a €ncor titas no exatamente no sentido acima in de Maquiavel poderia ser estudado como ums exem ao hist6rica do “mito” soreliano, isto €, de uma ideologia ps sane eae ideal; mas o6 elementos pssionais, miticos, contidos em todo o pe- queno livro, com movimento dramatico de grande e i fee tomamsevivos na concuslo, na invocapso de um principe mente existente”. Em todo o pequeno volume, Maquiavel trata de co- amento & conduzido com rigor légico, com distancia- na conclusao, o préprio Maquiavel se faz povo, tio ¢ de uma poderosa organizagao 4 qual nada escapa, mostcam o J regime republicano como um bando de delinguentes, paralisam uma série de adversirios com a ameaga de desontéclos ¢ fazem com que alguns se tornem pai seeretos. A concepeio empirica que se pode extrair de toda a ati parlamentar republicano se dissolverd inelutavelm: ‘monstrum hist6rico-racional que nao corresponde as leis “naturai Etito de patria, € igualmente forte e, em determinados casos, jvelmente mais forte do que o sentimento religioso-catdlico, que de fo tem caracteristicas préprias. A formula pela qual “a religiao € questo privada” radicou-se como forma popular do conceito de racio entre Igreja e Estado. Além do mais, 0 conjunto de associa~ ‘que constituem a Agdo Catélica esté nas maos da aristocracia “0 padre é padi no altar, fora dele é um homem como qualquer tro” (na Sicilia: “Padres e sacristdos: se forem além da missa, corta- 5 suas méos”). A Acio Francesa, através da camada dirigente cat6- pensava poder dominar, no momento decisivo, todo 0 aparelho politica francesa, no Ihe reconhecendo “legalidade” hi racional (abstencionismo, etc:)e combatendo-a em bloco; 2) criar tim antigoverno, sempre pronto a instalar-se nos “palacios tradicionais” ‘com um golpe de mao: este antigoverno j se apresenta hojé com 4 todos 0s érgdos embriondrios, que correspondem as grandes ativida- i des nacionais. Jaxado em tempos normais, pode se tomar ‘Na realidade, abriram-se algumas brechas em todo esse se 0 futuro parece pleno de nnuvens tem- 1919, foram apresentadas algumas candidaturas, e Daudet foi riedade nacional, expressa no conceito de por milagre. Nas outras eleigdes, a Acio Francesa apoiou os ca absorvente na Franga, onde a crise nfo pode deixar tos de direita que aceitavam alguns de seus princfpios marginais (pare- 2c internacional e, ent, a Marselbesa € mi ce que esta atividade foi imposta a Maurras por seus colaboradores que os salmos penitencais. Em todo cato, também a esperanga ais especializados em politica real, o que demonstra que a unidade | Para sair do isolamento, foi projetada a publi | informativo, mas até agora ndo se fez nada scm a Revue Universe Charioa que cumprem it papal de divulgacao indireta entre o grande piblico). A dcida polémica com 4 10 Vaticano e a subseqtiente reorganizagao do clero e das associagées| 102 103 CADERNOS DO CARCERE capenno 12 Herriot: por isso, é preciso criar 0 tipo do “radi “popular”, é preciso aceitar sem reservas a repiiblica e a democra “onganizar neste terreno as massas camponesas, superando o dissfdio centre religido e politica, fazendo do padre nio s6 0 ual (no ‘campo individual-pri ianos depois de 1870, Hogenberg na Aler ios da luta dos patriotas por excesso de perfeicéo proprio Maurras precisamente no inicio da polémica com o Vaticano, {que coincidiu com a crise parlamentar francesa de 1925 (nao cesta ‘mente por acaso}. Quando os ministérios se sucediam ininterrupta- 9 mente, a Ago Francesa proclamou estar pronta para assumir o poder ‘eapareceu um artigo no qual se chegou a convidar Caillaux para cola~ 3 borar — Caillaux, para o qual se anunciava continuamente 0 pelotdo de fu é cenrijecida e § Fi i. Aafirmacio— repetida com freqiéncia por Jacques Bainvi us ensaios histéricos — de que o suftégio universal e o ple dido) e poderdo servir também a 1uo e abstratamente tolo: o sufragio universal ¢ o plebiscito séo neebidos como esquemas abstraidos das condigdes de tempo e de gar {97}. Deve-se notar: 1) que toda ratificagao dada pelo sufrégio versal e pelo plebiscito ocorreu depois que a classe fundamental se ia concentrado poderosamente no campo politico ou, mais ainda, 'éampo politico-militar, em torno de uma personalidade “cesaris- is de uma guerra que criow uma situagao de emer- idade da bistria francesa, exist de Maurras, do abstenci naturais “siderais” que regem a sociedade francesa, 20 marasmo, ao colapso, & abdicagdo no momento decisivo. No, rriomento decisivo, vé-se que as grandes massas de energia postas emf movimento pela crise ndo desdguam de modo algum nos reservat6rios fos artificialmente, mas seguem os camminhos realmente tragados pela politica real precedente, deslocam-se segundo os partidos que sempre estiveram ativos ou até mesmo nasceram como cogumelos no préprio terreno da crise. Era uma tolice crer que, em 1925, 0 regime republicano pudesse cair em decorréncia de uma crise parlamentar (0.4 smentarista leva a tais alucinagées monom versal foram determinadas pelas relagdes entre Pars ea provincia, seja, entre a cidade e o campo, entre as forgas urbanas ¢ as forgas {frégio universal, que deveria sempre dar razio & democracia radical no tenha despertado de seu estado de iluminacdo apocaliptica, bem buf Pais quis o suftégio universal em 1848, mas ele como de seu grupo, que se sentit isolado e teve de apelar para # Caillaux & Cia. ses Na concepcdo de Maurcas, existem muitos tragos semelhantes 0s de certas teorias formalmente catastrficas de determinado eco nnomieismo € para o campo politico e parlamentar de concepgdes nascidas no terre- Gs por suftégio univers f pode haver contflito entre “progeesso” e suftégios mas esta experién- 104 105 t CADERNOS 90 CARCERE caperno 13 § 38. Maurras ¢ 0 * lismio orginico” baseia-se no pi selecionado por “cooptagio” e: iste, € fruto de um profunde « Feapacidade de comando & ‘outras armas, forma ia formam-se especi njuntof portanto, é necess 1us elevados tenham exercido comands ria infancaria He serem capazes de organizar as destinados a to é, antes da evolusdo hist6rica, infaliveis mesmo que a longo pra- § ‘20 € mesmo que os acontecimentos imediatos “paregam” no thes dar | is da mecinica e da matematica aos fatos asf de um Estado-Maior amplo, ficaz, popular entre as tropas. co centralismo orgainico e as doutrinas de Maurras é evidente. A batalba da Jutléndia, Deve-se rever a descrigio da batalha da, Jutlandia, feita por Winston Churchill em suas memérias de guerra. Bla revela como o plano e a diresdo estratégica da batalha, tanto por como do alemio, esto em contradigéo com | §40. G. Gentile e. filosofia da politica. Cf. 0 artigo publicado f G, Gentile no Spectator de 3 de novembro de 1928 e republicado aglés centralizara “organicamente” a execugao do plano na capitani as unidades da frota deveriam, em cada oportunidade concreta, “es-, perar ordens”. © comando alemao, ao contrario, explicara a todos os, ie, portanto, foi a flo Todo Estado tem “duas filosofias”: a que Bema conssteem ver em que medida estas duas fiosois coincide, Bdivergem, estdo em contrast dade certaliberdade de manobra que as ciccunstancias poderiam ext sir. A frota alema comportou-se muito bem. A frota inglesa, a0 con-, trério, sofreu embaracos, correu muitos riscos, teve graves perdas ¢,4 apesar de sua superioridade, ndo pode obter resultados estratégicos positivos: num determinado momento, a capitania perdeu a comuni- cago com as unidades combatentes ¢ estas cometeram erros atrés defi erros. (Epicarmo Corbino escreveu um livro sobre a batalha da Jutlindia) [98]. § 39. Italo Chittaro, La capacita di comando, Casa Editrice De Alberti, Roma. Segundo umé resenha de V. Varanini na Fiera | Letteraria de 4 de novembro de 1928, parece que olivro de Chi contém afirmasées muito interessantes também para a ciéncia pol ca. Necessidade de estudos hist6ricos para a preparacao profissional dos oficiais. Para comandar, no basta o simples bom senso: este, se 108

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