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guinarias ¢ despoticas pelos republicanos liberais. Floriano poderia ser 0 herdi de um tipo de republica, a jacobina, mas no da Repiblica que 30s pouces se foi construindo ge de promogio desses candidatos a herdis resultou em pequena densidade histérica do 15 de novembro (uma pas- do fornecia terreno adequado para a germinaclo de mitos. +o de republicanos convictos, foi quase nula a partic: s se deram na escorregadia fronteira entre o he idatos a herdi ndo tinham, eles também, profun: im a estatura exigida para o papel. Nio perten paganda republicana, ativa desde 1870. Nem nhecidos como her6is militares. Sua participag3o na i €ra pouco conhecida antes da Republica. Herdis Oséro, Tamandaré. A promogio de Deodoro ¢ 2 foi posterior a sua participacdo na proclamagio <2 parte do processo de mitificacio das duas figuras. um herdi para a Reptiblica acabou tendo éxito onde nJo oimaginavam muitos dos participantes da proclamagio. Diante das dificul- dades em pr os protagonistas do dia 15, quem aos poucos se revelou capaz de atender as exigéncias da mitificac3o foi Tiradentes.* Nao que Tira- déntes fosse desconhecido des republicanos. Campos Sales tinha um retrato do inconfidente em seu escritério. Os clubes republicanos do Rio de Ja- neiro, de Minas Gerais e, em menor escala, de outras provincias vinham tentando, desde a década de 1870, resgatar sua memoria. Ja em 1866, quando presidente da provincia de Minas Gerais, Saldanha Marinho, futuro chefe do Partido Republicano no Rio, mandou erguer-lhe um monumento em Ouro Preto. Em 1881, houve no Rio de Janeiro a primeira celebragado do 21 de abril. Até mesmo em provincia distante como o Rio Grande do Sul. com tants candidatos proprios a herdis republicanos, foi apresentada em 1881 proposta de monumento, feita por jornal de Pelotas.* Mas os lideres desses clubes nZo ocupariam o primeiro plano no dia 15 de novembro. O presidente do Clube Tiradentes do Rio de Janeiro, Sampaio Ferraz, foi posto a par dos planos da revolta, mas teve papel secundario. Como veremos, ele encontraria problemas na promogao do culto a Tiradentes mesmo durante 0 periodo florianista. Quais foram, entio, as razBes da adogio de Tiradentes ¢ que conteddo teria sua figura de herdi? Em torno da personagem histérica de Tiradentes houve e continua ic guc strugao da mitologia. E certo ae afeta e condiciona o debate histori inscende tal debate, desenvolve-se dentro de um ean a 0s limites e os canones da historiografia, Pelo, pias so. O dominio do mito éo imagi menos da historiogss radiglo escrita e oral, na produclo artista, nog ntio que Se mat to mito pode dar-se contra a evidencia documenta), ee ote tar evidencias segundo mecanismos simbélicgs rio pode interpre poe ‘adram necessa te que nao se enquadram necessariamente na retorica dg ressa enquanto relevant nas en preocupagio com & construgao do mi grafico. Mas ela tra nig que extravas cinio que extravasa | de racine gratia praticada neste ca ‘o imaginal que lhe slo proprios € narrativa historica. Pouco se sabe sobre amembria de Tiradentes entre 0 povo de Minas Gerais eda cicade'do Rio de Janciro. Que devia exist tel Menta € dilicl nagar, Hié documentos di éyoca que testemunham o grande abalo causado entre a populacao da capitania ¢ da cidade do Rio pelo proceso dos réus e, particularmente, pela execucao de Tiradentes. O autor anénimo da Me- yoria do éxito que teve a conjuracto de Minas, por exemplo, testemunha ocular dos acontecimentos no Rio de Janeiro, refere-se constantemente 4 grande consternacdo dos habitantes da cidade. Obrigado a elogiar a rainha e sua justica, o autor usa 0 artificio de personificar a cidade para exprimir seus sentimentos pessoais. A ‘‘cidade”’, diz ele, nunca vira execugdo mais me- donha e de mais feia ostentacao. A noticia da condenacao 4 morte de onze réus, dada no dia 19 de abril de 1792, abalou ‘‘a cidade’’, que, “‘sem dis- crepar de seus deveres politicos (leia-se: de prestar lealdade a rainha), nio pdde esconder de todo a opressdo que sentia’’. Muitas familias retiraram-se para o campo, as ruas ficaram desertas, e “‘a consternacao parece que se pintava em todos os objetos’’. O anuncio do perdao de todos os réus, exceto Tiradentes, teve efeito oposto, mas nao menos forte: ‘‘a cidade sentiu-se em um instante aliviada do desusado peso que a oprimia’’. Encheram-se as Tuas, povoaram-se as janelas, ‘‘muitos e muitos ndo sustinham as 14- grimas’’.° g _Frei Raimundo de Penaforte, 0 confessor dos inconfidentes, fala no ’ indizivel concurso do povo’’ ao ato da execugao. ‘‘O povo foi inimero’* oe se ndo fossem as patrulhas militares, seria ele proprio esma; ae debaixo do peso de sua imensa massa. Tal concurso poderia ter sid ze ie pela curiosidade em relagao ao espeticulo do Ricca MasPeed! rte, testemunha insuspeita, poi ‘Li ie 2 ndo deixa dividas ee mouvacto pa a oa ee povo da infelicidade temporal do réu, que pare the wen eae © ofereceram voluntariamente esmolas ere de ee tet HA também o registro de que Joaquim Silverio he men inconfidentes, nao D Rio de reacts Reiss © traidor. dos 12, Tiradentes, R Francisco Andrade, estdtua, Rio de Janeiro. (Ver nota 32, p. 148.) ' | II, Omartirio de Tiradentes, Aurélio de Figueiredo, Museu Historico Nacional dH. Tiradentes, dleo, Décio Villares, Museu Mariano Procépio IV. Tiradentes esquartejado, Pedro Américo, Museu Mariano Procépio 98 V. A Icituradasentenca, » de Sd, Museu Histérico Nacional VI. Alferes Joaquim José da Silva Xavier, Jose Walsht Rodrigues, Museu Historico Nacional ee

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