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Colecgao Formagao Modular Automovel SISTEMAS DE IGNIGAO I CEPRA Centro de Formacéo Profissional da Reparacéo Automével LUNIAO EUROPEIA Fundo Social Europeu FCEPRA Referéncias CEPRA Coleceao, Titulo do Médulo Coordenagao Técnico-Pedagégica Direc¢ao Editorial Autor Maquetagem Propriedade Edigao 2.0 Depésito Legal Formagao Modular Automével Sistemas de Igni¢ao CEPRA - Centro de Formagao Profissional da Reparacao Automével Departamento Técnico Pedagégico CEPRA — Direcgao CEPRA ~ Desenvolvimento Curricular CEPRA — Nacleo de Apoio Grafico Instituto de Emprego e Formagao Profissional Av. José Malhoa, 11 - 1000 Lisboa Portugal, Lisboa, 2000/03/02 148446/00 © Copyright, 2000 Todos 08 direitos reservados IEFP. 9 Poteet fees oe “Produgéo apoiada pelo Programa Operacional Formacao Profissional e Emprego, cofinanciado pelo Estado Portugués, e pela Unio Europeia, através do FSE" “Ministério de Trabalho e da Solidariedade ~ Secretaria de Estado do Emprego e Formagao” Sistemas de Igni¢ao FCEPRA indice INDICE DOCUMENTOS DE ENTRADA OBJECTIVOS GERAIS E ESPECIFICOS DO MODULO PRE-REQUISITOS....... CORPO DO MODULO ~INTRODUGAO.. 4 -IGNICAO....... 1.1 -O MOTOR A GASOLINA E A NECESSIDADE DE IGNIGAO .....snsnnrnnnnnnnnnnne Tel 1.2- COMO SE PRODUZ A FAISCA.. 1.3 ELEMENTOS GERAIS DE UM SISTEMA DE E IGNIGAO. 1.4 - ESQUEMA BASICO PARA A PRODUGAO DA FAISCA .. 2- SISTEMAS DE IGNIGAO ....... 2.1 - SISTEMA DE IGNIGAO CONVENCIONAL (COM PLATINADOS) x... seve 22, 2.1.1 = COMPONENTES 22 2.1.2 ~ DISTRIBUIDOR E AVANGO — 245 2..3- FUNGAO E CONSTITUIQAO DO AVANGO AUTOMATICO wneunnnenn 2.49 2.2- FUNGAO E CONSTITUICAO DOS CABOS DE ALTA TENSAO ssstnseneee 2.22 2.3 - VELAS. een sere rors sense 224 2.3.4 ~ TIPOS DE VELAS a 226 2.3.2 - VELAS COM ELECTRODOS DE PLATINA 232 2.4 - PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE IGNIGAO F POR PLATINADOS2.33 34 3 - SISTEMA DE IGNIGAO COM AJUDA ELECTRONICA 3.1 - SISTEMA DE IGNIGAO ELECTRONICA COM PLATINADOS pena 3.1.1 ~ IGNIGOES DE DESCARGA DE CONDENSADOR. wn rsnnrne seems Bb 3.2- SISTEMAS DE IGNIGAO ELECTRONICA SEM PLATINADOS....... 34 3.2.1 - IGNIGOES DE DESCARGA DE CONDENSADOR. 38 3.2.2 ~ SISTEMA COM GERADOR DE EFEITO HALL. so 3.12 Sistemas de Ignigao FCEPRA indice 4 - SISTEMAS DE IGNIGAO SEM DISTRIBUIDOR 4.1 - SISTEMAS DE IGNIGAO ELECTRONICA INTEGRAL 44 4.2- SISTEMA DE IGNIGAO DE FAISCA PERDIDA 43 4.3 - SISTEMA DE IGNIGAO COM BOBINA INDEPENDENTE. connie 46 BIBLIOGRAFIA. DOCUMENTOS DE SAIDA POS-TESTE .. CORRIGENDA E TABELA DE COTAGAO DO POS-TESTE. ANEXOS EXERCICIOS PRATICOS . GUIA DE AVALIAGAO DOS EXERCICIOS PRATICOS. ‘Sistemas de lgnigao FCEPRA DOCUMENTOS DE ENTRADA FCEPRA Objectives Gerais e Especiticos do Médulo OBJECTIVOS GERAIS E ESPECIFICOS No final deste médulo, o formando deveré ser capaz de: OBJECTIVOS GERAIS DO MODULO 1, Identificar os diversos componentes constituintes do sistema de ignigéio 2. Efectuar a manutengdo e reparagao do sistema de ignicao OBJECTIVOS ESPECIFICOS 1, Identificar a fungao dos si temas de igni¢ao no automével 2. Identificar os componentes constituintes do sistema do sistema de ignigao 3. Distinguir uma bobina comum de uma bobina superpotente 4, Distinguir a resisténcia de balastro numa bobina comum 5, Identificar os componente constituintes do cistribuidor responséveis pelo avanca 6. Distinguir os componentes responsaveis pelo avango centrifugo do avango por vé- cuo 7. Distinguir velas quentes de velas frias segundo 0 tio de motor em que séo aplica- 8. Proceder a afinagao do ponto de ignigao 9. Identificar os componentes consttuintes do sistema de ignigo com platinados 10. Identificar os componentes constituintes do sistema de ignigao com ajuda electré- nica 11, Identificar os componentes constituintes do sistema de ignigao integral 42. Identificar os componentes constituintes do sistema de ignigao de faisca perdida 13. Identificar os componentes de ignigao com bobina independente Sistemas de Ignigéo EA SQCEPRA PRE-REQUISITOS Fit Oueicns Pré-Requisitos tmanauise? | | oemmnoraerice | | uaamise set) oe rena Otc COLECCAO ’RMACAO MODULAR AUTOMOVEL Eecticidade Btalca lcaacd peony om = Sistemas de Umnyted — ‘Sistemas de Carga femme, |] ORES || amt || SSE || meee | | rns Sistemas Sistemas de Lampadas, Farcis 6 — ‘Sistemas de Setreaieragto errs Feline novos as Corcagto sownmsr | [snummcrcone] | enaunmecass| | sams | [snensce ra) [swans roene eoSmns..| [oss | [rem | | sms | [ema] [ema SESE [oommercinene| |Sumrsnsrmre| |aatrescanes| | “sererse*| | sa DiagréatcomReps | | niaades Eloctrinicas] ‘Sistemas de injecgto | | Emissdes Potuentes e| en a ce — ‘aroun Scams | lets Sueno] | Rods ePos senasto | | semodetnea cnescanncatese| | notes detcinea| | runcenameniods | | Leaasstotapectea] | Teeter | | pcensonde carve a4 | Sees eee | ee sme, | | sae fearon [osm || ace een: =n momma || "Ses a2 || — £2 Sistemas de Igniga0 Tee Médulo em estudo [| FCEPRA CORPO DO MODULO FCEPRA Intcodugdo 0 - INTRODUCAO Mesmo que um motor tenha uma construgao perfeita, com os melhores materiais e tenha o melhor projecto, a perfeigao do seu funcionamento s6 pode ser alcangada se se cumprirem determinados pontos de sincronizacao entre alguns dos mecanismos que constituem 0 sistema. Este sincronismo, entre as quals se destaca a afinacao da distribuigdo @ a afinagao da ignigo, no so dificeis, mas requerem uma enorme preciso e cuidado se o que se pretende & conseguir um motor capaz de nos dar toda a sua poténcia. Para realizar correctamente a afinagao destes mecanismos é indispensavel um conhecimento apu- rado da forma de trabalhar de cada um dos elementos que 0 compSem, assim como das relagdes que mantém com 0 motor. E relativamente 20 segundo dos pontos vitais mencionados, a ignig&o que nos vamos dedicar. Atribuimos & expressdo “afinagao" 0 mais amplo significado, pois nao se trata apenas da simples sincronizago, mas explica com todo o pormenor, sempre do ponto de vista prético, a composigao los e mon- de cada um dos elementos que fazem parte do circuito de igni¢o, o modo de desmont té-los no motor do automével e a forma de verificar o seu correcto funcionamento através das com- provagées necessérias e especificas de cada caso. Actualmente, 0s circuitos de ignigdo para automéveis dotados de motores de explosao apresentam algumas variedades bastante diferenciadas conforme o sistema de ignicéo adoptado. Com efeito, a0 classico sistema de ignigao por distribuidor e bateria (que podemos considerar o sistema convencio- nal ou tradicional) associaram-se dispositivos de ignigéo muito eficazes, que utllizam processos electrénicos para levar a cabo 0 trabalho que Ihes é atribuido, pelo qual se conseguem excelentes e seguros resultados, ainda que o motor gire a um elevado regime au disponha de uma tensdo relati- vamente baixa no momento de arranque. No presente momento, atende-se a utilizagdo da electronica sendo a reparagao pouco possivel, a menos que se reprograme e rectifique toda a cartografia memorizada na unidade electrénica de co- mando A ideia de que nos fica é que nos dias que correm jé nao basta aferir e regular a posiggo do distribui- dor para afinar 0 ponto de ignigao do motor. ‘A electronica jé se apoderou de tal forma do automével que os problemas que nos levavam a visitar ‘© mecanico noutros tempos para a manuten¢o de platinados, cabos de velas, etc, hoje jé deixaram de ter sentido. Sistemas de Igniga0 04 “GICEPRA Introdugdio ‘A tecnologia evoluiu no sentido de libertar 0 motor a gasolina de todos os elementos com principios de funcionamento mecanicos de maneira que a fiabilidade de todo 0 aparato electrénico que rode © motor faz com que a sua manutengdo se faca entre periodos cada vez mais espacados. Nos tempos em que 0 uso de motores a gasolina estavam a dar os seus primeiros passos, toda a gestéo do motor, assim como a ignigdo, era feita mecanicamente, de tal forma que era o proprio condutor a regular 0 avango do ponto de igni¢ao manualmente através duma alavanca colocada no volante, & medida que o motor mudava o regime de funcionamento. Nos dias que correm, 0 condutor néo jé ndo tem de se preocupar com 0 funcionamento do motor, pois este jd ha muito que possui um papel independente, s6 dependendo do condutor através da po- sigdio do pedal do acelerador. Os avangos ou atrasos do ponto de ignigdo passaram das maos do condutor para um programa existente em meméria situada no interior da unidade electrénica de comando de modo que tanto a nivel da injeogo como a nivel da ignigo, o motor é cada vez mais uma unidade autonoma. 02 Sistemas de Igni¢ao FCEPRA Ignigdo 1-IGNICAO .1- O MOTOR A GASOLINA E A NECESSIDADE DE IGNIGAO x © motor a gasolina tem como misséo, produzir trabalho a partir da queima da mistura ar! combustivel. Mas para que se inicie o processo de combustao da mistura, & necessario fornecer-ihe energia. Essa energia vem na forma de uma faisca produzida pelo sistema de ignicéo. B. Vela de ignigio ©. Carburador E.Pistio Fig. 1.1 - Elementos fundamentas de um sistema de ignie4o De uma parte temos 0 carburador (C), encarregado de misturar a gasolina com ao ar, numa determi- nada proporeéo, para que o combustivel disponha de oxigénio necessario para a queima completa da gasolina. Quando esta mistura penetra na c4mara de combustao através da valvula de admissao (A) e se fe- cha esta valvula, 0 émbolo ou pistéo (E) ascende, comprimindo a mistura ar - gasolina existente na camara Neste momento, a cémara esta totalmente estanque nao havendo contacto com o exterior. No motor a gasolina , a ignigo produz-se por meio de uma faisca eléctrica de alta tenso que se faz saltar entre os eléctrodos da vela (B). Na figura 1.2 temos o momento em que se produz a combustéo da mistura, iniciada pela faisca eléc- trica da vela, ‘Sistemas de Ignigéo 14 FCEPRA Ignigéo Fig. 1.2 - No momento em a mistura ar-gasolina & comprimida, 6 in Namada gracas ao trabalho do sistema de ignicao Todos os sistemas de ignico eléctrica para motores a gasolina ndo sé satisfazem estas condigses como ainda, a nivel técnico, se mantém muito acima dos valores minimos que acabamos de definir. Consegue-se, com isso, maior seguranga do seu funcionamento e do funcionamento do moter. 4.2 - COMO SE PRODUZ A FAISCA Da combustdo de uma mistura de ar e gasolina nos cilindros de um motor a gasolina resulta a ener- gia necessdria para mover um automével O sistema de igni¢&o produz a faisca eléctrica que inflama a mistura. Cada cilindro possui uma vela provida de dois elementos metélicos — os eléctrodos — que penetram na cémara de combustdo do motor. Quando a corrente eléctrica é fornecida as velas a uma tensdo suficientemente elevada, salta atra- és do intervalo entre os eléctrodos sob a forma de uma faisca (arco eléctrico vence a distancia die- léctrica dos eléctrodos da vela de ignigao). A excepgdo das velas, os restantes componentes fornecem a electricidade as velas de cada cilindro ‘a. uma tensdo suficiente no momento preciso a que damos o nome de ponto de igni¢ao. Nao é facil a produgo da faisca entre os eléctrodos de uma vela. Quanto maior for 0 intervalo entre 08 eléctrodos, maior deverd ser a tensdo por forma a vencer a distancia dieléctrica entre os eléctro- dos. 12 Sistemas de Igni¢ao FCEPRA 4.3 - ELEMENTOS GERAIS DE UM SISTEMA DE IGNIGAO O resultado final que pretende qualquer sistema de ignigo 6, pois, o facto de proporcionar uma fais- ca entre os eléctrodos de uma vela que se encontra em contacto com a mistura na mesma cémara de combustéo. Para conseguir este objectivo, todos os sistemas de ignigdo utlizam processos eléctricos, electréni- cos ou piezoeléctricos, por meio dos quais se aproveitam diversos fenmenos préprios da corrente eléctrica para obter a modificagdo das caracteristicas da mesma e conseguir uma faisca, suficiente vigorosa para satisfazer 0 fim em vista. Tudo isso comporta uma série de dispositives ou elementos que se encontram distribuidos no motor. Fig. 1.3 - Aspecto da disposigdo da aparelhagem do sistema de ignigao Na figura 1.3 esto em destaque as principais pegas que intervém no circuito de ignicao. ‘Assim temos em 1, a bobina de ignigdo, que exerce a fungdo de elevar a tensdo para valores tais que permita o salto de arco eléctrico na vela. Em 2 temos 0 distribuidor e em 3 temos os cabos de alta tens, que conduzem a corrente de alta tensdo as velas (4), cuja fungao 6 produzir a faisca de inflamagdo da mistura. 1.4 - ESQUEMA BASICO PARA A PRODUGAO DA FAISCA ‘A melhor mangira de entender o funcionamento do sistema de ignigao comegar em primeiro lugar por estudar os sistemas mais antigos, ainda com platinados. Sistemas de Ignigdo 13 Ignigéo Sé desta forma se compreende o funcionamento dos sistemas modernos que funcionam ja com principios electrénicos e com um aparato tecnolégico signiticativo. eeu ete ISR, G 5 weet Fig. 1.4 A faisca estabelece-se numa das velas depois do platinado desi- {gar 0 circuito primario da bobina Fig. 1.5 — Esquema eléctrico de um sistema de ignigéo por platinados 14 Sistemas de Ignicao FCEPRA Ignigdio Pode ver-se a bateria que alimenta 0 circuito de ignigéo, o qual pode ser alimentado pelo alternador quando 0 motor se encontra em marcha. Sistemas de Ignigao ii FCEPRA Sistemas de Ignigao 2 SISTEMAS DE IGNIGAO As diferentes familias a que deram origem as investigagdes marcam a principal evolugao no ramo automével, desde a igni¢ao por platinados até a igni¢do integral totalmente gerida electronicamente. Inicialmente, podemos destacar o sistema (1) de ignigéo electromecdnica com ruptor de contactos, no qual um distribuidor se encarrega ao mesmo tempo de interromper a passagem da corrente pelo primario da bobina, por meio de contactos mecénicos (platinados), e de estabelecer os angulos de avango requeridos de acordo com a velocidade de rotagao do moter. ‘A fim de methorar a qualidade da faisca, introduziu-se a electrénica com as ignigdes electrénicas ‘com ruptor de contactos (2). A caracteristica fundamental destes equipamentos € a de obter faiscas muito mais vigorosas em qualquer regime de rotagao além de proteger o trabalho dos contactos para que estes trabalhem a menores intensidades de corrente e prolonguem assim os seus periodos de revisio e afinagao (regulago). A inovago mais importante da-se nas ignigdes electronicas sem contactos (3), mediante as quais 0 corte da passagem da corrente pelo primério da bobina se efectua sem desgaste, por processos magnétices, de modo que tanto o espaco da afinagao (regulagdo) como a correcgao do dispositivo 86 se efectuardo uma vez, permanecendo depois invaridveis. [Até este ponto verifica-se que os avangos de igniggo continuam dependentes do distribuider e quer © seus contrapesos centrifugos quer as membranas de avango por vacuo sofrem alteragdes. Os sistemas de ignigo integral (4) encarregam-se dos valores de avango por meio de um microcompu- tador que recebe o nome de unidade electronica de controlo (U.E.C.), a qual memoriza todos os es- tados possiveis de avango de acordo com a cartografia presente na meméria da unidade electronica de controlo. 0 ponto (5) representa o desenvolvimento total da ignigo integral. A unidade electronica de controlo encarrega-se nao s6 da ignigo com todos os seus elementos, desde os avangos @ prépria bobina de igni¢do, como esta preparada para ter a seu cargo outras fungées do motor tais como sistemas de injeogo de gasolina, os quais combina com 0 momento do salto da faisca para obter, deste modo, uma coordenagao entre a mistura (sua dosagem) eo momento do salto da faisca, Sistemas de lgnigo © 2.4 FCEPRA rancho ELecrRoMEcANicA Cow RUPTOR DE CoNTACTOS SE RAEOR) fn A) Sistemas de ignigao @ ele) pe . ro ; a | towcao evectnowica sew contacros ne cle] © [e] - comicho wrEcans 9) Loe} |e sanicko INTEGRAL 1 (qarReuEA) oa <) |@3|pnc] | ares = . ql . é 4 4 - Fig. 2.1 ~ Evolugdo dos sistemas de ignia0 "EL fee a+ 2.4 - SISTEMA DE IGNIGAO CONVENCIONAL (COM PLATINADOS) 2.1.1 - COMPONENTES O sistema de igni¢o convencional é constituido pelos seguintes 6rgaos: Bateria, (Fig. 2.2) que fornece energia eléctrica ao sistema. 22 Sistemas de Ignicdo Fig. 2.2 ~ Bateria FCEPRA Sistemas de lgnigao Interruptor ou chave de igni¢ao, (Fig. 2.3) que permite ligar ou desligar 0 sistema de igniggo da bateria, ligando ou desligando 0 moter. Fig. 2.3 Interruptor ou chave de ignigao A Bobina,(Fig. 2.4) transforma a corrente de baixa tensdo da bateria, geralmente 12 \V, em corrente de alta tensdo, 12000 V ou mais, para que se produza uma faisca in- tensa Fig. 2.4 ~ Bobina A bobina de igni¢ao é 0 elemento encarregado de transformar a elec- tricidade de baixa tenso em corrente de alta tenséo. Um dispositive eléctrico deste tipo 6 conhecido desde hé muito tempo. Na figura 2.5 temos uma bobina em corte para mostrar a disposi¢ao interna dos seus enrolamentos, Sobre um niicleo de ferro (3) encontra-se enrolado o chamado enrola- mento secundério (4), que consiste numa série de espiras de fio de cobre muito fino, de grossura inferior a de um cabelo (6 a 8 centési- mos de mm), com uma enorme quantidade de voltas que podem esta- belecer-se entre 10000 2 15000 espiras, todas elas isoladas entre si através de verniz isolador que envolve toda a superficie do condutor. Fig. 2.5 - Bobina em corte Sistemas de Ignigdo 23 A CEPRA Sistemas de Igniggo Sobre este enrolamento secundario, onde é gerada a alta tenso, encontra-se 0 enrolamento primé- rio (5), formado por um conjunto de espiras de um fio de cobre com secgao superior ao enrolamento secundério e com um total de 250 a 300 espiras. Este enrolamento é sujeito a tensao da bateria funcionamento da bobina estabelece-se do modo seguinte: um nticleo leminado de ferro para ga- ‘antir uma maior tensao no enrolamento secundério como se apresenta na figura 2.6, & rodeado por ‘um conjunto de espiras que constituem o enrolamento primario como se apresenta na figura 2.7, Fig. 2.6 — Nicleo de ferro da bobina Agora se fizermos passar uma corrente eléctrica por este enrolamento, poderd observar-se que se ccria um fluxo magnético através do niicleo, tudo semelhante @ um electroiman. O campo magnético gerado apresenta-se na figura 2.7. ‘Suponhamos que, sobre o enrolamento, nos dispomos a aplicar um novo enrolamento de fio com ‘secgdio mais reduzida, fazendo a montagem que nos mostra a figura 2.8. Quando pelo primeiro enrolamento fazemos passar corren- te eléctrica @ se produz o fluxo magnético que jé assinald- mos na figura 2.7 e se pudermos comprové-lo, veremos ‘como as linhas do campo magnético estariam obrigadas a cortar todas as espiras do enrolamento secundério. 0 fio de secgéio grande constitui o enrolamento primario € © fio de secgao menor gera a corrente de baixa intensidade e alta tenso constituindo assim o enrolamento secundério. O fenémeno que determina a criagao de uma corrente de alta tensdo no enrolamento secundério, apesar de partir de uma corrente de baixa tenso no primario, 0 fenémeno da Fig. 2.7 - Campo magnético gerado indugdo magnética. pela bobina 24 ‘Sistemas de Ignig¢ao |CEPRA Sistemas de Igni¢ao Fig. 2.8 - Fenémeno de indugao magnética na bobina de ignigo valor das correntes induzidas esta em relagdo com o nimero de espiras que corta (cruza) 0 fluxo magnético, gerado no enrolamento primario e aproveitado pelo enrolamento secundario, e também com o nimero de linhas de campo magnético, e as caracteristicas do nucleo de ferro. Qualquer variagao que se der na corrente que circular pelo enrolamento primério estabeleceré uma variagdo das linhas de campo e induzira, sobre as espiras do enrolamento secundério, uma corrente eléctrica induzida. O numero de espiras do secundério determinara a tensdo obtida, ou seja quanto maior for o numero de espiras do enrolamento secundério, maior serd a tenso obtida aos terminais do mesmo enrola- mento. Por outro lado, esta corrente serd tanto mais importante quanto mais brusco for 0 seu corte, poden- do atingir 0 seu maximo valor quando a interrupgdo da corrente do primério, e em sua consequéncia © fluxo magnético, passa de 0 ao maximo, quer dizer, de nenhuma linha magnética ao flux de que & capaz, em cujo momento a corrente obtida no secundério é de uma elevada tensdo devido & gran- de quantidade de espiras do seu enrolamento, Quando os contactos dos platinados estéo fechados, a corrente que passa pelo primério da bobina cria este campo magnético que se referiu, 0 qual varia bruscamente ao abrirem-se os seus contac- tos, E neste momento que se produz a corrente de alta tensao no enrolamento secundério, a qual € capaz de saltar entre os eléctrodos da vela de ignigao quando estes se encontram na densa cémara de combustao de um motor com a mistura comprimida. Sistemas de Ignica0 25 FCEPRA Sistemas de lgnigao © tempo de fecho dos platinados é o responsavel pela magnetizagao suficiente da bobina de modo que a faisca que salta nas velas seja intensa. Se 0 tempo, de fecho dos platinados, for demasiado curto, a bobina ndo teré tempo para se magne- tizar e portanto a faisca ira ser menos intensa causando deficiéncias de igniggo do combustivel e para solucionar esta sitvagao criaram-se outros tipos de bobinas como o exemplo as bobinas super potentes, BOBINAS SUPER-POTENTES ‘A bobina apresenta problemas quando o motor roda a altas rotagoes. E preciso assegurar por meio do interruptor um tempo minimo sufciente de abertura dos contactos (platinados) para que a indugdo possa produzir-se na bobina. Com efeito, quando a velocidade do veio do distribuidor é tal que o tempo que os contactos perma- necem abertos 6 muito breve, ndo se produz a rotura do circuito primdrio da bobina, embora se abram os contactos, e a faisca nao salta, como consequéncia da no indugao do secundério. Por outro lado, o numero de faiscas que uma bobina pode produzir nao é limitado. Pode estabelecer-se que as bobinas normais, usadas nos automéveis de série, suportam como ma- ximo de 8000 2 10000 faiscas por minuto. Fig. 2.9 - Bobina de ignigéo utlizada ‘em competicao Em motores a 4 tempos isto equivale a suportar com seguranca (especificamente em motores de 4 cilindros) até 6000 r.p.m. 26 Sistemas de lanigao FCEPRA Sistemas de lgnigao Quando 0 motor se aplica & competicao, ele excede largamente estes nimeros, é preciso substituir a bobina por outra capaz de produzir um maior numero maior de faiscas, Ata tenszo Kiowets CI Bobina de competigao 30 = + = =t 20} 1 [1 [ Boba ornare” ~ CT | 10 BE) o—“To0s 2600 Foo x00 F008 Goon R.PM, do motor Graf. 2.1 ~ Gréffco comparativo de tensdes obtidas com uma bobina normal e uma bobina superpotente de com- poticdo Nestas circunstancias, recorre-se montagem de sistemas de ignigao com duplo distribuidor onde é necessério usar duas bobinas, por forma a que a produgdo de faiscas fique mais repartida e seja mais eficiente o trabalho de ambas. Uma vez que se esteja seguro de que a bobina seré capaz de suportar 0 elevado regime de rotagéo do motor, conviré considerar se & necesséria a adopgao das chamadas bobinas superpotentes. 0 pior inimigo duma bobina € o calor. O calor afecta-a de um modo to especial que, quando ¢ in- tenso no seu interior, 0 isolador reduz de tal forma 0 seu poder isolante que se estabelecem peque- nas fugas eléctricas no enrolamento secundérro, até ao extrema de a faisca a saida da bobina ficar debilitada podendo chegar a sua anulagao. Este tipo de avaria manifesta-se somente quando a bonina aquece, voltando a funcionar convenien- temente no periodo de arrefecimento, Para evitar este inconveniente usam-se bobinas superpotentes, especial- mente indicadas para automéveis dotados de motores muito rotativos, @ que submetem a bobina a um intenso trabalho. Fig. 2.10 ~ Bobina de ignigéo superpotente com resistencia de balastro exterior Sistemas de Ignigao 27 FCEPRA Sistemas de lanigao As bobinas superpotentes sao dotadas duma resisténcia (também chamada de resisténcia de ba- lastro) montada em série com 0 enrolamento primério da bobina que faz com que a intensidade de corrente fique reduzida, reduzindo, consequentemente, o calor provocado no enrolamento priméiio e © sobreaquecimento da bobina, 10 " Nicleo de foro 1 Enrolamente primario Enrolamanto secundirio lnvéluero met 1 2 a 4. tsolador 5 leo Rl n 6 . Base soladora 7.Tampa i 4.8. Tomada de corrente de alta tenséo 4 5 9 Mota condutore 4 10. Bornes de baixa tensa 11. Pega de fixago 12, Parafuso de fxagso 13, Resietancia de balastro Fig. 2.11 - Bobina de ignigdo superpotente Fig. 2.12 - Bobina de ignigao com re- Em motores menos rotativos também é comum usarem-se bobinas com resisténcia de balastro. Quando 0 motor esté frio e se produz 0 accionamento do motor de arranque, a tenso geral da rede eléctrica do automével baixa consideravelmente, uma vez que 0 motor de arranque absorve muita corrente, restando menos energia para a restante instalagao eléctrica, E frequente que numa instalagdo eléctrica alimentada a 12 volts, a queda de tensao quando o motor de arranque funciona, deixe a instalagdo com 9 volts. Com esta alimentagao ¢ dificil que o sistema de ignigo com uma bobina vulgar funcione devida- mente, ainda com 0 aspecto importante do motor ter problemas no momento de arranque. 28 Sistemas de Igniga0 SICEPRA ‘Sistemas de Ignigao Contarotacoes Resistencia de balastro Fig, 2.13 ~ Bobina de ignigdo com resisténcia de proteceao para ‘2 momento de arranque A solugdo dada a este problema consistiu em fabricar bobinas capazes de trabalhar normalmente a 9 volts, de modo que, quando se efectua o arranque, nao existe dificuldade em produzir uma faisca desde © primeiro momento, No entanto, quando se desligava 0 motor de arranque, a bobina de 9 volts, passava a funcionar a uma tenso de 12 volts nominais 0 que provocava @ destruicao répida da bobina de igni¢do, por ex- cesso de tensdo. Desta maneira, comegou-se a proteger a bobina de ignigao com uma resisténcia como se apresenta na figura 2.13. Quando, através do interruptor de ignigdo (|) (chave de contacto), se dé corrente ao solendide de ar- ranque (S), este, ao mesmo tempo faz de interruptor do referido motor, envia a corrente @ bobina pelo cabo 1 29 “PCEPRA Sistemas de Ignicao et 82, Fig. 2.14 ~ Funcionamento da resisténcia de balastro no momento de arranque No momento em que 0 motor a gasolina 6 posto em funcionamento, restabelecem-se os 12 volts no Circuito, mas a bobina ja ndo pode receber corrente pelo cabo 1 visto que o solenoide esta fora de servigo, e fé-lo através da resisténcia de choque (R). 0 valor desta resisténcia foi calculado para que reduza o valor da tensao da rede aos 9 volts a que funciona a bobina, de modo que esta continua @ funcionar com a mesma eficiéncia. Nas bobinas dotadas de resisténcias de balastro pode aumentar-se 0 numero de voltas do enrola- mento primario e do secundério para produzir por sua vez uma maior tenso da corrente induzida. ‘Além disso, e como jé foi dito, aquecem menos, porque seu funcionamento mais seguro 2 qual- quer tipo de rotagao do motor mesmo apés um funcionamento muito prolongado. Para se poderem apreciar as vantagens da bobina superpotente sobre a normal bastaré apenas ob- servar a constituigdo de uma bobina normal e outra superpotente, como as apresentadas na figura 211e212. 240 Sistemas de Ignigao ACEPRA Sistemas de lgnigao Na segunda bobina, a introdugdo da resisténcia, mediante a qual se perde mais de 50% do calor ge- rado na bonina durante o fenémeno da indugao, permitiu 0 uso de um enrolamento primario muito mais longo, o mesmo acontecendo com 0 secundéro. BOBINAS EM BANHO DE OLEO Também existem as chamadas bobinas em banho de éleo. Estas bobinas, cujo isolador & 0 6leo, perdem o calor mais facilmente que as bobinas normais. Na figura 2.15 apresenta-se 0 aspecto interior e exterior duma bobina em banho de dleo. Estas bobi- nas colocam-se sempre numa posicao tal que permita que 0 éleo isolador (2) possa isolar devida- mente as diferentes partes eléctricas. éleo tem um papel isolador mas também serve como refrigerante pois quando os enrolamentos constituintes da bobina aquecem 0 dleo movimenta-se de tal forma que cria um circuito de refrigera- 0, passando através das espiras dos enrolamentos arrefecendo-os. Este tipo de bobinas nao deve ser montada em locais de contacto com a chapa quente ou em con- tacto com 0 bloco do motor. Por outro lado 0 comprimento dos cabos que ligam as velas devem ser 0 maior reduzidos ao méxi- mo de maneira que se consiga retirar 0 maximo rendimento da corrente de alta tensdo gerada pela bobina, mas deve achar-se um lugar no automével que permit & bobina uma refrigeragao perma- nente (correntes de ar fresco, distantes das partes quentes do motor, em especial longe dos colecto- res @ tubos de escape), 4. Acetato de celulose 2. Oleg isolador 3. Baquete 4. Papel solace 5, Massa isoladora com contetido de quartzo de 60% [A Enrolamento secundério B. Envolamento pximério Fig. 2.15 ~ Bobina de igni¢do em banho de éle0 Sistemas de lanigao an FCEPRA Sistemas de ignigao © Condensador (Fig. 2.16) que evita que se produzam faiscas nos platinados e intensifica a faisca de ignigdo. Fig, 2.16 - Condensador © Ruptor, que controla 0 momento em que as faiscas devem ser produzidas. Fica geralmente instalado no interior do distribuidor. Dele fazem parte os platinados (ver figura 2.17). Fig. 2.17 - Ruptor 0 Distribuidor,(Fig. 2.18) que distribui a corrente de alta tens&o pelos diferentes cilindros do motor. E constituido pelo rotor e pela tampa do distribuidor. 4. Tampa do cistibuidor 2. Rotor Fig. 2.18 ~ Distribuidor 2.12 Sistemas de Ignicéo FCEPRA Sisterias de Igniga0 DISTRIBUIDORES DUPLOS Em motores desportivos de mais de 8 cllindros usam-se os chamados distribuidores gémeos, apa- relhos que segundo veremos, podem proporcionar um elevado numero de faiscas com melhor ga- rantia, Este sistema de distribuidores gémeos consiste em subdividir 0 conjunto de ignigao em dois circui- tos, para que, devido a possuirem duas bobinas, Ihes atribui um trabalho menos intenso, partihan- do assim ambas a consideravel produgao de faiscas. A realizagao pratica deste sistema obtém-se mediante o emprego dos referidos distribuidores géme- 08, compostos de dois distribuidores unidos num s6 aparelho e accionados por um comando mecd- nico tal como é apresentado na figura 2.19, Fig, 2.19 ~ Sistema de igni¢do formado por distribuidores gémeos para motores de alta competigao O velo rotativo mantido por um rolamento de esferas (4) @ 0 veio do distribuidor encontra-se soli- dariamente fixo ao motor, mais concretamente arvore de cames. Sistemas de Ignicdo 213 Sistemas de Ignigao 1. Corpo do distrbuidor 2. Suporte externo 3. Suporte interno 4. Rolamento de esferas '. Avango automatico 6. 7. Condensador Jarra de rotor 8. Excontrco 9. Distibuidor 10. Tampa do distibuidor Fig. 2.20 ~ Distribuidor gémeo em corte Hé dois rotores , accionados por um sé excéntrico (8). Quanto ao distribuidor, tem duas tomadas de alta tensdo, em dois planos diferentes, para facilitar 0 funcionamento dos dois circuitos de alta ten- so. MECANISMOS DE AVANGO Os Mecanismos de avanco, (Fig. 2.21) que controlam os momentos em que devem saltar as fais- cas, em fungo da velocidade de funcionamento do motor e da carga a que esté submetido. Estéo instalados no corpo do distribuidor. 11. Mecanismo de avanco mecénico 2. Mecanismo de avanco por vacuo ou depresséo Fig. 2.21 - Mecanismos de avanco 244 Sistemas de Igni¢go OIcEPRA Sistemas de lonigdo 2.1.2 - DISTRIBUIDOR E AVANCO ‘Sob 0 ponto de vista tedrico, a faisca deve produzir-se quando o émbolo (pistéo) se encontra no PMS. Na pritica, desde que a rotagao do excéntrico seja muito répida, 0 émbolo ou pistéo permane- ce curtissimas fracgdes de segundo no ponto morto superior (PMS), da ordem de poucos milésimos de segundo, Por outro lado, a faisca & somente o inicio da combustao, pelo que ha que contar com o tempo que esta leva a produzir-se, Para que o tempo de combustao coincida com 0 PMS do pistéo., precisamos de avangar ligeiramen- te 0 momento da faisca em relagdo a este ponto para que, de uma forma pratica, coincidam com- bustéo e PMS. Este ponto de avanco inicial é estabelecido pelo construtor e supde os graus de avango inicial da fa- isca deve poder ser regulado no sentido de tanto maior 0 avango quanto maior a velocidade da rota- so. (Os mecanismos aos quais cabe determinar o momento do salto da faisca em relagéio com a veloci- dade de rotagdo recebem o nome de avangos de igni¢éo @ tém uma grande importancia no rendi- mento dos componentes deste circuito, tanto convencionais como electrénicos ou integrados, Na figura 2.22 temos 0 esquema interno de um distribuidor no qual se destacam as pegas que com- dem um avango de igni¢ao do tipo centrifugo. Fig. 2.22 - Sistema de avango do tipo centritugo = is Sistemas de Igniggo 2.15 Sistemas de Igni¢o Na figura 2.23 temos o esquema interno dum distribuidor no qual se des- tacam as pegas que compdem um avanco de igni¢ao do tipo centrifugo. Fig. 2.23 Sistema de avango do tipo centrifuga Na figura 2.24 temos um avango de ignigao cha- mado regulador de vacuo ou avango por depres- so que tem 0 mesmo objectivo, Fig. 2.24 ~ Regulador de vacuo ou avango por depresséo Nas tabelas 2.1 e 2.2 temos as curvas estabelecidas em graus com a relag&o a rotagdo do motor que podem apresentar os avangos de ignigo centrifugos no primeiro caso, e de vacuo ou depres- 0 no segundo. Cada construtor dispée estas curvas segundo as necessidades concretas do mo- tor, om on 1000_2a00 00 ooo 10002000 ano sao 5 5 7 Bis oe Sue yee 3 332 5 5 e§ é 5 0°] re QD we jer 3 3 8 3 3 £4 z 3 iw § 2s toe & o oO S00 a0 05 Tose soo 08 00 Toon rpm do distribuidor pm do distribuidor Graf 2.2 Cura ceracteristica da vaio do avango Gra. 2.9 Curva caractersica do valor da depresséo do distbuidor em relaglo & rtecdo do mo- crn rolagdo 20 avargo do istoutdor or 2.16 sistemas de Igni¢o SCEPRA Sistemas de Ignigtio distribuidor de ignigdo um aparelho que desempenha ao mesmo tempo trés importantes fun- ‘Ges: em primeiro lugar dispée do ruptor que é 0 mecanismo por meio do qual se pode interromper a passagem da corrente da bateria que liga e desliga o enrolamento primério da bobina através dos platinados, em segundo lugar conta com os dispositivos de avango automatico que comandam 0 momento de salto da faisca na vela de que consta o motor. Na figura 2.25 é apresentado o aspecto exterior de um distribuidor (1) montado (a esquerda) e parci- almente desmontado (a direita). O conjunto do ruptor podemos vé-lo indicado em 2. Em 3 temos 0 condensador. Esta parte corresponde ao circuito de baixa tensdo, ou seja do enrolamento primario da bobina. Em 4 temos o conjunto de avango de vacuo em depressdo, enquanto em 5 temos a bra- gadeira de fixagio do distribuidor com os respectivos parafusos. O cabo (6) & conectado a bobina de ignigao, ao passo que 0 cabo (7) se conecta ao colector de admissao para dali controlar a posigéo do avango de vacuo. Fig. 2.25 — Constituicao intema do distribuidor 0 distribuidor consiste no contacto mével (8) que devidamente introduzido na tampa do distribuidor (9), distribul a corrente de alta tens&o a cada uma das velas de ignigo do motor. Sistemas de Ignicao 247 A CEPRA Sistemas de lori Na figura 2.26 podemos ver a localizaco do distribuidor no motor. Fig, 2.26 - Localizagao do distribuidor no motor A corrente procedente da bobina (B) chega até ao ruptor e passa em primeiro lugar pela pega deno- minada “martelo” (M), a qual esta fixa por um dos seus extremos no ponto 1, pelo que pode ser des- locada pelos lébulos do excéntrico (L), que, por sua vez, gira accionado pelo eixo do distribuidor ‘Quando 0 excéntrico nao entra em contacto com “martelo" (M), este encontra-se pressionado por uma lémina em mola, de modo que o seu contacto (C) se apoia fortemente sobre o contacto da ou- tra pega de que consta o conjunto, o esquadro (E), que permanece sempre fixo a0 corpo do distribu- idor. Consequentemente, quando o Iébulo do excéntrico (L) gira e levanta o martelo, ambos os contactos dos platinados se separam, impedindo a passagem da corrente eléctrica pelo andamento primario da bobina, Na figura seguinte (Fig. 2.27), vemos um distribuidor cuja tampa foi retirada e que nos mostra, visto de cima, 0 conjunto formado pelo ruptor. © martelo é assinalado com o numero 1 € em 2 temos o contacto desta pega. Quanto ao esquadro, esta assinalado com o nimero 3 e com 0 4 0 correspon- dente contacto. 2.18 Sistemas de Ignicao |CEPRA Sistemas de Ignigao Em 5 vemos 0 eixo de rotagao do martelo, enquanto que em 6 nos encontramos com um taco de fi- bra sobre 0 qual age 0 excéntrico (7), deslocando assim a posi¢éo do martelo em relagao ao esqua- dro. Também temos a mola (8) como outro componente do ruptor. Na posigao que vemos nesta figu- ra, a came (excéntrico) néo age sobre 0 taco de fibra, de modo que, pela acgao da mola, os contac- tos do martelo e esquadro se acham unidos. No momento em que a came age sobre 0 taco de fibra, levanta o martelo, vencendo a presséo da mola, e os contactos do martelo e esquadro separam-se. Este 6 0 momento em que se suspende a passagem da corrente pelo enrolamento primério da bobina de ignigao. Quando, continuando a sua rotagao, a came deixa de accionar o taco de fibra, os contactos tornam a unir-se e restabelece-se a passagem da corrente, ‘Ao abrirem-se os piatinados, a bobine auto induz-se gerando uma corrente de alta tensdo que servi- ra de fonte de ignigo ao motor. Fig. 2.27 - Movimento dos platinados no interior do distribuidor 2.1.3 FUNGAO E CONSTITUIGAO DO AVANGO AUTOMATICO O distribuidor deve dispor de avango de ignigéo para conseguir que a faisca se produza tanto mais, antes do ponto morto superior do pistdo quanto maios for sua velocidade. Consegue-se esse objecti- “Sistemas de lgnicgo 2.19 FCEPRA Sistemas de lgnigao vo gragas ao emprego dos avangos autométicos que podem ser de dois tipos: avangos centrifugos avangos de vacuo como jé vimos anteriormente. Conforme o projecto do motor, os distribuidores po- dem ser equipados com os dois tipos de avango ou somente com 0 avango centrifugo, AVANGO CENTRIFUGO © dispositive de avango centrifuge 6 composto de massas que ao girar & mesma velocidade que o ‘eixo do distribuidor e em consequéncia da forga centrifuga que tende a afastar do centro de rotagéo um corpo que se mantenha em tais condigdes produz a deslocacéo da came (excéntrico) em rela- ‘¢40 a0 eixo. Para compreender bem este funcionamento serd melhor, em principio, estudar a des- montagem das pecas de um eixo distribuidor, tal como se pode ver na figura 2.28. 0 eixo (1) est equipado com uma placa de suporte do regulador centrifugo (2) que gira & mesma velocidade que 0 eixo. Fig. 2.28 ~ Constituigdo e funcionamento do sistema de avango centrifugo O eixo penetra pela extremidade do porta — cames (5), que ¢ 0co, de modo que formam dois conjun- tos com movimentos independentes. A unigo do eixo do distribuidor com o porta cames efectua-se por meio da placa (4) e das porcas (5 e 6), cujos pernos roscados se unem, por sua vez, por meio de molas (7)oom os contrapesos (8). Estes contrapesos, unidos s6 por uma das suas extremidades 220 Sistemas de Igni¢do A CEPRA Sistemas de Ignigao 208 pernos roscados 5 € 6, levam as molas (7) que so as que poem em contacto o eixo do distri- buidor com o eixo porta - cames (excéntricos). Observe-se que quando ocorre a rotagao do eixo (1), quanto maior é a sua velocidade, tanto mais as massas centrifugas se movem para o exterior pelo que se estabelece uma relacdo de forgas en- tre @ pressdo das molas (7) e as cabecas das massas centrifugas (9) que fazem presséo sobre o eixo porta — cames (excéntricos) no sentido de modificar a sua posi¢ao em relagdo ao eixo do distri- buidor (1), Este mecanismo foi estudado para que a proporcionalidade entre os movimentos dos dois eixos cor- responda as necessidades de avanco no momento em que se produz a faisca de acordo com a ve- locidade do motor. AVANGO DE VACUO Obtém-se este avango por meio de um dispositive automético baseado na depressdo que pode exis- tir no colector de admissao Fig. 2.29 - Esquema do sistema de avango por vicuo ‘A figura 2.29 representa duas posigdes deste tipo de avango numa instalagao simples. Consiste numa cépsula (1) unida a um suporte (2) que se aplica ao corpo do distribuidor. No interior da cdpsula encontra-se um diafragma (3) em parte fixo a vareta (4). A extremidade desta vareta prende a uma placa mével que faz de suporte do ruptor, a qual pode mover-se por meio da articulagao (5). Sistemas de lgniggo 2.21 FCEPRA Sistemas de Ignigdo Pela zona 1, a capsula esta em contacto com a presséo atmostérica, Pela parte oposta do diafragma (3) todo o dispositive permanece totalmente estanque e somente co- nectado com a tubagem, & sua fixagdo ao carburador, 0 qual dispée de uma tomada de vacuo para este caso, O diafragma (3) dispée de uma mola oposta (7) colocada no interior de um tubo (6) que o forga & posi¢do de repouso tomada de vacuo para este caso. Quando existe um valor importante de depressdo no colector de admissdo o diafragma retira-se até & sua posigéio de maximo retraimento (B) @ por meio da vareta (4) atrai a placa de suporte do ruptor, deslocando este da sua posigao em relagdo a came (excéntrico). Comparando a posig¢ao do ruptor nas figuras A e B vé-se a desiocagao que pode sofrer. Durante o regime de ralenti do motor, ou seja, com a borboleta fechada, o diafragma (3) nao fica submetido a qualquer depressao de importancia mas esta comega a tornar-se sensivel logo que se abre 2 borboleta, aumentando neste momento rapidamente e decrescendo depois lentamente & me- dida que a abertura da borboleta, aumentando neste momento rapidamente ¢ decrescendo depois lentamente a medida que a abertura da borboleta do carburador é maior. A pleno gas, a depressao diminui e fica totalmente anulada quando a borboleta se encontra total- mente aberta. ‘As vantagens do regulador de avango de vacuo séo manifestas a baixas velocidades, dado que a borbolela se encontra ligeiramente aberta. (Os avangos de vacuo nunca podem substituir os centrifugos de que devem dispor todos os distribui- dores, mas sim servem como um complement, 2.2 - FUNCAO E CONSTITUIGAO DOS CABOS DE ALTA TENSAO Os cabos que transportam a corrente de alta tensdo devem ser muito grossos, néo devido a intensidade que neles circulam, mas pela necessidade de isola- mento dos mesmos cabos, pois esto sujeitos a ten- des superiores a 30000 V, com intensidade de cor- rente bastante baixas Na figura 2.30 pode ver-se os cabos das velas de um automével de quatro cilindros. Fig. 2.30 Cabos de velas de ignigao 2.22 Sistemas de Ignigdo FCEPRA Sistemas de Ignigao © cabo de alta tensdo liga a bobina de ignigdo a parte superior do distribuidor, isto € 0 cabo que transporta toda induzida pela bobina. Os cabos de alta tensdo que ligam as velas @ a bobina podem ser de cobre ou de carvao, tal como mostra a figura 2.31. os cabos de cobre 40 pouco utilizados e distinguem-se por serem pouco flexi- veis, comparando-os com os de carvéo. Isolante Cobre Carvao. Fig. 2.31 — Constituigso intema dos cabos das velas Pela figura 2.31, pode observar-se a grande espessura de isolamento que envolve o nucleo condu- tor do cabo. Este isolamento serve para que a alta tensao existente em cada cabo se manifeste ape- nas nos eléctrodos das velas e ndo haja qualquer perda eléctrica ao longo dos cabos. Caso 0 isolamento dos cabos nao fosse to significativo, durante o funcionamento do motor, haveri- ‘am arcos eléctricos a saltarem dos cabos das velas e cabo da bobina para 0 pélo negativo mais pré- ximo (massa), como por exemplo bloco ou cabega do motor. Os cabos de carvao costumam levar marcado , no plastico de cobertura exterior para o preservar da humidade, a resisténcia eléctrica que deve ter cada determinado comprimento de cabo. comum que esta resisténcia seja cerca de 15000 ohms por cada 30 cm de cabo. Na figura 2.32 apresentam-se outras peas muito importantes no sistema de ignigSo: as capas su- pressoras que constituem a adaptagao destes cabos as velas. Fig. 2.32 ~ Capas supressoras das velas Estes so normalmente fabricados com isolamento eléctrico em baquelite ou plastico suficientenen- te resistente a passagem de corrente eléctrica através deles, Sistemas de Ignicgo 2.23 CEPRA Sistemas de Ignigdo Cabos (de baixa ¢ de alta tensdo), os tltimos mostrados na fig. 2.33, que estabelecem as ligagbes eléctricas entre os varios 6 ‘980s anteriormente mencionados. Fig. 2.33 - Cabos de alta tenséo Os cabos de alta tensdo devem ser manipulados com muito culdado, nao devendo extrai-los das ve- las puxando directamente, mas erguendo a capa supressora. Da mesma maneira sempre que é ne- cessario desmontar e montar velas ou algum componente que envolva retiar os cabos deve ser veri- ficado @ boa ligagao as velas, distrbuidor ou bobina pois um cabo mal ligado em proximidade do sis- tema de alimentago podera originar um incéndio no automével Periodicamente deve ser analisado 0 estado do isolamento dos cabos pois estes podem ser cumpli- ces em muitos acidentes que poderao ocorrer no veiculo. 2.3 - VELAS A vela de ignigdo tem uma misséo aparente muito simples, que consiste em permitir 0 salto da cor- rente de alta tensdo entre dois dos seus pontos ou eléctrodos, Quando isto se dé, a corrente torna-se visivel sob a forma de raio e desenvolve a energia suficiente para iniciar a combustao da mistura que se encontra comprimida no interior estangue da c&mara de combustéo, Tudo isto resulta em perfeiggo na teoria, mas na prética a vela de igni¢o comporta uma compiexi- dade tal que fazem com que estes dispositivos tenham que ser fabricados com muito cuidado. Na figura 2.34 apresentam-se exemplos de velas de igni¢ao quanto 20 seu aspecto interior como exterior. 2.24 FCEPRA Sistemas de lgnigao Fig. 2.34 — Aspecto interior @ exterior duma vela de ignicao A cortente de alta tenso procedente do distribuidor entra pelo casquilho superior (C) e circula por uma pega altamente condutora denominada por eléctrodo central (E) até ao seu extremo inferior. ‘Aqui 2 sua passagem encontra-se cortada para o eléctrodo de massa (M), que se encontra em co- municagao, pela massa, com 0 pélo contrario do gerador. O eléctrodo de massa exerce uma atrac- ‘¢80 que se produz no salto da corrente entre um e outro eléctrodo, produzindo-se assim a faisca _que determinaré a inflamagao da mistura eléctrodo central deve ser fabricado com materiais altamente condutores mas que, por sua vez, ‘sejam muito resistentes ao calor, pois as temperaturas que uma vela pode acumular so muito altas devido especialmente ao seu contacto permanente com a camara de combustéo. ‘A temperatura de funcionamento da parte de baixo duma vela de ignigdo ronda cerca de 600°C. No pormenor da vela em corte da figura 2.34, podemos ver o corpo metélico (1) que aprisiona um ‘corpo de porcelana devidamente concebida para este componente (2), este corpo em certo ponto toma uma forma ondulada para que 0 comprimento do isolador da vela seja 0 menor possivel e evite © arco eléctrico entre a capa supressora e a parte metalica da vela, Sistemas de lgniggo 2.25 FCEPRA Sistemas de loni¢ao © corpo metalico da vela é roscado, para facil adaptagao a cabega do motor devendo ser respeitado ‘© momento de aperto da vela. eléctrodo central (4) pode ser composto de uma ou varias pegas. Neste caso consta de um cilin- dro superior (4) roscado a uma massa colada muito condutora (5), da qual sai outra pega que com- Ge 0 extremo do eléctrodo central (6). A pega de porcelana encontra-se presa a0 corpo metélico por meio de duas juntas (7 e 8) t \ Velas, (fig. 2.35) que produzem as faiscas no interior das cémaras de com- ; bustdo, por forma a incendiarem a mistura ar/combustivel <4 2.3.1 —- TIPOS DE VELAS Fig. 2.35- Vela ‘A vela provoca a ignigéo através duma fafsca que inflama a mistura arlcombustivel entre os seus eléctrodos. A mistura admitida oferece uma resisténcia importante & passagem de corrente. Esta re- sisténoia serd tanto maior quanto mais afastados estiverem os eléctrodos, quanto mais rica for a mistura admitida e quanto mais elevada for a compressao. Para inflamar a mistura entre os eléctrodos da vela, a tensao deve, no minimo, atingir um valor de 6000 volt, pois esta é a minima suficiente para vencer a distancia dieléctrica entre os pélos da vela ‘As bobinas de ignigdo podem fornecer uma tenso que atinge os 15000 volt. Algumas bobinas espe- ciais atingem 40000 volt. O eléctrodo central da vela é isolado, de modo a poder suportar estas tensGes elevadas. O isolante de porcelana € 0 mais empregue, pois suporta bem as temperaturas da camara de com- bustdo dos motores comuns, mas tende a apresentar roturas quando ha aquecimentos bruscos. Cisolante de mica suporta temperaturas muito mais elevadas. E especialmente insensivel a bruscas variagdes de temperatura. Encontra-se nas velas dos motores mais potentes. A extremidade dos eléctrodos é composta por uma liga de tungsténio que resiste a temperatura do arco eléctrico. CEPRA Sistemas de lgnigao Em funcionamento, a parte interna da vela deve atingir uma temperatura entre 500°C e 850°C. Esta temperatura permite: 4) Aquecer a mistura situada nas proximidades dos eléctrodos, de modo a produzir uma queima que se propaga através da massa de gas, no momento da ignigao; 2) Queimar todas as particulas de carbono, vestigios de carburante e lubrificante que porventura se tenham depositado nos eléctrodos. Assim, o eléctrodo central per- ‘manece limpo € 9 isolante interno seco, Quando a temperatura da vela é muito baixa, a ignigdo ¢ fraca e o isolamento dos eléctrodos leva rapidamente ao curto-circuito e a supressdo de ignigéo. Quando a temperatura da vela é muito elevada, produz-se auto-ignigao da mistura gasosa durante a compressao. Esta ignigéo prematura provoca uma diminuigao da poténcia, uma fadiga exagerada dos elementos mec&nicos e um funcionamento irregular do motor (detonacdo). Reconhece-se uma vela que funcio- na a alta temperatura pela forma de pérola do seu eléctrodo central e pela cor cinza do topo do iso- lante de porcetana. Dado que 0s madelos de motores veriam grandemente as suas caracteristicas, 6 necessério 0 uso de um determinado tipo de vela para cada modelo, grau térmico classifica a vela segundo a sua capacidade de transferéncia de calor da zona onde salta a falsca para o sistema de reftigeragao do motor. Segundo este principio, podemos definir ge- nnericamente dois tipos de velas, as quentes e as frias. As velas do tipo quente tém a extremidade do isolador mais larga e evacuam o calor mais lentamente. As do tipo frio tém a extremidade do iso- lador mais estreita e transferem o calor rapidamente. Fig, 2.36 - Vola quente Fig, 2.37 Vela fia ‘Sistemas de Ignicao 2.27

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