Você está na página 1de 161
Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 1de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 Ola pessoal! Na aula de hoje estudaremos 0 tema “agentes publicos”, seguindo © seguinte suméri SUMARIO Agentes ptiblicos. Normas constitucionais sobre agentes piblicos. Cargo, emprego e fun¢ao.... Acesso a cargos, empregos e fungdes piiblicas... Concurso piiblico. 19 Cargos em comissao e fungdes de conflanca.... ony 35 Contratagao temporsria... 38 Direito de associagao sindical dos servidores ptiblicos. AZ Direito de greve dos servidores pitblicos. Sistema remuneratério dos agentes PUDIICOS aeons 45, Administragao fazendaria e servidores fiscai Acumulagao de cargos, empregos e fungdes plibliCAS senor nnnnnnnnnnnnninnnneinnnnnnin 6 Mandatos eletivos. ue “ ince moment. Regime juridico...m.. 70 Estabilidade.. 73 Regime de previdéncia dos servidores piiblicos estatutat mF Questoes de prova.... see 8B RESUMAO DA AULA..... 121 Jurisprudéncia da aula... 124 Questdes comentadas na aula, sn 149 GENRE ciacraicsc ec crasisoiai 161 Tomaremos por base a Constituig¢éo Federal e, por vezes, a legislacao infraconstitucional, em especial a Lei 8.112/1990. Ademais, veremos que 0 assunto é bastante rico em jurisprudéncia, a qual vem sendo explorada nos concursos. E nao deixe de estudar com atenco os comentérios das questées, pois eles podem trazer informagées novas, ok? Preparados? Aos estudos! Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 2de 161 é i a Direito Administrativo para AFRFB 2015 g Teoria e exercicios comentados os Prof. Erick Alves - Aula 05 AGENTES PUBLICOS Todas as atividades do Estado sdo efetivamente exercidas pelas pessoas fisicas lotadas nos diversos érgaos e entidades governamentais, nas trés esferas de Governo (Unido, Estados, DF e Municipios), nos trés Poderes (Executive, Legislative e Judicidrio). Sdo os chamados agentes publicos. Como ja vimos no decorrer do curso, o Estado é uma pessoa juridica, e sua atuacdo depende da atuacdo material de um individuo. Segundo a teoria do érgao, a vontade estatal 6 manifestada por meio dos agentes publicos, cuja atuacdo é imputada ao Estado. Assim, quando a Constituicao Federal determina, por exemplo, que compete aos entes federados culdar da satide e assisténcia publica (art. 23, T1), ou promover a melhoria das condigées habitacionais e de saneamento basico (art. 23, IX), ela, na verdade, determina que os agentes publicos lotados nas unidades administrativas que integram a Unido, os Estados, 0 DF e os Municipios é que iréo desempenhar essas tarefas’. Nessa linha, Hely Lopes Meirelles afirma que agentes pUblicos sdo todas as pessoas fisicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercicio de alguma funcao estatal atribuida a érgdo ou a entidade da Administracéo Publica. A Lei, 8.429/1992 (Lei de improbidade administrativa), por sua vez, apresenta em seu art. 2° 0 seguinte conceito de agente piiblico: “todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneracao, por eleicéo, nomeaco, designagao, contratagao ou qualquer outra forma de investidura ou vinculo, mandato, cargo, emprego ou fungao nos érgaos e entidades da Administraco Publica”. A expressdo “agente ptiblico” é usada em sentido amplo, podendo ser dividida em diversas categorias, as quais variam de autor para autor. Maria Sylvia Di Pietro admite a existéncia de quatro espécies de agentes pUblicos: os agentes politicos; os servidores publicos (que se subdividem em servidores estatutarios, empregados publicos e servidores temporarios); os militares; e os particulares em colaboracaéo com o poder publico. * Lucas Furtado (2014, p. 711). Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 3de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl aLY Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Celso Anténio Bandeira de Mello divide os agentes publicos em: agentes politicos; servidores estatais (abrangendo servidores ptblicos e servidores das pessoas governamentais de direito privado); e particulares em atuacao colaboradora com o poder puiblico. Para José Santos Carvalho Filho, os servidores podem ser e militares; comuns e especiais (na categoria de servidores especiais, 0 autor inclui os magistrados e os membros do Ministério Publico); estatutarios, trabalhistas e tempordrios. Ja para Marcal Justen Filho, 0 género é agente estatal. Estes podem manter vinculo de direito piiblico ou de ito privado. Os que mantém vinculo de direito puiblico podem ser politicos ou nao politicos, podendo estes ultimos ainda se dividir em civis e militares. Contudo, a classificacdo mais consagrada é a proposta por Hely Lopes Meirelles, que divide os agentes ptiblicos nas seguintes categorias: «= Agentes politicos * Agentes administrativos * Agentes honorificos * Agentes delegados " Agentes credenciados Vejamos ent&o quem sao os agentes que se enquadram em cada um desses grupos, seguindo as licdes do préprio autor. Agentes politicos S8o os ocupantes dos primeiros escalées do Poder Publico, aos quais incumbe a elaboracdo de normas legais e de diretrizes de atuacéo governamental, assim como as fungées de diregéo, orientacéo e supervisdo geral da Administracdo Publica. So agentes politicos: v Chefes do Executivo (Presidente da Republica, governadores e prefeitos). Y Auxiliares imediatos dos chefes do Executive (ministros, secretdrios estaduais e municipais). v Membros do Poder Legislativo (senadores, deputados e vereadores). Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 4de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Parte da doutrina, incluindo Hely Lopes Meirelles, considera que também sao agentes politicos os membros da magistratura (juizes, desembargadores e ministros de tribunais superiores), os membros do Ministério Publico (promotores de justia e procuradores da Republica), os membros dos Tribunais de Contas (ministros e conselheiros) e os representantes diplomaticos. Jurisprudéncia Quanto aos Conselheiros dos Tribunais de Contas, vale saber que o STF, pelo menos uma vez, se manifestou classificando-os como agentes administrativos, haja vista que exercem a funcio de auxiliar do Legislativo no controle da Administracio Publica’. Por conta desse entendimento, o Supremo considerou que a nomeacao dos Conselheiros dos Tribunais de Contas deve se submeter aos preceitos da Sumula Vinculante n° 13, que veda a pratica de nepotismo, mas nao alcanca a nomeagao de agentes politicos. Uma caracteristica peculiar dos agentes politicos é que atuam com plena liberdade funcional, desempenhando suas atribuicgdes com prerrogativas e responsabilidades estabelecidas na prépria Constituigéo ou em leis especiais. Para tanto, nao se sujeitam a eventual responsabiliza¢do civil por seus eventuais erros de atuacdo, a menos que tenham agido com culpa grosseira, ma-fé ou abuso de poder. Outro ponto de destaque é que os agentes politicos néo sao hierarquizados, sujeitando-se apenas as regras constitucionais. A excecdo, no caso, séo os ministros e secretarios estaduais e municipais, ligados ao chefe do Executivo por uma relacao de hierarquia. Agentes administrativos So todos aqueles que se vinculam aos érgdos e entidades da Administragdo Publica por relacdes profissionais e remuneradas, sujeitos 4 hierarquia funcional e ao regime juridico determinado pela entidade estatal a que servem. Essa terminologia também se deve ao fato de desempenharem atividades administrativas. Podem ser assim classificados: 2 Rel 6702/PR Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br Sde 161 Est a égi a Direito Administrative para AFRFB 2015 eo tl ALS Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 v Servidores ptblicos: sdo os agentes que mantém relacao funcional com o Estado em regime estatutario (isto é, de natureza legal, e n&o contratual); sdo os titulares de cargos publicos, efetivos ou em comissdo, sempre sujeitos a regime juridico de direito publico. S30 exemplos os servidores dos érgdos da Administracéo Direta Federal, a exemplo dos Auditores e Analistas Tributarios da Receita Federal, dos Auditores Federais de Controle Externo do Tribunal de Contas da Unido, dos gestores do Poder Executivo etc. v Empregados piiblicos: sdo os agentes que mantém relacao funcional com o Estado em regime contratual trabalhista (celetista), regido pela Consolidacéo das Leis do Trabalho - CLT; sio ocupantes de empregos publicos, _sujeitos, predominantemente, a regime juridico de direito privado, mas submetendo-se a algumas normas constitucionais aplicaveis a Administracdo Publica em geral, como os requisitos para investidura e acumulacg3o de cargos. Sdo exemplos os empregados das empresas publicas e sociedades de economia mista, como Correios, Caixa Econémica, Banco do Brasil, Petrobras etc. ¥ Temporarios: so os agentes contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse puiblico, nos termos do art. 37, IX da CF; no tém cargo puiblico nem emprego publico; exercem uma fung&’o publica remunerada e temporaria; mantém vinculo contratual com a Administracéo Publica, mas nao de natureza trabalhista ou celetista; na verdade, trata-se de um contrato especial de direito publico, disciplinado em lei de cada unidade da federacdo. Sao exemplos os recenseadores contratados pelo IBGE para auxiliar na realizacdo dos censos, 0 pessoal contratado para auxiliar em situagdes de calamidade publica, os professores substitutos, dentre outros. Agentes honorificos S&o cidaddos convocados, designados ou nomeados para prestar, transitoriamente, determinados servigos relevantes ao Estado, em raz3o de sua condig&o civica, de sua honorabilidade ou de sua notéria capacidade profissional, mas sem qualquer vinculo empregaticio ou estatutério e, normalmente, sem remuneragao. Exemplos de agentes honorificos so os jurados, os mesérios eleitorais, os membros dos Conselhos Tutelares dentre outros. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 6de 161 E t t ra Direito Administrativo para AFRFB 2015 stratégia Take eerersin oxen CONCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 Ressalte-se que os agentes honorificos nado sao servidores ou empregados publicos, mas, momentaneamente, exercem uma fungao publica. Por isso, enquanto desempenham essa funcdo, devem se sujeitar @ hierarquia e disciplina do érgéo a que estado servindo. Ademais, para fins penais, so equiparados a “funciondrios publicos” quanto aos crimes relacionados com o exercicio da funcao. Agentes delegados So particulares - aqui podem ser pessoas fisicas ou juridicas - que recebem a incumbéncia da execucio de determinada atividade, obra ou servico ptblico e 0 realizam em nome proprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob sua permanente fiscalizacao. A remuneracao que recebem nio é paga pelos cofres ptiblicos, e sim pelos usuarios do servico. Nessa categoria encontram-se os concessionarios, permissionarios de obras e servicos puiblicos, 0s leiloeiros, os que exercem servicos notariais e de registro, os tradutores e intérpretes publicos e demais pessoas e empresas que colaboram com 0 Poder Piblico (descentralizagao por colaboracao). Esses agentes, sempre que lesarem interesses alheios no exercicio da atividade delegada, sujeitam-se & responsabilidade civil objetiva (CF, art. 37, §6°) e ao mandado de seguranga (CF, art. 5, LXIX). Ademais, também se enquadram como “funciondrios publicos” para fins penais. Agentes credenciados S80 os que recebem a incumbéncia da Administracéo para representa-la em determinado ato ou praticar certa atividade especifica, mediante remuneragdo do Poder Publico credenciante. Como exemplo, pode-se citar determinada pessoa de renome que tenha sido designada para representar o Brasil em um evento internacional (ex: Pelé e Ronaldo na organizagao da Copa do Mundo). Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 7de161 ny 7 Direito Administrative para AFRFB 2015 Estratégia Teoria exercioscomentoor NCURSOS Prof. Erick Alves ~ Aula 05 re ssAca na prova! 1. (Cespe - MDIC 2014) Os particulares, ao colaborarem com o poder publico, ainda que em cardter episédico, como os jurados do tribunal do juiri e os mesdrios durante as eleig6es, so considerados agentes publicos. Comentario: O quesito esta correto. Os cidadaos convocados para exercer a fungdo publica de jurados do tribunal do juri ou de mesérios durante as eleicdes se enquadram na categoria de agentes honorificos. Ressalte-se que os agentes honorificos, em regra, néo sao remunerados em espécie, mas podem receber compensacées, a exemplo de folgas no trabalho. Gabarito: Certo 2. (Cespe — MDIC 2014) Com a promulgagao da CF, foram extintos os denominados cargos vitalicios, tendo sido resguardado, entretanto, o direito adquirido daqueles que ocupavam esse tipo de cargo A época da promulgagao da CF. Comentario: 0 quesito esta errado. Conforme a Constitui¢éo Federal, sio agentes vitalicios: magistrados (CF, art: 95, l); membros do Ministério Puiblico (CF, art. 128, §5°, “a”) e membros dos Tribunais de Contas (CF, art. 73, §3°). © agente pubblico vitalicio somente pode perder o cargo em uma Unica situago: em decorréncia de sentenca judicial transitada em julgado. Ou seja, a utilizagao do termo vitalicio nao indica que o titular ocupe o cargo pelo resto da vida, mesmo porque a todos os cargos vitalicios se aplica a aposentadoria compulséria aos setenta anos de idade (CF, art. 40, §12, Il). Afirmar que se trata de cargo vitalicio significa apenas que as situacdes que podem levar a perda do cargo sao mais restritas do que aquelas aplicaveis aos demais servidores. Gabarito: Errado 3. (Cespe - TRE/MS 2013) Os chamados cargos vilalicios, previstos pela Constituigao anterior a ora vigente, nao mais subsistem. Atualmente, apenas existem ‘os chamados cargos efetivos e cargos em comissao, também denominados na pratica de cargo de confianga Comentario: A Constituigdo vigente ainda prevé a existéncia de cargos vitalicios. Sao eles: magistrados (CF, art. 95, |); membros do Ministério Puiblico (CF, art. 128, §5°, “a”) e membros dos Tribunais de Contas (CF, art. 73, §3°). Ressalte-se que o rol de cargos vitalicios previstos na CF é exaustivo, vale dizer, néo se admite que a Constituicao dos Estados estenda a vitaliciedade a outras carreiras, como delegados e defensores piiblicos. Gabarito: Errado Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 8de161 rn 7 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Estratégia Teoria execs comentador NCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 4. (Cespe — MPU 2013) Os ministros de Estado sao considerados agentes politicos, dado que integram os mais altos escaldes do poder puiblico. Comentérios: Os ministros de Estado, assim como os Secretarios estaduais e municipais, os chefes do Executivo e os membros do Legislativo S40 considerados agentes politicos, pois integram os primeiros escalées do Poder Publico, se incumbindo da elaboragao de normas legais e de diretrizes de atuagao governamental, assim como as fungées de direco, orientagdo e supervisdo geral da Administrago Publica. Gabarito: Certo 5. (Cespe — CNJ 2013) Considere que determinado cidadao tenha sido convocado como mesério em um pleito eleitoral. Nessa situaco hipotética, no exercicio de suas altibuig6es, ele deve ser considerado agente politico e, para fins penais, funcionario piblico. Comentario: Os mesérios das eleigdes so _considerados. agentes honorificos, e nao agentes politicos, dai o erro. Todavia, é certo que ‘0s agentes honorificos séo considerados “funcionérios piiblicos™ para fins penais, no que tange aos crimes relacionados ao exercicio da funcao. Gabarito: Errado 6. (Cespe - TRE/MS 2013) Considera-se agente puiblico aquele que exerce, mesmo que transitoriamente, cargo, emprego ou fungao publica, sempre mediante remuneragao pelo servigo prestado. Comentério: Existem agentes piiblicos que no recebem remuneraco pelo servico prestado, a exemplo dos agentes honorificos (mesarios e membros do ju). Gabarito: Errado Agentes de fato Afora as categorias anteriormente apresentadas, a doutrina costuma dar destaque aos agentes de fato, isto é, aqueles que se investem da funcao publica de forma emergencial ou irregular. A nomenclatura “agentes de fato” é empregada justamente para distingui-los dos “agentes de direito”. 3.4 expressio “funcionarios publicos” & usada no Cédigo de Processo Penal com 0 mesmo sentido de “agentes puiblicos”. 4 Carvalho Filho (2014, p. 597). Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 9de161 Estratégia eee cola ecxercos coments eae Prof. Erick Alves Auta OS Os agentes de fato podem ser clasificados em necessarios e putativos. Os necessarios exercem a funcdo em razao de situacgées excepcionais, como, por exemplo, alguém que preste auxilio durante calamidades puiblicas, atuando como se fosse um “bombeiro militar”. 34 os butativos sdo os que tém aparéncia de agente piiblico, sem o ser de direito. E 0 caso de um servidor que pratica inumeros atos de administragéo sem ter sido investido mediante prévia aprovacdo em concurso publico. Em regra, os atos produzidos pelos agentes de fato sdo validos, pois, apesar de a sua investidura ter sido irregular, tudo levaria a crer que seriam agentes piiblicos. Trata-se da chamada teoria da aparéncia, pela qual os atos dos agentes de fato devem ser convalidados, pois, aparentemente, na visao de terceiros de boa-fé, seriam agentes publicos de direito. Cumpre registrar que, embora a investidura seja irregular, os agentes putativos trabalharam em suas fungdes, e, por isso, mo ha que se falar de devolucdo da remuneracgdo. que receberam como retribuicdo pecuniaria; de outra forma, a Administragéo se beneficiaria de enriquecimento sem causa. ” na proval 7. (Cespe - TRE/MS 2013) E possivel que um individuo, mesmo sem ter uma investidura normal e regular, execute uma fungao piiblica em nome do Estado. Comentario: Em homenagem ao principio da protecdo a confianga, é possivel que um individuo, mesmo sem ter uma investidura normal e regular, execute uma fun¢&o ptiblica em nome do Estado. A doutrina classifica essas pessoas como agentes de fato, pois praticam atos administrativos sem serem agentes de direito. Como exemplo, pode-se citar 0 agente investido de forma irregular que recebe tributos pagos por contribuintes. Ora, os contribuintes s80 terceiros de boafé e fizeram os pagamentos a alguém que tinha efetivamente a aparéncia de servidor legitimamente investido. Sendo assim, as quitagées sao consideradas validas, devendo a Administracéo convalidar os atos praticados pelo agente de fato. Gabarito: Certo Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 10de 161 E Ss t ‘a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 Hot! ott Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 NORMAS CONSTITUCIONAIS SOBRE AGENTES PUBLICOS As principals disposi¢ées constitucionais relativas aos agentes piblicos esto nos artigos 37 a 41 da Constituicdéo Federal. Em seguida, vamos estudar esses dispositivos. Antes, porém, cumpre apresentar os conceitos de cargo, emprego ¢ funcao. CARGO, EMPREGO E FUNCAO No dmbito da Administrag3o Publica, os agentes ptiblicos ocupam cargos ou empregos ou exercem fungao. Cargo ptiblico é 0 lugar ou posicao juridica a ser ocupado pelo agente na estrutura da Administragao®. Quando um individuo é aprovado no concurso da Receita Federal, por exemplo, ele passa a ocupar um dos respectivos cargos do érgao, como o cargo de Auditor-Fiscal ou o de Analista Tributario. A Lei 8.112/1990 assim estabelece 0 conceito de cargo publico: Art. 30 Cargo piiblico é 0 conjunto de atribuigdes e responsabilidades previstas. na “estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Pardgrafo Unico. Os cargos puiblicos, acessiveis a todos os brasileiros, sio criados por lei, com denominag&o prépria e vencimento pago pelos cofres publicos, para provimento em carater efetivo ou em comissdo. A todo cargo séo atribuidas uma série de responsabilidades ou fungdes publicas. Porém, veremos que nem toda funcao corresponde a um cargo (ex: funcées exercidas por servidores temporarios). A existéncia do cargo ptiblico remete a adocéo de regime juridico estatutario, vale dizer, a relacdo juridica entre o agente e o Estado é definida diretamente por uma lei, de que seriam exemplos os servidores publicos regidos pela Lei 8.112/1990, os magistrados regidos pela LC 35/1979 e os membros do Ministério Publico regidos pela LC 75/1993. 5 Lucas Furtado (2014, p. 715). Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 11de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Nessas situacées, o lugar a ser ocupado pelo agente na Administracdo é um cargo publico. 2 Os cargos publicos so ocupados por servidores publicos dos 6rgaos e entidades de direito puiblico, isto é, administracao direta, autarquias e fundagées publicas. 0 cargo ptiblico pode ser de provimento efetivo, mediante concurso publico, ou em comissao, de livre nomeacdo e exoneracao. Ressalte-se que mesmo os cargos em comissao sao estatutdrios, muito embora seu regime de previdéncia seja o regime geral aplicdvel aos empregados celetistas. © emprego piblico, por sua vez, também designa um lugar a ser ocupado pelo agente puiblico na estrutura da Administrac&o. Diferencia-se do cargo ptiblico em razao do regime juridico aplicavel: 0 ocupante de emprego publico tem um vinculo contratual, sob a regéncia da CLT, enquanto 0 ocupante do cargo publico, como visto, tem um vinculo estatutdrio, disciplinado diretamente por uma lei especifica. 2 Os empregos pliblicos sd0 ocupados por empregados publicos da Administragdo direta e indireta; séo mais comuns nas entidades administrativas de direito privado, isto é, empresas publicas, sociedades de economia mista e fundacées piblicas de direito privado. A rigor, 0 regime juridico dos empregados publicos é hibrido. De fato, ndo obstante observem a legislacao trabalhista prevista na CLT, os empregados publicos devem se submeter a algumas normas de direito publico, a exemplo do concurso publico e da necessidade de que haja a devida motivagao para sua demissao J4 a funcdo publica constitui o conjunto de atribuigdes as quais n3o necessariamente corresponde um cargo ou emprego. Trata-se, portanto, de um conceito residual. Na Constituicdo Federal, abrange apenas duas situagdes: © Ressalte-se, porém, que os empregados piiblicos nda possuem estabilidade, direito reservado aos servidores estatutérios. Eles podem, inclusive, ser demitidos sem justa causa, desde que haja a devida motivacao e Ihes seja garantido o contraditério e a ampla defesa. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 12de 161 Est a égia Direito Administrative para AFRFB 2015 CON wie SOS Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 i. as fungdes exercidas por servidores temporarios, contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse publico (art. 37, IX); ii, as fungdes de natureza permanente, correspondentes a chefia, direcdo, assessoramento ou outro tipo de atividade para a qual o legislador no crie cargo respectivo; em geral, séo fungées de confianga, de livre provimento e exoneracao (art. 37, V) Nas hipéteses de contratacéo temporaria, 0 agente piblico exerce atribuigdes plublicas como mero prestador de servigo, mas sem ocupar um local (cargo ou emprego) na estrutura da Administragdo Publica. Veja~ se, por exemplo, que o professor de uma universidade publica contratado em regime temporario (professor substituto) desempenha as mesmas atribuigdes do professor ocupante de cargo ptblico, mas, diferentemente deste, ndo ocupa um lugar na estrutura administrativa da entidade. Por sua vez, as funcées de confianca devem ser exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo. O servidor designado para exercer atividade de chefia, direcdo ou assessoramento deixa de exercer as atribuices do seu cargo e passa a exercer as atribuigdes relativas & funcéio de confianca. Em regra, a criagdo dos cargos, empregos e funcdes depende de lei. No caso dos cargos, a lei deve apontar os elementos necessarios 4 sua identificagdo, Ihes conferindo denominagao prépria, definindo suas atribuigdes e fixando o padro de vencimento ou remuneracao. Quanto as funcées, essa exigéncia de lei para criagdo refere-se tdo- somente as fungées de confianga, no se aplicando para as funcées tempordrias. Alias, conforme salienta Maria Sylvia Di Pietro, hé uma série de normas constitucionais que, ao fazerem referéncia a cargo, emprego ou fungaio, estdo se referindo apenas as fungées de confianca e nao as fungdes tempordrias. Além da exigéncia de lei para criagdo, também 6 0 caso, por exemplo, do art. 38, que prevé o afastamento do cargo, emprego ou fungao para o exercicio de mandato. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 161 - 7 Direito Administrative para AFRFB 2015 Estratégia Teoria exercioscomentoor NCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 re ssAca na prova! 8. (Cespe — PM/CE 2014) O cargo pilico, cujo provimento se da em cardter efetivo ou em comissao, s6 pode ser criado por lei, com denominagao prépria e vencimento pago pelos coftes piblicos. Comentario: O quesito est correto, nos termos do art. 3°, paragrafo unico da Lei 8.112/19: Art. 30 Cargo piblico 6 0 conjunto de atribuigdes @ responsabilidades previsias na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Parégrato Gnico. Os cargos publicos, acessiveis a todos os brasileiros, sdo criados por lei, com denominacao prépria e vencimento pago pelos cofres publics, para provimento em cardter efetivo ou em comissdo. Gabarito: Certo 9. (Cespe - TRE/MS 2013) Servidor publico estatutario é aquele submetide a um diploma legal especifico e que ocupa cargo piblico da administragao direta e indireta, como autarquias, fundagdes e empresas publicas. Comentario: O servidor pliblico estatutdrio é aquele submetido a um diploma legal especifico e que ocupa cargo piiblico da administracao direta e indireta; na indireta, os servidores estatutérios encontram-se, especificamente, nas entidades de direito pliblico (autarquias e fundagées ptblicas), e néo nas. de direito privado (empresas puiblicas, sociedades de economia mista e fundagées piblicas de direito privado), as quais s&0 constituidas por empregados puiblicos celetistas. Gabarito: Errado 10. (Cespe — MIN 2013) Nas empresas piiblicas e sociedades de economia mista, no existem cargos publicos, mas somente empregos puiblicos. Comentarios: O quesito esta correto. Os cargos piiblicos, de provimento efetivo ou em comissao, ocupados por servidores pliblicos estatutarios, estao presentes nos érgdos e entidades de direito puiblico (administragdo direta, autarquias e fundagées publicas). Ja os empregos piiblicos, ocupados por empregados piiblicosceletistas, estéo presentes nas __entidades administrativas de direito privado (empresas publicas, sociedades de economia mista e fundagées publicas de direito privado). Por oportuno, saliente-se que os dirigentes das empresas estatais (diretores e membros do conselho de administragao) ngo sAo empregados pUblicos celetistas. Eles constituem uma categoria a parte, regidos por leis especificas, como 0 Codigo Civil e a Lei 6.404/1976 (Lei das S/A). Gabarito: Certo Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 14de 161 cA 7 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Estratégia Teoria execs comentoos NCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 11. (Cespe - Ministério da Justica 2013) A criagdo de cargos piiblicos & competéncia do Congresso Nacional, que a exara por meio de lei. No entanto, a iniciativa desse tipo de lei ¢ privativa do presidente da Republica. Comentario: E certo que, em regra, a criacdo e a extincdo de cargos pUblicos deve ser feita por lei. Porém, a iniciativa privativa do Presidente da Republica refere-se apenas aos cargos do Poder Executivo federal (CF, art. 61, §1°, Il, “a”). No Poder Judiciario, a criagdo e a extingéo de cargos depende de lei de iniciativa privativa do STF, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justiga (CF, art. 96, Il, “b”), J no Poder Legislative federal, a criagéo ou extingo de cargos nao é feita mediante lei, e sim por resolugao da Camara dos Deputados e do Senado Federal (CF, art. 51, IV e art. 52, Xill). Gabarito: Errado 12, (Cespe — TRE/MS 2013) Os litigios que envolvam os servidores piiblicos estatutarios e celetistas devem ser dirimidos na Justiga do Trabalho, especializada ‘em dirimir conflitos entre trabalhadores e empregadores. Comentario: A Justica do Trabalho ¢ competente para dirimir conflitos apenas entre a Administracéo e os empregados celetistas. Ja os litigios envolvendo servidores estatutdrios sao resolvides na Justia Comum (federal estadual, conforme o caso). Por oportuno, ressalte-se que as lides envolvendo agentes piiblicos tempordrios também sao da competéncia da Justica Comum. Gabarito: Errado 13. (Cespe — MPTCE/PB 2014) O servigo voluntério nao gera vinculo empregaticio, mas nao exime a entidade beneficidria desse servigo da obrigagao de natureza previdenciaria. Comentario: O servico voluntario (que nao se confunde com o servico tempordrio) prestado por pessoa fisica a entidade publica ou privada é disciplinado pela Lei 9.608/1998. Vejamos 0 que diz o art. 1° da lel: Art. 1° Considera-se servi¢o voluntério, para fins desta Lei, a atividade ndo remunerada, prestada por pessoa fisica a entidade puiblica de qualquer natureza, ou a instituig&o privada de fins nao lucrativos, que tenha objetivos civicos, culturais, educacionais, cientificos, recreativos ou de assisténcia social, inclusive mutualidade. Parégrato tnico. O servi¢o voluntério néo gera vinculo empregaticio, nem obrigagéo de natureza trabalhista previdenciéria ou afim Gabarito: Errado Vamos agora iniciar 0 estudo dos dispositivos constitucionais. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 161 E Ss t ‘a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 Hot ott Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 ACESSO A CARGOS, EMPREGOS E FUNGOES PUBLICAS O inciso I do art. 37 da CF informa que os cargos, empregos e funcées piiblicas sao acessiveis a brasileiros e estranaeiros: 1 - os cargos, empregos e funcdes publicas sdo acessiveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; No caso dos brasileiros - natos ou naturalizados - basta o atendimento aos requisitos da lei para que possam acessar os cargos, empregos e funcdes puiblicas. Ox Existem cargos que sao privativos de brasileiro nato (CF, FIQUE GS atento! art. 12, §32), vale dizer, séo cargos que ndo podem ser cocupados por brasileiro naturalizado, muito menos por estrangeiro. So eles: Presidente e Vice-Presidente da Republica; Presidente da Camara dos Deputados; Presidente do Sénado Federal; Ministro do Supremo Tribunal Federal; carreira diplomatica; oficial das forcas armadas; Ministro de Estado da Defesa. J4 0 acesso dos estrangeiros aos quadros ptiblicos deve ocorrer ‘na forma da lei”, ou seja, trata-se de norma constitucional de eficdcia limitada (norma nao autoaplicavel), dependendo da edicao de lei regulamentadora para produzir efeitos’. Portanto, antes do advento da referida lei, os estrangeiros ficam impossibilitados de ocupar cargos, empregos e funcdes publicas. Ressalte-se que a norma regulamentadora de que trata o art. 37, I da CF no é da competéncia privativa da Unio, vale dizer, cada Estado-membro deve editar sua propria lei sobre o tema®. Por meio do inciso I do art. 37, a Constituicéo da Republica garante o direito de amplo acesso aos cargos, empregos e fungées piblicas. N&o obstante, ao condicionar 0 acesso a satisfacéo dos "requisitos estabelecidos em lei”, a Carta Magna permite que se imponham certas restrigdes a esse acesso, como requisitos de idade, altura e sexo, de acordo com a natureza do cargo (art. 39, § 3°). A restrigéo eventualmente imposta ao acesso a determinado cargo piblico deve sempre guardar correspondéncia com a real necessidade para 0 exercicio da func&o. Em outras palavras, a lei, ao estabelecer os 7 RES44.655/MG #41500.663/RR Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 requisitos para acesso aos cargos, empregos e funcdes publicas deve observar os principios da isonomia, razoabilidade e impessoalidade. Para tanto, nao pode instituir exigéncias desarrazoadas ou discriminatorias, que ndo guardem consondncia com a atividade a ser exercida pelo agente. Nesse sentido, a Samula 683 do STF preceitua que: (0 limite de idade para a inscrigao em concurso pUblico 6 se legitima em face do art. 7°, XXX, da Constituicdo, quando possa ser justificado pela natureza das atribuic6es do cargo a ser preenchido. Na mesma linha, a jurisprudéncia do Supremo se firmou no sentido de que a “imposicao de discrimen de género, para fins de concurso pubblico, s6 € compativel com a Constituicao nos excepcionais casos em que reste inafastavel_a fundamentacéo provorcional e a leaalidade_da imposic&o”. Por esse entendimento, 0 STF n&o admite que se obste a participagao de mulheres nos concursos piiblicos para acesso aos quadros da policia militar sem que haja qualquer justificava na legislacio de regéncia, tampouco no edital?. De outro lado, 0 STF entende que é razoavel a exigéncia de altura minima para cargos da area de seguranca, “desde que prevista em lei no sentido formal e material, bem como no edital que regule 0 concurso”, pois tal exigéncia 6 compativel com a natureza das atribuicées do cargo. Na jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justica (STJ) é firme o entendimento de que é possivel a definicéo de limite maximo e minimo de idade, sexo e altura para o ingresso na carreira militar, levando-se em conta as peculiaridades da atividade exercida, “desde que haja previséio lei especifica e no edital do concurso publico”®. Importante ressaltar que qualquer exigéncia. de _natureza discriminatéria a restringir 0 acesso ao servico pUblico, como limites de idade, altura, sexo e exigéncias de experiéncia profissional, deve ser estabelecida mediante lei, ¢ néo apenas no edital do concurso. Isso porque 0 edital do concurso pubblico nao ¢ instrumento idéneo para impor condigdes para a participacdo no certame; para que uma imposicdo dessa natureza seja legitima, é imprescindivel a previsdo em lei. Mais que isso, € necessario que a prépria lei observe os principios da isonomia, ° RES28.684/MS ¥ AgRe no RMS 41.515/BA e RMS $4.127/AC Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 17de 161 E t t im Direito Administrative para AFRFB 2015 stratégia Tair eases CONCURSOS Prof. Erick Alves ~ Aula 05 razoabilidade e impessoalidade no que tange a compatibilidade da exigéncia com as atribuigées do cargo“! Veja-se, como exemplo, a Samula 686 STF, segundo a qu S6 por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitacdo de candidato a cargo publico. | Além de ser previsto em lei, 0 exame psicotécnico a ser aplicado em concurso ptblico deverd observar critérios objetivos de reconhecido carater cientifico, a fim de viabilizar a interposicéo de recurso administrativo e 0 controle jurisdicional da legalidade e da razoabilidade dos parametros estabelecidos. Em regra, quando a lei impde determinada condicao para o exercicio de cargo ptiblico, a exemplo da demonstracao de experiéncia profissional prévia ou de escolaridade minima, a verificacdo da situacao do candidato deve ocorrer no ato da posse, e no no ato de inscri¢do no concurso ou em qualquer de suas etapas. Por exemplo, um candidato pode se inscrever e prestar concurso que exija nivel superior de escolaridade ainda que nao tenha terminado seu curso na universidade. O que importa para 0 cumprimento do requisito legal é a exist€ncia da habilitagdo plena no ato da posse, ocasido em que © candidato deveré demonstrar que concluiu 0 curso superior para ter condigdes de assumir a vaga. Excec’o a essa regra refere-se a verificacdo dos requisitos para ingresso nos cargos de juiz e de membro do Ministério Publico, tanto federais quanto estaduais. A Constituicéo exige para o preenchimento desses cargos que o candidato seja bacharel em direito e que comprove, no minimo, trés anos de atividade juridica (CF, art. 93, I e art. 129, §3°). Ao contrario do entendimento aplicavel aos demais cargos publicos (de verificag3o no ato da posse), 0 Supremo Tribunal Federal definiu que os trés anos de atividade juridica pressupdem a conclusao do curso de bacharelado em Direito (ou seja, nao contam eventuais trabalhos na area juridica executados antes do término do curso, como estagidrio ou como servidor pliblico que desenvolva atividades na area, por exemplo) e que a comprovacdo desse requisito deve ocorrer na data da inscricéo no concurso e nao em momento posterior!?. 11 Ver Siimula STF 14 e Siimula STF 686 ” MS26.681/DF Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 161 Est a égia Direito Administrative para AFRFB 2015 CONGUE SOS Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Qutra excecdo presente na jurisprudéncia do Supremo é quanto @ comprovacao do limite maximo de idade para provimento no cargo. Essa exigéncia geralmente é feita nos concursos para carreiras militares e policiais. O Supremo Tribunal firmou o entendimento de que a comprovacao do requisito etdrio estabelecido na lei deve ocorrer no momento da inscricéo no certame, e n’o em momento posterior, tendo em vista a impossibilidade de dimensionar o periodo que sera transcorrido entre a abertura das inscrigées do concurso publico e sua efetiva homologacaio??. Assim, segundo o Supremo, num concurso que exija idade inferior a 30 anos, por exemplo, é possivel dar posse a candidato com 31 anos, desde que ele tivesse 30 por ocasiao da inscrigéo no certame. & Resumindo Momento para comprovar requisitos em concursos piiblicos: » Regra: no ato da posse. > Excecdes: no ato da inscrico no concurso, nos seguintes casos: * Trés anos de atividade juridica para os cargos de juiz, membro do MP. + Limite maximo de idade (comum nas carreiras policiais e militares), CONCURSO PUBLICO Para ocupar cargos e empregos publicos efetivos é obrigatéria a aprovaco prévia em concurso publico: II - @ investidura em carao ou empreao publico depende de aprovacao prévia em concurso publico de provas ou de provas e titulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeacées para cargo em comissdo declarado em lei de livre nomeacao e exoneracao; © concurso ptiblico é 0 mecanismo utilizado para se concretizar o principio da isonomia no acesso ao servico publico. Por essa razdo, ele deve ser acessivel ao ptiblico em geral, deve ser amplamente divulgado e os critérios de escolha devem ser claros, objetivos e previamente definidos. Nesse sentido, a Lei 8.112/1990 dispde que “o prazo de 1 ARE 605,070-AeR Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 19de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ale Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 validade do concurso e as condicgées de sua realizacdo serdo fixados em edital, que ser publicado no Di Oficial da Unido e em jornal di de grande circulagao”. A exigéncia de concurso public aplica-se 4 nomeacdo para caraos ou empregos plblicos (funcdes nao!) de provimento efetivo, abrangendo tanto os cargos das entidades de direito publico como os empregos pliblicos das entidades administrativas de direito privado, integrantes da administracao indireta’*. De outro lado, a aprovacao em concurso piblico no é exigida para: > Principais excecdes & regra do concurso piiblico: = Nomeagio para cargos em comisséo, os quais,"por definigS0, so de livre nomeacdo e exoneracdo com base em critétios subjetivos da autoridade competente (CF, art. 37, II). = Contratacao de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse pubblico (CF, art. 37, IX). = Contratago de agentes comunitérlos de sade e agentes de combate as endemias, os quais devem ser admitidos por meio de “processo seletivo simplificado”, que nao se confunde com concurso puiblico (CF, art. 198, §42). = Cargos eletivos (prefeitos, governadores, deputados etc); = Ex-combatentes (art. 53, | do ADCT); Nos termos do art. 37, inciso II, 0 concurso ptiblico deve ser sempre de “provas” ou de “provas ¢ titulos”. Portanto, nado se admite concurso pliblico em que nao se realize provas, vale dizer, que sejam baseados apenas na anilise de titulos ou curriculos. Ou o concurso é sd de provas ou € de provas ¢ titulos. Para ser considerado de “provas e titulos”, os titulos devem servir como critério de classificagdo, e nao apenas como requisito de habilitagéo. Por exemplo, é de “provas e titulos” um concurso que apresente fase especifica de atribuigéo de pontos a cada titulo de mestrado, doutorado ou de proficiéncia em lingua estrangeira apresentado “40s conselhios de fiscalizagdo profissional, posto que autarquias criadas por lei e ostentando personalidade juridica de direito piiblico, exercendo atividade tipicamente piiblica, qual seja, a fiscalizacao do exercicio profissional, submetem-se as regras encartadas no art. 37, Il, da €B/1988, quando da contratagao de servidores (RE 539.224, julgamento em 2-5-2012) No mesmo sentido: MS 26.424, julgamento em 19-2-2013. Ou seja, os conselhos profissionais devem realizar concurso puiblico. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ale Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 pelo candidato, e essa fase influencia na classificagéo do certame; por outro lado, um concurso que apenas exige formacao especifica em determinada 4rea como requisito para a posse, e ndo contém fase de atribuicgéo de pontos para titulos adicionais, é um concurso de provas, apenas. nar A prépria Constituiggo Federal lista alguns cargos cujo atento! — ingresso depende, necessariamente, de aprovacio prévia em concurso publico de provas e titulos. So eles: membros da magistratura (art. 93, |); membros do Ministério Publico art. 129, §39); integrantes da Advocacia Publica (art. 131, §2° e art. 132); integrantes das Defensorias Piblicas (art. 134, §1°); profissionais da educaco escolar das redes puiblicas (art. 206, V). A exigéncia de titulos como critério de classificagéo dos candidatos deve guardar relacéo com as atribuigdes do cargo ou emprego. Um exemplo exagerado e contrario a essa regra seria um concurso para perito contabil atribuir pontos para titulos na area de engenharia e nao para certificagdes na area de contabilidade. Conforme o entendimento do STF", a pontuacao atribuida aos titulos deve observar os principios da razoabilidade e da proporcionalidade, a fim de evitar a supervalorizaco dessa etapa. Com efeito, a valoracéo dos titulos em concurso ptiblico € subsididria a avaliagdo intelectual em prova, vale dizer, os titulos néo podem se tornar o verdadeiro critério de selecdo dos candidatos, sob pena de ofensa ao principio da isonomia (caso contrario, haveria margem para se exigir determinados titulos a fim de beneficiar determinado grupo de candidatos sabidamente possuidores desses titulos). A Lei 8.112/1990 permite que o concurso seja realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira’®, No caso de realizacéo do concurso em duas etapas, geralmente a segunda sera constituida de curso ou programa de 15 aDIa.522/RS 46 Lei 8112/1990, art. 11: "O concurso serd de provas ou de provas e titulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e 0 reguilamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrigdo do candidato ao pagamento do valor fixado no edical, quando indispensdvel ao seu custeio, € ressalvadas as hipéteses de isengio nele expressamente previstas'. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 21de 161 i a Direito Administrativo para AFRFB 2015 g Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 formagao, de carater eliminatério e classificatério, ressalvada eventual disposicao diversa constante de lei especifica’”. Logicamente, a aprovacdo em concurso piblico deve observar o Prazo de validade e a ordem de classificac&o do certame. Quanto ao prazo de validade, o inciso III do art. 37 da CF estabelece 0 seguinte: III - 0 prazo de validade do concurso publico seré de até dois anos, prorrogavel uma vez, por igual periodo; prazo de validade de um concurso corresponde ao periodo que a Administragao tem para nomear ou contratar os aprovados para o cargo ou emprego publico a que o certame se destinava*®. E contado a partir da homologagSo do concurso pela autoridade competente. © prazo de validade de um concurso publico € definido de forma discricionaria pela Administracéo, podendo ser de até dois anos (pode ser menos, mas no maximo dois). Geralmente, 0 prazo de validade consta de forma expressa do respectivo edital; caso o edital seja omisso, considera-se que esse prazo é de dois anos. Igualmente, a deciséo de prorrogar ou nao o prazo inicial de validade constitui ato discricionario da Administracao. Nao obstante, se houver prorrogacao, 0 prazo desta deve ser obrigatoriamente idéntico ao prazo inicial estipulado no edital, nem mais nem menos ("por igual periodo”). Ademais, a prorrogacao sé deve ocorrer uma vez. Em relacio a necessidade de observancia da ordem de classificacdo no certame quando da nomeacio dos aprovados, frequentemente aponta-se como fundamento dessa obrigatoriedade o art. 37, IV da CF: IV - durante 0 prazo improrrogavel previsto no edital de convocaco, aquele aprovado em concurso pibblico de provas ou de provas e titulos serd convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; Porém, conforme ensinam Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, tal dispositivo deve ser lido assim: “durante o prazo de validade de um determinado concurso, aqueles nele aprovados devem ser convocados 17 Decreto 6.944/2009, art. 13, §8°. ‘® Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 287) Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 161 i a Direito Administrativo para AFRFB 2015 g Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Estraté: CONCURSOS para assumir o respectivo cargo ou emprego antes que se convoque qualquer candidato aprovado em um novo concurso realizado para 0 mesmo cargo ou emprego. Frise-se que essa regra sé se aplica enquanto © primeiro concurso estiver dentro do seu prazo de validade”. Como se vé, 0 art. 37, IV da CF nao trata propriamente da ordem de classificagdo num mesmo certame, e sim da prioridade de convocacéo na hipétese de novo concurso ser realizado durante a vigéncia do prazo de validade de outro certame para 0 mesmo cargo ou emprego. Para esfera federal, o art. 12, §22 da Lei 8.112/1990 estabelece que “ndo se abriré novo concurso enguanto hhouver candidato aprovado em concurso anterior com Para as demais esferas, deve-se observar o que prescreve a legislacao local, uma vez que a Constituigo Federal ndo proibe a realizagdo de um novo concurso durante o prazo de validade de um concurso anterior para © mesmo cargo ou emprego. Na verdade, a obrigatoriedade de observancia da ordem de classificagio na nomeacao dos candidatos aprovados é decorréncia légica do préprio instituto do concurso piiblico e dos principios da impessoalidade e da moralidade. Ademais, a Simula 15 do STF*® contém orientagio no sentido de que o candidato possui direito subjetivo a nomeacdo caso a Administracdo nomeie antes dele outro candidato.em pior colocacao que a sua. Como se percebe, com essa jurisprudéncia, a Suprema Corte aponta a necessidade de se observar a ordem de classificagéo no concurso por ocasiéo da nomeacao dos candidatos ° (a Administragdéo néo pode, por exemplo, nomear 0 7° colocado sem antes haver nomeado 0 6°). A Constituigéo Federal prevé que, nos concursos ptiblicos, um percentual de vagas deve ser reservado para candidatos portadores de deficiéncia: © Sumula 15 do STF: Dentro do prazo de validade do concurso, 0 candidato aprovado tem o direito & nomeagéo, quando 0 cargo for preenchido sem observancia da classificagao. 2 Essa regta, contudo, nda é aplicavel quando o candidato plor colocado & nomeado em virtude de decisao judicial, ocasiao em que nao surge direito subjetivo para os candidatos mais bem classificados ‘que tenhas sido preteridos (AL698,618/SP) Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 VIII - a lei reservaré percentual dos cargos e empregos publicos para as pessoas portadoras de deficiéncia e definiré os critérios de sua admissao; Ressalte-se que a referida norma constitucional no dispensa as pessoas portadoras de deficiéncia da realizago de concurso publico, mas apenas determina que a Administrago reserve um percentual de vagas a essas pessoas, conforme definido em lei. Ademais, exceto quanto ao niimero de vagas reservadas, a pessoa com deficiéncia participar do certame em igualdade de condigées com os demais candidatos no que concerne ao conteido das provas, a avaliacdo e aos critérios de aprovacao, ao hordrio e ao local de aplicaco, e 8 nota minima exigida. Importante observar que as atribuicées do cargo ou emprego devem ser compativeis com a deficiéncia da qual a pessoa é portadora, vale dizer, no se admite a contratacdo de pessoa cuja deficiéncia a incapacite, de modo absoluto, para o desempenho das atividades inerentes as atribuicées do respectivo cargo ou emprego. Seria inadmissivel, por exemplo, nomear um deficiente visual para o cargo de guarda de trnsito, pois a visdo é um sentido essencial para o pleno exercicio das atividades de controle de trafego; por outro lado, seria cabivel a portadores de deficiéncia auditiva exercitarem atividades de informatica. Na esfera federal, a Lei 8.112/1990 prescreve que o percentual de vagas para pessoas portadoras de deficiéncia seré de até 20% das vagas oferecidas no concurso (art. 5°, §2°%). Perceba que 20% é o imite maximo. Ja limite minimo é de 5% do total de vagas, conforme estabelecido pelo Decreto 3.298/1999 (art. 37, §1°7*). O referido decreto estabelece, ainda, que se a aplicacéo do percentual minimo de 5% resultar em ntimero fracionado, “este deveré ser elevado até o primeiro niimero inteiro subsequente”. Por exemplo, num concurso com 50 vagas, a Administragéo deve reservar, no minimo, 3 vagas para pessoas portadoras com deficiéncia (= 50 vagas x 5% = 2,5 > 3 vagas). 21§ 20 As pessoas portadoras de deficiéncia é assegurado 0 direito de se inscrever em concurso piiblico para provimento de cargo cujas atribuigdes sejam compativeis com a deficiéncia de que sao portadoras; para tas pessoas serdo reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. % § 10 0 candidato portador de deficiéncia, em razdo da necesséria {gualdade de condigdes, concorrerdé a todas as vagas, sendo reservado no minimo o percentual de cinco por cento em face da classificagao obtida, Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 24de 161 Estratégia avin di oe 0 eae Prof. Erick Alves ~ Aula 05 A jurisprudéncia do Supremo indica que, havendo conflito entre o limite maximo e 0 limite minimo, prevalece o limite maximo previsto na lei. Por exemplo, num concurso com apenas duas vagas, reservar uma para portadores de deficiéncia significaria reservar 50% do total, implicando majoragéo indevida dos percentuais legalmente estabelecidos (de até 20%)*°. Nesse caso, em razdo da impossibilidade de se respeitar o limite maximo, nao deveria ser reservada nenhuma vaga para deficientes. Dessa forma, a interpretacdo a ser feita é que as fracdes resultantes da aplicacSo do percentual minimo de 5% deverdo ser arredondadas para © primeiro numero subsequente, desde que respeitado o limite maximo de 20% das vagas oferecidas no certame. A justificativa do STF para esse entendimento é que a regra geral do concurso ptiblico é 0 tratamento igualitério, consubstanciando excegdo a separacdo de vagas para um determinado segmento. Ressalte-se que, nos termos do art. 42 do Decreto 3.298/1999, se um candidato inscrito como portador de deficiéncia obtiver pontuagao suficiente para ser clas: ado na lista geral, ele nado mais concorreré com os candidatos para as vagas reservadas; no caso, ele ocupara uma vaga da lista de ampla concorréncia. Essa regra permite, em tese, que haja mais candidatos com deficiéncia aprovados do que o numero de vagas que a eles estava reservado no edital. A recente Lei 12.990, de 9 de junho de 2014, reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos publicos para provimento de cargos efetivos e empregos publicos no Ambito daadministracao publica federal, das autarquias, das fundacées piiblicas, das empresas ptiblicas e das sociedades de economia mista controladas pela Unigo. A lei teré vigéncia pelo prazo de 10 anos e aplica-se apenas aos concursos para ingresso no Poder Executivo federal, ndo valendo para os certames dos Poderes Legislativo e Judiciario. Detalhe é que a Lei 12.990/2014 reserva aos negros 0 total de 20% das vagas, ou seja, 20% no é o limite maximo, como para os portadores de deficiéncia, e sim o percentual a ser efetivamente garantido. % RE 440.988/DF % Art. 42, A publicagdo do resultado final do concurso serd feita em duas listas. contendo, a primeira, a pontuagéo de todos os candidatos, inclusive a dos portadores de deficiéncia, e a segunda, somente a pontuagdo destes tiltimos, Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Ademais, a cota para negros somente serd aplicada nos concursos com 3 ou mais vagas. O arredondamento na hipstese de quantitativo fracionado poderd ser para mais ou para menos, a depender se a frac3o for maior ou menor que 0,5, respectivamente. Diferentemente, no caso dos portadores de deficiéncia, o arredondamento é sempre para mais. Por fim, a Constituicao Federal (art. 37, §2°) estabelece que a nao observancia da exig€ncia de concurso piiblico ou do seu prazo de validade “implicaré a nulidade do ato e a puni¢&o da autoridade responsével, nos termos da lei”. Sendo assim, os atos administrativos de nomeacao ou contratacéo para cargos ou empregos efetivos que ndo tenham sido precedidos de concurso ptiblico, ou que tenham ocorrido apés 0 transcurso do prazo de validade do certame, sao eivados de ilegalidade e, assim, poderéo ser anulados pela propria Administracio ou pelo Poder Judicidrio, implicando 0 desligamento das pessoas _ilegalmente admitidas. Saliente-se, contudo, que a remuneragio recebida por essas pessoas em razao do servico efetivamente prestado nao precisaré ser devolvida, sob pena de enriquecimento sem causa do Estado”. Ge sursprudencid 0 assunto “concursos ptiblicos” é bastante presente na jurisprudéncia dos nossos tribunais superiores. Vamos entéo conhecer algumas importantes posicdes jurisprudenciais sobre 0 tema. Lembrando que as ementas de todos os julgados comentados a seguir estdo reproduzidas no final da aula, para facilitar a consulta. De inicio, cumpre destacar a Stmula 684 do STF, pela qual “é inconstitucional 0 veto nao motivado a participacio de candidato a concurso ptiblico”. Com efeito, 0 concurso publico deve, por principio, ser aberto a todos os interessados. Portanto, o ato administrative que impeca a participaco do candidato em concurso ptiblico, como todo ato que implique restricao de direitos, deve ser devidamente motivado, com a indicago dos pressupostos de fato e de direito que fundamentaram a decisao. 25 Da mesma forma, o empregado piiblico admitido ilegalmente sem concurso, desde que tenha recebido satério, tem direito ao depésito do FGTS mesmo quando reconhecida a nulidade da contratagao (RE596.478/RR). Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 161 E t a Direito Administrative para AFRFB 2015 stratégia Ta soeriencomentnde TONCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 Conforme jurisprudéncia pacificada do Supremo Tribunal Federal, o candidato aprovado em concurso piblico dentro do numero de vagas indicado no edital tem direito subjetivo de ser nomeado, observado 0 prazo de validade do concurso”®. Mais que isso, a Corte Suprema reconhece que assiste 0 mesmo direito ao candidato que tenha sido aprovado fora das vagas previstas no edital, mas que, em raz8o da desist@ncia de candidatos clasificados em colocacao superior, passe a estar colocado dentro do numero de vagas”” Portanto, ao ver do STF, é dever da Administracdo nomear, dentro do razc vali¢ ncurso, todos os candidatos aprovados que estejam dentro do numero de vagas previsto no Edital (originalmente ou em razdo da desisténcia de outros candidatos). A Administracdo poderd até escolher 0 momento no qual realizaré a nomeac&o (se de uma vez sé ou em varias etapas), mas nao podera dispor sobre a prépi nomeagio, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao Poder Publico. Assim, por exemplo, se o edital prevé 30 vagas, no minimo 30 candidatos devem ser nomeados dentro do prazo de validade do concurso. Até € possivel a Administracdo convocar mais candidatos aprovados, além das 30 vagas originalmente previstas no edital; jamais, contudo, poderé chamar um menor numero. Sobre o tema, 0 ST) entende que, ainda que o edital nao preveja © ndmero de vagas (a exemplo dos concursos para formacdo de cadastro de reserva), caso a Administragéo convoque determinado numero de candidatos do cadastro, a desisténcia de candidatos convocados, ou mesmo a sua desclassificagio em razdo do nao preenchimento de determinados requisitos, gera para os seguintes, na ordem de classificacdo, direito subjetivo 4 nomeacao para as vagas nao ocupadas por motivo de desisténcia ou desclassificacdo”*. Além disso, nos casos em que 0 edital nao estipula o ntimero de vagas, a jurisprudéncia do STJ reconhece que o candidato aprovado em primeiro lugar do certame possui direito subjetivo 4 nomeacio, afinal, © simples fato de 0 concurso ter sido aberto faz presumir que haveria pelo menos uma vaga disponivel”’. 26 RE 598,099 /M: 7 ARE 675, 28 RMS 32.105/DE 2 RMS 33.426/RS (Informative 481 do ST!) Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 RONG SO Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 O Supremo Tribunal Federal também reconhece que a classificagao e aprovagao do candidato, ainda que fora do numero minimo de vagas previstas no edital do concurso, confere-lhe 0 direito subjetivo 8 Nomeacao se, durante o prazo de validade do concurso, houver o ‘surgimento de novas vagas para o respectivo cargo, por criacéo através de lei*°. Veja que a lei de criac&o de novos cargos deve ocorrer durante 0 prazo de validade do concurso. Se houver necessidade e possibilidade de prorrogacéo do prazo original de validade para a efetivacdo das novas nomeacées (por exemplo, a lei foi editada préximo do fim desse prazo, e este ainda no foi prorrogado), a Administracao deverd proceder a prorrogacao, vale dizer, nessa hipdtese o poder discriciondrio resta mitigado diante do direito subjetivo dos candidatos. Ao ver da Suprema Corte, nem mesmo “razées de politica administrativa interna do drgdo que realizou 0 concurso” sao justificativas bastantes para 0 indeferimento da prorrogacao da validade do certame puiblico. A jurisprudéncia dos tribunais superiores também assinala que a contratacéo de pessoal a titulo precdrio (por exemplo, comissionados, tempordrios ou terceirizados) para 0 exercicio de atribuigdes préprias de cargo efetivo, quando existem candidatos aprovados e néo nomeados em concurso publico para esse mesmo cargo ainda dentro do prazo de validade, configura preterigéo na ordem de nomeacdo e faz surgir para os referidos candidatos 0 direito subjetivo 4 nomeacao”". No caso de ajuizamento de mandado de seguranga por candidato no nomeado, mas que possua direito subjetivo a tanto (por exemplo, por ter sido aprovado e classificado dentro do numero de vagas previsto no edital), a jurisprudéncia do STF indica que 0 prazo de decadéncia de 120 dias para a impetraco dessa aco comeca a fluir a partir do término do prazo de validade do concurso™, Para o STF, 0 edital 6 a “lei do concurso” e, nessa condicéo, é de observancia obrigatéria para todas as partes envolvidas. Dessa forma, a Suprema Corte orienta, que apés a publicagao do edital, sé se admite a alteracdo das regras do concurso se houver modificacéo na legislacéo que disciplina a respectiva carreira, desde que o concurso ptblico ainda no esteja concluido e homologado**. Veja que a modificacéo que permite a alteracéo do edital deve ocorrer na “legislacdo que disciolina a 30 A1728,699/RS e RE S81,113/SC 31 A1820,065/GO 32 RMS 24,551/DE 3 MS 27.160/DE Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 28de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 resvectiva carrera” (e néo nas normas a serem cobradas na prova), uma vez que é essa a legislacdo que estabelece as regras gerais para os concursos da carreira, como numero de etapas, provas a serem aplicadas, requisitos de classificacao, etc. Conforme a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal, nao é Possivel prorrogar 0 prazo de validade do concurso depois que ele j4 expirou**. Ou seja, 0 ato de prorrogacéo deve ser editado enquanto o prazo inicial de validade ainda nao tiver acabado. © art. 37, II da Constituicéo impde a Administracdo o dever de realizar um concurso especifico para cada cargo ou emprego efetivo. Em consequéncia, nao é permitido o reenquadramento de servidor que atua com desvio de func&o, vale dizer, a Administracdo nao pode realocar determinado servidor admitido para 0 cargo X para que exerca atribuigdes do cargo Y. Nesse sentido é a Simula 685 do STF: “é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovacéo em Concurso publico destinado ao seu provimento, em cargo que nao integra a carreira na qual anteriormente investido”. Porém, de acordo com a jurisprudéncia do STF, o servidor desviado de suas fungdes, embora n&o possa ser reenquadrado, tem direito ao recebimento, como indenizacao, da diferenga remuneratéria entre os vencimentos do cargo efetivo e os daquele exercido de fato*®. Outra jurisprudéncia pacifica do Supremo é que 0 edital de concurso pblico pode estabelecer que a classificagSo dos candidatos seja feita Por regides ou por dreas de especializacéo*®. Por exemplo, um concurso puiblico com critério de classificacdo regional pode abrir 10 vagas. para a regido Norte, 20 para a regido Sudeste e 30 para a regido Centro- Oeste. Nesse caso, os candidatos que se inscreverem para as vagas da regido Norte nado poderdo assumir as vagas de outra regido, ainda que, apés as provas, fiquem de fora das 10 vagas, mas tenham nota superior &s dos candidatos aprovados para as demais regides. O STF também considera possivel a previsdo em edital de concurso publico da chamada “cléusula de barreira””’, que nada mais é que a limitagéo do numero de candidatos aptos a participar das fases subsequentes do certame, definidos em razdo da nota obtida na etapa MRE! 36 RMS 23,432 /DE 37 AL735,309/DF S8/BA Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 161 Est a égia Direito Administrative para AFRFB 2015 CON coo Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 anterior (‘nota de corte”). A cldusula de barreira tem o intuito de selecionar apenas os concorrentes mais bem clasificados para prosseguir no certame. E 0 que ocorre, por exemplo, quando, num concurso com provas objetivas e discursivas, o edital prescreve que apenas os primeiros X candidatos teréo as redacées corrigidas. A aplicacdo de cldusula de barreira para prosseguimento no certame pode incidir, inclusive, sobre candidatos concorrendo a vagas reservadas para portadores de deficiéncia. Na viséo da Suprema Corte, a delimitacdo de numero especifico de candidatos por meio de clausula de barreira seria fator imprescindivel para que determinados certames sejam realizados a luz da exigéncia constitucional de eficiéncia (seria invidvel, por exemplo, corrigir todas as redagdes num concurso com centenas de milhares de candidatos inscritos). A jurisprudéncia também informa que a Administragéo néo pode eliminar candidato do certame publico apenas com base no fato de haver instaurac4o de inquérito policial ou propositura de acao penal contra ele. A eliminacdo nessas circunstancias, sem o necess4rio transito em julgado da condenagao, viola o principio constitucional da presuncdo de inocéncia, 0 qual também deve ser observado na esfera administrativa™®. Outro entendimento importante do Supremo Tribunal Federal é que inexiste direito constitucional 4 remarcacg3o de provas de aptidao fisica em razdo de circunstancias pessoais dos candidatos, ainda que de carater fisiolégico ou de forca maior, salvo disposigéo expressa em sentido contrario no respectivo edital®®. Assim, por exemplo, se o candidato passar mal no dia da prova fisica, prejudicando seu rendimento, néo tera direito a uma segunda chamada, a menos que o edital expressamente preveja essa possibilidade. Tal entendimento, contudo, no se aplica 4 candidata gestante, mesmo havendo previsdo editalicia de que nenhum candidato merecerd tratamento diferenciado em razdo de alteragdes patolégicas ou fisiolégicas, pois o estado de gravidez nao pode ser equiparado a tais espécies de alteracio, em especial quando nao ha no edital qualquer vedacao a participacéo de candidatas gestantes no certame. A gestac3o, portanto, constitui motivo de forca maior que impede a realizago da prova fisica, cuja remarcagdo ndo implica ofensa ao principio da isonomia. Assim, tem a candidata gestante direito a #9 RMS 39,580/PE %* RE 630.733 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 30de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 realizar a prova de capacitacdo fisica em segunda chamada, ou seja, em data diversa da originariamente fixada no edital. Quanto a reserva de vagas para candidatos portadores de deficiéncia, © Superior Tribunal de Justica editou a Stimula 377 explicitando que o portador de viséo monocular [auséncia de viséo em um dos olhos] tem direito de concorrer as vagas reservadas aos deficientes em concurso pubblico. Ademais, 0 Supremo Tribunal Federal tem impugnado diversos editais de concurso ptiblico que, sob a justificativa de que a atividade do cargo no é compativel com nenhum tipo de deficiéncia, néo reservam vaga alguma para portadores de deficiéncia. No entender da Suprema Corte, a eventual incompatibilidade da deficiéncia com as atribuicées do cargo deve ser verificada depois de realizado o concurso, com base em critérios objetivos e assegurando ao candidato o direito a ampla defesa e 0 contraditério. Em outras palavras, a Administragao n&o pode restringir a participagdo no certame de todos e quaisquer candidatos portadores de deficiéncia*®. Ainda sobre o tema, a jurisprudéncia do STF explicita que, para o candidato ter direito as vagas reservadas, a deficiéncia n&o necessariamente precisa causar embaraco ao seu desempenho das fungdes do cargo. Por exemplo, uma deficiéncia de locomogao (ex: perna amputada) certamente nao dificulta 0 desempenho de atividades de informatica, mas 6 considerada deficiéncia para fins do direito de concorrer as vagas reservadas constitucionalmente a esse cargo. Assim, a Administracéo n&o pode privar determinado candidato de concorrer as vagas de deficiente sob o argumento de que sua deficiéncia nao prejudica © pleno exercicio das atividades do cargo ou emprego objeto do certame. Por outro lado, 0 que se exige é que a pessoa efetivamente comprove ser portadora de alguma deficiéncia, e que essa deficiéncia nao se revele absolutamente incompativel com as atribuices funcionais inerentes ao cargo ou ao emprego publico*?. Por fim, vale destacar que, segundo a jurisprudéncia do Supremo, o controle jurisdicional sobre os concursos publicos ndo pode se imiscuir na afericéo dos critérios de corregao da banca examinadora, nem na formulacdo das questées ou na avaliacdo das respostas. Diz-se que “o Poder Judicidrio ndo pode substituir a banca examinadora”. Com efeito, +9 RE 606,728/DF 1 RMS 32.732/DE Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 31de 161 Est a égia Direito Administrative para AFRFB 2015 = rth ALS Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 a apreciagéo dos gabaritos finais do concurso, com as respectivas alteragdes e anulagdes, ou dos critérios de avaliacdéo de questdes subjetivas, entre outros assuntos semelhantes, configura controle do mérito administrativo, e ndo controle de legalidade. Excecdo a essa regra ocorre nos casos em que restar configurado erro grosseiro no gabarito apresentado, porquanto caracterizada a ilegalidade do ato praticado pela Administracdo Publica, fato que possibilita a anulagéo judicial da questao*?, Por outro lado, 0 Judicidrio pode verificar se as questdes formuladas guardam consonancia com o programa do certame, dado que o edital - nele incluido 0 programa - é a “lei do concurso”. Nesse caso, trata-se de controle de legalidade, e ndo de mérito administrativo, sendo possivel, portanto, a anulag&o judicial de questées de concurso nas quais tenham sido cobrados assuntos nio previstos no respectivo edital. Ressalte-se, contudo, que o edital nao precisa explicitar nos minimos detalhes todas as vertentes de um determinado tema que poderdo ser exigidas nas questées do certame. Conforme a jurisprudéncia do Supremo, “havendo previséo de um determinado tema, cumpre ao candidato estudar e procurar conhecer, de forma global, todos os elementos que possam eventualmente ser exigidos nas provas, 0 que decerto envolverd o conhecimento dos atos normativos e casos julgados paradigméticos que sejam pertinentes, mas a isto ndo se resumird. Portanto, nfo & necessdria a previséo exaustiva, no edital, das normas e dos casos julgados que poderao ser referidos nas questées do certame™ Ce a na prova! 14. (Cespe — PC/BA 2013) Para que ocorra provimento de vagas em qualquer cargo publico, é necessdria a prévia aprovagdo em conourso pubblico. Comentario: Os cargos publicos podem ser de provimento efetivo ou em comissao. Exige-se aprovago prévia em concurso publico apenas para acesso aos cargos piblicos de provimento efetivo. Ja os cargos de provimento em comissdo sao de livre nomeagao e exoneragéio. A expresso “qualquer cargo”, portanto, macula o quesito. Gabarito: Errado "2 Ms 30.859/DE RE.434,708/RS 4 Ms30.860/DF. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 32de 161 ry 7 Direito Administrative para AFRFB 2015 Estratégia Teoria exercioscomentodor NCURSOS Prof. Erick Alves ~ Aula 05 15. (Cespe — PRF 2013) A nomeagdo para cargo de provimento efetivo sera realizada mediante prévia habilitacéo em concurso piiblico de provas ou de provas € titulos ou, em algumas situagdes excepcionais, por livre escolha da autoridade competente. Comentario: O quesito esta errado. A nomeacaéo para cargo de provimento efetivo sempre requer a aprovacao prévia em concurso puiblico de provas ou de provas e titulos. O provimento efetuado por livre escolha da autoridade competente refere-se aos cargos em comissao. Gabarito: Errado 16. (Cespe — PGE/BA 2014) De acordo com a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal (STF), a administracao publica esta obrigada a nomear candidate aprovado em concurso piblico dentro do numero de vagas previsto no edital do certame, ressalvadas situagdes excepcionais dotadas das caracteristicas de superveniéncia, imprevisibilidade e necessidade. Comentario: A questo esta correta, Conforme jurisprudéncia pacificada do STF, 0 candidato aprovado em concurso piiblico dentro do numero de vagas indicado no edital tem direito’ subjetivo de ser nomeado, observado o prazo de validade do concurso. Dentro desse prazo, a Administracdo pode até escolher 0 momento em que efetuara a nomeacdo e nao precisa nomear todos candidatos ao mesmo tempo; porém, nao pode deixar de nomear ninguém que tenha sido aprovado dentro do ntimero de vagas previsto no edital. © STF, contudo, reconhece que situagées excepcionais podem atastar essa obrigatoriedade de nomeacao, desde que se revistam dos seguintes requisitos: * Superveniéncia: devem ser posterior ao edital; * Imprevisibilidade: devem derivar de circunstancias _extraordinarias, imprevisiveis a época do edital; * Gravidade: devem implicar onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; + Necessidade: néo pode haver outros meios menos gravosos para lidar com a situagao excepcional e imprevisivel. Gabarito: Certo 17. (Cespe ~ Suframa 2014) E possivel que edital de concurso publico preveja a participagao de concorrentes de determinado sexo em detrimento do outro. Comentario: 0 item esta correto. A discriminacao de género em concurso publico deve ser vista como excecéo, mas 6 possivel, desde que exista justificativa razoavel e previsdo em lei. E 0 caso, por exemplo, dos concursos Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 33.de 161 Est ‘a égi Direito Administrative para AFRFB 2015 RSOS gia Teoria e exercicios comentados cONCcU Prof. Erick Alves ~ Aula 05 pUblicos para agentes penitenciarios em presidios femininos, em que se mostra razodvel restringir 0 acesso a pessoas do sexo feminino. Gabarito: Certo 18, (Cespe - TRTS 2013) E prescindivel a previsdo legal do exame psicotéenico para fins de habilitago de candidato em coneurso plblico. Comentario: A questao esta incorreta, pois o exame psicotécnico em concurso ptiblico deve estar previsto em lei, nos termos da Simula 686 do STF: “sé por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitacao de candidato a cargo publico”. Ou seja, a previsao em lei é imprescindivel. Gabarito: Errado 19. (Cespe - TRTS 2013) A administrago publica tem ampla liberdade para escolher 0 limite de idade para a inscrigéo em concurso publica. Comentario: O item esta errado. Eventual restri¢ao de idade para acesso ao servico publico deve estar prevista em lei, ou seja, nao ¢ 0 tipo de decisao sujeita 4 ampla discricionariedade da Administracao. Dessa forma, o edital de um concurso pilblico ndo pode impor tal restriedo sem que tenha amparo em alguma lei. Ademais, vale relembrar ainda a Sumula 683 do STF, pela qual “o limite de idade para a inscricao em concurso piblico s6 se legitima em face do art. 78, XXX, da Constituigao, quando possa ser justificado pela natureza das atribuigées do cargo a ser preenchido”. Gabarito: Errado 20. (Cespe — PC/BA 2013) E vedado & candidata gestante inscrita em concurso pilblico 0 requerimento de nova data para a realizagao de teste de aptidao fisica, pois, conforme o principio da igualdade e da isonomia, néo se pode dispensar tratamento diferenciado a candidato em razéio de alteragées fisiolégicas temporérias. Comentario: De fato, a jurisprudéncia do STF informa que ndo se pode dispensar tratamento diferenciado a candidato em razéo de alteragées fisiolégicas temporarias, o que impede a remarcagéio de prova de aptidao fisica por essas razdes. E 0 caso, por exemplo, do candidato que contrai alguma doenca no dia da prova. Contudo, para fins de aplicacao desse entendimento, a gestagao néo é considerada uma patologia ou uma alteracao fisiologica temporaria, de modo que a candidata gestante pode sim requerer nova data para a realizagao de teste de aptidao fisica, dai o erro. Gabarito: Errado Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 34de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 21. (Cespe — Ministério da Justi¢a 2013) Segundo entendimento firmado pelo STJ, © candidato aprovado fora das vagas previstas originariamente no edital, mas classificado até 0 limite das vagas surgidas durante 0 prazo de validade do concurso, possui direito liquido e certo 4 nomeagao se 0 edital dispuser que serao providas, além das vagas oferecidas, as outras que vierem a existir durante a validade do certame. Comentarios: O quesito esta correto. Segundo a jurisprudéncia do STJ, a expressa previsao editalicia de que serao providas, além das vagas previstas no edital, outras que vierem a existir durante o prazo de validade do certame confere direito liquide e certo a nomeago ao candidato aprovado fora das vagas originalmente determinadas, mas dentro das surgidas no decurso do prazo de validade do concurso“*. Gabarito: Certo CARGOS EM COMISSAO E FUNCOES DE CONFIANCA O art. 37, inciso V da CF trata dos cargos em comissao e das funcées de confianga: V - as fungées de confianga, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comisséo, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condigées e percentuais minimos previstos em lei, destinam-se apenas as atribuicdes de direcao, chefia e assessoramento; Os cargos em comissao distinguem-se dos cargos efetivos em razéo dos requisitos necessarios 4 investidura do agente. No caso do cargo efetivo, como vimos, a investidura pressupde aprovacéo em concurso piiblico, a0 passo que no provimento em comissao a escolha do servidor é feita a partir de livre nomeac&o e de livre exoneracao. Qualquer pessoa, mesmo que nao seja servidor publico efetivo, pode ser nomeada para exercer um cargo em comissdo. A Constituicéo, contudo, exige que a lei estabeleca os percentuais minimos de cargos em comissao a serem preenchidos por servidores de carreira concursados, além de casos e condigdes em que obrigatoriamente isso deva ocorrer“®. 49 Informativo ST] 511. 4©Na esfera federal, ainda ndo existe uma lei geral aplicdvel a todas as carreiras. Existe apenas a Lei 11.415/2006, aplicivel ao Ministério Piblico da Uniao, a qual prescreve que no minimo 50% dos cargos ‘em comissdo devem ser destinados aos servidores das carreiras do MPU. No ambito do Executivo Federal, Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 us Jurisprudéncia 1. Segundo 0 STF, a criago de cargos em comisséo constitui excecio a regra da exigibilidade de concurso ptiblico, devendo, assim, observar os principios da razoabilidade e da proporcionalidade. Nesse sentido, a Corte reputou desatendido 0 principio da proporcionalidade num érgéo em que, dos 67 funcionarios, 42 seriam cargos em comissao, de livre nomeacdo e exoneracao, apenas 25 seriam cargos de provimento efetivo"”. 2. O STF ndo admite que a nomeacdo para cargo em comissdo Seja feita por outra forma de escolha que no a indicagao discriciondria promovida pela autoridade competente. Em razio desse entendimento, declarou inconstitucionais leis estaduais que previam a elei¢&o como forma de’escolha de dirigentes de escolas publicas, uma vez que se trata de cargo em comissdo de livre nomeagdo exoneracio por parte do chefe do Poder Executivo™. Ademais, nunca é demais lembrar que é vedada a pratica do nepotismo na nomeacSo para cargos em comissdo ou funcdes de confianga, nos termos da Sdmula Vinculante 13 do STF*: ‘A nomeagéo de ¢6njuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou dé servidor da mesma pessoa juridica investido em cargo de diregdo, chefia ou assessoramento, para o exercicio de cargo em comisséo ou de confianca ou, ainda, de fungao gratificada na administrac&o publica direta e indireta em qualquer dos poderes da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, compreendido o ajuste mediante designacées reciprocas, viola a Constituicao Federal. A expresso “ajuste mediante designagées reciprocas” na parte final da Stimula veda o chamado nepotismo cruzado, que ocorre quando ha uma espécie de troca de favores, ou seja, um ajuste que garante nomeacoes reciprocas de parentes de autoridades. E 0 caso, por exemplo, hd 0 Decreto 5.497/2005, que estabelece percentuais para provimento dos cargos comissionados DAS 1 a DAS 6. #7 RE 365.368/SC (Informativo STF 468) * ADL2.997/R #0 Decreto 7,203/2010 regulamenta a proibigio a0 nepotismo no ambito da Administrag3o Piiblica Federal. Vale a pena dar uma olhada nele! Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 161 E t t cA Direito Administrativo para AFRFB 2015 stratégia Teka recs cnet CONCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 do Prefeito que contrata um parente do presidente da Camara e este, por sua vez, nomeia um parente do Prefeito. Lembrando que a vedac&o ao nepotismo, em regra, ngo alcanca a nomeagao para cargos politicos (ex: ministros, secretérios municipais e estaduais), exceto se ficar demonstrado que a nomeacéo se deu exclusivamente por causa do parentesco (0 nomeado nao posst qualquer qualificacio que justifique a sua escolha). Lembrando que a vedagdo ao nepotismo no depende de lei formal para ser implementada, pois decorre diretamente dos principios constitucionais expressos. Assim como a nomeacio, a exonerac&o de servidor ocupante de cargo em comissio também é ato discricionario; em consequéncia, nao nossui cardter punitivo, razio pela qual ndo precisa observar o contraditério ou a ampla defesa. O servidor de carreira, ao ser exonerado do cargo em comissao, volta a exercer normaimente as atribuigdes do seu cargo efetivo; j4 a pessoa ndo concursada perde totalmente o vinculo com a Administracgaéo apés a exoneracdo do cargo em comissao. Convém observar que os ocupantes dos cargos em comiss&o séo servidores publicos. Porém, nem todos os direitos dos servidores piiblicos ocupantes de cargos efetivos Ihes so conferidos, tais como a estabilidade (CF, art. 41) e 0 regime previdenciario especial™ (CF, art. 40). Quanto as funcdes de confianga, primeiramente vale destacar que somente servidores ocupantes de cargo efetivo podem ser designados para exercé-las. Esses servidores efetivos podem ser do mesmo 6rgdo ou entidade a que esteja vinculada a funcdo ou também podem ser de outros 6rgaos, entidades, poderes ou mesmo de outras esferas de governo, a depender do que dispée a lei. Perceba que o servidor ndo é nomeado para ocupar uma funcdo de confianca; ele simplesmente 6 designado para exercer essa funcdo. A situagéo € a seguinte: o servidor é nomeado e ocupa o cargo efetivo; desde que ocupe 0 cargo efetivo, ele pode ser designado para exercer a funcdo de confianga; nesse caso, o servidor continua a ocupar 0 mesmo lugar (cargo) no servico publico, porém n&o mais exercerd as funcées 50 Aplica-se aos servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comissio o Regime Geral de Previdéncia Social, ao qual se sujeitam os trabalhadores da iniciativa privada e os empregados piblicos. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 37de161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 deste cargo, e sim as novas atribuicées pertinentes a funcdo de confianca, de chefia, direcdo ou assessoramento. Lucas Furtado faz interessante disting3o entre fungo de confianca e cargo em comissio. O autor ensina que, nas hipéteses previstas em lei para exercer atribuices de chefia, direc3o ou de assessoramento, se a pessoa ndo ocupa nenhum cargo efetivo, ela poderé ser nomeada para cargo em comissa0. Por outro lado, se a pessoa jé for titular de cargo efetivo, ela serd designada para funcio de confianca. Assim, conforme assevera o ilustre administrativista, se 0 servidor é de carreira, ele néio & nomeado para outro cargo em comissao, ou seja, ndo hé acumulacao de cargos, efetivo e comissionado, tampouco vacancia do cargo efetivo. Ele simplesmente exerceré as funcdes do cargo em comissio, vale dizer, ele seré designado para exercer func&io de confianca. Importante destacar que, tanto os cargos em comisséo como as fungdes de confianca destinam-se apenas as atribuicdes de chefia direcéo e de assessoramento. Assim, nao podem ser usados para alocar agentes em atividades. rotineiras de administracdo, ou de atribuicées de natureza técnica, operacional ou meramente administrativa, as quais nado pressupdem uma relacdo de confianca entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado. CONTRATACAO TEMPORARIA O art. 37, IX da CF dispde sobre a contratacéo de agentes temporarios: 1X ~ a lei estabelecerd os casos de contratagao por tempo determinado para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse publico; Como jA foi dito, a contratacéo de agentes publicos temporarios constitul excecdo & regra do concurso puiblico como meio de ingresso no servigo piblico. Dessa forma, tal dispositivo deve ser interpretado restritivamente. Sobre o tema, 0 STF orienta que a contratacdo tempordria deve observar, cumulativamente, quatro requisitos: * Os casos excepcionais devem estar previstos em lei; * 0 prazo de contratacao deve ser predeterminado; * Aneces: Jade deve ser temporaria; e +O interesse piiblico deve ser excepcional. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ale Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Cada ente federado deve regular em lei prépria como se dara a contratacdo dos agentes pliblicos tempordrios na respectiva esfera de governo. Nao é, portanto, uma norma geral que ira regular 0 assunto em Ambito nacional; no caso, deve haver respeito 4 autonomia administrativa dos entes. As leis que venham a tratar do assunto devem descrever, de forma expressa, as situagdes excepcionais que justifiquem a contratacdo temporaria. Conforme a jurisprudéncia do STF, “é inconstitucional lei que institua hipdteses abrangentes e genéricas de contratacées temporarias sem concurso ptiblico e tampouco especifique a contingéncia fatica que evidencie situagéo de emergéncia®*”. No Ambito federal, a contratacao por tempo determinado encontra-se disciplinada na Lei 8.745/1993. De acordo com a referida lei, a contratacdo tempordria na esfera federal é feita mediante proceso seletivo simplificado, sujeito a ampla divulgacao, inclusive no Didrio Oficial da Unido (art. 3°). Trata-se de um procedimento mais simples que 0 concurso piblico, no entanto, por meio do qual deve ser possivel selecionar os melhores candidatos a fungdo e de maneira impessoal. Em alguns casos, a lei federal faculta que a selecdo ocorra simplesmente com base em analise de curriculo, como na contratagao de professor visitante e de pesquisador em instituicdo destinada a pesquisa (art, 3°, §2°). Ademais, é dispensado processo seletivo nas contratacdes para atender as necessidades decorrentes de calamidade publica, de emergéncia ambiental e de emergéncias em satide publica (art. 3°, §1°). A fim de assegurar que as contratacgdes sejam de fato “por tempo determinado”, a lei prevé prazos maximos de duracao dos contratos, os quais variam de seis meses a seis anos, incluidas as prorrogacées. A contratacdo de servidores tempordrios pode ocorrer tanto na Administragaéo direta como na Administracao reta e em qualquer dos Poderes. No Ambito federal, a Lei 8.745/1993 regulamentou a contratacao apenas para a administracéo direta e para as autarquias e fundacdes federais, deixando de fora as empresas ptiblicas e as sociedades de economia mista. 51 RE 658.026 (Informative STF 742 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 39de 161 atégi Direito Administrativo para AFRFB 2015 gia Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Por fim, néo é demais lembrar que os agentes tempordarios néo ocupam cargo ou emprego piublico, ndo estando sujeitos a regime estatuario nem a regime celetista. Diz-se que os contratados por tempo determinado apenas exercem fungdo publica remunerada temporaria (fun¢do auténoma, justamente por nao estar vinculada a cargo ou emprego). O contrato que firmam com a Administragéo é um contrato de ito publico, e néo um contrato de trabalho regido pela CLT. eS . a : Jurisprudéncia 1. E pacifica a jurisprudéncia do STF no sentido de nao permitir contratacao tempordria de servidores para a execucio de servicos meramente burocrdticos™. . O STF entende que o art. 37, IX, da CFyautoriza que a Administracao Publica contrate pessoas, sem concurso ptblico, tanto para o desempenho de atividades de carater eventual, tempordrio ou! excepcional (a exemplo de servidores para realizacio do censo pelo IBGE),;como também para o desempenho das funcdes de cardter regular e permanente (2 exemplo de servidores das areas de satide e educacdo), desde que ‘indispenséveis ao atendimento de necessidade temporaria de excepcional interesse puiblico™. Por exemplo, embora a atividade dos servidores médicos possua natureza permanente e regular, devendo tal cargo ser provide em regra mediante concurso puiblico, podem ocorrer situacdes temporérias, de excepcional interesse piiblico, que justifiquem a contrataggo sem concurs, com fundamento no art. 37, IX da CF, como em uma epidemia. Em julgamento recente, o STF declarou inconstitucionais as contrataces por tempo determinado para atender as atividades finalisticas do Hospital das Forcas Armadas - HFA e aquelas desenvolvidas nos projetos do Sistema de Vigilancia da Amazénia - SIVAM e do Sistema de Protecdéo da Amazénia — SIPAM, previstas no art. 22, VI, “d” e “g”, da Lei n.° 8.745/1993". A razdo da impugnagao foi que a lei ndo descreveu qual é a necessidade temporéria de excepcional interesse publico que justifica as referidas contratagées, ou seja, atribuiu hipéteses genéricas de contratacao. 52 ADI 3.430/ES 5 Informativo STE ADI 3237/DF (ver Informative STE 740) Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 161 a 7 Direito Administrative para AFRFB 2015 Estratégia Teoraeexerctios comentos NCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 Ce a na prova! 22, (Cespe — MPU 2013) Admite-se a realizagao, pela administragao publica, de processo seletivo simplificado para contratar profissionals por tempo determinado para atender a necessidade temporéria de excepcional interesse piiblico. Comentarios: O item esta correto. A Lei 8.745/1993 disciplina, no ambito federal, a contratacéo por tempo determinado para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse piiblico. Reza o art. 3° da lei Art. 3° O recrutamento do pessoal a ser contratado, nos termos desta Lei, sera feito mediante processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgacdo, inclusive através do Diério Oficial da Unido, prescindindo de concurso publico. Portanto, na esfera federal, a contratacdo temporaria nao ¢ feita mediante concurso piliblico, mas sim por meio de processo seletivo simplificado. Todavia, nos termos do art. 38, §12 da lei, 0 processo seletivo é dispensado em caso de calamidade publica, de emergéncia ambiental e de emergéncias em satide publica. Ademais, a lei faculta que a selecdo ocorra simplesmente com base em anilise de curriculo, como na contratagao de professor visitante e de pesquisador em institui¢ao destinada a pesquisa (art. 32, §2°) Gabarito: Certo 23. (Cespe — PC/BA 2013) A contratagao temporaria de servidores sem concurso piiblico bem como a prorrogacéo desse ato amparadas em legislacéo local s4o consideradas atos de improbidade administrativa, Comentario: O quesito esta errado. Nos termos do art. 39, IX da CF, “a lei estabelecer4 oS casos de contratagao por tempo determinado para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse publico”. Portanto, cada ente da federacdo devera estabelecer, mediante lei, as hipéteses em que poderé haver contratacéo de servidores sem concurso para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse publico. Por essa razao, a jurisprudéncia do STJ ja decidiu que a nomeacdo de servidores por periodo temporario com base em lei local nao se traduz, por si s6, em ato de improbidade administrativa®: Gabarito: Errado 59 EDel no AgRg no AgRg no AREsp 166766/SE Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 161 Est ‘a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 aot aS Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 DIREITO DE ASSOCIACAO SINDICAL DOS SERVIDORES PUBLICOS O art. 37, VI da Constituigéo Federal assegura ao servidor publico civil o direito a livre associacao sindical: VI - @ garantido ao servidor piblico civil o direito & sindical; re associacao Perceba que 0 dispositivo se refere ao servidor publico civil. Isso porque, aos militares, a sindicalizacao e a greve séo vedadas, nos termos do art. 142, §3°, IV da CF*. Gi Jurisprudencia De acordo com a Sumula 679 do STF, a fixacdo de vencimentos dos servidores pubblicos (regime estatutdrio) ndo pode ser objeto de convencao coletiva DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PUBLICOS © art. 37, VII da CF concede aos servidores ptiblicos 0 direito de greve: VII - 0 direito de greve sera exercido nos termos € nos limites definidos em lei especifica; Diferentemente do dispositivo constitucional que assegura o direito & associacao sindical (que 6 autoaplicavel), a norma que trata do direito de greve dos servidores publicos possui eficacia Ii da, ou seja, requer a edic&o de uma lei (ordindria) para que produza efeitos. Contudo, a lei requerida pela Constituicdo até hoje nao foi editada. Diante da inércia do legislador, 0 Supremo Tribunal Federal, em sede de mandado de injuncdo, determinou a aplicagéo temporaria, ao setor publico, no que couber, da lei de greve vigente no setor privado (Lei 7.783/1989), até que o Congresso Nacional edite a mencionada norma regulamentadora. 5§ 3° Os membros das Forgas Armadas so denominados militares, aplicando-se-Ihes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as sequintes disposigées: IV- ao militar sdo proibidas a sindicalizacdo ea greve; Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 A doutrina ressalta que o art. 37, VII da CF néo se aplica aos empregados publicos, mas apenas aos servidores publicos estatutdrios. O direito de greve dos empregados puiblicos é assegurado pelo art. 9° da CF, norma auto-aplicdvel que trata do direito de greve da iniciativa privada. Gi Jurisprudencia 1. Segundo o STF, a simples circunstancia de o servidor publico estar em estagio probatério nao € justificativa para demissio com fundamento na sua participacéo em movimento grevista por periodo superior a trinta dias. A auséncia de regulamentacao do direito de greve do transforma os dias de paralisac3o em movimento grevista em faltas injustificadas*”. 2. Algumas decisées do STF reconheceram @ Administraggo Publica o direito de descontar, por ato proprio, a remuneragao de seus servidores correspondente aos dias no trabalhados em razdo.de greve. Tal entendimento decorre da aplicaco por analogia da disciplinaya que se sujeitam os trabalhadores em geral, segundo a qual, em regra, a’ participac3o em greve suspende o contrato de trabalho”. Ressalte-se, coftudo, que o desconto sé encontra respaldo legal quando os grevistas atuam de forma arbitréria ¢ desproporcional 4 garantia do razoavel funcionamente da instituicdo publica, durante o movimento grevista. Cea na prova! 24. (ESAF - DNIT 2013) Sao direitos dos trabalhadores da iniciativa privada constitucionalmente estendidos aos servidores publicos, exceto: a) remuneragao do trabalho noturno superior ao diurno. b) repouso semanal remunerado. ¢) décimo terceiro salario. d) FGTS. @) redugao de riscos inerentes ao trabalho. © RE226966/RS 58 RE 456.530/SC Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 43.de 161 E strat esi Direito Administrativo para AFRFB 2015 gia Teoria e exercicios comentados CONCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 Comentarios: Além dos direitos a sindicalizacdo e a greve, o art. 39, §3° da CF estende aos servidores ocupantes de cargo piiblico, ou seja, aos servidores estatutarios, uma série de outros direitos assegurados aos trabalhadores urbanos e rurais da iniciativa privada, previstos em determinados incisos do art. 7? da Carta Magna. Sao eles: IV- salério minimo; Vil - garantia de salério, nunca inferior ao minimo, para os que percebem remuneragao variével; Vill - décimo terceiro salério; IX - remuneragao do trabalho noturno superior & do diurno; Xil- salério-famtlia; ill - duragao do trabalho normal ndo superior a'oito horas didrias @ quarenta e quatro semanais; XV- repouso semanal remunerado; XVI- remuneragao do servico extraordinério superior, no minimo, em cinquenta por cento a do normal; XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um tergo a mais do que o salério normal; XVIII-licenga a gestante; XIX -licenga-paternidade; XX - protegao do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos especiticos, nos tenmos da lei; XXII redugao dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de sade, higiene e seguranca; XXX - proibicao de diferenca de salarios, de exercicio de funcdes e de critério de admissao por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; Como se vé, das alternativas do quesito, a Constituigéio apenas nao assegura aos servidores estatutarios direito ao fundo de garantia do tempo de 0 (FGTS), dai o gabarito. Gabarito: alternativa 25. (Cespe — TCDF 2012) O direito livre associagdo sindical é aplicavel ao servidor piblico civil, mas nao abrange o servidor militar, j& que existe norma constitucional expressa que veda aos militares a sindicalizagao ¢ a greve. Comentério: O servidor piblico civil possul direito a livre associacéo sindical e a greve, nos termos do art. 37, VI e VII da CF. Contudo, tais direitos hg so estendidos aos militares, uma vez que, nos termos do art. 142, §32, IV Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 44-de 161 E Ss t ‘a égi Direito Administrative para AFRFB 2015 RS OS gia Teoria e exercicios comentados cOoNcU Prof. Erick Alves ~ Aula 05 da CF, os militares sao proibidos de se sindicalizar e de fazer greve. Gabarito: Certo 26. (Cespe - Camara dos Deputados 2012) O direito de greve dos servidores publicos sera exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar federal. Comentario: Nos termos do art. 37, Vil da CF, “o direito de greve seré exercido nos termos e nos limites detinidos em lei especitica’, 0 que nos remete a uma lei ordindria, e nao a uma lei complementar, dai o erro. Ressalte- se que tal lei ainda no editada, raz4o pela qual o STF deixou assente que, enquanto perdurar a omissao do legislador, as greves dos servidores publicos serao disciplinadas pela legislagdo que regulamenta a matéria na ini: privada. Gabarito: Errado SISTEMA REMUNERATORIO DOS AGENTES PUBLICOS O sistema remuneratério dos servidores e dos demais agentes ptiblicos é disciplinado nos incisos X a XV do art. 37 da CF. Antes de estudarmos esses dispositivos, faz-se necessdrio apresentar alguns conceitos basicos acerca da terminologia aplicada ao tema. Segundo a doutrina de Hely Lopes Meireles, 0 sistema remuneratério - ou. remuneragéo em sentido amplo - da Administragao direta e indireta para os servidores da ativa compreende as seguintes modalidades: (i) remuneragao em sentido estrito, a qual se divide em vencimentos e salarios; ¢ (ii) subsidio. De acordo com o mestre, vencimentos (no plural) é espécie de remuneracgaéo e corresponde a soma do vencimento (no singular) e das vantagens remuneratérias, constituindo a retribuicdo pecunidria devida ao servidor publico pelo exercicio do cargo puiblico. Assim, 0 vencimento (no singular) corresponde ao padrao do cargo publico fixado em lei (’vencimento basico”), e os vencimentos (no plural) séo representados pelo padrao do cargo (vencimento) acrescido dos demais componentes do sistema remuneratério do servidor. As vantagens pecuniarias, por sua vez, sdo parcelas acrescidas ao vencimento do servidor em razdo de situagdes previstas em lei. Compreendem os adicionais (por tempo de servico, por exemplo) e as gratificagdes (de produtividade ou pelo exercicio de funcdo de confianca, por exemplo). Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ale Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 O sistema remuneratério constituido por vencimentos, isto é, vencimento basico do cargo fixado em lei, acrescido de eventuais vantagens que podem variar de um agente para outro (adicionais e gratificagdes), se aplica aos servidores ptiblicos estatutarios em geral. Ja 0 salario, também espécie de remuneracdo, corresponde ao pagamento de servicos profissionais prestados em uma relacéo de emprego, sujeita ao regime trabalhista ou celetista, ao qual se submetem os empregados publicos. O subsidio, por sua vez, conforme indica o art. 39, §4° da CF, se caracteriza por ser “fixado em parcela nica, vedado o acréscimo de qualquer gratificacao, adicional, abono, prémio, verba de representagao ou outra espécie remuneratéria”. Nos termos da Constituicdo Federal, 0 sistema de remuneracdo por subsidio se aplica: a) Obrigatoriamente, para os agentes politicos: chefes dos Executivos, deputados, senadores, vereadores, ministros de Estado, secretérios estaduais e municipais membros da magistratura, membros do Ministério Publico, ministros do Tribunal de Contas. b) Obrigatoriamente, para alguns servidores publicos: integrantes da Advocacia Geral da Unido, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, os Procuradores dos Estados e do DF, os Defensores Publicos, servidores da Policia Federal, Policia Ferrovidria Federal, policias civis, policias militares e corpos de bombeiros militares; c) Facultativamente, para os servidores publicos organizados em carreira, conforme previsto em lei (ex: os Auditores Federais da Receita Federal sao remunerados por subsidio). & Resumindo TERMO CONCEITO QUEM RECEBE Em sentido amplo: abrange remuneracio em| Agentes piblicos Remuneracao 5° | sentido estrito (vencimentos e salérios) e subsidios. em geral E a retribuicio pecunidria que o servidor publico recebe pelo exercicio de seu cargo. Vencimento ; Correspondem ao vencimento acrescido das. Vencimentos vantagens pagas ao servidor. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 161 t é i a Direito Administrativo para AFRFB 2015 g Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 S80 as parcelas acrescidas ao vencimento do servidor em razio de situagdes previstas em lei. Compreendem os adicionais e as gratificacdes. Vantagens pecuniérias E 0 sistema em que o agente é remunerado por | Agentes politicos e Subsidio | meio de parcela unica, vedado o acréscimo de| algumas carreiras qualquer vantagem pecuniéria. especificas. Ea retribuicgo pecuniéria concedida em uma rela¢3o Salério | de emprego sujeita ao regime trabalhista ou celetista. Empregados publicos A Lei 8.112/1990 apresenta uma conceituagéo um pouco diferente. De acordo com seus arts. 40 e 41, vencimento é a “retribuicdo pecunidria pelo exercicio de cargo publico, com valor fixado em lei", enquanto remuneragao é 0 “vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecunidrias permanentes estabelecidas em lei”. Percebe-se, portanto, que o conceito de “remuneracdo” apresentado na lei equivale & nocéo de “vencimentos” oferecida pela doutrina. Ja o significado de “vencimento” (no singular) constante da lei é 0 mesmo da doutrina. Aprendidos esses conceitos, voltemos ao estudo dos dispositivos constitucionais. Fixagdo, alteragdo'e revisdo geral anual O art. 37, inciso X da Constituicéo Federal dispée sobre fixagao e a reviséo geral anual da remuneracdo e dos subsidios dos servidores publicos: X - @ remuneracao dos servidores publicos € o subsidio de que trata o §4° do art. 39 somente poderdo ser fixados ou alterados por lei especifica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada reviséo geral anual, sempre na mesma data e sem distingao de indices; De se destacar, primeiramente, que o dispositivo se refere apenas as espécies remuneratérias que os servidores estatutarios podem perceber. Nao engloba, portanto, os saldrios dos empregados publicos. O dispositivo também néo abrange os vencimentos dos militares, mas apenas dos servidores ptblicos civis. Os vencimentos e os subsidios dos servidores ptblicos, em regra, sé podem ser fixados ou alterados por lei especifica, vale dizer, toda vez Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ale Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 que se pretender alterar a remuneracao de qualquer cargo publico deve ser editada uma lei ordindria que somente trate do assunto “reviséo da remuneracéo de cargos ptiblicos". Portanto, para cada reviséo, em cada ano, devera ser aprovada lei especifica. Tal lei até podera abranger mais de um cargo; 0 que no pode variar é 0 assunto. Acerca do trecho do dispositivo que se refere a necessidade de ser observada a iniciativa privativa, a regra é que tal iniciativa ndo pode extrapolar 0 ambito do respectivo Poder. Assim, a iniciativa das leis é repartida entre o chefe do Executivo (CF, art. 61, §19, II, a”), Tribunais do Judicidrio (CF, art. 96, II, “b”), Camara dos Deputados e Senado Federal (CF, art. 51, IV; e art. 52, XIII, respectivamente), Ministério Publico (CF, art. 127, §2°) e Tribunal de Contas (CF, art. 73 c/c art. 96). Nao seria legitimo ao chefe do Executivo, por exemplo, propor projeto de lei para definir a reviséo em outro poder; assim como parlamentar nao pode propor idéntica solucdo para os servidores do Executivo. No caso dos deputados federais, dos senadores, do Presidente edo Vice-Presidente da Repiiblica e dos Ministros. de’ Estados, a competéncia para fixagdo dos respectivos subsidios é exclusiva do Congreso Nacional, que o faz por decreto legislativo e n&o por lei, nos termos do art. 49, Vil e Vill da CF. Portanto, constituem excecdes a regra d6 art. 37, X, que exige a edicdo de lei especifica. A parte final do art. 37, inciso X, assegura revisdo geral anual da remuneracao e do subsidio dos servidores ptiblicos, sempre na mesma data e sem distingao de indices. A doutrina informa que essa reviséo anual serve para assegurar a manutenc&o do poder de compra dos vencimentos ou do subsidio face aos efeitos da inflacao do periodo. Todavia, ndo se trata de aumento real, mas apenas de aumento nominal, pois 0 reajuste anual apenas compensa a inflagio, mas nao gera ganhos acima dela. Esse reajuste anual da remuneracéo para compensar a inflacéo é chamado pela doutrina de aumento impréprio. 5 Art. 49. E da competéncia exclusiva do Congresso Nacional: VII - fixar idéntico subsidio para os Deputados Federais e os Senadores, observado 0 que dispoem os arts, 37, X1, 39, $49, 150, Il, 153, Ill, e 153, § 24,1: VIII - fixar os subsidios do Presidente e do Vice-Presidente da Reptiblica e dos Ministros de Estado, observado o que dispdem os arts. 37, XI, 39, § 42, 150, Il, 153, lll, 153, $24.1 Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 161 tési Direito Administrativo para AFRFB 2015 gia Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 Ressalte-se, por fim, que a revisdo geral e anual nao se equipara & reestruturacéo de carreiras, realizada esporadicamente (e nao necessariamente “anualmente”) para corrigir eventuais distor¢ées remuneratérias em determinadas carreiras (e no de carater “geral”), distorgées estas nao necessariamente relacionadas & perda do poder aquisitivo da moeda. Tais reestruturacées, ao contrario da revisdo geral e anual, podem até gerar aumento real da remuneracdo. Teto remuneratério © art. 37, XI da CF, normal autoaplicavel, estabelece a regra conhecida como teto constitucional, que nada mais é que um limite maximo ao valor da remuneracao e do subsidio dos servidores publicos: XI - @ remuneragio e 0 subsidio dos ocupantes de cargos, fungées e empregos publicos da administracSo direta, autarquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes politicos e os proventos, pensdes ou outra espécie remuneratéria, percebidos cumulativamente ou nao, incluidas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, nao poderéo exceder 0 subsidio mensal,.em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municipios, 0 subsidio do Prefeito, e nos Estados e no Federal, 0 subsidio mensal do Governador no Ambito do Poder Executivo, 0 subsidio dos Deputados Estaduais ¢ Distritais no 4mbito do Poder Legislativo e 0 subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiga, limitado a noventa inteiros e vinte € cinco centésimos por cento do subsidio mensal, em espécie, dos Ministros doSupremo Tribunal Federal, no dmbito do Poder Judiciario, aplicével este limite aos membros do Ministério Publico, aos Procuradores e aos Defensores Publicos; Desse texto, as principais conclusdes a que se pode chegar sdo no sentido de que: + 0 teto remuneratério geral corresponde ao subsidio mensal dos ministros do STF, havendo outros limites ou “subtetos” aplicdveis aos Estados, DF e Municipios, cujos valores ndo podem ultrapassar 0 teto geral. « Todas as categorias, ocupantes de caraos, empreaos ou funcées publicas, da Administracdo direta, autdrquica ou fundacional, de todos os poderes e esferas de governo, estdo sujeitas ao teto; Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 49de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ate Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 * Quanto as empresas publicas e sociedades de economia mista e subsidiarias, somente s&o alcancadas pelo teto se receberem recursos do ente federado para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (CF, art. 37, §9°); + Em regra, nenhuma vantagem, qualquer que seja sua natureza, poderd exceder ou ser excluida da incidéncia do teto; + Excluem-se do teto somente as parcelas de natureza indenizatéria previstas em lei® (ajuda de custo, didrias, auxilio transporte e auxilio moradia). * © teto aplica-se as acumulagdes de rendimentos oriundos de diversas fontes, independentemente da espécie remuneratéria, podendo ser entre vencimentos ou entre subsidios; entre vencimentos e subsidio ou entre vencimentos/subsidio e proventos, pensies etc. Além do limite geral representado pelo subsidio dos ministros do STF, © texto constitucional estabelece limites para os Estados, 0 DF e os Municipios, os chamados subtetos. Nos Municipios, nenhuma remunerag&o, subsidio, pens&o etc. podera ultrapassar 0 subsidio dos prefeitos. Noutras palavras, o teto remuneratério nos Municipios € 0 subsidio dos respectivos prefeitos. No ambito dos Estados e do Distrito Federal, s&o instituidos trés subtetos distintos: * Para o Poder Executivo, 0 subteto corresponde ao subsidio do Governador; * Para o Poder Leaislativo, 0 subteto corresponde ao subsidio dos deputados estaduais e distritais; e * Para o Poder Judicidrio, o subteto seré o subsidio dos desembargadores do Tribunal de Justica (este ultimo limite também € aplicdvel aos membros do Ministério Publico, aos Procuradores e aos Defensores Publicos, embora eles nao integrem o Poder Judicidrio). Esses trés subtetos impostos pela Constituicéo Federal aos Estados e ao Distrito Federal podem ser substituidos por um limite Gnico, andlogo ao subsidio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal 0 §11 do art 37 da CF determina que "Nao serdo computadas, para efeto dos limites remuneratorios de {que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de carter indenizatério previstas em le”. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 161 rd r4 Direito Administrative para AFRFB 2015 fEstratégia Tenn cero comentas Prof. Erick Alves — Aula 05 de Justica. O referido limite Unico, caso seja instituido, néo poderd ultrapassar o valor correspondente a 90,25% do subsidio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 37, §12). Ademais, caso seja adotado esse sistema de limite nico para definir © subteto dos Estados ou do Distrito Federal, ele nao se aplicard “aos subsidios dos deputados estaduais e distritais e dos vereadores” (CF, art. 37, §12, parte final). Com efeito, 0 subsidio dos deputados estaduais e distritais esté limitado a 75% do subsidio dos deputados federais (CF, art. 27, §2° cfc art. 32, §30%). J4 0 subsidio dos vereadores pode variar de no maximo 20% a 75% do subsidio dos deputados estaduais, caso se trate de Municipio com menos de dez mil ou com mais de quinhentos mil habitantes, respectivamente (CF, art. 29, VI). Por sua vez, os subsidios dos deputados federais, assim como dos Governadores e dos Prefeitos, se submetem ao teto geral, isto é, no podem ser superiores ao subsidio dos ministros do STF, mas nada impede que sejam iguais a este. Agora, em relac&o ao subsidio dos desembargadores estaduais, 0 art. 37, XI da Constituicéo estabelece expressamente que ele sera “limitado a 90,25% do subsidio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal”. Ocorre que o STF, no julgamento da ADI 3.854/DF, decidiu exeluir os membros da magistratura estadual, inclusive os Desembargadores do Tribunal de Justiga, da submissao ao subteto remuneratério de 90,25% do subsidio dos ministros do STF, aplicando-Ihes 0 teto geral, ao entendimento de que o Poder Judiciario possui caréter nacional e unitario, de sorte que n&o poderia haver tratamento discriminatério entre magistrados federais e estaduais que desempenham iguais funcées e se submetem a um s6 estatuo de dmbito nacional, a Lei Organica da Magistratura (LC 35/1979). Os membros da magistratura estadual - Ce i desembargadores do Tribunal de Justiga e demais atencaO juizes estaduais - mao se submetem ao subteto remuneratério de 90,25% e sim ao teto geral. “LGR, art. 27, §2%: “0 subsidio dos Deputados Estaduais serd fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na razdo de, no méximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado o que dispaem os arts. 39, §4°, 57, § 78, 150, ll, 153, lll, e 153, §28,1" CP, art. 32, §% ‘aos Deputados Distritais e d Cémara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27". Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br Side 161 Est a égia Direito Administrative para AFRFB 2015 eo tl ale Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Ressalte-se que os membros do Ministério Publico estadual e os procuradores e defensores publicos estaduais permanecem sujeitos ao subteto de 90,25% do subsidio mensal dos Ministros do STF, uma vez que a deciséo da Suprema Corte na ADI 3.854/DF ngo suprimiu nenhuma parte do dispositivo constitucional, mas apenas conferiu interpretagao conforme a Constituicéo ao art. 37, inciso XI, e seu §12, para excluir unicamente os membros da magistratura estatual da submissdo ao subteto de remuneracdo. Dessa forma, os servidores do Poder Judiciario estadual também permanecem sujeitos ao subteto de 90,25%, Jurisprudéncia 1. Conforme o entendimento do STF, a regra segundo a qual os procuradores esto sujeitos ao limite de remuneracao aplicavel ao Poder Judicidrio estadual (apesar de serem servidores do Executivo), vale pata todos os procuradores, inclusive para procuradores de autarquias, e no apenas para determinada carreira da advocacia publica estadual™. Sobre 6 tema, Lucas Furtado entende que inclusive a remuneracao dos procuradores municipais se sujeita ao teto aplicdvel ao Poder Judiciario estadual, e nao a'regra geral aplicdvel aos Municipios, pela qual © teto é 0 subsidio do prefeito, vez que o texto constitucional no fez qualquer mengo ou distingdo entre procuradores estaduais e municipais. 2. A Resoluc&o 13/2006 do Conselho Nacional de Justica - CNJ reconhece que ndo se submetem ao teto remuneratério o exercicio da magistratura com o desempenho do magistério. £ o que ocorre, por exemplo, com os ministros do STF que lecionam em universidades ptiblicas: no hd impedimento de que eles recebam, cumulativamente, os subsidios do cargo de ministro (que é 0 paradigma do teto) mais os vencimentos de professor. Por fim, no que tange as empresas estatais (empresas publicas e sociedades de economia mista), a quest3o do teto é disciplinada pelo art. 37, §9° da CF, segundo 0 qual “o disposto no inciso XI aplica-se as empresas publicas e as sociedades de economia mista, e suas subsidiarias, que receberem recursos da Unido, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municipios para pagamento de despesas de Pessoal ou de custeio em geral”, as chamadas entidades estatais dependentes. © RESS@.250/5P. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 52de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Assim, para a aplicacdo do teto remuneratério, é indiferente se a empresa estatal é prestadora de servico pliblico ou exploradora de atividade empresarial. Importa, t&0 somente, verificar se ela recebe repasse de recursos puiblicos para pagamento de pessoal ou para custeio em geral. Se houver esse repasse (0 que ocorre, por exemplo, com o Serpro, empresa publica federal), os saldrios de seus empregados devem observar o teto geral, ou seja, néo poderéo exceder ao subsidio dos membros do STF; se nao houver esse repasse (como é 0 caso do Banco do Brasil e da Caixa Econémica Federal), no haverd a aplicagéo do teto. Resumindo Esfera PODER TETO Federal Executivo, Legislativo e Judiciério sees hahaa (teto nico) Poder Executivo Subsidio do Governador Poder Legisigtns Subsidio dos Deputados Estaduais e Distritais Membros do Judicistio , Subsidio dos Ministros do STF (uizes) Servidores do Judiciario, Subsidio do Desembargador do TJ, Defensores, Procuradores limitado, no entanto, a 90,25% do e membros do MP. subsidio do STF. . Subsidio do Prefeito Municipal Executivo, Legislativo e Judiciério . {teto tnico) Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 53 de 161 ry 7 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Estratégia Teoraeexerlo coments NCURSOS Prof. Erick Alves ~ Aula 05 re ssAca na prova! 27. (FGV — AFRE/RJ 2008) Nao se computa para efeitos dos limites remuneratérios dos servidores piblicos a seguinte parcela: a) gratificacao. b) adicional de insalubridade. ¢) adicional por tempo de servigo. ) adicional de periculosidade. e) ajuda de custo. Comentarios: Para a contabilizagéo do teto constitucional, devem ser incluidas todas e quaisquer vantagens remuneratorias, inclusive as de carater pessoal. Entretanto, nos termos do art. 37, §11 da CF, as parcelas de carater indenizatério previstas em lei nao sero computadas para efeitos do teto. Para os servidores da esfera federal, as “parcelas de cardter indenizatério” estao previstas no art. 41 da Lei 8.112/1990. Sao elas: ajudas de custo, didrias, auxilio-transporte e auxilio moradia. Vé-se, portanto, que so a alternativa “e” corresponde a uma indenizagao prevista na lei. Todas as demais op¢ées constituem gratificagées e adicionais ‘sujeitas ao teto. Gabarito: alternativa “« 28. (Cespe - TCU 2009) A regra constitucional do teto remuneratério se aplica As empresas piblicas federais e suas subsididrias, mesmo na hipdtese de nao receberem recursos da Unido para pagamento de despesas de pessoal. Comentarios: O quesito esté errado. Em regra, os empregados das empresas publicas e sociedades de economia mista, e suas subsididrias, no se sujeitam ao teto remuneratério, exceto se a entidade receber recursos da Unido, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municipios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (CF, art. 37, §9°) Gabarito: Errado Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 54 de 161 z Direito Administrativo para AFRFB 2015 fEstratésia Teo exercio coments Prof. Erick Alves ~ Aula 05 Limite aos Poderes Legislativo e Judiciario © art. 37, XII da CF impde um limite especifico, dirigido aos vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judicidri XII_- 0S vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judicidrio nao poderdo ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo; Portanto, os vencimentos dos servidores ocupantes de cargos no Poder Legislativo e no Poder Judicidrio no poderao ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo aos seus préprios servidores. Logicamente, essa regra constitucional somente pode se aplicar a cargos iguais ou assemelhados nos trés Poderes. Assim, os vencimentos pagos pelo Poder Executivo constituem o limite maximo para a remuneracéio dos servidores que exercem fungdes iguais ou assemelhadas no Legislativo e no Judicidrio. Ocorre que, na pratica, os cargos dos Poderes Legislativo e Judicidrio sdo distintos daqueles existentes no Ambito do Executivo; portanto, ndo existe muita margem pratica para comparacao. Ademais, distorcées histéricas fazem com que, atualmente, a remuneracao dos servidores seja bastante discrepante entre os Poderes, principalmente quando se compara o Poder Executivo de um lado e os Poderes Legislativo e Judicidrio de outro, 0 que acaba por inviabilizar qualquer tentativa de equalizacdo. Por essa razdo, o aludido comando constitucional praticamente tem sido letra norma, em todas as esferas de governo. Vedacao a vinculacao e a equiparacdo de remuneracées O art. 37, XIII da CF proibe 0 estabelecimento de vinculacdes ou de equiparacées entre quaisquer espécies remuneratorias: XIII - 6 vedada a vinculagado ou equiparagado de quaisquer espécies remuneratérias para 0 efeito de remuneragao de pessoal do servico puiblico; Vincular ou equiparar remuneragées significa estabelecer mecanismos que impliquem alteracdo automatica da remuneracéo de um cargo toda vez que ocorra alteracao de algum parametro preestabelecido. Vincular significa subordinar a remuneragao de um cargo a outro, dentro ou fora do mesmo Poder ou, ainda, definir indices, formulas ou critérios de reajustamento automatico, que retire a iniciativa do Poder competente para a fixacdo da remuneracéo. Equiparar, por sua vez, Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 55 de 161 Est ‘a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 rot ott Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 significa a previsdo, em lei, de remuneracéo igual 4 de outro cargo, originalmente distinto. Ocorreré. a vinculagdo remuneratéria se, por exemplo, uma lei determinar que o vencimento de auditor-fiscal da receita estadual corresponderé a 90% daquele fixado em lei para auditor da receita federal; ou que o vencimento do auditor corresponderé a determinado numero de saldrios minimos; ou, ainda, que o vencimento do auditor seré vinculado ao incremento da arrecadacao tributaria. Haveria equiparacao, ao contrério, se lei determinasse que a remuneracao dos auditores fosse a mesma aplicavel aos promotores de justica. Vale ressaltar que a proibic&o de equiparacdo e de vinculagdo se estende a quaisquer espécies remuneratérias - vencimentos, subsidios, salérios ou outras. Jurisprudéncia Stmula Vinculante 4 do STF: “salvo nds casos previstos na Constitui¢ao, o salério- minimo nfo pode ser usado como indéxador de base de célculo de vantagem de servidor publico ou de empregado, nem ser substituido por deciso judicial”. Stimula 681 do STF: “é inconstitucional a vinculagao do reajuste de vencimentos de servidores estaduais oumunicipais a indices federais de correcéo monetaria”. Um ponto interessante é que a prépria Constituicdo Federal, em alguns casos, prevé a equiparacao e a vinculacdo, como ocorre com os Ministros do Tribunal de Contas da Unido sendo equiparados aos Ministros do STJ (CF, art. 73, §3°) e com a vinculacdo entre os subsidios dos Ministros do STF com os dos Tribunais Superiores e demais magistrados (CF, art. 93, V). A vedacdo do art. 37, XVIII ndo se aplica a esses casos, previstos diretamente na Constituicdo, mas apenas a eventual criacdo de vinculagées e equiparacgdes mediante lei ou outra norma infraconstitucional. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 56 de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Vedagao a incidéncia cumulativa de acréscimos pecuniarios © art. 37, XIV da CF veda a incidéncia cumulativa de acréscimos pecunidrios, da seguinte forma: XIV = 0 acréscimos pecunidrios percebidos por servidor publico ndo sero computados nem acumulados para fins de concesséo de acréscimos ulteriores; Pelo dispositivo, é vedado 0 célculo cumulativo de uma vantagem pecunidria sobre outra, qualquer que seja o titulo ou fundamento sob os quais sejam pagas. Vamos explicar 0 alcance dessa regra com um exemplo: imagine um servidor que receba vencimento basico no valor de R$ 1.000,00 e mais R$ 500,00 a titulo de gratificacao pelo exercicio de fungao de confianca, totalizando R$ 1.500,00 de remuneracdo. Agora, suponha que uma lei conceda a todos os ocupantes desse cargo uma vantagem pecuniaria qualquer, no percentual fixo de 20%. Segundo o art. 37, XIV da CF, esse percentual adicional deve incidir apenas sobre 0 vencimento basico do servidor, € n&o sobre os “vencimentos”, vale dizer, as vantagens ja auferidas pelo servidor néo devem compor a base de calculo do novo acréscimo. Dessa forma, o valor da nova vantagem seria de R$ 200,00 (=R$ 1.000,00 x 20%), e a remuneracao do servidor passaria a ser de RS 1.700,00 (=R$ 1.500,00 + R$ 200,00). O que o art. 37, XIV da CF proibe, portanto, é 0 chamado “repique”, ou incidéncia “em cascata” de acréscimos pecunidrios. No nosso exemplo, caso fosse aplicado o efeito em cascata vedado pelo texto constitucional, o valor da nova vantagem pecunidria seria de R$ 300,00 [=(R$ 1.000,00 + R$ 500,00) x 20%], e a remuneracao do servidor seria indevidamente majorada para R$ 1.800.00 (=R$ 1.500,00 + R$ 300,00). Vale saber que a atual redacao do inciso XIV do art. 37 foi dada pela EC 19/98. Antes da emenda, esses calculos cumulativos somente eram vedados quando se tratasse de acréscimos pecunidrios pagos “sob o mesmo titulo ou idéntico fundamento”. Assim, sob a redacao original, 0 adicional de tempo de servico, por exemplo, néo poderia compor a base de cdlculo de outra vantagem que também tivesse como fundamento o tempo de servico do servidor, mas poderia caso a outra vantagem fosse concedida por motivo diverso, como a natureza da atividade exercida. Atualmente, 0 titulo ou fundamento da vantagem é irrelevante: o Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 57 de 161 Est ‘a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 Hot! ote Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 calculo cumulativo de uma vantagem sobre outra é vedado, qualquer que seja 0 titulo ou fundamento sob os quais sejam pagas. Irredutibilidade de vencimentos e subsidios 0 art. 37, XV da CF estabelece a irredutibilidade de vencimentos e subsidios de servidores publicos: XV - 0 Subsidio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos piblicos so irredutiveis, ressalvado o disposto nos incisos XI € XIV deste artigo e nos arts. 39, § 49, 150, II, 153, III, e 153, § 2, 1; Primeiramente, cumpre destacar que, face @ ressalva em relacdo aos incisos XI e XIV contida na parte final do dispositivo, a irredutibilidade de vencimentos e subsidios ndo impede a observancia_ do teto constitucional e da vedacdo a incidéncia cumulativa de acréscimos pecunidrios; vale dizer que nao se poderd invocar a irredutibilidade para manter remuneragdes pagas com infragdo a essas regras. Acrescenta-se ainda que, por ser de norma de eficacia plena, 0 inciso XV permite a imediata reduc3o das parcelas remuneratorias indevidamente concedidas, respeitado, dbvio, 0 devido processo legal. A reducdo a que se refere o texto constitucional corresponde ao valor nominal dos vencimentos ou do subsidio, ou seja, ndo contempla as perdas do poder de compra por conta dos efeitos da inflacdo. Assim, 0 principio da irredutibilidade é respeitado apenas com a manutencéo do valor numérico dos vencimentos ou subsidios, independentemente dos indices de inflag3o. Ademais, 0 valor tomado como pardmetro para definir a ocorréncia de reduc&o é 0 valor bruto percebido pelo servidor, e nao o valor liquido © . Lucas Furtado assevera que, por forga da mencéo expressamente feita aos artigos 150, II e 153, III, e 153, §2, I (que versam sobre a instituiga0 ou majoracao de tributos incidentes sobre a renda), se, por exemplo, for aumentada a aliquota do imposto de renda, e isso acarretar reducao da remuneracdo liquida do servidor, ndo ocorrera violagdo da regra da irredutibilidade. Também fogem dessa regra algumas gratificagdes de natureza varidvel, de que seriam exemplo as gratificagées de desempenho, que podem oscilar periodicamente em fungao da avaliacdo de desempenho do servidor. Assim, nao haveria transgresséo da regra constitucional da © Lucas Furtado (2014, p. 756). Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 58 de 161 tégi Direito Administrativo para AFRFB 2015 gia Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves -— Aula 05 irredutibilidade se, em determinado momento, a remuneracao do servidor diminuisse por conta da redugao do valor pago por meio dessa vantagem. Jurisprudéncia 1. O'STF fixou jurisprudéncia no sentido de que “pode a férmula de composicao da remuneracao do servidor piblico ser alterada, desde que preservado o seu montante total™”, pois n&o hd direito adquirido quanto 4 forma como sao calculados os vencimentos dos servidores. © que a irredutibilidade assegura é 2 manutengo do valor final dos vencimentos, no importando que as parcelas componentes sejam modificadas. Do contrério, isso implicaria reconhecer direito adquirido a regime juridico, possibilidade rechagada pela jurisprudéncia da Suprema Corte. Por exemplo, a Lei 8.112/1990, que institui o regime juridico dos. servidores civis federais, pode ser alterada a qualquer momento, excluindo ou alterando os adicionais e gratificagdes nela previstos, sem que isso implique ofensa a direito dos servidores. Essas alteracdes, contudo, ndo podem levar & reduco do valor nominal dos respectivos vencimentos ou subsidios. © Supremo Tribunal Federal déixou assente que servidor publico admitido antes da EC 19/98 — que introduziu regra mais restritiva em relacdo a incidéncia cumulativa de adicionais‘e gratificagdes ~ seria assegurada a irredutibilidade remuneratéria sem, eontudo, direito adquirido ao regime juridico de sua remuneraco™. Assim, o servidor que estivesse recebendo validamente, antes da EC 19/98, adicionais uns sobre os outros, precisou adequar a forma de calculo de sua remuneracdo a nova regra constitucional. Entretanto, essa mudanca nao. pode implicar decréscimo no valor total a receber, fazendo jus 0 servidor a uma complementaco (VPNI) suficiente para impedir o decesso remuneratério. Pela jurisprudéncia do STF, a irredutibilidade de vencimentos e subsidios aplica- se ndo sd a cargos efetivos, mas também aos cargos em comisséo, inclusive aqueles ocupados por pessoas que ndo possuem vinculo com a Administraggo Publica, © ALLT@5/RS 65 RE 563,708/MS (Informativo STF 69: % MS24.580/DE. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 59de 161 on 7 Direito Administrativo para AFRFB 2015 stratégia Teara wom commend ONCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 4. OSTF entende que o desconto na remuneracao de servidores publicos afastados de suas fung&es por responderem a processo penal ou por se encontrarem presos preventivamente ¢ contrério ao principio da irredutibilidade”. A jurisprudéncia do ST) esta orientada no sentido de que no hé di adquirido a recebimento de remunerago, proventos ou pensio acima do teto constitucional, sendo que a garantia da irredutibilidade dos vencimentos deve ser observada, desde que os valores percebidos se limitem ao teto remuneratério constitucional™. ADMINISTRAGAO FAZENDARIA E SERVIDORES FISCAIS Os servidores fiscais que atuam na administracéo fazendaria arrecadando tributos para o Estado, em qualquer esfera de governo, receberam especial atencao no art. 37 da CF. Em primeiro lugar, o inciso XVIII estabelece que: XVIII - a administracdo fazendaria e seus servidores fiscais tero, dentro de suas areas de competéncia e jurisdicéo, precedéncia sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; Por esse inciso, nenhum setor da Administracgo poderd impedir ou dificultar 0 desempenho das atividades finalisticas dos servidores fiscais, pois eventual obstrucdo dessa monta poderia frustrar a arrecadacéo de receitas indispensdveis ao custelo das atividades estatais. Entretanto, a norma constitucional ndo é autoaplicavel (“na forma da lei"), dependendo de lei para determinar a forma como sera respeitada essa precedéncia. Outro inciso que trata especificamente dos servidores da area fiscal 6 0 seguinte: XXII - as administragdes tributérias da Unigo, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras especificas, terao recursos prioritarios para a realizago de suas atividades e atuardo de forma integrada, inclusive com 0 compartilhamento de cadastros e de informagées fiscais, na forma da lei ou convénio. © ARE 705.174/PR RMS 25.959/] Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 60 de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 Esse dispositivo alca a administracao tributaria ao patamar de atividade exclusiva de Estado, devendo contar com recursos prioritérios para a realizagdo de suas atividades. Inclusive, 0 art. 167, IV da CF, a fim de possibilitar essa alocacao prioritaria, permite a vinculacao de receita de impostos as atividades da administracdo tributdria. O inciso XXII também determina que as receitas federal, estadual e municipal deveréo atuar de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informacoes fiscais, 0 que inclui informagdes protegidas pelo sigilo fiscal. ACUMULAGAO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNCOES PUBLICAS Acumulagao de cargos na atividade A Constituicao Federal, nos incisos XVI e XVII do art. 37, estabelece, como regra, a vedacao de acumulacao remunerada de cargos, empregos ou funcdes publicas: XVI - vedada a acumulacao remunerada de caraos piiblicos, exceto, quando houver compatibilidade de horarios, observado em qualquer caso 0 disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou cientifico; ¢) a de dois cargos ou empreaos privativos de profissionais de saude, com profissdes regulamentadas; XVII - a proibico de acumular estende-se a empregos e funcées e abrange autarquias, fundagées, empresas publicas, sociedades de economia mista, suas subsidiarias, e sociedades controladas, direta au indiretamente, pelo poder publico; A vedacao de acumular é bastante abrangente: salvo as excecées previstas, atinge todas as esferas de governo, todos os Poderes e toda a Administrag’o Publica, direta e indireta, incluindo cargos em comiss4o. Se determinada pessoa ocupa cargo, emprego ou funcdo publica em Municipio, por exemplo, no poderé ocupar outro cargo, emprego ou fungo publica em qualquer esfera de governo (federal, estadual ou municipal), nem em outro Poder, quer se trate de Administrag&o Publica direta ou indireta. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 61de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ate Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 Perceba que o texto constitucional veda a acumulacdo de atribuigédes publicas, por consequéncia, a presente regra nao impede o exercicio de atividades privadas por parte do servidor piiblico, desde que, obviamente, tais ocupacgées n&o sejam incompativeis com o cargo exercido pelo servidor (ex: a Lei 8.112/1990 veda a geréncia de sociedades empresariais). A regra, contudo, no é absoluta. O préprio texto constitucional admite hip6teses em que a acumulacéo de cargos ptiblicos € possivel, sendo, para tanto, estabelecidos trés requisites cumulativos: Requisitos para a acumulagSo de cargos publicos: (i) Que se trate de: Dois cargos de professor; Um cargo de professor com outro técnico ou cientifico; ou Dois cargos ou empregos privativos de profissional de saude, de profisséo regulamentaday"(ex: médicos, dentistas, nutricionistas, enfermeiros, assistentes Sociais, etc.). (ii) Que haja compatibilidade de hordrios. (iii) Que seja respeitade 6 teto remuneratério. Quanto ao conceito de “cargo técnico ou cientifico”, hipdtese de acumulacao admitida pela CF, torna-se necessario examinar as atribuigdes do cargo previstas em lei para concluir se suas atribuigdes possuem essa natureza. Segundo a jurisprudéncia do STJ®, "cargo cientifico é 0 conjunto de atribuicdes cuja execuc’o tem por finalidade investigacdo coordenada e sistematizada de fatos, predominantemente de especulacéo, visando a ampliar 0 conhecimento humano. Cargo técnico é 0 conjunto de atribuiges cuja execucdo reclama conhecimento especifico de uma 4rea do saber". Hd 0 entendimento de que se a lei requer qualificacéo de nivel superior, regra geral, 0 cargo sera necessariamente técnico ou clentifico. Todavia, em se tratando de cargos de nivel superior que executam atividades meramente administrativas, como os analistas da rea meio de Tribunals do Judiciério, ndo sao considerados “técnicos ou © RMS 28.644/AP Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 62 de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 cientificos.” Da mesma forma, 0 ST) ja considerou que o cargo de oficial de policia civil ndo tem natureza técnica ou cientifica. Por outro lado, o cargo de médico é considerado de carater técnico, pois exige conhecimento especializado. Assim, por exemplo, seria possivel a acumulag3o de um cargo de professor com outro de médico, com fundamento na alinea “b” do art. 37, XVI. Igual interpretacdo deve ser dada aos cargos de nivel médio. Atribuigées que exijam conhecimentos técnicos especificos de alguma area do saber, como técnico em informatica, em contabilidade, programador e desenhista, por exemplo, ndo obstante prescindam de diploma de nivel superior, so reputadas técnicas e passiveis de acumulacdo com um cargo de professor. Por outro lado, os cargos de nivel médio, cujas atribuicdes impliquem a pratica de atividades meramente burocraticas, de carater repetitivo e que nao exijam formagao especifica, nao devem ser considerados “técnicos ou cientificos”, nao podendo, por consequéncia, serem acumulados com outro de professor. Sdo exemplos: agentes administrativos e agente de portaria. Em suma: nao se tratando de cargos com atribuicdes meramente burocraticas, tipicas da area-meio, qualquer outro cargo, de nivel médio ou superior, é passivel de enquadramento como técnico ou cientifico. Hely Lopes Meirelles ressalta que a Constituig3o veda a acumulagao remunerada, de modo que inexistem dbices 4 acumulacdo de cargos, empregos ou funcées desde que o servidor seja remunerado apenas pelo exercicio de uma das atividades acumuladas. E 0 que ocorre, por exemplo, quando um servidor é designado para acumular as fungdes de outro cargo por falta ou impedimento de seu titular, com a faculdade de opco pela maior remuneracdo. Ha que se destacar, ainda, que as hipéteses de acumulacao referem- se a dois cargos, empregos ou funcdes publicas. Assim, nao se admite 0 acumulo de trés ou mais cargos ou empregos, ainda que algum deles provenha da aposentadoria, a ndo ser que uma das fungdes nao seja remunerada. Hd apenas uma hipétese de acumulagio de trés cargos, em virtude da norma tempordria contida no §1° do art. 17 da ADCT: dois de médico civil, com outro de médico militar. Além das hipéteses de acumulacao expressamente mencionadas pelo inciso XVI do art. 37, outras sao igualmente indicadas pela CF, a saber: Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 63 de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ate Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 * a permissdo de acumulacaéo para os vereadores (CF, art. 38, III); * a permisséo para os juizes e os membros do Ministério Publico exercerem o magistério (CF, art. 95, paragrafo Unico, I; e art. 128, §5°, UL, “d"); * a permissdo para os profissionais de sade das Forcas Armadas acumularem outro cargo ou emprego na area de satide, na forma da lei e com prevaléncia da atividade militar (CF, art. 142, §3°, II, III e VIII) Por oportuno, vale saber que o art. 40, pardgrafo unico, inciso I da Lei 8.112/1990 apresenta uma outra hipdtese de acumulacdo, pois permite a participagdo de servidores publicos em “conselhos de administracgado e fiscal de empresas ou entidades em que a Unido detenha, direta ou indiretamente, participacdo no capital social ou em sociedade cooperativa constituida para prestar servicos a seus membros”. Por exemplo, um servidor do Ministério da Fazenda nao pode ocupar um emprego piiblico no Banco do Brasil, em virtude da vedacdo presente no art. 37, XVI e XVII da CF, mas, segundo a Lei 8.112/1990, ele pode ser designado como membro do Conselho de Administracao da estatal. Acumulacao de proventos e vencimentos Ponto de destaque no tema em estudo diz respeito a percepcao simultanea de remuneracdo e de proventos de aposentadoria. O art. 37 §10, da CF diz 0 seguinte: § 10. E vedada a percepc&o simulténea de proventos de aposentadoria decorrentes‘do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneracao de cargo, emprego ou funcéo publica, ressalvados os cargos acumulaveis na forma desta Constituicdo, os cargos eletivos e os cargos em comisséo declarados em lei de livre nomeacao e exoneracao. Importante destacar que, ao fazer mencao aos artigos 40, 42 e 142, a vedago de percepcao simultanea de proventos de aposentadoria com a remuneracao de cargo, emprego ou fungao publica alcanca somente os es préprios dos servidores publicos estatuarios e dos militares. N&o abrange, portanto, 0 Regime Geral de Previdéncia Social (RGPS), previsto no art. 201 da CF. Logo, 0s aposentados pelo RGPS, como é 0 caso dos empregados puiblicos das empresas estatais, podem retornar a ativa, e, por conseguinte, acumularem, regularmente, os proventos com a remunerag&o do novo cargo, emprego ou funcao. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 64de 161 atégi Direito Administrativo para AFRFB 2015 gia Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 No caso dos servidores civis e militares aposentados pelos respectivos regimes préprios de previdéncia, somente é permitida a acumulacao de proventos com remuneracées de: + outro cargo/emprego/funcao acumulavel caso em atividade estivesse; + cargos eletivos (de Deputado, Prefeito, Governador, por exemple); e + cargos em comisséo. Desse modo, servidor que tenha se aposentado pelo regime prdprio, civil ou militar, pode retornar ao servico puiblico, mas desde que seja para ocupar outro cargo/emprego/funcgao acumulavel, cargos eletivos ou cargo em comissdo. Por exemplo, um servidor que tenha se aposentado em cargo de natureza técnica ou cientifica e que preste concurso piiblico para 0 cargo de professor universitério, poderé acumular os proventos da aposentadoria e a remuneracio do cargo efetivo, observado o teto constitucional, pois 0 cargo em que se deu a aposentadoria e 0 cargo de professor so acumulaveis, nos termos do art. 37, XVI da CF. Da mesma forma, 0 servidor aposentado poderia retornar ao servico publico, acumulando proventos e remuneracéo, caso fosse convidado a exercer cargo em comissao ou caso se candidatasse para mandato eletivo. Nessas hipdteses, a natureza do cargo em que se deu a aposentadoria seria irrelevante. Essas regras sobre a acumulagao de proventos da aposentadoria com a remuneracao de cargos efetivos levam a uma situacao interessante. Vimos que os empregados piiblicos das empresas estatals, por se aposentarem pelo RGPS, podem retornar 8 ativa e acumular regularmente, os proventos com a remuneragdo do cargo, emprego ou funclo. Um aposentado do Banco do Brasil, por exemplo, poderia prestar concurso para Auditor da Receita Federal e receber, simultaneamente, proventos e remuneracdo relativa aos dois cargos. O inverso, porém, néo pode ocorrer: caso um Auditor da Receita, aposentado pelo regime préprio, retorne & ativa como empregado concursado do Banco do Brasil, ele ndo poderé acumular os proventos da aposentadoria com o saldrio do Banco, pois nfo sao cargos acumulaveis. Em consequéncia, ele teré que optar por uma das remuneragées. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 65 de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ate Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 Hely Lopes Meirelles apresenta uma ressalva quanto ao servidor aposentado compulsoriamente (70 anos de idade). Na visdo do autor, © servidor nessa condicéo nao poderd ocupar outro cargo, emprego ou funcao publica, salvo quanto aos eletivos, porque a prépria Constituicéo estabelece uma presuncdo de incapacidade absoluta para 0 desempenho de servico publico. Por fim, vale ressaltar que o servidor aposentado pode retornar ao servico pUblico, ainda que ngo se enquadre em nenhuma das trés hipdteses de acumulacao acima. Para tanto, ele deverd abrir mao ou dos proventos do cargo em que se aposentou ou dos vencimentos/subsidio do novo cargo, ou seja, ele terd que optar entre receber os proventos ou os vencimentos/subsidio. Lembre-se de que a vedacao constitucional a acumulaco de cargos, empregos e funcées, na verdade, impede a acumulacgao remunerada ou, dizendo de outra forma, a percepgdo simultanea de remuneracdo relativa a cargos nado acumulaveis. Assim, se um dos cargos é exercido sem remuneracdo, ndo ha que se falar em acumulacdo indevida. Jurisprudéncia O ST), apreciando algumas situagdes de pessoas aposentadas, jé decidiu que, nos casos de acumilacdo, os cargos devem ser considerados isoladamente para efeitos do teto remuneratério. Assim, a remuneracio de cada cargo no poderia ser superior ao,teto, sendo possivel que a soma dos d ultrapasse esse limite. Porém, esse entendimento ainda ndio é pacifico. Ao contrario, esta pacificado na jurisprudéncia que 0 teto remuneratsrio aplica-se ao total dos rendimentos auferidos pelos agentes publicos. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 66 de 161 a 7 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Estratégia Teoraeexerctios comentos NCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 re ssAca na prova! 29. (Cespe - Suframa 2014) Considerando que o trabalho seja fundamental para a dignidade da pessoa humana, 6 correto afirmar que a acumulacdo de cargos piblicos é regra na legislagéo brasileira, devendo-se observar apenas a compatibilidade de horarios Comentario: Ao contrério do que afirma o quesito, a acumulacéo de cargos no é regra, e sim exceco na legislac&o brasileira, 6 podendo ocorrer nas situagdes expressamente previstas na Constituicdo (art. 37, XVI: dois cargos de professor; um de professor e outro técnico ou cientitico; ou dois cargos na area de satide), e desde que haja compatibilidade de horarios. Deve ser ressaltado que, nas hipéteses em que a Constituigao admite a acumulacao, © teto remuneratorio deve ser observado. Gabarito: Errado 30. (Cespe - PM/CE 2014) A proibicao de acumiular cargos publicos alcanga todos os érgaos da administragao direta, autarquica e fundacional, nao se estendendo apenas aos empregos situados nas empresas publicas, sociedades de economia mista e suas subsididrias, cujo pessoal esta submetido a regime juridico de direito privado. Comentarios: 0 quesito estd errado. A proibicdo de acumular é tao ampla que nao se resume aos érgéos da administracéo direta, autarquica e fundacional; ela se estende, inclusive, a empregos e funcdes e abrange autarquias, fundacées, empresas publicas, sociedades de economia mista, suas subsididrias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder piblico (CF, art. 37, CVIl). Diferentemente da regra do teto remuneratério, em relagéo a acumulacéo de cargos nao importa se as empresas pUblicas e sociedades de economia mista recebam ou nao recursos da fazenda piblica para custelo ou gastos de pessoal: a vedacdo atinge qualquer entidade. Gabarito: Errado 31. (Cespe — Sutrama 2014) Considere que um professor universitario federal aposentado tenha sido aprovado em concurso publico para o cargo de técnico da SUFRAMA. Nesse caso, sera legalmente possivel a acumulagao dos proventos da inatividade com 0 vencimento do novo cargo. Comentérios: O servidor aposentado pelo regime préprio dos servidores ptiblicos pode retornar & ativa e acumular seus proventos com os vencimentos do cargo efetivo caso 0 novo cargo se enquadre em uma das trés hipéteses: Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 67 de 161 Est a égi Direito Administrative para AFRFB 2015 . gia Teoria e exercicios comentados CONCURSOS Prof. Erick Alves - Aula 05 cargo acumulavel com o que gerou a aposentadoria, cargo eletivo ou cargo em comissao. Na situagdo descrita, a acumulacao dos proventos de professor & possivel, uma vez que 0 cargo de técnico da Suframa é considerado cargo técnico ou cientifico, vale dizer, que exige formagao especifica em alguma area do conhecimento, seja de nivel superior ou de nivel médio. Gabarito: Certo 32. (Cespe — TRF/S Juiz ~ 2006) Suponha que Pedro seja professor em uma universidade publica. Nesse caso, ele poder acumular 0 seu cargo de professor com um cargo de analista judicidrio, area meio, em tribunal regional federal. Comentario: Uma vez que Pedro ocupa cargo de analista judiciério na Area meio, nao exerce atribuigdes de natureza técnica ou cientifica; portanto, ele nao se enquadra na regra que permite acumulagéo de “um cargo de professor com outro técnico ou cientifico”. Gabarito: Errado MANDATOS ELETIVOS 0 art. 38 da CF regulamenta as situacées em que servidor puiblico passa a exercer mandato eletiv: Art. 38. Ao servidor. publico da administracdo direta, autérquica e fundacional, no exercicio de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposigdes I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficara afastado'de Seu cargo, emprego ou funcéo; II - investido no mandato de Prefeito, serd afastado do cargo, emprego ou funcdo, sendo-Ihe facultado optar pela sua remuneracao; III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de hordrios, perceberd as vantagens de seu cargo, emprego ou fungdo, sem prejuizo da remuneraco do cargo eletivo, e, n3o havendo compatibilidade, sera aplicada a norma do inciso anterior; IV - em qualquer caso que exija 0 afastamento para o exercicio de mandato eletivo, seu tempo de servigo sera contado para todos os efeitos legais, exceto para promocao por merecimento; V - para efeito de beneficio previdencidrio, no caso de afastamento, os valores serao determinados como se no exercicio estivesse. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 68 de 161 cA i Direito Administrativo para AFRFB 2015 égia Geri cometinomecinee Prof. Erick Alves — Aula 05 os Assim, 0 servidor pUblico que seja eleito para exercer mandato federal, estadual ou distrital (Presidente da Republica, deputado federal, senador, Governador, deputado estadual ou distrital) sera, obrigatoriamente, afastado do seu cargo (efetivo ou em comissao), emprego ou funcdo. Nessa hipétese, o servidor devera receber apenas a remuneragao do cargo eletivo, obrigatoriamente. Caso o servidor publico seja eleito para o mandato de prefeito, ele também sera obrigatoriamente afastado do seu cargo (efetivo ou em comisséo), emprego ou funcdo. Porém, poderé optar por receber a remuneracao de prefeito ou a remunerac3o do cargo, emprego ou funcdo de que foi afastado. Segundo a jurisprudéncia do Supremo, essas regras igualmente se aplicam, por analogia, ao servidor pUblico investido no mandato de vice-prefeito”’. J& © servidor ptiblico eleito para o cargo de vereador, havendo compatibilidade de horérios, podera perceber as vantagens de seu cargo (efetivo ou em comisséo), emprego ou funcao juntamente com a remuneracdo de vereador; por outro lado, ndo havendo compatibilidade, 0 servidor seré afastado do seu cargo, emprego ou funcdo, sendo-lhe facultado optar pela remuneracéo de origem ou pelo subsidio correspondente ao cargo de vereador. Por fim, o art. 38 preceitua que, nas hipdteses em ocorra o afastamento do servidor de seu cargo, emprego ou funcdo, seu tempo de servico sera contado para todos os efeitos legais, exceto para promocao por merecimento. O tempo de afastamento € contado, também, para efeito de calculo do beneficio previdenciario do servidor. ee saca na prova! 33. (Cespe - Policia Federal 2013) O dispositive constitucional que admite o afastamento do servidor do cargo, do emprego ou da fungao para o exercicio de mandato é aplicével ao servidor contratado para atender a necessidade temporaria de excepcional interesse publico, j4 que exerce fung&o publica. Comentario: O dispositivo constitucional que permite ao servidor se afastar do cargo para exercer mandato eletivo se aplica apenas aos servidores pUblicos da administragao direta, autarquica e fundacional: 70 RE 451.267/8S. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 69 de 161 E Ss t ‘a égi Direito Administrative para AFRFB 2015 RS OS gia Teoria e exercicios comentados cONCcU Prof. Erick Alves - Aula 05 ‘Ar. 38. Ao servidor publico da administracao direta, autarquica e fundacional, no exercicio de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposicées: Portanto, nao abrange os empregados publicos das entidades administrativas de direito privado, tampouco os agentes temporarios. Gabarito: Errado REGIME JURIDICO caput do art. 39 da CF trata do regime juridico dos servidores da Administrac3o Publica direta, das autarquias e das fundacdes publicas. A redacao vigente desse dispositivo é a seguinte: ‘Art. 39. A Unido, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios instituirdo, no Ambito de sua competéncia, regime juridico unico e planos de carreira para os servidores da administrac3o publica direta, das autarquias e das fundagées publicas. © dispositive determina, portanto, que cada esfera de governo deve instituir um regime juridico unico e planos de carreira a todos os servidores das respectivas Administracéo direta, das autarquias e das fundacées publicas, vale dizer, aos érgaos e entidades de direito publico. A Constituicaéo, contudo, ndo define qual o regime a ser adotado, se estatutario, contratual celetista ou outro qualquer. © que o texto constitucional impde, tdo-somente, & que seja_ instituido um regime juridico nico aplicdvel a todos servidores da Administracao direta, autarquica e fundacional. Na esfera federal, a Unido, por intermédio da Lei 8.112/1990, instituiu 0 regime juridico dos servidores pUblicos civis da Unido (administracdo direta), das autarquias e das fundagées publicas federais, estabelecendo, assim, que os servidores desses érgéos e entidades estdo submetidos a regime estatutario. Todavia, em tese, a Unido poderia ter estabelecido um regime contratual ou mesmo um regime misto. Acontece que o regime estatuario, segundo a doutrina, é mais condizente com o regime de direito ptiblico que permeia a atuacdo dos érgdos da administracdéo direta e das entidades autarquicas e fundacionais, diferentemente do que ocorre com as entidades que desempenham atividades de natureza empresarial, em que 0 regime de contrato de trabalho mostra-se mais adequado. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 70 de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ale Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 O regime estatuario dos servidores publicos indica que, quando nomeados, eles ingressam numa situacdo juridica pré-definida, estabelecida na lei de regéncia, a qual néo pode ser mudada mediante contrato, ainda que com a concordancia da Administracao e do servidor, porque se trata de normas de ordem publica, de observancia obrigatoria. Busca-se, assim, privilegiar o interesse publico e resguardar as prerrogativas da Administracao. Ressalte-se que a redacdo ora vigente do caput do art. 39 é a que foi elaborada pelo constituinte origindrio. Isso porque a nova redagao introduzida pela EC 19/98 teve sua eficdcia suspensa pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de medida cautelar, a partir de agosto de 20077. © texto trazido pela EC 19/98 tinha o fito de eliminar a obrigatoriedade de adogdo de um regime juridico Unico e de planos de carreira para os agentes de cada esfera politica atuantes nas respectivas Administrago direta, autarquias e fundacdes publicas. Contudo, o fundamento da impugnacdo pelo Supremo ndo foi esse, e sim a inconstitucionalidade formal ocorrida na tramitagéo da emenda, especificamente quanto ao caput do art. 39, em virtude da nao observancia do processo legislativo previsto no art. 60, §2° da CF (a emenda nao foi submetida a votacdo em dois turnos com quérum adequado). Portanto, no periodo compreendido entre a alteragdo do caput do art. 39 pela EC 19/98 e a suspensdo da sua eficacia pelo Supremo, a partir de agosto de 2007, foi possivel a existéncia de servidores publicos sujeitos a mais de um regime juridico nas administracoes direta, nas autarquias e nas fundacoes publicas de cada um dos entes da Federacao. Saliente-se que, por ocasiéo do julgamento cautelar da ADI 2.135/DF, 0 Supremo esclareceu que a decisdo teria efeitos prospectivos (ex nunc), de modo que todos os atos praticados com base na legislaco editada durante a vigéncia do art. 39, caput, com a redacao dada pela EC 19/98, continuariam validos. Por exemplo, nesse periodo, a Unido editou a Lei _9.962/2000, disciplinando o regime de emprego publico (celetista) nos seus érgaos e entidades de direito puiblico. Assim os atos de admissdo de empregados piiblicos, sob regime celetista, na administracdo direta, nas autarquias e nas fundagées puiblicas federais, proferidos com base na referida lei, e que 7 aDL2135/DE Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br Tide 161 E t r Z i a Direito Administrativo para AFRFB 2015 = Sg Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 = oncu sejam anteriores a agosto de 2007, sao plenamente validos (os contratos de trabalho nao foram automaticamente cancelados em virtude da decisdo do Supremo). E importante ficar claro que, desde agosto de 2007 até os dias atuais, vigora a redagao original do caput do art. 39, vale dizer, atualmente todo servidor da administracdo direta, autarquias e fundacdes piblicas deve ser admitido sob o regime juridico Gnico (na esfera federal, o regime previsto na Lei 8.112/1990), além de ser obrigatéria a instituigéo de planos de carreira para esses servidores. Ademais, todos os demais pardgrafos do art. 39 alterados pela EC 19/98 permanecem com a redacéo dada pela emenda, eis que a decisdo do Supremo atingiu apenas o caput do artigo. Ce na prova! 34. (Cespe — MIN 2013) Consoante decisdo do Supremo Tribunal Federal, os servidores da administracdo publica direta, das autarquias e das fundagdes pablicas, devem sujeitar-se a regime juridico anico. Comentario: O quesito esta correto. A partir da decisdo do STF na ADI 2.135/DF, voltou a vigorar a redacao original do caput do art. 39 da CF, que estabelece a necessidade de se instituir um regime juridico Unico para os servidores da administracao publica direta, das autarquias e das fundacdes publicas. Naquele julgado, 0 STF suspendeu a eficacia da nova redacéo do caput do art. 39 inserida pela EC 19/1998, por vicio formal na tramitagao. A nova redacdo retirava a obrigatoriedade do regime juridico Unico, abrindo espaco para a existéncia de regimes juridicos distintos nos érgos e entidades de direito publico. A decisio do Supremo possuiu efeitos ex nunc (prospectivos), nao atingindo as situacées consolidadas antes da sua publicacao. Gabarito: Certo Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 72de 161 E is t ra t égi a Direito Administrativo para AFRFB 2015 oe Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 ESTABILIDADE © art. 41 da CF estabelece a regra da estabilidade dos servidores piiblicos: Art. 41. Sao estaveis apés trés anos de efetivo exercicio os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso piiblico. § 4° Como condicdo para a aquisicao da estabilidade, é obrigatéria a avaliacao especial de desempenho por comissao instituida para essa finalidade. Portanto, pode-se dizer que estabilidade é a garantia constitucional de permanéncia no servico piblico outorgada ao servidor que preencha os seguintes requisitos: + Investidura em cargo efetivo, o que pressupde, necessariamente, a prévia aprovacéio em concurso pablico; + Trés anos de efetivo exercicio no cargo; + Aprovacdo em avaliag&o especial de desempenho. Em relac&o ao primeiro requisito, em que se requer a investidura em cargo de provimento efetivo, afasta-se a possibilidade de empregados pUblicos, servidores tempordrios ou ocupantes de cargos em comissao sem vinculo efetivo adquirirem estabilidade. Vale destacar que nao basta ao agente ptiblico ser aprovado em concurso ptblico para adquirir estabilidade. E necessario que ele tenha siso aprovado em concurso ptiblico para provimento de cargo, e nao de emprego piblico. Lembre-se de que o concurso puiblico nao é exigéncia exclusiva para o provimento dos cargos efetivos. A investidura em empregos puiblicos também requer a realizag3o de concurso, 0 que ndo garante estabilidade aos aprovados. Quanto ao segundo requisito, a expressdo “efetivo exercicio” indica que nao serao contados eventuais periodos de licencas ou afastamentos do servico para fins de aquisi¢ao de estabilidade. © terceiro requisito, aprovacgo em avaliagéo especial de desempenho feita por comissao instituida para esse fim, tem o objetivo de impedir que o simples decurso de tempo seja condic&o suficiente para conferir estabilidade ao servidor. Vale dizer, 0 fato de o servidor ter completado 0 periodo de efetivo exercicio exigido para a aquisicéo da Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 73.de 161 Est a égia Direito Administrative para AFRFB 2015 CON CUE SOS Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 estabilidade no 0 torna automaticamente estavel; a avaliaco especial de desempenho passa a ser condicéo cumulativa, obrigatéria para a aquisicao do direito. Alias, 0 efetivo exercicio durante o prazo de trés anos é pressuposto para a avaliacao especial de desempenho, ou seja, a avaliacao do servidor deve ser feita com base num periodo de trés anos de desempenho da funcgdo. Assim, eventuais afastamentos do servico devem ensejar a prorrogacao da avaliacao especial pelo mesmo lapso de tempo, de modo a permitir que ela seja realizada somente quando 0 servidor completar 0 periodo de efetivo exercicio exigido na Constituicao. Hely Lopes Meirelles também aponta como condicéo para a estabilidade a aprovacéo do servidor em estagio probatério, que é 0 periodo de exercicio do servidor durante o qual ele é observado pela Administracéo para verificar a conveniéncia ou nao de sua permanéncia no servico publico, mediante a verificacdo dos requisitos estabelecidos em lei (assiduidade, disciplina, produtividade, responsabilidade, etc.). Na verdade, a necessidade de avaliacdo especial de desempenho como condicéo para se adquirir estabilidade foi inserida na Constituicdo exatamente para conferir maior efetividade as avaliagdes realizadas durante 0 estagio probatério. A respeito da perda do cargo do servidor ja estavel, o art. 41, §10 da Constituigdo estabelece as seguintes hipéteses: § 1° O servidor Bublico estdvel 86 perdera 0 cargo: 1 - em virtude de sentenca judicial transitada em julgado; II - mediante processo administrativo em que Ihe seja assegurada ampla defesa; III - mediante procedimento de avaliagao periédica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampia defesa. A primeira hipotese refere-se ao transito em julgado de sentenca judicial, que pode ser sentenca penal ou sentenca decorrente da pratica de ato de improbidade administrativa. A segunda hipdtese esta relacionada & pratica de infracgéo funcional grave, que pode motivar a instauracdo de procedimento administrativo com aplicag3o da pena de demissdo, assegurado, é claro, 0 direito a ampla defesa. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 74de 161 Direito Administrativo para AFRFB 2015 Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 J4 a terceira situagdo em que o servidor estavel poderd perder o cargo decorre de insuficiéncia de desempenho, verificada mediante avaliagéo periédica. Nao se trata de norma autoaplicdvel, eis que a Constitui¢do determina que a avaliaco periédica deve ser feita na forma de lei complementar, a qual, diga-se de passagem, ainda nao foi editada. Além das hipéteses previstas no art. 41, §1°, o art. 169, §4° da CF acrescenta que o servidor estavel podera perder 0 cargo quando o excesso de gastos com pessoal impedir 0 cumprimento dos limites prudenciais da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Com efeito, nos termos do art. 169, se os limites previstos na LRF n&o forem observados, devem ser adotadas, sucessivamente, as seguintes providéncias: 1. Redugdo em pelo menos 20% das despesas com cargos em comisséo e fungdes de confianca; 2. Exonerac&o dos servidores no estdveis. 3. Exoneragdo dos servidores estaveis. Portanto, a exoneracéo dos servidores estdveis sé podera ser empreendida caso as duas medidas anteriores ndo forem suficientes para adequar os gastos com pessoal aos limites da LRF. Efeitos da estabi jade A estabilidade no cargo é uma garantia constitucional que protege o servidor de ser livremente exonerado ou demitido do cargo. Como visto, 0 servidor estdvel sé poderé perder o cargo nas hipdteses expressamente previstas na Constituicgéo que, basicamente, se referem a condenacdo, apds o devido processo legal, pela pratica de crimes, atos de improbidade ou infragées funcionais graves ou, ainda, como ultima solucéo para adequar os gastos de pessoal aos limites da LRF. Todavia, isso nao significa que o servidor investido em cargo efetivo que ainda nao tenha alcancado a estabilidade possa ser livremente afastado, como se fosse um cargo em comissdo. Nao é isso. Mesmo que se trate de servidor no estavel, 0 ato de demissdo ou exoneraco do servidor deve ser necessariamente motivado, além de efetivado Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 75 de 161 Est ‘a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 Hoh! ott Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 mediante procedimento em que se assegure ampla defesa e contraditério”. Entao, quais os efeitos prdticos da estabilidade, uma vez que mesmo n&o sendo estavel o servidor néo podera ser demitido ou exonerado sem o devido processo legal? Em relacdo a possibilidade de perda do cargo, poucos efeitos praticos irdo distinguir 0 servidor estavel daquele que, ocupando cargo efetivo, ainda nao tenha adquirido a estabilidade”®. Vejamos. Primeiro, pode-se destacar que o servidor ndo estavel ainda tem que superar a avaliac&o especial de desempenho para confirmar a sua manutencao no cargo. A permanéncia do servidor estavel j4 néo depende dessa condic&o (CF, art. 41, §4°). Segundo, na hipstese de ser necessaria a aplicagéo das medidas para cumprimento da LRF, os servidores nao estaveis deverdo ser exonerados antes dos servidores estaveis (CF, art. 169, §§3° e 4°). Por fim, hd a situacdo prevista no art. 41, §3° da CF: § 3° Extinto 0 cargo ou declarada a sua desnecessidade, 0 servidor estavel ficaré em disponibilidade, com remuneracdo proporcional ao tempo de servico, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. Assim, caso ocorra a extingéo do cargo publico por lei, o servidor estavel ocupante do cargo extinto ficara em disponibilidade, recebendo remunerag&o proporcional ao tempo de servico, até seu adequado aproveitamento em outro cargo (a CF no fixa prazo para que haja o reaproveitamento); se no for estével, o servidor perderé o cargo e serd afastado do servico puiblico”. A Lei 8.112/1990 prevé outras situacées que igualmente diferenciam os servidores estaveis dos ndo estaveis, como a possibilidade de obterem determinadas licencas ou afastamentos. Esses aspectos sero examinados em aula especifica do curso. 7 Sdimula 21 do STF: “funciondrio em estagio probatério nao pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuracdo de sua capacidade”, 75 Lucas Furtado (2014. p.776), > Sdmula 22 do ST! ‘estigio probatério nao protege o funcionério contra a extingaio do cargo”. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 76 de 161 E Ss t ‘a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 aot ALS Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves - Aula 05 REGIME DE PREVIDENCIA DOS SERVIDORES PUBLICOS ESTATUTARIOS Carvalho Filho define aposentadoria como 0 direito garantido pela Constituic&o ao servidor ptiblico de perceber determinada remuneracao na inatividade, diante da ocorréncia de certos fatos juridicos previamente estabelecidos. A Constituicdo Federal prevé dois regimes previdenciarios, um geral e outro especial. O primeiro compreende o Regime Geral de Previdéncia Social (RGPS), disciplinado pelos art. 201 e 202 da CF, e alcanca todos os trabalhadores do setor privado, além dos agentes ptiblicos ocupantes, exclusivamente, de cargo em comisséo, fungéo tempordria e emprego piblico’* 34 0 art. 40 da CF cuida do regime de previdéncia social aplicdvel aos servidores titulares de cargos efetivos da administracao direta da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, incluidas suas autarquias e fundacées: Art. 40, Aos servidores titulares de cargos efetivos da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e d6s Municipios, incluidas suas autarquias e fundagées, é assegurado regime de previdéncia de carter contributivo e solidario, mediante contribuico do respectivo ente ptiblico, dos servidores ativos e inativos e'dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilibrio financeiro e atuarial e 0 disposto neste artigo Portanto, os servidores publicos estatudrios, titulares de cargos efetivos, se sujeitam ao regime de previdéncia previsto no art. 40 da CF, e no ao RGPS, o qual se aplica apenas subsidiariamente a esses servidores (quando da inexisténcia de norma especifica para regular determinada situagdo). E do regime previsto no art. 40 que iremos tratar neste topico. ‘0 regime de previdéncia dos servidores ptiblicos também é chamado de reaime préprio ou regime especial, uma vez que somente alcanca uma categoria profissional: os servidores publicos ocupantes de cargos efetivos. Com efeito, nenhum ente federativo pode estender o regime préprio de previdéncia previsto no art. 40 da CF a servidores ndo titulares de cargos efetivos. 7S CF, art, 40, §13: “Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissdo declarado em lei de do bem como de outro cargo tempordrio ou de emprego puiblico, aplica-se 0 reaime aeral de previdéncia social’. Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 77 de 161 Est a égia Direito Administrativo para AFRFB 2015 eo tl ALY Teoria e exercicios comentados Prof. Erick Alves ~ Aula 05 O regime de previdéncia dos servidores publicos possui cardater contributivo e solidario, ou seja, para fazer jus 4 aposentadoria, sera computado 0 tempo de efetiva contribuic&éo do beneficidrio, e nao apenas 0 seu tempo de servico. As contribuigdes para o regime séo pagas pelo ente publico7® (Unido, Estados, DF e Municipios), pelos servidores ativos, pelos servidores inativos e pelos pensionistas. As contribuicées devem observar critérios que preservem 0 equilibrio financeiro e atuarial do sistema. O percentual utilizado no calculo das contribuigdes dos servidores ativos, inativos e pensionistas sera 0 mesmo (atualmente 11%). Porém, no caso dos inativos e pensionistas, esse percentual incidiré apenas sobre as parcelas dos proventos e pensdes que superem o limite maximo estabelecido para os beneficios do RGPS (CF, art. 41, §18). Caso 0 inativo ou pensionista seja portador de doenga incapacitante, a contribuicao incidiré apenas sobre as parcelas que superem 0 dobro do teto do RGPS (CF, art. 41, §21). Ressalte-se, contudo, que o regime préprio de previdéncia nao é um regime de capitalizacao individual coletiva, no qual as contribuicdes sdo depositadas em uma conta individual do beneficidrio e seus valores sdo capitalizados para o fim exclusivo de pagamento de aposentadoria ou pensdo a que fara jus esse beneficidrio especifico. Ao contrdrio, 0 regime adotado é o de reparticéo simples, em que todos os valores que ingressam no caixa da previdéncia sao utilizados para pagar as obrigacées correntes do sistema. No regime préprio sao previstas trés diferentes modalidades de aposentadoria (CF, art. 40, §1°): * »Por invalidez permanente + Compulséria, aos 70 anos de idade = Voluntaria Na aposentadoria por invalidez permanente, os proventos seréio proporcionais ao tempo de contribuicéo, exceto se decorrente de acidente em servico, moléstia profissional ou doenca arave, contaaiosa ou incurével, hipéteses em que a lei definira a forma de calculo dos proventos. Na esfera federal, a Lei 8.112/1990 (art. 186, §1°) define que 76Na esfera federal, a contribuigao da Unido, de suas autarquias e fundacdes para o custeio do regime préprio de previdéncia seré o dobro da contribuigao do servidor ativo (Lei 10,887/2004) Prof. Erick Alves www.estrategiaconcursos.com.br 78 de 161

Você também pode gostar