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‘A. M. Hespanha, Categorias. Uma reflexéo sobre a pratica de classificar. (© tema deste artigo sdo “categorias” Podia chamar-thes “imagens”, “representacdes” ou “conceitos”. Escolho a primeira palavra propositadamente. Categoria remete, na reflexdo sobre o conhecimento, para a ideia de modelos de organizacio das percepcoes, da “realidade”, se quisermos. Ou seja, conota uma capacidade activa, estruturante, criadora (poiética) na modelacao do conhecimento. E este é um sinal metodolégico que queria deixar desde ja, 0 de que pressuponho que estas entidades a que me referirei tém essa capacidade de criar conhecimento (se nao - adianto ja toda a provocacao de criar realidade). Nisso “categoria” leva vantagem sobre as restantes palavras, nomeadamente sobre “imagem”, ou “representacao”. Tradicionalmente, “imagem” ou “representacao” eram palavras que denotavam alguma passividade. A imagem era a cépia, ou representacao, de uma coisa. Representar, em termos juridicos, era “estar em vez de”. J4 em termos teatrais - e politicos, no Antigo Regime - era um tanto mais do que isso: era antes, apresentar algo escondido, mesmo inevitavelmente escondido; com 0 que “representar” podia constituir a primeira visdo de uma coisa, uma “apresentacao”, como quando apresentamos - tornamos conhecidas pela primeira vez = pessoas. Do mesmo modo, 0 reino, como corpo mistico, via-se pela primeira vez (apresentava- se) nas Cortes '. Com isto, J4 havia alguma novidade e criacao. Hoje em dia, 0s historiadores - mesmo aqueles que no se confessam de bom grado como construtivistas - fazem dos termos “imagens”, “imagindrio” e “representacao” um uso que thes realca, além do aspecto arbitrario, © seu aspecto poiético. Ou seja, por um lado, sublinham que a imagem nao mantém nenhum vinculo forcoso com a “realidade”, antes sendo criacdes auténomas dos sujeitos (colectivos, prefere-se hoje pensar). Por outro lado, realcam que, uma vez instalados, estes imaginarios modelam as percepcdes, as avaliacdes, os comportamentos. Com esta revisao, 0 termos convém- me €, por {850 0 Usarel por vezes, para evitar a monotonia do discurso. Em todo 0 caso, “categoria” tem uma vantagem suplementar - a de realcar o cardcter orgdnico, arrumado, destes quadros mentais. 0 facto de eles constituirem conjuntos tendencialmente coerentes entre si, com légicas internas de organizacdo e de desenvolvimento. Para além de que, apesar de tudo, me parece mais forte a evocacao da sua natureza activamente organizadora. Esta remissdo para a légica de organizacao existe também na palavra “conceito”. Na sua etimologia est 0 verbo latino capere, que significa agarrar, tomar; tal como, no correspondente alemao (Begriff), est o verbo greifen, com a mesma conotacao activa, a0 passo que ao sinénimo Auffassung subjaz 0 verbo fassen, agarrar, apanhar, tomar. 0 que me afasta da palavra é o facto de estar muito embebida por concepcées racionalistas; por insinuar um esforco mental consciente e reflectido, tipico dos pensadores e dos filésofos, gente de que nao me vou ocupar muito, enquanto tais, ou seja, enquanto produtores conscientes e individualizados de ideias. Temo que, se optasse por falar de “‘conceitos” se confundisse 0 meu trabalho com uma empresa de “histéria das ideias”, concebida como histéria de ilusres pensadores e dos seus intencionais pensamentos. E nao é disso que vou tratar. Qualquer grande pensador que aqui apareca aparece sem galées, reduzido a um soldado raso (eventualmente mais eloquente) de um grande exército anénimo. E certo que a ideia de uma “histéria dos conceitos” ® fot relancada por Reinhardt Koselleck intencdes muito semethantes as que exprimi*. Em todo 0 caso 0 peso da palavra 1 Hasso Hofmann: Reprasentaion—Studien zur Nort und Begrifegeschichte von der Antke bis ims 19. Jahrhundert Lsbltatonsscrt. Scbftn zr Verfsnimesgeschsht, Band 22. Berlin, 1974 Pasko Capel, “Rapresntanca in Generale = Dnto Intermeio,n Encilopedia de! Dirito, Milan, Gifs, vo. XXXVI, 1987, 2 tans Erich Bideke (ed), Begrifgeschite - Dishursgeschichte — Metapherngeschicht, com comtibuts de Reinhart Kosllesk, Ubich Ricken, Hane Erish Bicker, Jacques Guiaumon, Mark Bevit, Rodiger Zill und Lutz Danncbore Gitingen: alsin Vering 2001 (pl, do Mas-Plansk. Inst fir Geschichte) 18.0 rch fir Begrfgeschiht, ed por Gunter Scholtz, olaoragio com Ham-Ceorg Gadamere Kari Grinder (desde 1985), tinha 4 intengie de constitu rn pono de partidapara un Aicioneio dos concstos lesion 3 Cf, Reinhardt Kosllek, Le itr passé. Conmbution & la semamiqne des temps historique, Pris, Edtons de "Ecole des Hautes Eades en Slonse Sociales, 190; Rowellec, Reinhare Pracce of ConcepalHiaory Tong Hhory, Spacing Concept Stnfn Universty Pov, 2002 (com profi de Haydon White). Fos da Alea, una propose smelant to ido anya po G. A. Pocock. Q. Skinner [lames Tully (ed), Meaning and Contest: Ouentin Skinner and His Cries, Princeton iniversity Press, 1989, 370 pp.) Sobre esta riquissima discussio remeto para o capitulo “Categorias” do meu futuro livro Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } “conceito” ainda é, nos discursos usuais, demasiado para que se utilize sem a preocupacao de se ser mal entendido, aproximando-nos & forca de uma histéria individualista, subjectivista, intencionalista das construcées intelectuais.. © projecto de uma histéria das categorias tem que combater em duas frentes. Por um lado, tem que combater, na frente da “histéria social”, aqueles que acham decerto vacinados pela historia tradicional das ideias - que, como a histéria se faz de actos humanos e nao de palavras é la, nesse plano dos actos e comportamentos, que a historiografia tem que assentar arraiats. Claro que esses homens que agem também pensam e também falam. Mas esse pensar e esse falar limitar-se-iam a pensar em coisas e a falar de coisas. Por outras palavras, Os homens construiriam 0 o pensamento a partir da “realidade”, avaliariam a realidade em funcéo de “interesses” , em funcdo da realidade e da sua avaliacdo, assumiriam “comportamentos”, uns dos quais eram discursos, com os quais traduziriam em “palavras” 0 modo como viam e avaliavam a realidade e a forma como reagiriam; os quais, de novo, seriam apreendidos por outros como “realidades”, avaliados segundo outros “interesses” e respondidos com outros “comportamentos”. “Interesses”, “realidades”, “comportamentos” seriam, termos sociais, coisas. 0 resto, incluindo as “palavras”, seriam, nos mesmos termos, ndo coisas. Como a histéria social se devia ocupar de coisas, as ideias eas palavras nao faziam parte dela, por justamente hes faltar “espessura social”. Hoje Ja poucos poem as coisas assim. Quase todos percebem que ha mediacdes, refraccées, criacdo: (i) na passagem da “realidade” & sua “representacdo” intelectual; (ii) na ‘identificacao dos nossos interesses; (iii) na avaliacéo da realidade em face deles; (iv) na formulacao de programas de accao-resposta (reaccao). Mas algumas manhas persistem. Por exemplo, a de, quando se fala na autonomia criatividade dos discursos e das sua figuras, se responder com 0 facto de que estes nao falam por si, mas que s0 apropriados socialmente. E que, sendo-o, perdem uma légica prépria e se dobram & légica dos “interesses” dos grupos apropriadores. E, com isto, voltamos & vaca fria. Pois os tais “interesses” voltaram a ser coisas perante as quais as palavras recebidas ‘apropriadas”, tornadas “coisa propria” pelas imperiais cofsas) voltaram a perder qualquer autonomia). Que existe uma sobre-determinacao de sentido local sobre 0 sentido geral, que falamos, ouvimos, sentimos, avaliamos “em situacdo” e que isso redefine os sentidos gerais, parece evidente. Mas que essa redefinicao decorra de “interesses em bruto”, no “estado de natureza”, ndo mediados por representacdes particulares, é uma coisa totalmente diferente. Outra via de recuperar a soberania das cofsas ¢ a de, falando-se em discursos, se responder com as prdticas. As praticas serao, naturalmente, cofsas. Puras e duras. Gestos, gestos cruzados, contra-gestos, contagens, frequéncias, viagens, tiros, cépulas, cultivos, Coisas meramente exteriores, sem qualquer interioridade. Uma vénia j4 € duvidoso que 0 seja; uma palavra, quase nunca; uma ideia, isso jamats. Se houver um quaiquer interior na pratica, ela ja deixa de ser pratica e passa a representacao. De modo que a tal dialéctica entre praticas representacdes, entre praticas e discursos, é uma quadratura do circulo. E, na verdade, uma maneira de simular alguma abertura as representacdes, por quem, na verdade, cré que elas cantam ociosamente, enquanto as praticas, afanosamente, constroem a histéria. Bondosamente, sugere-se agora que a formiga para as vezes um bocadinho para ouvir a cigarra. Mas segue, imperturbada, a sua lida. Num texto de sintese 4, Koselleck sistematiza algumas das razdes da autonomia da historia dos discursos. A primeira delas parece banal; mas contém mats de razio que aquilo que aparenta. Trata-se do uso de conceitos técnicos ou enfaticamente carregados de sentido. Uns e outros tém uma evidente espessura, que os faz dizer para além do que aquilo que os locutores querem. Desiguais, Lisboa, ICS, (em preparago)], Giuseppe Duso . La lgica del potre. Storia concetuale cone flosofa politica, Lateran, Bbliotece i callra modems, 1999, M. Barbers Liberta, Bologn, I Malin, 2002, Inodio, 4 CE Reinhard Kosllek, Le fur pase... Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } No primeiro caso - de que os exemplos tipicos so as linguagens formalizadas, como, por exemplo, as linguagens de programacéo dos dias de hoje -,estamos perante aquilo a que Umberto Eco chamou os “limites da interpretacao” 5: 0 conceito, na sua fixidez técnica ou formalist, resiste & “apropriacdo”. E, por isso, a “histéria social” nao tem grande volta a dar- the. Dir-se-a que, na longa duracao, isto raramente ou nunca acontece, pois nao ha formatismo que resista ao tempo. E verdade, mas, no curto e médio termo é claro que ha discursos e Categorias nao disponivet: Existe, no entanto, uma segunda espécie de indisponibilidade: a dos conceitos tao carregados de sentido, que este sentido (positivo ou negativo) sobre-investe 0 sentido. dos utilizadores. As categorias dizem mais do que se quer, tém sentidos preter-intencionais. € por ‘sso que nem um honesto ateu esta a vontade com a palavra Deus; ou que um rebento das boas velhas familias portuguesas nunca usa, deliberadamente, a rabiosa palavra “vermelho”, mas apenas “encarnado”. Num plano menos'fUtil, Kosellek descreve o impacto objectivo de palavras polémicas na histéria politica europela, como “revolucdo”, “feudal”, “cidadao”. Mesmo ciclada, melosamente insinuada, “revolucdo” & sempre Revolucdo (ibid., 103). Dai que estas palavras fecundas nao sejam_domesticamente apropriaveis, seno Limitadamente, pelos grupos sociais. Realmente, elas esto antes deles; fazem eventualmente os ‘grupos sociais °. E com isto entramos num segundo aspecto da autonomia da histéria dos discursos. Os discursos como palcos de lutas sociafs. As categorias como pracas fortes que se conquistam ou se perdem, na luta social. Realmente, muitos nomes nao so apenas nomes. “Intelectual”, “burgués”, “proletario”, “homem”, “demente”, “ristico”, so, além de sons e letras, estatutos sociais pelos quais se luta, para entrar neles ou para sair deles. Numa sociedade de classificacées ratificadas pelo direito, como a sociedade de Antigo Regime, estes estatutos eram coisas muito expressamente tangiveis, comportando direitos e deveres especificos, taxativamente identificados pelo direito. Dai que, ter um ou outro destes nomes era dispor de um ou outro estatuto. Dai que, por outro lado, classificar alguém era marcar a sua posicdo Juridica e politica. A mobilidade de estatuto que entao existia nao era tanto uma mobilidade social, nos termos em que hoje a entendemos (enriquecer, estudar, methorar o circulo das suas relacdes, mudar de bairro); era antes € sobretudo uma mobilidade onoméstica ou taxinémica - conseguir mudar de nome, conseguir mudar de designacao, de categoria (discursiva), de estado (nobre, fidalgo, jurista, peao, tavrador). Claro que a mudanca de vida podia’ ser importancia; mas quem decidia dessa importancia era a prépria entidade conceptual que designava o estado pretendido. Ou seja, era © conceito de nobreza (a definicdo da categoria da nobreza) que decidia que mudancas de vida eram necessérias para se ser admitido. Pierre Bourdieu generalizou esta perspectiva a todos os mecanismos de distincao social, construindo uma teoria geral sobre 0 modo de organizar estratégias de luta por simbolos, por marcas de distingo 7. E também explicou que, ja quando se fala, se esto a fazer coisas muito mais complicadas do que designar objectos existentes ai, em estado bruto, fora do discurso. Na verdade, nao apenas se esto a construir, de novo, objectos; como se esta a construir poder, por vezes um poder imenso, com essas coisinhas aparentemente volétels e frageis que so as palavras §, 5 vimberto Boo, 1 int delinterpretacione, Milano 1990; trad. ing, The limits of interpretation, Bloenington, Ind Indiana University Pres, 1990, © esr (Simona), * La consrution des eatigris sociales *, in Bouter (Jean, Ilia (Dominique) (di), Parser recomposés. Champs et chanter de histoire, Pats, Automat, 195, p. 224-234 7p. Bourou, La distinction, Pars: Editions de Minit, 1979 8p Bourdieu, Ce que parter veut dre: éeonomle des dchanges linguistiques, Pais, 1982. Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } Por isso é que podemos encarar a categorizacao social como uma forma de institucionalizaco de lacos politicos; e as tentativas de re-categorizacdo como uma espécie de revolucao. Simona Cerruti estudou este impacto politico das categorias na sociedade torinense dos fins do Antigo Regime e 0 modo como a reforma social e politica passava sobretudo pelo refazer do Ambito e hierarquia dessas categorias. Em Portugal, Nuno Monteiro e Fernanda Olival, entre outros, tém, por sua vez, estudado as lutas pelo poder de classificar; os seus trabalhos ” mostram a persisténcia da politica da coroa para se arrogar o direito de classificar pessoas como nobres (nobilitar) ou como cavaleiros das ordens militares, enguanto a nobreza mais antiga e os juristas = cada grupo pelas suas razdes - se manifestavam frequentemente no sentido de que essa classificacao era feita pela “natureza”, pelo valor, pelos usos e fama estabelecidos, niveis de leitura em que eles eram os peritos com o poder de classificar 1, Num estudo de ha uns anos mostrei como o uso pelos juristas medievais de categorias de classificaco dos oficiais piblicos provindas do Império bizantino e jé sem qualquer correspondéncia com a realidade politico-administrativa tinha efeitos politicos concretos, inculcando a ideia de centralizacao politica e de hierarquia dos funciondrios entre si!!. Neste aso, 0 conjunto das categorias nem sequer & aplicado a pessoas. Apenas funciona como um modelo de organizacao politica com o qual a situacdo administrativa instalada é continuamente confrontada, sendo por ele avaliada e paulatinamente conformada. © préprio facto de estas categorias serem objecto de um confronto social - j.e., de os seus contornos e contetidos serem objecto de despique - fé-las, evidentemente, mover, Mas apenas nos termos de uma gramatica que ¢ a delas. Ou seja, é 0 préprio sistema das categorias que selecciona as regras da luta. Nem todos os argumentos serviam, nem todas as autoridades eram sempre invocdveis, nem todos os limites eram sempre ultrapassaveis !2 ‘Mas nem apenas no plano da categorizacdo tém os conceitos um impacto nas lutas sociais. Todo 0 conflito é, de algum modo, raisonné. Ou seja, debate-se mais do que se combate. Esgrimem-se argumentos, tentando desvalorizar os argumentos do adversério e reforcar 0 Cconsenso social sobre os nossos. Argumentos, hé-os para todos 0s gostos e para todas as causas. As Escrituras Sagradas e a tradicao textual’ do direito (nomeadamente, © Corpus juris civilis) foram fontes inesgotaveis € muito variadas de tépicos politicos. Mas também os argumentos so relativamente indisponivels. Quanto a argumentacao e a retérica constituiam a base dos estudos propedéuticos da universidade, todas as pessoas cultas, que participavam nos grandes debates, estavam conscientes das regras de uso de cada argumento. Para isso existiam os tratados De argumentibus et locis communibus (Dos argumentos e lugares comuns). Hoje, nao dispomos deste ensino formal. Mas cada argumento, para além de ter as suas regras proprias, chama por outros ou repele outros. Realmente, o campo dos argumentos est organizado por regras de implicacao, de simpatia, de antipatia ou de exclusao. De tal modo que 0 uso de um tépico conveniente pode implicar a aceitacao de outros muito inconvenientes. Por exemplo, € como veremos mais tarde. Era conveniente, para a justificacdo da escravatura, aceitar 0 topico aristotélico de que havia homens que, por natureza, estavam destinados a servir. Mas a aceitacao deste topica implicava reconhecer que 0 género humano nao era uno e que, portanto, a Salvacao nao podia ser universal 19, ? Nomeadsments, Nuno G, Monteiro, O erepiseno dos Grandes, Lisboa, ICS, 2000; Frenands Oliva, As ordens militares 6 0 Bstado modermo. Hora, meré vnaldade em Portal (1641-1789) Lisbo, Estar, 2002, 1A, M Hespanba,“*\ nobreza nos ratados jurdios dos sm, NVLa NVI, Penélope, 120999), 27-42 11 A Mt, Hespanha, *Repesenaton dogmatiqe et projets de pouvoir, Les sls concepts des arses du sas comnaine dans Je domaine de administration”, om EV, Heyen (ed), Wissnschoft und Recht der Verwaliung set dem Ancien Régi Frankfin/Main, Vit. Klosterman, 1984, 1-28 2ef Kosaleck, itp. 103 1 sobre ese tema da ogéacia das regas de argumentaydo,o methor& anda, Ch. Perlman & 1. Olbechs-Tytec, Traité de Vargumentation. La novell rhetorque, Pars, PUF 1958; Luigh Lombardi [Vall]. Saggio sul dno guriprudencile, Milano, Gitte 1995, ineconte ‘ ‘mito ‘i Mitel Meyer, Manuel Maria Caio e Benoit Timmermans, Histria da Retérica, Linhos, Temas ¢ Debates, 2002, Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } Ou seja, nem tudo se pode invocar. E, mais do que isso, invocar certas razies pode ter consequéncias indesejadas e indesejaveis. De onde, as intencdes politicas de quem fala - as “raz6es dos politicos”, colhidas na histéria politica conjuntural - podem nao ser a unica instdncia decisiva do que é dito. A légiva interna do préprio discurso em que elas se exprimem fornece, seguramente, outra leitura. Os seus argumentos existem previamente nas memérias tépicas - no senso comum - de uma cultura local (por exemplo, a cultura politica, ou a cultura parlamentar); os argumentos tm competéncias demonstrativas limitadas e organizam-se entre si segundo relacées objectivas. E este facto da relativa indisponibilidade do discurso "4 que autoriza uma historia auténoma das categorias e dos discursos. Koselleck exprime esta ideia com nitidez: “cada conceito abre certos horizontes, tal como fecha outros, define experiéncias possiveis e teorias pensavefs ... A linguagem conceptual € um médio dotado da sua propria coes’o que permite exprimir tanto a capacidade de experiéncia (Erfahrungsféhigkeit) como a dimensio teérica (Theoriehaltigkeit)” '5, Koselleck vai bem fundo na justificacao do caracter criativo do discurso. Na verdade, ele sublinha 0 modo como o discurso conforma a prépria vida: ao pré-determinar a sua apreensdo (experiéncia). Poder-se-ia acrescentar: ao avaliar essa experiéncia, ao identificar 6s interesses, ao escolher os comportamentos. Em suma, antes dos momentos pragmaticos, existem sempre momentos dogmaticos. Daf que, muito coerentemente, Koselleck inclua a histéria das categorias no ambito da histéria estrutural. As categorias constituem, de facto, modelos muito permanentes de atribuir sentido aos comportamentos individuais e individualizados (“cada um dos significados ligados a uma palavra uttrapassa a unicidade prépria dos acontecimentos histéricos”, ibid., 115). Tal como as estruturas (virtuais) da lingua (langue) atribuem sentido a lingua falada (langage) e aos actos de fala (linguistic utterances). E neste sentido que as categorias conceituais escapam a uma histéria cronolégica dos seus sucessivos usos, reclamando antes uma histéria da gramatica abstracta que da sentido aos seus usos verificados e a verificar; a historia de um conceito nao é, por isso, uma mera cronologia (uma narrativa empirista de usos), comportando, também, aspectos sistémicos !°, De onde vem as categoria esta autonomia frente a histéria ? Se nao vem das intencdes dos locutores ou dos interesses dos grupos, de onde vem este seu poder de organizar as vidas ? Ha mais de trinta anos, Michel Foucault escreveu um livro muito importante sobre as categorias da cultura classica europeia !7, descrevendo aquilo que, a um nivel muito profundo, 0 das suas categorias mais fundamentais, separara essa cultura, quer da anterior, quer da de hoje. Para descrever essas grandes formas culturais, essas molduras mais gerais do conhecimento, Foucault cunhou um conceito, 0 de episteme. Num momento em que as explicacdes sociologistas, da histéria cultural tinham um impacto muito forte na cultua universitaria francesa, Foucault fot severamente criticado pelo facto de nao providenciar uma explicacao soctolégica para a génesa destes modelos intelectuais. Dois anos depois, um novo livro aparece expressa e exclusivamente dedicado a explicitar a sua metodologia subjacente. O seu titulo - L’archéologie du savoir, 1969 - remete ja para a ‘ideia de que o saber term uma “origem”. Sé que Foucault recusa enfaticamente uma concepcao 14 pode ir-se ais longe nest “dscentamento do suit locator” Do discuso pode pasar-sc& matsaidade do suport da ‘somisasdo: @ orfidde, a essntt: 9, mesmo, a meriaidade do layout tipogrific, como tem sido sugerido pela material Tliegrapie pos ext de intra do fs, 15 Kose, Le ftur pass. cit. 10. 16 Una ver “indo”, conecito contém, pelo sini Facto de constr “lng” a possibildade de ser empregve de forma gencralisante, de consiir um elemento de tipologin ot de abrir perspestivs de somparasie «Ox conceit nom informa somente do carictr unico dos sigifcadospastados, mas contin possbidades estrus, apvecram extras coatmporas et ‘conju com outras ue o hos, de na Torma que ie nto €possivel redkzir ao simplcs desenrolar dos acontevimentom na bistria id, 113), 7 bes mots et ex choses, Pats, 1966 Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } “humanista” desta origem, quer ele estivesse num sujeito individual (psicologismo, racionalismo clissico), quer num sujeito colectivo (sociologismo, nomeadamente o materialismo histérica da vulgata estabelecida) '8. Essa origem encontra-a Foucault em dispositivos materiais da producao cultural - desde as tradicées textuais aos circuitos de comunicacdo, desde as bibliotecas aos “campos de objectos” disponiveis, desde as linguagens técnicas aos arquivos da meméria cultural invocados, desde as formas de divisao social e de institucionalizacao do trabalho intelectual as suas relacdes com as estruturas socias mais globais. E nesses dispositives e nas. praticas discursivas que eles suscitam que as formacées discursivas, ou seja, as particulares configuracoes dos discursos num determinado periodo, tém a sua origem. Glosado e adaptado de muitas formas, por vezes desenvolvido e extendido no seu ambito de aplicacao, este texto continua, a meu ver, a ter uma enorme operacionalidade na resposta a questo acima formulada. Os discursos nao vém do nada, nem vém de um Todo que seja a Razao Universal. Mas também no so, to pouco, a expresséo, décil e disponivel, de intencdes dos sujeitos. Vém de praticas de discurso, em que, seguramente, ha sujeitos que falam e que escutam; mas em que uns ¢ outros falam e escutam em lugares e com meios sobre os quais ndo dispoem’ de um poder de conformacdo. Estas praticas fazem parte da histéria, mas de uma histéria em que, no centro, nao esta o Sujeito, com o seu poder de atribuicao de sentido. Mas antes dispositivos objectivos que, objectivamente, constituem os sentidos possivels. Dispositivos, Uns intelectuais, outros materiais, outros socfais. Entre os primetros esto as nossas categorias. Sem querer dar ao tema um desenvolvimento que, aqui, seria desproporcionado, remeto, com estas linhas, para uma obra canénica que estabelece a base tedrica e metodolégica de que aqui parto, e que explicitei melhor - com especial aplicagao aos discursos dos juristas - em outros lugares, Na obra de M. Foucault, esta ideia de “descentramentio do sujeito”, de substituicio do sujeito como instituidor do sentido dos discursos por estruturas objectives de producao discursiva nao abria explicitamente para aquilo que se veio a chamar “bibliografia material”. Ou seja, para a fdeia de que na génese dos sentidos do discurso podem estar elementos puramente materiais dos suportes da comunicacdo. Embora esta idela - que seguramente agradaria a Foucault - jé tivesse sido suficientemente explicitada por Walter Ong, no final dos anos ’50, a propésito da histéria da légica ocidental ®”, Para ele, a evolucéo de um pensamento argumentativo, dominante até ao séc. XVI, para um pensamento sistematico, cujo emblema vem a ser a nova \sgica de Pierre de la Ramée (Petrus Ramus), relaciona-se estreitamente com a difusdo massiva da imprensa e com uma nova organizacdo da folha escrita?!, Alguns anos depois, Marshall McLuhan voltou ao tema da influencia da estrutura material dos media na criac3o de sentido, alargando 0 Ambit da discusséo aos novos “textos” da galaxia audio-visual (por oposicio & galéxia do impresso 2. Do lado da antropologia, o tema é completado por Jack Goody, numa obra classica sobre 0 modo como a oralidade e a escrita condicionam o pensamento, mesmo nas suas operagdes mais basicas (listar, analisar, sistematizar, contextualizar)?. Até que surge Que nao incl toda a socilogi cultural marssta, nomeadamente a gramsciana eps-gramsciana 19 CEA. M. Hespanta, “Un historia de texts", om F. Toms y Valiente t al, Sev harrooo y otras transgresionss promodernas, Madi, Aliant, 1990, 187-196, “Tradizione lsteraia dst dito © ambiente mile”, em Angola de Benedict ¢ Ivo Mattezi (eds), Gauucia,potere e corpo sociale nella prima eta moderna. Argoment reli iteratra giridico-poliiea, CLUEB, ‘ologna, 1994, 23-86. também hstoria do direto na hatte socal Lisboa, Horizonte, 198, 20° Walter Ong. Ramus, Method and the Decay of Dialogue: From the Art of Discowse 10 the Art of Reason, Cambridge: Harvard University Press 1988 21 4 foina cord” substituindo 0 fio slosado, cm que 0 texto canénico aparece rodeado dos. comentarios (individuaizados) de sucesivos autores. A segunda, mutrializando gafcamente a situagio discursive de ditogo, de posits ‘issonsntes © no intgradss, ert menos commpativel som ate tpogriien do qa primeira Nias esa, promovia a reds da plraidads de opinides a wma exposigiossematica C, do mesmo ater, The Pretence ifthe Word: Some Prolegomena for Calera land Religious History, New Haven, Yale University Pros, 1967, Rhetoric, Romance and Culture, Whaea, Cornell University Press, 1971; Ora ad teracy: The Technologtcng ofthe Word Whaca, Corel University Pres, 1982 2 Marshall McLuhan, The Gutenberg Galaxy: The Mating of Typographic Man, Tort, University of Toronto Press 1962; Understanding Media: The Extensions of Man, Now York, McGraw-Hill, 1964 23 jxck Goody, 1977, The domestication ofthe savage mind. Cambridge, Cambridge Univesity Pres [suo tl, na versio francesa, & mito Tai" La raison graphique; Sack Goods, (ed), Literacy i Trabional Societies, Cambridge, Cambridge University Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } ‘também num seu lugar natural - a histéria do livro - com a redefinicdo do préprio conceito de “bibliografia”, levada a cabo por de Donald F. McKenzie. De modo a incorporar no estudo dos textos, todos os elementos que contribuem para thes dar sentido, comecando pela sua apresentacao grafica, da responsabilidade dos editores e, antes deles, da prépria organizacao da producaio material do livro 425, Perspectivas deste tipo tém dois tipos de consequéncias. Por um lado, afastam a ideia de sujeito e de intencionalidade do sentido ainda mais do centro da interpretacao e da constituico das categorias. Por outro, convidam a um estudo das origens do sentido - a uma “arqueologia dos saberes” - muito atenta aos detalhes mais materiais da comunicacao: no caso dos impressos: a estrutura do trabalho editorial e as suas consequéncias no livro 26, a organizac3o da pagina, os tipos?7, 0 uso das maiisculas 8, a divisao do texto impresso™, a “ilustracdo” do texto, 0 nlimero de paginas *°, 0 formato do livro, a organizacao das bibliotecas as suas politicas de aquisicoes 1a propria forma escrita e 0s significados que ela pode revestir para os seus utilizadores *2, & obra de Mckenzie, um erudito estudioso da edicio (além de, no comeco da sua vida profissional, ele mesmo um tipdgrafo), esta repleta de exemplos de todo o peso que estes elementos materiais tém na producao de sentido. ‘Mas - abordando agora a questdo de outro ponto de vista - fara sentido a teoria da accao implicita nesta estratégia de explicacdo histérica ? Na qual modelos ou horizontes mentats tendem a pre-formar, tanto o diagnéstico das situacdes, como as estratégias de comportamento 2 Em que 0 macro é a condicao da interpretacio do micro ? 33 Sirva-me de contra-exemplo, para clarificar 0 meu ponto, uma obra recente sobre histéria da cultura, inserida em prestigiadas correntes actuals e escrita com uma grande nitidez de contornos tedricos “'. E 0 que la encontrei, na proposta inicial e na concretizacao, é, ponto por ponto, um ataque em forma a esta maneira de ver as coisas. [Ai, todo 0 sentido reside no contexto. € a situacio, 0 caso, que, na suas caracteristicas irrepetiveis e irredutivelmente complexas, constrdi os sujeitos da accao (ou seja, os poe em ac¢o). Ou melhor, os pde em acces, ja que a complexidade das situacdes e dos sentidos que os 24 Pundamentsis: DF. MeKenzie, Bibliography and the sociology of texts, London, Betis Library, 1986; bem como 08 seas enstiosresolidos om Afakng meaning, ‘Printrs of the mind and other exsay 8, Por Pater, MsDomald & Michel F. Suarc, Sch, Ambers-Boston, University of Massichusets Press, 2002, Sobre 9 novo conceta de bilbingrafia (material ov anal), cf a pri obra p95 25 Notese que D. F. MeKenzc se refere a um concelto muito alazado de texto, qu engloba a esrita, «imagem parade cu 26 “Prints ofthe Mind: Some Notes on Bibliographical Theovies and Printing House Prastices", em Mating meaning it 1385, 27 ~tndeotng the Stick” in the First Quarto of King Lear (1608)" bid. 86-90; ou “Stretching a Point: Or. The Case of the Spacedsout Comps ibid, 31-10, 28 Cum texto mou amigo, "Forma valores nos Estat Pombalinos", Vrtice, 347 (1972) 927-941 2 McKenzie refere wim dio de Th, Hobbes sobre o impacto ve & atomizaso da Bilin em versiclos tra ido sa spropiago por vii sits criss ( Biblograpy i $6, 30 0 exemple aduzido por McKeaie €trado de James Joyce, adaptando 0 nimero de piginas 4 sugestio subliinar da Jimportinca do mero 13 3 “Our Testa Definition of the Future: The Nev English Imperial? *, em Making meaning. 276, 32 Novel, «sua anise do Tratado de Waitangi, celerado, em 1840, entre coroaBritnca © 46 chefes maori: “The sociology ofa text ra elle, ieracy, and print in carly New Zealand” em Biblicgraphy . cit. 7-130. Sobre ax transis de ‘porte comminicaivo, mas na Europa do se. NVI, v."Speech--Manissript Pri”, em Maing meaning 237-258 33 Cf, sabve a oposigio. entre “macroistoia” © “miro-histria”, por uliime, Jaegen Schumm (ed), Mikrogesehiche - Makrogeschicle: Komplementar oder nkommensurabel 7, com coaibutos de Maurizio Gribaudi, Giovanni Lev {argen Sehlumbofim nd Charles Tilly, Gitingen; Wallin Verlag 1998, 2 ef 2000 [publ Mase Planck-lnsitt fr Gesshishte] * Refie-ne a Diogo Ramada Cut, cultura poiiea em Parga (1578-1642). Comportamentos, rts © negacios, dis Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } contextos envolvem € miltipla € inesgotdvel "*. Uma visio destas tem varias consequéncias, historiograficas, diametralmente oposta as que adopto, mas que o autor explicita com legitimidade tedrica. A primeira é a de que todas as evocacées de quadros gerais de referéncia - ou horizontes de expectativas, ou quadros de avaliacio, ou padres de valoracao - sio deliberadamente suspensos (ou mesmo definitivamente excluidos) **. Cultura de elites, cultura popular, sistemas de crencas, modelos de religiosidade, de disciplina, de poder e de resisténcia, regularidades disciplinares ”’, quadros institucionais e, evidentemente, sistemas juridicos **, tudo isto sio formas de iludir 0 verdadeiro sentido dos actos humanos, justamente porque sdo modelos gerais pelos quais a ac¢ao concreta nunca se deixa moldar. {A segunda é pér a ténica na recepcao >, mais do que na producao, tema um tanto trivial nos dias de hoje; mas que aqui aparece com uma coloracdo um pouco diferente das formulacdes, classicas, tanto a0 substituir a nocao de “horizonte pessoal de leitura” pelo de “contexto pratico de utilizacéo” “’, como ao propor uma capacidade poiética ilimitada e arbitraria por parte dos leitores em situacao *". 35 «Ao oporem-se deliberadamente& grande obra de sintese, investi de um carver de substncia uitra, os Discursos na atureza disperse Fagmentada constituem-se em Fonte de inspiragto par as abordagsnsinteressadas em analsar 9 sigticado ‘plural dor actos» incuindo os actos de Hinguagem » considerados politicos [| Em elem, page dizerse que actos, NoBSsIO8, experince ou praticas no perio seprarse dos sigiicados,reprexeniagis ou disurss, que os agentes em rela prodzer en ‘Aferenes uae bes, ncessaramonte canaygntes" (Cato, Diogo Rect, cep. 2) “Uma op analitca desta natreza implica uma maior alenglo a comportameato dos atoes envlvides em eada um. os acontesimentos, em detrimento das insiigdes,dox sistemas normatvos, dar estrus on dos procesos, com os guaix os $85 sctos se relaconam. Asim, sem nunea perder de vita o horizote principal consttuido pelos aconteimentos, 2 insisténcia no ‘Somportamento doe actor visu, por um lado, andlise das diversas felaptes que ste cles se extabslecem e, por outa lado, 2 Imerpretagio subjectiva ds anor agers Simmel, Weber e Golfinan” (Digs, 1994, p 2) "Nese sentido, cultura politica, enquanto concito que di acesso a um problema geal, constu-se numa hiptese retompoctiva, espicie de grande quado que atic diferentes unidades de actos v de sittagies Em cada a dessas wads, se postive consti una mtodlidade diferente dt cltra politics” (Diogo, 1994, 3) Notese a fica que © Autor dirige 4 histvia cultural que tenta superar 0 formaismo ¢ imobilismo da hstéra insitacioal tradicional “Noms dissuas tilizagSex mai consoidadas discipinarmente, a= expliagSes que prsuram valorizar 3 Jimportinsa dos aspects culturais na alse dos sistemas politicos fazom parte do wha rescyio goal conta os estudos Tesi, consiucionaise iestiucionas [|] Primoito,exsto a posiiidade de so ear uma espécie de dealsmo, aavts do qual 28 ideas demfcadas com a cultura seriam a causa dos actos cosidcrados politicos. Tonca ete obsticulo implica dispor de uma concep20 largada de calla © prear parila tengo aos comexios © confignragier sata em gue as mexnas idan adguirem signiicado Segundo sco: o de Fadioalzar o¢ xpactossubjactivos da cultura. Nests So, pars evils os eageros srk neces tar Sempre presente 0 horome dos atone das ttapdes. Finalmente, um trcego sco reste, mais do que no caretr eletoo da noguo de ‘lira politic, na ciroulriade das expicagdes qe considera cura determinada pelos actos politicos e vie-vrsa, Ora, me & ‘sta indeterminajo sera necesiio aprovetar os ensinamentos a scioogia pots, le oscil enteo estado da base socal do poder fm todos os sestores inition, mais 00 menos artiulados, ea andlise dos grupos pollicosespecficos, qe Wm a seu cargo as ‘prtieas de conrolo, ncuindo as mais eufemizadas, da volenca(bureraca, sista judicial, ites, aps de itrese, tc) "(Cast Dingo R, cit, 4) Se bom entendo o primeiro pont, ti sido eficazmeneulrpassados por muta da melhor bisa da cultura dos die ds ho. O segundo ponte ceresponde @urnt versio amputada daqulo que se costa chamnar a morte do sje: digo amputda porque as limtages da subjetvidade no sio apenas as que dscorrem dos hoizones dos actos e ds stages; doerem tam de onsrangimenion gundicos& fiber de reecer, de clare de reap. Quanto a0 trciro pono, ele correxpondaria substi 3 histri da cura jurdico-insitucinal pela hisria social dos agentes © processos insitucionis. em particular dos grupos de que dscidem na base das normas instituconalizadas. Ou sea fcam deforma as ungSes automiticas de inculeao ou de insimango dos ‘dscanso e dos ios institvionain das institu, hem como a considered set papel “eral” na formago de senso some ‘Bem como, evidetemente, as suas dimensdes “no sovais”(lgicas“autonomas” de rprouyio dos tetos, dos génaros e das exiles, “pbligria material” includ. 39 cf, sobre a tri dh recep, R, Jats € W. Fer, Teoria dela rcecione, ra. I, Torino, Ein, 1997; Peo, Umbro, Lectorm fla: la cooporsone iterpetatia el tes narra, Milano, Bompan, 197, “+1. uma dango alargada dos discursos » conotada quer com as formulagbestrcas dias da alta politica, quer com Aeteminadas series organizadas em fino de a insincia de conroo discursive (hosptl penitencira,universiade, ete) = ter sins de integrar a ipiciade de xentidos que se enconram nor priticas que dio a ler esses mesmo disso, be com Nas ‘diversas manciras de potisopdo de emuciadotincislnete criados fru da enfera considerada politica, Esa inevilivel dspersto de Signiicads onconta uma disciplina de aiiso em tno dos matrais impress, mas rvelase mais dill de seguir no caso dos sours de maior circulate, dos sermbes aos rumors, bem come no caso dos discusoe Bascados em formas mais ou MeD0s ‘esereotpadss, de rma de chancelaria ao capitulo de corte Se um mesmo eminciado pode ser ldo de diferentes macs, som ‘omegou por propor a teoria da recep, o importante &prociraranalisar a recedes susctadas poo dferentes diseursae Vim poms fp vita desta matueza sugore uma itewogagso mais profunds actca das modaidades de renga, lgiimagio ou feconhocimento teases em discursos” (Crt, Diogo R. cit, 6) | suprecnde acapacdade de a audiécia ede certos agentes construe outros sigificados nos propos acts de recepyto.Prokmgar este jogo do rlagdes supde confer aos agemen, aos grapor ov av auiéneay wma capacidade de confit Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } A terceira é a de que a nica escala de observacdo ¢, portanto, a pequena escala, aquela que reconstréi aquela situacdo que, por sua vez, constréi os actores, os lances (enjeux) e as estratégias “”. E claro que, se por “atender as situacdes” apenas se quer significar contextualizar adequadamente as “aplicacdes” de modelos gerais e verificar a ambivaléncia das suas apropriacées, 0 método nao passa de um truismo **, ‘A quarta é a de que a interpretagao das situagdes nunca fornece chaves que ultrapassem essa situacao, uma vez que os contextos sao frrepetiveis. Quando muito, facilita “alusdes” (que bem se podem transformar em “ilusées” ...). A reconstrucao de um “objecto geral” - como “cultura politica” - surge assim como um problema metodolégico central A quinta & que, vista esta irrepetibitidade dos contextos a inextensibitidade dos modelos interpretativos, a narrativa historica é inverificdvel**. Por muito que se sobrecarreguem os textos de citacdes eruditas e de papelada de arquivo, ou por muito enféticas, fortes ou mesmo terrorizantes que sejam as afirmacdes dos autores, as conclusdes a que se chega so apenas probleméticas e provisérias alusdes a sentidos inatingiveis, locais efémeros **. Seja como for. As questées postas ao modelo aqui proposto (que é também o que tenho cultivado, mas nem sempre aquele que tenho sugerido, em momentos de maior desvario ...) néo deixam de ser pertinentes. ‘Ameu ver, sobretudo, em dois pontos: ‘+ a0 requerer uma melhor dilucidacao da tensio entre categorias culturais dominante (simplificando um pouco, de senso comum) e categorias alternativas, bem como uma atenta ponderacao dos seus equilibrios; signified, «wma orden social, «um stems de eengas ou a um simples ast, sigmfcador gue ndo se encontrom previomente dleterminados” (Curt, Dig Rs, 179), * Un pomto de vst desta nurezaaspira ambém a uma recon ooorem 0s divas tipos de actos, tzndendo, po isso, a acentuar una 2 scala, sri mais Feil rosnsiuir as diferentes sitagdes de negoeago,devsio e conllitosidade que carttrizam as reyes dos Jndviduos ou dos grupos: simullaneamane, espa ao eiculo visio de mits inerprtagoes ue stash uma cal de anise rmacrossocioligic, se bloguciam na dias fei bee sonido dos movimentos de mudanya, os procestos sk reXolak eas revolugtes [eta itratug Soiologica sole aolaglo micro-nacto. (Cito, Diogo itp.) "Na verdad, mio tem grande novidade chumaraateno para o seguine. “Inventrar estes comporamentes, sem perder Je vista 0 conteto conltal em que se stam, consitui uma espécie de salvaguarda fen as Lituras que tne a reir a cultura popular a lgica do process do wsilizagio entra nok mecanismos ens mesos de cooled velénia. Em suma,compresnder Togica dos comportamentos populares supde deisar cm aboto a sin diversidade do poquetas tctics,claboradas 20 tabor dos ‘scontecimentes, ea nto querer reitrar através de anilise historia as categoria da cultura hegemonic, quando atibui as populares & 4s forma ger os inimigos as marcas da ssvajara ede una violencia a controlar, Supe, sin, wa mir atenso& diveridae das ‘ituagios ea uma verifcago dis bolsas que, no inerior da sociedade plbal,permanccem ios, sem que ta situagSesphiglem ‘oveasriamnte comportamentos de voli (Curt, Diogo sit, 177. “una prspetiva analiica que se desenvolv em fungi da iterpretagto dos actos e dos acntastnentos tt de explicar a propia dispersio das unidades que consi on ssa, tr de saber encontrar na pritica os crits que justficam a reslugdo de um. Problema ~o que cuma cultura politica ”~atrawes do ums abordagem fragmenta [its bibiografia sobre fragmenta «historia (Cuma, Diogo R. cit, p. 10). Dal que, cosrenemente, 0 afte: “Sm pretender ofrecer quilgcr tipo de snes, ext lio sti ‘onsrido sob a égde da descontinidade dos espayos, dos tsmpos e dos objects. Ese ns suas ts pares ve enconarem vel testes rare ives de elise grpos soca 0 poder carismticn, a comerasaa dein espgo pbc, a trocracia ea formas ds Igoe que através dels se pretends restarar un quaguerunidadetemdtieeperdda. A partid, a questi de se saber ual ow em Portugal, no periodo que decome ene ISTH e 1642, ofereoe um quadro propontadamende vage pars poder lscrever nel uma sucesso de frgmertos ede pense histrias. Tal como mama viagem scm destino cro, nenfunt porto prose seguro.” (Curt, Diogo R. cit. p. 1) 1.) Toda © quale preseupasio de exmistvided fin exsids dem aniline apostadn em provar a vantagens da fixgmentago na resposta a um problema de lgica de aso dos agentes ¢ dos grupos. Por iso. a necesidade de alargaro invent de tniscomportamentos deveri ser vientada er fungdo de uma preocupagdo mats comparata do que exaustva [| Peat is deingdes tinivoses da colts popular em progressivatomda de eonsiencn politica ” umn aise desinads a compreender 4 lgica dos ‘omportamntos politicos populises cteunsrta descrgho de um conjunto de aconteviments, procede por isinuaedo" (Cur, Diogo Rat, 175176) E-a vordade & ue, muito foquentement, se enconram no texto referido confsses de non liguet,alertando para & a indesidivel complesidade, para» ambigia polissemia, para a insucgnsa da ale Ve, "Mana verdad & que muito poco se sabe seers do sigtiada de tis coajuton de tos on dos smb de representago que ale se ulizam’. (Cato, Diogo Rc, 106). “A ‘most militar consi exemplo por evcelanca da sua converginca. A sun dfusio const un processo socal complexe, que mente poder ser identiffeado com o da eriago de uma cultura de massis. Poi, tal como se verficou, a mostra pode ser ‘onsiderada como um modo de oginizaci formal syjeio « usos soviis difrenciaden, 9 mesmo acontevendo com determinados ‘srgumentos passives de ser uiizadon por agentes stuados em posi entra, (Cato, Diogo Rit, 121. Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } ‘+ a0 insistir numa methor explicitaco da matriz de transaccdes que, num contexto determinado, se realizam entre 0 modelo do senso comum e os impulsos induzidos pela situacao concreta. ‘A minha conviccao pessoal ¢ a de que existem matrizes gerais de percepcao, avaliacdo reaccéo, histéricas e integrantes do senso comum. Que estas, tendo espacos de incerteza e limites de variacio, séo tendencialmente coerentes. Que é disso que se fala quando se fala de Categorias de senso comum. E que este senso comum - mats do que as situacdes que nos enredam pesa duramente sobre as nossas vidas. Neste sentido, creio que a histdria da cultura comum, como a que tento fazer e como a que outros a tém feito, tem um sentido explicativo muito grande, sobretudo se se quiserem entender os processos sociais seriais e massivos. Nao me comove muito o descentramento do sujeito que com isto se opera; por um lado, porque nao creio do seu descentramento venha algum mal a historia; mas, mesmo que viesse, 0 Sujeito nao é menos descentrado se o escravizarmos a légica das situacdes concretas 1”, © ponto tedrico critico, aqui, é outro. £ 0 da capacidade trans-histérica de aceder a esses universos categoriais dadores de sentido. Porém, tenho que dizer que nao conheco nenhum fundamento metodolégico que garanta que, se descermos do macro para o micro, das categorias para as préticas, das estruturas para 0s individuos, esses problemas de inacessibilidade desaparecam. Esta ltima observacdop permite-nos um curso excurso sobre uma das novas modas da histéria - a biografia. Nos Liltimos tempos, a biografia ficou de moda. Os méritos da novidade vao para um grupo de companheiros de oficio, de inspiracao relativamente consistente, com referéncias Culturais também bastante partithadas e todos eles comungando, se ndo me engano, de um certo desfastio pela histéria chamada estrutural. Em comum tém também a escrita sedutora e um bom conhecimento, pelo menos ao nivel que thes interessa, do periodo sobre que trabalham #, Na teorizacio desta histéria biografia, a que também chamam “politica”, ressaltam sobretudo duas ideias-chave. Uma delas é a recusa de esquemas interpretativos “fortes”, daqueles usados pelos cientistas sociais dos varios matizes, substituindo-os por uma interpretacao “evidente” (pelo menos, de “senso comum”), do género daquela que nés usamos para nos orientarmos na vida. O que, sendo pacifico para nés interpretarmos a vida de hoje, é bastante mais problematico para ids interpretarmos a vida de ha muitos anos. Os nossos filhos sabem, disso, quando procuram entender 0s pais; € nés préprios o sabemos também quando temos a sorte de ainda poder tentar entender os nossos. Na minha opiniao, por detrés da “evidéncia” de alguns enredos, podem esconder-se retroprojeccdes da sensibilidade de hoje. E isto, ja se vé, tem perigos graves. ‘A outra ideia-chave do nével biografismo € a de que sao os homens concretos - € nao os desenvolvimentos andnimos “das estruturas” /também mentais) - que modelam a histdria. Mas como nao sao muitos os homens que estdo em condicdes de modelar a histéria - pelo menos, a histéria de um pais -, quem acaba por interessar a esta corrente historiografica sao os “grandes homens”, nomeadamente os “grandes politicos”. A “grande biografia” exige, em principio, um “grande biografado” (pressupondo, naturalmente, que é escrita por um grande bidgrafo). Na sua falta, a biografia transforma-se num acto de cruel assassinato de um personagem, sempre confrontado com o personagem ideal que nunca foi, que nas condicdes nao poderia ter sido e que porventura nem sequer quis ser. Ressalvado 0 Uttimo livro de Vasco Putido Valente (Gléria, Lisboa, Circulo de Leitores, 2001), que pode ser a boa contraprova do que acabo de dizer, e a reabilitacio de Joao Franco, da autoria de Rui Ramos (Jodo Franco e o fracasso do reformismo liberal (1884-1908), Lisboa, ICS, 2001), a Revorde-senovamente Diogo Ramada Curt: “Segundo rise: 0 de radioalizar or aspectoraubjectvos da cultura, Neste «caso, para citar os exageros ser necesiri er sempre presets 2 horizons dos atone das stages” (Cut, Diogo Rc, 4) 48 Porayal, a torizadora desta no hss politica, entenida como histriabigraic, tem sido Fatima Boniicio, Os Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } 10 Uttima literatura (e nao apenas deste género) sobre o século XIX portugués tem ganho, por isso mesmo, um tom dcido, corrosivo, e subrepticiamente moralista, de inventariacdo de mediocridades; que s6 nao espanta muito, porque parece herdeira da auto-avaliacao dos proprios contemporaneos, também eles cultivando jé um 0 juizo azedo sobre uma sociedade que, um pouco olfmpicamente, consideravam decadente. Para além de que, no minimo, esta pré- compreensao implica um confronto sem sentido entre paises modelos (a Inglaterra, a Prissia, a Franca) e paises mediocres (designadamente, Portugal). Dai que - voltando um pouco atras -, talvez se deva repensar na hipétese mais tradicional de investigar a vida dos outros homens, tracando os tais grandes frescos sociais ou mentais - que, necessariamente, haverdo de ser informados por algum modelo interpretativo geral -, de onde resultem os grandes cenérios (econémicos, culturais, institucionais, Jjuridicos) em que os homens = pequenos e Grandes - se movem. E ai retornaremos, seguramente, a uma histéria das categorias, dos sentidos comuns, mais gerais ou mais locais, que comandavam os calculos pragmaticos (que definiam, por exemplo, 0 que era “gldria”, e, depois, que papel a sua busca devia ocupar numa estratégia de vida). Em suma. 0 que se pretende, aqul, sublinhar & a necessidade de ter em conta 0 modo de transaccao entre ideias e interesses, entendidos estes ultimos como os resultados mais directos da interaccao social *. Poder-se- entdo entender como um sistema de idefas (0 liberal) cuja légica era a da generalizacao absoluta da cidadania, posto em contacto com um certo “ambiente” de praticas € interesses politicos indspito a essa generalizacdo, ¢ deformado por ele, e obriga a desenvolver elementos teéricos capazes de introduzir critérios selectivos nas anteriores teorias da Nacao e do individuo. E justamente este tipo mediatizado de conversacao entre “sistema” e “ambiente” °° que permite ultrapassar, quer uma histéria das ideias que ignora os mecanismos de transaccao com 0 exterior do sistema ideolégico, quer com uma histéria social (ou uma histéria politica) que pressupde que as “idetas” sao ilimitadamente mobilizaveis e disponivelmente funcionalizaveis a quaisquer projectos, estratégias ou interesses socials e politicos. Assim, o que aqui nos interessa & sublinhar € 0 0 modo como interesses até ai justificados teoricamente nos quadros de uma concepcéo - que, por motivos também teéricos, deixou de poder servir - buscaram novas Jjustificacdes nos quadros da nova teoria, para poderem sobreviver socialmente. E, a0 mesmo tempo, é ver esta teoria a alterar-se si mesma para poder incluir em si desenvolvimentos capazes de justificar 0s novos/antigos interesses. O processo pode ser assim descrito: uma nova teoria deslegitima interesses estabelecidos. Nem a primeira nem os segundos podem ser sacrificados. Assim, a teoria tem que se equipar com médulos tedricos suplementares que permitam re-legitimar (em novos quadros) os interesses “permanentes / subsistentes”. Uma nota final sobre “interesses”. Interesses sao também, muito claramente, representacdes, neste caso acerca das vantagens (ou inconvenientes) do alargamento do universo politico a certas categorias pessoas. Mas, ao estudarmos estes interesses, nao estamos a tocar numa realidade bruta (Isto 6, nao mediatizada por representacdes). Pelo contrério, estamos em pleno mundo das imagens e de representacdes acerca de categorias de pessoas e acerca de cad histvia dos introns tem slintado como sees slo invitavstments msiatizados plas reprosentaghes da “realdade sci" e deste modo, como to peuco cles escapam i spacidade postica das cteporias. CE. Ornagh ifresre, Bologna Hi Metino, 2000. 50 Com estas rferéncas a “sistema” c“ambionte”,rmete para os modslostoicesaut-poitcos, que me parssem muito produtivos neste context. CE per todos, N- Luhmana, Figs om selfrefrence, Columbia, Col. U.P, 1990. No mesmo seatido de ocajdo de uma pespesiva sistema, v. A segunteformulaglo de M. Barberi: °Si potrebbe forse aggiungere —rifoemulando Te poszioni della Storia soncetale¢ dlls Ssuola di Cambridge nel gergo dellevouzionimo ilogofcn — che | sancti ginspoltit funcono ed evolvono come le specie mutual, adstandost sf mutamentt dellambionte.Coloro 1 qual, nat diver coment os. prtecpano i giochi dalla poltiono dsl drt, compiono certo at ntnzionli, come dlibsrate ase del gio, tal at iteonal Per, generano speso effet inimezional,né vol ne previ dagh autor, fai quali ocerre noverae ph ses! conse, sempre Intel come regole dso del nguagglo. Donque, i conc si frunoe saffrmann compatibilmente con le esiganze del abet, sopravvvono solo pate dads a mutament dk questo” (M. Barberi, 1999, Libert, Bologna, It Mulino, 1999, Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } "1 vantagens e desvantagens politicas. Identificamos mulheres, dementes, fatidos, loucos, menores, a partir das imagens (dos esquemas de percepcao) que aplicamos a realidade continua do Universo dos nossos parceiros sociais. Atribuimos ou nao vantagens sua participacao politica, ‘em funcao imagens sobre as suas qualidades, sobre a ordem politica, sobre as nossas quatidades e, finalmente, sobre o que nos convém da ordem politica 5". 31 Sotmeocardter consulta do “interest”, Omaghi, 2000, Lorenzo, Ineresse, Bai. Latrza, 200, “todcions” Categorias (Analise Social). doc (28-10-2002 9:43 } 12

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