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C. wa 4 Oo w [) es coréncia edtoria: 030 Carlos Pugls coordenagao de edcS0 técnica: Marla L dos Santos boi ico técnica: Equip de eitores trios da EitoraPalidro, coordenacdo de producto editorial Livia Scherrer dos Santos. -nalista do producto edtriat clausia Moreno Fernandes coordenagdo do edcSa: vchelle Shs da mata @ Vv Plaseak Jorge, ico: equ pos do ecieSo da Esitora Paledra, Projeto grafico: nlexand Projeto grafico da capa: ru caordenador de PoP: Anderson Five corre, Impressio e acabamenta: nyusraf Edtors critics ida, créditos: capa @ trontspicio stovotshutterstock atentores dos deltas Ge tos ox textos do todan at obras de arte plastoas Em cico do omissia imountara, de qaaaquer credtas faltantas, estas cero0 ISTEMA DE ENSINO uu stomapoledracorn tr apyight ©2015 Todos os iteits de aig soraservacos& feitoraPalidro Introducéo. aspectos do texto... ‘nivel fundamental do texto Descrigao... 36 Tipos de descrieao... 36 Ferramentes gramati 2 ‘neseripio por planos. neseripo por sensacties. escrigao - estilo, Narracao. 38 Ferramentes da narracao... 40 Foca narrativo., 40 Tipos de discurse... Principais géneros narrativos Dissertapao.. a3 introduc. 64 Estrutura narrativa, 64 0s tipos de enunciado... 66 Programe de base... 67 Programe de competénea cnc Programas narrativos.. introducdo... —— 78 78 Figuras licedes ao aspecto sonero... 78 ras ligacas aa aspecto sintatico.... Introducao. ‘As funcées da linguegem. Aas varias fungBes JURA one 93 93 Revisando... Exercicios propostos ‘Texto complementar. Dissertagao argumentativaexpositiva.. Subjetividade e objetividede... Raciocinio indutiva/dedutivo... osilogismo.... 0 sofisma: A pragressée légica A dissertacao na poesia ‘A metadelagia cientifica. Revisendo... Exercicios propostos, ‘Textos complementeres. Exercicios complementares. Nivel fundamental e nivel narrativo., Revisando.. Exercicios propostos ‘Texto complementer. Revisando..... Exercicies propastos. Texto complementar. Exercicios complementares. Exercicios propostos. ‘Texto complementer. Exercicios complementares. introducao. categorias pessoa tempo-esparo. Texto tematico e texto figurative. CS introdugao. nterdiscursividade, intertextualidade © propaganda ideologica., ‘Tipos de argument... o Concetto de SQM en Relagdes entre linguagens. ROVISANO nen 5 introdugao. Implicito: pressuposto... implicito; subentendico. Ambiguidade. semantica. Comunicacao oral = escrita Ccaloquial © Cutten Revisando... ‘A funcdo da coesio.. 0s marcadares de eoesdo. Revisendo... Formas de coeréncia.. CORES ene Mecanismos gramaticais e textuais. & Figuras de linguacem. Revisando.. Exercicios propostos.. Exercicios propostos. texto complementar.... Exercicios complementares. Revisando. Exercicios propestes..... Texto complementar Exercicios complementares. Exercicios propostes..... Texto complementar Exercicios complementares. Revisando. Exercicios propostes. Texto complementar Exercicios complementares. Exercicios propostos. ‘Texto complementar ... Exercicios complementares. Exercicios propostos. Texto complementar. Exercicios complementeres. Exercicios propostos. ‘Texto complementar.... Exercicios complementares. ‘Texto complementar. Exercicios complementares. 1a 122 snd on 14a sn 5 147 178 von 81 182 190 sand 198 198 207 209 211 san 221 224 225 287 238 242 243 257 259 01X93] ap ol oleate MleM i= Die] Aspectos do texto — nivel fundamental Reece Re RR McCay crénica e 0 quadro de pintura; emprega uma linguagem (fotografica), discute um Oe eC meet Ee moe at) Ree caste uc eae Peon COO euy Pee ean crs ae enced Peete cmt emt Peete Ream coe 140, 0 qual sustenta uma cerca CeCe een et PO eee Or ues tem Dewees Oe Fen eT ee eure) pequena cidade do interior Cece ete ree A foto de Fernando Angulo nao é apenas um retrato da cidade Cee Tene ene eee ee ety snc Tatura cna kee’ Cerne ee a eee ere eee Senne saro, ser que nasceu livre, na natureza. O primeiro plano é a pista para leitor, ele que nos leva Dee ee Oc ee ee eg eee ee eg Ce eke cy Se ed ee rR Cc nce Oe ac Se eset eer enn tein Ren eMac tice neue un cen eee ete ae eee ee ecu en ecu? Pre ects ee eee ease Introducao Oestudo da teoria do texto compreendle uma série de assun- ‘bs que serdo discutidos ao longo do livro. Neste capitulo, dis- tatiremos alguns aspectos do texto (como a relagdo partefiodo) e estudaremos 0 520 nivel mais abstrao: o nivel fundamental (com destaque para as oposigdes) Aspectos do texto ‘Texto: todo composto de partes O texto (do lati sexta, “tecida”) & um conjunto de partes articuladas ¢ omanizadas entre si. Para entender um texto em sua totalidade, ¢ preciso relacionar as partes, pois o todo é a SSntese das partes. Para que o leitortenha acesso & totalidade, & recessirio ainda extrairsignificados que podem estar implici- tbs, como o tema, o assunto do qual se fal; €a mensagem, uma aritica do autor, por exemplo. Veja 0 que diz 0 poeta barroco Grogétio de Matos acerca da relacéo partrtodo. O todo sem a parte ndo é todo, Apparte sem 0 toda néo part ‘Mas s@ 0 porte o faz odo, sendo parte, Noo se dige que # parte, sendo o toda [.) CGregério de Matos: lames Amado (Org). Obra podico. 3 od Flo ds Janaro: Record, 1992 O texto abaixo, de Luis Fernando Verissimo, € composto ‘de trés partes, veja as duas primeiras. Nesses dois primeiros quadrinhos, a expectativa que se eria €a de que o casamento traz felicidade. Agora observe o Giltimo quacrinho. Nota-se que a expectativa foi quebrada; isso signifiea que ‘es quadrinhos anteriores precisam ser relidas a luz da tota- lidade, Assim seré com os demais textos verbais, visuais ou verbo-visunis; nlo se interpreta a parte pela parte. No proprio Capitulo 1 cotidiano, somos vitimas do que se denomina “vies” (mostrar uma parte apenas); a midia televisiva, mostrando apenas os as- pectos positives (ou negativos), cria hendis (ou vildes), isto é, 0 ser perfeito (ou © monsizo) que todos gostariam de ser efou de eonhecer (out 0 contrério). Com isso, fatura-se muito, passa-se um modo de ser, um estilo de vida, que nem sempre ¢ condi- ente com a realidade de quem consome, Considerando que 1 vordade esté ligada A tatalidade, devemos ser prudentes nos Julgamentos que fazemos do proximo, dos fatos ¢ da propria Inidia, pois nem sempre femos acesso ao too; o mesmo raciO- cinio se aplica a interpretagao de um texto, Arelagio parte/todo esta presente tam na estilistica por meio de uma figura denominada sinédoque (lipo de metont- mia). Empregar a parte no lugar do todo consiste muitas vezes em um eftito de sentido, o receptor do texto obriga-se a imagi- rar o restante, participando da eriagio da obra, Veja 0 exemplo a seguir, trata-se de uma imagem sinedstica, Fig. | Aparte est no lugar do toda, Texto e contexto Apalavra contexto pode ser entendida como a situago que cerca o ser, Na linguagem verbal, o contexto é a frase; 0 perio- do, 0 parigrafo, ou o proprio texto, o todo. Se desconhecemos o significado de uma palavra, devemos interpreti-a, levando em consideragio 0 contexto que a cerca (a situagio em que a Palavra ¢ inserida). Observe a palavra textos diferentes, jogo” em quatro con- CRBC MAD She sehe — Fa. 2 Contexto:ne quarte! Sigatieado:atrar ‘Chamem 98 ‘3 Contexta: om um ineéndio Sienificado:fogo “Tem fogo, meu imaio? Fg. 4 Conlexto:na ua, um dos intorlocutores ost com agarro Signticado: 6070 Fig 5 Contexto: uma menina de dez anos subinéo em. Signficado: vada, peraa Como se pide observar, o significado da palavra “fogo’ varia de contexto para contexto (de situagio para sittagio). Na pinda a seguir, o duplo contexto cria humor. O cosa! de noivas é na Inglaterra foi conversar com 0 reveren: clo para acertarem dla ® hore da casamento, Dapois de resolverem fodos 0s detalhes, j6 ne hore da soide, 0 1 bobinho, olha para o reverendo e pergunta nha, muito iogénua @ =Reverendo, oque osenhor ache do sexo antes do cosamento? E ovalho reverendo, calmar = Contanto que nao atrase o ceriméni. Acxpressio “antes do casamento” pode ser entendida de dduas maneiras diferentes, referindo-se @ duas situagdes, Para ignifica ter rclagdes sexuais no periodo anterior 20 casamento; para o padre, ter relaySes sexuais horas antes do casamento, Observe agora a tirinha a seguir © casal, si biguo: pode resso do fillio em relaglo ao viali- ‘no, mas, se levarmos em conta o contexto (2 fisionomia do pai olhando pela janela para os estabelecimentos vizinhos, que esto fechados), pode também remeter a0 fato de que o filho, por ainda tocar mal 0 violino, estaria espantando a vizinhanga indesejada. Devemos, pois, interpretar segundo o contexto, relacio- nando as partes e extraindo a sua sintese. Em nosso cotidia- no, descontextualizar é omitir a situago que envolve o ser (ou parte dela), & olhar para um fato sem levar em consideragio os motives que o geraram; ¢ ver uma crianga na rua, malvestida, andando sem rumo e chamé-la de marginal, sem que saibamos 6 porqué de ela estar ali, naquelas condigdes. Olhar para o con- texto ¢ enxergar um pouco além, perceber que hé uma explica- fo para o mundo. A foto a seguir sug © uma rellexdo, fagava, Fig 6 Aimagem e seu contexto. Texto e conhecimento de mundo Por vezes, 0 significado do texto depende de conhecimento cde mundo, de situagdes vivenciadas pelo leitor, Se este no ti- ver acesso a0 conhecimento de mundo exigido,o entendimenta do texto seri parcial. Veja 0 exemplo a seguir. | Interpretagao de texto eer Prune) etry Peo 150 milhoes Peer etd Fi 7 Cathecimente oe munca. Oconhecimento de mundo, nesse caso, é fundamental para a interpretagdo. Se o m pais onde nfo fosse comercializado esse proxluto, dificilmente o texto seria entendido, uma vez que a marca “OMO" (pressu- posta no texto) ndo existiia naquele pais. Leia, a seguir, parte ch lowa da misica “Sabi”, de Chico Buarque. mo aniineio fosse veiculado em um Que eu hei de ouvir cantor Uno sabié You volar Sei que ainda vou volar Pora 0 meu lugar Cantar ume sabi, Foi l6.e 6 alndo bb (Chico Buarque; Tom Jobim, "Sabi". Interpret: Chico Buarque In: Noo va passor Vel 4 1968, Aetra de Chico pressupée dois conhecimentos de mundo: acxisténcia de uma poesia ehamada “Cangio do exitio”, coma qual acanglo dialoga no nivel do intertexto; o 0 préprio contex- tp histérico que cerea a produgao da misica: cla faz uma critica Aditadura, mais diretamente ao exilio, Veja a foto abaixo. Fig. 8 Massacre ra Praca da Paz Celestial Capitulo 1 A interpretagio da foto esta ligada a um contexto historico: © rmassere na Praga ca Paz Celestial, Deng Xiaoping, lider comunista dda Repiblica Popular da China, ordenou que os tanques passasscm porcima dos estudantes. O chings andnimo que enffenta una fileira de tanques foi fotografado por Jeff Widener da Associated Press Essa foto virou um icone do final da década de oitenta. O conhecimento de mundo & adquiride na escola ¢ fora dela; a ida a0 teatro, a leitura de jomais, o conhecimento sobre artes plisticas, tudo contribui para o nosso enriquecimento, Texto e progresstio temporal Um texto ndo & um smontoado de partes, hi uma articu- lagdo entre os parigmfos, una orgunizagto dos periods, u cncatleamento das partes, das ides; enfim, ha uma progressto logica que organiza o texto, fazendo com que o itor entenda dlaramente 0 que esti ser expos. O texto a seguir foi pro- positalmente alterado, leis. Presidde pelo Senader Gorot, acabodo © congresso em Ber lim, em Tarim ¢ Paris, publicarextrotes do antiga do “Mensageiro de Bale”, onde os letores de minhas obras me ofereceram um ban guete fz As ory que 0 texto se tomou incompreensivel; releiaeo em sua ordem raatural, es foram mudadas de sua ordem original de modo Acobedo 0 congresso, fz pubicar extatos do artigo do “Mensa {geiro de Bole em Berlin, em Tusim @ Pr, onde os leioes de minhos ‘bros me oferecerom um bonquete, preside pela Senador Gove. Uma Borst O homem que sabia javards outros con Curb: Polo Editorial do Porand, 1997 ‘A orago “Acabado © congresso” estabelece o tempo em que se realizou a ago da orago subsequente (“fiz publicar..) © conectiva “onde”, por sun ver, reeupera os antecedentes ‘Berlim”,Turim” e “Paris”, precisando o local em que foi fere- cido 0 “hanquete"; a dltima orago (“presidio,.”) compartitha uum saber a respeito do “banquet”. A progressao légica do texto se di por meio de marcadores de coesdo, como conjungdes, pre- posigdes, pronomes relativos, marcadores temporais (advérbios, locugbes adverbiais), e por meio do encadeamento légico dos periodos ¢ oragies (portanto, eoestio & coeréncia), Até mesmo em uma receita de bolo a progressto esta presente, veja Receita de bolo Fig. 9 Recetta de bolo, um exempio de progressao, L. Despeje, agora, a massa em uma forma média e untada. 2. Bim seguida, aereseente © agticar ¢ bata por mais uns 3 minutos. 3. Cologue as gemas, 0 trigo, 0 suco ¢ continue batendo até formar uma massa homogénea. 4. Colocada na forma, asse a massa em fomo preaquecide em temperatura média por, aproximadamente, 40 minutos ou sé dourar. 5. Por altimo, ponha o fermento, bata por mais 40 segundos ra menor velocidad da batedeira, 6. Nabatedcira, bata as claras em neve, O texto anterior nao esti claro porque a ondem, isto 6, a progressio, foi alterada: voja a progressio coreta L. Na batedeira, bata as claras em neve, 2 Em seguida, acreseente o aglicar e bata por mais uns 3 rinutos. 3. Cologue as gemas, 0 trigo, o suco ¢ continue batendo até formar uma massa homogénea. 4. Por iltimo, ponha.o fermento, bata por mais 40 segundos ria menor velocidad da batedeira, 5. Despeje, agora, a massa em uma forma média e untada. Colocada na forma, asse a massa em forno preaguecido em temperatura média por aproximadamente 40 minutos on até dourar. Ein destaque, temos as palavras que possibilitam a ordena~ io correta, sto elas que estahelocem a ligagao e a progressio do texto, Texto — significados explicitos e implicitos Hi significados que sio extraidos da superficie do texto ~ signiticados explicits ~ ¢ ha outros que so depreendidos de suas entrelinhas ~ significadas implicitas. O termo “implicito’ € sinénimo de pressuposto, subentendido, Por néo estar na sue periicie do wxio, o implicito é mais dificil de ser percebido, No discurso literario, o implicito esti presente na relagio que se stabelece entre a obra ¢ o leitor. Ao ler uma poesia, um conto ‘ou um romance, leitor sempre vai a procura da mensagem que 1 obra quer passar ¢ do tema tratado, os quais costumam estar implicitos. Tome como exemplo a poesia de Mirio Quintana, Funcéo Me deixaram sazinbo no meio do cireo Qu ere epenas um pétio uma jenela ume rua ume esquina Pequer ‘B08 que descobn que todos os meus gestos mundo sem sume Pendiam code uma das estrelas por longos fios invisiveis F havie subitos ¢ lindas apanigses como aquela das longas tranges F todas imitavom t60 bem o vide Que por um momento se chagave o esquecer 2 sue cruel inocéncia de bonecas F ey dizia depois coises tao lindas E tristes Que ndo sabia come tinham ido porer na minha boca Eo mais triste néo era que aquilo fosse ‘apenas um fag cambiante de reflexos Forque ofinal um belo piée dangante Qu 2unindo imdvel Vive uma vida mais intensa do que a maa ignorado que o orremessou dango tu dangos nés dangomos Sempre dentro de um citeulo mplocével de luz Sem saber quem nas olha ateata ou dlstraidomente do escuro. Mério Quinina. Nova onolegia poten. Ro de Jone: Ed. do Auto, 1966. Aexisténeia, no poema de Mirio Quintana, & comparada ‘a uma encenagio em um palco ou picadeiro, em que o indivi- duo € submetido aos caprichos do destino. Implicitamente, 0 poeta faz uma reflexdo da existéncia humana, No nivel da fra se, 0s implicitos podem ser disparados por meio de elementos linguisticos (palavras-gatilho) como verbos, advérbios, cons ‘rugdes nominais e adjetivos. Veja os exemplos a seguir. L © verbo “‘parar™ pressupde que “Josimar" outrora contra- bandeava; na fofoca, € frequente o enuncisdor pressuposto 0 que 0 outro interlocutor no sabe (eabe lembrar que 0 pressuposto nem sempre é verdadero). /0 pore sabe ae estamos ea a Interpretagao de texto O verbo “saber” pressupde que a afirmativa que vem em se guida seja realidade; em muitos easos nfo se trata de fatos verdadeiros, 0 que caracteriza a manipulagao. —_— =a BC i ere nd O advérbio “também” pressupde que outros ni ail noravam, Em certas situagdes, o implicito pode assumir a forma de subentendido, o enunciador deixa no ar um implicito que pode sernegado por ele mesmo. O exemplo a seguir fbi extraido do Ene: HAGAR - Dik Browne ea Y-¢@. Vou ern ood aun cculists omunde Hagar deixa implicito que o filho tem uma visio equivo- cuda, pois o mundo no poderia ser redondo, pois © que ele, Hagar, vé & uma superficie eta, A situaglo crinda por Dick Browne ndo é muito diferente das situagdes cotidianas, Capitulo 1 Aime no diz com todas as letras que o “Rafi” ¢ feio, mas deixa um subentendido, ‘Quando o implicito nao é pressuposto pelo interlocutor, o di- ‘logo torns-se problemitico, o entendimento da mensagem pode 1nflo ocorter, 0 que é posto passa a ser ambiguo, pois o pressupos- to nio foi compreendido: os quadrinhos acabam explorando esse ruido na eomunicagio de forma humorada. Veja o texto a seguir, DIK BROWNE tende o implicito de forma equivocada; Helga fez Voc’ quer, Voc’ deseja...””; Hagar, todavia, pres Hogar e aclipse de supés “Voc@ ach. Nivel fundamental do texto O texto apresenta, consoante 2 semidtica francesa, os se- gnintes niveis: err) Peete) Centeudo Pore) fee Expresso “Tab 1 Nveis do texto O primeiro a ser estudado (os demais em eapitulos pos- teriores) sera o nivel fundamental, © mais abstrato ¢ © mais simples do texto, Nesse nivel, encontram-se as oposigGes abs- tratas e as categorias timicas (cuforia e disforia), Estudam-se as ‘ransformagdes timicas (transformagdes de estado) ¢ os tipos de oposiglo, Faz-se ainda, neste eapitulo, uma anilise dos co- nectivos ¢ figuras de linguagem que estabelecem oposigo, Oposigées semanticas "Abuscapelasoposigbesabstratas ustiieas, pois o senti= Go nasce das oposigbes,interpretamos o mundo por meio dels. E possivel recanhever 9 gran, o alto, 0 gordo, porque tems ‘medida do pequeno, do baxo ¢ do magro seo texto discute a aera, de forma impiicita ele também dseue a pa, poi esta & O cess daqueln, Todo texto apreseta uma oposgao de orem sbstata, seja um conto, uma poesia, uma pega de teatro ou uma pintura, Reconhecer esss oposgies ¢ necesito par aiden Fieagio do tema. A oposigao, como eategora semantic, & a imis solicitada nos exames. A andlise do nivel mais abstrato do texto, 0 nivel fundamental, possiblta investigar as oposigdes ‘eminticns subjacent ao texto, que devem se trade, pre- ferencaimente, or termos abstratos, po exemplo 5 Fig) 10 Oposigdes, Na foto acima, as oposigdes mais evidentes estio na super- fivie do texto: o estitico (os que seguram a corda) x 0 dindimiico (0 que pula) , o menor (os que seguram corda) x 0 maior (0 que pula); 0 claro(luz do sol) x o escuro(sombra) © 0 frontal (duas criangas) x 0 de costas (0 menino em primeiro plano). A foto também contempla uma outra oposigao.nem tanto evidente, pois cexige maior abstragio: a euforia (a agdo:a brineadkera, a alegria, o divertimento) x a disforia (oespago: seco, quase sem vepetacio ‘ou elementos que pudessem sugerir prazer ou deleite).Com iss a emunciag2o fotogritica mostra ao receptor que époxsivel ser fe- la, som a presenga da civilizago ou de bens materiais (Cha apenas uma cords); na simplicidade, pode haver muita vida, liz sem Categorias timicas As categoriastimicas do texto slo a euforia (estado de po- sitividade) ea disforia (estado de negatividade). Un texto pode explorar a positividade, o bem-esta, a alegra, isto é, a euforia, mas também pode enfatizar estados de negatividade, tristeza, pessimismo, melancolia, ou soja, a disforia. & possivel ainda haver os dois estados presentes. Veja o exemplo a seguir. 211 uloriae distora 1 representam, respectivamente, a tragédia grega e a comédia, A segunda é eufirica, hao sorriso;a prim ra, disfériea, hi tristeza, Vejamos esta anedota encontrada em diversos sites da internet, ¢ de origem desconhecida, Numa empresa fabricante de sopatos, trabahavor dos van= dedores. Un deles era ofimista, O outro, pessimista. Ambos foram ‘enviades 2 um longinguo pals africono para investigar o possibilide de de vendes naquele local. Apds certo tempo, o pessimisto enviou um telegrama & empresa, dizende: = AM6s noticias. Aqui ninguém uso sopotos. ‘Ao mesmo tempo, © ofimista enviou esta mensagem para a empresa. ~ Boos noticias! Aqui ninguém usa sapatos! Apiada ilustra com clareza.o fato de que um acontecimen- to pode ser eutirico para uns, mas disfirieo para outros, Pode -se ainda ter a disforia em contexto cuférico (um assassinato no circo) ou o contrério, uma euforia em situagio disforica: nascimento de um bebé constituem-se em efeitos de sentido. m pleni ema; tais procedimentos Transformagio timica "Amuadanga de um estado para out denomina-se transfor mai timica, Exists transforma timica quando da disforia ‘Apersonagem passa da cuforia para a disforia, ssa transformagio timica auxilia na construgio do humor, pois eria-se uma antitese entre o primeiro eo dtimo quadrinho. ‘A publicidade procura na maioria das vezes promover um estado de euforia por conta da compra do produto. Nesse sentido, assistiriamos a uma transformagao timica: da disforia (xplicita ou pressuposta) para a cuforia, como nesta publi- cidade. Fig, 12 Uso da dlsfora em propagandas. sm sorridente do rapaz agrega ao produto “Guarani Antarctica” a ideia de que a bebida faz bem, trazendo euforia para o consumidor, possibilitando uma mudanga de estado. Ha, entretanto, determinadas publicidad e alerta para a popula m que a disforia serve ? Interpretagao 0 Fg. 1S Disforiausada como alerta, © antineio da “Campanha do agasalho™ procura sensibili- zr leitor por meio do verbal ¢ do visual. Em ambos, a carga Enegativa; 0 coraglo de pecira é a insensibilidade das pessoas em relagdo a tragédia humana, e a estétua do garoto é a vitima é fio ¢ dessa insensibilidade, agui a disforia € langada para que haja @ euforia, © agasalho, a vida, ou seja, espera-se que 0 andncio tenha como efeito uma transformagao timica: da disfo~ na, para a euforia, o calor proveniente do agasalho, Tipos de oposigio Ao analisarmos um text, ¢ importante que saibamos as epesigges de ordem maisabsrata,Algutas dees posuem ata ffequéneia em literatura, propaganda e charges; ais oposicdes encaminham para o tema. Veja algumas dels Amorte de milcriangas por dia debaise do céu brasileira pro- tagoniza uma estatica que se revela uma verdadeira contribuigdo & Ci8ncia. Caysedos pelo fome, novos sintomas # deengas come gan 0 ser cotologados, dando vide &s pégines dos hives de Medi Cina, jd cansados dos velhas teorias ‘Marina Negri No texto de Marina Negri, temos a oposigao vida versus morte, a discussao gira em torno da fome, ou seja, da falta de alimento, eondigho para a vida. Bim 4 cidade ¢ av serras, de Fea de Queinis, temos outro bbom exemplo de oposigao no nivel fundamental. Jacinto, um dos protagonistas, mudarse de Paris para Tormes (interior de Portu- gal), cidade onde possuia algumas propriedades. Em Tomes, en= contra a felicidade © a paz de espirito: E esta Tomes, Jocint, esta 1ua reconciingdo com natureza, @ 0 renunciomento 8s ments do ‘oizagso é uma indo bistirio. Paris representa, em um nivel mais abstrato, a civilizagdo, enquanlo Tomes, a natureza. A idealizae «flo da natureza é, nesse caso, uma critica a0 positivism, que via na civilizaeao a solucao para os problemas do homem, As oposi ges podem ser consideradss euféricas (positivas) ou distéricas (negativas). O que é eufrico ou distérico depende da grade cul ‘tural ¢ do grupo social. Para a Ditadura Militar dos anos 1970, a ropressiio era considerada eufrica ea liberdade, disfirica; para o Capitulo 1 Positivism, a civilizagdo eta eufrica ¢ a natureza, dislorica. No nivel fundamental, ¢ possivel ainda encontrar outras oposighes como estaticidade versus dinamicidade, continuo versus descon- tinuo, parcialidade versus tolalidade et. Conectivos da op As conjungBes eas preposigdes tém por finalidade ligar pala vras ouoragses, fo conectivos da lingua, Conjungbes, como mas, fodavia, embora, conquanto, entre outras, estabelecem oposi- bes seminicas (o “mas” pode assumir outros significados), Ob- serve funcionalidade de um desses conectivos no texto a seguit. Fig. 14 Cvllzagio versus matureza LJ Sua cor néo se percebe, Suos péialas ndo se abrem. Seu nome néo esté nos livros. Efeia, Mos & realmente ume flor “J Efeio. Mas & ume flor Furou o astata, otédlio, onoja #0 elo. Coos Diummand de Andrade. "Aflor ea néusea” In A rosa do pave, Soo Paulo: Cia. dos Lares, 2012 p13. Copyright Carlos Drummond ds ‘Aadrade © Graha Drummand vorw calosdrummend com br Drummond uiliza em seu poem a oposig civlizago vers nature. for, lement da natura, sige no esto, um dos sig- sos da cvilzaao, desafindo o improvivel, © conetvo"mas an fei, Mas relent uns oe, conraria una expecta (lo pressupte 0 blo e nf 0 fo), ao mesmo tempo em que resin a existécia da “or. O conoctivo “mas” intodz0argumento mais fit, 0 flo de er“ & secundirio, oft dese “for” prin- cipal. A conjunc. sborinaiva adverbial concessiva “emo” também cootraria uma expectaiva, connuo, por oposigio a0 "na itr o argumento mas aco. Se dissec Efi, embora realmente eja uma flo’, conectvo“embora” estar inrodndo o argumento mais fac, ofa de se fea seria o relevant; have, pois llr de sentido, Fique leno as aula sabre ores coor denadesadverstvase subordinadasadverbinisconcesivas (ro de gamit), pos ese esd ser aprofundid, Figuras de linguagem da oposigio © paradoxo ea anftse so figuras de linguagem ¢fazem uso da opesigo como recurso expessvos a primeira pela con- traigao das dias, 2 senda pela simples oposieo de sentido Veja fragmento a seguir. © amor é velho-menina Ovmoré velo, velho, velho Qoamor étnlha de lengéis e culpa medoe morovilha td Tom Zé. ‘O omar 6yoho-menina Intrprete: Tom Z6.r: Bra Clases 5: ‘he hips of radon. Estados Undes: woke Par, 1992, Fvxa 9 ‘Ao definir © amor como “medo” ¢ “maravilha”, 0 autor © considera ambiguo, paradoxal; trata-se de uma figura de Tinguagem chamada paradoxo. O paradoxo ocorre quando ha contradigdo de ideias, A idcia de simultancidade de aspectos ‘opostos em relagdo a um mesmo ser & uma caracteristica dessa figura de linguagem, veja a imagem a seguir Fo. 15 Paradona. (0 fato de ser eareca é incompativel com o fato de se pen- tear ou cortar cabelo; o pente ¢ a tesoura criam um paradoxo cm relagio a ealvicie, No letra de Caetano, também tenemos um bom exemplo de paradoxo: bol Eu dgo nd Eu digo ndo oo nto Eu doo £ prabido proiir fol Coelao Veloso. pide pro, 1968. Compa, lt A, a1 Impede-se 0 proibir, proibindo, Quando a eposigo nfo for simultanea, ndo provocar uma contradieao, temos a antitese, isto , uma oposigio de ideias, pois ha palavras com sentidos opostos, ‘mas sem a contradiga0, O texto a seguir um exemplo de antitese: Noo existria som/Se nao howesse o siléncio/Nao haver'a lu2/Se nso fosse 0 escuridsa/A vida mesmo assim, /Dia e note, do e sim, Lulu Sontos; Nelson Metin “Ceras cisae’.Inérrete: Lalu Santos Ins To gal Wea, 198. Faas 9 Quadrado semistico das oposiqoes As oposighes slo suscetiveis a transformagdes. Da vida pssa-se i morte, da liberdade passa-se & opressio ¢ vive-ver- sa. A passagem de um polo pam o outro € um momento de transicao. Nao se passa abruptamente do dia para a noite, hi oenlardecer; nlo se passa da inflncia para a fase adulta, ha a jventude, Observe o esquema a seguir. © entardscor Amore st 2 st 2 oa rote | vids mote 32 3 32 3 rnionoite nao sia | nao mote nso vida No primeito esquema, nota-se a pasiagem do dia para a tite, mas hé uma passagem intermediria, o entardecer (a ne gngio de $1); no segundo, a vida € seguids de uma nio vida, ‘momento anterior a morte (a cutandsia, por exemplo, é sugerida, ness momento). No diagrama a seguir, tentaese descrever as, transformagdes pelas quais passa todo ser humano, segundo a visto orist Onascimento Amore st s2 st s2 Homem Deus Homem Deus St 52 St 2 rio Deus nto Homem | nto Deus ko Homer *] Interpretacao de texto Capitulo 1 Aspectos do texto - nivel fundamental EBB Unicamp (adapt) Leia o texto a seguir ©s que comecam... ‘oo hé decent exsorags0 mais dolorasa que a das crangos. Os homens. es mulheres ainda pantomimam a miséria pore luero perio. ‘As crianges 380 longados ne cfc torpe pelos pais, por erature indignes,® crescem com 9 vic edaptando a curviines acovardads elma de mendicidode malandia. Nada me's povoraso do que este meio em que hi odolescenies de dezoto anos e piralhos det, garotas amo: ros de um lustro de idode e mogoilas piberes suetos 0 todas as passividades. F550 criancads parece néo pensar e nunca ter tido vergonho, ‘emoldodas pore © crime de amanhé, pora © prostivigéo em grande escola. Hé ne Ri um nimero considerével de potrezinhos socificodos, petizes que ondam @ guiar senoros folsamente cagas, punguisis sem proteg6o, poralices, omputades, escrofulosos, gatunos de secola, ‘aponhadores de pontas de cigorros, cas de fomlias necesstodas, simples vogobundos & espera de complacéncias escabrosas, um mundo, ‘ria, © olhar de crime, © broto das érvores que iréo obumtror as golerios do Detengdo, todo um exército de desbriados e de bondidos, de prosituos futures, golopando pele cidade & cote do po para os exploradores nferroyados, mentem a principio, negando; depois exegeram (0 folcinuas e acabam a cherar, cantando que s60 0 sustento de uma sicia de criminasos que a policia néo persegue. ‘Ametode desse bondo conhece os leis do prefeo, os delegodes de palcia © ecompenhe © movimento da poicaindigene, oposcionsto «vendo em cade homem importante uma roublheira. Séo em geral os mendigos claramente dofeituosos a que falta uma perna, um brago. ‘A perda que os torneu invalidos é umo espécie de flicidede, o indoléncia e o sustento gorantides. A beira dos caados © dia itera tém fempo de se lornorem homens e de Keres jornois. Fazer tudo isso com vagar Quonde um ponte se toma insustentivel v0 para outros, € hd entre eles rlacées, morleios que se liam &s dceras,olhas em pus que alham com termura compa: nheiros sem brogas, e todos quardande « dota do desasine que os mutiloy, que os fez entrar para a nova vida com a saudede do vide passacla, bd Joto do Ro. A alma eneantodora dos runs erérieas. So Poulo: Cia. das Leos, 2008, HEI ciama-se de progressdva forma de organizagao textual caracterizada pela ordenagao temporal das informagées. Encontre 1 texto um trecho que esta arganizado internamente em progresséia. TEA A irguagem oral ¢ mais econdmica, é frequente omitrmos palavras, uma vez que ha o contexto; assim, determinadas expres- ‘8325 nao poderdo ser interpretadas de forma iteral Leia o texto a seguir, tala-se de um bom exemplo. Perigo Arvore ameaca cair em praca do Jardim Independéncia Um perigo iminente omeaga 9 seguranga dos moredores da mua Licia Tonon Martins, no Joreim Independéncia. Ume érvere, com cerca de 85 metros do ature, que fica na Frage Conselbeiro de Luz, omeoso coir 9 qualquer momento. Ela foi atingido, no finel de novembro do ‘ono passado, por um roa e, desde este da, cpodreceu € moreu. Aarore, de grande porte, € do tipo Combi e esié muito préxima 6 rede de iluminagso publica @ das residéncios. “O perige séo as eiangas que brincam no locol”, die Sérgio Marca, presidonte da Associagdo do Bairro. Jblona Vieira Lome! Inegrogso, 16:31 ogo. 1996. 2) Oquepretendia afirmar 0 presidente da associagao? b) Oque ele afirma, iteralmente? ©) Na placa com o dizer: CUIDADO ESCOLA\, podemos encontrar © mesmo tipo de ambiguidade que havia na declaragao de ‘Sérgio Marcatti © que tornaria divertda a leitura da placa? Nota: Para responder, leve em conta as seguintes acepgdes do termo "perigo”, constantes do Nove Diciondrio da Lingua Portuguesa e Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Perigo: 1. Circunsténcia que prenuncia um mal para alguém ou para alguma coisa, 2 Aquilo que provoca tal circunstancia:risco. 2 Estado ou situagéio que inspira culdado; gravidade. Texto para as questoes 3 4 Nao se pode interpretar a parte pela parte, ¢ preciso relacioné-ia com as demais partes; o todo, afinal,é a sintese das partes Leia com atengao a tire abaixo: ‘bea ou Unifesp (Adapt.) Com base nas informagbes verbais e vi suis, quo representa 0 belisoAo de Maria? [cute tie vatcre Pasoeua no Be oes HEIN Unifesp (Adapt.) Com base nas intormacées da figura, porque Leonardo voio ao Brasi? Relluro de una possagem do ile do romance Memos de um Samanta de Wiliiss Depeniel ov: . (Adop: TE Leia 05 excertos a seguir Cada um sabe odor eo de jo de sero que é CCostana Veloso, “Dom de lu’. Interpret: Coetana Veloso, In: Totlments demars. Rio de Janeiro: Universal Music, 1984, Faia 1 CQ lugar-comum o a transgross6o andam juntos em certos ort. Nas frases citadas, ha emprego de um recurso expressivo muito presente na literatura em geral Que recurso exprossivo 8 esse? Interpretagao o Capitulo 1 ‘Texto para as questées de 1.43 A casa das ilusées perdidas Quondo ela anunciou que estava gravida, a primeira re- oxi dele foi de desagrodo, logo seguida de franca imtacéo Que coisa, disse, vocd nde podia tomar cuidado, ongravidar fog0 agora que estou desempregodo, numa pion voce néo fem cobega mesmo, ne sei 0 que vi em vocé, j6 deveria ter rrecodo de mulharhovio muito fempo. Ele, naturalmente, cho- ‘ou, chorou muito, isse que ele tnha razdo, que aquilo fora Uma iresponsabildade, mos mesmo ossim queria ter ofilko. Sompro sonhoro com iss0, com @ maternidade ~ @ agoro que fo sonho estava prestes a 30 realizar, ndo dexora que ele se cestzesse ~ Por fovorsupicou. ~ Eu logo tudo que voc® ques. ev dov Um jetta de ararjr trabalho, eu sustento.0 nené, mes, por fover, te deie ser mée. Ele dese que o pansor Ao fm de rts dios daria a resposta Esumis \oltou, néo 00 cabo do te dias, mas done meses. Aque- fa clr elo js stove com urna boriga avantajado que tomava imposrivel 0 oborta; 00 vélo, esquecev 9 desconsideragéo) ‘equeceu tudo ~ estova corta de que ola vinha com a monsa- gem que tonto esperavo, vacé pode ter © nené, ev ado voce © cro Estava errado. Ele vinho, sim, dizer-Ihe que podia dar & luz a ciango; mas ndo para ficar com ela. Jd tinha feito o negdcio: troca- rim © recém-noscide por urna cosa. A cosa que néo ‘nkom « ave ‘ora seria olor doles, ola endo - agora alo promata ficrim pra sempre Ela cou desesperade. Ds novo cai em pronto, de nove in plorou. Fle se mostou iredtive. Ee, como sempre, cedeu. Eniregue o ering, forom vistor a caso. Fro uma modesto consrugdo num bairo popular Mas orao lar romatide o ela tcov extasiade. Ali mesmo, contudo, fez uma declaragdo: = Née vomes encher esa cose de crongos. Quatro ov cinco, ie nao disse nad, mas fou pansondo. Quato ov cnea ox 05, equil era um bom comes ‘oooy Scr Fol de Poul, 18 jn. 1999. THEI Ohifesp As cuas trases finais do texto deixam evidente ‘que tor mais fihos: (©) 6 uma possiolidade pouco atraente para o casal que, por ‘ora, ja conquistou algo a custa de sotimento. (b) serd para 0 casal uma forma de alcangar a folicidade, ja ‘que a mulher e seu companheiro poderBo tera casa chela de criangas. (©) pode tornar-se kurativo na éica do companheiro, embora ‘2 mulher ainda veja isso com olhes sonhadores. (0) 9 forna uma forma de compensar 0 episédio pouco feliz {da doagao do primeiro fino do casa (e) Nao alteraria em nada a vida do casal, ja que nao haveria ‘como fazer os dois esquecerem a crianga doada. EEA dhiifesp 0 casal age de modo contrario aos sentimentos ‘comuns de justia © dignidade. No contexto da narratva,tais comportamentos expliam-se: (2) pola fata de amor quo hé entre a mulher @ o companheko, fazendo com que tudo que 08 rodeia se torne um negécio ventajoso. (0) palo amor exagerado que a mulhor sente @ pola confusdio de sentimentos que © companhelro vive na descoberta desse amor (0) polo dio exagerado quea mulher sente do companheiro @ pela forma displcente e pouco amével como ele a v8 (2) pela submisséo exagerada da mulher 20 compantwiro e pela forma mesquinha @interesseta como ele resoive as coisas (2) pola forma imresponsével com que a mulher age em relagao a0 companheiro,o que o faz tomar aitudes impensadas. FEI Uhilfesp no texto, a ideia de ilusoes perdidas diz respeito &: [a) walizagao da maternidade que, na verdade, no atinge a sua plentude (0) desotagéo da jover mie 20 ver que a casa recebida nao ‘ra xuosa como concebora. (©) alogria da mae com a case e A superagéo da trsteza pela doagao da crianga (©) melaneolia da mao por programar odes as crangas que teria para trocar por casas. (2) certeza do homem de que a mulher nao formar com ele. umarna casa nove HIB Unicamp Leia a tira a seguir ¢ responda em seguida as perguntas: Seber i 12) Da leitura dos dois primeiros quadros, depreende-se uma opinido geral do garoto Calvin sobre proibigdes. Que opt- ido 6 essa? b) Observe 0 que faz Calvin no ultimo quadro da tira © exp que 0 que essa acao significa no contexto da historia, ©) Suponha a sequinte stuagao: numa auteestrada de alta veloci- dade, uma placa de sinalizacao diz Nao pare na pista” Ber Vista da placa, um motoristatrafoga em marcha & rs, no acosta- ‘mento Pela gica de Calvin esse motorista esté errado? HEB TA Leia 0 texto a soguit ocd entra no bate-popo, conversa, troca e-mail, faz amizade. Posse horas nevegando com um bande de estranhos. E nunca sabe 0 certo com quem esté jalando. O enonimato pode ser ume des vantogens da rede, mas também uma ormadilh. Pora tentar evitar possvels decepgbes no hora de verdade, @ Ihtemet voi sofisticando recursos, unindo psiealagia, tecnologio © diverséo @ tenfando melhorar 0 que podemos chamer de relacio~ ramento em rode. As novidedes $80 boos para quem eposte no virval como al fernativa na hora de conhecer novas pess00s e pora quem ndo quer levar para 0 vido real um goto no lugar de uma lebre, com 0 devido respeto aos bichinhos.[..] Viviene Zendonedi.“Vecs sobs quem estéfolando?” Folha de S.Poulo, Cademo Informatica, 4 ogo, 1999. a) Escreva duas palavras ou expresses do texto que ganha- ram novos sentides na érea da informatica b) _Emse tratando de relacionamentos amorosos, levar “gato” (ou "gata”) no lugar de “lebre" poderd ser um bom negécio. Exolque por que é possivel essa interpretacao. GDI TIA ossinale a interpretacao sugerida pelo seguinte tr cho publiitério: Fotografe os bons mementos agora, porque depois vem ocasomento. () Ocasamento nao merece fotograias, (0) Afelcidade apés o casamenio dispense fotografas, (©) Os compromissos assumidos no casamento limitam os momentes dignos de fotografia. (©) Ocasamento @ uma segunda etapa da vide que também ‘dove ser registrada. (©) O casamenio é uma ceriménia que exige fotogratas ex- clusivas. EDD Unicamp Leia a charge a seauir Fobba de SPoul, 8 out 2008, FB. Jogos de imagens @ palavras so caracteristicos da linguagem de histéria em quadrinnos Alguns desses jagos podem remeter a dominios especiticos da iinquagem a que temas acesso ern nosso Ccotidiano, tals como a Inguagem dos médioos, a linguagem dos feconomistas, a linguagem dos locutores de futebol, a inguagem dos surtistas, entre outras. E 0 que ocome na tira de Laerte. a) Tanscreva as passagens da tra que remetem a dominios especiicos e explicite que daminios so esses. b) _Levando em consideragao as relacoes entre imagens e pa- ‘avras, identiique um momento de humor na tra e explique ‘como @ praduzido. EM Fovest Contra a maré Atribo des que preieram ficar 8 margem do corride dos bits @ bytes néo é minguada, Aes sd0 08 rententes que fazer a tecnolo~ 90 ficar mais Facil Nesta nota jornalistica, a expresso “contra a maré” liga-se, ‘quanto ao sentido que ela af assume, & palavra (2) tbo (c) renitentes. —(e) facil (0) minguada. (2) tecnologia. FEE nem © movimento hip-hop € 60 urbano quanto os gran des consrugées de concretoe as estogées de metre cada do se forma mais presente nas grandes mettépoles mundiis. Nascev na perferia dos boiros pobres de Nove lave. £ formado por tes elementos: o misico (0 rap), 08 ones plésticas (grate) e a donga {0 break) No hip-hop os jovens sam os expressées aistices como ume forma do resistencia palitco. Enrotado nas comados populares urbana, o hip-hop afimmou -se no Brasil e no mundo com um discurso polteo a favor dos excludes, sobretudo dos negros. Aposar de sor um movimento oi sinéro dos perferias nate-omericanes, nda encontroy boreiras no Erasi, onde se instalou com certenoturlidede - 0 que, entont, ‘G0 significa que © ip-hop braslevo néo tenha soko infléncias locais. © movimento no Bras & fibril: rop com um pouco de sombo, breok porecido com copoeia e gralile de cores mulo vives Ciéncie © Cus, 2004, (Adopt) De acordo com o texto, 0 hip-hop & uma manifestagao artstica tipicamento urbana, que tom como principais caractoristicas: (2) aéntase nas artes vsuats @ a defesa do carter naciona- lista (9) aalionagéo polos © a preccupacao como confita de go- rages. (0) aafiemagdo dos socialmento excluidos e a combinagao de Inguagens. (3) alintegragao de dterentos classes socais e a exaltacéo do progresso, (0) a valorizagdo da natureza e 0 compromisso com 03 ideals norte-amencanos. ED MA O antincio a seguir, de uma rede de hipermercados, ‘apareceu num autdoorpor ocasido das fesias de fim de ano. Seus emigos-secretos esto no Carrefour ‘Aponte duas interpretagies possiveis para esse anuncio. ‘Texto para a questao 11 No inicio do século XV, Maquiavel escreveu O Principe uma célebre ondlise do poder police, apreseniods sob @ forme de fi ‘$608, ddigidas a0 principe Lorenzo de Médicis. Assim justffcou Ma quevel o-cordter professoral do texto “Neo quere que se repute presungdo 0 falo de um homem de bolo € fatima estado discorre © regular sabre 0 govemo dos princ pes) pois assim como os [certagrafas| que cesenham as contomas dos paises se colocam ne planicio pare considerar a notyraza dos mon- tes, © poro considerar ¢ dos planices ascendem aos monies, ossim ombém, para conhecer bem notureza dos povos, & necessétio ser principe, © pore conbecera dos princivs é mecessdrio ser do novo". “Torlugo de Livio Navies (Ad pt). a Interpretagao de texto IETS Fuvest Ao justicar a autoridade com que pretende ensi- rar um principe a governat, Maquiavel compara sua missdo & ce um cartégeafo para demonstar que: (a) 0 poder police deve ser analsado tanto do ponto de vista de quemo exerce quanta dode quem a ele eat submatide (0) @necessano @ vantajoso que tanto o principe como o str dio exergam alterradamentea autoidade do goverante, (©) um ponder, o eontréo do que acarte com umeartégra fo, no precisa mudar de perspectva para situar posigbes complementares (6) a8 formas do poder politic varia, corforme seam exercdas representantes do pov0 ou por membros da arstacraca (©) tanto 0 governante como o governado, para bem compre enderem o exercieo do poder, devem restinglrse a seus respects papeis Texto para as questoes 12 € 13. FEB x0 tipo de retagao semantica temos na charge que tam- bam ooorte no trecho abaixo? E se somos Severinos [guais em tudo na vide, moremos de morte igual, ‘mesmo morte Sever Jobe Cabral de Melo Neto Jaa Cabra! de Melo Neto: obra complet Rio de donee: Nowa Aggie, 1994 TEBE 0 que autor deicaimpito na charge? “extos para a questio 14, Textol Capitulo 1 Texto ll fol Amor é fogo que orde sem se ver; Eferide que di E um conte Go se sente: mento descontente E dor que desotina sem doer; E um nao querer mais que bem querer; E solério andar por enire a gonte; E nunca contentar-se de contente; far que s@ ganha em se perder E querer estor preso por vontade; E seria quem vence, © vencedor Eter com quem nos mota lealdodo ‘Mos como couser pode seu favor Nos coragdes humanes amizade, Se too contréro 0 #14 0 mesma Amor? Luis de Comdee Sonetos de Combes. So Paulo: Atlié Edd, 1998. EEE ocp Considere as seguintes afirmagdes: 1. Amb0s 0s textos (a foto @ 0 poema) tematizam 0 “ogo”, po- rém CamBes dé outro tratamento ao assunto, comparando achama a0 amor ILA oposizao no texto visual fica por conta do claro-escuro, ‘em Camées, temos a oposigo por meio da contradigao (0 amor é contradtério) II, Em feride que d6i endo se sonte, 0 conectvo “e" poderia ser substitu(do por ‘mas’, som que hala alleragao seman- tice Estdo corretas: a) apenas | (©) apenas |e UL () apenas 1! (©) apenas Ie tL (0) apenas Ill HEED berg Leia 0 texto a seguir Leitura e escrita como experiéncia Oavesso Quando penso na le de aule ov fore dels), refro-me @ momentos nos quais fazemos rea como experiéncic (na escole, na solo ccomentérios sabre livros ou revistos que lemos, trocanda, negon: do, elogiands ov enticande, contande mesmo. Enfin, situcgaes nos fal como ume viegem, ume aventura falese de livros © 9, Poemas ou personagens, comparthando san- ‘imentos @ reflexées, plontando no cwvinte a coise narradl, quois de histries, con um solo comum de inferlocufores, uma comunidade, ume colstivi: dade, © que foz do it fem que a lettre & par 1da tanta quem |& quanto quem pron lou 6 leture 00 escrover, aprendom, crascom, so desafiados, Defend @ letura do Iteratura, do poesia, de textos que tém mag6o sobre cléssicos, sobre géneros ou sobre estilo, escoles ov cormentes iterénas que toma @ letra uma experiéneia, mas sit o mode de realzagbo desse letra: Ela deve cer copa de engendrar uma reflexdo para além do seu momento em que acontece, ser a: poz de ojudor a compreender « hisiéia vivida antes sistemotizeda ‘ou confade nos livros Bria Kramer “Leta ¢excilo como expeténcia = sev popel re formar {0 de sujedos socio” In: Pesenge pedogagica ¥ 6, 31, joniew 2000, p 2. Considere 0 excerta, Detendo o leitura da iteraturo, da poesia, de textos que tém dimensdo ortstica, néo por erudlgée. 1a) Embora o treche destacado no se inicio por conectvo, seria possivel acrescontar-ihe conjuncao, preservando a relagto de sentido com o conjunto da frase. Aponte duas conjungées ilerentas que, no mesmo contexto, poderiam introduzir 0 trecho em destaque.Incique também 0 tipo de relacao de sentido que estas conjungdes estabelecem na frase b)_De acardo com a argumentacsa deservaWida pela autora, lustiique a presenca da forma negativa no trecho desta cada Texto para as questies de 16 2 18. bulade ¢ liyminade vide moderne. [..] Companhias do turismo da: vveriom cra “excursées natures”, em que grupos de pessacs 560 fransportades oté ponies esiratégicos pore serem insiruides por um asirénome sobre os maravilhas do céu notumno. Seria @ nascimen: fo do “turismo astronémico”, que complementaria perfefiamente 0 nave turismo ecolégica. E por que néo? Turismo astronémico ou no, talvez a primeite impresséo 00 ‘observermos o eu notime seja uma enorme sensagio de paz, de permanéncia, de profunda auséncia de movimenta, fora um eventual vide ou mesmo um satélte distante (uma esirelo que se movel) Vemos incontives estelas, emitindo sua radlagdo eletromegnética, perleitamante indiforentes ds olubulagées humanas. Essa visdo pacota des céus & completamente diferente da visdo de um astrofsice moderna. As inacentes estrelas so verdadeiras for- nohos nucleares, produzindo ume quantidade enorme de energia «cade segunda. A mote ce uma estrela modesta como o Sol, por ‘exempla, vrs ecompanhada de uma expleséo que chegor nossa vizinhanga, ranstormando tudo 0 que encontrar pela Frente em posira cbsmica, (O leor néo precisa se preacupar mute. © Solain- ole 0 do produzia energia “docifmente” por mois uns 5 bihies de anos.) ‘arcelo Gisieet Resahos céemicos EEG Fovest 0 autor considera a possibilidade de se olhar para © c6u noturno a partir de duas distntas perspectivas, quo se evidenciam no conitonto des expressées: (c) Tnaravihas do céu noturno"/“sensagao de paz’ (0) “nstruidos por um astrénomo"/*visio de um astrotisic, (© Yadiagdo eletromagn dic /“quantidade enorme de energia (©) “poeira césmica” /'visao de um astotisico” (c) “auséncia de moviment' /“fomalhas nucteares" Fuvest Considere as seguintes afirmagbes. |. Na primeira frase do texto, os termos “atrbulada” © “lumi- nada’ caracterizam dois aspectos contraditros @inconci- ayeis do que o autor chama “vida moderna’: Il No segundo parégrato, 0 sentido da exprossto “perfota- mente indferentes as atribulagGes humanas” indica que #90 dostez aquola “primeira impressac” desapareceu a ‘sensag de paz” IL No terceito pardgrato, a expresso ‘estrola modesta’ refe- rente ao Sol, implica uma avaliagao que vai além das im- pressbes cu sensagSes de um observacor comum. Esta corrto apenas o que se afma em: (a) b fo) fo) UL (d) tem (0) Hell. EDI Fuvest De acordo com o texto, as estrelas: {©) fo consideradas ‘maravihas do céu noturno polos obser- vadores ligos, mas nao pelos astrénemos, (o) possibiltam uma “vsao pacata dos céus", impressao que pode ser destota plas instrugdes de um astrénoma (6) produzem, ao observador lego, um efeto encantaténo, em ‘azo de serem “verdadeiras fornathas nucleares” |) promovem um espotaculo noturno tao grandioso, que os mmoradores das clades modernas se sentom prvlegia- os (©) eontundem-se, por vezes, com um aviéo ouum satéit, por 0 movimentarem do mesmo modo que estes ‘A questao de numero 19 toma por base © poema Lisvon revisited,do heterénimo Alvaro de Campos do poeta modernista Portugués Fernando Pessoa (1888-1935), ¢ a latra da cangao “Metamorfose ambulante’, do cantor @ compositor brasiiro Raul Seixas (1945-1969). Lisbon revisited (1923) Nao: néo quero nod J6 disse que no quero nado. Nao me venham com conclusbes! A tinica conclusbo é mere Nao me trogom estéticas! Na me folem em moral! Tirem-me daqui a metafisce) Néo me opregoem sistemas completos, néo me enfilerem conguistos Dos ciéncias (dos ciéncies, Deus meu, des céncias|) Dos ciéncios, des ores, da civlizagéo moderna! Que mal fiz ev 908 deuses todos? Se t8m 0 verdade, guordem-nal Sou um fécnice, mas fenho téenice #6 dentro da técnica. Fora disso sou dai, com todo 0 direto 9 slo. Com todo o dirsito @ s8-b, ouviram? Interpretagao de texto Nao me macem, por emor de Deus! Queriom-me casado, fail, quotidiono e tnbutivel? Quoriam.me © contrrio disto, 0 contrério de qualquer coisa? Se eu fosse outta pessoo, fozic-lhes, a odes, a vontod. Assim, como sou, tenham paciéncial ¥60 para 0 diabo sem mim, Qu denem-me ir sozinbo pare o diabo! Pora que havomos de ir juntos? Néo me peguem no brogo! N30 gosto que me peguem no brag. Quero ser sozinho, J6 disse que sou sozinho! Ah, que megade quererem que eu seja de companhicl ctu azul ~ 0 mesmo de minha inte ~ Bema verdade vazio e perfeito! ‘© macio Teo ancestral e muda, Pequena verdade onde océv sereflete! CO magoa revisiads, Usboa de outrora de hojel Nada me dais, nada me ais, nada sols que ev me sna. Delxom-me em paz! Ndo tard, que ev nunce tard. E enquanto tarda 0 Abismo e 0 Siléncio quero estar sozinho! Ferando Pessoa. FigSes do Invedio/4: poesios de “Abara de Campos. Metamorfose ambulante Ld Eu quero dizer agore 0 oposto do que eu dlsse antes Eu pref ser essa metomoriose ambulonte Do que tar aquela velhe opinido formade sobre tudo bel Sobre o que € 0 amor Sobre que eu nem sei quem sou Se hoje eu sou estrela amonha ja s® apagau Se hoje au te odoio amanheé the tenho emor the tenho amor Lhe tenho honor Une fago amor 20 sou um ator. fal Reul Seixas, Os grandes sucessos de Reul Seas. IEE Vonesp 0 poema Liston revisited 1923) ¢ a cangao"Me- tamorfose ambulante” (1973) identficam-se por alguns aspec- tos formais e por focaizarem como tema a attude de reboldia 0 individuo aos modelos e padrées cultwais que Ihe sao im- postos. Relela-os com atengao e, a segui a) servindo-se de uma escala em culos extremos estejam atilude eulérica (sensagao de bem-estar @ de alegria) © atitude disférica (sensagao de mabestar, ansiedade, in- ‘uietagao), demonstre qual dos dois textos esta mais pré- ximo do polo da alitude distérica. Capitulo 1 b)explique em que medida o verso de nimero 17, de “Meta ‘morfose ambulante’, sintetiza 0 conteuido da cangéo EEX Fuvest 0s textos a seguir sao fragmentos de poesia; leia- “03 6 faca a comparagio solistada LL Plid,& le do lmpad sombrio Sobre o leito de flores reclinado, Come a la por note embalsoroda, Eno nuvens do omes le dormia! I. Ume noite, ev me lembro... Ele dormio Numa rade encostada molement. Quase aberto 0 roupso... soko ocabelo Eo pe descako no topete rente (Os dois textos apresentam diferentes concepgdes da figura da mulher, Aponte nos dois textos situagdes contrestantes que revelam essas diferentes conceppdes. ‘Texto para a questao 21 Amor e medo Quando eu te fujo © me desvio couto Da luz de fogo que te cerca, 6 bela, Contigo dizes, suspirondo amores “Meu Deus, que gelo, que fiteze aquele!” Como fe enganas! Meu omer & chomo, Que se alinonta no voraz segredo, Ese te hijo & que fe adoro louco. Ex belo ~ eu mogo; fens amor eu ~ medal Teno medo de min, dot de tudo, Da lux, de sombro, do sléncio ov vores, Dos feos seces, do chore dos fonts, Dos heras longos a corer velazes ul Cosmo de Abreu [EDI UFR6S Em amor e medo, Casimiro de Abreu: (2) recomenda cautela & amada pare que a luz de fogo que a corea nfo revele a terceiros os segredos do casal (0) evita os encantos da amada justamente por desejer a ‘moga em excesso, respondando ao amor dela com seu medo (©) nota que a amada engana-se 20 julgé-lo ardente amoroso, pois se trata apenas de uma impressao cau- sade pela distancia que os separa (2) eta apreximarse da amada, porque as horas longas a corter velozes, em breve, projudicardo a intensidade do do- sejo que os une (0) dscorda da amada que afirma que el foge dela para evitar a intonsidade do amor que se alimenta no voraz segredo. FEI o fragmento seguir pertence a0 compositor Cazuza. Leia-o atentamente, fol Ev vejo 0 futuro repetir 0 possado Fu vejo um museu de grandes novidades O tempo née para do para, ndo, nd pora Ey no tenho date pra comemorar As vezes os meus dias s80 de par em par Procurande egulha num palleiro fod Carina; Arnalda Brondao. °O tempo no para” ntrprete: Conan, hh O tempa ne para. Res de Janeiro: Poiygrom, 1988. Fava 6. ‘Transoreva, do excerto anterior, uma passagem que apresenta um paradoxo. ‘Texts para a questio 23, Texto! “Amor éfogo que orde sem sever: E feida que d6ie née so sente; um contentamento descontene; E dor que desatina sem does um nao querer mais que bem querer; £ solitirio endor por ene © gente; E nunca contentars0 de cootente: E cuidor que se ganha em se perder: Combes Texto I Arvoré fogo? Ou é cadente Isgrinna? e's ev navhago em marde laboredos Que lambem 0 sangue ea Hor do pele acendem Quand 6 clbor me ves & tone dque E como arde, ct como orde, Amor Quando o ferida dé’ porque se sente, E omover dos meus olhes sob a casca Y6 owito bem © que devia na0 ver lho Brunblde Lavo, EEA Mackenzie assinale a atternativa coneta, ()Otexto 1, com sua regularidade formal, recupera do texto I origido padrao da estética clissica. (b) Os dois textos, ao negarem uma concepgéo camal do ‘amor, enattecem o platonismo amoroso (©) O taxto 16 0 texto I 680 convergentes no que se refere & ‘oncepeao do sentimente amarosa. (6), O texto Il contesta o texto | no que se refere ao ponto de vista sobre 0 amor (c) Os dois textos converger quanto & forma e & linguagem, mas divergem quanto 20 contatida Enem A questo étnica no Brasil tem provocado diferen- tes attudes: |. nsttuiu-se 0 ‘Dia Nacional da Consciéncia Negra” em 20 de noverbro, 20 inwés da tradicional celebracao do 13 de rmaio Essa nova data 0 anversério da morte de Zumbi, que hoje simbolza a critea a segregacto e a exclusae so- cal | Um turistaestrangeiro que velo ao Brasil, no carnaval, ai ‘mou que nunca vi tanta convéncia hermoniosa entre as dvorsas etnias. ‘Também sobre essa questio, estudiosos fazem diferentes re- flextes: Erie nds [brasieias), [.] © seporagéo imposta palo sistema 60 produgb0 fi o mais fuide possvel. Pcmitu constonte mobilda de de clesse para clsse © oté de uma raga pora cura. Esse amor ‘cima de preconcsios de raga e de convenes de clesse, do bran co pela cabocla, pela cunhé, pela indi [.] opiv pederosamente na formagdo do Bros, dagando-o, Gibere Freire. O mundo que 6 posugutserou [Portm] 0 foto # que cinde hoje @ miscigenagéo nao far parts de um processo de integragéo das “rages” em condigéos de igual dade social O resultado foi que [..] ainda s80 pouco numerosos ‘0s segmenios da “populagée de cor” que conseguiram se integres, cletivamente, na saciedade competitva, Floretln Femendes. O negro no munds des broncos. Considerando as atitudes expostas @ os ponios de vista dos ‘estudiosos, 6 correto aproximar (2) a posiggo de Giberto Freire © a de Florestan Fernandes igualmente as duas atitudes. (0) a posig&o de Gilberto Freire @ attude |e a de Florestan Fernandes @ atitude I (0) aposigao de Florestan Fernandes a atitude | ¢ a de Giber- tp Freire A atitude I (G) somente @ posigéo de Gilberto Freire a ambas as atiudes, (©) somente a posiqao de Florestan Fernandes a ambas as attudes. Interpretagao de texto OKC es le aaNat Curiosidades linguisticas Capitulo 1 Por que velhos $30 “co: roas"? — Quando howe a pro clomogéo do Repiblico, tudo 0 ue ero imperial passou 0 ser sindnimo de coisa antiga. Em sev Novo dicionério da giro brasileita (3 ed. Rio de loneio: Tups, 1957, sv. — 0 1° edigio 6 de 1945}, Morvel Viot de fine cores como gjria militar, como sentido de “Antiguidade, ‘9 monarauia decide”. Por for. c0.do recrutamento obrigeério dos jovens de 18 anes, que, Ando o treinomento, vltom 8s lividades civis e difundem « linguogem da caserne, muitos pa leveas da girio milter acobom adquirindo foro de universolidade Foo que acorreu com “rancho”, que designa o restauranle e, por etensio, a comida au « refeigio, coma em *hora do rancho", ou 0 que ocomeu com batebute, corruptelo do inglés botle boot, “bota de baialha”, que designa © cotumo ou o chopim. Assim, tude © que era antigo ou velho era da cores ou, simplesmerte, po metonimia, ero “coroa". Um homem velho, pottonto, & entiguido: de, € coroa For que se diz “conto do vig"? — A paloma "vigdtio” vom co latim vicorv, que significa “substivio’. bso quer dizer que © sacerdote & chamado vigirio por ser um substitu do bispo, numa poréquia. © Papa ¢ chamado de “vigéro de Cristo", ito 6, 0 subs ‘tuto de Crista. £ nesse sentido origincl de substitute que se chama “\icério (com c, porter entrado no lingua por via ervcit] 0 verbo que, numa oragéo, subsitsi outro, do oracéo precedente, como em “Se ele pergunta & porque nao sabe", onde o E esta no lugor ce PERGUNTA A expresséo “conto do vigério", pora designor urn engodo, relocionc-se com o sentido primiivo do termo latine, € 160 com 0 sacerdete. Em outas palaveas, “conto do vigério’ & a Fistéria em que uma pessos leva 0 substitute (sem volor) de algo que pretendio adquirr com vantagem. Em termos proverbiois: leva gulo por lebre. Tembém se chama “conto do pac". Paco veto do letim paccus ov do francés pacque (palavra o”ginéria do stimo reerlondés pocke), por intermédio do Iunfardo, como giio de lo das, Pacole @ diminutvo de paco Por que “amigo do ongo"? — Alquns autores fantasiom 0 oF em da expresso popular “amigo da ongo’. Magelhses Jini, em seu Diciondio brosiro de provérbios, ocugées @ tos curio 305 (4 ed. Rio de Janeiro: Documentério, 1977, s¥ omigo da congo), conta a seguinle histéria: um cagador mentroso dizio que {ora acuado por umo onga de encontro a uma rocho. Sem armas sem ter como fugis, escope dando um gfto 160 violento que conga, ossustado,fugiv em panico. Ante descrédo do ouvinis, o contador de histbrio pergunta: “Vocé & meu amigo ou amigo da congo’. Anlenor Nascentes, no Tesouro do froseologia brosileira [Rio de Janeiro: Nova Frontera, 1984, s% amigo), conta outra tistéria: um cogador, &beiea de um ebismo, encontrou uma ence. Teniou moté-to, mas a espingarda follow. O cogador entao per {uta 00 ouvinte se ele imogino o que oconteceu em seguido. Este, obviomente, responde que o onga terio devorado 0 cagader Eo cogador, indignado, pergunta: “Voce & meu amigo ou omigo da ca?” S60 histios fontasiosos sem respaldo documertol (ro, “onco’, no expresso em estudo, néo designe o felino, porque esté no sentido cassico de “misrio’ “Estor na onga", para Go Ribeiro raze feitos, Rio de Janeiro: Francisco Ahes, 1908, p. 125.6) & esr no pentio. A libra tem doze oncos. Estor na undéci imo onga éestar quose no miséria. Jodo Ribeiro refere-se & exoressa0 tombém em italiano: “su Fundic‘once®, isto 6, no undécima orca, quese no miséro. Mocedo Soares (Dicionério brasileiro do lingua portuguesa. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1954, vob |; 1955, voll, sx once) explicta que “estar no anca” é “loc. dos estudantes, nBo ter vintém’. Quem sé finha uma ongo procurave guardé-la ov evitova gasté-lo, para néo ficar 0 2e"0. Tomov-se, portanto, compuksoria- mente, um “emige da onga’. Cem oempo, “emigo do ongo” pos- sou a sinénimo de “amigo da miséri” hela, como o perscnagem que 0 humorist Péricles de Andrade Maranhéo imoralzos nas pa- gies da revista O Cruzeiro. For que o mou motorista & barbeiro? — Viterbo ofirma que barbeiro era 0 oficial “que se ocupava de alimpar, agacolor, dar esmeri e quomecer as espodas, adogas etc” (VITERBO, Joaquim de Santa Rosa, Elucidério dos polovros, fermos ¢ frases que em Portugal se usoram e que hoje requlormente se ignoram. Edicéo attica de Mério FiGza Porto: Civilizacd0, 1965, s Borbeiro dos espados). © dicionério de Moraes Siva diz que barbeiro & 0 "ho- mem que far os barbos, eas ropo, corte ou aporo.” E conclu: “ha borbeiros de loncela, ou sangradores, outros dantes conseriayam ‘0 espadas limpondo-as, ¢ ofiando-as,aliés olfogemes” (sv Bor- beiro). No seu Glosséro erfico de diiculdodes do idioma port qués Porto: Simées Lopes, 1947), Vosco Botelho do Amoral (. Borbeito) cto Gongokes Vian, que informa que, “sobvetude, © borbeino finha amplas fungées de médico de oldeia,aalicondo me- ‘inhas e sanguessugos, fazendo sangris, cortando calos ¢ trando dentes" e que “es barbies da aldeia tinhom,olém de outras, tam- bem fungdes de sangrodores e de cirurgides". Vasco B do Amarcl lembra um onexim popular de sua époco: “quem Ihe déi o dente busca o berbeira’. Ora, quendo um berbeiro era inflizem alguma miso diferente daquela que Ihe gorantira © nome da profissao — «der se & barba ¢ ao cabelo —o povo lembrave que o insycesso da empreitada era “coisa de barbeio” e nd0 de médico ou de dentista especiolizado. Por exlensdo, era chmado barbeiro quem fazia de mado infliz alguma coisa pora a qucl nao era profisionalmente preoarado. Um metorista, consequentemente, é borbeiro quando reoliza olgum fipo de monobra que denota a sua incbilidade ao volonte ou « sve folto de vocacéo come condutor de veiculo ‘bs Avcuso Carvalho.

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