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LINGUAGEM Maria Juracy Toneli Siqueira Adriano Henrique Nuernberg © que 6a Jinguagom © cue azemoe quando queremas mostra uma peesas oque fgtamos pensando oa sentido? Zim geral flames. & ss, por ‘lgum motivo qualquer, estamos imposaiilitsdas de fale? Pot mos tentar comumigarmo-nos atavés de gests, da mimica, da ssarla, de atiudes, do corpo, entim, podemos uilizar outras oumas de Hinguagem para tansmiic aos domals o ave pretend mow Semutito alguns estudiosas da comunicagso humana (Wat Inwnck, 1967) “e impesnivel nao comusioar”, pols mesa em sléneto estamos comunicando alga coma, por exeinple, “nto quoro falar” ou “no quot falar agora ou “ito aqui esta rita cchato” ou. ‘no estou entencendo nari" ¢ asim por dante, Sem ‘busvarmas fomas de fornecer aos outs mics mais cates pa idomtoarem o que quotemas dizat. ao entanto feamos & merce io sia intorpretagso arbitania. Nao que nowsae ouvintes Naa tos ‘exprotem sompre mas, certmence, hé que so estabelser umn ‘Belgo coinam entee noe pare que possames comunicarao-nos mas factinens, Neste sentido, o¢ grapes humanos conetrem fomas part ‘hariss, ebtiges polos quais sous viioe membros poasim wane mit a3informagies uns ecccuiros Aslinguas atosam isto, senda ‘que, meemo entia aqueles que falam uma lingua titi, hs diferengas sigiiontives seguro ae tadloSes do grupo a> ual Dertencem. No Eros, por exomolo, usamee pelo menae eo Doloveas diferentes para nome uma mesma raie cottestivl: ‘anctoca, aspim, macaxeica, Se alo pertencemas ao rupee 2 la nomeia mancioca, necassiacemas de algumas pists accio 8 nals para comprcendermos do que so tata atinal Pare alémm de sus funda de nomeagia, as palavies apresentan-se também ‘cartegadas de semida. Nose cago o fala: mancioca ea lala rh nas cosa do que uma mera teferencia zaizom a, Para algun, lemirangas de uma época de infSncias8o imeciotamente evra dds, reagatando os almogos em fami, nes sabados, em que ext cia da' mesa comida mineira, com carne do porco, couve tefogada © mandiocs cozida com manteiga gachia a ol, cs ‘arize0 © oesémago, Para outs, coramente, seatidas diferentes ‘omitdo, pesto que cada um cas, embarapartencondoa gropas ‘que compartiham uma mesme cultura, comproende attawas de slistinias manotes os enanciades em transi ras relagies soils. (Ont veriagdo da comonicagdo humana da imusgem goer cuja carnctmistics principal 6 a possitiidads do registro © trnnsmisséo de informacdes de manalra mais permanente do Te ‘alinquagem oral. Se esta tihima surgi em coccréneta da nove sidade da comunicacao imedkata, « escrita ver para garantr a furabdade destasinfoemagoes no tempo & no espe, permit Sotambem oncasse 8 um inorocutorausents do camps. Airavés ‘a eserta nas comunicanos com amiges quaicos que se encom: tuam Jonge do nés,reoietramos nossas expenéncins pres nis sob a forma de curioulum vitao, apreventames nossns elas em lrakalhos centions, detxamos bthetes pata hossos compantttee do moracin, fimamos relagies conuatua, enfin, ane tanta’ possblidades,crganizeinos nosso eotdiano median deixamas ssa marca através des tempes.F passive, poe axemplo, recone tit toda uma epoca histéioa, Incuinde modos de vive, stravas des dilerenies foams de roplsto © dos vexias produaicos pela humaniace (Das primelias verbalizagdos @ plnturas nas cavernas aut 96 linguas atwais » suse formas osecias evidencia-va a cimensto Fisica # socal desta produe humana, $e © hamein priv hia os sinais da natuteza (peyadas, alregao da. vente, galtos ‘quebrados etc) e com eles anentava sua aeao na mundo, com 2 ‘riagid dos siqnas fenquanio sinais artidalmente cae por homens mulheres) amplia-se o Amite das poabiidades da cexistencia humana, Por hora convémn ressaltar que a inguager, enguanto uma fungéo complexa, ecasanta-se como uma dis grandes questies das Ciencias Homanas o Sociale uoetecécule, sabratudo nes dens a9 | da Psicclogia, Sociologia e, evidentomente, da Linglstaa.tni- imeras tects Gedicaram éniase inguagem, ainda que defenden- do distinias pontos de viste e camanda a alangdo pare dierentes snectos desse tema ‘A linguagem Segundo Vygotski e Bakhtin Homens @ mulheres diferenclam-se dos outros animals peo {ato de que as calegonas fundamentais de sta ag8> no mundo ‘mudereen substanclalments ne transcutso de sus hiséria com a Introdugdo do trabalho social e das formas de vida sovetéia a ele — vinouladas. © trabalhosacial, porate, mestiante advise do suas JungSes, orginou novas fonmes de aggo, no Imadlatomonta relacionadas nos motivos bioldgicns elementares. O segundo fetar decisive nesta Lsjelotia é 9 sugimento ds Inguagem. Fer-se ovesesro. enl4o, tratar da inguagem dentro do pracasso st rico da desenvolvimento da cultura 2, congequentemente, das -préprios homens e mulneras. Sando assim, parra-cedo presstpes: todo quod uma rolargo do wousao ont « istora do sor humano fenquante especie coma produgao da knguagem, entendida como resultado ca necessidade ce complexiicagso das formas de co: municagio. Confoce a ontologia mansisia, a inguagom tala sido produ ‘ida por homens © mulheres a parit do processa de comple. >afieagio de suas necessidades ¢ da divise do trabalho, o que ‘engendrou uma nova neeossidade: a do uma comunicagdo male ‘esiroita (Luna, 1986). Pace a isso, passou-se a designar agées © situagSes por meio de codiges, os quais estariam fundemental ‘mente vinculadas ao momento mais imediato de ea contexto social Parimas também do foto de qua “A lnguaem to velha como a oosciéndia: & » conecténcs seal, ration, quo exdate tan para ouzee homers © quo portant existe iqualmanto 6 pata mim 2 ta como nonscibnca, 80 suige com @-nocoesdde, as exigéncias dos contains com {Aizen gin jute Lo 8. Vy Ala Lae ten ‘resinous eo 9 chs cm eng a uns hisga tops 9 sate abach Faa osaefeotsaaun © umes tunes 8 un fries ein dan ost Pea Seemcctnllnareldy bv. Algal cam area Se ere mn in coanon deo oar cme eae 120 futios homens, Onde existe uma relagS, ola eta para mi* (Monee Engels, 1928. p. 36. Em A Ideologia Atemé (1969), Marx e Engels flrmam que nao se pode ainbuir um catater suiénomo a linguagem, coma as ‘nidsotoe Kelas Naoram com o pensamenta. Ambos 0 expres: 688 ca visa teal. Por outro lado, ¢ propio Engels, em carta a Bloch, de 21/09/1860, argumenta que-nem todas as alerecies que faconteoem nas insitulgSes sociais cever a cansas osttamen- te acandmicas, o que nue leva a cter que a inguagem goxa de ‘elativa autonomia em relagao as formagdes socials. Aparente- ‘mente contacitéras, estas duns afimagSes demonstram ocarétat ‘complexe da lnguagem, que pode ser estudada & partir de rmiltiplos pontas Ge vista sendo, 20 mesmo tempo, inaivicual e social, fete, fisicidgioa © priguica. Neete eantido, faz-se impot- tante nao desvincule-Is da vida social sem, 10 entanto, desoansi- dorar sua especificidade, Neste caso, eduz-is a um complexo lingua e fala por umm lado, apostando na sua basa mobibdade hisiotioa & no fata de que o sujeia de fala & axiomaticament individual, como o quer Pery Anderson, em sau lo A cxse da tise do marxism (188), ou, Por auto, reduz-ia ao nivel eal ‘gic, parece no nos ajucay muito a comprocndé-la em suas _multiplas facetas e determinagSes. Da mesma forma, repel que ‘2 Snguagem 6 ietromonio Go coder ndo @ nada inavador on ‘ecareendar, Tenlaremas, com base nag teorise da Abordagem storco-Culnnal, desenvolvor asso tema, condo om vista aim ‘porténcia desse principio para @ nogio de um homem hit6rion @ ‘socalmente eonsituido que se delende agus A linguager,wransformando-se através da historia, passou de sums fungto de designagio de objeios na atividade pxditea ane 5 Homens @ uma uneao de acdmulo e transmiss4o de coniec\- mento individuo a individ e através das geragses. Tal processo hist6rion exprossa-se também na unidade contal da lneuager, a saber, a palavta, cuja wanslormagdo Imploou na estabikzagio ‘do Amblue de generalizarSo ana proaressva reducdo do-universo de sua referencia (Luna, 1986). Assim, 20 nos primordios uma ‘palavra ora utilzada para comunicar am nimero considerdvel de ‘ventas on infarmagies, aos pouccs ft se restringind o gran de sloance de seus signficadas, os quals passirem @ uma determi- apie maior do contexta, Na base da linguagem eso as sues bropriodades do comunicagao e sigmicagas, sendo esta ultima 128 ‘Pautada no cardio iostrumonisl do elano?, cof enantagae d-e ho sentido da Wansforiao dos propros Homans e mulheres, 03, dita de outa forms, da conetulgdo da couscianci, Neste sent, Dodier-s6a czar que, até curio ponto, a historia da pela refit 8 prdpniahistsia da crigem social da consciicla, Diane desse pressuposto da indissoctalidade da linguagem com a consciéneta, destacamos cue estas catngecas aio a cave para» comproensgo do proomeso do hominzaglo. Auaves linguagom, hemens © mulheres emancizaram-se ds muds ea ralidade prtieao yossaram a ueuftuir de ui capacidade mec slva de sua especie: a de planer, regular eeflet sobre a propa ‘aividede. Com a inguagem desenvolvis, sou mundo duplice- ae @ 0 homem passa a poder operar mentalmente com objelcs ‘ausemtes ce sen campo percapive 0 vavencialimodkato. Ele pode evocar Yoluntarameni ae imagons, objias, apboe, relagbes, Independent de sua preseaga 2, voluutiamente, drigir ex segundo mundo, o que indi sua meméea © suas agtes. Assi, porl-se dizer que nao apenas a dupieagdo do mundo nasce da Tinguagem, mas wmlsém a apao voluntia (ana), Sem o Habalno som a. linguagem, o persamento ahstrata “catezanal™ nso Dovferia cist ne tne iid p22). 2 Vygoiski quom aprofunda o eerudo ea Unguagem no 2x0 ccesso da consttuicdo dos sujetios, wazondo para ose Amita a perspectva do sor humana histrico © social a qa nos reer, esicamente, ease auter desanvelvo a ave de que néo fa nada fue axista ne individuo que ui tenha eximide mum primelto ‘montento na contaxto das telagSos sodas. Para ee, a inguagem {0 vetoalo ss consisiulgdo da conseiéness a parr do cantata dae Telagies sociss, sundo que sta uikima estegera abrange 0 ‘conjuntn as Fungos Psicoligicas Supeniores. A inquacem axon ee eee ee “riba emt casas nance pede ‘apo w ots pasion, sateen neaias cca eo Ea en 0 Arata po a Sep {tern se oman pare uo seal in wah oto ‘Biuaret eaten amas iat pt tna nodes Stik Gras raat nian nein as ‘la. etaithenre meta plc O dann mr ce eho cad as espana as uma es qe sro {tcc pan ohn sete manera 122 ce, portant, uma dupla fungo. De um Jado, ela exerce 9 papel dd insirumento ciado pelos bomens para promover a corn cagdo ante eles @ enlve a6 goracboe, pormitinds o resin » a ttansmisso da procuglo cultural histoicamente weumulada. De att, ela eerce a faneao de mediagéo stmbdtiea que permite 2 hhomem desenvolver mods peculiaras de pensamento 86 # #12 posaivess, Asim, « lnguager ¢ constituine de homonso alte res aa Ines lacultar © acesso e 0 devsnvolvimenta dae fmeées Fricoligicas supetiows; racocinio légico, momésla volun, longo drgida ove, Através da Let da Dupts Poxmagdo qua Vygorskt (1984) eats Deloceu, dostaca-ao que a lnguagemn possibilta a tanstormago ‘da fungbes paicokigicnselementares em superores, quale 80 ‘caracicristcamente numenas. Ou sea, tensforma fungtes como 8 metnaria elementar, em meméria delineraca (onde conecla| minha meméda); ou a atongde elomentar, em atercio concen ‘wada fonds concanuo minha ateneéo n0 fovo deseiado). Em esumo, através da instcumentalizagdo dos signos, as fandes patcolbaioas patsam a porsbltar a sujio ava a realidad do fooma conseiente @ dliberada. Aasim, a consoiénd, am sou Abin particular, 6 corstinida no contexo das relapses de significa com 9 ouzo &afrma oar consciensa, 0 get capa de regular a propria conduta e vontade (Zanella, 1887) Nas palaras ce Yyots, 0 intoma design resertur ake do proceso pice Jogo, tans a ciangacapaz de Gonna a wma Ha ‘eeonsl o roses de escola em bases talents novas, ‘oui desel- 20, ese, ds persengao cea, abmaettge 5p 99 conscie don fungoa simatic Incas ha tesposa ie ‘cocoa, Hae dosenvohimenio epraseata ura ruptures fondo ‘etal com aston do comporaoenio wil aransiqao do ‘comportement ds animals pare as atiadesintslec- {uns auperites dos setestnanas”Vygoa, 13, p. 3-40, A lingnagom abrange a dimenséo do signifioagio enquanta fungo do signo (Pino, 1896). A géneso da conseitnsa, nosso sentido, a apropragio da sigiicagse da aida na rela ‘om o out, proceso em quo o india transforma ae hinges Interpsicoiogicas presentea/eonstituidas nas/pelas relagaes 5o- Cais em funcdes intapsiquiess. Pr isso, homens © maleres $80 sefes culturis, na matida qua o que os toma numanos ¢ a 1a aropriagio da cultura que, porsua vez, produrida pelaeprépros sees humanoe, CCompreendisr essa dimensio dattica do proceaso de cone tuigho dos sujettes @ condigan size quia non pare entender a perspective agui deondida. 0 que se pretende destacee aq 8 forma Ge pensar nessa parmeccia, Estao ai prosentes duas dimensbas quo ve relaconam daleeamente. A peimalta # a Ge Um sujeto pasivo, quo & conanica saetamento pola aprepti 80 das sigicadas dae relagées soctes, ela 3¢80 do outta qua Stgnitca a atividade do sujet, @ atuagia desta no momo. Pot foto ado, haa dhmensdo de um suiito avo, pols essa smi endo que este suit insexuallza 6 inca, parlour, uma vez que aproprizgao de um sor quo possal nes iia te, « qual ‘termina tamer as earactoisties dase prooesso Ga sign ‘eagio, Homens © mulhotes sio, reste sentido, a sinzese que reslizam das slngdessoclais quo entbulam om sues Vidas, sas singulatidades oorespontem as condlgées e contingeneéas m0 lals 2 quo foram subimatides @ aa mest temp catia, ‘8 eproutlaglo da linguayorn se eptesenta através de um sentido gade a lala compartinada na relagdo ecm outa ¢ a base ‘pa a constitu da fala imaslor, 0 soja, do aiscuso stern ‘que estabelece a capacidade do auio-requlagio para o suet. A ineipio, fla do outro organiza a atividade de erlang, que por 513 ¥ez abropml-se dos sins presentes nastasrelaodes& pass 2 operat com eles, dando ordans a si naaima & signiteands vyethalmento aua dpa atividade,Fasteionnente, 8 aproptiacs de linguagem corigira im pane inter da fala que pe caracter 23 pola abteviagio de sens aspectae fonctcas. Pesomina, noses plmodo asouso intenct, a overagio com sgnifcades pros aco ‘asia independéncia éce fatores exomae A nguagen itetne, drigindese para © premio sujtn, efarenesa se também pele preponderincia do sentido! ci palawra om relagdo @ seu signif ato © pela constituigso, da capacidade de ato regulagao da mats ‘Mombasa ps aa gic me i Nc oes om, se se tau lr ey Hn ames 9 ne Se peke ‘Sica aoannesgusencon(tioceancMansnstiasr ase ‘nimsrtoetnashadsasins pts pace spe ihewonkdo ma eter sta 18 ' bastante coniecido o exemple de Vwaata aeineado ata- ves de oma simapéo coudlata da matemidade. Oma mie, 20 ve ‘eu bebe estieanc oinapo am dzegaa algum objeto, ntenceta fesse gosto aloangando o objeto & enance. A partir dal 6 gosto digi siniicagae.propicando a cranes que dea wo apoprto© ‘passe a oporar com hase nela. Assim, quia out tuomento, ela ‘mesma utliza-s do gesto ne tanga de pad aalgaém au Ine 8 algo quo nao este aa sau anes, O cuine doses yxocasea oe 144 no momento em que a apropriagao das sigmicador cameide com a crianga anentando sus cena apo de forma consetenta, ‘atraves da mediagio sos sloice. "Noase complexo prooseso de apropiagso, destacs-se tama tien da relaeio ponsamenia a Inguagem. As concisoes Uo \yotski (1979) caminhama no santa de defend? a tase oe que 0 Pensemten e a linguagem nao alo relaconades a prior, Tas ‘setegorias poasuem difeentasraizas genélcas, neo que ambas ‘niciaments decenvolver-se aulenomancara em dining e ‘is, caacterzanto uma fase pré-vetbal na daeevolvimento do imaleco e una (ese pré-Iniblectual do desanvolvimenio fla Cam a aproptiaeao dos signoe, esas as las eit sterzam, formando pensameato verbal ea fala sigallcalva, ambos vistos ‘aqui como sinzage da contzadigdo formal ness ntereueamento Pengamentne nguagem so dsunia 2, no mila, insependves 4 parti do desenvolvimento hstrien da oonscisncia, ‘Vygotsd identifica sigmiicado da palavra coma @ unidade desta relaeae, endo pensamento ¢ lnguagem wo mutwament= sonetiutvos. Par esse tr, oskgicado da palaviasa consti, ‘99 mesmo vempe, ooino fendmeno do pensamento © da lingua: coca, attaves dala sigmicaiva, Enetanca, ressaka-se que ensamento e lnauagem presarvam suas earatetsticas esta ais especieas, na medida em que, como cz Vygotk, “Acura cd nqusgora ns & um nips tea specu ca sunita do pansamerto. Por io o peosamenio nao pode wea 2 Anguayer como um wale see medida. A knauagem 10 ‘oes o porearvnto pub. C pensomenta seat ¢ 32 Dodies ao transonnas 22 em higiagam. © peneament aso se ‘eras n pelt, mas seve ol" (Vygoae, 105%, p20), Dastaca'se, pols que a oxpreselo de um pensumento we linguagem promove a reoiganizagio deste. © signondo da palaia, anstando otis das especilcdades desta fungus, 105 adquite um enciter de constanto tansformadio, Seno 0 signifi ado da paliwra a unidade de analise a relagSo punsamemto ¢ Iinguagem, ¢ posto que esto so moditea, evoli, apresente-se a ‘questo de que ha, no decurso do desenvolvimento do sujto, liferentes configarapées desta relagia, Nasse pioceseo de tans Jormagao dus signilicadae, contbul em muita a aeropriacae da gonkecimenin teraz, 0, como no aan Yer, das ccancoitce conten, [Em sintese, 0 pronesso de desenvclvimento das eonceitce por conseguint, do signiivado da yalavra, deccre de um pro (qesstvo desvencilnamento da ralavra a atividade pratica, con ‘comitante 20 estabelecimento da relagbes oto ab préorias Palavies, 0 que caractoriza 0 conooito clantiice. Este Wm, ovido Be suas propriedadas, estabelece um rive) diferencace entre pensamento 6 inguagem, 20 mesmo tempo em que tecrtae niza os conceitas cotdlanos. Sia estrutura e sua nacweza gemio- ‘ics permitem que se atinjam formas suporiores¢ mals compas dd orgenizacao da conseiinca: o da elisoorimenta desta to eto do pensar, ‘Faz-s@ importante teasaltar, nesse sentido, a dimensio diné- ‘loa do significado da palewwa, na meckda em que o nblia de Sua reptesentagio e/ou genetaizagao motlics-ge nas rales socials. Por sua vox, moaificando 9° 0 signifcasa da yalava, fstabelaco-se outia relagéo entte pansamenta @ inguagem. Tal abotdagem a este procasso asia de acaido coin 0 pressuposto ‘fundamental da toatia de Vygotsk, cu sea, da formagio sci do psiqusme humane, na medida cm qua ax tiansfornagies do significado da palayra docostem de trantcrmaqses mais axples {que incidam sobre osujeto e das agbes do mesmo na sua velaia (om © mundo, Esse prassuposto pauta-se, por sua Yee, om Um os principins basicos do maxis, a saver, ode que c hema, dba sua atvkado, tonsforma o mundo e, eancomitantemente, ‘ansforma @ 61 mesmo, numa relagéo ciation (Marx e Engel, 1988). 0 processo de slanicagdo que constitu os ayjeitos,tndova, dada sua natureza social, 6 permoado por um univers de fteres ‘que o cansttuem. Dentre estes, destaca-se 0 context, do qual oe “Aces sagt ect Se pea. sioe 9 ec teens eran once eo moc oe Seg oa ‘ota Wr 18 sigificidos nio se distinguem. Referimo-nos ao fato de que © signed da palsers se apse através de diversoa senticen, ‘Gezaniantes ca conzoxto om que se do didioga. Deste modo, & liluéncia do contaxo nos signifeados pnde tanto ampliar a Jalna para fovas signiicagses, através de novos sentices, ‘quanto eatustar o Ambito desta sgmiicagao (Vygotsk, 1979) Aaveés oa obra de Bakiin 1981), inoomporamos outros ele- snenios pare compleznder a tama constituinte dos progeseos de Simifioagdes. Para esse aut, ne hd uma realidad Ga ingua que exist fra de sun egos no dlogo, Tel como define enquan| ‘tuosties bisicas naos possivel: 1) separar a sdeologs da realidad tmatern! do eigno; 2 dissccar os ignos das formas conoreras de ‘comunicago social 9) dseoctar a eomunicagao e as formas de ‘sua hase metenal (dp. 44. Assim, esae autor ressala a impor ‘ncia dos falerea (micro © tacio) contaxtuais presontes 125 ‘elagSe soca ondeas erunciacies so produiidas. esta forma “(signa 2 stuaefo seca om que ae inser exo nde luvalmatts gos. 0 xgre ns pode sox separa da saga Soil sn yer oterads ava ntutean semniouea”¢Baltin, 18%, p62) cea iso, signa, sempre ideoligion, 4 encontraexisténcia naa elageas onde se coneretizs enquanto palawa, adanitindo sa Sgnifcaglo de acer com ocantexto, Ressaiando essa aspecto, Bann dasiaca ain mais a importanaa des siqnos, apantanéo ‘Tuemativicace mensal sé exis em fungi da exotesséo semicacn tha enunciagto, o qe implea que s auavés dos enunciados € Dossivel oentendlmente do ato ideokiuicn. Pars Bain, o Signo &, por eu natureza, vivo e mével, plurvalenta, expressanda-se pala dislzica da uniidade e paxalidade da signifoagso. A idea logia dominate, ro entanto, tem ntereeso em torn o manove lente, Mesma as meneros vatogies das relagbes socials, mesma ‘aquslas que ocaem em nivel das “doologias do cntidiane”, qua ‘5e exprimem ta vida corento onde se fotmam e s2 renovarn at idecloaias msttucas, sh reyisadas através da palava, do signo, Para Baitin (dem, 0 dscurso votbal est intinsecaments _soriado vid eal endo pode sar dela divoretadoanalticamente ‘ob pena de perdorsvasigalicagso. Neste sentido, ele assume @ seguinte te 1 “A werdadeva eubstdncia da lingua nio @ constuka por um Sistema abstato de formes Lngua‘eae nom pela enunciagso rmonbiegica folds, non pel alo ploollSaion da sta pre ‘fo, mas palo fenémanc socal da inteapa0 velba), reizada stewés da enunciogio au das exunciapbes,& metacdo vatoal ‘oustitu, assim, a soaldade fundamental da Wngoa” (ak, 1981, p. 123, Segundo © autor, toda enunciagéo ¢ um disiogo, mesmo tratando-se de um sujeito individual, posto que todo enunciado Dressupde acucles que 0 antecederam e todas que a stondorio. Desla forma, fazendo parte de um process de comunicagao Inintenupto, o enunciaco ¢ um elo de uma cadsia que, ira 861 compreencido, precisa ser asvoctado aos Gamais. A’ dalogia, ‘eonceiio-chave ta teoria do Rakhtin, tanscence, portanta, acopati drivada do coneito de dislono, refesindo-se as diversas formas de interaeao das vozos presente nos enuncindos, Para ‘ee ator, em qualquer emunciado hé sempce mais de uma, voz, © que iustta seu caréter social Senco assim, toda enunciagio af pode ser compreendica na relagdo com cutres enunciagbea, Tal, aractaristica de paloma (erisch © Smolka, 1994) 6 wataca por ‘Bakhtin quando fala sobre o processo de compreenséo das sign. seaces: "A cada palavra ca enuincagao que estamcs am processo da ‘compreender, azemos comresponder uma série de palavias nost, formando uma replica. (..) A compresnaio é uma forma de ‘diogo, ela est para a enunciago assim coma uma réptica esta ‘para ouira no didlogo. Compreender é opar & palavra de locator uma contuapelavra’ (Bakhtin, 1981, p. 132). De outa lado, cada enuncads inci toda uma derie de contetdas que axtzapolam sobremaneta © que 6 dito imediatamente: as avallacoes, 06 ‘contetidos normalivos, a juizos do valor, as contradigges socials, ‘eavoivende axtétice de ardens diversas (éicos, poltices, regio 06, afctives entre outtes). A situacao extavartal, a atmostera social que envoWvo o sujeite que emito a eminotado ¢ aquele que ‘recebe ¢ parte cansuituinve essencil de soa siqniicagao, Assia, Cutz aspectoimporzante a se destacar na pezspeetiva bakhtiniana ® apartcipacso da outro como auditirie social especifco fausente u Néo) da eounctagio de forma a que ‘a reside, ods paloma compote das fas. Hla ¢ datum nada tanto peo fata Gs que proses de alguém, coro peo ato we de que ce dzig para alguom 1s consti justamente produto a inietacéo do locuint © do ausnte. Toda palwra serve de ‘xpresaio gum em ralaedo ao cw. Auavés da pelaws, deine mo em ieaeo 20 ouzo, ito &, ima ands, a ralagio a coletsdads™ (Bakhtin, 1981, » 113), Neste sentido, incluso nasse contexio como lator determi: nanta da palavra, destaca-co0 outro. A pakwra, oranto, atravée da enunclagdo, ¢ o “terttécio comurm do loouor ede intertocutor” (ibid), on sea, a palawa igo uma passos a ottra 9, nor conse um te, constitu elo de toda a coletvidade, Rssalta-9e, neste sentido, que tals elementos da linguagem cconvergem para compreensio do toma aqui propasto, ou sei, e papal desta uncio na constimigdo dos suleitos, Sm Bakhtin, ‘hd a €nfase na categoria da eonecténcis € na cimensao ckalxmica esse processo, Para esse auter, a consciéncia “constitu un lato socioideoligico’, posto quo a realidade da consciéncia éa lingua {gom a esta ¢ eminentemente ideclogics. A consciéncia¢formade elo conjunto dos discutg0s itatior:zados polo sujlio ao longo de ‘sus Lnjtéria, por Un progressive distanéamonta da orgem das voues alhelas, as quais s¢ tomnam prépnas do sujeita, Auaves ‘desies discunsos 0 homem aprende a ver 0 munco @ os repraduz fm sua fala. $e o dicouso é dotarminado, ao menee em part, pet formagtes ideokigicas (que attaves dele ganham existancia, ma- terilizam-se}, sea conscizncia# constizuidas pat tos dina assumilados o 30 ndo hd homens conattuidas fore de sou contexco de telagdes soctais, podo-se diver que ndo hi metwdualiade absoluta nem em nivel do sujeito, nem era nivel de discuss Desta forma, o enunclador, ofalante, a0 consirulr en elec ‘50, materiaiza valores, desejos,jstficativas, contradigdas, enfin, ‘95 contetirios o embates eastentes am sua formagio social Reproduz de certa maneira om gou diseutso, portanta, as wénias Jormagses discursivas quo euscuam na estutira social. © chama- do “discutss eritco”, por exemplo, nao sucge do nada, posta qua se conetibul a partir dos conflios @ conumdghes existentes na ‘ealidade. A palavra ¢, pois, « arena ance se confrontam os valoes soctels contraditénios, relagdes de dominagéo @ de rosistaneis, conftes, do tal forina que segunda Bethan “a residado, nao sta palaveas o que pronuncemes on escitae ‘moa, mes verdades on mentias, coisas boss ou més, importantes i tava, agraceveis ou dessonadivels et. A palava osth 19 sempre eageda de um connie oo de um senda denice con avencial” (sion, 1961,» 35) Sea ingoagem era esintetiza cancepetian do mando, a, a ‘mesmo tempo, ¢ produto sociale historico. Consitui-se como ar dlemento e um produto da atividade prética do homem e, em aspecte semantico, continua sendo determina par facies s0- tiais, emahera goes de relaiva axtonemia en quanto sisteraa ln Gulstico, A visio do mundo pox ela veiculada, pertanto, mao & anbitna, posto que resuilania das wlagDes sovisis. Sua trans Trmagio, por conguinte, nio pode wo dae a pail de uma ‘scelha arbitra, A guisa de conclusio para o momento Através da imerface dos prossupostos de Vygotss e Bakhtin, temoe indicatwos fundamentais sobre 2s especticidades do pro- ‘ato da consttnigio do sujeito eo papel da linguagom, Aprotun- ‘ar na, questio dos lites da elagio thdrice-motodalégica desta autora, no entanto, nic nas parece adequaco pars este moment, © quo quecomos assinalar & 0 quanto of pressupostos tedrioas ‘dosias autores complementam:-s2:na andlise do ema aqul propos te. Bin embes temas a defesa da tese da formagia social da ‘onscidncia ¢ da imupoitaneia dos procassos de significado na ceonsttulgto dos sujetos. Brihors cgi-se que a Inguagem cote dorerminaghes cocias © que sua mouificacio mio decore apenas de tuna escola ‘aloesinortien dos sujltos da discurs0, nose pode esqueoet ce estes sujeitos ndo 20 passivos, pois agem ¢ wenslormam a lnguagem na medida em que a apreendem atvamente, por isso ‘quese pode constatar que uma mesma realidade pode eer apreen ida ¢ evoceda de forma dierenio por homens diferentes. Assim ‘coma cnntetas Weologices, sistemas de valores (que incluem ‘esicredtipes socalmenta consttuidos) so veiclados atavés da nguagem ¢ qragas a ela $80 entranhados na consaiénela de smanexa a serem “naturalizados", os discursos podem engendrar resicténcias © couleldos conla-hesemtnioos fandamentas & rransformagio social. Ha quo sor astuta nesto e2s0, pos, como ‘afma Risbaldo,personagem os Guimardes Foss 10 “Todes esto lucas, nseto mundo? Pomtun a eabega ds gece uma a, #88 ocsas que ha e quo est pa havr soo dale de ‘mulls, milo maionescfrenas, ea genet do nossa de sumer a cabooa para o ta, Leituras Complementares FIORIN, J, Linguagem e ideologa, S40 Paulo: Aca, 1988, = © autor mesmo, ma introcugao da seu pecueno fe tice) lio, eclarece seus abjenvos: “veniicar qual é 9 lugar dap distor egies iconic neeso comploxo fandmena que # a linguagsen, sualzar cons a lingusgom voienls a ideolosia, mostrar 0 (te ¢ (ue ¢ ideologizado na inguagem" (p.7) PALANCANA, tlds C. A fungdo da knguagem na formectio a consciencia:tellextes. Caceme CEDES. 1, 35, 1098. ~ Nate artigo, a autora cemtra na fungéo da lnguagem to processo de formagio da consciéneia tanto no senda da histo da especie ‘quanto na histria do sujet individual, ebordagern utsizads & 4 Histonca-Culkura ¢ sua dlscussto teérica pretends colabotat ‘af ov evenges no campo ds edueagi, emer o rea INO, Argel O eoncsto de medline sexiética em Vrgotaky 2 ‘seu papel na expicagao do psiquismo human, Caderaas CEDES 1 24. Campinas: apitus, 1991. ~ Pino, om son tea, disccteo papel fia medieean semuétca na consutwicso do psepaismo human, Gentrando-se no preasupasta da matireza mechada da abide hmumana ¢ da produio poles propos Nemens des meciecates ulturas, o autor masta a impertineia Go coneeito “mediegio ‘emictica”no sent de saperagic das dootomls indvidl sc, ioiogico-culuual sujeto-obeta de conhecimento, Recomendarse ainda a letra das taholhes da equips de Desquisadctes do Nicleo de Estudos ¢ Pesquisa "Penseinento © Lngungem” da Faculdade de Bducago/UNICAMP, em especial Sel ubtcas nares “Temas om FBcsoga” 1 1089 Bibliogratia ‘ANDERSON, P, A cso di exio do manasme, S40 Palo: Braise 1985 11

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