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7 GRAMATICA ebreve wi ‘apa at olerik mrsorvi, cli basso cis be age ‘Cofonighn OF Tha noe Ne A Oo cE As do flow 15061 = vm. FAMOATH Liddy Woks 2 HHO O4 BA + Foot Rall 14 56, El ed mit opa ps ie raph, ie (Cig ie Sch oan (nian ys Woman (Rove) nwa esccrumass Tea abe Alfa, 42, 904013 Par Wel; 22 N92 5900 * Fa, 22 S82 34 OF Mase ce Vria, BOE D6, AWAD Listes Ted 0 RAT OT © Fa 20 BAT OD Medea aie ak pe peti or mane pina, dae famine emeyit See pepe in eng epic oe ie Pepa Kaul a 29 igre ‘vend Postal ANB YARNS Apresentagio Fins, Berwe Ciraamsition de Poriygads Contempirine, conferme o wagete @ priprio uiulo, dum casa mio é da que wna eee absevinds dy Neva Grumdlity di Partegals Contemporiines quic of auitees publicaram em Citra (Waliges Jano 34 da Costa), ie enn Ria de famcieu (Nuva. Pronsvica), agit. Coreeaponde & ni que og Autires ¢ @ editor lago semtiram de incilitar © neesen & descrighe di llnpas portugues que, mm versio inichl, fiahaas pencurad® fawor com tado o podeivel culdadn, cigar © também com @ parmenar que uma descrigin completa exige Sumplemnenne 0 ene conictee sompleto sinha mevievelmente ue corresponds um texas loa, caja exen~ si tarnava de leita talvez isms acestivel, Aoy sutorts editor depress: se xpreseniog conus mite clan que; sem divtinair mo cssencial @ exlor da descelsic jA realizeds, era porfeitamente pos tril dur dita ums wees mais curt, mai leve © mnis focilmense legivel por om pablico mais wasto, apbretuda, por ema camada mals jovem — para a qual cote Leven paddesia verwis de ineradusta mum citacia por ela nurmalmente onentat com certa descnafianga inicial, Nao'era para in na rime paste dos casns-— nom sequen neccaniriey gherar subseuictnlvente a tidaegbe @xigl- wal {i vohuturmmente fits er Hinguegem simples «com o momar emprege fossivel de wamos denies geamaucais, Basten om goral retires ei H spoutelas a meesio anteriat canis dirigidas 1 win pehticn mis especiali- gado, enduzir @ ndmere de frases wsadas cuito sborngiie; ¢ algumas went wecurrer wma redacclo abrevinds ¢ urn pouce diweesa ila eresia aeigiaal Povle-se anim deeonever, de ferme evidentemene um fante sinplificeda, @ processa que candaxiu & eluboragin dessa Brvos Crewvsienu, Pensar 1 nutenns © rr editer que, wb exry Gunna, a Grumition proces atinigir mais dircemmente um vaste sector de leitnece rags que ji we peto- Supivam, ¢ cere, a langar a prapcaa versie, rom pars on uals © acme J doutrina conaida neste livra se teenurix maiy Ficil.¢— porque mio sive-li? — se de crm mmipeirs nals atramte © ngradienl. Refseimenos a alungs de ensing sucunWiktio, pas os quais u extent damprimeies edigioe a catrada w BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO no estado de certos pormenores lo indispenséveis pare uma iniciagio na anilise da estrutura da lingua poderiam eventualmente assustar e afastar. Ora um dos nossos objectivos essenciais desde 0 inicio do projecto foi, sem prejuizo do rigor cientifico na descrigio da lingua, fornecer, do portugués-padrio actual, um modelo que pudesse servit na aprendizagem da lingua € principalmente da lingux escrita, na forma que presentemente se pode contiderar «orrecay, Alifs sempre acentudimos 0 nosso propésito de ‘que, neste sentido (qué no exclui 2 accitacio de inovagées), a propria versio inicial da ‘Nova Gramética do Portugids Contemporénco jé tivesse um. aspecto normativo e uma aplicagio pédagégica. Vinedmos até que essa caracteristica deliberadamente 2 afastava de outras graméticas de caticter essencialmente especulativo. ‘Que esta obra, a sua versio breve, seja um factor no ensino que contri- baa para que a juventade portuguesa, brasileira ¢ africana de lingua oficial portuguesa — dispondo de um guia de ficil acesso e leitura que até ousamos classificar como muitas vezes atractiva— aprenda a melhorar a sua,escrita ¢ 0 sew falar da lingua portuguesa é sem diividi, a maior aspiragio dos autores ¢ editor e a melhor recompensa possivel para o trabalho feito e aqui apresentado, Setembro de 1985 Os Autores indice geral Aptesentacio, IT Capfeulo 1 Capitulo 2 Capitulo 5 Capitulo 4 Concerros GERAIS, 1 Linguagem, lingua, discusso, estilo r Lingua e sociedad: variaglo € conservacto linguistica, 2 Diversidade geogrifica da lingua: dialecto ¢ falar, 3 ‘A nogio de correcto, 5 Dowisto ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA, J Unidade ¢ diversidede da lingua portuguesa, 5 Os dislecos do portagués earopen, J Os dislecos das ilhasadnticas, 2 Os dialecos brasleiros, 13 © portagués de Africa, da Asia © da Ocsinic, 76 Fonirica ronoLocia, 18 Os sons da fala, 18 Som e forems, 27 Classifieagio dos sons linguisticos, 24 Chssificagio das vogais, 25 Classificagio des consoantes, 32 Encontros vocilicos, 47 Saba, gr ‘Acento ténico, 42 Orrocraria, 45 Letra e alfabeto, 45 Notagbes léxiens, 46 Regeas de acentuagio, sr «+ Divergineias entre as’ ortogratias oficiaimente adoptadas em Por. tugal e no Brasil, 55 ve BREVE GRAMATICA Do PoRrUGuEs CoNTENPORANEO Giplenlo 5 Cuasse, 2sTRUTURA FORMAGKO.DE PALAVRAS, 57 Palavea e mortem, 37 Formagio de palavras, 62 Estrotuia das palavras, 49 Familias de palavras, 62 Capitulo 6 Denivagio & compostgio, 63 Derivagio prefiral, 63 Derivagio sufixal, 66 Compostos exuditos, 79 Hibcidismo, 44 ‘Onomatopeia, 84 Abreviaglo vocabalar, 8y Capitulo 7 Frase, nacho, #afovo, &7 ‘A frase ¢ a sua constituigio, 57 ‘A oragdo € os seus termos esenciais, 2g © sajeito, 97 © predicado, 97 A oragio ¢ 08 seus termos integrantes, 102 Complemento nominal, 103 + Complementos verbais, zeq A oraslo e 0s seus termos acessérios, 170 ‘Adjunto adnominal, rr ‘Adjunto adverbial, x22 ‘Aposto, 114 Vocative, 117 Golocasio des termos na oragio, 117 Entoagio orzcional, 122 Capitulo 8 Sunsrannivo, 130 Classificagio dos substantivos, 130 Flexées dos substantivos, 133 Niner, oy ~ Formaglo do plural, 13¢ Género, 41 Formagio do feminino, r43 Sobstantivos uniformes, 748 Grau, 297 Eimprego do substantive, 152 inprcs. Capieulo 9 Capitulo 10 Capitulo 12 Capitulo x5 Anno, 757 Artigo definido ¢ indefnido, 1s Formas do astigo, 756 ‘Valores do artigo, 133 Emprego do artigo definido, 160 Repetigio do artigo definido, 172 Omissio do artigo definido, 173 Emptego do artigo indefinido, 175 Omissio do artigo indefinido, 177 Apjscrtvo, 180 Flexdes dos adjectivos, 143 Niimero, 743 Géneso, 184 Grau, 186 rego do adjectivo, 193 Conortinca do sjectvg com o subsaniv, 196 Adjectivo adjunto adnominal, 196 ‘Adjectivo predicativo de sujcito composto, 194 Pronomes, 200 Pronomes substantivos ¢ pronomes adjectives, 200 Pronomes pessoais, 200 Emprego dos pronomes rectos, 205 Pronomes de trstamento, 209 Emprego dos pronomes obliquos, 274 Pronomes possessivos, 227 Pronomes demonsitativos, 233 Dronomes relativos, 247 Pronomes interrogativos, 246 Pronomes indefinidos, 249 Nomenass, 255 Espécies de numerais, 253 Flexto dos numerais, 256 Varno, 263 Nogies preliminares, 263 ‘Tempos simples, 271 ‘Verbos muxiliares e 0 seu emprego, 278 Conjugagio dos verbos regulares, 287 Conjugesdo da vor passiva, 247 vm Capitulo 14 Gpitulo 15 Capttulo 16 Capftulo 17 BREVE GRAMArICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Conjugagio dos verbos isregulares, 290 ‘Verbos com altecaincia voedlica, 292 Outros tipos de irregulatidade, 299 Verbos de participio iecegular, 378 Verbos abundaates, 329 Verbos itmpessoais,unipessozis © defectivos, 327 Sintaxe dos modos e dos tempos, 325 ‘Modo indicative, 325 Emprego dos tempos do indicaivo, 327 Modo conjuativo, 333 Emprego do conjuntivo, 334 Modo imperstivo, 339 Emprego do iodo imperativo, 339 Emprego dae formas nominais, 347 Emprego do infitivo, 342 Emerge ae gecinio, 3, prego do participio, 34 Concordincia verbal, 344 Regms gerais, 349 Casos particuases, 350 Regéncia, 360 Sintaxe do verbo Aaver, 362 Apvinsr0, 365 Classifcagto dos advérbios, 366 Gradagio dos advésbios, 379 Palavras denotativas, 372 Paerosigho, 374 Fangio das preposigges, 474 Significasto das: preporigses, 375 Contetido signifcativo ¢ funelo relacional, 377 ‘Valores das preposigées, 340 Coxyungio, 390 Conjunsio coordenativa e subordinativa, 390 Conjungdes coordenativas, 392 Conjungdes subordinativas, 392 Locugio conjuntiva, 597 Ierenjeigao, 396 ssprce Capitulo 18 Capitulo 19 Capfenlo 20 Capitulo 2 Capitulo 22 © veniono = sua consrrugho, 398 Periodo simples ¢ periodo composto, 39 Coordenagio, 400 Subordinagio, 402 Oragies reduzides, go8 FIGURAS DE SINTAXE, 414 Blipse, 424 Zeagma, 416 Pieonasms, 417 Hipérbato, 4rd Anistrofe, 478 Prolepse, 419 Sinquise, 429 Assindeto, 419 Polissindeto, 420 ‘Anacoluto, 420 Silepse, 427 Discurso DIRECTO, DISCURSO INDIRECTO # DISCURSO INDIRECTO LIVRE, 423 Discurso directo, 423 Discurso indirecto, 425 Discurso indiretto lives, 428 Ponruagho, 429 Sinais pavesis ¢ sieais melédicos, 429 Sinais que marcam sobretudo 2 9 Sinais que marcam sobretado a melodia, 434 ‘NogGss pe vensrercagho, 442 ELENCO E DESENVOLVIMENTO DAS PRINCIPAIS ABREVIATURAS, 475 Conceitos gerais Linguagem, lingua, discutso, estilo, 1. LINGUAGEM é «am conjunto complexo de processos — resultado de ‘uma cesta actividade psiquica profundamente determinada pela vida social — que torna possivel a aquisi¢fo © 0 emprego concreto de uma zincua qualquer». Use-se também 0 termo pata designar todo o sistema de sinais que serve de meio de comunicagao entre 0 individuos. Desde que se atti- bua valor convencional a determinado sinal, existe uma trvcvaczs. A lin- guistica interessa particularmente uma espécic de LINGUAGEM, ou seja a LINGUAGEM FALADA OU ARTICOLADA. 2. inguA & um sistema gtamatical pertencente a um grupo de individuos. Expresséo da consciéncia de uma colectividade, a xincua € 0 meio por que ela concebe © mundo que a cerca ¢ sobre cle age. Utilizagio social da faculdade da linguagem, criagio da sociedade, nfo pode ser imuts- vel; 20 contticio, tem de viver em perpétua evolugio, paralela & do orga- ismo social que a ctiou, piscurso € a Iingua no acto, na execugio individual. B, como cada individuo tem em si um ideal lingufstico, procura ele extrait do sis- tema idiomético de que se serve as formas de enunciado que melhor lhe cexprimam 0 gosto e o pensamento. Essa escolha entre os diversos meios de expresso que Ihe oferece 0 tico repertério de possibilidades, que € a ngua, denomina-se esriz02. 1 eon Shc Lay yn 4 Ree Sie ee ea eB ae a acini et igs ptemenoaeSoecomete a ee pensiseaht ais Spats Spe Aas 2 ae aes 2 BREYE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO CONGEITOS GERAIS 5 4 A distingio entre LINGUAGEM, LINGUA € DISCURSO, indispensivel do ponto de vista metodolégico, no deixa de ser em parte artificial. Bm verdade, as trés denominagdes aplicam-se a aspectos diferentes, mas nto ‘opostos, do fenémeno extremamente complexo que é 2 comunicagio humana. Lingua e sociedade: vatiagdo ¢ consetvagio linguistica. Bm prinefpio, uma lingua apresenta, pelo menos, trés tipos de diferencas internas, que podem ser mais ou menos profunda 1.9) diferengas no espaco geogtifico, ou VARTAGOES DrATOnicas (falazes locais, variantes regionais e, até, intercontinentais); 2.9) diferengas entre as camadas sociocultusais, ou VARIAGOES DIAS: ‘RArrGas (nivel culto, lingua padrfo, nivel popular, etc.); 39) difercngas entre os tipos de modalidade expressiva, ou VARIAGOES DrAFASICAS (lingua falada, lingua escrita, lingua literétia, linguagens espe- cis, linguagem dos homens, linguagem das mulheres, etc.) Condicionada de forma consistente dentro de cada grupo social e paste integrante da competéacia linguistics dos scus membros, a variagto é pois, inerente ao sistema da lingua ¢ ocorre em todos os alveis: fonético, foaolé- gico, morfoldgico, sintéctico, etc. E essa multiplicidede de realizagdes do sistema cm nada prejudica as suas condigdes funcionais. Todas as vatiedades linguisticas sio estruturadas, e cosrespondem a sistemas e sub-sistemas adequados &s necessidades dos seus usuizios. Mas 0 facto de estar a lingua fortemente ligade A estrutura social ¢ a0s sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliagio distinta das caractetisticas das suas diversas modalidades diatépicas, diastriticas e disfésicas, A lin- gua padtio, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de ‘um idioma, 6 sempre a mais prestigiosa, porque actua como modelo, como norma, como ideal lingufstico de uma comunidade. Do valor normative decorre 2 sua fungio coercitiva sobre as outmas vatiedades, com o que se tora uma ponderivel forga contréia & vatiagio, ‘Numa agua existe, pois, 20 lado da forca centrifuga de inovagio, a forga centripeta da conscrvagio, que, contra-regrando a primeira, gatante a supetior unidade de um idioma como o portugués, filado por povos que se distribuem pelos cinco continentes. Diversidade geogrifica da lingua: dialecto ¢ falar. ‘As formas caracterfsticas que uma lingua assume regionalmente deno- minam-se DIALECTOS. Alguns linguistes, porém, distinguem, entre as variedades diatépicas, o PALAR do DrALECTO. Dranscro seria «um sistema de sinais desgarrado de uma lingua comum, viva ou desaparecida; normalmente, com uma concreta delimitagio geo- grifica, mas sem uma forte diferencingio diante dos outros da mesma oti- gem». De modo secunditio, poderse-iam também chamat dialectos «as estraturas linguisticas, simuleineas de outsa, que ao alcangam a categotia de linguay3. Fazae setia a peculintidade expressive propria de uma regio © que iio apresenta 0 grau de coertncia alcangado pelo dialecto, Caracterizar-sc-ia, do ponto de vista discténico, segundo Manuel Alvar, por ser um dialecto empobrecido, que, tendo abandonado a ingua esctita, convive apenas com as manifestagies orais. Poder-se-iam ainda distinguir, dentro dos FALanss REGIONAIS, 05 FALARES LOCAIS, que, para o mesmo linguista, correspon deriam a subsistemas idiométicos ]: cop(s), copla)s, tid( +), pik(2), por capo, copos, tndo, poxco, Quanto 4 ilha da Madeita, os seus dialectos apresentam caracteristicas fonéticas singulares, que s6 esporadicamente (¢ no todas) apatecem em dia lectos continentais. Assim, 0» t6nico apresenta-se ditongado em [aw], por exemplo: [‘lawa] por /ua; 0 7 ténico em fal, por exemplo: ['fajda) por fil. Por outro lado, a consoante /, precedida de i, palataliza-se: ('vajha] por vila, (fajra) por fila (confundindo-se portanto, desse modo, file com fila). Os dialectos brasileiros. Com relagio 20 extensissimo tertitério brasileiro da lingua portuguesa, 1 insuficiéncia de informaces sigorosamente cientificas sobre as diferengas de natureza fonética, morfo-sintéctica e lexical que separam as variedades rogionais nele existentes ido permite classificé-las em bases semelhantes is que foram adoptadas na classificagio dos dialectos do portugues eusopen. Deve-se reconhecer, contudo, que 2 publicagio de dois atlas prévios segio- mis ~o do Estado da Bahia? ¢ 0 do Estado de Minas Gerais* — ¢ a anna- ciada impressio do jf concluido Ailas des falares de Sergipe®, bem como a claboragio de algumas monografas dislectais sio passos importantes no sentido de suprit a lacuna apontada. Entre as classificagdes de conjunto, propostas com cardcter provisério, sobreleva, pela indiscutivel autotidade de quem a fez, a de Antenos Nas- 2 Neon Row tar fie fest, Ri Se Jie, MECN, 196 41 Jose Ripa Es tava Ingen ir at, va Re de Sn, screed tar Bote, o Scmdo por Letor ROG, com a cobras de wm pape de prteons de Ui- vende Fee ae Babi “4 DREVE GRAMATICA Do PoRTUGuts conreMPoRANHO | 7 nnn | DOMINIO ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA 5 centes, fundada em observagies pessoais colhidas nas suas viagens por todos "03 Estados do pais. |, Albase desta proposta reside — como no exso do portugués europen — |) em diferencas de proniincia, | De acordo com Antenot Nascentes, é possivel distinguir dois grupos | de dialectos1® brasileiros — 0 do Norte ¢ 0 do Sul —, tendo em conta dois |! agos fundamentais: | 4) @abertuea des vogais preténicas, nos dialectos do Notte, et pala- jj YES que nfo sejam diminutivos nem advérbios em -mente: pear por jugar, |) cbrrer por: correr; eyo que ele chama um tanto impressionisticamente a ccadénciay da || ala: fala acantada» no Noste, fala udescansaden no Sel, | _ A fronteita entre os dois grupos de dialectos passa por «uma zona que ocupa uma posigio mais ou menos equidistante dos extremos setentrional e metidional do pais. Esta zona se estende, mais ou menos, de foz do tio fi Mucuri, entre Espirito Santo e Babia, até a cidade de Mato Grosso, no || Bstado do mesmo nomen tt, | Bem cade grupo, distingue Antenor Nascentes diversas variedades a que |) chama sumraanss, E enumera dois ao Brupo Norte: 2) 0 AMAZéNICO, | AMAzoNICO worpestino ®) o-NonpEstINO, E quatro no grupo Sul: a) BATANO, #) 0 FLUMINENSE, 2) 0 mmxztno, d) 0 sutIsTA. suuista Pony |) Assinale-se, por fim, que as condigées peculiates da formagio lingulstica |, do Brasil revelam uma dialectalizagio que aio patece tio variada e tio intensa | como a portuguesa, Revelam, também, estas condigdes que a referida dia- lectalizagéo € muito mais instivel que a curopeia. i | I i = LIMITES COM 0 ESTRANGEIRO ~ LIMITES ESTADUAIS —— Linires 00s suaFALares 12, bmerckamos o temo pratecro pelasesaeaadusidas no Capitulo 1 © pas mantermos sxbagllnr coves densi adopts par at varies seiomla ponugnct Ao due che ‘amos aqui prazzcro Newotes detomint suseAva 1 “Aatenos Nascent, O linnajar cara, 2 edigho completsmente refundida, Rio de Jmaltn, Sizes, 193, p. 2]. Bor ser quate despovoads, eonidernra ele incarscteritiea sfc sou | Rgndla ente's parte da frotcie boliviana © a onteit de Mato Grosso com 0 Amsatonss Aseas linguisticas do Brasil (divisio proposta por Antenor Nascentes) WREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANE © portugués de Africa, da Asia e da Oceania. : i No estudo das formas que velo a assumir a lingua portuguesa em Aftica, | na Asia ¢ na Occinia, € necessério distinguir, preliminarmente, dois tipos |) de variedades: a8 CRICULAS € as NKO-CRIOULAS. u ‘As vatiedades crzovzas xesultam do contacto que o sistema linguistico! portugués estabelecen, a partir do século XV, com sistemas lingulsticos indt-| genss. Talvez todas elas desiver do mesmo PROTO-cRIOULO ou LiNGLA FRANCA que, durante os primeitos sécalos da expansfo portuguesa, serviu de meio de comunicagio entre as popalagdes locas ¢ os navegudotes, comer-H ciantes e missionérios a0 longo das costas da Africa Ocidental € I da Artbia, da Pérsia, da India, da Malisia, da Chinia e do Japio. Aparecem- -nos, actualmente, como resultados muito diversificados, mas com algumas| caracteristicas comuns — ou, pelo menos, parzlelas—, que se manifestam numa profunda transformagio de fonologia e da morfo-sintaxe do por- ‘tmgués que Ihes deu origem. O grau de afastamento cm telagio & lingua-/ -miie é hoje de tal ordem que, mais do que como praLcros, os ctioulos devemn|i ser considerados como uinguas detivadas do portugues. ia Os crioulos de otigem portuguesa em Africa, que so os de maiot vita-/} lidade, podem ser distribuidos espacialmente em trés grupos: ! %. Giioulos do Arquipélago de Cabo Verde, com as dust vatie/| dades: 42) de Batlavento, ao norte, usada nas ilhas de Santo Antéo, So Vicente, Sio Nicolau, Sal ¢ Boavista; | 4) de Sotavento, ao sul, utilizada nas ilhas de Santiago, Maio, Fogo! ¢ Brava, 2 Crioulos das ilhas do Golfo da Guiné: 4) de Sto Tomé; 2) do Principes 4) de Ano Bom (ihe que pertence 2 Guiné Equatorial) 3+ Crioulos continentais: | 2) di Guiné-Bissan; 2B) de Casamance (no Senegel). Dos crioulos da Asia subsistem apenas: 2) 0 de Malaca, conhecido peles denominagées de papid cristae, male qeire, malagiés, malaquenbo, malaquense, serani, babasa gsragan © portugués bast poutio ACTUAL DA LINGUA PORTUGUESA i 2D) 0 de Macau, maraista ou marauenbo, ainda falado pot algumas faml- sins de Hong-Kong; 0) 0 de Sci-Lanka, falado por familias de Vaipim e Batticaloa; 4); os de Chaul, Koriai, Tellicherry, Cananor e Cochim, no territério a Unio Indiana. Na Ocenia, sobrevive ainda o ctioulo de Tugu, localidade perto de Jacarta, na illta de Java?2, Quanto as variedades NXo-crrovzas, hé que considerar no 66 a pre- senga do portugués que é a lingua oficial das republicas de Angola, de Cabo ‘Verde, da Guiné-Bissau, de Mogambique e de Sto Tomé e Principe, mas as vasiedades faladas por uma parte da populagio destes Estados ¢, tam- bém, de Gor, Damifo, Din ¢ Macau, na Asia, ¢ Timor, na Oceania. Tratese de um portugués com base na vatiedade europeia, porém mais ou menos modi- feado, sobtetudo pelo emprego de um vocabulétio proveniente das linguas sativas, ¢ & que nio faltem algumas caracterfsticas préprias no aspecto fono- I6gico © gramatical. ‘Estas caracteristicas, ao entanto, que divergem de regio para regio, ainda nio foram suficientemente observadas e descritas, embora muitas delas transparegam na obra de alguns dos modeznos escritotes desses pafses 13, 12 Sots ocd seta on ison porns, ves Cap Cab, Liga, yale i te Nowe rt a Brie ote crept aa ply Some to Bios tip wee Beet ee eee IBSabesHnglger in, do msor sgt, o angaieo Lisa Ve, wae se del La, Pea sd Pie ale ee tito spsensain em apg Unto Go ee Sorsmnsre eee grata? eo Vitire, 0 ta, Porto, Beasilin Exlitora, 198, et eee ee 3. Fonética e fonologia OS SONS DA FALA Os sows da nossa fala resultam quase todos da acgio de certos. 6rgios sobre a corrente de ar vinda dos pulmées. Pama a sun produgio, txés condigées se fazer nevessisias: a) a costente de ats B) um obsticulo encontrado por essa comrente de at 2) uma caixa de ressonancia, Estas condigdes sfo ctiadas pelos onGXos DA rats, denominados, em seu conjunto, APARELHO FONADOR, © aparetho fonador. B constituido das seguintes partes: 42) 08 PULMBES, O$ BRONQUIOS € @ TRAGUEIA — drgios respiratérios que fornecem a cottente de ar, matéria-prima da fonagio; a 4) a zanmes, onde se locilizam as CORDAS vocAtS, que produzem a |} cenergia sonora utilizada na falas @) 85 CAVIDADES SUPRALARINGRAS (FARINGE, BOCA € FOSSAS sen que fancionamn’ como caimis de tessonincia, sendo que 2 cavidade bucal pode vatiar profundamente de forma e de volume, gragas aos movimentos |i dos drgios actives, sobretudo da uineuA, que, de tio importante na fonagio, se tornou sindnimo de eidioman. Funcionamento do aparelho fonador, QUSIA € chega & LARINGE, onde, 40 atravessat a GLOTE, costuma encontrar i fi i : © at expelido dos rot6rs, por via dos anénquros, penetra na tA | © primeizo obsticulo 4 sua passagem. 1 roNeTICA B FONOLOGIA es A c1ore, que fica na altura da chamada majé-de-addo, pono-de-adio ou, no Brasil, vg, €a abertura entre duas pregas musculares das paredes superio. ses da LARINGE, conhecidas pelo nome de conpas vocals. O fluxo de ar pode cncontei-la fechada ou aberta, em virtude de estarei aproximados ou afastados 08 bordos das conpas vocars. No ptimeito caso, o ar forsa a f passage através das conpAS Vocals retesadas, fazendo-as vibrat © produ- iro som musical caracteristico das articulagdes sononas. No segundo caso, relaxadas 5 CORDAS VOCAIS, 0 at escapa-se sem vibragSes lasingeas. As articulagbes produzidas denominam-se, entio, suapAs. ‘A distinglo entre soNoRA ¢ SURDA pode ser claramente percebida na promiincia de duas consoantes que quanto ao mais se identificam. Assim: [| [= soxono] | p/ [= svnoo] Ao sait da zAnms, 2 corrente expiratéria entra na CAVIDADE FARIN: eA, ums encruzilhada, que the oferece duas vias de acesso a0 exterior: 0 CANAL BUCAL € 0 NASAL. Suspenso no entrecenzar desses dois canais fica o viv PALATINO, Srgio dotado de mobilidade capaz de obstruit ou no fo ingtesso do ar na CAVIDADE NASAL €, consequentemente, de determinar a naturezt ORAL Ou NASAL de um som. Quando levantado, © viv PALATINO colase & parede posterior da wAniNce, deixando livre apenas 0 CONDUTO BUGAL. As articulagées assim obtides denominam-se onats (adjectivo derivado do latim os, oris «a boca»). Quando abaixado, 0 vu raLArmNo deixa ambas as passagens livres. A cor- ente expiratéria entio divide-se, ¢ uma parte dela escoa-se pelas Fossas wasats, onde adquire a ressonincia caractetistica das articulagbes, por este motivo, também chamadas NASAIS. Compare-te, por exemplo, a prontincia das vogais Ja] [= omar] /4/ [= wasax] em palavras como: M]1t mato / manto B, porém, na CAVIDADE BUCAL que se produzem os movimentos fona~ ores mais variados, gragas & maior ou menor separagio dos MAXTLARES, chs BOcHECHAS ¢, sobretudo, & mobilidade da tincva € dos LABIOs. ee T——__ " 2 13 “ 6 pONETICA 8 FONOLOGEA a SOM E FONEMA Nem todos 0s sons que pronunciamos em portugués tém o mesmo valor no funcionamento da nossa lingua, ‘Alguns servem pare diferenciar palavras que no mais se identificam, Por exemplo, em: a divetsidade de timbre (fechado ou aberto) da vogal t6nica € suficiente para estabelecer uma oposigio entte substantive ¢ verbo. Na série: dia via mia ta fia pin | temos seis palavras que se distinguem apenas pelo elemento consonaatico 4 inicial. Toda a distingio significative entre duas palavras de uma lingua esta- Cavidade nasal patna dio blecid pela oposigio ou contraste entre dois sons revela que cada um eu palatine desses sons representa uma unidade mental sonora diferente. Essa unidade sani de que 0 som € a representagio (ou realizagio) fisica xecebe 0 some de FONEMA. caviade bucal Cottespondem, pois, a FoNEMAS diversos 08 sons vocilicos ¢ conso- Ingua f nanticos diferenciadores das palavras atnis mencionadas, ‘oringe A disciplina que estuda minuciosamente os sons da fala, as miltiplas late sealizagies dos FoNEMAS, chama-se FONETICA. ‘A parte da grammitica que estuda 0 comportamento dos roNEMAS numa abobada palatina lingua denomina-se FONOLOGIA, FONEMATICA OU FONENICA. ‘inofaringe traqueia sotage Descrigio fonética ¢ fonoldgica. verbo i faring 1 seech dettito dos sons Da rata (oxscnigio rontnica), para see complet, magi-de-od50 || deveria considerar sempre: 4) como eles sio produzidos; 9) como sio transmitidos; 4) como sio percebidos. Aparelho fonador (a laringe ¢ as cavidades supealasiageas) Sobre a impressto auditiva deveria concentent-se © intetesse maior a BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEAPORANEG| da descrigio, pois ¢ ela que nos deixa perceber a variedade dos sons ¢ 0 seu. funcionaniento em representagio dos roNEMAs, A DESCRIGO FONOLOGICA mal se compreende que nio seja de base aciistica, A ronirica ristox6orxca, de base articulatéria, € uma especialidade antiga € muito desenvolvida, porque bem conhecidos sto 0s Srgfios fona- dores ¢ 0 seu funcionamento, Dai serem os fonemas frequentemente des- ctitos ¢ classificados em fungio das suas caracteristicas articulatérias, embora se note, modernamente, uma tendéncia de associar a desctigio acistica 4 fisiol6gica, ou de realizélas pasalelamente, ‘Transcrigao fonética e fonolégica. Para simbolizar na esctits a promincia real de um som usa-se um alfa. beto especial, 0 aurADETO FoNErICo. Os sinais fonéticos sfo colocados entre colchctes: []. Por exemplo: [‘kaw], prontincia popular casioca, [kal], promincia pormguesa normal ¢ brasileira do Rio Grande do Sul, pasa a palavza sera pte escrita cal Os fonemas transctevem-se entre barras obliquas: //. Alfabeto fonético utilizado. Empregamos nas nossas transcrighes fontticas, sempre que posstvel, © Alfabeto Fonético Internacional. Tivemos, no entanto, de fazer certas adaptagées ¢ acrescentar alguns sinais necessétios para a transctigio de sons de variedades da lingua portuguesa para os quals nfo existe sinal préprio snaquele Alfubeto , Bis 0 elenco dos sinais aqui adoptados: 3 Vogais: [a] —portugués normal de Portugal e do Brasil: pa, gato portugués normal do Brasil: pedra, fager [e] —portugués normal de Portugal: cama, cana, pedra, fager; portugues de Lisboa: /e, Jenba portugués normal do Brasil: cama, cane 1 eam adepagdes¢ screscentamentorseguines, rm gen, 0 alfbeto Fontes utilzado to grupo do Cento de Liogultca da Univeriade de Listes, ‘Ailes ngtecagria ke Parga da Gal. ‘ncarregado da elaborasSo do | ronlttCh E PONOLOGIA Pa |e] —Pportugués normal de Portugal e do Brasil: pé, ferro [el —Pportugués normal de Portugal e do Brasil: meds, saber portugués normal do Brasil: reger, sedento {o] —portugués normal de Portugal: sede, corre, regar, sedeuto [pl — Portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: pé, cole fo] —Portugués normal de Portugal e do Brasil: morro, forga portugaés notmal do Brasil: correr, morar [i] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: vir, bico pormgués normal do Brasil: sede, corre [5] —portugués normal de Portugal e do Brasil: bambu, sul, caro portugués noxmnal de Portugal: correr, morar 2. Semivogais: fi] —portugués normal de Portugal e do Brasil: pai, foie, aério {w] —portugaés aotmal de Portugal e do Brasil: pau, dgua 3. Consoante [b] —portugués normal de Portugal e do Brasil: bravo (!), ambos portagués normal do Brasil: o bei, abs, barbe, abrir [6] —portagués normal de Portugal: 0 bei, abs, barbs, abrir [a] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: dar (I), andar pormgués normal do Brasil: ida, espada [8] —portugués normal de Portugal: » dar, ida, ecpada [a] —pormugués do Rio de Janeiro, de So Panlo ¢ de extensas zonas do Brasil: diz, sede [3] — portugues popular do Rio de Jencito ¢ de algumas zonas préximas: portugués dialectal extopeu de zonas fronteitigas muito restritas: Jesus, jagueta [ge] ~pormagués normal de Portugal e do Brasil: guarda (1), frango portagués normal do Brasil: a guards, agora, agrade fy] —portugués normal de Portugal: « guards, agora, agrado {p] —portugués normal de Portugal e do Brasil: pai, caprino (]_ —poreugués normal de Portugal e do Brasil: t, canto [eC] —portugués do Rio de Janeito, de $40 Paulo ¢ de extensas zonas do Brasil: to, ste [iJ] —portugués de extensas zonas do Norte de Portugal & de reas nto delimitadas de Mato Grosso ¢ tegiées convizinhas, no Brasil: have, encher pormgues popular do Rio de Janeito e de algumas zonas préximas: tio, sete 24 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUIS CoNTEMRORAN [k] —porrugués normal de Portugal ¢ do Brasil: casa, porea, que [m] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: mar, amigo [a] —portagués normal de Portugal e do Brasil: nada, cano In] —portugués nosmal de Portugal ¢ do Brasil: vinha, cayrinho [] —postugués normal de Portugal e do Brasil: lama, ealo [j —portugués normal de Portugal ¢ de certas zonas do Sul do Brasil alto, Brasil fo] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: tho, The [x] —portugués normal de Portugal e do Brasil: cato, cotes, dar fz] —portugués normal de virias regides de Portugal, do Rio Granda do Sul e outeas regides do Brasil: roda, catto [R] —portugués normel de Portugal (principalmente de Lisboa), do de Janeito e de wétias zonas costeiras do Brasil: toda, catto (f] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: fil, afiar [ve] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: vinko, xvd [s] —portugués normal de Portugal e do Brasil: saber, poss, cfs, cage [2] —portagués normal de Portugal ¢ do Brasil: azar, casa [s]_ —portugués de certas zonas do Norte de Portugal: saber, posso; ‘noutras zonas, também: cf, Ie] —portugués de certas zonas do Norte de Portugal: casa; ¢, nout zonas, também: azar [0] —gelego normal: eéy, facer (port. fager), cata (pott. caja), azar [f] —portagués normal de Portugel ¢ do Brasil: chave, xarope portugués normal de Portugal, do Rio de Janeiro e de algumas zo: costeitas do Brasil: esfe [3] —portugués normal de Portugal ¢ do Brasil: jé, geuro portugues normal de Portugal, do Rio de Janeiro e de algumas costeitas do Brasil: mesmo CLASSIFICACAO DOS SONS LINGUISTICOS Os sons linguisticos classificamse em VOGATS, CONSOANTES © SEM vocals. ‘Vogais e consoantes. 1. Do ponto de vista articulatério, as vogais podem set considereda! sons formados pela vibragio das cordas vocais & modificados segundo forma das cavidades supra-laringeas, que devem estar sempre abertas centreabertas 4 passagem do at, Na proniincia das consoantes, a0 contri oxériCA % FONOLOGIA 2 1h sempre na cavidade bucal obsticulo & passagem da corrente expicatéria, 2. Quanto 4 fungio silébica —outro critério de distingio— cabe salientar que, 2a nosse lingua, as voguis sio sempre centro de silaba, 20 jpasso que as consoantes sto fonemas marginais: 56 apacecem na sllaba junto 2 uma vogal. Semivogais. . Entre as vogais © as consoantes situam-se as semivogais, que sio os fonemas [if ¢ {a quando, juntos a uma vogal, com ela formam slabs. Fone- idl Heamente estas voguis assilabicas transcrevem-se (j] ¢ [vw Exemplificando: Em dite (‘dita] e via ['viw] 0 /i/ € vogal, mas em pai [’paj] e varia ['varju] & semivogal. Também é vogal o Ju/ em muro (‘sural ¢ ia [‘lua], mas semi- -vogal em men [mew] © quatro {'kwatea}, CLASSIFICAGAO DAS VOGAIS | t. Segundo a classificagio tradicional, de base fandamentalmente articulatéria, a5 vogais da lingua portuguesa podem ser: anteriores ou palatais 42) quanto & regito de articulagio centrais ou médias posteriores ou velares abertas semi-abertas ‘semisfechadas fechadas 3) quanto ao gran de aberture 4) quanto 20 papel da cavidades bueat e nasal { $525, Bde base acistica a classifcasgo em: 4) gui nett {Ste 2, Temse difundido recentemente uma classificagio das vogais com base em certo némero de tragos que so distintivos» numa perspectiva fonolégica on fonemética, isto & que apresentam caracterlsticas capazes pot si sé de opor um segmento fénico a outto segmento fbnico, 6 REE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEG! gouérICA H FONOLOGTA 2 Por exemplo: 0 ttago distintivo amzrrura, ligado (como veremoif Jo. do véu palatino, produzimos a série das vogais PosTERIORES Ou VELA- adiante com mais pormenos), do ponto de vista isiolbgico,& maior ow menor p55, isto 6 [4+ RECUADAS]: clevagio ou altura da lingua no momento da articulagio, opde 6 por si ‘peso (substantivo) a peso (forma verbal) ¢ a pisn (substantivo ou verbo). A p {oh [o} fh senga ou a auséncia de cada tmgo é, neste tipo de classificagto, assinalady Dentro da classificagio tradicional, que considera a boca dividida em pelos sinais matemiticos (+) ¢ (~). Assim: je] de peso (verbo) setif gus regides (anterior € posterior), as vogais [a] e [a], articuladas com a [+ baixo}, /e/ de peso (substantive) scré [~ alto], mas também [- baixo}f jingua baixa, em posigio de repouso, sio denominadas MEDIAS ou CENTRATS. a0 passo que ji de piso seri [+ alto]. De acordo com a classificagio mais recente, devem set inclufdas entre as Os tragos distintivos que devem set considerados na classificagio dos [4 necuADAs]. fonemas vocilicos portugueses dependem: 2) da maior ou menot eleva" ‘Também importante como elemento distintivo na articulagio das vogais ‘glo da lingua; 5) do recuo ou avango da regio de articulagio; ¢) do attell ¢ » posigio assumida pelos labios durante a passagem da cortente de ar expi- dondamento ou no arredondamento dos bios. ads, Podem eles dispdr-se de modo tal que formem uma saida arredondada De acordo com esta classificaglo, as vogais da lingua portuguesa podea para essa corrente, e teremos a série das vogais [-+ ARREDONDADAS]: ; Gh fob ow permanecer numa posigio quase de repouso, e teremos a série das vogais [- ARREDONDADAS]: fa), fe, fel. fi 2) quanto A maior ou menor elevagio da lingua 4) quanto 20 recuo on avango da articulagio { i Timbre, 4) quanto 20 arsedondamento ou aio arredondamento [ + acredondada dos labios { - Para a distinglo do crimns das vogais — qualidade acistica que resulta de uma composigio do tom fundamental com os hatménicos— ainda determinante, do ponto de vista articulatério, a forma tomada pela cavi- dade faringea e, sobretudo, pela cavidade bucal, que funcionam como tubo | de sessonancia ‘| eee : : ‘A maior largata do tubo de ressonfincia, provocada principalmente pela Dissemos que as vogais sio sons que se pronunciam com a via bu deo ciesarial ay dana lda ee see daeatedee livre, Mas, como acabamoe deer a0 apeseaat 08 freee ae gee 5 vogais chamadas 7 1: cagio, ito nfo significa que aca inrlevante pata dstinguras © moviments| "> Prods 28 vogsis fe eee | ADERTA: [4] seMt-AneMeAs: fel, 5] Axticulagio. dos érgios articulatérios. Pelo contritio. Esses eritétios baseiam-se na diver, sidade de tal movimento. © estreitamento do tubo de ressomincia, causado principalmente pela maior elevagio do dorso da lingua, produz as vogais chamedas sumr- auras‘) Assim: ‘Ao elevarmos lingua na parte anterior da cavidade bueal, aprox! sacra [ mando-e do palato duro, produzimos a sétie das vogais ANTERIORES ob] ancas J ravaTats, ou seja -nscuaDas]: (2h lad f0} {eh (el, Ge ¢ FscHapas [+ ALAS]: ‘Ao elevarmos a lingua na parte posterior da cavidade bucal, aproxim: i ey BREVE GRAMATICA DO FoRTUGUEs CoNTEMPORANEO| Intensidade ¢ acento, A mrmnsinane é a qualidade fisica da vogal que depende da forsa expi-| ratéria ¢, portanto, da amplitude de vibragio das cordas vooais. As vogais| gue se encontzam nas silabas pronunciadas com maior intensidade chamam| se TONICAS, porque sobre elas recai o ACENTO TONICO, que se caractetiza em portugués principalmente por um reforgo da energia expiratéria. As vogais que se eacontram em silabas nfo acentuadas denominam-se ArONAS. Vogais orais ¢ vogais nasais. Finalmente, & de grande importincia na produgio e catactetizacio, das ‘vogais, do ponto de vista articulatério, a posigto do véu palatino dueante 4 passagem da cotrente expiratéria. Se, durante essa passagem, o véw alan tino estiver levantado contra a parede posterior da fatinge, as vogais pro- duzidas serio onaxs: , [eh (el. &L bl fol bl Se, pelo conteitio, essa passagem sc der com o véu palatino abaixado, ‘uma parte da corrente expimatéria ressoand na cavidade nasal ¢ as vogais pro. duzidas serio Nasars: OL &, (2, (6), [a ronétiCh FONOLOGIA 29 Exemplos: - Ait, eve (6) | eso (0), PS] ph 40 | 100, pore posse, foo | rad, és normal do Bra vogal [x] $6 aparece em posigto ténica antes Bi Ermounte aasale Por exemplo: same (kamal, cana ("ans she Pap io come munca em opongo fa paradiingul segments nice de tignificado diverso, Do ponto de vista fonolégico, funciona, pols, como ‘varlante do mesmo fonema, ¢ no como fonema suténomo. f No portgoes europen nora, [a], quando ténic, arabém eparece, ta msioria Jos Eaton, antes de consoante nasal, a exemplo de cama, cara c carla. Mas nessa Snesma siteagio tonica existe uma oposigio de pequeno rendimento entze fale fl. B s que se observa, nos verbos da 2+ conjugato, etre as prime (1) Senoas do plural do presente (ex: amemor[a’mamafh e do pretéito per Fico do indicaivo (ex: amdmes [amar ‘Vogais t6nicas nasais. ‘Além das VoGAIS oRaIS que acabamos de examinar — cosresponden- tes a oito fonemas no portugues normal de Portugal, ea sete no do Brax sil; possai o nosso idioma, tanto na sua variante portuguesa como na bbrasileiza, cinco vocars NASAIS, que podem ser assim classificadas: Vogais ténicas orais. Toa Ps 1és normal de Portugal e do Beasil eee ara 0 portugul edo € 0 seguinte 0 qua- dro das vogais orais em posicfo ténica: Fechadas real [a] |+ales alten ‘Anteriones |] Médias | Posteriorea oe 7 z a =a ou palatais | ou centrais | ou velaree ‘Semi-fechadas a fa —recuat reevad: recvadae — 8 13 [rates “eet Seconda | contd i —altas, Semi-fechadas fa f fo Exemplos: Semivabertas @ a ae ; 4 baixas rim, senda, cante, 2, bornba, atum. bases & a z i a ny Como se vé no quadeo da pigina anterior, as vogais assis da lingua ~recuadas — |4secuadas —_|-+rocuadae pormuguesa sio sempre fechadas ou semi-fechadas. $6 em vatiedades regionais, Rtcssumonmd ft ascedondacdes aparecem vogais abertas ou semi-abertas como as francesas. 50 BREVE GRAMATICA DO PoRTUGUs CoNTEMRORANEG ‘Vogais étonas orais. Em posigéo tone, 0 quadro das vogais orais do portugues apresenta Aiferengas considersveis em relagio & posiglo ténica, diferengas que, por rnem sempre coincidizem nas duas notmas principais da Iiagua, serio estu. dadas sepatadamente. 1, No portugués normal do Brasil, em posigéo dtona nfo final, anutou.| -se a distingio entre [e] e [c], tendo-se maatido apenas [e] e [i], na sézic das Vogais anteriores ou palatais; paralelamente, anulow-se a distingio entre b] fo}, com o que Scou reduzida a fo] e [u] a série das vogais postesiores| ou velates. , pois, o seguinte o quadro das vogais tonas em posigio nfo final absolute, patticularmente em posigio PRETONICA: Exemplos: Figor (gar, Jegar fle’garh, Jager (h’gas), Jograr [lo'gratl, Auger [lo’gat]; ame (ala, ‘eéspra [helper ddlego [dialugu], siletron ['iklotron], 2. Em posisio final absoluta, 2 série anterior ou palatal apresenta-se reduzida a uma inica vogal [i], grafada ¢; ¢ 2 série posterior ou velar tam- bém 2 uma s6 vogal [u], eserita e, ‘Temos, assim, ts vogais em situagio postéNtca WINAL AsoDUTA: ee eee eee Anterior Média Posterior ou palatal ou central ou velar Fechadas ay re Aberta fl Pee Exemplos: tarde {/ardil, povo [‘poval, ena ["kaza). ONtAICA FONOLOGIA 3 3. No portugués normal de Portugal, em posigtS dtona nao final, também se anulou a distinclo entre [e] e [e], mas, em lugar de qualquer destas vogais da série das anteriores ou palatais, aparece geralmente 2 vogal [9], média ou central, fecheda [-4 alta, + recuada, — arredondada], reiliagio que nfo ocorre em posigfo tdnica e & completamente estranha go portugués do Brasil. A série fica, assim, representada apenas pela vogal [i]. Por outro lado, tendo desaparecido a distingao entre 3}, [o] e [ul, toda a série das vogais posteriotes ou velates esti hoje reduzida a [ul, grafado 0 oa & Finalmente, & vogal média ou centeal [a], aberta, corresponde a vogal tarbém média ow central, mas semi-fechada [s], grafada naturalmente 2. (O que foi dito pode ser expresso no seguinte quadto: Anterior Médias Posterior fou palatal | on centrais ou velat Fechadan A fl a Semiechada la gal Zeer gu lager (aga), Jograr (ogra, ger (o's oe a ie A Rk Me Be 4, Em posigéo final absoluta, a sétie anterior ou palatal aesaparece e em seu lugar surge a vogal jé descrita [o], grafada ¢; ¢ a sétie posterior on velar reduz-se & vogal [a], esctita 0, Donde 0 quadro: a BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO, Obseevagio: E nevesticio ressaltar que algumas vogais dtonas, por sazées em getal rela cionais com 3 hstei dos sons ou com a sua pougto a palivi, 980 softe tam a nEDUGKO 2 fe], [a], [x] no portugués de Portugal. Assim acontccey com as vogeis que provém: 2) da crase entre duas vogais idénticas do portugués antigo; € 0 caso do [eo padi (< padi Soe] exer (< tephra (< soorar)s 2), da monotongagio de um antigo ditongo, como o [o] que se ouve ma pro. Aincis normal ce dre, diving ie 2 ‘Também nfo se reduzizam as vogeis Stonas de cultismos, como o [a] de attr, © [e] de director, 0 [a] de adept, ¢ bem assim o [o] inicial absoluro de evel, ote, ai, 0) al abla de morn, pr, gue te pronenc pn mente [i}, © a8 vogais [a},[e), [0] protegidas por / imy de altar, delgado, ‘aly et, Sea! © caning) Pees POETS Finalmente, também nfo softeram, em geral, reduco as vogais ténicas de! ‘palaveas simples nos vocébulos delas derivados, particularmente com os sufixos -monée ou ~inbo (-xinbo): avaramente, bresemene, devilmente, docemente pexinko, aneinbe, amorginbe (eas mesinba, casi, folbinho, com (2), [a] ¢ [s). CLASSIFICACAO DAS CONSOANTES 2. As consoantes da lngua portuguesa, em mtimero de dezanove, sto tradicionalmente classificadas em fungio de quatro ctitétios, de base essen. ialmente articulatéria: ochsives 4) quanto 20 modo de articalagfo, em ficativas consttiivas | Intra vibrates bilabinis Inbiodentae 4) quanto ao ponto do anticuagfo, em | linguodentais alyeolares palate ‘elaee sordas 0) ime 2 pep inet oo on | 4) quanto 40 papel das cavidades bul nasal, em { Si, poxkxiCA B FONOLOGKA 33 2, Recentemente, porém, difundiu-se, como pam as vogais, outro sistema de classificagio, com base em certos 7RAGOS DISEENTLVOS. (Os tragos que se tém em conta neste sistema relacionam-se também com carcteristicas da articulagio, mas nem sempre coincidem com os que estio ipa base da classifcaglo anterior. Segundo o novo sistema classifcatétio, as consoantes podem ser: 4) quanto 10 modo de articulagéo | [~ contfauas] 1) quanto & om de sro | Uf dre 0 guenc ao papel das cords vols { [+ mass] [= masais} BB de bate mais actotia do que artioulatéria clasifcasio: 4) quanto 20 efeito actistico mais ou menos préximo ao de { [++ soante] ‘uma vogal [= soante) 4) so 20 ppl dr evita tale a { ‘Modo de articulacao, A articulagio das consoantes nfo se faz, como 2 das vogais, com a pas- sagem livre do ar através da cavidade bucal. Na sua prontineia, a cortente expiratéria encontra sempre, em alguma parte da boca, ou um obsticulo total, que @ intettompe momentaneamente, ov um obsticulo parcial, que 1 comptime sem, contudo, intercepté-la. No primeiro caso, a6 consoantes dizem-se octusrvas ou [- convinuasl; no segundo, CONSrRITIVAS ou [+ conrinvas}. Sd ocuustvas as consoantes {pJ, [b}. [4 [a], Ukh (el: pala, bala, tala, fp dé, cola, gala. Entre as consraitivas, distinguem-se x. Fricarivas, catactetizadas pela passagem do at através de uma cstteita fenda formads no meio da via bucal, 0 que produz um ruido com- pativel ao de uma friegio. 34 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEU?O} Sto fricativas as consoantes [f], fv} [sh [2h [Uh [3]: fale, vale, ooh (Paseo, cfs, cage, préxima), zelo (rons, exan), xarape (excher), jd (gel)? 2, Lavrass, caracterizadas pela passagem da corrente expiratériy pelos dois lados da cavidade bueal, em virtude de um obstéeulo formada| fo centro desta pelo contacto da lingua com os alvéolos dos dentes ou con} © palato, Sio lateraié as consoantes [I] ¢ [A]: fila, filha. 3+ Viarantus, caracterizadas pelo movimento vibratério rapido de uum érgto activo eléstico (@ lingua ou 0 véu palatino), que provoca uma ou varias brevissimas inteerupgées da passagem da cortente expiratéria. So vibrantes as consoantes [r] ¢ [#] ou [R]: caso, cats. O ponto ou zona de articulagio. © obsticnlo (total ou parcial) necessério a atticulagio das consoantey pode produzir-se em diversos lugares da cavidade bueal. Dal o conceito de PONTO DE ARrICULAGKO, segundo o qual 2s consoantes se classifica em} x. Bmawtats, formadas pelo contacto dos ldbios. Séo as consoant| [pl], [b], bm]: pato, bato, mato. 2 Latopmnrass, formadas pela constrigio do ar entre o libio inte} slot € os dentes incisivos supetiores. Sto as consoantes [f], [v]: face, vaca 3. Laveuopenrais (ou DoRso-DENTAIS), formadas pela aproximasio} do prédorso da lingua & face interna dos dentes incisivos superiores, oy Pelo contacto desses dxgios. Sio as consoantes [5], [2], [1], (d]: cio, zine, tards, dardo. 4 Atvnotares (ou Arico-auvsonanns), formadas pelo contacto da ponta da lingua com os alvéolos dos dentes incisivos superiores. Sao ag consoantes [n}, [I], [x], (Z]: made, cala, cate, arto (aa pronincia de certs regides de Portugal e do Brasil) 2 Como dissemes, oa proniocia aotmal de Portgal, do Rio de Jencvo ede shguns ponts 4s contr do Brasil, as fricativas palais [f] e Is) apucecom tambest em forsee Sosy? a ‘meso, reapectivaments poubrics E FONOLOGIA 3s 5. Pazarats, formadas pelo contacto do dorso da lipgua com o palato ‘duro, 01 céu da boca. Sio 25 consoantes [J], [5], Ps [Ml acho, «js, alho, coh. 6 Vetanes, formadas pelo contacto da parte posterior da lingua com o palato mole, ou véu palatino, Sdo as consoantes [kl], [g} [R]: ca/e, galo, sale. Se considerarmos a zona em que se situam 0 contacto ou a constrigio. {que catacterizam 2 consoante, 2 classificagio com base nos tragos distinti- vos serd @ seguinte: x. CONSOANTES [4+ axrERtoREs), formadas aa zona anterior da cavi- dade bucal: (p], [b} (6, [v) fl, (4, (4), (51, 4 Ce} OL Eh] e fs 2, Consoarerss [— anrsntonns], formadas na zona posterior da cavi- dade bueal: [f], 3) fel 8, [Rs 3. Consoanrss [+ cononats], formadas com a intervengio da «coroay, ou seja do dorso (pré-dotso, médio-dorso) da lingua: [el [él [5] (2h U1. (5) {0} (6 Eb DL bs 4 Consoawrss {~ conowats], formadas sem a intervengio do dosso de lingua [p), {b], [m], ££], {v], [1 fe], (RL © papel das cordas vocais. Enguanto as vogais sio normalmente sonoras (56 excepcionalmente aparecem ensurdecidas), as consoantes podem set ou néo produzidas com vibragéo das conpas vocars. ‘Sao sunDAs [~ soNORAS] as consoantes: fp], («) (Kl [ff [- Sio soonas [+ sononas] as consoantes: [b], [4], [eh [vl (h [3h 0, DL El EER) fm), fa}, fn) Papel das cavidades bucal e nasal. Como as vogais, a5 consoantes podem ser ORAIS [-NASAtS] ou NASAIS [+ Nasats}. Por outras palavias: na sua emissio, a corrente expiratéria pode passat apenas pela cavidade bucal, ou ressoar na cavidade nasal, caso encontre abaixado 0 véu palatino. So Nasats 2s consoantes (mJ, [ol, {p]: ame, ano, anbo. Todas as outras sio onats. rg ene crauimca po romvts commronivall aca y sononosts io rowirrca B FoNovocrA lead ? Quanto a0 modo de articulagio (bucal), as consoantss nasais so octu- aul gee £8) . oe sivas [-— Contixuas}. Atendendo, no entanto, & forte individuslidade que ge) 382 jes] 2 eee hes confere 0 seu trago nasal, costuma-se isolilas das outras oclusivas, a] 8h [ay wratando-as como classe & parte. al se cundeo das consoantes fea /88 = = Bales Resumnindo, podemos dizer que © conjunto das cossoantes da lingua ae portuguesa € constituldo por dezanove unidades, cuja clasifcasio se expe 4 i ge ‘squematicamente no quadro da pégina antetior. PEEEIEE a] 2 Z a7|ee3 |e paervagio: galas lex one oe = Neste quadro, procuramos integrar a classificagio por tragos distintivos 8 ea Classificagiio tradicional de base articulatéria, Para se fazer a andlise em Se i Pale 5 tayse atntvoe de quiquer som coxmondatin do potty, beard jets ae eras Ee), es 3 (08 virios tragos associndos no quadro 4 sua classificagto articulatéria cotrente. si] i ui Bx Por eremplo a8 consonies [p]« [] sero analisndas deste modo: 323)-= : jo 238 [- continua] [bh] [~ continu) 1) jBiaigé Oey (Zsonom ] BS e/s Ss 4 {nasal J [- nasal} ae (4 anterior} [+ anterior] L (7 coconal j [= corona! ] = [f| = = |) Posigto das consoantes. az 23] = = g ef a S6 em posigéo intervocélica ¢ possivel encontrar as 19 consoantes por- 3 = tuguesas que acabamos de descrever e classificaz. Noutras posigdes, o nimero 1 {gs} . de consoantes possiveis reduz-se sensivelmente. Pete : a z = ‘Assim, por exemplo, em posigo inicial de palavra, além das consoantes Pais OCWUSIVAS € FRICATIVAS, s6 aparecem: das LATERAIS, o [I]; das VIBRANYES, 1 © [R] ou fr}; das xasats, 0 [ml] € 0 [n]. Sio casos isolados os de emprésti- i 4 =|, slezali ty eg # Fe|f mes principalmente do espanhol, em que ocorrem [3] ox}: dha, ama, 3 B}3 BE 5 dies Fd seo. PU] og | g |EREIEEE/SEE/PEEISERISES 5 BP a eee HP TP Et ENCONTROS VOCALICOS q 2 3 2 : Ba 3 s Bod Ditongos. & 2 z 83 a & oa8 CO encontro de uma voGat. + umna SBMAVOGAL, ou de uma SEMIVOGAL -+ uf age uma vooar recebe o nome de Drronco. 38 REVE GRANATICA DO PORTUGUES CONTEMFONANEM| ouErich E FONOLOGIA 39 Os prroncos podem ser: fiw) sia - 42) DECRESCENTHS € CRESCENTES; foi) 2 bot 3) onars © wasats. pi) + Hersh {oi)_ ¢ exais Ditongos decrescentes e crescentes. Observagio: Quando a vogal vein em primeiro lugar, © prroxco denomina DECRESCENTE. Assim: pail cfu muito Quando a semivogal antecede a vogal, 0 prronco diz-se crescme| Assia: qual Linguiga Frequente Em portugues apenas 0s DECRESCENTES sio DrroNGos estiveis. Oy DITONGOS CRESCENTES aparecem com frequéncia no verso. Mas na lingua] gem do coléquio normal sé epresentam estabilidade aqueles que tm a semi vogal [w] precedida de [k] (grafado 4) ou de [g]. Assim: quase igual quando ‘enxaguando equestre goes Tinguera quinguénio quota ‘quiproqué tranguilo saguiguaca Ditongos orais ¢ nasais, Como as vogais, os prroncos podem ser onats e NAsats, segundo a| atureza ofal ou nasal dos seus elementos. 1. Sto 0s seguintes os DrronGos ORAIS DECRESCuNTES: aj) + pai [aj]_ + sei, no portugués normal de Portugal [rv]: mau [e]_+ sei, no portugués normal do Brasil e em falares metidionais de Portugal [ei] + papéis few] : meu fev + cfu Nem na prontincia normal de Portugal nem ma do Brasil se conserva (antigo ditongo [ow], que ainda se mantém vivo em falares regions do Notte de Portugal e no galego. Na pronincia normal zeduziv-se a [0], desa- parecendo assim a distingio de formas como pasa | pepe, bouba | baba. a, Baistem os seguintes prroncos NASAIS DECRESCENTES: [é] + comespondeme 2s grafias ae, ai ¢, no portugues normal de Portugal, ‘em (em posigiéo final absoluta) e en (no interior de palavras deri- vvadas): mile, caida; no portugués normal de Portugal: vem, vem, benginbo, correspondente as grafies do ¢ am: mito, vyjam. cosrespondente, no portugués do Brasil ¢ em falates metidionais de Portugal, as grafias env (em posigio final de palavra) e en (no inte- sior de palavras detivadas): vem, /evem, benginko. [oj]: correspondente & grafin Ge: Oe, sermBes. (si): contespondente & grafa ui? muito, es a ‘Tritongos. ‘Denomina-se 72rrONGO o encontro formado de smMIvoGAL + VOGAL -+ + semivoca, De acordo com a natureza (oral ou nasil) dos seus compo- nentes, classificam-se também os TRITONGOS em ORAIS € NASAIS. 1. So TRITONGOS ORAIS: [wai]: Urguai wal]: emeqguei, no portugués normal de Portugal [wej] + ensaguei, no portugués normal do Brasil ¢ em fares meridionais de Portugal [wiw] + dedinguia DREVE GRAMATICA pO PORTUGUES CONTEMPORANEO 2. So TRITONGOS NASAIS [ww] : comespondente as grafias no, wan: saguio, enxdguamn, [wai] + comespondente, no portugués normal de Portugal, & grafia wn (em posigio final de palavra): deinguem, [wai]: correspondente, no portugués normal do Brasil e em falares meri- dionais de Portugal, & grafia wem (em posigio final de palavra): delingoem. [woj] + correspondente & grafia nde: saguBes. Hiatos. Dé-se 0 nome de taro ao encontro de duas vogais, Assim, compa- sando-se a5 palavras pais (plural de pai) pats (tegiio), verificamos que: 2) na primeira, o encontro af soa numa s6 sfiaba: [‘pajf]. 8) na segunda, o a pertence a uma silaba e 0 a outra: (pa'if}. A passagem que, pot vezes, se observa de um histo da promtincia normal a ditongo no interior da palavra di-se 0 nome de smvénuse, E chama-se pniinsse o fenémeno contritio, ou seja a transformagio de um dito. go nor- mal em hiato. Quando a ditongagio do hiato se verifica entre vocibulos, diz-se que hé sINALERA. Estes fendmenos tém importincia particular no verso. Digrafos. ‘Néo 6 demais recotdar ainda uma vez que no se devem confundir CONSOANTES € VOGAIS com LETRAS, que sio sinals representativos daque- les sons. ‘Assim, nas palavras carro, plsstgo, chave, malbo © canboto as leteas rr, sty cb, © wh sepreseatam uma s6 consoante, Também ao se pode afirmar que exista ENCONTRO de CoNsoANTES em palavras como campo © ponio, embora a anilise, em fonética experimental, de palavras como estas revele 4 existéncia de um tesiduo de consoante nasal imperceptivel 20 ouvido; © m © 0 # funcionam portanto nelas essencialmente como sinal de nasali- dade da vogal anterior, equivalendo, no caso, a um 71 (cipo, pat). ‘A esses grupos de letras que simbolizam apenas um som di-se 0 nome de picraros. poniTiCh E FONOLOGIA ae SILABA Quando pronunciamos lentamente uma palavra, sentimos que nto o fazemos separando um som de outro, mas dividindo a palavra em pequenos segmentos f6nicos que serio tantos quantas forem as vogais. Assim, uma palavsa como alegtox, fo seri por nds emitida ahegron mas sim: alegrou ‘A cada vogal ow grupo de sons pronunciados numa s6 expiragio damos o nome de sftABA. ‘A sftaBA pode ser formada: 42) pot uma vogel, um ditongo ou um tritongo: Bette cu nail 4) por uma vogal, um ditoago ou um tritongo acompanhados de consoantes: ephedir ‘trans-por Usre-guai Classificagio das palavras quanto a0 mimero de silabas, Quanto ao nimero de sttaBas, classifiam-se as palavras em monos- SiLADAS, DISSELADAS, TRISSILABAS © POLISSELADAS. Monossfianas, quando constituidas de uma 86 sllaba: a ew mio a roa quais Dissfz.asas, quando constitufdas de duas silabas: mea he-r6i se-guilo fegua Ibvr0, so-nhar TarsstzasAs, quando constituidas de trés sllabas: aluao Buso-pa erianga portugues 2 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEO| Poxisstzamas, quando constituldas de mais de txés silabas: es-ta-dante licberdede wniversidede cempreen-dimen-to ACENTO TONICO Examinemos este perlodo de Raul Bopp: Dias e noites os horizontes se repetem. ‘Nele distinguimos, numa andlise fonética elementar, a8 silabas ACEN- ‘uapas (em normando) das nvAcENroaDAS (em romano). A petcepgio distinta das silabas acentuadas (t6nicas) das inacentuadas (Gtonas) provém da dosagem maior ou menor de certas qualidades fisicas que, vimos, caracterizam os sons da fala humana: ‘@) a XNTENsIDADs, isto 6, a forga expirat6ria com que sfio promunciados; 4) 0 rom (ou altura musical), isto é a frequéncia com que vibram as cordas vocais na sus emissio; 4) o-mimaRE (00 metal de voz), isto é, 0 conjunto sonoro do tom fan- damental ¢ dos tons secundatios produzidos pela xessonincia daquele nas cavidades por onde passa o ur; 4) @ quanrmans, isto é, a duragio com que sio emitidos. Assim, pela INTENSIDADE, 08 sons podem ser Fons (ténicos) ou FRAC cos (Atonos); pelo TOM, setio AGUDOS (altos) ou GRAVES (baixos); pelo TIMBRE, ADERTOS O10 FECHADOS; pela QUANTIDADE, LONGOS ou BREVES. Em geral, pokém, esses elementos estio intimamente associados, ¢ 0 conjunto deles, com predoinincia da intensidade, do tom ¢ da quanti- dade, & que se chama AceNro TONICO. Classificagio das palaveas quanto ao acento ténico. 1. Quanto 20 AcENTo, as palavsas de mais de uma silaba classificam-se em OXITONAS, PAROX{TONAS € PROPAROX{YONAS. Oxironas, ou agudes, quando 0 acento recai na dlkima silaba: café funil dispor mandacaru Nitecéi parabéne Panoxtronas, ou graves, quando 0 acento recai ma pentitima stlaba: bain brasileiro escola her6ico retorno tsitongo soxbriCA = FONOTOGTA ie PROPAROX{TONAS, ou esdrtixulas, quando 0 acento tecai na antepe- asitima sflaba: acivmética exército lamina piblico péssego ‘qullémetzo 2. Quando se combinam certas formas verbais com pronomes éto- nos, formando um s6 vocibulo fonético, & possivel acento recuar mais ama sflaba: amévamo-lo —_faga-se-lhe Diz-se sisuspROxuLA a acentuagio dessas combinagées, 3 Os monosstzanos podem ser AroNos ou T6NICOS. Aronos so os pronunciados tio fracamente, que, na frase, precisam apoint-se no acento ténico de um vocibulo vizinho, formando, por assim dizer, uma sllaba deste. Por exemplo: Diga-me / 0 prego / do livro. ~ ‘Ténreos so os emitidos fortemente, Por terem acento préprio, niio necessitam apoiar-se aoutro vocibulo. Exemplos: aé, flr, man, mao, més, sn, por, vo, etc. ‘Valor distintivo do acento t6nico. Pela variabilidade da sua posigfo, o acento pode ter em portugués valor distintivo, fonolégico. Comparando, por exemplo, os vocibulos: ivida j duvida percebemos que a posigio do acento ténico € suficiente pata estabelecer uma oposigio, uma distingio significativa, Acento principal ¢ acento secunditio. Normalmente 0s vocibulos de pequeno corpo s6 possuem ura sflaba i DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEG| acentunda em que se apoiam as demais, étonas. Os vocibulos longos, prin. cipalmente os detivados, costumam no: entanto apresentar, além da sllaba tGnica fandamental, uma ou mais subténicas, Dizemos, por exermplo, que as palavras dtcididamente « inacreditavelmenn| slo PAROXfFONAS, Porque sentimos que em ambas 0 acento bésico recai nna pentiltima silaba (men). Mas percebemos também que, nas duas pala. vvzas, a8 silabas restantes nio sio igualmente étonas. Em decdidamente, a silaba di, mais feaca do que a silaba -men-, é sem duivida mais forte do que as outras. Em incereditanelmente, a8 silabas -ere- e -ta-, embora mais débeis do que a silaba -men-, sio sensivelmente mais fortes que as demais, Dai con. siderarmos PRINGIPAL o acento que recai sobre a silaba -men- (nos dois exem. plos) e sucunpAntos os que incidem sobre 2 silaba -di- (em decididamente) ou sobre as silabas -cre- ¢ -fa- (em inaereditavelment). Bonelise © préclie. Denomins-se txcuise a situagio de uma palavra que depende do acento téaico de palavza anterior, com a qual forma, assim, um todo fonético, Proctise é a situagio contritia: a vinculagio de uma palavra étona & pala vra seguinte, a cujo acento ténico se subordina. Si0 PRocLETTCOS, por exem- plo, o artigo, as preposigées ¢ as conjungées monossilébicas, Sio gral ‘mente ENCLTTCOS os pronomes pessoais dtonos. Acento de insisténcia. Além dos acentos notmais (pnNctPAL € sucuNDARIO), uma palavra pode teceber outro, chamado de matsritwcta, que serve para realgé-la em determinado contexto, quer impregnando-a de afectividade (emogio), quer dando énfase & ideia que exptessa. Dai distinguirmos dois tipos de acexro DEANSISTENGIA: 0 AGENTO AFECTIVO € 0 ACENTO INTELECTUAL. 4. Ortografia LETRA E ALFABETO x. Para reproduzirmos na escrita as palavsas da nossa lingua emprexa- mos um certo mimero de sinais grificos chamados iErRas. 0 conjunto ordenado das letras de que nos setvimos para transcrever os sons da linguagem falada denomina-se AXFAsETO. 2. © aurasero da lingua portuguesa consta fundamentalmente das seguintes letras: abcdefghijlmnopqretuvxz ‘Além dessas, hd as letras &, » ey, que hoje s6 se empregam em dois as08: 4) na transcrigio de nomes préprios estrangeitos ¢ de seus detiva- dos portugueses: Franklin frankliniano Byroa Wagner oF Dbyroniano wwagneriano ¥) nas abreviaturas € nos simbolos de uso internacional: K, (= potissio) kg (=quilogtama) km (= quilémetro) Vole = FOR ya. (= jars) Observagio: 0b usa-se apenas: 4) no infcio de certas palavras: haver hoje homem 6 BREVE GRAMATICA DO PoaTUcuES conmmuronAwey 4) no fim de algumas interjeigGes: abt ohl wal 4) no interior de palavras compostas, em que 0 seguado elemento, iniciada por & se une 20 primeizo por meio de hifea: antichigiéaico préhistérico super-homem 4) nos digeafos «by lb e nh: chave talho ano NOTACOES LEXICAS Além das letras do alfabeto, servimo-nos, na lingua esctita, de um certo niimero de sinais auxiliates, destinades 2 indicar a pronincia exacta da palavra, Estes sinais accss6rios da escrita, chamados NorAGOES uixtcas, sto 08 seguintes: © acento. © Acanro pode ser acupo ('), Grave (*) ¢ ctRcUNFLEXo ("). 2. © Aczwro acupo é empregado para assinalar: @) a8 vogais t6nicas fechadas f ¢ 1: at horsivel fisico bai agticar higubre 2) as vogais ténicas abertas e seminabertas 4, ¢ € 0: ba amével ldo pé tivésseis exézeto P6 hers in6spito 2. O Acuwro Grave & empregado para indicar a crase da preposi- gio 2 com a forma feminina do artigo (2, as) ¢ com os pronomes demons- trativos (2), aguele(s), agusla(s), agile: a Aquele(e) Aquilo as Agucla(e) ORTOGRAFEA 4 ora 3. © AcENro cIncunetexo empregado para indicar o timbre semi- fechado das vogais ténicas «, «© 0: camara cinkamo hispanico més dem Femea avo és cémoro oth © 1m. (~) emprega-se sobte 0 a ¢ 0 o para indicar 2 nasalidade dessas, vogais: maga mie pio calxBes ae seemios 0 trema. © rrewa (~) 86 sc emprega na ortografia em vigor no Brasil, em que assinala 0 # que se pronuneia nas silabas gre, gui, que © gud? agtiontar cingiienta argiicio trangtillo 0 apéstrofo. 0 arésrnoro (’) serve para assinalar a supressio de um fonema — geral- mente a de uma yogal— no verso, em certas prontincias populares ou em. palavras compostas ligadas pela preposigio de: ron exp'sange °té beml (popular) paw-d'alho pau-arco galinhe-d’igua A ceditha, A capita () coloca-se debaixo do ¢, antes de a, 0 € 1, para tepresentar & feicativa linguodental surda [s]: cagar macigo agticar mugulmano Praga ‘eresgo r “a parve GRAMArica pp PORTUGUES cONTEMPORANE| aC e——eeEOEeeeS © hifen. (© miivms () usa-se: 2) paca ligar os elementos de palavias compostas ou detivadas por prefixacko: couvedior guarda-masigha plo-del6 préescolat superhomem exdisector ) para unit pronomes étonos 2 verbos: ofereceram-me ativeso Teviclacei para, no fim da linha, separat uma palavra em duas partes: cestudans te esturfdante ces-feadante, Emprego do hifen nos compostos. © emprego do mira é simples convengio. Estabelecen-se que «6 se ligam por Hir=x os elementos das palavras compostas em que s¢ mantéa} a nogio da composigio, isto é os elementos das palavras compostas que mantém a sua independéncia fonética, consetvando cada um 2 sua prépti acentuagio, porém formando 0 conjunto perfeita unidade de sentidon. Dentro desse principio, deve-se emprogar o HfmEN: 1.9) nos compostos, cujos elementos, reduzidos ou nfo, perderan| sun sigalficagio peda: dgurarinle, anced, phdemeia (— pecs) pirashoque, bek-prazer, é-sneste; 72) nos compotios com 0 primeleo elemento de forma adjctivy reduzida on no: afro-asiétce, délce-louro, galego-portugnts, greco-romann, bit| rico-geogr dito, Snfero-auterior, latina-americano, luso-brasleve, lusitano-castelban 3.9) 0s compostos com os radicals (ou pseudoprefixos) auto-, neo, i prote-, peude- ¢semi-, quando o clemento seguinte comeca pot ongal, 2 1 (ou 4: anto-educapie, anto-retrato, auto-sugestdo, aeo-estolistca, neo-bumanismio, ne “ripibian, proto brie, protebiriy, proterenaeng, prote-safeet, pre -Ler6i, pseudo-revelagao, psendo-sébio, semi-bomem, semi-recta, semi-selvagem ; 42). nos compoitos com os radicals pare wahy quando 0 element seguinte comesa por sogal ou b: paramericano, pan-belinio, mab-ediado, m4 ~biosrads; 5.9) nos compostos com ben, quando o elemento seguinte tem vid | auténoma, ou quando a promincia o requer: bea-ditose, beo»-aventerange ‘onrOGRArTA 2 6.2) 08 compostos ‘com sem, além, aguém © recta: senrcerintuia, altm- mar, aguimfronteiras, recém-tasado. ‘Advirta-se, por fim, que as abreviaturas e os derivados desses com- postos conservam 0 Himn: fenwcé! (= tenente-coronel), pare guedista, bon vtevigitbo, semcerigonios, sEmprego do hifen na prefixacio, ’ O prefixo escreve-se geralmente aglutinado 20 radical. HA casos, port, em que 8 ligagio dos dois elementos se deve fazer por HIFEN. Assim, nos vocibulos fotmados pelos prefixos: 4) tantra, extrac, infra-, intra, supra- e ultra-, quando seguidos de radical iniciado por vogal, b, + ous: conira-almirante, extra-regimental, infra- «sitter intra-bapétice, supra-sumi, ubtracrépido; excluicse a palavra ectraordind- ria, caja aglutinagio esti consagrada pelo uso; d) ante, anti, argui- e sebre-y quando seguidos de radical principiado por b, 1 ou $3 ante-histérice, anti-bighnice, argui-rabino, sobre-taias ©) super- ¢ inta~ quando seguido de radical comesado pot b ou r: uper-bonem, super-revista, interelbnieo, inter-resistente 4) ab, ad-y ob, s0b- ¢ be, quando seguidos de radical iniciado por 1 absrogar, ad-rogagae, ob-repticio, sob-roda, sub-reino 2) sata, soto, vice (ou vige-) © ex (este sltimo com 0 sentido de ces- samento ou estado anterior): sota-pilte, soto-minisiro, vice-reiter, vizo-rei, exdirestor; A) Bir, pré- € pri, quando tém significado © acento préptios; 20 con- twitio das formas homégrafas inacentuadas, que se aglutinam com 0 radical seguinte: pérdilwiano, mas pospor; préescolar, mas preestabelecer; provbrita- nico, mas procbas. Emprego do hifen com as formas do verbo haver, Em Portugal, 2 ortografia oficialmente adoptada impée o emprego do uifesy entre as formas monossilibicas de baver © a preposicio de: hei-de, hdsrde, ide, bito-de. No Brasil, milo se usa nestes casos 0 HiFEN, escrevendo-se? i dey bis de, bd de, bo de Pastigéo das palavras no fim da linha. Quando aio hé espago no fim da linha para escrevermos uma pala- va inteira, podemos dividi-la em duas partes. Esta separagio, que se indica 104 50 DRE CRAMATICA DO PORTUGUES CONTEUPORANE| por meio de um sian, obedece as regtas de silsbagto, Sio insepariveis os elementos de cada stlaba. Convérm, portanto, serem respeitadas as seguintes normas: 1.8) Néo se separam as letras com que representamos: 4) 0s ditongos ¢ 05 tritongos, bem como os grupos ia, i it, 02, ms, ste © w, que, quando tonos finais, soam normalmente numa sflaba (DTroNGo| cRESCENTE), mas podem ser promunciados em duas (HXATO): autora Pactenguai mé-goa muito glé-ria ségua pactia chtie rénue seguentar Méctio con-t-guo }) os encontros consonantais que iniciam sflaba e os digrafos atrocidade sagaz > sagacidade amdvel > amabilidade feliz > felicidade 28 O suizo ile 06 aparece em palavens modeladas sobre o latim: eal ie Qacim ealhtes), planee Catim planter), etc. Tasabérm jastiga nfo apzesenta propriamente 0 fultzo ~fs, porque « palavea & continuagso do latim justia, ‘Da meama forma eobigs (do baixo ltio epiditia), preguga (do Iti pigrile), ete, 3. FORMA SUSSTANTIVOS DE SUBSTANTTVOS % DE ADJECrIVOS: Sufixo Sentido Bxemplificagio aurtistioos... realismo, simbolismo 4) douttinas ow sis- | filos6ficos.. kantismo, positivismo ‘temas politicos ... federalismo, fascismo aa religiosos «. badismo, calvinismo 2) modo de proceder oa peas 6) forma peculiar de Hagua .. 3 na terminologia ceniea hherofsmo, seevilismo galicismo, neologismo altonismo, reumatismo 4. FORMA SURSTANTIVOS E ADJECYIVOS DE OUTROS SUBSTANTIVOS B ADJECTIVOs: Suixo ‘Sentido “Exemplificagio 4) pattidfios ou sec- { artsticos... relista, simbolista tisios de doutei- | flos6fices.. kantista, postivista nas ou sistemas | politicos... federalists, fascista sista (em ~ismo) scligiosos.. budista, calvinista 1D) ccupagio, oftcio.. dentist, pianista 6) nomes pltrios © geatilicos nortista, paulista ‘Observagio: Nem todos os designativos de sectitios ou partidrios de doutrinas ou sis- temas em -ismo so formam com 0 sufixo -isla. Por exemplo: a protectantisuo correspondente protestante; maometison, maometano; a islamitna, islanite. puRIVAGZO § ComPOSIGKO 7 5. FORMAD SUBSTANTIVOS DE VERROS! es jaa eens 2 lenbawe oga rm lene = sooner eyes. | ee a oe a ae crude, eeu inte ouvinte, pedintc (dor ygador, regador agente, instramento da 2egéo. inspector, interruptor agrescox, asceasor { Senna, sate Jugar ou insteumento da acsto .. { Peresio voubue, resultado on iastrumento da aegio, { Pint ature n0gH0 colecH¥a wren | Eee 4) segio ow resultado dela 5) instrument da aegio.... omamento, insteamento +) nosio colectiva iw armamento, fardameato acolhimento, ferimento | | | } sco ono rettado dele. } | | 6, Forwas aDjzcrivos pz SUBSTANTIVOS! Sufixo Sentido Exemplificagio aco cstado intimo, pertinéoca, origem —mniaco, austelaco a 4) provido ou cheio de bazbado, dentendo 4) que tom 0 cardctet devnne adamado, nmarelado -aico seferéncia, pertingncia .... judaico, prosaico val jv 2 } tet, pntadci vronnann { Spe onl DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTENPORA 7 VE 6 No Sufixo Sentido Exemplificagio Seesaw |eigea pena ase es ts Pees aces cece ete ee gern aes a Feereae: ages TTT td aap “tio Sis, taco co } relagio, posse, origem { caseiro, mineito ls Sines ag nn TN a Bice es aia ference oy co aa 2 J sit, poste, rg {Sm tl : oy on feu aal ele eee ee ~Mento 2) que tem o cardcter de... barrento, vidrento Bm els ee cae lest J sea, seman ee relagio, procedéncia, origem ...... curopeu, hebrew eee ee Sacto jae ogee ee ce propriedade, habito constante .... enfadonho, risonho eet a ee pon wa ai d arate Observagiea: 18 Alguns desies sufoxos server também para formar adjectivor de outros adjectivos. Por exemplo: -af juntase 2 angéle, focmando anglital; -nbo nexes. centasse a tite, prodvzindo trstonbo. 28 Sio peculiates aos adjcctivos 8 sufixos eruditos ino e ~fssime, que se igam a radicais latinos: umiLine, fde-isim. Do seu valor emprego tt tamos no Capitulo 10. pERIVAGAO ¥ coxPOsI¢KO B 7. FoRMAM ADJECTIVos DE VERBOS: ‘Sufixo Sentido ‘Exemplificagio ante semethante, tolerante Teme acgio, qualidade, estado ............. | doente, sesistente inte constituinte, seguinte sve } ossibilidade de praticar ou softer { durivel, louvavel “vel ‘ume 2¢¢i0 .. sevenennes | perecivel, puntvel | so tay dod afiemativo, pensativo movedigo, qucbradico {igo possibilidade de praticar ou softer acomodaticio, fieticio yee ama scp, refetaia “our : ee area $i? seso, pertintcia. prepartéri, emigeatério Observagaio: Os sulixos ~anie, -onte e -inte provém, como dissemos, das terminagies do particfpio presente latino com aglutinagio da vogal temftiea de cada uma das ‘conjugagdes. Servem para formar substantives ¢, com mais frequénci, adjec- tivos, que se substantivam facilmente, {ree { et, ti { t Sufixos verbais. Os verbos novos da lingua formam-se em geral pelo acréscimo da ter- minagio -ar a substantivos ¢ adjectivos. Assim: esqui-ar radiograf-ar nivelar telefon-ar G@)dog-ar @lfinar (frances-ar (@portugues-ar A tetminagéo ar, j& 0 sabemos, é constituida da vogal temitica -«-, carecterlstica dos verbos da 1.* conjugagio, e do sufixo -r, do infnitivo impessoal. Por vezes, a vogal temitica ~e liga-se nfo 20 radical propriamente dito, mas a uma forma dele derivada, ou, melhor dizendo, ao sadical com a adigio de um sufixo. Eo caso, por exemplo, dos verbos: lamb iscar cusp-inh-ar dedith-ar depericar saltitar afog-ent-ar amenienat, bord-oj-ac ae BREVE_GRAMATICA D0 PoRruGUs CoNTENPORARG em que encontramos alguns sufixos anteriormente estudados: -en#(o),-¢(0), ise(o), ~inb(o), -ie(o) e -it(o). So tais sufixos que transmitem a esses verbos matizes significativos especiais: wRequanrartvo (acgio repetida), racrinvo (atribuigio de uma qualidade ou modo de set), prumvurrvo © PEORATIVO. Mas, como neles g combinagio de sumxo-+vocan tmudtica (-2) + SvFIXO DO INEINITIVG (-7) vale por um todo, costuma-se considerar nic 0 sufxo em si, mas 9 Conjunto daqueles elementos mérficos, 0 verdadeizo surmxo VERBAL. Esty conceituagio, por simplifcadora, apresenta evidentes vantagens diddctice, tazio pot que a adoptamos aqui. Eis os principais surxos venpats, com a indicagio dos matizes signi ficativos que denotam: ‘Sufixe Sentido “Exemplificaglo eee EE ee ee eee eee eee re frequentativo, durstivo .. cabeceas, folheat frequentativo, durstivo .. gotcjar, velejar FACEEEVO sensor Aaformosentar, amolentar factitivo «| clarifcar, dignificar Frequentativo.dimiautivo frequentativo-diminutivo frequentativo-diminutivo-pejorativo. bebericat, depeniear dedilhas, fervilbar escrevinhas, euspiahar frequentativo-diminativo chuviscar, lambiscar frequentativo-diminutivo dormitar, saltitar tivo we vias, utilizar ——————————lllklESESO era Das outras conjugagies apenas a 2.8 possui um sufxo capaz de formar verbos novos em portagués. Bo sufixo -rcer (on -escer), caractetistico dos verbos chamados mcoarrvos, ou seja dos verbos que indicam 0 comeco de um estado e, as vezes, © seu desenvolvimento: alvor-ecer anoitecer amadur-ecer embranquecer eavelh-ecer escurecer flor-escer rejuven-escer Em verdade, também -ter no € sufixo. Decompie-se esta termina so em: somxo (s[fJe)+ vocar tawhtrca (e+ SuFKO (1), Sufixo adverbial, O tinico sumxo Apvanbtat. que existe em portugues é -meute, oriundo do substantivo latino mens, mentic «a mente, o espitito, 0 intentor. Com 0 punivAgho % COMPOSIGIO ws sentido de cintengion ¢, depois, com o de «maneiras, passou a aglutinarse adjectives pata indicar circunstincias, especialmente 2 de modo. Assim: Joanente = cot boa intencio, de maneica boa. ‘Como o substantivo latino mens era feminino (compare-se © portugues 4 mente), junta-se 0 sufixo forma feminina do adjectivo: bondose-mente Fraca-mente rnervosi-mente piamente Desta norma exceptuam-se os advérbios que se derivam de adjectivos texminados em -6r: burgues-mente, portagues-mente, etc. Mas o facto tem expli- cagio histérica: tais adjectivos cram outrora uniformes, uniformidade que alguns deles, como pedrés © montfs, ainda hoje conservam. Assim: sm galo peirts, wma galinba pedrés; um cabrito montts, wa cabra montts. formagio adverbial continua a seguir o antigo modelo. Os vocibulos formados pela agregagio simultines de prefixo sufixo a determinado radical chamam-se paRassnvréttcos, palavra derivada do grego pard- (= justaposigio, posigto 10 lado de) ¢ gnthetikés (= que compoe, jue junta, que combina), Pr i panasshemse & pasticulameste prodativa 20s ve:bos, © 4 princi- pal fangéo dos prefixos verniculos 2- ¢ en- (en-) é a de patticipar desse tipo especial de derivagio: amanhecer ensurdecer abotoar embainhar DERIVAGAO REGRESSIVA Nos tipos de derivagio até aqui estudados 2 palavea nova resulta sempre do actéscimo de artxos (pnerixos ou suFExos) a determinedo RADICAL. ‘Neles hi, pois, uma constante: a palavra detivada amplia a primitiva. Bxiste, porém, um processo de crlagéo vocabalar exactamente con- trécio. Ba chamada DERIVAGAO REGRESSIVA, que consiste na reduglo da palavra derivante por uma falsa andlise da sua estrutura, A DERIVAGRO REGRESSIVA tem importincia maior na ctingio dos suus- ‘TANTIVOS DEVERBAIS ou P6s-vERMAIS, formados pela jungio de uma das vogais -2, ~« ou -¢ 20 radical do verbo. 6 DRIVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANES D080 PORTUCENS Conmemron dry Exemplos: ‘Verbo Deverbal | Verbo Deverbal | Verbo Deverbal abalar abalo amostear amostra | aleangar —_aleance adejar dejo aparar para atacar ataque afagar afego Duscer busca cortar corte amparar_ — amparo cagar aga debater debate apelar apelo censurar censure | enlagae enlace ‘atrimar ——attimo ajudar ajuda Jevanar —_levante ‘chorar choro comprar comprn | rebater rebate eran erro perder perda resgatar—_resgate recuat ecuo escar pesca tocar toque sustentar —sustento. | vender yenda sacar saque Alguns devetbais possuem forma masculina e feminina: EEE venues cHeCreohaneseemaaa eee ee oysun eee pees ‘Verbo Deverbaie ‘Verbo Deverbais| ameager —ameago.—ameaga griter grito rita costar custo caste trocar toco_troca Observagio: ‘Nem sempre ficil saber sc 0 substantive se deriva do verbo ow se este se origina do substantivo, Ha um critério pritico para a distingo, sugetide pelo Al6logo Mario Barreto: «se o substantivo denota acgio, serd palaves derivada, ¢ 0 verbo palavra primitiva; mas, se 0 nome denota algum Objecto ow substincia, werifcar-se-é 0 contrério.n (De granmdtica « de lingusgew, Th, Rio de Janeiro, 1922, p. 247.) Assim: dangs, atague ansparo— denotadorcs, sespectivamente, das ‘aces de dangar, atecar e anparar—sio formas devi. vadas; dncora, azeite © extuda, x0 contritio, so as formas primitivas, que d30 origem aos verbos ancorer, ageitar e etrudar. DERIVAGAO IMPROPRIA As palavras podem mudar de classe gramatical sem cofter modificagio fa forma, Basta, por exemple, antepor-se o artigo a qualquer voctbulo da Mingua pass que ele se tore um substantivo. Assim: Ble cxaminou 08 prés ¢ 08 conttas da proposta. Esperava um sim ¢ recebeu um no, panwvAGho = COMPOSIGO Oe Eee ‘A este processo de entiquecimento vocabular pela mudanga de classe das palaveas di-se 0 nome ce DERIVAGKO IMPROPRIA, € por cle se explica a passage: a) de substantives préprios a comuns: damasco, macadame (de Mac Adam), guixotes 7 B) de substantivos comuns a préprios: Coelho, Leo, Pereira; 6) de adjectivos a substantivos: capital, circular, venexianas 4) de substantivos a adjectivos: barre, (café)-concerta, (colegio) modelo; ®) de substantivos, adjectivos € verbos a interjeigdes: siléncio! bravo! A) de verbos a substantivos: afager, jantar, pragers @) de verbos € advétbios 2 conjungSes: quer... quer, jd... jj 5) de patticipios (presentes e passados) a pteposigées: azediante, salve; i) de participios (passados) a substantivos © adjectivos: conteids, reso- COMPOSICAO A composigio, jé 0 sabemos, consiste em formar uma nova palavsa pela unio de dois ou mais radicais. A palavea composta reptesenta sempre uma ideia nica e auténome, muitas vezes dissociada das nogdes expressas pelos seus componentes. Assim, criado-mndo € 0 nome de um mével; mil. -folbas, 0 de um doce; ritéria-régia, 0 de uma planta; pé-degalinha, o de uma raga no canto externo dos olhos. ‘Tipos de composicio. Quanto 2 roRata, os elementos de uma palavin composta podem estat: 42) simplesmente justapostos, conservando cada qual a sua integri- dade: beljedior bem-mequer smadeepécola >) intimamente unidos, por se ter perdido a ideia da composigio, caso em que se subordinam a um tinico acento ténico e sofrem perda da sua integridade silébica: aguardente (égua + ardente) peralta (peena +. alta) n BREVE GRAMATICA DO roRTUGUES CONTEMPORANEO Dai distinguirse a comrostgko Por jusvarosigio de composioke POR AGLUTINAGKO, diferenga que a esctita procura reflectit, pois que na Jusrarosigio os elementos componentes vém em geral ligados por hifen, 0 passo que na AGLUTINAGKO eles se juntam num sb voctbulo gréfico, Observagto: Reitere-se que o emprego do hifen é uma simples conveagéo ortogealica, Nem sempre os clementos jestapostos vém ligados por ele. Hé os que se ‘eserevem Unidos: pacsaftmpo, sarapat, etc.; como hé outros que conservam 4 sua autonomia gréfica: pal de fang, fin de emana, Ldade Média, etc. 2 Quanto 20 serio, distingue-se numa palavra composta o cle. mento DSTERMINADO, que contém a ideia geral, do DEYERMINANTE, que cencersa a nogio particular. Assim, em escola-modelo, o tetmo estola & 0 DETER. iamsano, © modelo o DErmanmNaNrs. Em mie-pétria, a0 inverso, mie € 0 DRSERMINANTE, € pdiria 0 DETERMMNADO. Nos compostos tipicamente portugueses, 0 DETERMINADO em regra precede 0 DEDERMINANTE, mas naqueles que entraram por vis erudita, on se formaram pelo modelo da composigio latina, observa-se exactamente © conttétio—o primeiro elemento & 0 que exprime a nocio especifica, ¢ © segundo a geral. Assim: agricultura (== cultivo do campo), snarilogutncia (=linguagem suave), mundividéncia (= visio do mundo), etc. 3+ Quanto A cLASsS GRawArtcAL, dos seus elementos, uma palaves composta pode set constitulds de: 1.8) sunsranrrvo ++ sunsraNrrvo: smanga-rose poreo-espinho tamandué-bandeira ») sunsrantivo + ADjECTIVO: 2) com 0 adjectivo posposto 20 substantive: ageardente amor-perfeito cxiedo-mudo 8) com o adjective anteposto ao substantivo: gentithomem alto-forno belascates 5.8) suBSrANTIVO + PREPOSIGRO ++ SUBSTANTIVO: chapéu-de-sol mie-dégua pai de familia peRIVAGKO B COMPOsIGzO 7 SD 4°) ADJEcTIVO + avjecrivo: ami-matinho Jus0-brasileizo txagicémico 5.9) NUMBRAL -} SuBSrANETVO: milfolhas segundacfeica trigémeo 6.) PRONOME + SUBSTANTIVO: mev-bern nossa-amizade Nosso Seahor 78) VERBO-+ sussraNrtvo: beijeor ‘guacda-toupa passatempo 8.9) VERBO-+ VERBO: conte-corre perde-ganha valve 9) apviéasto + apjscrivo: bem-bom no-euclidians sempre-viva 10.) Apviiesto (ou ADJECTIVO EM FUNGKO ADVEREIAD) + VERBO! bemaventurar maldizer vangloriarse Observagies: x4 No siltimo grupo poderlamos incluir os aumerosos compostos de bem © mal + SUBSTANTIVO 0% ADWRCTIYO, porque, neles, tanto o substantive como 0 adjective so quase sempre derivados de verbor, cuja significecio ainda conscevam. Assim: bemaventuranga, bem-aventurads,, beagwerena, bers swindo, maliizente, mab-encaredo, malfeitor, malsoante, etc. 28 Nem todos os compostos da lingua se distsibuem pelos tipos que enu- merimos. Hi, ainda, uma infinidade de combinagées, por vezes cutiosas, como at seguines: bemten, bemiesidedicechate, disequediy lwwe eas, malmepie, néo-me deine ndo-metoqus, niotoasquegarde-mit, (taiosots), idesti-quediga (some do diabo), etc. “ : » COMPOSTOS ERUDITOS A nomenclatuta cientifica, técnica e literdtia € fandamentalmente cons- titulda de palavras formadas pelo modelo da composigio greco-latina, que consistia em associar dois termos © primeiro dos quais servia de determi- nante do segundo. Bxaminaremos, a seguir, os principais radicais latinos e gregos que participa dessas formagées, distribuindo-os por dois grupos, de acordo ‘com a posigio que ocupam no composto. 8 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO ee enh COLORS ooerematroaiay Radicais latinos. x. Entre outros, funcionam como primeiro elemento da composi- 0 08 seguintes radicais latinos, em geral terminados em -i Forma Origem latina Sentido Exemplo smbo ambos ambidestro tsbor, ois fevore tibocieola wis, is ave sifu bis dluas vues {tee calor, -onis calor ealonfero rox, -ucls cuz cucifixo curras, 4, -m —curvo carvlioeo rs, 2, um igual equlléteo os ia fersfero feerum, i ferxo — ienis, fogo igntvomo focus, lugar locomotiva mots, morte morte mores ital sin deo { seme omis, © todo omnipoteate pes, pedis pe pedildvio sels is paixe Piseiealtor : ‘qvedrimotor qoatmor quatro Serres ett, um recto fedillaco sesgat- tame acio sesqulcententio tees, tla ts toblor ats,“ -um um alesono vermis is verte vertigo 2. Como segundo clemento da composigio, empregam-se: SEE eee eee eee eee eee eee eee Forma Sentido Exemplos scida que mata regicda, featicida cola jue cultiva, ou babita viticols, arboricola cultura acto de cultivar apiceltuca, piscicultuea “fero gue contém, ou produz _arfero, famifero fico que faz, ow produz benéfico, figortico -forme que tem forma de ccuneiforme, uniforme penivagho » comostgo er ———ETEre —— Forma Sentido Exemplos fage ‘que foge, ou faz fugin __cenwifugo, fbrifago “geto que contém, ou produz _armigero, ‘beligero “paro que produz smalkiparo, ovlparo -pede pe palmipede, velocipede sono que soa hottissono, uaissono svomo que expele famivomo, ignivomo -voro que come carnfvoro,,herbivoro re eee eee re eee Radicais gregos. 1. Mais, mumetosos sio os compostos eruditos formados de elemen- tos gregos, fonte de quase todos os neologismos filoséficos, literdtios, técni- cos € cientifcos. Entre os mais usados, podemos indicar os seguintes, que servem getal- mente de primeiro elemento da com; osigio: — Forma Sentido Bxemplos snemo- vento anemégnafo, anemémetio antrope- omen satropéfago, antropologia arqueo- antigo acgueogras, arqucclogia biblio- Tivo bibliog, biblioteca cicon mat cacofonia, eacograla eal Belo calif, caligeaia coamo- mundo cosmognafo, cosmologia cromo- oor cromolitogafis, cromossomo crone- texpo cronologit, crondmetro actilo- dedo Gactilogtata, dactloscopia deca dex deenedeo, decaliro a dois Sipéal, dislabo cnca- nove fnefgono, enensalabo ein0- nga exnografa, enologi farmaco- sedicameato slo saratena helio- sol heliogmés, heliosodpto hen menade hemisfrio, hemistiquio Kemaioe } _ sangue hemoglobin, hematéctito hepeae sete heptigono, heptstlabo Forma Sentido Spagge cE Ee cheats EEE EPR EEC pa eee aanve GRAMKTICA DO PORTUGUES CoNTEiCPORANED 7 ‘Bxemplos hexigono, heximetso putivAGKO & COMPOSIGO 83 Observagio: Como vemos, s maioria destes radicals assume na composigfo uma forma ter sinada em “2. Alguas empregam-se também como segundo elemento do composto. B 9 ca80, por exemplo, de -artrepo (filantrpo), -erowe (isteroo), evil hipédromo, hipopétamo filo (germvanifila), -lito (acrblite), -pdtamo (hipopétamo, eae pe secieeaearieta Bite (pendoy “fb (gemeniis), lie (arte, pam (ipptens) pele ictidfago, ictiologia Igual isSerono, iséscele() pedra nog, eee 2. Funcionam, preferentemente, como segundo elemento da com- grande smepacéri ico i gan ee posgdo, entre outros, este radcss pregos: meio meséclise, Mesopotinia dee mil nidiimeteo, misiade Forma Sentido Exemplos spe oda ‘mis6gino, misaatzopo fibula, mitologia, mitémano jue conduz demagogo, pedagogo morte nece6pole, aecrotésio eit dor » nevralgin s0%0 neolatine, neologismo a {que comaada fereite, mone : . ia comando, governo sutarguia,, monarquia eats searologia, nevelgie Satenia desta resratenia, pelaresia ito ‘octostlabo, octaedeo “eétalo cabers dolicocéfalo, microcsfalo dente cdontologia, odoatalgia ceracia poder democracia, plutocracia lho oftalmologia, oftalmoscépio “doxo que opina heterodoxo, ortodoxo ome onomatologis, onomatopeia “drome Inger para corer hipédromo, velédromo ‘montana base, face pentacdro, poliedro i Peeled acto de comex serofagia,”satropofagia teat cco ee atropéfago, acex6fago agudo,,penetante ‘oxigono, oxitono gee come antropéfago, necrbfag a amizade bible, Tasofiia fein Paleognalia, paleontologia inimizade, dio, temor fotofobia, hidrofobia todos, mdo antelsmo, pan-americano ‘que odes, inimigo xenéfobo, 206fobo (Geatimento) doenga patogenético, patologia ue leva ou conduz electro foro, fsfor0 ceviange ppediatria, pedologia ‘asamento monogamia, poligamia tio potaruogtafa, potsmologia que casa bigamo, pollgamo alma, espisito pricologia, poicandlise gue gern heterogéneo, homogéneo ail guilograma, quilémetco Hogs poliglota, isoglossa fo uiromancia, quisdptero fingulo pentigono, polfgono ai accorone, rinoplsda esctta, desctigio ortografs, geografia oie 5 quo. cécreve callgrafo, ‘poligzafo fer Se seouenieo escrito, peso telegrama, quilograma 10 siderdlita, siderurgia Giscuror tntado, ciéacia arqueologia, flologia, pido caquicarda, taquigrsa gue file ou tra Gidlogo, tedlogo deus teoerncia, tedlogo adivinhagio neeromancia, quiromancia goatro tetrarea, ‘tetrsedro loueuss, tendéncia ‘megalomanis, monogamia figura, macee tipografia, tipologia louco, incinado bibliémano, ‘mitémano lugar topografia, topoalmia combate Iogomaquia, taucomaquia estrangeito xenofobis, xenomania medida antropomettia, biometria madeizo xll6grafo,”xilogravura que mede hidrometro,_pentimetro animal zodgrafo, zoologia que tem a forma antropomorfo, polimorfo 84 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES ConrEMPORANEO | So Forma Sentido ‘Exemplos -nomia te, regen agronomia, atronomia Tnome que regula sutGnomo, metrSnomo pela sete de free tmelopela“onoiatopela “pills, -pole cidade Petrol, mettople Tprero ay diptero, heeeprero “eopia sete de ver smacroscopis, microscopia “espio Instromento para ver micoscOpio,telescopia sabesora Floss, eosofia verso dissco, monestico Tager onde se guards bibliottendisoteca curs a Sxioterapia, bideorrapia con, dvisto dicotomia,acrrovoia fens, tom tatttono,mondtone HIBRIDISMO Sdo PALAVRAS sHfMRIDAS, Ou JTBRIDISMos, aquelas que se formam de clementos tirados de linguas diferentes. Assim, cm ausomével o primeira sadical & grego € 0 segundo latino; em sorialgia, 20 conttizio, 0 primeito é latino € 0 segundo grego. As formagées hibridas sio em geral condenadas pelos graméticos, mas ‘stem algumas tio enraizadas no idioma que seria puetil pretender eli. miné-las. E o caso das palavras mencionadas e de outens, como: autoclave decimetro ‘monocultura Diciclets cendovenoso neolatino igamo monéculo oleografia, ONOMATOPEIA As onomarorsras sio palavras imitativas, isto é, palavras que procuram reproduzir aproximadamente certos sons ou certos ruidos: tique-taque hsstris ‘anzom Em geral, os verbos e 03 substantivos denotadores de vozes de ani- ‘mais tém origem onomatopeica. Assim: ciciar cicio (da cigarra) chilrear chilreio (dos péssaros) comar corxo (és xi, do sapo) prnivacho © coMmposigho ‘ ABREVIAGAO VOCABULAR © ritmo acelerado da vida intensa dos nossos dias obtiga-nos, neces- sariamente, a uma elocugio mais répida. Economizar tempo e palaveas & uma tendéncia geral do rmundo de hoje. Observamos, a todo momento, a sedugio de frases ¢ palavras até limi- tes que nfo prejudiquem 2 compteensio. F. o que sucede, por excmplo, com 0s voctbulos longos, ¢ em particular com os compostos greco-latinos de criagio recente: anto (por autombvel), foto (por fotografia), moto (por mote- sickta), tnilus (por ante-dnibns), pen (por pneumatic), quile (por quilograna), etc. Em todos eles a forma abreviada assumiu 0 sentido da forma plena Siglas. ‘Também moderno —e cada vez mais generalizado— é 0 processo de criagio vocabular que consiste em reduair longos titulos a metas stouas, constituidas das letras iniciais das palaveas que os compdem, Actualmente, instituigdes de natureza varia — como organizagbes inter- nacionais, pattidos politicos, servigos piblicos, sociedades comerciais, 2sso- ciagBes operirias, patvonais, estudantis, culturais, recteativas, tc. — slo, ‘em geral, mais conhecidas pelas stouas do que pelas denominactes com- pletas. Assim: ONU = Organizagio das Nagies Unidas UNESCO = United Nations Educational, Scientific and Cultural Orga- nization OBA Organizagio dos Estados Americanos OUA Organizagio de Unidade Africana ABL Associagio Brasileira de Imprensa APU = Aliana Povo Unido PCP Partido Comunista Portugués PPM Pattido Popular Monérquico PS Partido Socialista PSD = Partido Social Democritico PDS Partido Democritico Social PDT Partido Democritico Trabalhista PMDB Partido do Movimento Democsético Brasileiro Pr artido dos Trabalhadores PIB Partido Trabalhista Brasileiro FRELIMO = Freate de Libertagio de Mogambique 86 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO MPLA = Movimento Popular de Libertagio de Angola PAIGC Partido Africano da Independéncia da Guiné ¢ Cabo Verde MEC = Ministério da Educagio e Caltura CGTP = Confederagio Geral dos Trabalhadores Portugueses UGT = Unio Geral dos Trabalhadores UNE = Unio Nacional dos Estudantes TAP = Transportes Aéteos Portugueses VARIG = Viagio Aérea Rio-Grandense FIFA Fédération Internationale de Football Association B ndo € s6. Uma vez criada e vulgarizada, a siGtA passa a ser sentida como uma palavra primitiva, capaz, portanto, de formar derivados: ges, petebista, etc. Observasio: Nem sempre uma iattitaigto € conhecida pela mesma sigla em Portugal ¢ no Brasil. No Brasil, por exemplo, denominase OTAN (= Oxgenizagio do Tzatado do Atlantico Norte) 0 organismo que em Portugal se chama NATO (= North Adaatic Tseaty Organization), por ter-se aqui vulgacizado a sigh, Poe vez bh diferenga de acento da sila aos dois patses. Dine, por ‘exemplo, ONU em Poctugel e ONU no Brasil, 7. Seve EEE Frase, otago, periodo A FRASE E A SUA CONSTITUICAO. x, Faass é um enunciado de sentido completo, a unidade minima de comunicagio, A parte da gramética que descreve 2s regras segundo as quail ‘ 3S Key quais as pala vas se combinam para formar Frases denomina-se SINTAXE. A __ % A FRASE é sempre acompanhada de uma melodia, de uma entoa- glo. Nas frases organizadas com verbo, a entoagio caracteriza © fim do cannciado, geralmente seguido de forte pausa. Bo caso destes exemplos: (Ds Costa ¢ Silva, PC, 307.) Se a frase nfo possui verbo, a melodia é a nica marca por que pode- ‘mos teconhecé-la, Sem ela, frases como Peni Atengio! Que inocéncia! Que alegria! seriam simples vocibulos, unidades léxicas sem fungi valor gra- se Fungo, sem valor gra Frase ¢ oragio. A rxass pode conter oma ou mais onacns. 1.9) Contém apenas uma oragio, quando apresenta: 7 AREVE GRAMATICA DO PoRTUGUIs CoNTBMTORANO 2) uma sb forma verbel, clara ou oculta: (0 dia decorreu sera sobressalto. Cosquim Pago d’Arcos, CVL, 491.) Na cabega, aquela bonita coroa. Josué Montello, A, 32.) 1) duas ou mais formas verbais, integrantes de uma Locugko VERBAL: —Podem vie oF dois.. (Vitorino Nemésio, MTC, 446.) 2.9) Contém mais de uma oragio, quando hé nela mais de um verbo (Goja na forma simples, seja na locugio verbal), claro ou oculto: Basco, / volto, / abandono, | ¢ chamo de novo. (Agustina Bessa Luls, AM, 8.) © Negtinho comegou a chorar, | enquanto os cavalos iam pastando, (Gimbes Lopes Neto, CGLS, 332. Os anos so degeaus; / 2 vide, a escada. (Fernanda de Castro, ANE, 73.) Oragio © perlodo, 1. Panfopo ¢ a frase organizada em oraglo ou oragbes, Pode set: 2) smmrs, quando constituldo de uma s6 oragio: Cai 0 exeptiseulo. (Da Costa ¢ Silva, PC, 281.) 3) composro, quando fotmado de duas ou mais oragdes: ‘io bulia uma folha, / nXo cintilava um Iuzeico. (Aguilino Ribeiro, BS, 211) FASS, ORAGKO, HERiODO ie 2. © vexfono termina sempre por uma pausa hem definida, que se mares a esctita com ponto, ponto de exclamacio, ponto de interrogagio, reticéncias e, algumas vezes, com dois pontos. A ORACAO E OS SEUS TERMOS ESSENCIAIS Sujeito © predicado, 1 So termos essenciais da oragho 0 SupmITO € © PREDICADO. suyero € 0 ser sobre o qual se faz uma declaragio; o PREDICADO é tudo aquilo que se diz do suyerro. Assim, na oragio Este aluno obteve ontem uma boa nota, : ~~, : temos: 2, Nem sempte o suyzrro eo pmeprcano vém materialmente expressos: ‘Assim em: Andei léguas de sombra Dentro em meu pensamento. (Fetnando Pestoa, OP, 59.) © sujeito de andei & ew, indicado apenas pela desinéncia verbal. Koem: Boa cidade, Santa Rita. (Métio Palmatrio, VC, 298.) 62 forma verbal é que est subentendida. » BREVE GRAMARICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO, (Chamam-se mferrcas as oragies a que falta um termo essencial. B, con. forme o caso, diz-se que 0 SUfEITO Ou 0 PREDIGADO éstiio ELfPrrcos. Sintagma nominal e verbal. 1. Na oragio: ste aluno obteve ontem uma boa aots, distinguimos duas unidades maiores: 4) 0 suystro: este alino; 3) 0 pamprcano: obtere onlem uma boa nota. Examinando, porém, o sujerro, vemos que cle & formado de duas palavsas: este algo © demonstrative ef & um determinante (pEx) do substantive (x) «aluro, palavea que constitai o NécxEo da unidade. ‘Toda unidade que tem por nicleo um substantive recebe 0 nome de SINTAGMA NOMINAL (SN). A oragio que estamos estudando apresenta, assim, dois sivracmas NoMINAIS: a) swt este aleno; 8) sN2 = ama boa note 2 Podem ocorrer muitos sINTAGHEAS NOMINAIS (5X) na oragio, mas somente um deles seri 0 suymro. E, como veremos adiante, a sua posigio na ordem directa ¢ légica do enunciado € & esquerda do verbo. Os demais SINTAGMAS NOMENATS encaixam-se 0 PREDICADO. 3+ O substantivo, nicleo de um sintagma nominal, admite a presenga de paremumsawras (pex) — que sto os artigos, os numerais e 08 prono- mes adjectivos—e de moptrrcaponss (MOD), que, no caso, sto 08 adjec- tivos ou expresses adjectivas. Os dois sintagmas nominais da oragio em exame podem ser assim esque- matizados: i yaist ORAGKO, mExioD0 fa oN ls. i 4. O SINTAGMA veRsAr, (sv) constitai o predicado. Nele hé sempre um verbo, que, quando stantrIcanivo, é 0 seu nicleo. (© snwracwa veRsat, pode ser complementado por sintagmas nominais © modificado por advérbios ou expresses adverbiais (son). [atan9] ‘A oragto que nos serve de exemplo obedece, pois, ao seguinte eaquema WN (lo © SUJEITO x2 per [ea vlop es) fe] Representagio do sujeito. ‘Os suynrros da 1.8 € da 2.% pessoa slo, respectivamente, os pronomes pessoais ex e fu, no singular; més © ws (on combinagdes equivalentes: eu ¢ i, tn e tle, etc.), no plural. 92 DREVE GRAMATICA DO poRTUGuEs CONTEMPORANEO (Os suysrros da 5.* pessoa podem ter como micleo: 2) um substantivo: ‘Matilde entendia disso. (Agastina Bessa Luts, OM, 170.) }) 0s pronomes pessoxis ee, e/a (singular); ees, elas (plural): Estavam de bragos dados, ele arrumava a gravata, ela sjeitava o chapén, tic Verlssimo, LS, 128.) 4) um pronome demonstrative, relativo, interrogativo, ou indefinido: Isto nto the arrefece 0 animo? (Augusto Abelaira, NC, 35.) Achava consolo nos livros, que o afzstavam cada vex mais da vida, Gtico Vertssimo, LS, 151.) Quem disse isso? etnanda Botelho, X, 150.) Tudo parara a0 sedor de née, (Clarice Lispector, BF, 81.) 4) um oumeral: Ambos slteraram os roteiros originais. (Nélida Piion, FD, 86.) @) uma palavra ou uma expresso substantivads: Infanta, no exilio amargo, #6 0 existirdes me console. (Tasso da Silveira, PC, 367) © por fazer € sé com Deus. (ermando Pessoa, OP, x6.) /) wma oragio substantiva subjectiva: Ema forgoso | que fosse assim. (Anténio Sérgio, E, 1V, 245.) RASE, ORAGRO, Panfonu oe Sujeito simples ¢ composto. Sujeito simples. Quando o sujeito tem um 36 nécleo, isto €, quando o verbo se refere = um 96 substantivo, ou a um 36 pronome, ou a um s6 numeral, ou a uma 36 palavea substantivada, ou a uma 6 oragio substantiva, o supsrro € stu- 7LES. Esse 0 caso do sujeito de todos os exemplos atrés mencionados. Sujeito composto. # composto o sujeito que tem mais de um nvicleo, ou seja 0 sujeito constituido de: 2) mais de um substantivo: ‘As vozes e 0s passos aproximam-se. (Manuel da Fonsees, S1/, 248.) 4) mais de um pronome: Ble ¢ eu somos da mesma raga, @avid Mourio-Ferecira, I, 98.) ‘mais de uma palavia ou expressio substantivada: Falam por mim oe abandonados de justiga, os simples de coragiio. (Carlos Drummond de Andrade, R, 148.) 4) mais de uma oragio substantiva: [Bra melhor esquecet 0 n6 e pensar numa cama igual & de seu Tomés da bolandeira. ? i (Graciano Ramos, VS, 62.) Sujeito oculto (determinado). 1. Baguele que nio esté materialmente expresso na oragio, mas pode ser identificado, A identificagio fuz-se: 7 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANTO a) pela desinéncia verbal: Ficamos um bocado sem falas. (Luis Bernardo Honwana, NMCT, 10.) sujeito de fcames, indicado pela desinéncia -mos, € 6s. 4) pela presenga do sujeito em outra oragio do mesmo periodo ou de perlodo contiguo: Soropita ali viers, na véspers, lk dormira; e agora retomnava a casa. (Guimaries Rosa, CB, I, 467.) O sujeito de visra, dormira e retornava € Soropite, mencionado oa primeima oragio, antes de viera, 2, Pode ocorrer que 0 verbo no tenha desinéncia pessoal ¢ que o sujeito venba sugerido pela desinéncia de outro verbo. Por exemplo, neste petiodo: Antes de comunicar-vos uma descoberta que considero de algum interesse pata o nosso pals, deixai que vos agtadeca. © sujeito de comtidera, indicado pela desinéncia -0, & ey, também sujeito de comunicar, vetbo nx forma infinitiva sem desinéncia pessoal Sujeito indeterminado. Algumas vezes 0 vetbo nio se refere a uma pessoa deterininada, ou por se desconhecet quem executa 2 acgio, ou pot nfo haver interesse no seu conhecimento. Dizemos, entio, que 0 suysr10 € INDETERMTNADO. Nestes casos em que o sujcito ado vem expresso na oracio nem pode set identifcado, pée-se 0 verbo: 4) ow me 5% pessoa do plural: Reputavam-no o maior comilio da cidade. (Cito dos Anjos, MS, 44.) 4) ouna 5.* pessoa do singular, com o pronome se: Ainda se vivia num mundo de certezes. (Agustina Bessa Luis, OM, 296.) RASH, ORAGKO, PER{ODO 9 8 Os dois processos de indeterminagio podem concorrer nut mesmo periodo: ‘Na Casa pisavam sem sapatos, e falava-se btizo. (Anibal M. Machado, JT, 23.) Oragio sem sujeito. Nao deve sex confundido o suysrro INDETERMINADO, que existe, mas io se pode ou no se deseja identificaz, com 2 inexisténcia do sujeito. ‘Em oragées como as seguintes: Chove. Anoitece. Fax frio. interessa-nos 0 proceso verbal em si, pois nfo 0 atribuimos a nenbum ser. Diz-se, catdo, que 0 verbo € m#PESs0AL; € 0 sujeito, INBXISTENTE. Eis 0s priacipais casos de inexisténcia do sujeito: 4) com verbos ou expresses que denotam fenémenos da satareza: Amanhecen a choves. (Aatéaio Botto, 04, 235.) 3) com o verbo haver na acepgio de exist Na sala havia ainda tés quadtos do pintor. (Fernando Namors, DT, 206.) 2) com os verbos haver, fazer € ir, quando indicam tempo decostid Morava no Rio havia muitos anos, desligedo das coisas de Minas. (Gro dos Anjos, MS, 527°) Faz hoje oito dias que comecei, (Augusto Abelaiza, B, 133.) ‘Vai para uns quinze anos escrevi uma erénice do Cutvelo, (QManuel Bandsica, PP, 1, 3583 4) com o verbo ser, na indicagio do tempo em geral: Era por altura ds lavourss, (Agustina Bessa Lus, 5, 187.) omcrete See coe crag eae aa Como podia haver tantas casas ¢ tanta gente? (Graciliano Ramos, VS, 109.) 58 Na linguagem coloquial do Brasil € corrente o empzego do vetbo tur como impessoal, % semelhanga de faver. Esctitores modernos —e alguns dos saiores-— nto tém duvidado em algar a constracio a lingua litericia, Hoje tem festa no brejo! (Carlos Drummond de Andrade, R, 16.) © uso de ter impessoal deve cstenderse 10 portugués das nagées afticanas, Da sua vitalidade em Angola hé sbundante decumentagio na obra de Luane dino Vieira, } — Aqui tem galisha, tem quiaual... 1 CL, 65.) ' 4° Em sentido fgurado, os verbos que exprimem fenémenos da satwe ean podem set empregados com sujeito: Choviam 0s ditos a0 passo que ela seguia pelas mesas, (Almada Negreisos, NG, 92 Da atitude do sujeito, Com os vetbos de acgio, Quando 0 verbo exprime uma acgio, a atitude do sujeito com referén- cia 20 processo verbal pode sot de actividade, de passividade, ou de acti- vidade e passividade 20 mesmo tempo. 1, Neste exemplo: Maria levanton 0 menino. © sujeito Maria executa a acgio exptessa pela forma verbal /evanton. © sujeito & pois, 0 AcENTE, RASH, ORAGHO, PERfoDo 7 ————ee 2. Neste exemplo: © menino foi levantado por Matis. a acgio no é praticada pelo sujeito o menina, mas pelo agente da passiva — Maria. O sujeito, no caso, softe a acgio; & dela o PACIENTS. 3. Neste exemplo: ‘Maria levantouse, 2 acgio € simultaneamente exercide ¢ softida pelo sujcito Maric. O sujeito é entio, a um tempo, 0 AGENTE eo PAcmNTE dela. Como vemos, na voz activa, 0 tetmo que representa o agente & 0 sujetro do verbo; 0 que representa o paciente € 0 oxjzcro DIRECTO. Na ‘vor passiva, 0 oxjzcro (paciente) torna-se o suyemro do verbo. Com os verbos de estado, 1. Quando o verbo evocs um estado, a atitude de pessoa ou di coisa que dele participa € de neutralidade. O sujeito, no caso, no é 0 agente nem © paciente, mas @ sede do processo verbal, o lugar onde ele se desenvolve: Pedro € magro. Joo permanece doente, © porteiso ficou pilido. 2. Tncluem-se naturaimente entre os verbos que evocam um estado, on melhor, uma mudanga de estado, os incoativos como adortr, emagreer, empalidecer, equivalentes 2 fear doeate,fcar magro, fear pilido, © PREDICADO. (© preprcano pode scr NOMINAL, VERBAL OU VERRO-NOMINAT. Predicado nominal. rrspicapo Noumeat, é formado por um VERBO DE LIGAGKO - PRE- brcarrvo, 98 BREVE GRAMATICA DO PoRTUGUIS CONTEMPORANED 1. O vERBO DE 11GA¢Ko pode expressat: 4) estado permanente: Hillirio eta 0 herdeico da. quints, (Carlos de Oliveiz, CD, 92:) B) estado transitério: O velho esteve entre a vida © morte durante uma semana, (Castro Soromenko, TM, 236.) 6) mudanga de estado: Amato ficou muito pertusbado, Esico Verlesimo, LS, 137.) 4) continuidade de estado: (© Barbagas continuava alhesdo ¢ sorzidente. (Ferando Namors, TJ, 177.) 2) aparéncia de estado: Bla parecia uma figura de retrato, (Autran Dourndo, T4, 14.) Observacio: Os veRDos Dx uicAcio (ox coruLantvos) servem para estabelecer 2 unite ‘entse duas palavras Ou expressbes de carictee nominal. Nio trazem propria. mente ideia nova ao sujeito; fancionam apenas como elo entre este © 0 set. predicativo. Como tsi verbos que se empregam ora como copulativos, ore como sigaific cativos, convém atentar sempze no valor que apresentam em determinado testo fim de clstiicklos com acerto. Comparem-se, por exemplo, cass Hstavas triste. Andei muito preocupado, Figuei pesaroso. Continuamos silenciosos. Estavas em casa. Andei muito hoje. Figuei no men posto. Continuamos a mazcha. ERASE, ORAGKO, vERfoD0 a Nas primeitas, os verbos estar, andar, far e continsar sio verbos de ligasio; ras segundas, verbos significativos. 2, O prepicanivo pode set representado: 4) por substantive ou expressio substantivada: =O boato é um vicio detestivel. (Carlos de Oliveira, AC, 183.) Todo momento de achar é um perder-se a si proprio. (Chatice Lispector, PSGH, 12.) 4) por adjectivo ou locugio adjectiva: A praia extava deserta, (Branquinho da Fonseca, MS, 13.) — Beta linha & de morte. (Caslos Drummond de Andrade, CB, 95: 4) por pronome: Vou calaz-me e fing que eu sou eu... (Abgat Renault, LSL, XVII) 4) por numeral: ‘Toa alma 0 um que sto dois quando doie sfo um. (Fernando Pessoa, OP, 298.) 4. por oragio substantiva predicativa: ‘Uma tarefa fundamental é / preservar a hist6ria humana. (Nélida Pion, FD, 73.) Obsecvagtes: x4 © pronome 4, quando funciona como Prubrcavivo, é demonsteative: Cada coise € 0 que & (Fernando Pessoa, OP, 175.) ee: BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO 28 © pnepicarivo pode referirse a0 oxjicro, aplicagto esta que estuda. remos adiante 5* Quando se deseja dar éafase 20 PREDICAMIVO, costumase relembrélo om © pronome demonstrative o: Tive depois motivo para erer que o perverso e a peste fora-o ele pré- prio, na intengto de fazer Vales um Bom setvigo. (Ravl Pompéis, 4, 50.) Bo que se chama pReDrcaravo muxowist1C0. Predicado verbal. © PREDICADO VERBAL tem como ntileo, isto é como elemento prin- cipal da declaragio que se faz do sujeito, um vEnno siGNIFICATIVO. Vexnos sicuiricarivos sto aqueles que trizem uma ideia nova a0 sujeito, Podem set INTRANSITIVOS © TRANSITIVOS, Verbos intransitivos, Nestas oragées de Da Costa e Silva: Sobe a névoa... A sombra desce... (6, 383 verificamos que a acgio esti integralmente contida nas formas verbais sabe ¢ desce. Tais verbos sio, pois, rvrRANSIrIVOs, ou scja, aio TRANSITIVOS: a aes%0 no vai além do verbo. Verbos transitives, estas oragies de Fernanda Botelho: Ele sto me agradece, / nem eu the dou tempo. (% 4x) vemos que as formas verbais agradece ¢ dau exigem certos tettmos para com Pletar-Ihes 0 signifiesdo. Como o processo verbal no est integealmente contido nelas, mas se transmite a outros elementos (0 pronome me na pri- ‘meita oragio, 0 pronome die € 0 substantive fempo na scgunda), estes ver~ bos chamam-se TRANsrtivos. PRASE, ORAGKO, vERfoDO rer Os verbos Ransrrtvos podem ser DIREGTOS, INDIRECTOS, ou DIRECTOS € INDIRECTOS 20 mesmo tempo. 3. VERnOS TRANsITIVes DInECrOS. Neste exemplo de Agustina Bessa Luis Ela invejava 08 homens. (OM, 207.) + acgio expressa por énejav transmite-se a outro elemento (as homens) ditec- ‘tamente, ou seja, sem o auxilio de preposicio, B, por isso, chamado VERBO TRANSITIVO DIRECTO, € 0 termo da oragio que Ihe integra o sentido recebe © nome de oBjzcro DiRECio. 2 Vernos rransmivos mepinzcros. Neste exemplo: Perdoem ao pobre tolo, (Gro dos Anjos, DR, 255.) 2 acgHo expressa por perdoems transita para ontso elemento da oragio (o pobre 4olo) indixectamemt, isto é, por meio da preposicio a, ‘Tal vetbo denomina- $e, por conseguinte, TRANSIHIVO INDIRECTO. O termo da oragio que com- pleta o sentido de um verbo mRaNsirivo INprREcro denomina-se OnjecTo INDIRECTO. 3+ VERSOS SIMULTANEAMENTE TRANSITIVOS DIRECTOS = INDIRECTOS. Neste exemplo: © sucesso do seu gesto nfo dew paz ao Lomba. (Miguel Torga, NCM, 51.) 4 acgio expressa por diw transita para outros clementos da oraglo, 2 um tempo, directa e indirectamente. Por outras palavtas: este verbo requer simmultaneamenie onjecro Directo © mNpIRECTO para completarlhe o sentido, Predicado verbo-nominal. Nio so apenas os verbos de ligagio que se constroem com predica- tivo do sujeito. Também verbos significativos podem set empregados com le. rot BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CoNTEMPORANEO Neste exemplo: Pro riu despreacupado. (Attinio Peixoto, RC, 191.) © verbo rir & significative. Despreocipads refere-se 20 sujeito Paulo, qua lificando-o, A este predicado misto, que possui dois miicleos significativos (um verbo ¢ um predicativo), dé-se o nome de VERBO-NOMINAL, Observagiio: No mxzprcapo vansoNowmvat, © predicatvo anexo 20 aujcito pode vit antecedido de preposici, ou do coneetivo cum: © acto foi acusado de ilegal. Carlos saiu estudsnte € voltou como doutor. Variabilidade de predicagao verbal. A anilise da transitividede verbal ¢ feita de acordo com o texto € nto isoladamente, O mesmo verbo pode estar empregado ora intransitivamente, ora transitivamente; ofa com objecto directo, ora com objecto indirecto, Comparemse estes exemplos: Pesdoai sempre [= neraansravo]. Perdoai as ofensas [= rRanstrivo DinEcro}. Perdoai aos inimigos [= rransi1vo mspinEcro]. Perdoai aa ofensas a0 inimigos [= rRAxsIn1VO DIRECTO % INDIRKGTO]. A ORAGAO E OS SEUS TERMOS INTEGRANTES Examinemos as partes assinaladas nas oragbes abaixo: Alguns coleges mostravam interesse por ele. (Raul Pompéis, 4, 254.) Tinka 0s olhos rasos de lagrimas. (Agustina Bessa Luls, OR, 272.) ‘Tenho escrito bastantes poemas. (Fernando Pessoa, OP, 175.) FRASE, ORAGKO, PERfoDO 103 ‘Nio sei que dige do marido relativamente ao baile da ilha, (Machado de Assis, OG, I, 953.) No primeiro exemplo, o pronome ele esti relacionado com o substan- tivo interes por meio da preposigio por; no segundo, o substentivo lier as relaciona-se com o adjectivo rasos através da preposigio de; no terczizo, © substantive poems, modificado pelo adjectivo bastantes, integra 0 sentido da forma verbal tenbo esrrito; no quacto, 0 baile da ilba prende-se 20 advér. bio relativamente por intermédio da preposigéo a. Vemos, pois, que hé palavras que completam o sentido de substan- tivos, de adjectivos, de verbos e de advérbios. As que se ligem por prepo- siglo a substantivo, adjectivo ou advérbio chamam-se COMPLEMENTOS NOMI. wars. Denominam-se CoMPLEMENTOS YERBATS as que integram o sentido do verbo. COMPLEMENTO NOMINAL O comnussenro Nounsar, vem, como dissemos, ligado por preposigio 20 substantivo, 20 adjective ow ao advérbio cujo sentido integra ou limita, A palavra que tem o seu sentido completado ou integrado encerra «ama ideia de relagio e 0 complemento é 0 objecto desta relagion, © comptesmvro Nowa pode ser representado por: 4) substantive (ccompanhado ou no dos seus modificadores): © pior é 2 demore do vapor, (Witorino Nemésio, MIC, 361.) ‘86 Joana parecia alhcia a toda essa actividade. (Fesnando Namors, TJ, 251.) D. pronome: Tinba ojo de si mesma, Machado de Assis, OC, I, 487.) ©) sumeral: A vida dele cra necessécia a ambas. (Machado de Assis, OC; I, 593.) 104 DABVE CRAMATICA DO PORTUGUES CONTPMPORANEO, 4) palavra ou expressio substantivada: Passo, fantasma do meu ser presente, Ebrio, por intervalos, de um Além. (Fernando Pessoa, OP, 392.) 2) orngio completiva nominal: Comprei a consciéacia de que sou Homem de trocas com a natureza. (Miguel Torgs, CH, 12.) Observagies: © commtemero Nommat pode estar integrando o sujeito, © predi- cativo, 0 objecto directo, o objecto indiecto, 0 agente da passiva, © adjunto adverbial, 0 aposto € 0 voestivo. 28 Convém ter presente que 0 nome cujo sentido o commusMmro NOMI At integea corresponde, geralmente, a um verbo transitive de radical seme- IThante: amor da pittia édio a08 injustes ... amar a patria ‘odiar 08 injustos COMPLEMENTOS VERBAIS Objecto directo. Oxjecro pinzcro € 0 complemento de um verbo transitivo directo, ou sejz 0 complemento que normalmente vem ligado ao verbo sem pre- posigio ¢ indica 0 ser para o qual se dirige a acco verbal. Pode ser tepresentado por: 4) substantive: Vou descobrir mundos, quero gléria ¢ famal... (Guerra Junqueiro, 5, 12.) ¥) pronome (substantive): Qs josnais nada publicaram, (Catlos Drummond de Andrade, CA, 155.) expresso por pronome pessoal obliquo ténic FRASE, ORAGKO, Panfono 105 2) numeral: —Jé tenho seis lem casa, que mal faz inteirar sete? (Catios Drummond de Andrade, CB, 51.) 4) palaves on expressio substantivada: Como quem compae roupas © omors conpashaince (ecnando Pessox, OP, 206) Perserutava na quietnde 0 indtil de sua vida. (Antran Dourado, TA, 36,) €) otagio substantiva (objectiva directa): Nio quero que fiques triste, (José Régio, 5M, 295.) Objecto ditecto preposicionado. x, O ospscro prascro costuma vir regido da preposigio a: 4) com 03 verbos que exprimem sentimentos: 86 nto atava a Jorge como amava ao flho, GJoaquim Pago d’Arcos, CVL, 156.) 3) para evitar ambiguidade: Sabeis, que a0 Mestre vai matic, (Marcelino Mesquits, LT, 66,) #) quando vem antecipado, como nos provérbios seguintes: A homem pobre singuém roube. ‘A médico, confessor e letrado nunca enganes. 2. O ojecro pinecro € obrigatoriamente preposicionado quandc Rubitio viu em duas rosas valgaces uma festa imperial, ¢ exqueceu a sala a mulher ea i, (Machado de Assis, OC, I, 679.) 106 DREVE GRAMATIGA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO. Objecto directo pleondstico. 1. Quando se quer chamar 2 atencio pata 0 OB]ECTO DIRECTO que pre- cede 0 verbo, costums-se selembré-lo pot um pronome obliquo. Bo que se chama oxjucro DIRECTO PLEONASTICO, em cuja constituigio entra sempre ‘um pronome pessoal étono: Palavras ctit-as 0 tempo € 0 tempo as mats. (Jose Cardoso Pikes, D, 500.) 2 © onsexo prmscro rixowisrico pode também ser constituldo de um pronome étono € de wma forma pronominal ténica preposicionada: “Mas niéo encontroa Marcelo nenhum. Encontrou-nos a ns. @avid Mourto-Pecreira, I, 25.) Objecto indirecto. 1. Onyacro mprecro ¢ 0 complemento de um verbo uansitive indicecto, isto é 0 complemento que se lige 20 verbo por meio de prepo- sigio. Pode ser representado por: 4) substantivo: Duvidava da riqueza da terra. (Nélida Pion, CC, 190.) 3) pronome (sabstantivo): Que ela afasce de ti aquelas dores Que fizeram de mim isto que sou! Flosbela Expanca, 5, 24:) 2) numeral: Os domingos, porém, pertenciam aos dois. (Femando Namors, CS, 135,) RASS, ORAGRO, PaRfoDo ao 4) palavra ou expressio substantivada: ‘Mas — quem datia dinhcizo aos pobres? (Catice Lispectos, BF, 158.) Seu formidével vulto solitirio Enche de estar presente o mar ¢ 0 céu, (eenando Pessoa, OP, 14.) 4) otagio substantiva (objectiva indirecta): — Nilo te esquesas de que a obeditncia é o primeiro voto das novicas. osaé Montello, DP, 236.) 2 Nio vem precedido de preposigio 0 onyzcro mpmecro represen- tado pelos pronomes pessoais obliquos me, ie, the, ner, 10s, lbes, € pelo refle- xivo 4. Note-se que 0 pronome obliquo ibe (ibes) é essencialmente onjzcro INDIRECTO? ‘As noites nfo the trouxerim repouso, mas deraalhe, em contrapartida, tempo para 2 meditagio, Coaquim Pago eAcos, CVL, 1177) Tals Garcia dense pressa em visitar o fiho de Valévia, (Machado de Assis, OC, T, 336) Objecto indirecto pleonéstico. Com a finalidade de sealgé-lo, costuma-se sepetit 0 onyzcro mpircro. Neste caso, uma das formas é obrigatoriamente um pronome pessoal ftono. A outra pode ser um substantivo ou um pronome obliquo ténico antecedido de preposigao: — Quem the disse a voc# que estavam no palheiro? (Catlos de Oliveira, AC, 115.) Predicativo do objecto. 1, Tanto 0 onjecro pixecro como 0 mpmecro podem ser modifi- cados por PREDICATIVO, O PREDIGATIVO DO ORJECTO 86 aparece no predi- cado VERNONOMINAL, € & expresso: 108 BREVE GRAMATICA DO PORTUGUS CONTEMPORANEO 4) por substantiva: ‘Uns a nomeiam primavera. Eu Ihe chamo estado de espitito. (Carlos Drummond de Andrade, FA, 125.) ¥) por adjectivo: (Os trabalhadores da Gamboa julgam-no assombrado. (Orlando Mendes, P, 140.) 2. Como 0 PREDIGATIVO BO sufEITO, o do oBjECrO pode vir antece- dido de preposigio, ou do conectivo cone: Quaresina entio explicou porque o teatavam por major. (Lima Barreto, TFPQ, 215.) Considero-o como 0 primeiro dos precursores do espisito moderno, (Antero de Quental, C, 515.) Observagio: Somente com o verbo chamar pode Ocorre: © PREDICATIVO DO OBJECTO IN pinecro: A gente £6 ouvia 0 Pancério chamarthe ladsio © mentiroso, (Castro Soromenho, V, 220.) Agente da passiva. 1. AGENTE DA rassiva & 0 complemento que, na voz passiva com auxiliar, designa 0 ser que pratica a acgio softida ou recebida pelo sujeito, Este complemento verbal —normalmente introduzido pela preposicio por (ou per) €, algumas vezes, por de — pode ser representado: 2) por substantivo ou palavra substantivada: — Esta carta foi escita por um marinheiro americano, (Femnando Namora, DT, 120.) PRASE, ORAGKO, PERfoD0 ‘an }) por pronome: ‘A mesma oragio foi por mim proferida em Si0 José dot Campos, minba cidade nat (Cassiano Ricardo, VIE, 26) 2) por numeral: Nio devem ser escutadas por todos; tém de ser ouridas por um. Joaquim Pago d’Arcos, CVL, 350.) 2) por oragio substantiva: Mariana era apreciada por todos quantos Jam a nossa casa, homens fe senhoras. (Machado de Assis, OC, Ul, 746.) ‘Teansformagio de oragio activa em passiva, ! 1. Quando uma origi contém um verbo constraiddo com objecto directo, ela pode assumir 2 forma passiva, mediante as seguintes transfor- mages: 2) 0 objecto directo passe a ser sujeito da passiva; 8) 0 verbo passa & forma passiva analitica do mesmo tempo © modo; €) 0 sujeito converte-se em agente da passiva. ‘Tomando-se como exemplo a seguinte oragio activa: A inflagto cors6i os salétios. poderlamos coloci-la no esquema: oragio 5 sujet, objectd directo = oh ; Convertida na oragio passiva, tetkamos: 0 BREVE GRAMATICA DO poRTUGUs CONTEMPORANHO Os salétios so corrofdos pela infagto. © seu esquema seria entfo: omgio ns sujeito agente da passiva esto fos salérios so corroldos 2, Se numa oracéo da vox activa o verbo estiver na 3.4 pessoa do plural para indicar a indeterminagio do sujeito, a transformagio passiva cala-se o agente, Assim: do. ‘vou activa Aumentaram os salécios, Contiveram 2 inflacio. ‘Vou PASSIVA Os salicios foram aumentados, A inllagio foi contida, Observagies: XA Compre alo esquecer que, na passagem de uma oragio da voz activa para a pabsive, ou vice-versa, 0 agente ¢ © paciente continua of mesmos; apenas desempenham fangio sintictica diferente, 28 Na voz passive pronominal, a Magoa modemaa omite sempre 0 agente: Aumentou-se 0 salério dos grificos. Conteve-se a inflagio em niveis razodveis. A ORAGAO E O$ SEUS TERMOS ACESSORIOS Chamam-se AcussORrOS os TERMOS que se juntam a um nome ou a um verbo para lhes precisar o significado, Embora tragem um dado novo a otagio, nilo so indispenséveis 20 entendimento do enunciado. Daf a sua dcnominagio. FRASE, ORAGHO, FER{oDO 7 —_aerer et Séo TERMOS AcHSSORIOS: a) 0 ABJONTO ADNoMINAL; B) 0 ADJUNTO ADYERBIAL; ¢) 0 APOSTO. ADJUNTO ADNOMINAL Apyunro ApNomiwaL € 0 termo de valor adjective que secve para cspecificar ou delimitar o significado de uin substantivo, qualquer que seja a fungio deste. © Apyurro ApNoumsat pode vir expresso por: #) adjectivo: Na ateia podemos fazer até castelos soberbos, onde abtigar 0 nosso intimo sono. Rubem Braga, CCE, 251.) 4) locugio adjectiva: Era um homem de conscléncia, (Asgusto Abelaira, NC, 15.) 4. artigo (definido ou indefinido): 0 ovo € a cruz que a galinha catrega na vide, (Catice Lispector, FC, 1.) 4) pronome adjectivo: Deposito @ minha dona no limiar da sua moradia, ernanda Botelho, X, x18.) 2) sumeral: Cesarase havie duas cemanas, (Caslos Drummond de Andeade, CB, 29.) Pf) oragio adjectiva: Os cabelos, que tinha fartos e lisos, cafram-the todos. (Macia Judite de Carvalho, AV, 116.) m DREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTENPORANEO ADJUNTO ADVERBIAL Apyonro ADvERB:AL é, como o nome indica, o termo de valor adver bial que denota alguma circanstancia do facto expresso pelo verbo, ou inten- sifica o sentido deste, de um adjectivo, ou de um advérbio. © anjuxto apvEnntAt, pode vir representado: 4) por advérbio: Amova perdidamente. (Lygia Fagundes Telles, DA, 118.) 5) por locugio ou expressio adverbial: De siibito, eu, 0 Baslo e a criade comegamos a danca no meio da sala, Branquiaho da Fonseca, B, 61.) ©) por oragio adverbial Fechemos os olhos até que 0 sol comece a declina. (Anibal M. Machado, CJ, 8: Classificagio dos adjuntos adverbi: B dificil eoumerar todos os tipos de apyuntos ApvERBTAIS. Muitas vezes, 56 cm face do texto se pode propor uma classificagio exacta. Néo obstante, convém conhecer os seguintes: 4) DE CAUSA: or que thes dais tanta dor i (Avgusto Gil, LJ, 25.) }) De companmta: ‘Vivi com Daniel perto de dois anos. (Clatice Lispectos, BF, 79.) FRASD, ORAGKO, PERfoDO ny ®ve vévipa: ‘Talvez Nina tivesse razio... Witorino Nemésio, MTC, 105.) d) De Fim: Hé homens muitos para au paral omens para nade, muitos pare pouco, alguns para muito, neskum (Marqués de Mics, MM, 87.) 4) De msrnuumero: Dou-te com 0 chicote, ouviste! (Laandino Vieits, L, 413) A) De RerENstDADe: Gosto muito de ti, (Miguel Torga, NCM, 32.) 4) DE LGR: © vulto escuro eatrou no jardim, sumiu-se em meio as dcvores, CExico Vertssimo, LS, 135.) 3) De meavbara: cotian Sado. Bsczevia com a pena da gathofa © a tinta da melan- (Machado de Assis, OC, 1, 413) i) pe acm Estarei talves confundindo as coises, mas Antbal ainda viaj i Paya indindo as coisas, mas Anfbal ainda visjava de bici- (Augusto Abels, NC, 19.) J) De Mopo: ‘Vagarosamente cla foi recolhendo o fo. (Lygia Fagundes ‘Telles, ABV, 7.) J) pe wecagho: —Nio, seahor Cénego, vejo. Mas niko concordo, no accito. (Bernardo Santareao, TPM, 109.) ng. AREVE GRAMATICA DO poRruGuis conuEaPORANEO mm) DE TEMPO: “Todao as manhie cle sentava-ce cedo a essa mesa exctevia até a8 dex, conse horas (edto’ Nava, BO, 330: APOSTO x. Avosro é 0 termo de catdcter nominal que se junta a um substan- tivo, a um pronome, ou a um equivalente destes, a tiealo de explicagio ou de apreciagio: Biles, o8 pobres desesperados, tinham uma euforia de fantoches, (Fernando Namors, DT, 257.) 2. Entre 0 Arosto ¢ o termo a que cle se sefere hi em geral pause, marcada na esctita por uma virgule, como no exemplo acima, ‘Mas pode também iio haver pausa entre 0 APosro e 2 palavea prin- cipal, quando esta um termo genérico, especificedo ou individualizado pelo avosro. Por exemplo: A cidade de Lisboa © rei D, Manuel © poets Bilac © més de Junho Este arosto, chamado Ds ESPECTFICAGKO, no deve ser confundido com certas construgdes formalmente semelhantes, como: dima de Lisboa A época de D. Manuel soneto de Bilac ‘As festas de Junho fem que de Lisboa, de Bilas, de D. Manel ¢ de Junto equivalem a adjectivos (= Hishoeta, bilaguiano, manuelina ¢ jusinas) ¢ fancionam, portanto, como ATRI- UFOS Ow ADJUNTOS ADNOMMSAIS. 3+ © aPosro pode também: 4) ser representado por uma oragio. ‘Homem feio tem esta vantagem: mulher butra no 0 persegue. Gilberto Amado, DP, 254.) 4 | ‘paasé, ORAGKO, vsRfoD0 uy 2) tefetie-se 2 uma osagio inteiea: © importante € saber para onde puxa mais « corredeisa— coisa, ali sem grandes mistérios. eet (Métio Palmétio, VC, 5753) 6) set enumerativo, ou recapitulativo: ‘Todo o faria lembrat-se dela: a manha, os pfssaros, o mar, o azul do cu, a8 flores, 08 campos, os jardins, a relva, as casas, a8 fontes, sobre. tudo as fontes, principalmente as fontes! (Alinace Negreitos, NG, 112.) s porcos do chiqucizo, a8 galnhas, os pés de bogeri, o cardeizo da estrada, as cajazciras, o bode manso, tudo na casa de seu compadce parecia mais seguro do que dantes. (José Lins do Rego, FM, 285.) Valor sintéctico do aposto. © arosro tem 0 mesmo valor sintictico do termo a que se refere. Pode, asin, haver: 4) aposte no sujeito: Bla, Dora, foi, de resto, muitissimo discreta. (Maria Judite de Carvalho, AV, 105.) 4) aposto no predicativ Ele era 0 famoso Ricardio, 0 homem das beitas do Verde Pequeno, (Guimartes Rosa, GS-V, 203.) 4) posto no complemento nominal: Joto Viegas estt ansicso por um amigo que se demort, o Calisto. (Machado de Assis, OC, II, 521.) 4) aposto no objecto directo Jogamos uma partida de xadrez, uma luta renhida, quase duas horas. (Augusto Abelaica, NC, 54.) 2) aposto no objecto indirecto: ‘Meu pai cortava cana para a égua, sua montatia predilet Jorge Amado, MG, x3.) BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 6 A) aposto no agente da passiva: ‘As paredes foram levantadas por Tomés Manuel, ava do Engenheiro, Gosé Cardoso Pites, D, 63.) 2) aposto no adjunto adverbial: ck ato em rlagbes aqui no Rio, menino? it (Elim Bacto, REIG,*5) 2) sposto no aposto: meicos foram of Villas, fala composta de Justiniano Vill, chefe de scopto aposenad D. Marga, nea apna e hayes sobrinha de ambos (lachado de Assis, OC, Ih 395) 4) aposto no voeativo: Razio, irm& do Amor e da Justica, Mais ma vez escuta a minlia prece. (Antero de Quental, SC, 72.) Aposto ¢ predicativo. Com o Arosro atribui-se a um substantivo a propriedade representada por outro substantive, Os dois termos designam sempre o mesmo ser, 0 mesmo objecto, 0 mesmo facto ou a mesma ideia. Por iss, 0 azosto nio deve ser confundido com 0 adjective que, em fangio de rreprcatvo, costuma vir separado do substantive que modi- fica por uma pausa sensivel (indicada geralmente por virgula na escrita). Numa otagio como a seguinte: E a noite vai descendo muda e calma... (Elorbela Espanca, 5, 60.) que também poderia ser enunciada: E & noite, muda e ealma, vai descendo... B, muda e calma, a noite vai descendo... senda ¢ calna & prEDtcATIYO de um predicado verbo-nominal. FRASE, OLAGRO, mnfono ny O mesmo raciocinio aplica-te & anélise de oragbes elipticas, se reduz a um adjectivo que nelas desempenha fungio de PmuDtcarn 0 caso de frases do tipo: Rico, desdenhava dos humildes, em que rico io arosro, Equivale a uma oragio adverbial de causa [= porque era ried, dentro da qual exerce a fungio de pretcatvo. © adjectivo, enquanto adjectivo, anio pode exercer a fungéo de APosro, Porque ele designa sma caracteristia do sex ou da coisa, ¢ nfo o padprio ser ou & propria coisan, VocATivo Examinando estes versos de Anténio Nobre: ‘Manuel, teas sazio. Venbo tarde, Desculpa. Gx) sinos de Santa Por quem dobrais, quem motreu? © 47) vemos que, neles, 08 termos Manvel ¢ O sinos de Sante Clare nto esto subor- dinades a nenhum outio texmo da frase. Servem apenas para invocar, che- com énfise maior ou menor, uma pestoa ou coisa perso. A estes termos, de entoagio exclamativa ¢ isolados do esto da frase dése 0 nome de vocartvo, COLOCACAO DOS TERMOS NA ORACAO Ordem directa e ordem inversa, % Em Portugués, como nas demais linguas roménicas, predomina a CHOBM DinzcrA, isto é, os termos da otacio dispdem-se preferentemente na sequéncia: SUUBITO + VEREO + ORFECTO DIRECTO + OnpECTO mpIREGKO ow SUNEITO + VERO + PREDICATIYO us BREVE GRAMAFICA DO PORTUGUES _CONTEMFORANEO | Essa preferdncia pela onpEK prnscra é mais sensivel nas onagoxs ENUNCIATIVAS OU DECHARATIVAS (efirmativas ou negatives), Assim: Carlos oferecen um livro a0 colega. Carlos é gentil. Paulo no perdoou a ofensa do colega. Paulo no & generoso. 2. Ao reconhecermos a ptedomingncia da ordem directa em portu- guts, no devemos concluir que as inversdes repugnem 20 n0ss0 idioma, Pelo contririo, com muito mais facilidade do que outras linguas (do que o francés, por exemplo), ele nos permite alterar 2 ordem normal dos termos da oragio. Hé mesmo certas inversbes que o uso consagrou, € se tornaram para nds ume exigéncia grametical, Inversdes de natureza estilistica, Dos factores que normelmente concorrem para alterar a sequéncia llgica dos vermos de uma oragio, 0 mais importante é, sem diivida, a énfase, Assim, 0 zealee do suysrro provoce geralmente a sua posposigo ao enzo: Queto levat-te a dédalos profundos, Onde refervem sis... e céus... e mundos... (Cestto Alves, EF, 44.) Ao conttério, o realce do parprcarivo, do onjecro (recto ou INBIRECTO) ¢ do ADJUNTO ADVERBIAL € expresso de regra pela sua anteci= Pago ao verbo: FFeaca foi a resistéacia, (Cito dos Anjos, MS, 313.) Minha espada, pesada a bragos latsos, Em mios viris ¢ calmas entreguei, (Fernando Pessoa, OP, 67.) ‘A ela devia 0 meu estado psiquico ciazeato ¢ melindroso. Fernando Namora, DT, 59.) FRASE, ORAGKO, renfoDo a9 Acolé, na entrada do Catongo, é uma festa de mutitto, (Adoaias Fitho, LP, 50,) Invereiio verbo + suite, 3 A javersio verso + suyeiro verifica- @) tas oragses interrogativas: Que fazes tu de grande © bom, contudo? (Amero de Quental, SC, 64.) se em geral: 2) nas oragbes que contém uma forma verbal imperativa: Dize-me ta, 6 céa deserto, dize-me tu se € muito tarde. (Cecilia Meitees, OP, 502.) ©) mas oragées em que o verbo esté na passiva pronominal: Formam-se bothas na dgua.. (esnancdo Pessoa, OP, 160.) @) nas oragdes absolutas const trufdas com 0 verb juntivo para denotar uma ordem, um desejo: eee — Que venha essa coisa melhor! (Murilo Rubito, D, 17.) Chovam Kies e rosas no tex colo! (Antero de Quental, SC, 55.) ae BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 2) nas oragbes consteuidas com verbos do tipo dizer, stern, pergutar, responder ¢ sinénimos que arrematam enunciados em DISCURSO DIRECTO ow neles se inserem: sso ao te faz, moso, protestou Fabiano. (Graciliano Ramos, 5,40.) A) nas ofagdes reduzidas de infinitive, de gertindio e de patticipio: elas madragadas de Sto Joi, a0 comegarem a morrer as fogueitas, ‘mocinhas postavam-se disnte do Soler. (Geraldo Franga de Lima, JV, 5.) ‘Tendo adoecido 0 nosso professor de portugués, padre Faria, cle © substituiv. Jorge Amado, MG, 112.) Acabada a lengalenga, pretendi que bisasse. (Aquilino Ribeiso, CRG, 16.) 8) nas oragbes subordinadas adverbisis condicionais constraidas sem conjungio: ‘Tivesse eu tomado em meus bracos 2 saperiga e paguria dentro em pouco em amargumas os momentos fugizes de felicidad. (Augusto Frederico Schmidt, AP, 68,) 1) em certas construgbes com verbos unipessoais: Aconteces no Rio, como acontecem tantas coisas. (Carlos Drammond de Andrade, CB, 50.) Basta o amor ao trabalho... (Augusto Abelaiza, NC, 14.) 2) nas oragdes que se iniciam pelo predicativo, pelo objecto (directo ‘ou indirecto) ou por adjunto adverbial: Majestoso assoma o astro tei (José de Alencar, OC, TI, 1125.) Essa justign vulgar, porém, no me soube fazer 0 meu velho mestre. (Rui Barbosa, R, 86.) RASH, ORAGHO, FER{ODO A. nés, homens de lettas, imple-se © dever da 10 deste movie voce! 8, impie-se 0 dicecgio deste (havo Bilac, DN, 112) ‘Num pequete como este nfo existe a solidio! ‘(Augusto Abelairs, NC, 41.) 2. A oracio subordinada substantiva subjectiva coloca-se normalmente depois do verbo da principal: preciso que eles nos temam, (Castro Soromenho, V, 116.) 3. Bm principio, os vetbos intransitivos podem vie sempre antepostos 20 seu sujeito: Desponta a Ina. Adormeceu 0 vento, ‘Adormeceram vales e campinas... (Antero de Quental, SC, 224.) Observagies 1.8 Embora nos casos mencionados a tendéncia da Magua seja manifes- tamente pela inyersio vznso ++ supsrro, em quase todos eles & possivel —e pericitamente correcta — a construsio sujerro -+ VERDO. 28 pronome zelativo coloca-se no principio da oragiio, quer deserapenhe 1 fungio de sujeito, quer 2 de objecto, Inversto predicatio + verbo. x. © panorcartvo segue normalmente o verbo de ligagio. Pode, no entanto, precedé-lo: 4) nas oragées intertogativas ¢ exclamativas: Que monsteo setia cla? (José Lins do Rego, E, 255.) 5) em construgoes afectivas do tipo: Probidade — essa foi realmente a qualidade primacial de Verlssimo. (Manuel Bandeira, PP, I, 415.) a BREVE GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO 2) em frases afectivas denotadoras de desejo: “Amaldigoados sejam cles, caiam-Ihes as almas mas profundezas do infero. sn (Gosé Saramago, LC, 121.) ENTOAGAO ORACIONAL ‘A linha on enrva melédica descrita pela voz a0 pronunciar palavras, rages e petiodos chama-se ENTOAGKO. Grupo acentual ¢ grupo fénico. Dissemos que GRUPO AcENTUAL é todo segmento de frase que se apoia em um acento ténico principal, A um on varios grupos acentuais compreen- didos entre duas pausas (J6gicas, expressivas, ou tespirat6rias) dé-se 0 nome de GRUPO FONICO. Por exemplo: numa elocugio lente, Rebelo: © seguinte perfodo de Marques © aguaceiro / desabou, Jcom estrépito, / mas a folia / persistiu presenta cinco GRUPOS ACENTUAIS, cujos limites marcdmos com wm thago inclinado. Mas encerra apenas ttés GRUPOS FONTCOS. © aguaceiro desaboo, j com estrépito,// mas « folia persistiu, © grupo fonico, unidade melédica. A UNIDADE MELODICA & 0 segmento minimo de um enuaciado com sentido préprio e com forma musical determinada. Os seus limites coinci- dem com os do Gxuvo FONtco. Podemos, pois, considerat 0 GxUPO FENICO © equivalente da UNIDADE MELéDICA. © grupo fonico e a oragio. Carncterizada a unidade melédica, passemos a anilise das diferencas que se observam na curva tonal descrita por trés tipos de oriio: 2 DECtAc RATIVA, & INTERROGATIVA € @ EXCLAMATIVA. ERASE, ORAGKO, FER{ODO By Oragio declarativa. x, Examinando a seguinte oragio, constituida de urn 86 grupo fénico: Os alunos chegaram tarde, observamos que a voz descreve, aproximadamente, esta curva melédica: la ga tar de que podetlamos simplificar no esquema: : 2 Notamos, com base no tengido acima, que 0 grupo {nico em exame compreende trés partes distintas: 2) a parte inicial (ou ascenomwrs), que comega em um nivel tonal médio, catacteristico das frases afirmativas, apresenta, em seguida, uma sscnio a vo, que ating o seu pont culminate pence aba nica (ia); : 2) a parte medial, em que a vor, com ligeicas ondulagées, permanece, aproximadamente, no nfvel tonal alcangados : 2) & parte final (ou pascexmuNre), em que voz cai propressivamente a partic da sileba (ter), atingindo um aivel tonal baixo no final da frase. | 3+ Dessas trés partes, 2 inicial e 2 final sio as mais importantes da figura da entoagio. Toda ORAGAO DECLARATIVA completa encerta uma pate inicial ascendonte c uma parte final descendente, ambas muito nftides.

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