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Bernd Frohman’ de Souza Alvars junior (Mestre Cicis da Informa; Bibloterio ual for PotD iia Sie de tas (Pf Dm Cc de = UFF do PPGCI UF IBICT ldasvadefretar@gmailcom) fp por Ricardo Silda Siva (Masterem ELT Management Editor da Learning Braslre de Calta nglesa—R). sims. con. Obrigado pelo convite. £ uma honra estar agui neste importante ro, Eu também estou honvado de estar no Brasil pea primeira vez tmstancias tao aprazives. © tema desse Encontro ~ 0 cariter piblico, material e social da io em nosso tempo ~ nomeia uma importante tarefa para os dda informacio: como conciliar estudos sobre o fendmeno da Jem nosso tempo com estucos das priticas sociais e puiblicas, des politicas, da economia e da cultura. Isto & importante porque os pesados aparatos tecnolégicos eis hoje em dia para coleta, processar e utilizar informagio rofundos efeitos na textura, andamento, ritmo e estruturas do ia. Refiro-me aos aparatos governamentais e aos das grandes ujos recursos excedem em muito o Produto Interno Brito mites nagSes,incuindo as wrporagoes de midia, de entretenimento € as indiistrias culturais, que s40 propriedade de grupos bastante concentrados e monopolizados. Existem muitos exemplos documentados desses efeitos, e muito ainda a ser pesquisado sobre 0 que chamei em outro artigo de “regimes de informagio”, Deparei-me com uma matéria da edicfo de 17 de outubro do The New York Times, hé menos de um més atris, que serve como llustraczo. Em 41 estads dos Estados Unidos da América, as eis permitem gue registroscriminais de pequenos deits seam expurgados dos registros legais, depois de um tempo especiico de bom comportamento por parte 4o infrator. No entanto, como 2 matéria rlata,“Registros anteriormente ‘mantidos somente em papel pelas delegacias, cortes de justica € 5 University of Western Ontatio, London, Ontario, Canada. fchmann woes. ipi// ‘wns uwo.cawhosutha/Tcaypage hu? People 6s 9 — ae aioe tendldoe nostcato go sctorpivade Al pre eluinentecontem mats de 100 malhes de regitros criminals” Multos dessa Tepiaresvenidos nfo sto atvaladon coninuam acessves qGittpidoreelocadoret de novels que pagaram pelo acess, podenda SePecEe region que Ht foram legaimente expurgados dos feqlstros ‘Shnnss, nbs que persist nas buses de aon comercial. A materi Spent as de indvdoe gue ram se pein mre ‘Rezada ncgadon, ream para aquele cujosregitos|4tinham cadueado IRgilesfo igurnas reages de um advogado e de um jus. (Advogada Ae sosdbnueus elles) “Dizer a algutm que seu registro ext impo Cnverdade rc prele Nar lena spss deve ened una ver que els tenbam sido condenadat ov preasfz0Bicard para iipre em suas fchas” Quiz) “Esta € uma situagdo horrvel. E 0 Big, roles catemo, sempre Vigiando voce" Esse & apenas um pequend komo so aeaso de regimes de informayo especiico;existem é lar, thults mal que podem ser sistematicamentepesquisados,o que mosta {ufo mporante¢focar a nostaatengio~ como o tema desse Encontro Soper nor sapctos publics e soca da informagto em nosso tempo “Mareriauipape ‘Otema de seu Encontro éimportante e oportuno também € outro ‘modo, Nao s6 por propor um problema importante, mas porque sugere uma solugéo, ou, a0 menos, indica um caminho por onde uma soluc2o pode ser encontrada, Para ser mais especifico: se o problema 6 como onciliar 0 conceito de informacio com estudos das importantes priticas piiblicas e sociais, entdo o conceito de materialidade ~ também presente fo tema de seu Encontro - 6 uma ponte que liga essas duas areas conceituais. informagio, por um lado, e préticas piblicas e sociais por Outro. Penso que o conceito de materialidade € muito importante quando Se deseja investigar o que fazem os sistemas de informagao - entendendo “sistema de informacio” em sentido amplo para incluir o que eu chamo de regimes de informacao, Acredito que o abstrato conceito mentalsta? de informacio - tio predominante nos estudos de informacio, como ja argumentei em um “TR be noni Elena Lie Bout Cusp//n dh. i riebour/ ean) dais Hand Menaso¢ ua outrinprstna do Keim ej ponlado gue 8 ea in eee Se pr aa on wt cos ete Sutin a elactonaie so prclopcno, realm sudjeto ¢ansrealsmo. rer ntearoettor suet spon cot um de econ obese dota cera cenham | eke ates te socal dimension atogearby concelang re reat" shicoea cles, gendrlese and univer minds or ee Srey exping se: of wa proceing™ Ceram, 8) Herein actezoestments nntormaon ese hon maf emettin. ae st 1980, p96) pes ver al hip fie abd DITL feb KO TaSiOniRinuesortzoneogethe viwaowtege oa » : goque: 9, seja essa compreensio proveniente da leitura de um ‘Outros meios. Essa idéia privilegia os estudos da nos indviduos como agentes de atvidades epraticas tudos da informagio. Mas em gerl os individos nao 0s dos processos do interesse dos estudos dos ‘plblicos, econdmicos e culturais da informagio. O fficazmente restringe o pensamento sobre os agentes mpulsionam esses processos€ 3 imaterialidade dessa mentalista modo de expressar a mesma iia éentender que esse de informacio num sentido imateral, presente numa pliea'alimitacao dos estudos dos efeitos dos regimes de investigacBes de murdangas na consciéncia individual. De modo de pensar, os efeitos soca e pblicos dos sistemas tornam-se refens da questio de quantos individuos si ciéncia de muitas pessoas e modifica, entdo, de acordo ema de pensar um fenémeno social acontecet contra essa visio e nfo vou repetir taisargumentos gostaria de mostrar como o conceito de materalidade © muito mais rico do cariter publico e social da m nosso tempo. Para mim, a materialidade é 0 mais t18sconceitos abordados no tema de seu Encontro, porque Pico e social da informagio depende dela. Estow ° akade da informacto, grande eragbes sociais, cultura, politcas eéias, to importantes dos da informacao, se perdem. Uma das principais coisas que acer nessa apresentacao ¢esclarecer esse pont, No curso da apresentato eu vou falar sobre documentos, Esse freqiientemente recebido com desconfianga e incredulidade. Ps estucos da informacao sao hi muito orgulhosos de si mesmos por ejeitarem, considerando-a antiquada e retrograde, a atengZo dispensada es documentos e as técnicas da Biblioteconomia e da Ciéncia da ormagio para torni-los acessiveis via tecnologia, sistemas de Passificacio e virios outros sistemas de anilise de assunto. Mas se = : ese a materialidade fante para o entendimento dos aspectos piblicos ¢ sociais da formagdo, entio os estudos da documentagio tornam-se importantes 05 estudos da informacso, Vou abordar a materialidade da informacio pelo pensamento Foucault sobre a materialidade dos enunciados. Enunciados, para Foucault, no so documentos. Mas 0 que ele diz sobre os enunciados é muito iti para se pensar a respeito de documentos e, conseqiientemente, sobre: ‘materialidade da informaco. Vamos olhar o que Foucault tem a dizer sobre enunciados a fim de identificar esses recursos tedricos. ‘A anilise de Foucault a respeito dos enunciados “os questio no seu modo de existéncia [...] 0 que significa eles aparecerem quando onde apareceram ~ eles mesmos ¢ no outros.” Ele discute o enunciado no a partir do ponto de vista do que ele representa ou significa - portanta ro do pontode vista de sua “informacio” - mas pela via de sua existOnci como ele surge, as regras de sua transformacao, ampliaga entre enunciados, ¢ seu desvanecimento até deixar de existir. O: tenunciados, ele diz, so materiais: “para uma seqiiéncia de elemento lingiisticos ser considerada e analisada como um enunciado |... ela de ter uma existéncia material.” Ele também faz uma distingdo entre fsicalidade e materialidadk ‘Ao contririo de um objeto fisico, a materialidade do enunciado nao consist simplesmente de sua existencia no espaco no tempo. A materialidade ‘medida pela massa inérciaeresisténcia. Assim, o conceito de materialidad fest mais para 0 conceito de massa da fisica moderna, do que para conceito de substancia fisica. A analogia ¢ Gril porque, assim como ‘equago de Einstein, ela dirige nossa atengZo para a relagdo entre a mass do enunciado ¢ sua energia. Quendo compreendemos a fonte da masea da inércia doenunciado, compreendemos também a fonte de sua energi forca e poder. Por causa de sua materialidade, nem tudo pode ser feito ‘com um enunciado ou a ele. Os enunciados apresentam graus def estabilidade, de acomodacio e de resistencia i transformagao, deteriorasio, ou desestabilizacdo. Sua massa responde pela energia de seu poder d afetar, ou seja, 0 poder de criar efeitos. Portanto, a idéia da materialidade dos enunciados no ponto del vista de Foucault estimula investigagSes especificas e detalhadas sobre como 0s enunciados sfo estabilizados, como sua estabilidade é mantida, como eles exercem poder e forca, como efeitos especificos provém deles, como eles séo desestabilizados © decompostos e como eles deixam del existir. Sua idéia estimula investigagSes sobre diferentes tipos def TA posse abide de sentido nessa coloar, como “enancados segundo Foucault cou como “enuncados proferidos por Foucault” segundo abtor, mensional. n ee : rae idade da informasao, através dos recursos tebricos: massa, ‘problema entao passa a ser especificar as fontes de archaeology of knowledge & the discourse on 'sugere uma solucZo para esse problema. Ele diz que enunciado pode ser analisada pelo grau de sua imersio regime de materialidade a que obedecem necessariamente &[.-] mais da ordem da institu (Enfase adicionada} do zagio espaco-temporal; define antes possiblidades de einscrgao ‘no original] (mas também limiares e limites), do dualidades limitadas e pereciveis"*. © ponto levantado por que as rotinas institucionalizadas estabelecem e mantém as ntre enuunciados, dando aeles peso, massa, inérciae resi pela materialidade dos enunciados, ‘Mais uma vez em suas préprias palavras: Essa materalidade vepeivel(.) fz parecer 0 ensnciado come wm ‘objet especie patadoxal. ras também como um objeto entre ot {que os homens producer, manipula, usa, tensformam, trocar, embinam, decomptiem erecompoem, eventumente destioem, AD lis de ser algo dito de uma form defintiva[-]oenunciado ao mesmo tempo em que surge na sua materialidade, aparece com um stats enta ‘em redes,coloca-se em campos de utlizago,oerece-satranseréncias © mosificagSes pocsves, intgeasea operagSes ea statins onde sua identidade se mantém ou se apaga. Assim, o enunciao circu Serve, esquivarse permite ou impedes esis dum dejo. fda 0 rebelde a interesses, entra au order das concestagSes eds ltas, tomma-se tea de apropriagio ou de valida © ‘Meu objetivo € vero que Foucault em adizer sobre os enunciados Jo a identificar recursos teérices para pensar sobre a materializacio lacdo através da documentagao, Se nés coneebermos os documentos Oo refrido pelo autor uma pubic america de 1972 que compa dus oes: "Aaqucclogia do saber” "A order de dicarso” ene Ru Aowanos come eo wads cines longa a par ees wus om 4 fier refer do ext ppna sf ces Eve agree € eas so | ein rs pornauts FOUCAULT A angi doseage Ls Felie Bata Nite 7st ean: Peo Uri 200. apnea xd do gine pc odoin em ports. FOUCAUL M, Aare tr Tadeo ‘de Lode Felipe Bueta Neves.7. ed. ~ Rio de Jacir: Forense Univesitita, 2008, Pp. 118-119, i a ‘materialidade da ordem da instituigdo, como ele coloca ~ vemos que 0s documentos que circulam através e dentre as instituigées t@m uma materialidade pronunciada. Requer muito esforco produzi-los, insticuir praticas com eles, substitui-los por diferentes documentos, ¢ instalar documentos manufaturadose disponibilizados por uma instituigio em outra. Um exemplo pode ajudar: Registros psiquldtrcos sfo produzidos « disponibilizados em insttuigdes psiquidtricas, cujas rotinas e processos Adicionam pero e massa aos registros. Conforme os registros se mover através dos departamentos da instituiqlo psiqulitrica, eles disparam eventos. Entretanto, foje cm dia essas rotinas institucionais especificas nfo respondem totalmente pela materialidade dos egistos psiquitricos. Esses registros migram para as instituigdes legals. Por causa de prticas legais insttucionaisespecficas eles so admitidos em procedimentos e processos judizais, ns quai seu peso e estabilidade tém repercuss0es legascrticas. Nos termos de Foucault, como citado, registro entrou “em redes, coloca- se em campos de utilizaclo, oferece-se a transferéncias e a moificagdes possveis, intepra-se a operagbes ca estratégias nas quais sua identidade se Inantém ou se apaga.” Ele "ao mesmo tempo em que surge na sua ‘materialidade, aparece com um satus." Um registro psiqulétricoautenticado legalmente ter mais peso, mais massa e mais inércia ele é mais firmemente cstablizado ~do que outro registro psiquidtrico que ainda nfo migrou para 4 arena legal. E até mesmo registros psiquidtricos que nunca migraram para a arena legal ganham peso e massa simplesmente por estarem sujeltos 4 uma divulgago legal ~ como fica evidente quando sf0 comparados a uma rede social hipotética em que os registro psiquidtricos no se entrecruzam ‘comas insticuicdes legas. Esse exemplo pretende sugerio tipo de pesquisa relevante para investigagbes sobre a materalidade da informacio. Essa materialidade se revela quando se rastreia a vida institucional dos ocumentos. Registros psiqudtricos ndo tem somente mass, peso einercia, eles tém também energia ~ que é medida através de seus efeitos junto a instituigbes priquitricas,legas e penais. Fiz um deslocamento dos enunciados em Foucault para os documentos, propondo aplicar 0 que ele diz a respeito da materialidade ddos enunciados a0 estudo dos documentos. A importincia dos documentos atribui maior significado ao papel da documentagao do je comunicacio da informacio, Ele aponta que a go tem um poder constitutivo bem diferente de sua funcz0 a. © processo que cle chama de “escrta disciplinar” coloca gm campo de iilncia através Ga insergio de reqistros sobre ‘ircuitos institucionais altamente rotinizados. O “poder ; “captura € fixa” individuos ndo ¢ o poder de apenas stcas objetives individuais pré-existentes na forma permitindo que “informagdes” sobre os individuos fossem ‘Ao contririo, o poder da escrita é “uma parte essencial dos a disciplina” ou 0 aparelho disciplinar através do qual construidos como objetos de conhecimento, Assim, 0 ‘de Foucault nio ¢ na documentacéo como um meio de 9 de informacao, mas como transmissio de poder gerativo o, através do qual individuos que podem ser conhecidos so udos institucionalmente. Gags todo esse aparetho de ecrita que o acompana,oexame abre das powsbldades que sto correlatas a sensttuyi do individu como ‘bee deste nal [..]paramantt-loem seus tacos singulares, fem su evlueio particular, em suas aptidées ou capaldadespropran, ‘sob oconitole de um saber permanence e pot outro [ado a constiule4o de um sistema comparativo que permite armedidade fendmenos global, Adescrgie de grapes, acaractrizagio de fon coletivor, 3 extimativa fos desvios dos individues entre si, suas distribvigsa numa populagio” © que quero dizer 6 que existe um caminho direto a partir da do discurso de Foucault (a andlise dos enunciados) parao estudo \materialidade da informacao. O conceito de ligacSo € a documentagao. réticas documentirias institucionais Ihe dio peso, massa, inércia e ilidade que materializa a informagio de forma tal que ela possa ENT. Embora wilizenos cone citi transcrever a tatusto desss fragmento das edites orgs eT 7) rine ada een en xpress ean natn Mantcrt pelo autora dese omada pn dvi stereo de emo que ere servos o texto cade pot Frohman, Assim, mantivemo® 3 form da esto ext orsuges pela coeréncia de nosso criti adetaparatradogo de cages ongss. port ‘os permitimos oscréscmo ene (] de nossa propria Wado, spesentando um Fersio empivel com expresso que Frohman traereve do exo oigial da esto em ing. NT. Fragmencoextaido do original em portuguts: FOUCAULT, Michel. igi « Pani ‘ascend prisio. Tadd Raquel Ramuhete 31 ed. PeirSplis Woses, 2008p. 137 NT: Gn do ator "NT Fragmeroextado do eign! em portugues Vigra. 158 (er nota 8). é confirmada pelo préprio Foucault em Vigiar e Punir onde ele cexplicitamenteinsiste no papel da documentagao para o exame das pessoas nos “mecanismos da disciplina” (© exame que coloca 0 individuos num campo de vigilncia stu-os Sualment® noma rede de anotagbesesritas:compromete-s em toda tna quantidade de documentos que os captam (epturam] e08fxam. Os procedimentos de exame $40 acompanhados imediatamente 2s Asi a respelto da constituigzo de individuos através das massas ce documentos sto mals culdadosamente desenvolvidas fem seus estudos do funcionamento de sociedades disciplinares, por ‘exemplo, sociedades “grupos fechados": a familia a escola, a fabrics, 0s militares, a pisfo. As sociedades disciplinares assumem varias formas € fem muitas delas regimes de informagio se materializam através de um frenesi docurcentirio. Meu orientando de doutorado, Marc Kosiejew, esta estudande o pesado aparelho documentério usado no apartheid sulafricano para materializar um regime de informacao que estabilizow a cor da pele como informasao racial objetiva de formidves peso e massa, informacio ue era muito mais estavel do que fendmenos cientificos, a despeito da completa faltade qualquer embasamento cientfio para tanto, Trabalhando numa linha semelhante, Kristene Unsworth da Universidade de ‘Washington em Seattle, investiga a estabilizagio documentéria de fSrmagao politica no Ministerium fir Staatssicherheit (Ministerio da Seguranca do Estado), da Repiiblica Democritica Alema, comumente conhecida como Stasi, uma de uma série de estudos de sua tese de doutorado sobre o controle documentario sobre os dissidentes politicos. Esses exemplos mostram quea obra de Foucault inspirou outros a explorar modos da materialidade de informacio através dos estudos da documentacio. Peseta documents saber que fatores contribuem para estabelecer que um ido coletivamente e documentado na literatura "um fato. Ele quer saber especificamente como se jdocumentado de que areagio de Wasserman detecta, raque esse enunciado documentado ndo poderia existir 5 especificas ealtamente disciplinadas. Ele afirma hs de Wasserman sobre a reacio que ele crow contém somente igo da relgSo entre a siflise uma propriedade do sangue. Mas {ise nda 0 elerneto mais importante. © que écrocal 6 exerci _adquiida por ele, por seus puplose, sucessivamente, pelor puplor Alesis na aplicaio price na eficicia da serloga. Sem esa expr tantoa react de Wasserman quanto muitos outros métodossorlipcos flo terlam se tornado reprodusivelseprtens[-] mesmo hoje em da qualquer pesso que elie 2 reac de Wasserman oladamente peed {er primeramente adquirdo vasa experitaia antes que posss cbr resultados conftveis. apenas a experiencia ue ohablitaa perceber a tela entre ili eo ange como um padto defini Em outras palaas, os reltérios de Wasserman documentaram cemtfica elevane, Mas sem a experiencia prética dscpinada do test, esa nformagio tem pouco peso. Mas quarvoapitica As instuigbes de sociedades disciplinares nio sio as Gnicas ao do teste €sufcentemente disipinada para ser confivelmente instivuigdes estudadas por Foucault. Em Aspalavras eas coisas, ele investiga serunciado documentando a relacio entre siflis e uma propriedade instieuiges de ciéncia em perodos espectfico. As insticugdescienuifcas # materializado no patamar minimo para adquiir massa inéria Pee eaete Ne te ode comecion rovenisinen al tes para estabilizar-se como fato clentific. Fleck mostrou a Fleck'e de Bruno Latour mostram como prisicas clentifiens podem da materialidade da informacio. A infoernacao no pode sabreviver contribu paraos estulos da materializacto documentaria da informaga0 autoridade cogntiva. Usando a metifora da equarto de Einstein, Fleck mostra como priticas ndo-documentiiasproporcionam pesoe massa dizer que Fleck mostrou que a massa do enunciado sobre arearzo atenunciados ceniicos documentados. Latour mostra como prticas de 6 uma funcdo da energia da dscplina social despendida na escrita proporcionam peso ¢ massa a estes enunciados. o da pritica de realizacao do teste. © tema principal de Fleck ¢o trabalho coletivo da produgfo do Latour observa diferentes tipos de pritcas~priicas de escrita~ fato cientifico. Primeiramente publicado em 1935, seu “Génese e bilizac4o dos enunciados cientificos. Ele diz que se as conclusées desenvolvimento de um facto cientifico"? desenvolveu suas idéias sobre igos em periddicos cientificos nao sofrem restri¢éo, nem s4o estilo e colesvos de pensamento. Sua ea de estudo era sorologia, IB COMbatidas, esto cicadas repetdas vezes sem questionamento, rornam- ‘mais especficamente, um exame de sangue para detectara presenga de nciados de um fato ou, em seus préprios termos, ‘caixas pretas”, gas as tecnologias de pratelia", rotinelramente usedas pelos Srios cientificos. Ele argumenta que muito do trabalho de cits ree ma tak ea Anti pe aie i es 26 2 pode ser revelado através do rastreamento de virias tEcnicas ret6ri que tinham como objetivo despir os enunciados rivais de todas ‘modalidades diversas das assertivas, ou seja, despi-los de todas as fo de expressio que qualificariam seu enunciado como algo que é (ou nao. © caso, Ele vé a literatura de artigos de periédico cientifico como o de conflitoem torno da estabilizagao de enunciados concorrentes at de praticas de escrta. Ele mostra que a energia das priticas de es dirigida de modo aforcaralguém que deseja contestar o enunciado a uma quantidade absurda de trabalho, dentro e além da literatura. (Onde Fleck aponta para a energia despendida em disciplina: stitucional, Latour aponta para a energia despendida na produgio ‘enunciados, estabilizando-os ¢ resistindo as tentativas de desestabiliz los. Em ambos os casos, 2 massa dos enunciados estabilizados pode vista como uma fungdo dos diferentes tipos de energia despendida. informagio” factual emerge somente como conseqiiéncia do gasto dessa cenergias. Mais uma vez, a informacio deve ser materializada através dé prdticas que conferem um estatuto, peso e massa ao enunciado, InveNTANDo PESSOAS ‘A materialidade da informacdo pode também ser estudada atrav da investigacio do papel da documentacio na criacdo de tipos ou d categorias. Em termos gerais, nao pode haver informacio sobre algo d tum tipo X se este tipo ndo existir. F se 0 tipo nfo pode existir documentz¢do, entdo a documentagao & necessaria para que haf formaglo sobre ele. lan Hacking, em seus estudos sobre “invencio di pessoas", como ele os chama, fornece um exemplo, Ele deseja saber cor as categorias de pessoas surgem, e para isso adota um “nominalist dinamico”, cuja principal alegagao €: “nao € que houvesse um tipo d pessoa que passava paulatinamente a ser reconhecido por burocratas 0 por estudiosos da natureza humana, mas, ao contrario, que aquele t de pessoa passava a existir ao mesmo tempo em que © proprio tipo inventado. Em alguns casos nossas classificagbes e nossas classe conspiram para emergir juntas, profundamente ligadas; uma encorajand a outra.” Como exemplo ele argumenta na linha foucaultiana que homosexual, como um tipo distinto de pessoa, surgiu apenas no séculg XIX. Antes dessa época, nenhuma informagao sobre homossexuais possivel, porque essa categoria nfo existia. Nem mesmo Deus, diz Hackit podia ter feito de George Washington um homossexual Hcking reconhece a importancia da documentagio na emergénci de categorias de pessoas em seus estudos da “avalanche de nimeros que inicia em tarno de 1820", Antes da avalanche de niimeros sobre suicidi por exempla, nio havia pessoas classificadas sob a categoria de “suicida” 28 n pessoas do ia pessoas que se matavam antes da'“avalanche de nimeros” do 197 Como poderia a materializacio da informacio através da a¢d0 ter qualquer coisa a ver com isso? Mas o que importa no Juma data especifica relardes sexuais entre pessoas do mesmo rissem ou que ninguém tirasse a prépria vida. O que nfo ‘corpo de enunciados que tivesse uma vida documentaria e rede de instituicbes interligadas, tal que as categorias I" ou “o suicida” pudessem ganhar massa e peso de ‘especificas, ou meios especificos de existirem como uma poderia haver “informagao" sobre tais tipos de pessoas. _ A materialidade da informacio sobre categorias documentadas nas € bem ilustrada no trabalho de Louis Charland, Ele estucdou os remorio de categorias do Manual Diagnéstico dos Transtornos s# (DSM), um documento de grande peso e massa institucional. publicado pela Associacdo Psiquidtrica Americana, é o sistema sficagdo mais frequentemente usado no diagnéstico de transtornos ts nos Estados Unidos. Quando foi removida a categoria Transtorno ias Personalidades, pacientes diagnosticados com essa desordem ram para resistir ao desaparecimento de uma categoria que sua identidade. O enunciado que diz que uma pessoa softe de personalidade é desmaterializado pela remogio dessa categoria ifiaco dos transtormos mentais institucionalmente autorizada, sé de um de priticas institucionais, mas ~e isso é o que preocupa os —ameaca sua existéncia também num largo escopo de praticas duais, sociais e culturais. A resisténcia tenta rematerializar 0 >, mas, como os pacientes tém pouco poder institucional, suas de sucesso sio pequenas. Ainda assim, sua repetigio coletiva do principalmente por criar novas estruturas institucionais com priticas documentétias —talver nfo do tipo médico e psiquistrico, estruturas sociais e culturais -, assegura alguma esperanca de izaco do enuncado que temem desaparesa. As chances de : ncia do enunciado dependem do seu sucesso na migracao de tma rede institucional edocumentiria para outa Se uma categoicsoca $eultural de transtorno de miltipla personalidad pode ou nao sobreviver a perda de massa documentiria médica e psiquidtrica ¢ uma questo ‘mpitica, de interesse dos estudos da materialidade da informagao. ERT Tadiso de soto como tla ma vero em poriguls, Una bseract qe 0 BRE cempleto do vo cm queso ¢*Mnual Dngnocicoe Eeastce dos Wanetcnnos is que we encontr em tia ed 2» ‘Até agora tentei mostrar como a materialidade da in pode ser entendida em termos de sua materializacio através documentacao. Tentel mostrar também como a materializagao di informacio através da documentacio nos ajuda a compreender o cardter pilblico.e social da informacio. Desejo agora usar essas idéias para abord © tltimo conceito importante do tema de seu Encontro, o dos proceso de informagio em nosso tempo. Fare isso falando dos documentos digital Em geral, a informaglo é materializada no apenas por mei institucionais, mas também por meios tecnolégicos. Existem m estudos sobre, por exemplo, os efeitos das tecnologias da informacao incluindo a oralidade, as tabuletas de argila, opapiro, o papel, aimprens o telégrafo, crédio, o filme, a televise muito mais ~ sobre as estrutu formacio. Os documentos digitais sto significativamente diferentes detodos esses, de muitas maneiras. Eles sio casos paradigmiéticos de um novo tipo de documentagdo. Através de sua imersio tecnoldgica, levissima fisicalidade cletr6nica, quase sem peso, empresta-lhes grand vvelocidade, forca e energia. Nosso mundo digital se junta aos documento digitais, que s40 produzidos por maquinas, alimentados em out ‘maquinas e que automaticamente produzem efeitos que configuram nos: vidas, Documentos digitais, comparados a documentos tradicionais, sia processaveis em gratt e escala tinicos na histéria. Muitos enunciado igitais, ais como os que digitamos em nossos teclados ou escrevemo dentro dos softwares, sio comandos"*, com efeitos complexos. ‘A documentagio digital desafia o cenério tradicional di disseminacio da informacio, 0 de sujeitos aurénomos comunicando- ‘ou trocando “informagGes” uns com os outros ~ porque a intencionalidad caracteristic essencial do cenétio tradicional, esté ausente na geracao de jum vasto conjunto de enunciados digitais. Sua producio processamenta ‘ocorrem fora da consciéncia. Vejamos alguns casos especificos. A agregagdo das transag0es individuais eletronicas automatizadas do mercado de a;6es gera documentos digitais que si9 processados para gerar novos e dindmicos documentos, como aque!as tel {de dados instantaneas e dinamicas que registram as flutuacdes nos pre! ddas aces. Esses documentos digitais, registrados em tempo real, alimentam automaticamente maquinas pertencentes a individuos, gru ‘corporagdese governios. Eles so processados para gerar automaticament ‘comandos de compra e venda, gerando assim novos precos de ag0es. Os efeitos em larga escala desse tipo de documentacao eletrénica srcebidos por todo 0 territ6rio social, por exemplo, em alteracdes Aistribuigio dos processos de producio, no consumo € no mercado os de compra de pontos de venda, coletados a cada compra idores eletrdnicos, sio enunciados digitais. ite processacios para determinar l6gicas corporativas que tamente 0 prego, a disponibilidade, a invencao, 0 ento ¢ comercializagio dos bens de consumo. Essas so inicas. Os consumidores s20, num sentido causal, a fonte, es dos enunciados que documentam eletronicamente & ramento de dados é um terceiro exemplo. O marketing ea porineos em sociedades de informacio avangadas so yeis sem uma constante coleta, agregeglo e processamento de 408 eletores ¢ consumidores. Existem muitos estudos de sofstcadas de monitoramento de dados. Um estudo investiga Polling, uma firma piblica de pesquisa de opiniao e a United juma consultoria de dreito politico (ambas ameticanas). "Com vas ferramentas de midi", observam os autores do estudo, "2 9& capaz de rastrear mudangas de popularidade minuto minto um evento televisivo como um debate presidencial, ou de fornecer eqfo de tendéncias de opinido sobre qualquer coisa desde uma cia com o presidente sobre ir a guerra até se a pessoas encod sbacan deve ser mistrado com wa Alm dos mals ts métodos como surveys e a mineracio de dados, a Grapevine 8s de busca que passeiam pela Web, “coletando automaticamente Jo cle websites, ais como o e-mail de alguém, os enderecos fisicos es de uma organizacdo”. Tanto a Grapevine quanto a United tusam spam € spywares: este tltimo @ instalado sem que ce ou “geralmente com um consentimento pouco informado do que com freqiéncia mais tarde vai esquecer-se de sua presenca.” os procedimentos so capazes de prover panoramas dinimicos le gostoe opiniao, muito parecidas com as represent tempo real grads pas soi ccnolog de processes fe informacao do mercado financeiro, Os clientes dessas companhias usam us prodiutos para manipular os mercados-ou processos politicos. Entre so “agéncias de propaganda ede relagdes publics, empresas de micacioe de entretenimento instituigdes universitérias de pesqui ears de opinion rare wm urate, tas servigos de provedor de internet e PACS [comités de a¢30 a ENT pam prrar So respectvamente divlgato nto slitada de produto sevigos (em ‘Hea por emul) robbs de vighanciaelecronca que se inetlam nos compuradorss ¢ soa Hier de comumo, vn es a: do samsomlere ¢ Seton “Yatiados tipos de atividades e assuntos. “ “ ” 1 pesquisa de opinis P ta, que nao envolver enhuma intera¢io ou contato direto com os pesquisados. Em suas. conclusdes, os autores sublinham que a “habilidade da United e da Grapevine de reunir livremente e com freqUiéncia um nimero expressivo, cde dados pessoais sem que os sujeitos se déem conta marca um dos pontos. altos do monizoramento de dados.” ‘© monitoramento de dados é um exemplo notivel de processos de informacie que ocorrem automética e autonomamente, para além da consciéncia, Esses exemplos de processos de informacio distanciam-nos. do cenario comunicativo do contetdo semantico ~ ou “informagio" ~ transmitido de mente para mente. Se hé um modelo de informasio em’ funcionamento aqui, como pesquisadores desse fendmeno apontaram, este. seria modelode Shannon e Weaver, no qual a representacao ou 0 contetido, ‘semantico da mensagem € irrelevante para 0 seu efeito. A Gnica coisa que: importa, em muitas 4reas importantes do cenério comunicacional contemporaneo, é 2 eliminagdo do ruido de um canal; o objetivo & simplesmente estabeleercontaro. As polticas presidenciais americanas s40. altamente evcluidas nesse aspecto ¢ estabelecem um padrio que muitos ‘outros paises agora se esforcam para seguir. A finalidade de grande parte da comunicagao politica dependente das tecnologias digitas € simplesmente. establecer contto, provocando comosio em piblicos-alvos cuidadosamente trabalhados. Muitos processos documentérios na vida politica contemporinea assumem a forma de difusto de performances que $80 ‘explosoes emocionais:ndignaro, pena, exctardo,alegriacoutras posturas ‘emocionais infantilizadas. Uma vez despertada, a reago emocional do pablico é manipulada pelas tecnologias digitais. Exemplos individuals dessas Tespostas afetvas a eventos encenados sio agrupados a fim de representar fluxos dindmicos de altos e baixos na reacao emocional do pilblico, conforme ‘ao ocorrende em tempo real nas diferentes Areas do cenirio politico. O sucesso do contato alcancado por tais pracedimentos ¢ medido pela ‘magnitude da repeticlo e amplificagao do efeito emocional desejado © de sua administrago eficaz, que tem como objetivo conectar of fuxos de respostas emacionais a fluxos previsiveis de comportamento eleitoral. ‘A partir dessa perspectiva, vemos muitos processos documentérios tendo pouco a ver com o conteédo semantico, a representacao e a consciéncia de individuos. Tals processos nfo tém aver com a comunicacio de idéias, pensamentos, proposigdes, argumentos, evidéncias ov julgamentos. Eles tém a ver com os poderes emocionais os fluxos dos documentos digitais, e com as reunides nas quais seus poderes sio exercidos. Um tiltimo exemplo vem das aplicagdes militares das méquinas, de informagio. O soldado cyborg é agora uma figura familiar e guerra no 2 cnunciados dgitis gerados tanto por sensores por sensores remotos, ¢ processados tanto por (quanto por remotos. Enunciados similares s20 Pvoar acronaves. O objetivo abertamente declarado ndido é tirar o ser humano do circuito 0 mais para evra degrada das gies iltares pelo ‘Igloo na guerra do Vietnd sob a autoridade do entio Defesa dos EUA, Robert McNamara, Foram deixados go da tritha de Hi Chi Minh para detectar caminhées fos, a partir de aeronaves que sobrevoavam, para um He centro de processamento, e dai para jatos Phantom F-4 em contecer em 5 minutos. Essa cena comunicativa caracteriza a tica de documentos digitais sem autor, na forma de dados rocessados em forma eletrOnica, que funcionam como ;para agentes ndo-humanos que obedecem ao comando soltando em humanos ~ uma informacao processada que elimina nite 05 sujeitos racionais e autonomos do modelo tradicional caro, ainda mais esse exemplo que inquestionavelmente tem no triviais. Esse monte de enunciados digitais ~ documentos = por sua leve fisicalidade, exerce forca e poder através de sua lidade de quase pura energia. As investigagGes de como informaga0 € materializada por meio de sua imersio em tecnologias de samento de informacio eletronica levam diretamente As eristicas pUblicas, sociais, politica, econémicas e culturais da ago - 0 que tem sido reconhecido como central para o estudo da magdo por esse 7* Encontro Nacional de Pesquisa em Cigncia da Minha apresentagio tentou oferecer alguns modos de pensar formacio que abre campos de priticassocisis, piblicas, politica, ae cultura. O caminho a esses campos nos leva da materialidade _ a informacio para os documentos e dai até as fontes da massa e energia _ dos documentos. Investigagdes sobre a materializagao da informacao ‘través da documentacdo podem identficar os campos de forca — ane [Enbora ni dconuizado, se plicaa components de hardware, endo tein origi lof esmplamente usa no ingles institucional, teenol6gico, politico, econdmico e cultural -que configuram caracteristicas publicas e socials da informago em nosso tempo. Eu nfo espondi muicas questOes, Mas espero ter podido identificar algumas diregdes para futuros trabalhos e algumas ferramentas para realizé-los. ‘Congratulo-me com voces em seu Encontro e seu importante tema. Desejo emporada. Muito obrigado pelo convite a todos uma feliz € prox generoso e pe'a sua genti Estudos Histdricos ¢ Epistemoldgicos da Informacio

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