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Aristoteles: ética da imanéncia A jutiga 0 ave da scat ‘plea amegura a orien na com Iida sca por sero eto de deter Inia que jt Ales A Hien © a Politica de Avisételes formam o primeira srande tratado sobre ocomportamento das pescoase da 80 iodade. Na Ftiea, Aristételes escreveu algurnas das mals be- Jas péginas da histiria do pensamento; por exemplo, no ati ‘mo livo da Htiea coneuiu que “o intelectoexerce uma avi ‘dade quase divin, é nossa melhor parte e nos aproxima dos douses" (EN, 10. Mas esta nobilisima afiragio mio :mais importante qe esta outro homens é urn animal az de pensar e de fazer politica” (EN, 1 sto 6,0 homer & lum ser no qual conviver as realidades biolgica, sensitive, Intlectivee divine ‘Atarefa primordial da cléncs ica consiste ern colocar ‘uma certa harmonia, hierarguia ecomando nesta complex ‘dade; tarefa muito difell ue s6 pode ser cumprida aprexi- ‘mativamente, pois desde o inicio Arstételes adverte que as ciéncias da éicae da politica analisam as condutas huma- nas mutavels por aproximacao e ndo por defini como na 'metafisica que é a ciéncia das coisas Imutaveis (EN, 1.8). Nesta introdugio, quero destacar quatro eos em toro ‘dos quais giram as duas obres de Aristoteles. Primeito, * Astrea BY retreat taba a Nia de Aisiele 1+ 2p oman + Gtica 6 natural: emerge da estrutura Biola do ser hum no tomado em sua individualidadee sciabilidade, Néo 636 individuoqueé produto da natrera, mastambéma socie- dade. Da resulta que a melhor definigéo do homer & esta “um animal racional¢, a0 mesmo tempo, um animal politi- 0" (BN, 1, Plato afima elsramente que sociedade & lum grande animal, ‘© segundo eixo Mui do primelto: a étia ¢ finalists, To ‘dos as eccolhas e decides humanas vam aleangar um fin, produzirum bem e chegar a uma meta. eo que dir oprimel: +o parigrafo da étca: “Toda a arte tods a investigego a sim como toda ago e todo propdsio visam & algum ben, por isso foi dito acertadamente que o bem & aquilo que to ‘as as coisas visam” (EN, Jy). © tereeio eixo 6 0 carat da obra: a tica 6 racional ‘Como dissemes acima, a tarefa da die est em harmonizat ‘osimpulsos hioldgicn,instintivos e sensitivns rob orients ‘i da raza, “nossa melhor parte” (EN, 10,0. Nostos impul- 0s bioldgicos expontdneos ganham qualidade étiea qusndo subordinados ao comand da raze, como veremos adiante. 0 quarto eixo afirma a heteronomia da étiea. A ética ‘vem de fora, vers da natureza; oomem nao escolhe nem Aecide ser ético; ele nace ético porque, send animal intel lente, todos 0s seus atos so, de algum mode, deiberadoe, ‘escoThidos e decididos recionalmente. Somos o nico ant ‘mal que, por natureza, decide seus atos tanto para o bem ‘quanto para o mal. Mas, send biologicamente ético, nao ‘quer dizer que faga ages éticas automatieamente; a agbes sendoétieas quando decdidas pela iberdade: "Nem por n= turezs nem contrariamente A nstureza a virtade moral 6 er ‘gendrads em nés, mesa natuzeza nos da capacidade de re cebéra e esta capacidade se aperfeigan com 0 habita”(E 1,), Entio somos apenas poteneialmenteétcos por const ‘wigéo natural, biolégica, Bstes quatro eixos etravessaram os séeulos sem contes- tagio. Bm tomo deles giraram quase todos os tratados de omit + tae x ociidatea :na, sensitiva hos sentimentos de dare prazer, os cinco sent- ‘dos como vere ouvir na inteletiva temos inteleto eode- ‘sejo superior (vontade). As primeiras duas formas de vida ‘io blologieas eiraeionals, como nes animals; a grande di- ferenga esté ua erceira, 0 intelecto, que ¢ exclusive do ho. ‘mem, principio de sun especiicaghoe ientidade. ‘Aética em sentido global cnsiste exatamente em dis pilina, harmonize hirerquizar todas essas energiase fun {dea Homem virtuoso © etic é aquele que consegue orde har esta sua riqufssima variedade de energiase fungoes. 0 impulsos vitae do instnto e da sensiilidade (alma ‘vegeativa e sensitive) ndo so nem éticos € nem a-ticos ‘so spenas potencialidadesbioldgias; tamamse ico qua {do exercidos sob o comand do intelect alma intelectiva). Porexemplo, fazer sexo e saciar afore de matt tic sgn fica realizar estes aos sb a mederacao da razio que nfo 08 reprime mas orienta de modo digo do ser raconal. Eno a ‘Sexualidade humana ¢ biologie eétiea enquanto a do ani: ‘mal 696 blol6giee. Aristeles tem o euidado de dizer que o intelecto nite cexeice sobre os noasos impulses biologicas um eomando ‘despdtic, repressor e aniquilador; poss paixbes eimpul: ‘ss nio so destuldes pelo inteleto, mas por ele orienta ‘doe. Em entra palavias,ointelectoexerce sobre olnstinto tan i eam tea + ‘ea sensibiidade “um govero poitco”, uma “administe ho inteligente”. Portanto, as virtudes étieas nada mais sio do que a educacio do instinto, da sensibilidede e das pat bes sob aluz do intlect, (Convém destacar que para Aristételes, no existe cor te, um abismo que separa a vida vegetativa, sensitive inte ‘ectiva, como entenda Plato. Esta tebe € central naética ais. totélca como o ser na éica de Tori de Aquino na Idade ‘Méatia. uma 56 e mesma vida, com maltiplos impulaos & fungbes que vio desde o instnts da fome aa fungio con ‘templativa das supremas verdades. Bn outros termos, embo- ‘ano homem existam trés vidas ~ instntva, sensitive einte- Jectiva-yumae nica ésua forma, a raionalidade que ordena ‘comands o todo. nto fea elaro que eta consiste em hat ™monizar toda ess riqueza vital pelo governed intelecto Aristoteles chama virtudes morais aquelas que se ref rem ap instinto ea sensibilidade eintelectuals aguclas que ependem do inelecto, As virtudes morais so multas ¢ ‘Avistételes analisaas mais conhecidase diseutides no mur dogrego;as fungbes.ou virtudesintlectuais sho das se Dedoria (ofta) e a prudéncia ou discernimento (romesio) ‘Vamos ampliar 0 que acabamos de dizer, comegando pelas virtues moras. Como so numerosos nosos impulios, sentimentos, agies epaixdes, numerosas serio as Virtues morais ab a movers ‘ho da rario que estimula a eriagéo de habitos¢ costumes repetindo as mesmas ages, Por exemplo,¢ pela orientacdo do intelecto que o homem, repetindo ato corajosos, se tor. za corajoso; repetindo atos justos, tama-se just, fazendo tos temperantes seremos moderados nos apetites de fome sexo, Nos somos apenas potencialmente corgjosos ¢ jus ‘tos; pelo exereicio repetido, nos tomamos, de fat, corajo- 505, justos e temperantes, diz Aristteles, Por isso, homem nfo nasee éico a no ser potencial- ‘mente; pela repetigio de agbes e autocontrole rasan oho 2 emda © sem stoma viuoso. Lelamos uns passage de Aiste- TereSendoasins presen investing ca fo vse ao Schein fio, eng peas Dr shecer que €a vrtde otal esi para nos tomas Dons; tp no ee asi nots venengo sera no se Na tie aristticasabedora eps, nose virtues ntlecives, fata itrenga expecta et amano, lomandoo una eplciedstints dtd ao {vo Bath, nohomer. apse cen fst salo aa Tint quando produ intlecta que ¢ tei (abedo ta)ersomesme temp, pico idincay arate deta the nein omer sna abe profendas des tinea canst vida quotana Pela sahedoria fia) o homem eleva-seaclma dase ades mutaveis contingentes © passageirase considera as ‘elidades imutaveis,comoas esséncias das coisas, 2 vorda fo, 0 bem #o justo, Disto se oeupa a metafisica de Arstte les, Seu mestre Pato eviou um mundo especial pata diseu- tir os seresimstaveis’ o mundo das dias eternas, Apmudeénciadlisceme, escolhe, pnderae decidensagies 4 fazer e 08 melhores meios prétens para aeministar os omportamentos quotidianos, Numa palavea, pela pradén- ‘da 0 intelecto governa a sensibilidade e o jnstinto e suas tendencies, [Na verdade, poucos homens chegam &sabedori, me {afisico; mas, para ser feliz nfo é preciso nem saber flosofia ‘emmito menos as Yeorlas metaflsicas: 6 essencial a pratica ta virtude como vimes seima (BN, 12) ‘Mais que as teorias, oexerecio da prudéncia6indispen- vel a todos os homens que desejam levar uma vida digna, segundo a virbude Ra sabedoriaprtica ou prudéncia que ros leva sdecicr o que Sejao bem e o que sea o mal, o que ‘Sa sto ou injusta em todos os nossos comportamentos: “Aprudénciaéuma dlposigio pres, seompanhadad ae + dae go enacneoan ten 28o especulativa esbedo para o homem” EN, VIS). Porm, a subedoria e& prude opera juntas, exata- mente porque so fungtes de mesma e tniea alta intelect- ‘va (form), Ambas operam nas delsdes éticas do dia-a-dia. ‘ sabedoria mostrando o bem hulmano geral ea prudéncia escendo as stuagdes prétias, ds circunstaneins particule es, mutta vars, smamentedfiei. Assim, ointeleto, como pnudéncia, indica os melhores caminhos para eantorna problemas individusiizados fs da subedoria que sponta 0 bem geral EN, V7. Enfim, para Arstétles, nis somos esse grandiose con junto de energias, desde instinio de sexoefome, passando pelo sentimento de dor e prazere culminando no intlecto leérico e pratico: a intligéncia do bem humano e do agit ) em torno do que 6 bere mal ‘Badmirdvel a fina andlise de Avistoteles das enengias ‘ungGes humanas, maltiplas e wulto diferentes, edefinin- ‘doa étea como o agi 0b o comand do inteleet, Por, & 9 proprio Aristoteles que nos disque a “cléneia da tia” & apenas sproximativa e nunca defniiva Por isso, estagvita explora longzamente um outro ex ‘minhodese entender a ética: oezminho da étiea prudencial, ‘que consiste no meio termo ent 0 excessa ea deficitncia, ‘Avia prudeneial nada mais 6 doaue & buses do equilibrio ‘da vida pessoal e socal, Porém, 0 meio-ermo nao igual para todos mas ger4 proporeiona 8 cada pessos e em cada ireunstincia B por isso que os prinepioe frais da ética (por exem- plo, a busea do bem) nem sempre abrangem todos os ho mens em suas circunstinela siagulares, O equilfario de +2. eto: teadiratecs © ‘vida ou melo-termo virtuoso no é matemético como a mé- tia aritmética, Aristteles exemplifiea com a alimentaci: ‘uma pestos pode satisfazerse com trezentos gramas de all mento e uma outra, com cem; omeio-ermo, a média,nio & ‘duzentos gramas. Isto poderia ser muito poueo para um & ‘excessivo para 0 outro. “Eno, 0 que 60 melo-ermo do comportamentohumano? ‘Qual €.0 melotermo vstuoso? Arisételes responde que 0 “mo-trm est numa proporeionalidade eanveniente a ee datum de nie. Nos no soos todos corajosos ou tempera tes do mesmo moo; cada um de nés tem seu eito de so. Por consequint,¢difelestabelecer o meiotermo vir ‘woso, pois as ag6es humanas so futuantes e mutaves, se ‘undo as mais variadas citcunstancins. Por isso precisamot ‘ontentar-nos por defini a virtude como tm equilfrie de ‘ida a ser sempre restabelocido (BN, 11.0, visto que a cién- cia da éien nfo tem aexatilo da metalisia (EN, 13) Em sintese, a ética prudencial é uma maneira de ser ‘moral adequada a cada um nas suas cireunstncias e faz ‘com quea peszoa de bem viva segundo obem moral ea dig anldade burana (EN, 111; 6) Para Aristteles,o meio-termo ético 6, finalmente, det ido pela experiencia de vida e pelo juizo prudente de um homer sensato Yronimos):cabe ao homer prudente des- cobriro excesso ota defieéneta nos ses compartamentor €edefinir os meios mais adequacios para aleancaro seu bem possivel (BN, 112; 4) Pr ss, dz Aritétles a prudéncia orienta toda a prt caftica eno épripria dos ovens aos quais ainda falta expe énela ela contem mais as homens mars e que passa zum por mites stages humana. as, qualquer pessoa ‘em difeuldade para tomar uma deeisso moral pode recorer ‘experiéncia do fronimos, pessoa prudente e experiente _Até qui, falamos do extraordindro etorgn de Arist les para apontar o meio‘ermo prudanciale virtuoso. Na ver or + Told gmpe orc oa * dade, a oaidistneia dos exeessoeéum prinespio da sabedo- riahumana de todos.os tempos, deantes edepals dos sregos. Com efeito, os romanos e estsicos, por exemplo, faziam con: sistraétiea no principio; “nada se faa em exeesso" (ne quid ‘nimis);e aerescentavam que além eaquém deste imite nto pode existir eto moral, ( meio-termo prudencial ¢ muito importante também femnossos das; a tica da decisto prudencialé um excelente ula, porexemplo, nas discussbes sobre o uso de él ron ‘9 out tobre os fetos anencefilicos;sfo situagées reals dos nossos tempos que as teoras éticasglobais (floséticas ou religiosas) nunca abordaram diretamente no passado. Avie {do jutzo prudencial toma, nests easos, decides da forma mais equilibrada e prudente que se possaelaborar & luz do principio basic e universal da étiea (axe o bem) e das cr ‘cunstincias reais dos individuos (fazer o bom em situagées particularese dffcels). a interpretagéo (epkeia) do prin- iio goral da ética segundo as circunstincias ‘VIL Justiga: Virtude da eldadania Na verdad, toda a gama de virudes aristotlicas con: contra-se om tts: a subedoria, a prudéncia e a justiga. Das ‘28s, Aristétees privllegia com grande destaque a justign. Plato Aristételesconsideram a justiga como a etude por exoeléncia que ena harmonia @ ordem na variedede do ‘cosmos e também nas miltipls fungées que compiem 0 set ‘numano, eomo vive, sentir dor eprazer e pensar, a virtude dda ordem e da harmonia eéemiea e humana. Aristétles, porém, no liveo da tea (V3), toma. justiga no sentido restrito de justca politica que estabelece ordem ‘eharmonia nas diferentes partes que compdem a estratura social, O objetivo desta justi ordenadora € 0 bem comurn 8 todos os eldaddos.B cate que define o bom legislador ¢ 0 Aistingue do mau; define também obom eo mau regime po- oud 12, nee nants + Iitico: “Todos o8 regimes que propdem o bem comum so retos do ponto de vista da justia absolut; e os que tém em ‘conta somenteo bem dos governantes so defeituosos,¢o- ‘dos eles so desvios dos regimes rets, pols sin despétios, fea polis ¢ uma comunidade de homens lives” Po. II. Por sso “a justiga esta na igualdade, porém no para todos, mae para oe igunis; ¢ 4 desigualdade € just, mio, porém, para todos, mas para os desiguais" (Pol, 19) talhemos agora estes reas eonceites. Em primero Ii- rar ajustign legal econsste om campritalei da pois, ida- fd justo 6 aquele que ae submete & orden legal. Em sen ‘dolage, a justia a virtude querelaciona os cidadaos entre Si@a vittude da ckdadanlaque garante a igualdade ca liber ‘ade de todos os cidados. Sendo assim, flea defini tam- ‘béma injustga como desobediéncia isles ecomotratamen- to desigual entre os cidads (BN, V5.8. ‘Bm segundo lugar, a justga legal assim definida ordena fazer agies justas em geral ¢ de acordo com cada virtude oral: ages de coragem, de temperance, de amizade e de ‘Veracca; em sentido negative, ajustgalega csida que na ‘polis nose instalem comportamentosviiososecontrios 8 Tei "A lei determina que hajamos como agem homens core {Josos (no deserternos de nosso posto) ecamohomens mode- Taos (no cometaros adultérioe nem ultras) e como ho ‘mens amavels (ng agridamos os outros e nem faleris msl {doles} e assim por diante em relagho is outas formas de vir- ‘side moral, impondoaprétiea de certos ose proibindo ot wos" ENV. Pr eso, justiga legal 6 também chamada justica geral poraiuanto ela comands toda a constelago das virtudes mo- Tris. "Esta forma de justiga 6, portanto, uma vitude com= pleta, no em sentido absoluto mas nas nossas relagbes com fs outros. E por iso que mites vezes a justia @ considera ‘Sa como a vitude mals perfeita e nom aestrela vespertina, hnem a estrela matting so mals bethantes que els. Daf o proverbio: "A justiga encerra toda a vitude” (EN, V3), + tate pao onsen ta * ‘Ademais justgn 6a nea virtude moral que za pon- twentre o indviduo subjetivamente virtuoso eos outros ‘dads; € vrtude do corpo social: “O homem mais perfeito ro € aquele que é virtuoso paras, maso que oé para osou- tras, coisa que¢ dif Assim pademos considera a justiga no como simples parte da virtude, mas a virtude inteira, € seu contro, a injustia, nfo 6 parte do viel, mas o velo Inteiro" EN, V3), A jstign goral 6 também o fundamonto da justiga dist Dbativa que trata da correta repartic dos bens, das riauezas ‘dos encargos na polis. Também aqui trtamento deve ser igual, no poré de uma igualdade artmétiea mas propor- clonal stuagéo de cada cdado,conforme sua formagio e Rung que ocupa. Para estabelecer a justiga proporcional caitativa a cin cidado,olegisiadox precisa ponderar com ‘prudénca fim de no faertratamentoinjusto EN, V2. rhalmente as injustigas na disribaigo justa e proporcional dos bens seri julgadas pelos juizes (N,V. Ito mostra que, para Aristételes, a justica legal e geral no € algo aeouto; pelo contro, ela se subordina ao juizo ‘prudente do legislador e, quando necessario, 4 deeiso do jit, A justia ndo€ um fim, mas um meio decriaro bere tar geral 0 convivio pacifico dos idados. Porém, pode haver conflitos entre a el universal e as ‘condigdes particulares dae pessoas. lel gral estabelece os ‘compartamentas comuns a todos s edadldos mas nio tem Conigies de prevera todos os aos particulates e wate: dade das circunstineias que acontecem. Segundo Aristte Tes, “quando um caso eseapa ale geral, assste-nosodireito ‘de vorrg a omissao e fazer-nos interprets da intengio do Ext é ngiocureliva da vittude da eqidade(epikeia) ‘que complements justi; 6a virsude que interpreta @ lei ‘ger, lexbiizando sua rigier: determina o que €usto em ‘cada situagio paticular- Por ison eqhidade éjusta e supe- eae 2. tecnica * sor aum certotipa de justiga (egal: daqul se deduz também ‘ patureza do homer eqitative: éaquele que tende a pat ‘car agies gem ge sarrarrigorosamente asus direitos eten- ‘dea exigr menos do que Ihe é devdo, embora tenha a lei a feu favor. Esse &0 homer eqhitative e esta disposigio € @ featidade que ¢ uma forma especial de justiga eso urn dis ‘osigio inteiamentedistinta" (EN, V,U-O leslador€ por fantom intérprete legal dos sentiments virtuosos e justos os eidados nas suas stuagbes particulares. John Rewis, em noseos dias, inspirow-se no livo V da titica,sobretudo no conceit de justi eqitative, para es ‘erever sua grande obra Una teoria da justia. \VHI- Quem ¢ eidadao? Pata Aristiteles a Sociedade 6 uma grande comunidade ‘que busea uma finalidade exatamente da mesma maneira ‘que um individu: a felicidade,“Constatamos que a palis & lima espécie de comunidade constituda para sobtencao de jum bem Resule elaramente que tas as comunidades vi- amu bem determinado;aqelaque é mais elevada de to {des cenglobtodae as outta visa em ber que 60 mais ee ‘vedo de todos, Bsta comunidad chama-se polis: comu: nidade polities” (Po, I). ‘A convivéneia sociale politica ¢ 0 momento culminante ‘da ética: homer éabsolutamente incapaz de viver szinho ‘eno se emi mestno feliz se nfo se rlaciona com oso ‘tos ao longo de sua vida (Po, 11). Para Aristteles, a conv ‘enc politica é uma necessdadeblolgien do homnem, con Trariando a tese dos sofistas que defendian a doutrina do confrato social, da soeledade come convencio humana, ‘Numa eélebre passage da Politica, Aristiteles diz: “A sociedad serve para garantir ao cidadio uma boa existénc por isso a sociedad pertence 8 ordem natural, sendo oho: em utn animal que, por natureza, deve vver em sociedad. * (tele gop:onasnote ds * ‘Sua naturl sociabilidade se manifesta na linguagem. Avog, ros anima, ¢ simples sinal de dor ou raver, mas no ho- ‘mem, além de indica dor eprazer, serve para apontar 0 que ‘justo injusto, isto éexclusivo do homem: ele tem no ‘edo do heme do mal, do justo edo injusto; quem nso pode fe 2zerparte da socledade, quem no necesita de nada, bastan ‘doseasi proprio, oué uma bestaouum deus” (Pol, I, -). (Quetn écidadéoda polis? Néo basta morarna cidade ou serfilho de um eidadio, mas é preciso tomar parte na admi- nlstragdo da justiga e“parteipar da assembléia que fa as leis da eidade, tomar parte direta no governo das cosas pd bilicas”, Por isso no séo eidados os trabulhadores e ate sos que, mbar livres, no tm tempo de patiipar da dis tussdo public. Muito menos so cidados os eseravos cuja fungio € servir ao patro. Em geral, no sto eidadios todos fagueles que de algum modo prestam servigo & eldadanis: ‘so instrumentos de aco sem os quais polis nto uncions- a “Aqueles cuj tarefa implica o uso docorpo, que éo que ‘eles tém de melhor, so eseravos por natureza ,paraestes, ‘o melhor é submeterae & sutoridade de alguém. Os ese ‘yos os animals so utlizados pares servigos domésticos' (Pot, E12). Portanto, na poli aston os eidadios so poucos Nem mesmo as mulheres so eidads porque sua esfera de ‘gio 6 0 Ambit familiar, os servigos domésticos sob as or dens do marido que é quem: toma todas as decisGes porque “ohomem ¢ por natureza melhor, « mulher pior ele 6 apto ‘para comandar, esta para obedecer;a mulher ni €escrava ‘mas serve a seu maridoe aos flhos;prtanto,elanada tern a ver com aeidadania” (Pol, 15; H1E-2 PX-Governo da polis A comunidade politica ¢ regida por uma constitulgto {que define as leis do ordenamento da pols, estabeloce opa- pelda autoridade e vegulamenta as fingbes publicas. Cada + 2 ei tendinitis * ccomunidade politica tem sia constituigdo e Aristteles co- ‘nheceu e analisou uma grande quantidade dela CO pontocentral de uma constituigéo ¢adefinigdodo po- er soberano, Aristételes privilogia ts formas de poder: ‘monaco, quand exereido por um s6 bomem; aristocré thea, quando exereido por poueos; demoeritico, quando exer ‘ido por muitos, estas trés formas corretas doexercicio do poder politico correspondem outrastés viciadas a tirana, fs oligargia ea democracia, ‘As primeiras trés slo coretas porque os governantes ro buseam seus préprios interesses mas os da comunids- ‘do, astra viciadas fngem exatamente 0 eontrario: nfo vi sam obem de tados mas sinteresses particulare. Lapa € ‘adescrigio de Aristteles: "Quando um s6,poucos oa a malo- ‘ia governam en vista do interessecoletivo, tems obvis- ‘mente eonaituigies corretas; ao contréro, quando um, pow ‘os 0 maioria exercom o poder para realizar seus interes ‘ses tem-26 oF deaviee: nenhume destas formas degeneradas visu 8 utilidade comur, 20 paseo que as formas coretas do ‘orler visamn o msior bem possivel para a polis e para. osc dados" (Po, IIT). Conelusio Enfim, a étiea ea politica de Aristételes visam dois pon- tos eentrais: formar o cidaddo para a justiga e gerenciar 0 ‘bem comm a todos os cidados, através de um governo i tencionado nesta diregio.Igualmente fundamental é aun dade do corpo social garantia pela pritiea da justica que é {rant e fundamentod ordem eda harmonia na diversi- {lade dos sores humnanos e nas estruturas administativas ‘que compéem a seciedade politica. ‘Aconseqincia da ordern socal €establlidade ea paz na polis, isto tudo que Aristételes visa quando diz.que "so ‘homer néo basta vive; ele quer viver bem”. E viver bem er + ise geszonssonenn cia * implica a pritica da tica pessoal (prea das virtudes mo- ais) eda convivéneia social segundo ajustica soba drecso fle um legislador justo eecitaivo, Bassim que se realiza a ‘meta da ios eda politica: felicidad do compo sociale de ada cided, ses elevados conceits da ica e politica atravessaram os séeulos e chegaram até nés, pelo menos como inspira ‘ava aconstrugio das sociedades contempordneas fundadas ‘ocontrato social eno mais na natureza humana. Mas 08 imho erego segue send o nosso: crarsociedades just, soi ‘iriase pacifias, Rste €o sonho de Plato, de Aristtees, de labermase de J. Rass e de todos 0s poves. (svielos da politica grega como aeseravidio, a subjuga- ‘gdoda mulher, a exchisi social, maus regimes e am adm histregdo pblicacontinuam hofe sob outa forma. Isto mos tra que embors a mazelas soils seam praticamente ws mes ‘mas subsist, porém,omesmo ideal de justia ea mesma es- peranga de realizeto, Os séeulos milnios passados so para nés um imenso acervo de experiéncia ética e politica: experiéncia do bem © {do mal, do justo € do injust, do bom e do mau governo ‘Entao, a histria das peripéelas humanas ests perpassada ‘por um valor € uma energia étieos ou aéticos presentes na ‘Conduta das pessoas eas sociedades: um projeto de justiga © Tiberdade, de oldariedade e paz uma espécie de le da ber dade que luta contra. injustiga. Eno, lendo oriquissimo li ‘ro da experiencia histérica, temas a chance de organizar no ‘steal XT um projeto global valido para todos os homens. II Idade crista: verticalizacao da ética ‘Quem & Deut Pergunteto& tera, 20 ma, 208 ‘bismos eons rps serom-me: poo somos nés 'p teu Devs; busare cia de ns Pergunii co Conta, aoa, 00 00 30,8 fo, desta © issorem-ma: nds tomb n0o somes 0 Deus que procuran Digrne eno mim mesmo, & minha ino, pare ior que methor elo &svperin econ porgue fe daw, 0 ue nenhum corpo pode fora auto corpo. Eno eu sou um home Giiicode pela ono. € quem &Ooust Ele 6 Vide ‘de minha vide (Agosinho) Sendo homem eiado@ imagem e smshonga de Deus, dotado de infalgéne de ire-arbro ede over de ogo eutnomo,deveros, depos defer roto do Evorplar (Devs) oberdar agora o ave $2 ‘efor & sua imagem ise 6, oo home enquent ele principe de suas tas, porque ele post Fberdode dominio sabre ses os. Priamos, ‘camer, conideroro fm ie da vida numa depos inerogar-ros sobre oqo pelo qual horema olsong ov del se ofosta; pore & "por do in gue nos fazenos ume io degule, un ae refero 0 oe (Temes do Aang.

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