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Inrigagao Manejo da irrigacéo Paulo Emilio Pereira de Albuquerque’ 7 Resumo - A consciéncia sobre o manejo da itrigacdo ainda nao esta satisfatoriamen- te introduzida na mente dos agricultores brasileiros. Afora © manejo da itrigagao em si ainda se observam muito desperdicio e ma uniformidade de distribuicao da agua e mau funcionamento hidréulico dos varios sistemas dle irrigacao implantados. Apesar de todos os beneficios e do alto investimento realizado pelos agricultores para implan- tar a irrigagdo, a maioria deles nao da a devida importancia ao manejo da irrigacao, Por intimeras causas, dentre estas sao citadas: caréncia de dados edafoclimaticos, falta de consultoria especializada, desconhecimento da metodologia de manejo, custos do bombeamento, inexistencia do pagamento pela agua ete. Tudo isso leva a uma baixa ficioncia global da irrigacao, com o comprometimento da sustentabilidade ambiental ¢ socioecondmica da agricultura irrigada, Palavras-chave: Requerimento de égua. Sustentabilidade agricola, Sustentabilidade INTRODUCAO Na agricultura moderna, desde aquela de grande escala, que utiliza altas tec- nologias, até a de pequena escala, como pode set uma tecnologia imprescindivel para incrementar a produtividade das culturas, Deve ser, contudo, praticada com todos os ccuidados requeridos, para causar o menor impacto possivel ao ambiente e ser susten- tivel por um longo periodo. primeiro passo para elaboragio do projeto ¢ dimensionamento de qualquer sistema de irrigagdo & determinaras neces- sidades hidricas das culturas que serao im- plantadas, Geralmente, esses calculos so realizados para as condigdes criticas que poderio ocorrer com a cultura em fungio do solo, do clima, da fase dessa cultura e da época do ano, Por isso, deve-se definir com clarezaa diferenga entre as necessida- des méximas de irrigagdes que se utilizam para o eileulo do didimetro das tubulagdes, do dimensionamento do conjunto moto- 4 agricultura familiar, a irrigag ‘Eng* Agricola, D.Sc emilio@enpms.embrapa.br Informe Agropecuaria, Belo Horizonte, v.31 1.259) al. Programacao da irrigacao. Eficiéncia de irrigacao. bomba ete., ¢ as necessidades normais de irrigagdo que controlam o funcionamento do sistema, Portanto, o que importa para © projetista sto as necessidades maximas, ‘que permitem calcular a hidréulica das instalagdes. As necessidades normais, aquelas de interesse do irrigante durante a condugdo do dia a dia de sua cultura, sio obtidas pelo manejo de irrigagao, que é 0 ajustamento da duragao e/ou a frequéncia de irrigagao em fungao da lamina d’égua requerida para determinada fase ou pe ‘odo do ciclo da cultura (VERMEIREN: JOBLIN, 1997). A racionalidade do uso da irrigagdo passa pela eficiéncia de distri buigdo da lémina aplicada e pela progra- magio bem planejada. A programagio ou © manejo da irrigagao € aplicar a Agua na quantidade e no momento requeridos pela cultura (ALBUQUERQUE, 2003). Este artigo tem como objetivo apre- sentar 0 correto manejo da irrigago, ou seja, 0 acompanhamento diario da cultura no campo em termos da quantidade ou 1a de P1724, nov.ide2, 2010 lamina dagua requerida e © momento ou dia mais certo de apliedla, Com isso, serio obtidos tanto a recomendagdo de laminas brutas de égua quanto o tempo para sua aplicagdo, Se a programagao for com base em algumas ferramentas computacionais, como planilhaseletrdnicas, que do supor- te a0 irrigante para a tomada de decisio, poderi havera flexibilizagao da operagio, dentro da capacidade desse irigante, tendo cm vista que a decisdo de irrigar pode ser tomada em qualquer dia, observando a reserva de égua do solo para que a cultura nao softa excesso nem deficit hidrieo. CONCEITOS NECESSARIOS PARA PROGRAMAR A IRRIGAGAO, Evapotranspiragéo da cultura ‘Agua necesséria a uma cultura €equi- valente a sua evapotranspiracdo, que é a ‘combinagdo de dois processos: evaporag: da agua do solo ¢ transpiragao das plan- Pesg. Embrapa Mitho e Sorgo, Caica Postal 151, CEP 35701-970 Sete Lagoas-MG. Correio eletrénico. aT 18 tas. A necessidade hidrica de uma cultura ‘aseia-se na sua evapotranspiragdio potencial maxima (ETm) e é expressa, normalmente, ‘em milimetros por dia (mmvdia) Em situagdo pritica, tem-se a evapo- transpiragio de cultura (Ee) relacionada com a evapotranspiragao de uma cultura de referéneia (ETo), que €a grama-batatais, cou uma cultura hipotética, com uma altura Lniforme de 12 em, resistencia do dossel da cultura de 70 sime albedo de 0,23, em pleno crescimento e sem deficiéncia de égua, de ‘modo que simplifique o provesso de estimar a ETe, que pode ser obtida pela expressai: Equagio | BTe=Ke. ETo em que ETe = evapotranspiragao da cultura do milho (mmv/dia): Ke = coeficiente da cultura do milho (adimensional); ETo evapotranspiracHo da cultura de referéncia (mmidia). Com base nos dados meteorolégicos disponiveis, seleciona-se um método para o calculo da ETo. Na literatura especial zada, encontra-se a descrigo de alguns métodos para estimar a ETo. Mais re temente tem sido recomendada pela FAO ‘aequagiio de Penman-Monteith, Também. muito utilizado ¢ 0 tanque de evaporagio Classe A (Fig. 1), Coeficiente de cultura 0s valores do coeficiente de cultura (Ke) so influenciados pelo tipo de cul- tura, pelas caracteristicas da variedade ou cultivar, época de semeadura, estéidio de desenvolvimento da cultura e condigdes gerais de clima, Uma cultura de ciclo curto ‘ow anual pode ter 0 seu estidio de desen- volvimento dividido em quatro fases, para efeito do estudo da evolugao dos valores de Ke ao longo do tempo (Grifico 1), De acordo com 0 Grifico 1, 0 valor de Ke na fase I (Ke,) € constante e influen- ciado, significativament pela frequéncia __Irrigagao Figura 1 - Tangue de evaporacio Classe A, uflizado pora eslimar a evapotranspiracéo de referéncia (ETo) 12 10 os os Kcinicial 04 02 FASE? 00 Ke medio Ke final FaAsea) — (FASES Fase do ciclo Grafico 1 - Evolugo do coefciente de cultura (Ke) em funcdo das fases de crescimento de culturas de ciclo curto ov anuais io nessa fase, Também o valor de Ke, € constante, sendo mais influenciado pela demanda evaporativa predominante. s valores assumidos para as fases 2 ¢ 4 variam linearmente entre os valores das fases 1 e 3 ¢ fases 3 e 5, respectivamente, como esti apresentado no Grifico 1 No Quadro 1, esto os valores de Ke para as fases do cielo de diversas culturas. Informe Agropecuario, Belo H Deve-se atentar para o fato de que cul- turas de ciclo perene, como as fruteiras e a cultura do eal nilo seguem exatamente 0 padrio da evolugdo temporiria do Ke, como mostrado no Gr ico 1. Para essas culturas, ha wecessidade de pesquisar na literatura especializada qual é o padrio de Ke para ‘ ciclo da cultura especifica, normalmente apresentado num ciclo de um ano. nonte, v.91, 0.259, p.17-24, nov.lde2. 2010 lrrigagao QUADRO 1 - Coeficientes de cultivo Gnico (Ke) e alturas méximas médias de plantas (h}, para cultivos sob condigéo padrao~culturas bem manejadas, nao estressadas, em clima subsimido (URmin 1596 0 u, = 2 mis) Catto | xeinint | Kemsdio | Kefina 5 “Teguminosas oao aa 058 Leatilha | 1,10 0,30 05 Fibras | Aveia | 0,25 10, Milheto 0,30 | 15 PONTE: Allen et al. (1998). NOTA: URmin - Umidade relativa minima difria;u, - Velocidade do vento a 2.m da superf lilizam-se estacas com 1,5 a 2,0 m de altura, assim o valor de Ke médio pode ()Algumas vee atingir 1,20. 2) O primeiro valor 6 para colheita fresca e o segundo para colheita de gros secos. (9)0s valores mais baixos referem-se a condigdes chuvosas com menor densidade populactonal. [4) O primeiro valor para Ke final 6 para colheita com alta umidade nos gréos. O segundo valor para Ke final & para cultura colhida apés o grdo estar seco (cerca de 18% de umidade a base de ‘eso tinido}. (5) O valor mais alto é para colheita manual, Agua disponivel no solo Além de outras importantes fungdes que 0 solo desempenha no sistema agri- de dgua para as plantas. A capacidade de égua disponivel no solo (CAD), que pode ser absorvida pela planta é definida como a ‘gua contida no solo que esti entre o teor de agua do solo na capacidade de campo (CO), ou limite superior da agua dispo- nivel, ou teor de Agua do solo no ponto de murcha permanente (PMP), ou limite cola, & também o “reservatéri Informe Agropacuario, Belo Horizonte, v.31 inferior da agua disponivel. Verificou-se que, na maioria dos solos e das situagdes, 9 solo encontra-se na CC, quando 0 po- tencial matricial da 4gua (w,) contida nele oscilar na faixa entre -10 (solos arenosos © Latossolos em geral) e -30 kPa (solos argilosos). Também foi verificado que valor desse potencial para o PMP € de =1.500 kPa, Em laboratério, tanto a CC quanto 0 PMP podem ser determinados como mesmo equipamento utilizado para detectar a curva de retengao, 1.259, 9-17-24, nov.idez. 2010 19 CRITERIOS DE MANEJO DE IRRIGACAO Critério com base no uso das caracteristicas fisico-hidricas do solo ena estimativa da evapotranspiracéo da cultura © tumo de rega ou de irtigagao (TI) € normalmente variével de acordo com a variabilidade temporal da ETe, Entretanto, uum critério de manejo de irrigagio com o TI variavel, apesar de ser 0 ideal, muitas vezes torna-se de dificil operacionalidade ‘em condigao pritica. Na adogdo de um TI fixo, parte-se do pressuposto que a ETe didria possui um valor constante, que pode ser obtido pela édia disria prevista para todo o periodo de desenvolvimento da cultura ou pelo valor critico estabelecido no dimensiona~ ‘mento do sistema de irrigagao, mas sto valores que ni retratam o dia a dia da ETe ‘no campo, O que se recomenda pelo menos E que se adote o TI fixo para cada uma das ‘quatro fases relatadas no item referente a selegiio do Ke, de modo que se considere a ETe média didria reinante em cada uma dessas fases. Esse critério normalmente & cempregado quando se trabalha com dados histéricos (de no minimo 15 anos) da ETo para o local do cultivo. Dessa forma, 0 Thea lamina liquida (LL), determinados para cada uma das quatro fases do ciclo do milho, so dados pelas expressdes: Equagio 2: Equagio 3: LL,=Tl, .ETe, em que: indice correspondente a fase (Gra- fico 1) do ciclo da cultura (i= 1, 2, 3,4 ou 5); turno de irrigagao na fase i (dia): SS Jimina ¢"égua armazenada no solo na fase i que serd usada como suprimento para a cul- tura (mm); ETc, = evapotranspiragio da cultura ‘media didria na fase i(mmidia); lamina liquida de irigagao na fase i (mm). LL, A lamina dégua, que fica armazenada no solo (Arm) e pode-se tornar disponivel 4 planta, ¢ representada pela expressio: Equagio 4: (CC-PMP) Acre meas em que: Arm = limina d’gua armazenada no solo que sera usada como su- primento para a cultura (mm); CC = teor de agua do solo na capaci- dade de campo (% peso); PMP=teor de égua do solo no ponto de ‘murcha permanente (% peso); d= densidade do solo (gicm’); 10=constante necesséria para conver- slio de unidades; f= coeficiente de deplegio da égua no solo (adimensional, 0- 0,8), nio sera problema © seu arredondamento para 0 proximo aiimero inteiro superior, desde que se analise o que ocorre com 0 coeficiente f Desse modo, haverd a necessidade de corrigir a LL obtida pela Equagio 3, em fungo do TI corrigido, com a conse- quente mudanga do valor de f. QUADRO 3 - Profundidade méxima efetiva (2...) do sistoma radicular de algumas culturas 4, cultura a Abacaxi - 20 Algo a0 Ameccdotm 50-00 Amon 20-30 Banana 40 Data 20-20 cate 50 Cans-doagicar 0-70 Cobota | Calturas perenes 0-70 Poiio 20-20 Melanla meléo 20 tho 40-50 Fastagem 20 Soja 40-50 Tumate, fume 20-50 ‘igo 30-40 Videira 50 | = ‘Arruda etal, (1987) ¢ Brasil (1986) (apud MOREIRA, 1993), SIDR - Time Domain Reflectometer Informe Agropecuario, Belo Horizonte Critério com base em sensores para monitoramento do potencial ou teor de 4gua do solo Os equipamentos que possuem senso- res que monitoram o potencial matricial (tensidmetros € blocos de resisténcia elétrica) € 0 teor de agua no solo (TDR? e sonda de néutrons) podem ser empre- gados também para fazer 0 manejo de irrigagao. © tensidmetro funciona adequa- damente na faixa de potencial 0 a -80 kPa, e nao representa grande problema, porque a maior parte da égua facilmente disponivel dos solos usados em agri- cultura esté retida dentro dessa faixa de potencial. Quando ha necessidade de extrapolar essa faixa (potenciais < -80 kPa), podem-se empregar os blocos de resisténcia elétrica, havendo necessidade da calibragdo destes para cada tipo de solo, Em ambos 08 casos, haverd a ne- cessidade também da obtengao da curva de retengao do solo, ou pelo menos dos teores de gua do solo na CC, € no PMP e do potencial de referéneia para fazer a irrigagao (y,). Para a maioria das culturas, 0 poten- cial de referencia para efetuar a irriga¢o (y,) varia de acordo com o clima local ea 6poca de plantio. Porém, de modo geral, para a garantia de plantas sem estresse hidrico, pode-se considerar o w,, em tor no de -70 kPa, Mas cada caso deve ser estudado em suas condigdes peculiares Estudos de Resende, Franga ¢ Couto (2000) indieam, para a cultura do milho, © potencial de -70 kPa em condigdes de verio nos Cerrados e em qualquer época no Semidrido e de -300 kPa no inverno nos Cerrados. [As medigdes do potencial ou do teor de gua do solo devem ser feitas em pelo menos trés a quatro pontos repre~ sentativos da Area e, no minimo, a duas profundidades (Fig. 3): uma na zona de v.31, 9.259, p.17-24, nov.fdez, 2010 21 ‘maxima atividade radicular (ponto A - que corresponde aproximadamente a regitio mediana da profundidade efetiva do sistema radicular, para a cuftura em seu miximo desenvolvimento) ¢ outra nas proximidades da parte inferior da zona radicular (ponto B). No caso do mitho, 0 que pode ser considerado, quando s6 se dispuser de equipamento para monitorar 0 potencial ou o teor de Agua do solo, € que se realizem irriga- ‘Bes frequentes (um ou dois dias) até ‘os 15 dias apés a semeadura (DAS) de 15 230 DAS instalem-se os sensores a 10 em (ponto A) e 20 cm de profundidade (ponto B). Apés os 30 DAS, os sensores nos pontos sao aprofundados para 20 em (ponto A) e 40 em (ponto B) (Fig. 3). As ‘medigdes no ponto A sfio as que devem ser utilizadas para o eritério do momen- to da irrigagdo, ¢ as no ponto B serve como complementares, para que se tenha um controle sobre 0 movimento da égua no solo durante a extragio de égua pela cultura e mesmo durante os processos de irrigagao (infltragao) e redistribuigao da gua no perfil Ao controlar a irigagao por meio desses sensores instalados no solo, 0 momento de irrigar fica completamente independente do estabelecimento prévio de turnos de irrigagio. Contudo, deve-se acompanhar 0 desenvolvimento do sis- tema radicular, para determinar a zona ativa das raizes (Z,) e considerar a leitura do potencial ou do teor de agua do solo feita no ponto médio dessa profundidade como a indicadora de quando irrigar Ao usar este método como manejo de irrigagio, a bimina liquida de irrigagio por fase da cultura (LL) é dada pela expresso: Equagao 5: eeeeCup a7, meer) Figura 3 -Posicéo dos insrumenios de medicéo do potencial ov do conteédo de égua no solo junto as plontas e profundidedes de instalacao NOTA: Z - Profundidade efetiva do sistema radicular; PI - Profundidade inicial de instala- ‘G0 do tensiémetro; P2 - Profundidade final de instolacao do tensiémetr. liquida de irrigagaio na fase i (mm); teor de égua do solo na capaci- dade de campo (%peso); U, = teor de Agua do solo no ponto A cortespondente ao potencial referente ao momento de efetuar a irrigago (y,, = -70 kPa) (% Peso); d= densidade do soto (g/cm); Z, = profundidade efetiva do sistema radicular na fase i (em); 10 constante necesséria para conver- sto de unidades. Observa-se que 0 coeficiente F no aparece explicito na Equagao 5, porque esse fator estd implicito ao se estabelecer um limite minimo de teor de agua do solo para reinicio da irrigagao (U,). No entanto, quando se uilizam instrumentos que medem apenas 0 poteneial matricial (como 0 tensidmetro), é necessario con- verter o valor de y,, em U, por meio da curva de retengo de gua do solo. Critério conjunto com sensores de solo e com algum método de medir ov estimar a evapotranspiracao de referéncia Esse critério tem a vantagem de poder programar a irrigagiio sem conhe- cimento prévio das caracteristicas fisico- hidricas do solo, como, por exemplo, @ sua curva de retengio de agua e do clima. © sensor de potencial ou de teor de égua do solo indicaré © momento de irrigar, conhecendo-se antecipadamente © limite minimo do potencial y, ou do contetido de gua (U,) no solo, a partir rigagae do qual realizar-se-d a irtigagdo. Por exemplo, como jé visto para o milho, © valor de y,, pode ser de -70 kPa lido num tensidmetro. A lamina liquida de irrigagao na fase i € determinada pelo somatario da ETe acumulada desde a iiltima irrigagao re- alizada, conforme a expressio: Equagio 6: LL,=Ke, .24-.ETo, em que: LL= lamina liquida de irrigagao na fase i (mm); indice correspondent a fase do ciclo do milho (i= 1, 2, 3 ou 4); indice correspondente ao dia da coleta dos dados da ETO; \imero maximo de dias de coleta dos dados da ETo até que o poten- cial (y,) ou teor de agua no solo (U,) seja atingido; Ke, ‘oeficiente de cultura na fase evapotranspiragio de referén- cia no dia j (mm/diay. ETo, Esse critério de manejo adapta-se bem quando se utiliza 0 tensiémetro para estabelecer o momento da itrigagao € 0 tanque Classe A para a estimativa da ETo difria, havendo, neste caso, a necessidade de multiplicar a evaporagao da gua do tanque Classe A (ECA) por um Coeficiente de tanque (K,), conforme © Quadro 4. 0 cailculo da ETo ¢ feito conforme a expresso: Equagio 7: ETo=K,.ECA em que: ETo = evapotranspiragao de referencia (mmvdia); K, = coeficiente do tanque Classe A; ECA = evaporagao da dgua do tanque Classe A (mmvidia), Informe Agropecudsio, Bola Horizonte, v.91, 0.259, p.17-24, nov.idee, 2010 ee vvelocidade de vento de 24 h 2 IRO 4 - Cooficiente de tanque (K) para diferentes condigdes de cobertura de solo, de niveis de umidade relativa média do ar e de ; i Cave A-tanque exposio wml eabertocom | Ca.5 5 angus expos local de solo 09) Baixa Média Alta Baixa | Médi Alta <0 a7 Sr <1. | 0-70 | S70 Vento Bordadura _ - tei ®)m _ Leve 1 0,65 0,75 0,70 ] 0,80 0,85 <7 10 | o7s oats 0.0 o70 0.0 (eng 100 o.n0 ot oss 0.3 o7s 1000 oa 0.5, 0.50 0.0 70 Noda 1 0.0 06s 0.5 75 0.0 505 » 070 os os os 70 (@sms) | 100 075 0.80 050 0.60 065 2000 0.80 0.90 ous 035 0.90 Forte 1 0,50 » 0,60) 0,60 065 0,70 sm | 0.0 00s 0.0 05 0. (0m) 100 0.3 o70 os 0.0 0.0 1000 o70 7s oso ous, 0.5 Muito . 2 0.45 050 0.50 60 0.6 foe 0 0.5 0.00 04s 0.0 oss >r0 100 0.00 0. oxo os 050 (am) 1000 0.0 0. oxo ous FONTE: Doorenbos e Pruitt (1977), NOTA: UR - Umidade relativa, (1) Para obter ETo: ETo = K, x BCA (ECA 6 a evaporacao da dgua no tanque Classe A), IRRIGACAO DO DIA DO PLANTIO E DOS DIAS BEOXIMOS SUBSEQUENTES _ E recomendavel que a irrigagao do dia do plantio ou da semeadura seja feita para umedecer uma profundidade de solo preestabelecida até a CC. Essa camada de solo a considerar devera ser de, no mini- ‘mo, a profundidade maxima efetiva do sistema radicular anteriormente discutida. Assim, a equagio para calcular a LL de plantio & semethante a Equagto 5 e é escrita pela expressao: Equacao 8: CCU) Lge TO eZ em que: Lana Himina de irigagaoa ser apli- cada no dia do plantio (mm); Informe Agropecuario, Bela Horizonte, v.31 CC=teor de gua do solo na capacida- de de campo (% peso): u teor de agua inicial do solo, ou seja, no dia do plantio (% peso); d= densidade do solo (g/em’); Z.= profundidade do solo que se deseja irrigar até a CC (em). Recomenda- se que Z.seja profiundidade efetiva igual & maxima do sistema radicu- lar (235 10 -onstante necessaria para conver sdo de unidades. OU,, pode ser determinado pelo mé- todo gravimétrico por meio de amostra retirada do local até a Z. Dependendo da condigdo climtica, como, por exemplo, ‘apés um periodo de seca prolongado, 0 seu valor poderd até ser menor do que o PMP. 1.259, 9.17-24, nov.tdez. 2010 Logo apés o plantio, a semente ou ‘a muda necessitara de umidade no solo para iniciar 0 proceso de germinagao ou de desenvolvimento. A reserva de égua no solo necesséria & germinagao limita-se a profundidade de semeadura (Z,) ¢ um pouco além dela, Portanto, ¢ de funda- ‘mental importancia manter o solo sempre Limido no periodo de pré-emergéncia ou pegamento da muda, A grande perda de gua pelo solo nesse periodo ocorre da evaporagao pela sua superficie. LAMINA BRUTA DE IRRIGAGAO ‘A lamina bruta de irrigagao (LB) baseia-se na LL, eficiéncias do sistema © na necessidade de laminas extras de lixiviagao, para 0 caso de controle de salinizago em areas propicias. —— ee Desse modo, a LB ¢ dada pela ex- pressio: Equagao 9: wa HE se em que: LB = limina bruta de irrigagaio (mm); imina Kiquida de irrigagio (mm); Lr=limina complementar necessaria para lavagem do solo, em situ- agtio propicia a salinizagao do solo (mm); Ef = eficiéncia de irrigagdo (em de- imal). A Ef representa a porcentagem da gua total aplicada a cultura que foi beneficamente utilizada para 0 uso con- suntivo. Efé basicamente uma fungo da uniformidade de aplicagao de agua, mas também depende de perdas menores (es- coamento superficial, vazamentos, fluxos na rede ¢ drenagem), perdas inevitiveis (percolacdo profunda, por causa do pa- dro de molhamento no solo, e chuva fora de época) e perdas evitiveis (resultantes de programagio inadequada). Em regides timidas, que possuem um periodo de chuvas regulares, que promo- vem a lavagem do solo, & desnecessaio © uso da Lr. Entretanto, em regides de cchuvas escassas, como em locais dridos & semisiridos, hi necessidade de considerar esse termo no célculo da LB. s valores da Ef'sio obtidos em fungaio da uniformidade de aplicagao que o siste- ma de irrigagdo empregado pode fornecer Por isso, & importante realizar testes de uniformidade de aplicagio de 4 diversos sistemas de irrigagdo existentes. la nos CONSIDERACOES FINAIS Para a programagao da irtigagtio das culturas, na Embrapa Milho e Sorgo exis- tem alguns recursos computacionais dis- poniveis, como uma planitha eletronica, ‘que pode ser acessada pela internet? ou fazer pedidos do programa IrrigaFécil Mesmo que ainda haja dificuldades jcas pata implantar © manejo de ir- t rigagio das culturas, 0 agricultor deve-se conscientizar sobre a importincia desta pritica, e procurar assist especializada ou fazer consultas a ins- tituig6es piblicas ou privadas que The possam dar o apoio necessério, ia técnica REFERENCIAS ALBUQUERQUE, PE. de, Planitha eletro- nica para a programacao de irrigagao em centrais. Sote Lagoas: Embrapa Milho © Sorgo, 2003. 9p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, 25) Planilha eletrénica para progra- ‘magao da irrigacdo em sistemas de asper- sio convencional, pivd central e sulcos Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgy 1p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Té nica, 97) ALLEN, RG, et al. Crop evapotranspira- tion: guidelines for computing crop wa ter requirements. Rome: FAO, 1998, 300p, (FAO. Irrigation and Drainage Paper, 56). DOORENBOS, J.; KASSAM, AH. Efectos del agua sobre el rendimiento de los cul vos. Roma: FAO, 1979. 212p. (FAO. Estudio, Riego y Drenage, 33) __: PRUITT, WO. Crop water require- ‘ments, Rome: FAO, 1977. 144p, (FAO. Ini gation and Drainage. Paper, 24), MOREIRA, H.C, S.A.A.CL climatolégico para 0 acon das culturas irrigadas: manual pratico para © manejo da irtigagio. 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