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Quito Agora Mais Perto Do Rio Com Novos Voos Via Lima
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Gustavo Alves
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E para que pressa? É lentamente que se deve passear no Centro Histórico, primeira área
urbana declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 1978. Assim, há tempo para
notar as gárgulas em formas de tartarugas e iguanas, animais típicos do Equador, na
fachada da Catedral, na Plaza Mayor, onde também está o Palacio de Carondelet, sede da
Presidência em estilo neoclássico, com grades de ferro vindas da França nos balcões.
Ao lado das grandes catedrais repare no casario em estilo republicano. O termo denomina
os prédios que imitavam a arquitetura francesa, e um estilo que surgiu depois da
independência, também em 1822, numa tentativa de se livrar da influência ibérica.
Muitas destas casas têm um adorno que justifica o apelido de
"Cidade dos gerânios" dado à capital do país, grande exportador de rosas. Os gerânios estão
nos vasos que enfeitam janelas e pequenas varandas, mas a decoração nem sempre era
adotada para fins pacíficos: os vasos costumavam ser arremessados por pais enfezados nos
jovens que ousavam fazer serenatas para suas filhas.
Simplicidade sofisticada
Como a calça jeans e o jazz, o chapéu Panamá foi mais um presente que os pobres deram
aos ricos para eles se sentirem mais sofisticados adotando hábitos proletários. E desta vez,
os proletários nem ficaram com o crédito: o chapéu é originário do Equador. Era usado
pelos equatorianos que foram trabalhar na construção do Canal do Panamá. O presidente
americano Theodore Roosevelt visitou as obras, passou a usá-lo, e o adorno alcançou o
estrelato - com o nome enganoso.
O acervo da Fundación Tolita, responsável pelo museu, tem cinco mil peças, algumas de
3.800 a.C.. Destas, apenas 10% estão na exposição permanente, para explicar o mundo
indígena. Ou os mundos: na cosmogonia pré-colombiana, a realidade é composta de vários
deles, numa ordem seguida pelas salas, desde a que mostra bonecos do reino dos espíritos
ancestrais até a com peças usadas pela elite que comandavam estas tribos.
Passear pelas salas não é nada cansativo. Mas a tranquilidade do pátio interno da casa, com
seu café, faz dele o local apropriado para um descanso no giro pelo Centro Histórico.
Depois, para continuar a entender a história equatoriana antes e depois dos espanhóis, o
ideal é se afastar das grandes catedrais católicas e ir para os arredores da cidade, em
Bellavista. No bairro, está um templo erigido por e dedicado ao mais importante artista do
país no século passado, a Capilla del Hombre. O monumento, com 3 mil metros, foi
concebido por Osvaldo Guayasamín (1919-1999) para "cultuar o homem latino-
americano", como explicou seu criador, que morreu dois anos antes de o prédio ficar
pronto.
Com sua forma retangular encimada por uma cúpula piramidal, o exterior do monumento
não é muito convidativo. Nos salões amplos que estão dentro do prédio, no entanto, o
panorama muda: grandes murais expõem os temas sociais que ocuparam a criação de
Guayasamín por toda a sua carreira, com crianças chorando, crianças com expressão de
fome e ataques à intervenção americana no Vietnã.
Sim, os murais lembram a arte mexicana e Diego Rivera. Certo, os temas ressoam à "As
veias abertas da América Latina" e camisetas com estampa de Che Guevara. É
incontestável que os rostos desenhados como caricaturas gigantes e toda a dor que eles
transmitem lembram um elo perdido entre Portinari e uma imitação de Picasso. Mas, se a
obra do mais importante artista equatoriano do século passado não pode ser chamada de
original, seu talento para cores e formas é inegável. E as referências, de qualquer forma,
nos lembram os problemas políticos e econômicos que marcaram o Equador, bem próximos
dos nossos.
Um quadro de Guayasamín chama a atenção tanto pela beleza como por ser tragicamente
utópico: para representar a força dos índios contra o colonialismo espanhol, ele pintou um
condor (os habitantes originais) derrotando um o touro (símbolo da Espanha). Na realidade,
hoje, o condor está ameaçado de extinção, e entre outras razões, por ter sido caçado por
criadores de gado que o consideravam um predador de seus rebanhos. Os pássaros restantes
vivem nos picos e vulcões do Equador, uma região inevitável para uma esticada numa
visita a Quito, como você lerá a seguir.
A Rota dos Vulcões é uma via pedregosa e íngreme, ladeada por eucaliptos, vegetação
rasteira, fazendas de produção de flores e de leite. Parte de Quito para o Sul, e perto do seu
fim, rochas começam a tomar a paisagem. É quando se chega aos pés do Cotopaxi, o vulcão
ativo mais alto do mundo, a 5.897 metros, e a 75km da capital equatoriana.
A paisagem do vale ilustra a famosa diferença entre o belo e o sublime estabelecida num
ensaio do filósofo e político conservador irlandês Edmund Burke: os riachos, a vegetação
baixa, as pequenas flores e bromélias são graciosas, agradáveis, acalmam o olhar - isso é o
belo, para Burke. O Cotopaxi e os outros vulcões que circundam essa delicadeza
impressionam por serem grandiosos, nos excitam por nos aproximar de ideias do perigo e
do infinito - eles são sublimes.
Uma maneira sublime de apreciar o belo na Avenida dos Vulcões, como foi batizada a
região pelo naturalista Alexander von Humboldt, no início do século XIX, é a tirolesa, uma
das atividades oferecidas nas fazendas que hospedam visitantes na região. Mesmo sabendo
que a travessia de um ponto a outro dura pouco, e é perfeitamente segura, a sensação de
perigo é sublime, mas a paisagem de florestas e da água corrente abaixo é bela. E uma bela
e graciosa maneira de apreciar a grandiosidade sublime dos vulcões é passear entre eles a
cavalo, outra das diversões oferecidas nestas fazendas. Principalmente se for em cima de
um dos cavalos de Páramo, típicos da região, menores e mais peludos do que outras raças (e
por isso, mais resistentes ao frio andino).
-- Sabe o momento em que você sabe que é esta a pessoa? Aquele foi um destes momentos
- conta Amber, uma loura risonha e ativa, à mesa do salão do restaurante e hotel butique
Hacienda Rumiloma, que abriu em Quito depois de casar-se com Oswaldo.
Amber enfrentou falta de luz, mais clientes do que era capaz de servir no primeiro fim de
semana de funcionamento, e até um incêndio. Mas hoje, é a dona orgulhosa de um
estabelecimento que inclui o que ela diz ser "o segundo pub mais alto do mundo", a mais de
3 mil metros (o primeiro fica no Peru). Do alto dele, a vista de Quito à noite é a paisagem
ideal para o final de um roteiro pela cidade e seus arredores. E também é procurado por
quitenhos que querem propor namoro sem serem alvejados por gerânios arremessados por
pais indignados com serenatas.
É um motivo de orgulho para os locais e razão do nome do país. Mas a Ciudad Mitad del
Mundo, em Santo Antonio de Pichincha, 23km ao norte de Quito, é uma atração
decepcionante. Reúne lojinhas de aparência tristonha em volta de um museu localizado em
um monumento dedicado a uma linha imaginária. O monumento fica onde uma missão
geológica francesa, em 1736, determinou que passava a Linha do Equador.
Hoje, por terremotos, maremotos e a natural movimentação da Terra, ela mudou de lugar e
fica 150 metros adiante. Mas não é isso que tira a graça do passeio. A linha imaginária foi
demarcada com pouca imaginação, no exterior do monumento, que lembra um motel de
beira de estrada, e no interior, onde displays desgastados ilustram as seções que apresentam
os povos que vivem no Equador. O artesanato ao lado deles é interessante, mas não vale o
passeio.
SERVIÇO:
ONDE FICAR
Swissotel: Tarifas a partir de US$ 123. 12 de Octubre 24. Tel. 593 (02) 256-7600.
www.swissotel.com
Hacienda Rumi Loma:Diária a US$ 300. Fim da Estrada Obispo Díaz de La Madrid. Tel.
593 (02) 254-8206. www.rumiloma.com
ONDE COMER
Theatrum: Receitas criativas no segundo andar do Teatro Sucre. Plaza del Teatro. Tel. 593
(02) 228-9669. www.theatrum.com.ec
La Belle Époque: Culinária francesa com ingredientes locais, no Hotel Plaza Grande.
García Moreno 5. Tel. 593 (02) 251-0777. www.plazagrandequito.com
PASSEIOS
Catedral: De segunda-feira a sábado, das 9h30m às 16h. Ingresso: US$ 1,50. Espejo y
Venezuela, Plaza Mayor. Tel. 593 (02) 2570371.
Casa del Alabado: De terça-feira a sábado, das 9h30m às 17h30m. Domingos e feriados,
das 10h às 16h. Entrada: US$ 4. Calle Cuenca 335. Tel. 593 (02) 228-0940.
www.precolombino.com
Capilla del Hombre: De terça-feira a domingo, das 10h às 17h30m. Ingressos: US$ 3.
Lorenzo Cháves 18, Bellavista. Tel. 593 (02) 2448.492. www.capilladelhombre.com
VULCÕES
Excursões: A Tierra del Volcan organiza passeios com hospedagem à Avenida dos
Vulcões. Tel. 593 (02) 2231-806. www.tierradelvolcan.com