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opeigopre29 = So2uodumv0> 058800140 asa opu wad adm nos 9p 2 avousraco s.scoiL pod Ox, ewe sesssaupuEoyy LSYO3OSEVIVIAY Uap e0ss2J015 OS © OOOO OOOO OOOOHOHOHSCEHHHHHHHOE Lumen} Joao ‘Conseso Boron ‘Alexandre Fae Cimara ‘Amiton Buono de Carvaiho (orar Robert Btoncout (ona Faces Ctistiano Chavos de Favs Carlos Bavaria Adan dapines hia Donizt Poual tiacan Chole Fly Nadeimeato Fito Franioc da Asse. Toes Gustave Sénéchal de Gothodo 4. Loon! Lopes de Olas Uteia Antinio Choon Jusae Monee! Messes Pessina Darooe vena Villa Sota olson Resonate Paulo de Bessa Antunes Paulo Range leado sine Gomes Faas Salada Carvalho Vitor Goma Brummond ‘Tata Mamotaa Sota Jonge (Centro =n d Asai, 10 Loft ep seoit.ana Cate ‘na cn) 25912109 roe z202 3040 ac en Amin Da Deva Tce Rl do Jana ‘tl @ny em asin 3150500 ‘nee (1) S806 020 / 50-772 SOLS quad, 402 boeoB ja 35 {Cee venas sta han Sa Doin DE ‘na nnzas ses ' b furis| Brora wwwwlumenjuris.com.br Eorrones Jodo de Almeida Tule da Siva Almeida, CConezue Consura ‘Atwaro Maite a Costa Antonie Cvs Martine Somes ‘gusto Zimmermann ‘ute Wander Baton Bhda Sogn Flivie Lagos de Castro via Aver Marine (ies Catan unter Dalla Bernat de Pino Jojo Thestonio Mendes da Almeida J ‘out Fornanda de Carre Farias 1 Fran Mesos Marella iotola (rae Gana Ten Kauss Raft Baneto Sepia Demero Haman as Ge tesa 800i ‘muan aarti Tan et reabe 909 Cue 4770235, mon anne isrande dat ih apa « Goa Fo Sy aia pnt santo ‘nivten aavenennazaee0 FLAvia Laaes pe CASTRO ‘Mostro om Histéria Social HistTOrIA DO DIREITO GERAL E BRASIL 58 edicao Eprrora Lumen Junis Rio de Janeiro 2007 © 2007 by Flavia Lages de Casto Produgio Buitor Livraria o Eaitora Lumen. is Ltda. ALIVRARIA E EDITORA LUMEN nao se responsabiliga pelas opiniGes emitidas nesta obra. riais. A violagdo de direitos autorais, de 19/07/2003), sujeitando-se & busca e apreensio © indenizagdes diversas (Lei ne 9.610/98). ‘Todos os direitos desta edigio reservados & Livraria ¢ Editera Lumen Juris Ltda, Impresso no Brasil Printed in Brazil igo Ponal, art. 184 © §§, @ Lei n® 10.095, Para minha mae. © © © © OY OO OOOO OOOOH OHHKEEHHHHSBIVE Sumario INTRODUCAO: HISTORIA E HISTORIA DO DIREITO 1. Historia ns Dir@ito wren Historia do Direito Objetivos do Estudo de Histéria do Direito. Esto Livro CAPITULO I: 0 DIREITO DOS POVOS SEM ESCRITA 1, Caracteristicas Gerais dos Direitos dos Povos Agratos. 2, Fontes dos Direitos dos Povos Agrates. 3, Tansmissio das Regras. CAPITULO II: AS PRIMETRAS LEIS ESCRITAS E © CODIGO DE HAMMURABL 1. O Crosconte Fértil © as Primeiras Leis Esoritas 2. Algumas Consideragdes Sobre as Leis Anteriores a Hammu- abi. i ssn 3. A BabilOnia de Hammurabi... 4, Sociedade e Economia da Babilénia Hammurabiana 4.1, Questées Acerca dos Escravos 5, Alguns Pontos do Cédigo de Hammurabi. CAPITULO I: DIREITO HEBRAICO 1. Introdugio i 2. A Sociedade e a Vida Economica... 3. ALei Mosaica. sttninnnnn 4, A Formagio do Direito Hebraico — da Legislagtio Mosaica 0s Dias de Hoje. 5. Algumas Leis do Deuteronémio.. CAPITULO IV: 0 CODIGO DE MANU 1. Introdugio... 2. Contuxt Historice u 2 13 16 16 ”7 27 28 29 31 32 43 43 3. Sociedade... 4. Religiao 5. Alguns Pontos do Cédigo de Mane CAPITULO V: GRECIA cal 1. Introdugio 2. spartans 2.1. Sociedade 2.2. Eeonomia 2.3, Politica. 7 2.4. Cultura @ Ideologia sn 3, Atenas 3.1, Drécon 3.2, Sélon 3.2.1. Economia . 3.2.2. Sociedade. 3.2.3. Politica, \PITULO VI: ROMA E O DIREITO ROMANO: 1, Introdugéo 2, Histéria do Roma: Divisao Politica... 2.1. A Realeza e suas Instituigbes Politicas 2.2, A Repiilica e suas Instituigdes Politicas 2.3, O Império @ suas Instituig6es Politicas... 2.4, As Mudangas em Roma Apés as Conquistas. 2, © Diteito Romano 3.1, Definigées ¢ Caracteristicas 3.2, Periodizacao do Direito Romano, 8.2.1, Periodo Arcaico 3.2.2, Period ClAssi00 3.2.3, Periodo Pés-Classico . 3.3, Fontes do Direito Romano 3.3.1. Costume: 7 3.3.2, Leis @ Plobiscites. 3.3.8, Bdito dos Magistrados 3.3.4, Jurisconsultos 3.3.5, Senatus-Consultos. 3.3.6. Constituig6es Imperiais 3.4, Diviséo do Direito Romano. 3.4.1, Divisdo Baseada na Origem. 4a 46 a 65 66 or 69 n n 2 73 14 1” % % 7 78 19 73 82 ag 83 83 Ba 84 a5 a5 86 86 87 88 89 90 a 92 92 3.4.2, Divisio Baseada na Aplicabilidade 93 3.4.3. Divisdo Baseada no Sujeito, 93 3.8. Capacidade Juridica de Gozo. 93 3.1, Status Libertatis. . 9.5.2. Status Civitatis...ssunnnnnnmn winsence 16 3.8.3. Status Familiae.. . casino: (OB 3.84, Causas Restritivas da Capacidade Juridica do Goro.. : 97 3.6. Direito de Familia. 97 36.1. O Patrio Poder 98 3.6.2. O Casamento.... 99 3.6.3. O Divércio. 103 3.6.4. 0 Date - 104 3.6.5. A Adogio 104 3.7. Tutela e Curatela, 105 3.7.1. Tutela, 105, 3.72. Curatela, 106 3.8. Sheassso, 107 3.8.1. Heranga.. 108 3.82. Testamento.... 108 3.9. Posse e Propriedade. 109 3.10. Delitos 110 3.10.1, Causalictade 12 310.2, Imputabilidade. 12 3.10.3. Extingéo da Punil 113 3.10.4, Co-Delingéneia . 13 3.10.5, Retroatividade da Lei Penal. 14 3.10.6. Aiguns Delitos.. 14 3.11, 0 Estudo do Diteito e os Advogados em Roma. 15 capiTULo vi: A EUROPA MEDIEVAL. 1. Introdugao. 9 2. Sistema Foudal 120 2.1, Caractoristicas.. 120, 2.2, Contrato Feudo-Vassalico. 2 322 2.2.1. Os Bfeitos do Contrato Feudo-Vassalica .. 123 2.2.2. O Fim do Contrato Foudo-Vassilico.... 124 2.2.3. Os Direitos de Uso e Propriedade no Contrato Foudlo-Vassalico 2. As Relagdes Foudo-Vassiilicas © a Justiga 128 126 © OOOH OO MOH OOOOH HOEHESHHEHHHHIOE 3. Os Direitos da Idade Madi nonnnn ss 127 3.1. Diteito Germanico...... 127 3.1.1, O Reino Vandalo 129 3.1.2. O Reino Ostrogodo. 130 3.1.3. O Reino Visigodo.... 130 3.1.4, O Reino dos Burgindics. 131 3.1.8, O Reino dos Francos : 131 8.2, 0 Direito Canénico.. 132 3.3. 0 Direito Romano. fonnnnnnnnnnnenn 138 4, A Inquisicao 137 4.1. O Tibunal do Santo Offcio o os Tubunais Secvlares..... 138 CAPITULO VII: 0 ISLA. 1. Introdugao, 145 2. O Ambiente do Surgimento do Isla. 146 3. A Pundagdo do Islamismo 147 4, © Ditelto dos Mugulmanos, 150 5. O Alcorio.. 152 5.1, Alguns Pontos do Aleorio. 154 CAPITULO IX: O DIREITO INGLES |. Introdugao. 181 2, Direito Inglés ~ A Histéria e a Formagao do Statute Law... 182 3. A Divisao do Direito Ingles 196 CAPiTULO X: DA MONARQUIA ABSOLUTA AO ILUMINISMO_ 1. © Absolutismo Mondrquico 199 1.1. A Franga de Luis XIV... 200 2, O lluminismo o as Criticas ao Estado Absolutista. 205 3. Cesare Becearia, 210 3.1, As Idéias de Cesare Beccatia... 212 4, Outros Pensadores ~ Criminalistas do lluminismo... 222 CAPITULO Xt: AS REVOLUGOES - ESTADOS UNIDOS E FRANGA NO SECULO XVI 1. A Independéncia dos EUA. 225 La Inudugie.. 225 1.2. O Inieio do Processo de Independéncia e a Declaragio de Direitos do Bom Povo da Virginia .. 230 1.3. A Declaragao de Independéneia ..... . 235 1.4, A Constituicao Norte-Americana.. nissan 297 1.8, A Equity ¢ a Common Law nos Estados Unidos. 2a3 A Revolugio Francesa. 245, 2.1. Introdugao. 245, 2.2. Conjuntura Politico Beonémica Pré-Rovolucionavia..... 245 2.3, A Assembléia Constituinto 0 a Doslaragéo dos Dicetes do Homem e do Cid 2a7 2.4. A Declaragio dos Diteitos da Muther o da Cidada. 251 2.8, As Constituigdes Revolucionarias.... i 259 2.6. Era Napolednica e 0 Cédigo Civil... 260 CAPITULO XII: AS LEIS PORTUGUESAS 1. Os Primettos Habitantes e a Romanizacao . 267 2, Os Mugulmanos na Peninsula... . were: 260 3. O Nascimento de Portugal... 270 4. A Era das Ordenagéos 272 4.1. As Ordenacées Afonsina: 272 4.2. As Ordenacées Manuelin: 7 2n7 4.3. As Ordenagées Filipinas : 281 8. O Periodo Pombalind...nsmnsnnmnnnnnnnn soe 291 6. As Constituicdes Portuguesas... 233 CAPITULO XII: BRASIL COLONIA 1, Sem Fé, som Lei, sem Roi 297 Os "vatados Antes do Brasil o Limites de Terras 300 © Antigo Sistema Colonial e os Primeitos Documentos Jurt dicos na Coldnia.. © Municipio, 0 Governo Geral va * Montage do um Apara to Juridico na Coléni 304 © Diteito sob o Dominio Holandés no Nordeste Brasitei... 311 302 6. A Legislagao Especifica da Regiao das Minas. 314 CAPITULO XIV: BRASIL REINO 1. Introdugae.. 319 2 A Corte Portuguesa no Brasil @a Subordinagio A Inalatowe 21 2.1. A Chegada da Corte o a Abertura dos Portos. 2.2. A Liberagao de Manufatras eco. 3. A Reorganizagao do Estado Portuguas no Brasil ¢ a lin troga do Mereade Brasileiro 321 327 2.4, A Justiga no Periodo Joanino 2.5. A Blevagao do Brasil & Condigao de Reino Unido. CAPITULO XV: BRASIL IMPERIO 1. A Independéncia do Brasil e a Constituinte de 1823... 2. A Constituigdo Outorgada de 1824.. 2.1. Aiguns Pontos da Constituigao do 1824... © Gédigo Criminal de 1830 4. 0 Cédigo de Proceso Criminal de 1832 ¢ 0 Ato Adicional do 1834. . 4.1. O Cadigo de Processo Criminal. 4.2. O Ato Adicional 43, Outras Leis do Period Imperial. Nascimento da Tradigo Juridica Brasileira. 6. A Escravidao e a Lei: Condigdes e Abolicao .. 6.1. As Leis Abolicionistas G.1.1. A Lei Eusébio de Queiroz 6.1.2. A Lei do Ventre Livre. 6.1.3. A Lei dos Sexagenatios. 6.1.4. A Loi Aurea... CAPITULO CVE: REPURLICA VELHA 1. A Proclamagao da Ropiblica e a Constituicao de 1891 1.1. Alguns Pontos da Constituigao de 1891 1.11, A Repiblica Federativa dos Estados Unidos do Brasil. 1.1.2, 0 Poder Executivo.. 1.1.8, O Poder Judiciatio. 114. O Poder Legislative. 1.15, 0 Sistema Eleitoral... 1116. As Novidades da Constituigao de 1891 . 2, © Cédigo Penal do 1890. : 2.1, Alguns Pontos do Gédigo Penal de 1890. 3, O Cédigo Civil de 1916... . CAP{TULO XVI: ERA VARGAS - 1930 A 1946 1. A Revolugao de 1930 e o Governo Provisério..... 11. A Organizagio das Cortes de Apelagio do Distito Fo- io da Ordem dos Advogados Brasileiros eral ¢ a Cri 1.2. 0 Cédigo Eleitoral de 1932 333 341 345 354 355 37 381 332 384 385 385 387 394 397 398 402 405, 407 ais as 416 416 420 422 424 427 428 434 . 439 442 443 2. A Constituigao de 1994 . 2.1, Caracteristicas Gerais do Estado Brasileiro... 2.2. A Competéncia para a Elaboragao de lesisingao i 2.3. Municfpios . i 2.4, Poder Executivo Federal... 2.8. Poder Legislativo Federal. 2.6, Poder Judiciario, 2.7. Consellios Técnicos 2.8, O Voto ¢ o Sistema Eleitoral 2.9. Garantias Individuais 2.10. Trabalho, 2.11. A “Justica" do Trabalho. 2.12. Nacionalismo 2.18, Educagao..., 2.14, Assisténcia do Estado ¢ Casamento. 2.15. A Mudanga da Capital 3. A Constituigao de 1937 e a Ditadura Estadonovista 3.1, Antecodentes .. 3.2. A Constituigao de 197 3.2.1. A Justificativa da Constituigao 3.2.2, Uma Constituicao de Ditadura: Todo Poder a0 Bxocutive Podoralinnnrn 3.2.3. 0 Consetho da Economia Nacional... 3.2.4. 0 Poder Judiciatio.. 3.2.5, Voto ueninly 3.2.6. Os "Direitos © Garantias Individuais" 9.2.7. Educacdo e Familia.. A Policia, a Justiga @ Outras Instituigoes da Eva Var. G8 oe i aii 4. © Movimento Operirio: Da Década de 20 2 CLT. CAPITULO XVII: BRASIL - DE 1946 A DITADURA MIITAR 1. O Fim do Estado Novo e a Constituigéo de 1946 1.1. A Constituigao de 1946 .. : 1.1.1. O Poder Executivo.. 1.1.2. O Poder Legisiativo... 1.1.3. 0 Podior Judiciao. 444 446 407 449 450 482 455 457 458 459 467 408 469 469 476 arr . an 492 483 . 404 434 408 490 - 481 492 496 505 508 806 508 510 © OO OY OOOOH OHOOEH OHHH HHHOSCHHESHOE 1.1.4, Ministério Pablico.... 1.15, Estados e Municipios..... LLG. Os Diroitos . 2. A Ditadura Militar. 2.1, Antecodentes ... : 2.2.0 Ato Institucional (0 n" 1) 2.3. O Ato Institucional na 2 . 2.4. 0 Ato Institueional ne 3 25, 0 Ato institucional n2 4 @ a Constituigao de 1967 2.6. O Ato Institucional ne 5.. 2:7, Outras Leis do Regime Wilitar e a Emenda Constitucio- nal ne 1 de 1969. CAPITULO XX - A REDEMOCRATIZAGAO E A CONSTITUICAO DE 1988 1. 0 Fim do Rogie Milita 2. AConstituinte de 1987. 3. Caracteristicas Gerais da Constituigao de 1908. Referéneias Bibliogriificas 516 817 519 523 523 528 504 543 544 550 587 561 562 cd 865 Prefacio Foi com grande prazer que recebemos 0 convite da Professora Flavia Lages para prefaciar seu livro Hist6ria do Direito ~ Geral e Brasil. Sabemos que sua escola nao foi, como poderia parecer a priori, por sermos historiadoras nem por nosso conhecimento do Direito Romano. ‘Temos certeza de que a amizade nasceu entre nis no Mestrado em His: teria da USS quando fomos professoras, e sua Orientadora foi responsai- vel pela gontiloza de Flavia. Naquola ocasifo a autora iniciava sua ca- minhada na dificil “arte de escrever", quando defendeu com brilhantis- ‘mo sua Dissertagao de Mestrado e redigiu seu srimeiro trabalho como historiadora, Nossa alegria foi enorme ao vé-la continuar sew caminho, escrevendo este livro, onde procura defender verdades incontestes, nem sempre compreendidas pela comunidade académica. Referimo- nos a importincia que muitas vezes néo 6 concedida ao conhecimento histérico por especialistas do algumas aroas das Ciéncias Sociais, Flavia, ao conseguir desenvolver de forma sintética assunto tao abrangente ¢ complexo, mostrou sua inclinagio para Pesquisa Giontifica, revelando que a defesa de sua Dissertagao nfo foi somente uma exigancia para concluséo do Curso de Mestrado em Histéria Social A Historia do Dizeito & condigdo sine qua non para que os futuros advogades possam melhor conhecer as estrutucas, as conjunturas & 0 contexto que levaram os legisladores a elaborarem as normas do Direito. ‘Aleitura de sua obra é importante nao sé para os estudantes que desejam conhecer a histéria do Direito, mas também para os profissio- nhais @ 0 piiblico em geral Aeescrita do livro de Flavia nao se reduz. a uma narrativa historico- linear, “fragmentada em migalhas". £ um trabalho que incentiva 0 leitor & pesquisa e & reflexio critica Sou estilo é objetivo, dospojado, ologante ¢ de agradiivel leitura, embora sua narrativa pouco convencional reflita sua personalidade, ‘sua formagio ¢ um profundo conhecimento da Metodologia Cientifica, No decorrer da leitura de seu Texto, sente-se sua constante preocupagdo em realizar ensaios reflexivos acerca do Dircito dos diferentes povos, inclusive especificamente a trajetéria brasileira no campo de sua anilise, Seu livro constitui um amplo painel sobre 0 Direito de diferentes Civilizagdes, comproondidas sob 0 ponto de vista politico, econémico e cultural. Em decorréncia deste fato, podemos considera-lo ao mesmo tempo analitico, sintético e polémico. ‘Nao 6 por apresentar uma visio de conjunto sobre a historia do Dizeite que deve ser considerado genérico ou apenas como um simples Manual, Embora este tipo de abordagem possa conduzr a gene- ralizagéos, isto ndo acontece com Flavia porque sou Toxto nao porde do vista a reflexao. Sou mérito repousa justamente na contundéncia com que a autora procura a reflexio ¢ nao no fato de revisar ocorréncias, passadas. (O livro da autora trata de forma sintétiea de aspectos importantes da evolugao juridica, mas néo o faz de forma linear ¢ cronolégica porque analisa, critica e interprota os fatos. Nolo a historia do Diroito & vista em um viés pouco explorado em obras similares porque contém informagao, refloxao e fundamentagao. Como especialista em Histéria Romana, dentro tantos pontos que consideramos fundamentais, ¢ absolutamente indispensaveis, analisa- dos por Flavia Lages ¢ que podem sor considerados polémicos, comen- taremes especificamonte aquoles quo se roferem ao Direito Romano. ‘A autora, ao afirmar a grande importancia do Direito Romano na atualidade para os advogados e juristas, é profundamente pertinente. ‘Nao 6 possivel que se ignore o legado do Direito Romano para 0 pensamento juridico ocidental nem sua importancia para o Dircito Civil em seu ordenamento juridico. ‘A Lei das Doze Tabuas também no foi esquecida pela autora. Como deixar de lembrar a Lol que assinalou a passagem do direito oral para direito escrito, a primeira compilagdo do Direito Romano que serviria de base ao Direito Piblico de Roma até a época do Imperador Juliano? © simples fato de admitir a igualdade de todos os cidadaos somanos perante a Loi ea soberania do pove faz da Lei da Doze Tabuas um documento de grande relovancia para conhecimento da historia do Direito. © Corpus luris Givilis, codificagao do Direito, felta na epoca de Jus- tiniano, teve influéncia significativa nos Cédigos Modernos e permitiu o conhecimento das obras dos grandes jurisconsultos romanos, E difici! avaliarmos 0 valor de nosso débito intelectual para com Roma no que se refere ao logado do Direito Romano, pois os romanos fundaram, desenvelveram e sistematizaram a jurisprudéncia no mundo. ‘Todas estas promissas lembradas por Flavia corroboram para defesa de sua propositura a necessidade do estudo do Diteito Romano. Gostariamos de continuar analisando toda a Sintese elaborada pola autora, mas eertamente nao terminariamos a redapio deste Néo podeius, pure, tinalizar esta Introdugao sem deixar de enfatizar um dos pontos mais relovantos do trabalho de Flavia Lages. A autora conseguiu redigir uma obra geral sobre a Historia do Dircito baseacla em uma pesquisa profunda ¢ acurada de Fontes Primarias, 0 que torna a leitura do seu Texto indispensavel para todos os estudiosos do Diteito, Convidamos 0 leitor a percorrer a Historia do Direito ~ Geral e Brasil de Flavia Lages e a oliar com admiracéo 0 excelonte trabalho emproendido pela jovem ¢ talentosa historiadora. Marilda Corréa Ciribelli Doutora em Histéria pola USP Pos-doutora om Histéria Social pela UERS ROORKEE ASDE AA DA RRDAKA READER REO “eee con requ nowy "THOS wuaD ottoo erumsH Y ‘110M “ANVHD Pride ZaVINTVA © L ‘odiwo ou nopnia (eprdmse ower wo fou end) epmne visa 0 “wrewoy 0 9 B5a wand ‘sopiano soe oytrense souatt ivos so0rwd ,.seioreq sp ebe0 Ep EHOISHEL, ‘vyore: [et remMDax0 apod ouEUINY 195 © GIUOWOS o eLOISHEL 1880 F 9 CPEALO|SUEN Y “UIBULOJSUEN os OBE ‘UREIMO;SUEN oquense sousut soared ogy ~ pole Sep VuMSIY, Taajssod 9 — ssourosyteue Seut sopeuoysty op ouTeqes op oysuoUp v 9 oda o"wpraND thas t.lopeuorsit 296 ered zeprogas amuaragns 9 opt seu ‘opepruewiny ep euOMoU © 9 CEgRSTE Y,, ‘omutDo1Dez Ossou TerOTHT apod asey} wjod wut) dopessed ot opny gopessed 0 opal,

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