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HISTORIA ORAL Gun Prins® (Os historindores das sociedades modemas,industrase mac amen alibedsadas - se, a maior parte dos hitoriadores Drofissionals ~ em gel go bastante ceteos quanto ao valor dat fontes orais na econstucto do passado. “Nest quesio ey sot quaseronlmente citi’, observou AJP. Taylor, causicamente “Velhos babando acerea de ua joventide? Nia!" Muitos pod ness lara serum pouco mais peneroos e admit histria oral ~ahstiia escia com a evidencia acurulada de uma pessoa viva, de preferincia aquela de um documento esto = come uma ilustrasdoagadave et; mas poucos acaearlam ques mates possam se tomar exsencisis no esudo das ocidades modernas, documentadas. Acham que as “histirias do pova" de Teskl, da Depresso eda Sepunda Guerta Munda, amas eifcam hips ses histricas imports sobre aqueles grandes aconecmnentos. A faglidade implicit das fortes ors ¢considerada universal ce lreparavel; por eo, para a sociedad sem region ert, © aleance convencional do diseenimenta & dessnimador. Em wm tsremo, Arthur Marwick emt The Nature of Hur adit que“ historia aseada exclosivamente em fontes nloslocumentss como, por exemplo, a historia de uma comunidade africana, pode ser uma historia mais imprecsa e menos satsfarria do {jue uma extaida de documentos, mas de todo mado ¢ uma Risire™. No outro extremo, 2 menos que haja documentos, rnio pode haver uma histria adequada. Desde o inicio da hist (isto €, da historia esrta segundo o método de Ranke) 4 Ain tem sido vist como o continente ahistorico. par ‘celence. Esta opinizo fot consistentementesustentada, desde 4 sentenga de Hegel em 1831, de que ‘ela no € pare historiea do mundo’, ata famosa observito de Hugh Trevor Roper er 1965, que ofendew por uma geragio os clis de aficanistas antioloniais que rapidamente se proiferavam na époc, decla rando que a Africa no possula letra, apenas evlugies sem “entido de eibos birhores.' Ext nao ers somente uma visto da dirt cu apenas da Africa. As aldeis indianas, exemplifcando fo modo de producto aidtico, simplesmente assavam a0 sol reprodusindose improdutivamente "intcadas elas nuvens tempestuosas do eéu politico”, na famosa frase de Marx. Os defensores marsista dos movimentosanicloninis desde entio farem malaharismos, entando explcar que o Velho realmente ro quis dizer o que claramente ee disse. Tanto nos casos simpisicos quanto nos hosts, aplicado 0 ‘esterankeano bisio. Sob ahlerarquadedados ranean, quando forem disponivee free ofc, ects, elas devem sera pref ridas. Quando nose dispuser dla, temse de tera a segunda cecolha, buscando se as informagaeslonge da forte pura do texto fil. Os dads ons sto, neses termos, catamente & aegun de melhor ou pio escola, pos seu papel é acta as hiswias de segunda escolha sobre as comunidades com fonesesassas. Nes ses rteros, Hegel, Trevor Roper ¢ Marx estio apenas send escrupuosos Wondng Warvoeneuhien pn Fr Por parte daquees que empregam as fortes ora tem havido ois pos de reasdo atl etesmo, uma de irtagéo, acuta um ppauco menos. Paul Thome, gura proeminente no “mri to" da historia orl (ama avtodescricto que jé possi um halo ‘evangelist, que defende o valor das fontes oa a hiss social ‘moderns como proporionando presen histrica ques, cujos pnts de vist e valores sfo desarados pla “istria vista de ima”, esreveu iradarnenteem seu manifesto, The Voie ofthe Past, ‘ue ‘op dnc calm ma dunt no sendimens dy ‘ro pin A gra ma el dosti ue ops ‘ida edt ae slot € invert agrecan sn ti 20 aden den now me Laps es noma omen ‘ear a ane da pofiin Dos enone epee oe {foe Gis pmo To Core pra fl Assim, na baatha sobre as fonesomis na histirlacontempo- nea, a linguager imoderaa rela que profndas pales esto ‘omprometidas deambos os Todos. Mas quanto ao pape ds ones fomais para a hist das sociodades ndoallabeneada, 0 mals renomado expoente da hist oral na Africa, Jan Vansina, admits francamenteoobjecivo de Marwickem sew anifesto, Oral “Tradition as History ‘Onde to ht nado quate dein a fe ti deem ‘pore eto dreams Rit, Erni fi a em fee foes ects Aenea ene As ier diego orl deem er aplnert inn de maa sl i se tmafome cm denpontamen, suund isitngr peoe de squire uma enh ids mt dey, © se const apr defn or po Bem om bit ‘faba, medi em que nb exe ones npn pos ‘om vie cra” 2 PTR, he Va het On Hat Ono 1978 5. Olas Hey adn When 1985 019. Podese obsenar que a concordincl est limita s deur tancias em que a fonts rai tim de se esabelecersozinhas e lima ver que Vansina demonstra, tanto naquelelivro quanto em sine mult monograias, que feqdentementsndo € ee 00, 9 principal etocada de seu argumento ¢, de fio, muito mals perempsiria. A questo € que o relaconamento ene as fonts ‘scriase ors nio ¢aquele da primadona ede sus saben ma ‘opera quando a estela no pode cana, aparece subst quando a eerie filha, a waco sobe ao paleo Isso eth erado, UAsfonees omis}comigenn as outa perspectvs, asim como as ‘outs perspectives as corrgen” Por que seria Ho controvertida »wtliagio das fortes ora? Paul Thompson sugeiy que ot velhos profesores no gosam de sprendernowostruquese resister a0 que persbem ser uma erorio 4 posiio especial do método rankeana, Isso pode ser verdad, ‘mas eu auspaito de que hé rides mais profendas, © menos ctridentes. Os histriadores vive em secs alfaetizadase ‘mo muitos ds habtantes de tnx sacidades, nconscentement® tendem a despresar a paavra fla, Ela €o corlrio de norko congo em escrever ede nosso resp pela piv excita. E por {que no? Como Vansina observa, a communicacso straws da linguager simbolic, esr, ¢ uma realiago absolutament est penda. O altabetzado tnde «se eaquerr disso. Ox maorie da "Nowa Zelindiaproporconam um exemplo tise, masescarecedor, \deumaocorrnciacomum duranteaexpansto da Euopa:os pots analfabets que obseritars, depois seguraram com uma energa ferez, mas flharam no conttole dese instrament do poder. (Os fas wiviais so parcularmente impressionanes. Em 1833, tlvez 500 maorisposam les depois de um ano, 10.000 Em 1840, ano do Tratado de Waitangi, em que os dirigenes ‘maori perderam sua tera (ou obaveram 0 beni da anenagio Initnica, dependendo do nosso pont de vista) alg rato pars rt futeha (homem branes) naguela época, tm viaje expresso temor pela sald fsca dos maors. Em verde se exsrtarem (0 ‘que € proprio dos sebagene nobres), cles agora enum sedentition, .@ vendose“tornaoleores’. 1837, otipogao Wiliam Calenso membro de uma fas familia de missionsrios ~ conch a primeira edigio de utn Novo Testamento Maori, «em 1845 05, ‘altsiondtloe protestanesdltibutram quase anos Novos Tests ‘menos Maors quanto metade da numero de maoris, Em 1849, ‘© Governador George Gry acredionn qu «proporgio de woes alfabetzados er maiorquea de qualquer populacso europea. Que poder os meoris vam na esr, para busca tio avidamente) Era um poder tpl, mas como muitos povos recémcongui tadose rec e parcialmentealfabetizados, os maors 66 conse gira stir wma pequena paresis dele. A primes feta do pode dolivo era wrtmics. Os maces analabeoslvavar livros ~ quaisquer livros ~ para a igreja, ou enfiavam as piginas em ctfcios ampliados nos Lobulos de suas orelhas. Ea uma ten tiv, comomente observa nos primios extigls de um encom tro colonial, de se ober o poder através da associaco. A Segunda facot era manipuladora. O mestno Colens (utliando mesmo recurso comm que imprimis as esritirs) em 1840 imprimiv © tex do Tratudo de Waitngi No enconto pars discutr 0 Tatado, ele nio conseyuiu convencer 0 Governador de que, cmbora todos of maori pdessem ouvir e alguns pudesse ler fas palaveas do rscunho do inglés radu, eles no poderiam ‘eno podiam compreender o significado lg, ow comparshar ‘6 eonceltos subjacentes de propridade, ou ainda entender as Coneequéncae da sinatra. Don MeKensie decars ge 05 maori foram os que mals perderam, e durante mais tempo, na baths sobre o controle da tra, precsamente porque sua ‘exposicio a alfbetzaio na década anterior deu aimpressio de {que eles posiam © relmente aceitaram os termos do jogo determinados pelo segsto esrto, mas nao foram eapazes de ‘manipulilo com sucesso “DI Mil The Soko at rcs eyo tnt Ne “era en Brie Foe oh, The Sl Hi an A terra acta do poder € formal eta. Bo poder de exer ar de curl foar0 cnheciment, 186, 08 maori x6 adi fam eit uma exalapoltamente signification na gerago seule, sm € x verdadetraessénia do rilegre de ecrvere em eal a ‘comunidades, acapaidae decruasolia do passvo ara oso, dle pasar de viema a dominador da palawra esr, fl » mai revolcioniria de suas conseqiéncs, ainda ques mais usr [Nas antigs pintuas nas cavernas de Lascauy, na Franga, entre ss imagens de animais podem ser vistas sras de pontosdispotoe 0s pars. Esses podem sero primeiosexemplos de communica simi: comunicacso que ¢ fla plo indo, embora exist independeneemente dele no temp e na espago. A capacidade de realizar isso € um crterio findamentl na distingio do Home sapiens ~ homer sibio ~ de seus predecessor biolgicas 9 primeira grande divisoria na histela humana. Os pontos de Laseaux podem ser, tanto quanto os machaos poids, ox prime ros prenincios da revolusso neolitcn que ¢ a base de toda a vilzagio subseqdenc No antigo Oriente Proximo, o fr, © tigo € 08 animais domésticos cram subjvgsdos. La ambém ocorreu principal invencdo que iberou os potencais da escri, A exra simblica fol ercamenceimportane,capsctando o homem a transcnder 4 nopermanéneia da fla mas era dif. Fol etigio de um. sistema aljaicn de escrt que fcilou-o desenvolvimento Binal de uma socedade essencialmente alfbeiada, que primero fore ‘cau na Grécia no séeulo stim anes de Cristo, Bermand Russell chamou o nasimento da ciilizago na Gréla a cosa mais dif de ser elatada em toda hse, ea mais surpreendente. Fo com cereza outa linha dvs, mas ale no to imporente quanto aquelarepresentada pela revolugo nelisea, tales nio mere dd uma linguagem tio eleva 55.0 oh andi nen im me Tlid «poe ‘rm Oni i As Ck» pt ies Fr ESCA Da sTORA ‘e Jack Goody, em The Domestication of the Satane Min, sugere aque a busca da compreensio do poder da alfbenzact, ¢ ue, adapandose a erminologia de Mary, distinguir duas pares no rmaio de comunicarior os objetivos eas relagdes de cormuniacto, respectvamente as dimensses fies e a8 socioculuris. Alem disso, delara ele, elasdevem ser sermpre considerads em conju to, Nesses ermat, a Grécia pode sr situada em um conte. "Nos nos enconrimos em uma sociedad de iterate macs, aque desfruma de um sistema alfabieo de excita e lhando para te, podemos dine més medos de comunicsto. Podemos ‘ra Ena pels pring ci soto em i een oo ‘tongs tempo, slr re 2a eta em gu ngugem eset mama cpu fron no ae ew as 80 dcp 5. Cals camps tn ui gen se i os quan eer, arto o popu propecia Sm Srl x cers mn dsngur ene cli seamen ‘Mab, gue mix mu cline ads de a oo, {at hitromenteincomuny eal rimenalaan et ‘hentai pue dpc ae sob Soni ds ei A exetncin no interior de uma cults compost é, de ft, sipica, atuslmente, para todas as grandes linguas do roundo. As estou, ou so individualmente aalfabeas ou semtanalabets reguladas pelo livo, asim como os maots no século dezenove, srande parte do mundo islimico ou o mundo posalfbetisdo no ‘mundo novo da comnicagio de massa etdnica:dominadas pelo ridho, pel telvisio e pelo telefone, Mas os histriadres sto ‘pessoa lfabeseadas par exclece, © para eles apalveaexria 6 ‘oberana, Estabelece seus pales e métodos. Rei as alas fladas, que se tornam wtlitriase acm interese, em compara ‘con o signified concenerado do to, As nang 8 pos de sos ors no so eva em cont Um das efits de se vier em uma culura dominada pela palavra ects 6 devido ao rebabamento da plava fads, cate Fila. Podemos poswuir uma consciéncn detathada de mis linguagens eseitascomplenas, especiais: no inglés, no corre dos tempos, tivemos os moos chauceriana e shakespeareano, o8 4 linguagem especial do Rei James Bible ou do Livro de Oraces, todas as quais vobreviem, Ao obserar oma culture onl ot compost, temos de fazer um esfogo conscente para tent © retardar nosso paso de acsso,e considera o wstemuno oral como, potencialmente, do. mesmo modo complexo, Devemos reconheeer a ditingSo entre fla importante © banal, asi como a Test dos Ubervls de Thomas Handy passou do dslto de Dorse para o ings padeo, sepundo seu imerlocaor, asi ‘omosrastfranos daCerbe metscem um registro especial pars can eigiso Um dos exerplos mais ansigos e mais conhecdos de como as Tinguagens especiais do registro orl eesritoseentrelogam em una calturacomposta a raise on sabre Corio, o hat Emu ‘magnifica esmdo ders cules slimica compost, Emett Geller mostrou como o bataha (autoridade cars dos "santos" ou Homens Sagrdos das Montanhae Atlas do Marrocos deriv, pars seus vsinhos alas, de sa interpre oa da esi, shar’. Maso shana uma le escrita esses Homens Sazeados pecem ser eles propriospessoalmente alfbetos. Mas extraem se casa da ssociaso com o poder da palavra do lv, Os hiswriadores tdionals, orientadoe por documentos, Tascam ers qualdades em suas fonts, nenfuma dae quals os aos ors manifetamente possuer,Poriso eles no sto evados ‘serio Exige presnio na forma, Eimmporent erifiars naturess cestivel da evidéncia, Un documento eum anti. Nioha vidas a respeit do que ,fisiamente, 6 testemunhos a forma a. Ee ‘ambem pode sertestdo devirits maniras fsiamente (ais ve), mas tbe através de ums bateria de meios comparativo, ‘exes, esrutiaise autos. sso proporcona asegunda aide Duscadasa preciso na cronelogia > @ Os issoradorespensem em tempo serial, como medida elo ‘alendrioe pelo regio de pul, Os documentos podem oerecer belos denthes nessa dimensio e assim podem permitir que se derive deles angumentos suts. A objetiidade requerda pelor ‘membros mals tadilonais da profssi histoica€calacads em grande pane sobre a suposta ores de dedusio extaida de umn ‘estudo concentrado da logica da nara belamente esuturaa, Mas, como veremos lo a seguir, o tempo serial no € 0 tnico tipo desempo que os homens utliam, ea outs coisas skim da smudanga par explcr En tereiro fuga, uma vez que se albedo, a excita fel «dein um rast marcado e por iso vivernos emu oseano de rmensagensesrias e consderamos a compreensto da mensagern de um eto endo texte adicionais, Tet urs, ests alas uma linia testemunha no € reemunha, Noe demonstmnos por ‘muluipicgto. Em cada ure desses campos, a evidéncia oral smn comproragoéconsideraa pobre. A forma ni ia acronologa feqaentemente€imprecsaacomunicacso muita vezes pode no ser comprovaa. Para os hirtoradores que fo gosta da histiia onal, esses compsem campos suficientes para au reio. Mas ‘urras dus randesst0 com fregdénea adicionadas em rela seus objets de estudo, Uma dea, mencionada no inicio deste capitulo, ¢ que a hstra orl ests autoindulgentementepreocura & Aescner DansTORA a te Talevidncia no pasa de geragso para geracto, exo de modo tllamenteesmaccido, como pot exerplo em narratvs familiares privadas, Na década de 1870, mew v6 materno enbalhava como ‘judante de jadneto em wa mansto em Comall,O mordomo ‘ra. um sdico que cnsumavncolocaegtinhos no fogto quente da ‘ovina ese diver nsitindo sua aponia, Compreensivelmente, fet av no exquace ease comporamento ena vedade, debou 4 cas pars trabalhar nas minas de estanho por cnusa daquele hhomem, Esse fragmenta et ov de minha mde. A reminiseéncin pessoal dea compoe a carga esmapadora da evidéncia om ‘linda por Paul Thompson e 0 movimento da historia ora ‘Atradigio orl detinguese d reminiactncla de outa manei. ‘AcranmissSo de grandes quantidadese formas especis de dados coms, de gerach para gee, requer tempo eum exforgo mental onsidervey por isso, deve ee algum propssito. Em eral, ace dense que o propdsito sje esutural. Alguns wicos, como Durkheim, encararam © proposito na cto © transmis da Ihsan, desde que sstendticae dependentemente reacion doe 4 reproducio da etruura socal. Outros veri propositos ognitivos mals amplos e mais surdnomos. Mas, quaisquer cue fejam els, antes de poderem ser consderados, devese ainda subdhsdir tradigio orl em quatotpos enema xrnssio NPAC one be ona roe ca fsctemoocancoes mes poeaore) “Ea gun in de). asin, “One pon ne Ol cone icy ‘Se um relat ¢ aprendo auromaticamense, entioasplavras pertencem i todo, Se a forma de apretntao € fn, entio & ‘esuura pertence & radio. Avalltel uma categoria de cada ves, (Os materins aprenddesstomatcamente, deforma congel. da, realmente apresentam ao hiswrador or menores problemas de ‘vefeaco, pois uma crc terns rigoosa de verses da tesa tno abrirdo caminho para sechegut& um cere comm de forma e de palevras. As repras deforma elinguagem poem set ‘deniendas. Os poemas de lowor africans, das qual os mais onhecidos si0 os thong zulus, sto bons exerplos dese gener Aspalms,aformaea entonao sio tas estitamente defines. Freqtererent 0s poemas de lowor descrever as relies entre ‘governance eo governado les mediam un elacionamento ve no poderia ser condusido na linguagemn cloquial. Asin, sa serra reflet seu propio, Bis um extato de um poemadesse tipo, em lower 2 Loz, que recalhi no oeste de Zambia, E _apresentdo em uyana, anego idioms to préximodalinguagem

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