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Cosmépolis febril: Modernismo ea metrépole paulista como simbolo da brasilidade Maria Jae Machado Botyes Pinto! A prosimidade das comemoragdes do centenario da independéncia cm 1922 Gizeram aflotar, para a éntllientsia beasileira, a necessidade de nao apenas repensat 08 rumos da repiibliea, mas earn: de wacar parao pais noves caminhosa sesem tidhados, No Brasil, a intelectualidade comprometida com a consteusio de um Beasil modecno costila entre tmadigio e vanguard Uma corrente buscava sintonizar a sealidade nacional com o ritmo velo2 ¢ febeil do novo mundo urbano e industrial; outra, igualmente filiada a costentes internacionais, de cariter conservacat, matcada pelo apelo 208 valores da nanarexat € do campo, pelo repiidio ao industrialismo € @ modalidade da vida urbana, litoralisea, cosmapolita e eral. Ambas se unem pela oposicio as pretensdes da razio universal derrotads na guerta € advogam a originalidade de cada nagio. O artificilismo que permeava toda a cseeutura brasileira teria atingido em cheio a intclecrualicade, especialmente a fitoral-cosmopolina, Machado de Assis, eriicado por set ‘cosmopolitismo dissolvente’, de um lado, ¢ Buelides da Cura, ligado a “forga da tetta’, de outro, representatiam parimetros da arividade intelectual balizados numa dicotomia que relacionava sectio//beasilidade € litoral /easmapalicisma, Bastante conservadora, impregnada do modelo do realismo/naturalismo, enfocando homiem ‘tude’ do sertio com ingémuos arroubos rominticos idealizadores do interiorano ¢ da paisagem. que 0 errvolve, essa literatura sertanista-caboela voltou-se também para a exaltacio dos mitos paulistas, especialmente o bandeirante, entronizado como verdadcito herdi nacional. Em conttapartida, os intelectuais ligados a0 modernismo, em que pese 0 fato de também eridearem o Rio de Janeico ¢ buscarem um novo nacionalismo, n3o 0 enconttatiam no campo, mas sim, atavés da industrializacio e da usbanizacio, da completa ineerligaeio com os fluxos irvesistiveis da modemidade. Para autores como Miia de Andeade, Oswald ce Andrade, Menowi del Picchia e Guilherme de Almeida, a busea de uma nova nao passava ecessariamente pela “oposic 20 passadism, a ‘busca da atutlizagao e modemizacio cultusdl, ens sintonia com a vanguardas eusopéis”, além da adesio aos novos ritmos da vida urbana, A cidade de Sin Paulo com seu dinamismo, suas fibricas, seu progresso, espirito peagmitico, sua reaidade urbano- indlusteal, a incomporagio das nurvas recnologias da sociedade de massas e a imigracio européia, representava a base “para superagio do atraso ¢ garancia da enteada do pais tia * Profesor Doors do sto, de Mien da USP we 125 Rete oe Hii o 9 modernidade.”* Para esse expressivo grupo de intelectuais, especialmente aqueles que dentro do modernismo admiravam os cinones vanguardistas — Mario de Andrade, Oswald de ‘Andrade, Menott del Picchia, Guilherme de Almeida, dentre outros — eta dificil acteditar que o Brasil estava no sextio. Essa identidade ¢ indissociavel da idgia de modernidade, quando “a vida multiforme ¢ absorvente, maravillhosa na sua complexidade, violenea na sua tragédia e ne sua vertigem, a vida no século XX, com fabricas ¢ bolehevismo, com 0 sangue ainda quente derramado no holocausto da grande guetta, pede oucra técnica ppara a sua representagao, outta expressio verbal.” Sintomaticamente é a partir dessa época que comecam a surgit os esterestipos sobre os habitantes das virias regides do pais. Assim, 0 carioca passa a ser caracterizado pelo seu jeito boémio e malandro, em contraposicdo ao paulista, que & disciplinado € teabalhedor, ¢ a0 mineiro, moderado € austeto, Por tris dessas construgdes estava 4 centaciva de se determinar qual regifo iria comandar a nagio. Os modetnistas paulistas kéveram urn papel proeminente na formulagio desse regionalismo, procurando legitimar Sao Paulo como lider da nagio em detrimento do Rio de Janeiro, Para esses autores, So Paulo encarnava uma dupla face de tradi¢io € vanguarda, pois era habitada por todos of tipos de povos e, berco dos bandeirantes, era voltada pata o interior. Além disso, a cidade estaria’ mais bem preparada para se inserit na modernidade do século XX. ‘A questio regional, tl como era posta, recobria um sério debate: qual seria a regio capaz de impor seu tom 20 conjunto nacional? Que caracteristicas a eapacitavam a exercer o papel de mattiz da nacionalidade? Determinados aspectos geogritficos, certas tradicbes histérieas ¢ 0 ‘cariter’ do seu povo eram, sem divida, os trunfos mais valorizados. “Modernistas de Sio Paulo, como Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Plinio Salgado, para citar os mais destacados, também pparticiparam ativamente na configueacio do regionalismo paulista, Um dos pilares desse regionalismo foi a legitimacio da metrSpole bandeirante como cabeya da nova nacio queentio buscava construir, implicando a desqualificacio do Rio de Janeico para exercot este tradicional papel. © coracio do Brasil brasileiro e moderno seria Sio Paulo. Metropole ‘febril’, industrializada, habitada por todos os pos de racas ede povos, nem por isso desapegata- se dos sélidos valores da brasiidade. Voltada pata o interior, bergo do bandeirante, a urbe paulista no apresentava o astficilismo catacteristico das cidades litorineas, com seu cosmopolitismo dissolvente ¢, 20 contro, impregnara-se dos prinefpios ‘verdadeios? do meio rural. Dessa maneira, Sio Paulo conseguitia encarnat a modemnidade do pé guerra na sua dupla face, a da tradiglo da vanguarda; nenhume outra cidade sintetizat melhor os valores da brasiidade ¢ da modemnidade. * MOTTA, Many Sia da. Asse 100 on - A gusto aol no et de kp Rio de Jana: Edtoaa da Fundacio Geubo Vans / CPDOC, 1992, p36 € 0. “DI PICCEILA, Menor. “Na ma da formas". Gris Buln, Sio Paul, 24/01/1900 126 toon WO CCHNEDIEEES Cosmnpotsfebrit Modernsmo ea meudpote pautsta come simboo ds brite Em termos poéticos, incorporando 4 estrutura intrinseca do poema recursos narrativos da cinemitica descritiva, similar aos procedimentos do faturismo italiano, Oswald de Andrade, através da visualizacao de uma estrurura dinimica, capta o movimento frenético e contraditério da urbanizacio hibrida de Sao Paulo, com seus tragos provincianos, rorineiros e aquela mitua avide2 “facusista” pelo progresso: Locomotivas ¢ bichos nacionais (...) A verdura no azul Klaxon (...) Arranha-céus Fordes Viadutos Um cheiro de café (1925)* No que diz respeito ao campo cultural, a Semana de Arte Moderna realizada na capital paulista, em fevereico de 1922, trazia explicitamente a mensagem de abolit a “Repiiblica Velha das Letras’, claramente identificada com o Rio belle ipogue* Para os modemistas paulistas, 2 ‘nova’ cultura brasileira precisava se fixar no solo sélido de uma cidade ‘moderna’, capital do estado mais desenvolvido da federagio, Em suma, era ppteciso garantir para a ‘febricirante’ Sio Paulo, 0 lugar de principal pélo industrial do pais, de centro das decisdes no concerto politico nacional e de eixo da producio cultural brasileira moderna. A prospetidade econdmica do estado de Sao Paulo sefletida nas rapidas transformacdes que se operavam no cotidiano da sua capital, com as chamiinés ¢ os atranha-céus despontando aqui e ali, precisava ter uma cortespondéncia no campo cultal ‘Cumptia, pois, fitmar, a0 lado da fama de povo ‘tico, forte e genetoso’, o lugar de S30 Paulo como fonte das mais ‘desassombradas’ expresses de autonomia intelectual ¢ de ‘notivel” produgio literéria e artistica, contea o esteredtipo de cidade material, agentitia, Postula-se entio que, “com suas fibrieas, com sua riqueza (..)",a cidade se stansforme tno “sonho de todos aqueles que tragam quer um ideal de arte, quer um ideal ealizador de trabalho?” © movimento editorial é o indicador constantemente apontado para ressaliar a televincia culrutal da capital bandcirante. Inevitiveis paralelos sio tracados com o Rio de Jancito, matriz até entio incontestavel da producto intelectual do pais. ‘Ao contritio do ideal romintico do intelectual contemplativo, bem ao gosto da ‘camelote académica’, Sio Paulo tem a oferecer “o beaco que trabalha eo cérebro que cxia. Ea ineude eo pensamento; Hétcules ¢ Apolo; ag2oe cringio””’ A legenda bandeirante + ANDRADE, Oswald de, Cadi efor de ale Ol - (Pao day So Pas: Cala do Lise, s/ pa Ver BOS alfedo,"O Bra republican, at letras © pritcica Replica”. fe ENUSTO, Bois (on). (0 Ben! racad rit So Paes Dif, 197, somo Ul, vol 2p 312 “EDITORIAL "Nos - © Corso Paaletro por desta”, Cris nites, Sto Pela, (7/09/1923, DEL PICHIA, Menor, “Novis corres extcae™ Cris Pusey, Si Palo, 05/05/1020, 127 Ais tad dh Deena de Rai de Mit 9 “non dcr, ducd" deve-se aficmac em todos os campos de atividade, econdmica, poltien € cultural. Na avallagio de Miio de Andrade, Sio Paulo estava mais ‘ao pat’ que o Rio de Janeiro. E socialmente falando, 0 modernismo s6 podia mesmo ser importado por Sio Paulo... So Paulo era muito mais moderna porém, fruto necessirio da economia do café e do industrilismo consegjiente...S20 Paulo estava ao mesmo tempo, pela sua atualidade comercial ¢ sua industralizacto, em contato mais espiritual ¢ mais técnico com a atualidade do mundo... mesmo de assombear como 0 Rio ‘mantem, dentro da sua malfcia vibnitil de cidade internacional, uma espécie de ruralismo, um cariter parado tradicional muito maiores que Sto Paulo.* Ao definir a cidade de Sio Paulo como berco do modernismo porque era “espiritualmente muito mais moderna”, o autor da Panlitie Destaivada conclu que no Rio, a “grande camelote académica”, “sortiso da sociedade”, “corte imperialista”, seria impossivel a eclosio desse movimento devido ao seu atraso cultural. O exotismo folelético do samba, a falta de um espitito avistoerético, negavain & capital federal o espago da snodemidade jf ocupado pela metrépole bandeirante?” PPara essa linha de interpretario converge a avaliagio de Antdnio Cindido, para quem 0 modernismo, tal como o romantismo, seria um ‘momento paulistanc’, quando 2 capital bandsirante se projetara sobre 2 nagio, buscando “dat estilo as aspieacaes do pais todo” Através de seus intclectuais, principalmente os modernistas, a capital paulista pretendia aleangar a lideranga cultural, reivindicando para si a ditecao da inceligéncia brasileira, Fiiados agremiacdes politico-partidaias, articulistas de jornais claramente ldentificados com essas agremiacdes, membros da administtacio publica estadual, impregnados de um force sentimento de paulistanidade entendida na sua dimensio ‘dentificadora, esses intelectunis associatiam is tarefas politicas as lutas no campo aetistico- literitio.” ‘Temos aqui, diante dessa anilise, uma das contradicées dos modernistas de Sa0 Paulo, pois se de um lado rejeitavam todos os outros regionalismos, tachando-os de passadistas e anti-modernos, por outro lado, quetiam colocar no lugar um novo regionalismo, s6 que este de macriz paulista!. ‘Vale pena salientar uma mudanea de atitude de boa parte dos autores modernistas com relagio 20 nacionalismo, fato que, segundo Eduardo Morais, vai estar diretamente « ANDRADE, Mio de. “O movimento modems": Aghcr de tre beer. So Palos Lives Manis Eto, 1974 236 ip, 3623 © MELLO e SOUZA, Antiin Cinddo de. Litre « dnd, Ste Paulo: Cia. tors Nacional, 1968, p18), "SICELL Sexi, Duna cae drone x0 Br (1920-1945. So Palos Dif, 1973 " MOTTA, Many Siva da a fog 00 anor = gui maonal ws etna. TB Bteta 128 Fomine OKs CHIN HNP Coumipolislebit Medernisnvoe metipole pacts con sno d bositiade cclacionado com os acontecimentos da Revolucio Paulista de 1924, originados na onda crescente do tenentismo™. ssa insurteicio militar iniciou-se no inicio do dia 5 de julho de 1924, quando os revoltosos tomatim os quartéis do exército, forea piblica, esagies de trem, bem como grande parte da dtea urbana da cidade, O presidente do Estado Carlos de Campos se retizon da cidade, ordenando um bombardeamento indiscriminado, pois era incapaz de detectar a posigio dos revoltosos. Dessa forma, a capital ¢ sistemaricamente alvejada, “endo especialmente visudos os bairros operiios e populosos, embora nao escapassem também escolas, hospitais e igrejas.” Passados 29 dias, o general dos revoltosos solicica uma tegua, mas s6 obtém como resposta de Carlos de Campos a rendigio incondicional ou a desteuigio completa da cidade. Diante disso, os rebeldes decidem abandonar a cidade, partindo de trem no dia 27 de jullo em direcio a Foz do Iguagu, unindo-se aos tenentes gatichos, fate que marca @ inicio da Coluna Prestes, sob 0 comando do tenente Luis Catlos Prestes. “As for legais reocuparam a cidade com uma brutalidade inaudita, saqueando, espancando, prendendo dentre uma populacio que julgava colaboracionista, além de executar sumariamente grupos inteitos de imigrantes suspeitos de terem aderido A revolt ‘Assim, se no primeira momento modernista, 2 preocupacio cra combater passado em nome da atualizagio/modernizacio, a partir de 1924 ocorce uma mudanea de perspectiva, ou seja, coloca-se a 6tica do nacionalismo como processo de renovacit 456, serernos modernos se formos nacionais.” Neste sentido o Maniferio Pau-Brasi! de Oswald de Andrade, langado em 1924, pode ser considetado uma obra inaugural. Aqui no € 0 passado genético que é negado, mas parte conercta deste pasado, 0 lado bacharclesco, aquele que escondia, em funcao do proceso de ransplantagio cultutsl, o verdadeito passado brasileito que deveria ganbar vvisibilidade. Por esta raxio cambém a importincia do contaro com as vanguards eutopéias é menos decisiva que no primeiro tempo modemista Nosso material cultural deve ser descoberto aqui mesmo,"* No entanto, a contradigio regionalismo / nacionalismo petsistiu aps 1924, como pode ser percebido pelo dehace ensre Sérgio Millet © Mirio de Andrade, ocortido em 1926 nas piginas da revista Tera reve ¢ outrar terrar. Millet, no primeiro mimero do petiddico, comenta um livro de poemas de Guilherme de Almeida, afirmando que a ‘qualidade da obra se devia 20 seu teor de brasilidade. Na verdacle, o que existia era umm sentimento de paulistanismo que foi confundido com brasilidade. Mario de Andrade ccontesta essa tese no niimero seguinte da revista, na forma de uma Carta proese ® MORAIS, aha Jat de, A lide mite, st dimes. Rio de Jancis Grah 197 p76 TESENCENKO, Nicol. Oto clin n mele Sip Pol sla ais wn fern ones 20, Sto rol: Cin ds Leen, 198, p- 303304 TSMORAIS, Veto Jali de Aad made, an dics lego sp 8. ried 129 Res iia <9 Sérgio Milliet. Estou ficando o homem das cartas...Porém, a culpa é de vocé. Que historiada é essa, Sérgio, meu amigo, de falar, na sua crdnica sobre poesia do ntimero pasado, que ‘s6 se é brasileiro sendo paulistal” Protesto. E pena que ji nio tenha saido 0 niimero 4 da revista Estética porque lé en verifico que vou perdendo cada vez mais ¢ completamente a nocio dos limites estaduais. ..Em que sentido simbélico herdico grandilogiiente ertado voe# est empregando a palavea ‘paulistal” Bu niio nego um valor enorme sobretudo no passado dos meus coestaduanos, porém carece tomar cuidado com os simbolos e com 03 sentimentos petniciosos. Como 0 simbolo o paulista é também aquela besta reverendissima da guetta dos Emboabas, ainda por cima acara e covardio (...) E € ainda 0 homem...bom inda é cedo para comentar 0 procedimenro dos panlistas durante a Isidora e a gente vive em estado de sitio, Porém eu, que vivi na rua observando revoltosas ¢ legalistas, tenho muito que contar sobre a psicologia do paulisea E a nossa tiqueza e progresso atuais, voce ja reparou coma eles nascem do acaso, de circunstincias climiticas © geol6gieas? Vocé jé medicou naquelas frases verdadeiras da Paulistiea de Paulo Prado sobre a decadéncia do carter paulista? Vocé e outros me chamam de sentimental ¢ de romantico porque gosto de gemer no verso € no pinho o amor melado ¢ caticioso do brasileiro ¢ porque 0 grito o “Vem minha gente’ pros brasileiros sem limites estaduais da nossa terra. Pois ‘me parece, Sérgio companheito, que o sentimentalismo nao esté em gemer, gozando ‘0s desejos que nascem no corpo € no espitito, porém em se deixar levar por vaidadinhas rompantes ¢ afirmativas ser realidade e perigosas. Perigosa como a de voeé que é desnacionalizante ¢ irritante ¢ errada, O Brasil € um vasto hospital Amatelio de regionalismo ¢ baittismo histérico. Visio de miope sem futuro e sem presente, Cuidado com o saudosismo! E sintoma de decadéncia. Sérgio, vocé etrou, Sérgio. Te abeago, Mario de Andrade."* ‘Tem-se assim um aspecto nio resolvide dentro do movimento modernists, O préprio Mario de Andrade vai, segundo Eduardo Moraes, incorrer em contradicées, uma ver que, 20 criticar 0 tegionalismo de Millet, toma a mesma posi¢io do criticado + pelo lado diferente da mesma moeda -, quer dizer, vai ressaltst 08 aspectos negativos dos paulistas, 20 contririo das posigGes bairristas e ufanistas. “A maneiea de pensat, no catanto, €a mesma (.) seus propésitos sto nacionalistas, mas seu fundo revela 0s ragos de arraigado ‘paulistanismo.”” : A tensio nacionalismo / bairrismo se configura como um conflito inconsciente ‘que se manifesta na étea de seu conflito consciente: pita / internacionalidade. O escritor consegue accitar plenamente a segunda oposicio, uma vez que tem pétria como fator de nacionalidade capaz de propotcionar no futuro a internacionalidade na area politica ANDRADE, Mitin do, “Coca Peotesto”. Tere reat mata 2p 4 Ap MORALS, Eduardo Jaxcim de A ioe modi ave dcr Hi, op pA haem p10 130 tats 2008) COUN HFS Connipolis feb: Modernema ca metipole pat cons bole da breed © universalidacle na dtea estética. Entende pitria como necessidade histética, capaz de despertar 2 conseiéncia nacional ¢ fundamencae uma cultura beasileirg autéatica Pitria é 0 nacionalismo que nio pode admitit 0 Regionalismo estético & politico, pois ele fragmentaria a sua coesio. Apesar de negi-lo, Mario de Andrade no percebe quando mergutha em profundidade na rea do patticulan, Sobrepondo inconscientemence uma estado 4 regio e a totalidade da nasio, Totnando-se bairrista 20 valorizar excessivamente Sio Paulo, em detrimente do conccito que manifesta sobre os outros estados, mormente os do Norte Essa € entretanto uma posigio sua que o afeta exclusivamente nos aspectos ideolégicos. Deve ser analisada dentro de sua ligacio com 0 nacionslisme Porque ausilia a compreensdo dos compromissas politicos que assume de algomas inteepretagdes suas sobre a literatura populat.™ Diante desse panorama, aetedicamos set relevante empreendermos uma anilise mais acurada da obra de Maso de Andrade, visando aprofundar as questdes apontadas até aqui, Hina obra poética de Misio de Andrade wm ponto de partda a que cle volta ‘no fim da existéncia, apds uma longa viagem de descobertis ¢ eneantamentos, Ede Sto Paulo ¢ do amor 4 Sio Paulo que ele parte para o amor ao Brasil. Aceavés deste, engrandece aquele, noamadusecimento de seus cinglienta anos, O poeta paulstano asses baitsta como todo pantista que se respeita, e Sio Paulo the parece desde logo, uma visio anéloga 20 provincianismo apologético e ufanista ce seus contemporineos, o grande acontecimento do mando. © brimeito vetso de seu primeito liv 0 afirma cheia de teeno orguiho, merpulhado numa perspectiva de profunda admirario pelo processo de utbanivagae eufotico da “cosmépolis": “Sao Paulo, comogio de minha vida!” Paulitie Deesived & wm carto & magia de sua cidade, que passava pelo processo cle formagio de uma sociedade urbana complexa e mult-diferenciads. Nesea obta, autor ji essalta o fendmeno eultural peculiar que a cidade representa como guia © simbolo da nova culeara ncionsl. Paula Desnairada,simbolo da nova cltuta nacional, escrito em 1921, € 2 oportunidade de casar seus anscios estéticos de dinarmisme na Poesia com a lgio teccbida dos unanimistas e dos fucutists. Com efsito, em Jules Remains, o autor encontrara a apresentacio da dinimica de uma cidade como forma de coletivizagio, jf mostrando a miiquina, o vefculo. Mas Romains ¢ Vehaeren, de I ite ‘entecdaires, wazem 0 assuoto “cidade” com um sentido geral, amplo, paticularzado or Mitio como a cidade de Sto Paulo, & qual se sentia afetvamenteligada, Na poesia disseca lrieamente a sua cidade Dentzo dese mesmo espitico, ea ficil entender por que, na concepgio otimista de Mirio de Andtade, a sede da civiizacio mameluca dos bandeitantes era nlo 2d 0 PoE PER TE Porto Ancona. Ati de Adds Rami cit, SEo Plo: Livan Duss Cidade, 1972,p.315, eit ed Denon iy da he 137 Rese de Hi ANDRADI, Mii de, "Misia Brae”, A Man, So Paul, 24/ 03/ 1926, Guplemencs de recores de sits ton TEB USP). pad LOPEZ, Tae Pari Ancona. Mio de taiade Rema © ami gp 218 SANDRADIE, Miso de, Pecur Compl. Sio Palos Gedo do Libr, 176, p. 5788 vee 133 Se Re a Pcs «8 mnandanos da cosmopolita Londres: “Minha Londess da neblinas fiias! Pleno vero, Cs ex mil milhdes de rasas pautistanas?"(1922} Bate aionia eo viés critica cote que teacava os prurides de nobeeca dos ticos da idee, salientando o artivismo sdfiego da nova hurguesia paulistzna, dvida pos dinheiro, bens materiais, ambigio desmedida pelo lncro econdmico, desfazesvse mansatnente 40 sentir a lenta descida da neblina sobre 0 bairro elegarite e chic, simbolo do novo mundanismo da capital irradiante: “Higiendpolis (...) Casas nobres de estilo (.) Entiguecetes em tragédins (...) Mas a naite é toda um véu-de-noiva a0 Iuay"(1922)" E que toais ama mais ele na sua cidade? As rosas e os attanha-céus, o imigrante € fs erepisculos eas cardes de abil. As rosas tetomam 2 cada instante na Sua poesia como ‘um estribilho, exprimindo a admitagio do poeta com a remodelagao urbana da cidade ‘ oaburguesamento dos espagas publicos com a construcio dos belos jardins e bulevates da belle cpogue. Em Panliia Desoaitada, elas aparecem logo nos primeicos versos: “Pleno verlo, Os dea mithdes ce rosas pauiissanas.” De todos esses amores, 0 amor aa imigeance € 0 que parece ter passacto mais depresss. E pare alo voltae, Sinal dos tempos? Os nacionalisenos desvaitatlos anderen or aqui, como por toda parte, # se no chegaram a ecntaminar 6 profindo espiiro /humanistico de Mitio de Andrade, pelo menos extinguitam uma fonte na imaginasio ctindora do poeta, © tarinha ¢ a valosizagio do filho de italiang, como 0 novo eidadiio paulista ‘operoso © progtessista, que foj também caracteristico de outtos esctitores paulistas, psincipalmente Anténio de Alcinrara Machada, morteu prematuramente com Paula © imnigrante italiano, vista como condutor do progresso.e da industrializacio, é elemento Positivo, como mostrata no poema O demador, nto sem uma eetta dose de nostalgia. Nesse fivto, Métio fala com emocionante orguiha de um heedico sucessor da raga heril dos bandeirantes, am galhardo flho de jmigeante lojramente domando um auiomovel”™ E na mesma obra registra o burbutinho ensurdecedot © 0 movimento nuidoso dos pregies do pequeno comércio clandestino de géneros de primeira necessidade ea Drestaco de pequenos servigos pelas ruas da cidade, dando visibilidadea uma utbanizacio ‘mais afcita a uma economia de pequenos ganhes - informais, e menos centrada 90s grandes negécios da empresa cafctita. Documentou com otiginalidade e concretude as caracteristicas Tenis de um trabalho grosso modo instivel e temporitio, a sobreviver 1s fimbrias des elites europeizantes do eafé, através da fala talo-paulistana dos venudedores ambulances, Quatita 40s attanha-céus, sevéa cles, segundo © tan pti * thidens 6. * Ben p39 30 IFA HCCHANFHDLES (Cosmépois ft Modernism ea metrépoe pasta coma simbol da breslidade sensivelmente fornece imagens a Mario de Andrade, as quais exprimem o seu entusiasmo © eufotia exagerada com a cidade que se verticalizava, Assim, deparamos no poema Innpriso do mal de América “Lé fora o corpo de Sao Paulo escorre vida a0 guampago dos arranha-céus..."* Também no Poona da anigs, a visio mitien da cidade vertical, concebida como “esteutura americana”, fio apenas por sua extensla gigantesca, mas par sua insergio faturista na geografia cosmopolita da “usbes dos arranha-céus” explicitam a visio apaisonada ¢ herdiea do autor pela mewopoliza enorme da cidade”: (0 febril, miliondria e “imprevistamente A tarde deitava nos meus olhos E a fuga da hora me entregava abril, ‘Um sabor familiar de até logo criava (...) Estavas longe, doce amiga; ¢ s6 vi no perfil da cidade O ateanjo forte do arranha-céu cor-de-rosa Mexendo asas azuis dentro da tarde, (1930) ‘Nem sempre essa imagem da metropolizacio frenética da cidade “andates sobre andares” de ongulho. Em Moment, no Grao Cia de Outubra, ela é quase de desespero, de pxvor com 2 solidio, imagem do poeta isolado num mundo hostl e que tenita em vio pegar-sea qualquer coisa, aconchegar-se a um calor: ‘As pombas se agarram nos attanha- céus, faz. chuva. Faz frio. E fax angistia...° Na sua Paula Deswirada, muitos dos seus poemas primavam pela ironia, ora fina, ora beirando o sarcasmo, com a qual fustigava algumas das mais torpes fonces do mal-estar endémico ¢ ar enfermico da cidade com seus batalhdes de trabalhadotes desempregados ¢ semi-ocupados. A Mario de Andrade aprazia mostrat a ouera face da cidade, aquela mais chocante, visto que a miséria geral da populagio contrastava de forma consttangedora com os simbolos da modernidade ¢ riqueza — avenidas remodeladas, autom dos processos para se obter bens marerias, Teavestido de arlequim, o poeta musicava palacetes, a ganiincia do dinheiro, o aventurcitismo eo cinismo seu verso, agitava © ritmo e, num clima de animagio euférica, sem tirar a méscara, evocava as vias, a flagmentagio e 0 ca0s social, ctiticando o “canibalismo dos A critica & ganincia de dinheito, simulagio € © cinismo dos processos de entiquecimento répido da nova burguesia arivisea e multiracial da urbes, composta por nacionais migeantes de varios estados e imigeantes de diversas procedéncias de além- mar, a custa da disctiminagio social, étnica e da pobreza da populagio trabalhadora, emerge claramente no poema Od ao Burguin Thea 2 Tin 287238 ep. 29. eis cot Dyes de Hide de Ue 133 Rosi de Misia — 9 9 Fora 0s que algatismam os amanhis! (.) Morte a0 burgués mensal! ‘Ao busgués cinema! Ao burgués tibuti Padaria Suissal (1922) De fato, © poeta faz notar que apesar do enriquecimento econémico global da Panlitia a participaczo social no sistema produtivo e na absoteio dos recursos gerados ceca muito limiada, ficando grande parte da populagio na situagio de desemprego, pprecatiedade de trabalho, caséncia ¢ insalubtidade domiclia, ‘Assim como muito limitada ¢ até decrescente era a participacio politica. As elites agtivias, beneficidrias e procedentes da tradicional divisio internacional do trabalho, consticuiam um sistema oligérquieo semi-fechado, que, de conformidade com os eirculos plutocriticos urbanos, monopolizavam os postos dirctivos eas atividades mais rendosas, ‘As oportunidades resititas que 0 crescimento do sistema ofetecia eram alvo de uma rude concorréncia pelas amplas camadas urbanizadas, reforcando comportamentos agressivos e desesperados de preconceito e discriminacio. ‘A contingéncia da crise social e econdmica revela 0 cenitio nebuloso e dramitico da modernidade da urbes com a imagem aterradora da “miséria de sobrecasaca ¢ gravata”, que vinha se somar a dos “bandos de pés descalcos” que citculavam pelo centro reurbanizado e pelas areas fabtis, e povoavam os baicros opetitios. Tal cenatio & apresentado, por exemplo, na Paitage 1.*2 Deus recortou a alma da Paulicgia num corde-sosa cinza sem odor (...) E rodando mum bando nefitio, ‘vestidas de cletricidade e gasolina, as doengas jocotoam em redat (...) Sio Paulo é um paleo de bailados russos. Sarabandam a tisica, a ambicio, as invejas, 0s crimes fe também as aporeoses da ilusio (...) Qué, qua, qui! Vamos dancar os fox-trot da desesperanca ait, a rit dos nosso desiguais! (1922) ‘Nio taro a sitica desvela e tidiculariea a propria ideologia oficial, fazendo desfilar mecanismos de opressio para com a indignacio mal contida, A Paitagew 1.°4 conclui o livro com uma frase de deboche, que ressalta 0 cariter diversionitio do empenho de arregimentagio do orgulho eivieo paulista: (Os caminhées rodando, as carrogas rodando, Sin thie, p 537 136 rains CCU PS {Gosmpoti frit Modernism ea nsenipols palin como sbolo ce besildade Eo largo coro de ouro das sacas de café! (..) Mas as ventanciras da desilusiol 8 aixa do cafél | As quebras, as amedcns, as audicias superfinas! Lat! As bandeiras ¢ 05 clacins dos armazéns abarrotados (..) Murismos presidenciais, para eist (1922)! Mas acontece setein versos de euforia, o que marca a tonica da producto culrural do autor, «aqui vemos na sua melhor moldtice mais um des grandes amares paulistanos de Mario de Andiide: as cardes de Abril E na made de sua proptia vida, quando cstreven “Tiss Paulstana”, pare a garoa de sua cidade para os seus crepliseulos é que © poets se woleard coato 3 procura de um gesto justo relasante cepouso: “garoa de meu Sie Paulo /...Meu Sio Paulo da gatoa /...Gatoa sai de meus olhox." Enirementes, Mario de Andrade andar por ai, redescobrindo o imenso ¢ ‘multifacedo Brasil, com seus milkiplos regionalismos, a pluralidsde da cultura de povoado, a divetsidade das culeuras populates, conhecendo © amando sua tezra através do Noturno Belo Horizonte, do Carnaral Carioca, das lendas amazénieas, do folclore do nordeste, da gitia do Rio Grande do Sul, A experiéneia renderi ainda « eriagao de uma “gramatiquinha da fala brasleta’’ ca prencupacio de eluborare emprege uma linguagem exclusivamence brasileira, que deu aos seus romances um tom nativista muito original Escreverd Macinaina e se ligaré pela sua enorme correspandéncia a toda uma nova sgetacio de ineelecuuts, dencee os mis expressivos do pais, Toda a sua inteligéncia e toda a sua sensibilidede estardo a servigo da pitcia grande, pois como afirmava no Manito Mederniste, “viviemnos ja de nossa tealidade brasileira, carecia ceverenciat ¢ instrumento de trabalho para que expressissemos com identidade.”™ Para Catlos Drummond de Andrade fica por demais wansparente que a poesia modernist foi, em grande parte, uma poesia de repiio, de municipio e até de povoado, que se atsibui a missio de redescobsir 0 Brasil, considerado antes encoberta do que revelado pela tradigio literitia de cunho eutopeu. Os nomes das pequecas cidades brasleras figuravaim pela primeira vez em verso,a fat do poo incorporou-seinguawem erudita da poesia So Brus! exclamava nossa poets mésximo, precisamente no ano da ataga de 1925, Mas este excesso de Beasil corti o risco de degenetatsimplesmente em excesso de pitoresto, de cal moda o particular se subsituia a0 geral, na sofrepuidio dos sevolucionitios, anareados ainda por wma tendéncia pulverizadora 20 humanismo.® No Gif Jadu, publicado ¢m 1927, mas reunindo poesias de 1924, Maria de Andrade assume ainda mais ostensivamente uma ténita de compor simbolos € zepresentacées nacionais, fortalecidos pelo aliciante sentido titmico ¢ a musicalidade vernacular dos seus versos. Na longo, e compleso poema Notun de Belo Elorizont, > tide. ® ANDRADE, Mino de gue d rainy brains oe oa 48 [ANDRADE, Caos Drsmmond de “Peicio™ Ir CARDOZO, Joaquim, Parmer. Rio de Jaci: iva Agi Eco, 1948 po de ised ie 137 Kes ee Pata Ret de ii 9 compasta logo apés as excursdes da “descoberta”, pode-se apreciar em especial a construgio de uma imagem mitica de Minas Gerais, descendentee fruto paulista, concebidda como o epitome simbolo da nacio, Desbravada © povoada por paulistas, espaco cosmogénico da epopéia histérica dos bandeirantes, da huta contea a cobica esparia do estrangeito invasor, com se-viu est 0 Contratador, distante do litoral ¢ incrustada no sertio, solidamente associada as raizes, as pedras, minérios, montanhas, as elevacdes, igeejas ¢ tattes, ela representa ao mestno tempo uma So Paulo da pureza dos velhos tempos e, com a forga € a dintmica da modernidade, algo que ja no é Sio Paulo, mas sua incorporacio ¢ coligacio com cemne do corpo da nacionalidade, no centro dos sertdes interiores, ittadiando 0 puro expitito autécrone e purificando as interferéncias e contaminacdes alienigenss. E particularmente forte a culminincia final do poema no simbolo litirgico da gua emanando das rochas elevadas, de uma reverberagio mitica ilimitada.** Minas Gerais, frata paulista (...) Frutificou mineiral Tarati!(...) Milhatais canaviais eafezais insistentes (...) Os pratos nativos sio indices de nacionalidade. Mas no Grande Horel de Belo Horizonte servem & francesa. (...) Mios esqueléticas de maquinas britando minétios, AAs estradas-de-ferro estradas-de-rodagem (,..) Progeesso! Civilizaeio! (...) (© morfético ao lado da esteada esperando automéveis (...) Minas Gerais, fruta paulistal (...) Filhos do Luso e da melancalia, ‘Vem, gente de Alagoas ¢ de Mato Grosso, De norte e sul homens fluviais do Amazonas ¢ do rio Patani (...) Pornngal reuniu 22 orquideas desiguais (...) Nés somos na Terra o grande milagre do amor! E embora tio diversa a nossa vida Dangamos juntos no carnaval das gentes, Bloco pachola do ‘Custa mas vail (...) Nés sabemos os beasileitos autiverdes! (...) Que importa que uns falem mole descansido Que os cariocas aeranhem os ertes na garganca Que os capisabas © paroaras escencatem as vogais? Que tem si o quinhentos-réis meridional Vira cinco tosties do Rio pro Nor Juntos formamos este assombro de misérias e grandexas, Brasil, nome de vegetal! (.) Semcon ee a sr Elina SR ze 138 rons ONFCCHNYEDL (Cosmipois fb Modeniemo 2 metnipae rasta come smbolo da brastidade ny pa Q bloco fantasiado de hist6rias mineiras (...) E 0 delitio noturno de Belo Horizonte (...) (1927) Porvennura a questio que perpassa aquele debace entre Mili Mévio jé esteja para além do confronto entre cosmopolitismo e nacionalismo, 10 carscteristicos do Periodo de consolidaco da Repiblica e que matearam as comemoragées do centenstio. em 1922. Nesse momento, ocotre um gradativo aumento do maniqueismo acerca da discussio sobre 0 nacionalismo, Fatos que parecem sinalizat os abalos estruturais da economia eafecira. “O tom era tio laro.e preocupante jcobino, evocando as campanhas xendfobas de desestabilizacio politica do inicio critica do periodo republicano, nesse momento delieado em que jf se percebia o abalo estrurural da economia eafecia, que as autoridades oficiais contra-atacaram, mobilizando-se os escritoresligados 20s quadtos ¢ jomnais do PRP para uma autéatica batalha de manifestos” Nese momento a lutaé ravada “entre um matix de nacionalismo assimilacionista, contra outro intransigente”’.O texto que mais elaramente assumia a veetente oficial era 0 Manifesto do verde-amarels (1929), por teis do qual estavam Cassiano Ricardo, Guilherme dle Almeida, Menotsi del Picchia ¢ Plinio Salgado, O Manifsto detsa teansparente o ‘maniquefsmo que assumita o debate nacionalista,identficando os adversirlos ‘intolerantes’ com 0 modelo negativo do tapuia inassimilével e eepresentando a si proprios com a figuta amistosa, aberta aos cruzamentos ¢ influéncias dos tupi Nesse final de década, os tempos se tormatam convulsos as mentes se ‘urvaram. O acirtamento das militincias queria ver em cada eriatuea um soldado, ‘numa guerra que s6 ackmitia dois lados, o certo € o errado, o justo €0 opressivo, © bem ¢ 0 mal. As metiforas militares se vonam cumulativas, dominantes, sufocantes, Por toda parte se fala e se repere, exaustivas vezes, em frente tiniea, combate, vitéria, lider No entanto, alguns cronistas obscuros,jornalistas de ocasiio ou eseritores bissextos, nos deisaram uma outra visio acerca de todo esse embate entre nacionalismo ¢ regionalismo, Esses autores vio set denominados por Elias Thamé Saliba como sendo cronistas macarrdnicos, pois seus escritos, do ponto de vista estilistico, eram marcados Pela miscura, pelo fragmento, pelo carer provis6rio econtingente,além do que acabarim Por criar uma espécie de humor paulista, earseterstico da belle épague* A mesticagem idiomética nestes jornalistas de ocasiio, a mistura de macarrénicos fos seus eseritos, entre eles Jud Bananere, Cornélio Pires, José Agudo, Agripino Grieco % ANDRADE, Miin de, Pater Comp ip 151-168 SSEVEENKO, Nila. Oy etna mens Ss Pe dad «tr fee or 2, “SALIBA, Blas Thomé, “Basanti, brgucla ¢ brodosftmenos do hamoe palit Replica” Sie an: sera joes aber «tts = 5, Sto Pls Manes Pils a Ceivensidade 4e Sto Paulo, jan/den195 (Cademon Se Histxa te Sto Pas). 3 Aedthe 139 eaten Ris Rai Sia = 9° 9 ‘outros, constinaa ainda um recurso para fugir no apenas das féemulas e ornatos da lingua, ‘mas do. préptio idioma herdado, definido por um deles como “um insistente convite & incontinéncia dalinguagem”. Claro que havin fortes caractersticas inrinsecas ama producio cultural quase que inteiramentejornalistica, Rechacando a identidade de uma culeura paulista, caleada ou num regionalismo pasteurizado ou num cosmopolitismo civlizador, esses macarrénicos acentuam 0s excess08 dda lingua, as rebstias do significado, incluindo os preconecitos socials e os ressentimentos. Nao possuiam tespostas estéticas definidas nem programaticas, nfo perfilavam difusa opeio politica, nem se congregavam em cortes ou jgrejinhas, quase podemos vé-los como aqueles “‘iteratas ambulances” de que nos falava Brito Broca nas suss memérias. Parece claro que Jud Bananere e seus compadkres, com seu hibeidismo siatitico, sua imesticagem idiomnitca, seu anarquismo lingistico, sua linguagem truncada, nha se rotnado tum pouco inconveniente naquele fibrica de nacionalismos, que era o cima mental vigente na S40 Paulo dos anos 20, quando os modemistas, entre outros, procuravam criar uma idencidade simbélica para Sio Paulo. principal problema conceitual do historiador ao lidar com uma supasta tradicio inventad € que ela parece incorporaraquela espécie de flsa consciéncin contma.a qual haveria, pot certo, uma versdo mais adlequadia ¢, nfo rato, verdadeira” Nio se trata disso aqui. A linguagem macarrénica da Sao Paulo da belle aque no trax ‘neahuma verso, porque afinal nfo queria nada e nfo pretendia ensinar nada. Talvea el tenha sido, menos do que uma desinvencio da tradico, um corte inoporruno no tempo, uma cpifania da emogio, abrindo apenas uma pequena vereda, uma brecha andrquica na nacrativa ‘ungante.* ‘Uma das excegdes nifo apenas pela utilzacio de processos lingtistcos similares aos ‘macattOnicos, mas também por ter mantido uma atitude de sobsiedade frente is discusses sobre 0 nacionalismo 20 longo de todos os anos 20/e sua posterior exacerbacio a0 final da década,foio escritor Antério Alcantara Machado, Diante dagjeta sinuagio, Aleintara Machado vai desabafi: «-€u berto contra essa tolice maniacae inl de numa investida querer saber quem é que marcha certo. Quem nio escreve assim assado iio émoderno brasileira Para ser considerado é preciso acomodar a sua mancira a uma bitola consagrada. Hoje se escreve brasileiro por sistema, por set da moda." Por radigio iaventadaentende-ce um conjunta de pris de naturers rial cm smb, que wien ineulear ees vores saves da tepeticio, 0 que impli, atomateament, wma contac cm rwacio ao passa, Coat HOBSBAWN, Lei | © RANGER, Terence (0s). sens do adie Rio Ae Jani: Paz Tera 1984, “SALIBA, Hiss Thom. “Baranéres,brigulas ¢ odo flgymentos do humor pasa ma Republiay op 38 ® ALCANTARA MACHADO, Antonio de Pos pearls & anepulabe ean, a, p21. Apa SENCENKO, Niolu. Ory extn a marae Sip Pel one velar ie react 20, ti ‘MO. Nigolau Seveerko sponte 2 figura ds Sergio Buarque de lands é nageele momeota tm as remtes que fagams dos eagsiamentos manigiltas, dis “plaformas”e "poramas’” de todos o« ‘ealismos fies", como colocevau seu amigo Prudease de Morais Neo 140 sexe 0 /CCHNIEDUFE (Cosmos fit Modeenismo ex metrdpoe palit corsa smblo da easilidade Na enitevista do ano de 1927, concedida a Peregrino Jr, de O Jornal, refere-se as dlivisdes que comecam a sungir dentro do grupo modernist Antigamente eta a frente dinice. Paneada nos inimigos. Agata é a disc6rdia, Pancada nos companheiros. A preoeupacao de saber quem € que esté ceet. (Ou o que é mais gostoso: quem é que esti errado, Critiea ¢ mais critica. E principalmente 2 preocupacio (idiota como j me disse Paulo Prado) de querer saber quem é de fato brasileiro da gema. A toda hora surge um cavalheiro batendo com a mio no peito: eu € que sou auriverde de vetdade!* Palavtas que evidenciam a causa do debate: a questio nacionalista, da arte brasileira. Lembre-se de que a essa altura, além da corrente Paw-Brarif, tinha surgido a oposigo Verdi-amarclista. A descrenca de Aleéntara Machado diante da empresa ‘modernista — que buseava a construgio de uma identidade nacional redentora das contradigées hrasileiras — ecoava ateavés da fina ironia do articulista. © pessimismo ¢ 0 cericismo do escritor diante do esperancoso parecem ter constituido matéria de artigos nos jornais e nos contos, nos quais jé ressoa um ptineipio vital de sua obra, que é a irreverente ieonia. Diante de um “projeto ‘modemista” de construcio da identidade nacional, Aleantara parece mantee-se exitico; & sua memoria caguitica de ufanismo, desdenha a imagem idilica da nacio. Sua lucidez ircequieta j4 fio faz mais concessGes. Zomba, cinico, do espirito de “brasileitismos de estandarre”, euférico geral, itonizando a mitica aacionalista modernista. Disseca, irdnico, a idéia de identidade como miope ¢ torra. A tio petseguida brasilidade revela-se, na perspectiva maliciosa do cronista, na realidade infestada de dissimulagdes e equivocos. Contra uma projetiva mistica de recompor a brasilidade, a sua produgio cultural propoe uma projetiva realista, marcada até as entranhas pela idéia de resgatar a experiéneia concreta dos individuos no din-a-dia da contemporaneidade Na década de 20, observa-se a peolongacio do debate ideolégico no campo cultural—a oposicio reciproca entre o Modernismo de Sio Paulo e 0 regionalismo literitio, ca conseqiiente negacio, por parte do primciro, dos momentos constitutivos da sociedade tradicional, a eélebre “trindade émnica” que o historicismo regionalista bbuscava valorizar Em dado momento, essa atitude é praticamente unénime no grupo paulista Oswald de Andrade fala da “metsdpole cosmopolita” — evoluida de século em cingjienta anos de “entradas” comovidas, onde se debatem, para amélgamas finais, canges de todos os idiomas, éstases de todos os passados, generosidades e impetos de todas as migragdes, Ji Menotti del Picchia transmite a imagem grandiosa ¢ apologetica da cidade: “© Artgo de ALCANTARA MACHADO, Antinis de, 0 Jamul Ria de Jno, 1202.1927 oe 141 cst cede Rese de Hii 99 ‘outros, constitaa ainda um recurso pat fugir nfo apenas das fSrmulas ¢ ornatos da lingua, ‘mas do préprio idioma herdado, definido por um deles como “um insistente convite 3 incontinéncia da linguagem”. Claro que haviaas fortes caracterstcasinerinsecas auurnaproducio ‘cultural quase que inteiamentejornalistica, Rechagando a identidade de um cultura paulist, caleada ou num regionalismo pasteurizado ou num cosmopolitsmo civilizador, esses macarrénicos acentuam os excessos da lingua, as tebarbas do significado, inciindo os preconceitos sociais¢ os tessentimentos. 'Nio possuiam respostes estéticas definidas nem programéticas, nio perfilavam difusa opeio politica, nem se congregavam em cortes ou igrejinhas, quase podemos vé-1os como aqueles ““teratas ambulantes” de que nos falava Brito Broca nas suas memorias Parece claso que Jus Bananere € seus compades, com seu hibridismo sintitico, sua ‘mestigagem idiomatica, seu anarquismo lingtistico, sua linguagem truncada,tinha se tornado lum pouco inconveniente naquela fibtica de nacionalismos, que era clima mental vigente na Sa0 Paulo dos anos 20, quanda os modemistas, entre outros, procuravam criar uma identidade simbélica para Sio Paulo, principal problema conceinis! do historiadar ao lidar com uma suposta tradigio inventada é que ela parece incorporar aquela espécie de falsa consciéncia contra a qual haveria, por certo, uma versio mais adequada ¢, nao rato, verdadeira.” ‘io se trata disse aqui, A Tinguagem macareénica da Sio Paulo da belle gue no tra sacahuma versio, porque afinal nao queria nada e nfo pretendia ensinar nada, Talvez ela teaha sido, menos do que uma desinven¢io da tradi¢io, um corte inoportina no tempo, uma epifania da emogio, abrindo apenas urna pequena vereda, uma brecha anirquica na narrativa twiungante"* Uma das excecSes milo apenas pela utilizacio de processos lingtifsticos similares aos ‘macarténicos, mas também pot tet mantido uma atitude de sobriedade frente as discusses sobre 0 nacionalisto ao longo de todos os anos 20 e sua posterior exacerbacio no final da década, foio esctitor Anténio Alcantara Machado. Diante daquela siuagio, Alcintara Machado vai desabafar «eu berro contea essa tolice maniaca ¢ init] de numa investida querer saber quem que marcha certo, Quem nao escreve assim assado niio é modesno brasileiro, Para ser considerado é preciso acomodar a sua maneira a uma bitola consagrada. Hoje se escreve brasileito por sistema, por ser da moda.” Por tadigfo inventada cnende-ae um conjunto de prless de natures ital os, que vist inclearceros valores starts da sepedcto, que implica automicaiente, uma Cominuidace ee ‘lilo 20 passude. Gof, HOBSBAWN, Lise J-e RANGER, Terence (ous) endo dr main ip de Jans: Pz e Ter, 1084, 2 SALIBA, Has Thomé, “Bananéres, bigslr ¢ brides: fgmentos do humor pau a {* Repeal p38 ® ALCANTARA MACHADO, Ansinin de, Pru protease & esi song ofp 28, Ap SEVCENKO, Nicol Oxin mses mero Sa Dah ee tiesto foment os 20 sip FHM). Nicol Sevcenko apont a figua de Seigio Bunge de Holand, jt maquce moment un das Ientes que fogs dos engajimento maniqulsar, das “plataformas®e “programas” de tales om “ienismos fie, como eoloeaa 0 teu amigo Prtdente de Mortis Neto. 140 sae OV CCUNSEDURES Cosmpolis feet Modernseo ea mesépote paula coro slenola ds bras dade Na entrevista do ano de 1927, concedicla a Peregrino Je, de O Jornal, refere-se as divisdes que comecam a surgit dentro do grupo moderni Antigamente cra a frente tnica. Pancada nos inimigos. Agora é a discérdia Pancada nos companheitos, A preocupacio de saber quem é que est certo, (Ou 0 que é mais gostoso: quem é que esti ertado, Critica ¢ mais critica, E principalmente @ preocupacao (idiota como jé me disse Paulo Prado) de querer saber quem € de fato brasileiro da gema. A toda hora surge um cavalheito barendo com a mio no peito: eu € que sou auriverde de verdade!®” Palaveas que evidenciam a causa do debate: a questio nacionalista, da arte biasileira, Lembre-se de que a essa altura, além da corseate Pas-Brail,tinha surgido 2 oposicio Verde-amarelista. A deserenca de Aleintaca Machado diante da empresa modernista — que buscava a consteugio de uma identidade nacional redlentora das contradigées brasileitas — ecoava através da fina ironia do articulista O pessimismo € 0 ceticismo do escritor diante do esperancoso parecem ter constituide matétia de artigos nos jornais e nos contos, nos quais jé ressoa um principio vital de sua obra, que a irveverente ironia. Diante de um “projero modernista” de conserusio da identidade nacional, Aledncata parece manter-se critico; a sua meméria raquitica de ufanismo, desdenha a imagem idiliea da macio. Sua lucidez irrequieta ja mio faz mais concessdes. Zomba, cinico, do espirito de “brasileirismos de estandatte”, eufdrieo geral, itonizando a mitica nacionalista modernista, Disseca, irénico, a idéia de identidade como miope e torta. A tio petseguida brasilidade revela-se, na perspectiva maliciosa do cronista, na realidade infestada de dissimulagies e equivocos, Contra uma projetiva mistica de recompor 4 brasilidade, a sua producto cultural propoe uma projeriva realista, marcada até as entranhas pela idéia de resgatar a experiencia concreta dos individuos no dia-a-dia da contemporaneidade. Na década de 20, observa-se a prolongacio do debate ideologico no campo cultural a oposicio reciproca entre o Modernismo de Sio Paulo e o regionalismo literatio, ea consegtiente negacio, por paste do primeiro, dos momentos constieutivos da sociedade tradicional, a célebre “trindade étnica” que o historicismo regionalista buscava valorizar. Em dado momento, essa atitude é praticamente unfnime no grupo paulista Oswald de Andeade fala da “metrdpole cosmopolitz” — evoluida de século em ingiiente anos de “entradas” comovidas, onde se debatem, para amilgamas finais, anges de todos os idiomas, éxtases de todos os passados, genetosidades e impetos de todas as migracdes. Ji Menotti del Picchia transmite a imagem grandiosa ¢ apologética da cidade: Amigo de ALCANTARA ACHADO, Anciaio de. 0 Jot Rio de Jasin, 12021927 Pxponenin it da fo 144 Ret de Ha a 9 Sio Paulo é hoje uma metropole febril, milioniria, impressionantemente enorme, onde “as emocdes de todas as ricas e tipos de todos os povos agitam uma das vidas sociais mais violentas ¢ gloriosas do universo”. E.conclui, afirmando que “a raca brasileira” adviré do processo em que entra “todas as universais virtudes positivas dos povos imigrantes como a forca de adaptacio, nsia de inédico, instinto de conquista. Essa, sim, seré a raga brasileira! Talvez 0 tinieo eco das andequicas atitudes macarronicas entre os modernists triunfantes tena aparecido num texto obscuro e pouco conhecido de Manuel Bandeira, publicado em maio de 1924 e singularmente expurgado das obras completas do poeta Contra o nacionalismo programstico construtivista dos modernistas, Bandeira escreveu ‘num desabafo de rara sinceridade: A poesia brasileira vai entear para 2 Liga Nacionalista, Oswald de Andrade acaba de deitar manifesto - uma espécie de plataforma-poema daquilo que ele cchama Poesia Pau-Brasil. Eu protesto. O nome & comprido demais, Bastaria dizer poesia pau, Por inteiro: Manifesto Brasil da Poesia Pau. Porque ¢ poesia de [programa e toda a arte de progeima é pau. Aborrecem os paetas que s¢ lembrarm. slenacionalidade quando fizem versos. Eu queto falar do que me der na cabeca. Queta ser eventualmente mistura de turco com sitio-libanés. Quero ter o direito de falar ainda na Gréeia, Hi pouco tempo entrei na Agencia Havas no momento em que Américo Facé ditava pelo telefone um despacho recebido de Elévsis. Seati de pronto a ironia da emogio litica. Nao podia evidentemente falar de ‘Tabatinguera.® Referéncias bibliogrificas ANDRADE, Mirio de. “O movimento modetnista”. Arpedos de fteratra brasileira Sio Paulo: Livratia Martins Editora, 1974, ANDRADE, Mirio de. Posias Conpletar. Sio Paulo: Circulo do Livro, 1976. BRITO, Mivio da Silva. Histiia do Madernismo Brasikira Antecedetes da Semana de Arte Madera. Sao Paulo: Fdicio Saraiva. CANDIDO, AntOnio. Literaturae socedade. Sio Paulo: Cia. Fditota Nacional, 1965. CARDOZO, Joaquim. Poemar, Rio de Jancito: Livraria Agir Faditora, 1948, FAUSTO, Boris (org). O Brasif republican socedade ¢instituiies. Sto Paulo: Difel, 1977, tomo IIL, vol2. HOBSBANWN, Eric J.e RANGER, Terence (orgs)..A invencao das iraigdes.Rio de Janet: “DEL PICHIA, Meso Apu BRITO, Msi da Siba, Hin ab Mado Bin Astras de Semana de Arie Moder. Sia Palo: Eig Sera, 1958, ‘S'BANDEIRA, Manel "O msndo Freio" pad SALIBA, [lise Thomé, "Banands, biguees © ‘wrodor:Fegmentar do humor pasta aT” Replies", 2, p57 142 tomes NOLHOCUNIEDUE Cosmdpolie fit Modernism ex metdpol passa como stole de brasil Paz © Terra, 1984. MICELI, Sérgio, Ineeatuas ¢ clase diignte no Brasil (1920-1945). Sio Paulo: Difel, 1975. MORAIS, Eduardo Jardim de, A braslidade modernist, sna dima asic, Rio de Jancito: Graal, 1978, MOTTA, Maely Silva da. A nar fr. 100 amas A questa nacional no cntendio da ndependénca Rio de Janeito: Editora da Fundacio Gevilio Vargas / CPDOC, 1992. SALIBA, Elias Thomé, “Bananéres, briguelas e brodos: fragmentos do humor paulista a 1° Republica”, Sie Paula: aovasjontes, abordagens¢temditica.n.° 5, Sto Paulo: Museu Paulista da Universidade de Sto Paulo, jan,/dez.1996. (Cademos de Hisebria de Sio Paulo) SEVCENKO, Nicolau. Oyf eto ne metrpole - Se Panlo scedade cultura no fementes ‘nos 20, So Paulo: Cia das Letras, 1998. estes de Dirt ke tin 143

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