Você está na página 1de 123
CoLegko AMAZONICA SERIE JOSE VERISSIMO ANTONIO ROCHA PENTEADO Problemas de Colonizacdéo e de Uso da Terra na Regido Bragantina do Estado do Para 1 VOLUME A ih oS = ae ot = Untversipave Peperar po PARA PROBLEMA DE TODOS NOS gue torna importante uma obra é a sua contribuicéo a transformagio e com- preensio de uma época, sta atualidade dentro de um contexto histérico concreto a conseqiiente transcendéncia para além dessa época; uma consciéncia da relativi- dade de seu yalor, uma — contraditéria — busca do absoluto dentro do préprio relativo. Surgida de uma tese de doutoramento, esta obra vai além de si mesma, adquire importancia auténoma e se esparrama te- merariamente sdbre problemas que se eternizam. Desmascara uma realidade so- cial e humana que grita para surdos yo- luntarios. eatede 0s apaticos. Esbofeteia os inertes. # um livro que se propée esclarecer. Toma-nos a mao, mostra-nos, objetiva- mente, a situagéio geografica na qual estao condicionados milhares de séres humanos, “triste paisagem de capoeiras e macegas”, isolada, cuja ocupagao s6 se deu no sé- culo passado, Dai o autor parte para a dissecacao dos tipos humanos, dispondo-os, habilmente, sob sua visio técnica. Analisa-os, colo- a-0s contra o fundo contrastante da mi- Stria social e do inaproveitamento do po- tencial agricola, tentando obter respostas que se coadunem com as solugées que viré a apresentar. Tudo se mistura, en- tao, e deparamos com a verdade que pulsa na regido: uma atonia constante ante fa- tos que modificam a vida de todos, uma enorme passividade frente a condigdes a estracalham as pretensdes ingénuas individuos inertes espera de uma colo- nizagdo espontanea, contando com a eter= nizagio do boom da borracha, supondo Diregao do Pror. Artur C. Ferreira Reis Capa de Luiz pe Miranpa Correa Problemas de ¢ da Terra na Reg A UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA sente-se honrada em apresentar um trabalho de valor indiscuti- vel como o presente, obra de pesquisa rigorosa, rica em informagoes; estudo de cunho cientifico e de amplo alcance social; livro que debate problemas fundamen- tais para o conhecimento da terra e do homem numa regido importantissima do Estado do Pard; em resumo: oportuna e valiosa contribuico, que assinala com vi- gor o nivel de existéncia num largo trecho do seten- trido brasileiro. Divulgando ésse auténtico ensaio de geografia humana, elaborado com inteligéncia e probidade por um mestre que 6, a um tempo, educador e socidlogo, visamos abrir novos horizontes 4 andlise das questoes pertinentes 4 Amazénia e, de igual modo, objetivamos prestar um servico de real utilidade a quantos no Brasil se preocupam efetivamente com assuntos sérios e pro- curam solugdes racionais para os nossos males. Belém, 7 de setembro de 1967. JOSE DA SILVEIRA wR PORUIBAR GR EET Mio ti “ie regional € seu si para o pete eee eee . Condigdes apresentadas 5, Uma tipica regito tropical Il Parte — A COLGNTEAGRO Da | 6. As colénias da porcao central: Inhangapi, Ia- {INDICE DOS MAPAS netama, José de Alencar, Anita Garibaldi, Ma- rapanim, Santa Rita do Carana e Jambu-Acu 151 7. A colonizagao da porcio oriental: a colénia d 1 — Regie, Saapentibe. 2 Ba Se epee eee Befjamin Constant ........... 1. i 2 — Variagio absoluta da populagao entre 1950-60 32 33 BerO testndo anialds na its earn 3 — Isotermas de verfio na Amaz6nia ... 55 povoamento da regiio ., 167 OA cc sak gnaterice aise ‘ae 4 — Isotermas de inverno na Amazénia . 57 ip S casso do proces: colonizador ..... oe cae ee tae 5 — Isoietas anuais da Amazonia .. 59 6 = Isotermas anuais na Amaz6nia . 61 Ill Parte ~ AS CONDIGOES ATUAIS DE USO DA 7 — Isoietas de inverno na Amazénia . 63 TERRA E SEUS PROBLEMAS 8 — Isoietas de verio da Amaz6nia . 65 9 — Carta dos solos do leste paraense . 81 1. Panorama do uso da terra da regido ......,, 203 10 — A marcha da colonizagao — 1875-1914 ........ 13 2. As capoeiras e a agricultura itinerante ....., 223 11 — Planta da discriminagao dos lotes agricolas da Es- ‘ 3. As formas de agricultura comercial 255 trada de Rodagem Santa Isabel a Vigia — 4. A grande exploragéo agro-industrial . BaF 1898. :aefeg. bee oye ro ace are 148 149 5. Problemas ligados aos solos e a pluviosidade 12 — Planta da colénia de Tanetama — 1899 ...... 153 GRSTeo) alae raat .. 5S 13 — Cartas das colénias José de Alencar ¢ Marapa- 6. Os calendarios agricolas . ee nim er 18a Peete cane eas 2 7. Condigdes humanas da organizaco do espaco: 14 — Planta da colénia Seibel ae 0s estabelecimentos agricolas e seus caratte 1899. sites Pe. ion aay istics ayers eae 393 | 15 — Planta da colénia Antonio Baena — 1899 158 159 8. Os meios de produgao: a fraca produtividade 16 — Planta do niicleo colonial Jambu-Agu — 1899 158 159 € suas relacdes com a situacao cultural, instru- 17 — Planta do reconhecimento e exploragio dos terre- mentos agricolas, capitais, circulacio regional nos do Prata genoa Ow e mercados ee ot ; ait 17a — Planta da colénia de Benjamin Constant — 9. Uma regiao desorganizada e de grande fragic 1897 scam eet Estey secse 164 165 lidade economica ~ a nee 18 — Carta esquematica do uso da terra — 1961 208 209 19 ¢ 192 — Produgio média de madeira e sua evolugio na TV Parte — LICOES DE UMA EXPERIENCIA BRASI- Bragantina — 1943-1958 .....- 231 € 233 LEIRA EM TERRITORIO TROPICAL 20 © 20a — Produgio média de raiz de mandioca e sua evo- mk lugéo na Bragantina — 1949-1 Epa eee 8 reais possibilidades da regiao 21 © 2la — Produgéo média de milho e sua lugdo na Bra- 2. A utilizagao das velhas aieinae i gantina — 1943-1958 .......er0es0 weemeaa e245 A Agricultura racional e colonizagdo ditigida .. 469 3 22 e 22a — Produgio média de arroz e sua sii 2 Dr ats A contribuigio da Geografia para as bases de gantina — 1943-1958 .. en Fegional: 0 reerguimento eco 23 23a — Produsto media de Hbins epee +n Bole aaa here ao na Bragantina — “aetaee BIBLIO! 5 24 © 24a — Producdo média de fumo e sua evolugéio na BE oo GRAFIA UTILIZADA:...., 479 qentina’ 24 GaeaMOBS. «sa aeeree Se Y ace ae 25 e 25a — Producao média de pimenta-do-reino e sua oer 330 331 ¢4o na Bragantina — 1951-1958 ..... 26 — Planta da Fazenda Oriboca — 1961 . 27 — Planta da Granja Marathon — 1961 INDICE DOS QUADROS ESTATISTICOS 1 — Producéo agricola de culturas permanentes na Regido Bragantina — 1949 ..... ae ee 2 — Producaéo de banana na Re jy aS 3 — Culturas tempordrias na Regido Bragantina: arroz, mandioca e milho ~ 1949 ...... ‘ 4 — Culturas temporarias na Regio Bragantina: di- versas . Z are 5 5 — Produgao de cana-de-acticar na Regido Bragan- 68949. ii core wine lo ar ate 6 — Produgéo de mandioca na Regido Bragantina — 1949 7 — Produgao de fumo na Regido Bragantina — 1949 8 — Utilizacdo das areas dos estabelecimentos agricolas da Regido Bragantina ~ 1950 .... 9 — Produgio de lenha e carvao vegetal na Regio Bragantina ~ 1949 .......... aie 10 — Producao extrativa de origem vegetal na Regiio Bragantina — 1949 er 11 — Distribuigéo dos estabelecimentos agri 100 ha de superficie, existentes na Re gantina — 1950 ...., $0 4iRiee 28 fechas er 12 — Distribuicao dos estabelecimentos com mais de 100 de superficie, existentes na Regiio Bragan- 394 tina — 1950 . + 13 — Condig&o do responsavel pelos estabelecimentos agricolas da Regido Bragantina ~ 1950 ........ 14 — Modalidade de utilizacéo das terras dos estabe- lecimentos agricolas da Regiao Bragantina — tithe. oe 1950 .. Cee 15 — Spilee legal das terras da Regido Bragantina aes ay 343 393 395 396 20 — Animais de trabalh gido Bragantina 21 — Capitais e pe: da nos es 22 — Operarios, salarios 23 — Situagéo dos 24 — Situagéo 25 —~ Situagéo do comércio at 26 — Silos e vefculos de ca gantina — 1950 .. 5 — Precipitagao pluviometrica em Sao Luis (Mara- nhdo), 1935-54 ........05+ ao ae 6 — Granja Marathon — situacdo dos dois trimestres, 28 — mais e menos chuvosos, em relagio a pluyiosidade anual registrada — 1955-60 ...........-2ss00s 363 aot 7 — Fazenda Oriboca, posto Trés Marcos — si- 30 2 tuagao dos dois trimestres. mais e menos chuvosos, em relagao a pluviosidade anual registrada — HONGO isis sas cs 4a ene 365 8 — Fazenda Oriboca, pésto Trés Marcos — des- vios de precipitagio — 1956-59 .......-....55 367 9 — Desvios da precipitagao em Granja Marathon — 1955-60 369 a 4 Pas 10 — Desvio das precipitacoes em Tracu - ie beet et ester eee 1938-46 ae 371 5. 6 Condigées da topografia da Bragantina 11 — Pluviometria em Adiopedoumé — C. do Marfim 7- 8 A etosio provocada pela pluyiagio .-.....-... mettre teks s... 5 dees . 38 9- 10 Os solos lateriticos ¢ a aparente fertilidade 12 — Pluviosidade ¢ erosio em Adiopodoumé ........ 379 regio .....+ ian 13 — Culturas diversas e erosio em Adiopodoumé .. 381 11-12 A capoeira e a agricultura cabocla . . 14 — Precipitacao normal e calendario agricola na Re- giko Bragantina ........++:.+.+-<2: sane 385 15 — Pluviometria (1955-60) em Granja Marathon e calendario agricola de Anhanga e Igarapé-Acu .. 389 16 — Os estabelecimentos agricolas da Bragantina — 13- 14 A triste paisagem da Bragantina - 15- 16 A topografria tabuliforme da regiao ...-- 17-18 A populagéo da Bragantina € bastante saudavel 19- 20 © grande emporio da Amaz6nia 21 A antiga vila de Souza do Caeté .... 2 eee ane rs 397 22- 23 A Estrada de Ferro de Braganga .. = eis e superficies dos es- IgaraptAcu ... tabelecimentos agricolas na Bragantina — 1950, 401 a - BS ates : : 18 — Situagdo dos responsaveis e superficies das pro- a an © grande centro comercial da porgio priedades agricolas correspondentes — 1950 .. 403 {ee ede ere eee = * ahh Can 19 — Distribuicao dos estabelecimentos agricolas na re~ giao Bragantina, quanto ao nimero e superfi 306: he 32- 33 nition tah ty eee 34-35 36- 37 407 ORS ae SiO» cera ASA em 413 38- 39 21 — Principais produtores de mandioca — 1943-58 .. 431 40-41 2 a Pinca produtores de arroz ~ 1943-58 .... 433 ‘a — Principais produtores de milho — 1943-58 435 % 24 — Principais produtores de feijio — 1943.58... 437 pp 25 — Principais produtores de cana-de-agicar — Aseat iE EAD oe aan cc mu 439 48- 49 50- 51 52-53 54-55 56- 57 58- 59 60- 61 62- 63 64- 65 66- 67 68- 69 70- 71 72- 73 74-75 76- 77 78- 79 80- 81 82- 83 84-85 86- 87 88- 89 90- 91 92- 93 94- 95 96- 97 98- 99 100-101 102-103 104-105 106-107 108 109-110 UN-t12 A “banlieue du dimanche” ...-.....4..020045 Outras oe da zona mista de ony urbana de Belém ...-....++++ A inddstria em plena zona rural © Pesto Agropecuirio de Tracuateua . ‘ Agricultura itinerante em zona de capoeiras .... Explotagio da madeira para o fabrico de Jeallen e carvao vegetal . A capoeira e sua “uttlizago A utilizacao das “capoeiras remanescentes dos ro- gados” ‘ A preparacéo das fibras da malva Primeira fase da comercializagéo da malva .... Segunda fase da comercializagio da malva .... Qs campos inundaveis de Braganga e Tracuateua Os campos e as “ilhas” =o Fazenda Santa Catarina Outros plantadores de fumo . O curral ou “lote de fumo” Dois “lotes de fumo™ Os molhos de fumo ., * A “tapagem” da antiga cachoeira das Cueiras .. O uso dos campos e da capoeira A paisagem dos pimentais . Os belemenses passam a ter Javoura comercial Os pequenos plantadores de pimenta Uma “cultura em vasos” Aspectos da Granja Sio Joao Colheita e secagem da pimenta-do-reino na Grats ja Maria de Nazaré . Aspectos da Granja i Aspectos do pimental da Fazenda Oriboca vane ease € © pequeno produtor de piece Com esta pesquisa sobre da terra na Regido Bragantina para julgamento da ilustre a doutoramento em Geografia Ciéncias e Letras da U Nao constitui a mesma sébre a problematica da fipicamente tropical; nao sa, esgotar 0 assunto, por propria Ciéncia a que nos @ tao sémente contribute , i tes proprias do ‘Mundo Ti colhemos, apresentando sit brasileiro, que. se © em diversos r $0 da ocupacio humana da regiio e as conseqiiéncias que dela the advieram, Tendo freqiientado a Faculdade de Filosofia, Ciéncias e Letras da Universidade de Sao Paulo, entre hee recebemos no Curso de Geografia a orientagéo que a Escola Francesa imprime aos estu- dos tics gracas as ligses de PIERRE MONBEIG e de seus ex-alunos que foram nossos professires, como JOAO DIAS DA SILVEIRA, AROLDO DE AZEVEDO, ARY FRANCA, MARIA CONCEICAO, VICENTE DE CARVALHO. NICE LECOCQ MULLER e ELINA DE OLIVEIRA SANTOS. Foi exatamente num désses cursos, ministrado por Aroldo de Azevedo, em 1944, que tomamos contato com a Amazénia, através do estudo sistematico dessa regido brasileira; foi também déle que re- a incumbéncia, quando honrados pelo convite de sermos As- sistente-Extranumeririo da cadeira de Geografia do Brasil, de expor tal assunto perante os que cursavam o terceiro ano da antiga subsecao de Geografia e Histéria da nossa Faculdade. Os contatos com nossos novos colegas e também com outros mes- tres franceses foram-nos de grande utilidade: ROGER DION, LOUIS Y, PIERRE GOUROU e PIERRE DEFFONTAINES contri- buiram ferosamente para nossa formagao, especialmente PIERRE GOUROU, de quem recebemos tanto apoio e incentivo. Do trabalho continuo no Departamento de Geografia da Untver- sidade de Sao Paulo, resultaram dois importantes fatéres para nossa vida profissional: a orientacéo e a amizade com que sempre nos dis« tinguia AROLDO DE AZEVEDO e a benéfica influéncia que sébre nds exercen PIERRE GOUROU. De um e de outro procuramos manter vivo até hoje o que de me- thor nos deram, como professéres eméritos ¢ gedgrafos profissionais de reconhecida e indubitavel Projecao. Se com AROLDO DE AZEVEDO estudamos, pela primeira vez, a Amazénia em um plano superior. com PIERRE GOUROU ti- vemos 0 ensejo de eae a pecans em 1948, quando lé es- vemos, em sua companhia e nas de LUCIO DE CASTRO SOARES ¢ JOAO DIAS DA SILVEIRA: dessa viagem guardamos a naa funda recordacdo, pois que da mesma resultaram, néo sdmente nossos Primeiros trabathos de pesquisa geogréfica, mas também o interéase pelo estudo da regiéo que visitéramos: a Bragantina. partir de entdo, nossos pensamentos estiveram voltados para a Amazénia, especialmente para a Regiao Bragantina, e passamos a wet anos de longa espera, aquardanco as épocas de férias univer- Sitdrias, quando talvez pudéssemos Para la retornar e prosseguir nas pesquisas. E assim o fizemos, deixando de lado tempoririamente in. ee maior por estudos em nosso Estado, onde os demais compa- nheiros da Universidade trabathavam com sucesso, como bem o de- 12) monstram as teses que ja cm diversas ocasibes. a A partir de 1953, " om daborar uma monegrafia regional tal tarefa era muito superior as velmente acima das nossas po f demais afiemar que, até poucos meses af nio recebia, em nosso Estado, qualquer Dessa forma e segucamente podemos das despesas que realizamos foram cursos econdmicos, 0 que determinou uma: parte. Pesquisando dessa manetra, teriamos que empregar | te um ntimero muito longo de anos para ver tren assim sendo e sempre aproveitando os meses” a vamente na regia, em 1955, 1958, 1959, pee bendo certo apoio financeiro, na altima fase | ; sente estudo, por parte da Comissao Neeue ‘ Geografica Interneclort aa So tras de Rio Claro, e1 agradecer, uma vez mais, a distingao com que honraram. ‘Além disso, entre os anos de 1953 e 1961. buscando uma especializagao em Guogral es 1956/57, com PIERRE MONBEIG e PIE Paris, e mantendo cae com LOUIS PAPY. ERT ISNARD, em ‘Aix-en-Provence: além Ges a que procediamos 1 DE al, uma _viagem pela : que, sem divida, contribuia para eee ot material, que ainda néo divalgamos, na. e peramos, completada a pesquisa entao pial mas anotagées a respeito dos estudos que " do mundo. : As dificuldades que enfeentamos para sobretudo, de ordem econémica; caso contririo, cutado em prazo curto. : os ilustres memos competent i wafer seria possivel ao mee sal, trabalhando em regime didaticas, nesta ot roaucle Tinos de campo. < ais nos preocupamos desde 1948, e que fomos melhor conhecer em eae ce Uizetamente, em teecho tropical do continente africano, para permitic-nos melhor entendimento do assunto. Tédas estas dificuldades, entretanto, desapareciam, assim que chegados & Bragantina, em cada uma de nossas viagens, no trato com sua gente, pois que, desde a mais alta autoridade até o mais humilde caboclo da regido, sempre déles reoebemas 0 mais cordial, desinte- ressado e sincero apoio nas pesquisas que realizavamos: nunca houve quem negasse a ee insignificante das informasées solicitadas ou, mesmo, deixasse sem resposta a mais indiscreta das indagagdes, 0 que redundou na obtencéo de um conhecimento bastante razoavel, a nosso ver, dos problemas que nos interessavam mais de perto: colonizagao ¢ uso da terra. No poderiamos deixar de agradecer a todos 03 que, no Para. nos estimularam a continuar nossas pesquisas, como: 0 Exmo. Sr. Dr. * Aurélio do Carmo, D.D, Governador do Estado, 0 Dr. Paulo César de Oliveira, D.D. Chefe do Gabinete Civil do Governador do Para, os dignos Prefeitos Municipais de Ananindeua, Santa Isabel, Casta- nhal, Anhanga, Igarapé-Acu, Nova Timboteua. Capanema e Bragan- ga, os agrénomos da Inspetoria Regional de Fomento Agricola no Para, Drs. Francisco Coutinho de Oliveira, Antonio s Roberto e Agostinho Castro Ribeiro, os diretores do Museu Goeldi, especial- mente o colega prematuramente falecido. Dr. Walter Bgler, os agré- nomos do Instituto Agronémico do Norte, os técnicos da Fazenda Oriboca e da Granja Marathon, particularmente os Drs. Th. G. B. Hoedt ¢ Harold E. Gustin, 0 Dr. Philadelpho Machado e Cunha, diretor da Estrada de Ferro de Braganga, ¢ os informantes tio pres- tativos, que encontramos espathados por téda a regido. de Belém a Braganga, a maioria dos quais anénimos ¢ humildes, mas nem por isso menos importantes que aquéles cujos nomes passamos a citar: Dr, Adriano Menezes, Dr. A. Puget, Dr. Vezerta Teixeira, Prof. Antonio Vizeu, Prof. Eidorfe Moreira, Dr. Inocéncio Coelho, Joao Martins Lourenco Turiel, Manuel Alves Rayol, Armando Moreira Sobrinho, Williams Magalhaes, Tsounaza Sinazo Ichihara, Joao Tomé de Farias Filho, Antonio Pires de Lima ¢ Jayme Nunes Leal. A todos, 0 nosso muito obrigado por tao gentil colaboracho, sem a ae repetimos, éste estudo néo poderia ter sido realizado, esta, Finalmente, agradecer de ptiblico ao Prof, Dr. AROLDO DE AZEVEDO, sob cuja direcao foi elaborada ae tese de douto- ramento, as diretrizes que imprimiu ao presente trabalho e sobretudo a gentileza de ter feito sugestées ao texto original, apés sua leitura, além do estimulo que sempre nos concedet, mantendo-nos como seu auxiliar de ensino, desde 1945, Assim sendo, a ilustre Comissaéo Exa- minadora poder enderecar ao mesmo téda a critica que porventura -u- vise a cealear esta pesquisa 4 tar as imperfeigdes, gil, Oe possui, como tinico mérito, ‘somente por nds mesmos, & campo ou de gabinete de A REGIAO BRAGANTINA E O ESTADO DO PARA ai Sumario: — A localizagdo da regio. A populagac regio © sua importancia. A produgdo agricola 1: nal ¢ seu significado para o Estado, CondigSes apre- sentadas pelo quadro natural. Uma tipica regiao. tropical. Dentro do conjunto de ter e Amaz6nia Brasileira muitos tém sido os estudos 1 sho territorial, Se recorressemos ao critério adot Nacional de Geografia, que procura rece Norte, que, “grosso modo”, tem si Brasileira, tal regito abarcaria uma respondente a 42.07% da Area do Rondénia Acre . O gedgrafo Lticio de Castro Soares, em pormenorizado e ij gente estudo sébre a delimitagao da Amaz6nia,’ caleulou esta ¢ tendo uma extensio bem maior, j4 que visava a integragao de | grande parcela do terri nacional numa area de possivel plane mento econdmico; dai nela ter incluido, acertadamente, trechos « territérios de estados vizinhos a Regido Norte do C.N.G., tais com partes do Maranhio, de Goias e de Mato Grosso. “A Nés, mesmos, por outro lado, temos muitas vézes chamado a atencdo de nossos alunos para o fato de que nao é possivel compreen= — der a Amazénia Brasileira como sendo apenas a Regiado Norte do CNG; todavia, quase sempre é feita uma certa correlagéo entre as duas, visto que é dentro desta regido que se encontra a quase to- | talidade da legitima Amaz6nia. Entretanto, se a divisio do C.N.G., proposta para fins politico-administrativos, nao coincide, geografica- mente, com a citada regio, todos os que trataram do problema da divisao regional do Brasil tem sido undnimes em apontar a exist8n- cia de uma tal area em territério brasileiro Assim sendo e visando fazer correlag6es referentes ao espago amazénico no Brasil, ainda que juntassemos 4 Regido Norte todo 0 territério maranhense, a nosso ver, em parte muito mais amazénico do que nordestino, teriamos. quando muito, alterado os limites orientais da Amazonia Brasileira, sem em nada prejudicar seu contetdo geogra- fico, que ¢, afinal de contas, o que mais a caracteriza como regiao natural complexa. Se assim o fizéssemos, teriamos uma area total de quase quatro milhées de km*, ou seja: Area da Regifio Norte = 3581 180 k Area do Maranhio .,........- 328 663, Area Total 3909843” Tais cifras, transformadas em porcentagem, seriam ainda bastan- te significativas, pois que 2 Regido Norte corresponde a 42,07% da superficie do Brasil, que, somados aos 3,86% referentes ao Maranhiio, perfazem um total de 45,939 de todo o territério nacional. Dentro déste imenso trecho de terras brasileiras, destacam-si pela extensdo que possuem, o Amazonas € 0 Pard; désses Estado 6 o Paré constitui cérca de 34% da chamada Regido Norte e 32% da drea Regido Norte-Maranhio. Naturalmente inclinado para o estudo de tal regiio do Brasil, conforme as raz6es expostas no prefacio déste trabalho, nao nos seria possivel elaborar um estudo de detalhe sdbre tao vasta Area; a imen- 1 Soares, Liicio de Castro — “Delimitagio da Amaz6nia para fins de plancja- mento econdmico”, em Revista Brasileira de Geografia, ano X, n.° 2, pigs: 163 a 210. 2 Guimaries, Fabio Macedo Soares — “Divisio Regional do Brasil, em Re- vista Brasileira de Geografia, ano Ill, n.° 2, pags, 318 e 373. Se sid’o do espaco a ser pesguisado constitui um obstaculo dificil de transpor e apresenta regides de acesso duvidoso e até mesmo impossi- vel de serem atingidas de maneira satisfatéria. Porém, dentro desta enormidade do territério paraense, uma pe~ quena regido aparecia como um campo de trabalho para a pesquisa gue proptnhamos realizar: a regido da Estrada de Ferro de Bragan- ca ou, como é denominada e mais conhecida em todo o norte do Brasil, "a Regiéo Bragantina” A Regiio Bragantina, situada a pouco mais de um grau de la- titude sul, localiza-se junto ao litoral paraense, no trecho em que a costa déste Estado brasileiro apresenta sua mais singular peculiaridade geografica: a presenca do grande “golfao" amazénico. Se nesta parte da costa do Para, existe uma vasta drea de sedi- mentago recente, que da origem a terrenos baixos e alagadigos, quer pelas aguas da maré, quer pelas provenientes das enchentes dos rios, constituindo-se, em certos pontos, areas em que se agiganta a luta da terra contra as 4guas, como na chamada regiéo do “delta do Ta- japuru, imediatamente a oeste da ilha de Marajé, na Regido Bra- gantina, ao contrario, predomina a terra firme, nela estando ausente. por completo, a drenagem labirintica dos furos de Breves e dos man- quezais, a paisagem dos baixios e dos animais dos igapés ¢ das var- zeas da Amazénia, e das matas de varzeas que tao bem caracterizam io da foz do rio Amazonas Localizada entre as Aguas que constituem a baia de Marajé, a ceste, ¢ as do Atlantico, a leste, estendendo-se de Belém a Bragang: a regiio que nos interessa ocupa, rosso modo”, o divisor d’Aguas que separa as correntes fluviais que se dirigem para a zona do Salg: do, ao norte, e para o vale do Guamé, ao sul, Assim sendo, & medida a que caminhamos de Belém rumo a Braganga, nota-se a sucessio de uma série de rios e igarapés, mais ou menos paralelos entre si, © com a directo geral sul-norte ou norte-sul, conforme a yertente que se destinam. Para o norte, os_rios Mocajuba, Merpeaie Caripi,, Maracan, Japerica, Pirabas, Tracuateua e Caeté, além de menores; para o sul, os rios Oriboca, Caraparu, Inhangapi e uma série de _modestos igarapés, formadores do alto e médio rio Guama, A estrada de ferro ¢ a atual rodovia que de Belém alcangam a cidade de Braganga, denunciam, pelos tragados, a preocupacio de evitar, tanto quanto possivel, a travessia désses cursos d’aguas, vadeados em pontos de largura e profundidade minimas; dat ndo serem notaveis as obras de engenharia rodo-ferrovidria, no que se refere & transpo- sicio de cursos d'aguas. e Por isso mesmo, ao longo da ferrovia, as cotas altimétricas atin-— gem varias dezenas de metros de altitude, como m © Igarapé-Agu; 47 m em Sao Luis; 50 m em Nova Timboteua e 46 na Estagio Experimental. Estas cotas altimétricas contrastam = Gre vee Foto 1 — Vista geral das terras firmes da Bra- garuina — Na foto 1, vé-se a rodovia para Bra- ganca, no municipio Aéste nome, margeada pela triste paisagem das capociras ¢ macegas, Note-se a tabularidade do relévo da regitio Foto 2 — Rodovia entre Castanhal e Santa Tsa- bel, rodeada pela capoeira baixa e pela macega, apresenta a caracteristica topografia da regio, com seus niveis escalonados, resultante da erosio das cabeceiras dos pequenos rios ¢ igarapés que procuram © rio Guama ou o litoral da zona do Salgado. (Fotos do autor) = Rae idas na zona do Salgado. ao norte, ¢ ra-rio ou A beira-mar, possuem 1). Fato semelhante registra-se ma, situado em nivel muito inferior pela as altimétricas superiores a 20 m, portanto, a Regio Bragantina ¢, por exceléncia, ferrovia e a rodovia (atual BR-22. no trecho Belém e Capanema); neste divisor d’aguas, pri tar amaz6nico, de estrutura tabular e relévo ‘retiramos, para elfeito de investigacao geogral como para o de coleta de dados estatisticos € | carater geral, dois municipios, que, segundo o LBY am & regido: Inhangapi e Barcarena. O primeiro foi € or ter a maior parte de seu territorio em area de varzea, completo As condigSes da regidio; o segundo. nela colocado wwelmente pelo érgao controlador da estatistica brasileira, fot ado simplesmente porque se situa a oeste de Belém, em adas A margem esquerda do rio Moju e, como tal, deveria © na chamada zona Guajarina dos técnicos daquele insti \ssim sendo, os municipios que incluimos na regiao em N suas respectivas Areas, sdo os seguintes: Municipios Area (km®) PRMD Ss sso tt ins Vo cians 19 Ananindeua ‘shea 640 Santa Isabel . . ne 693 Castanhal Hi : 1020 Anhanga ..- ESece 480 Tearapé-Agu....... 1216 Nova Timboteua 1197 Capanema .... a be 1226 Braganga ee tp 4172 COTW < 0y 1A, “SERS y'Ly Ziv |2z |'c | opps o oq -9s opiBay op % v= lpaezrelsooez Ol 2Z — viol |seroz lsozz F—- F- pnajoquil 'N ecSSt land tee ere fj g5y “By ISO99L |Z Zé ezLL ebuoyuy lezeaz |L 9 ly Z6z yoyuoyso> cot = |szrt |oeesi looy ly 194021 “IS esol |e909 loze onapuluouy Iszyt |Z Jesit ma ot wera (]) ed ca} Ce4)] Ca | op ana [duis | -ayn> “ye dus} ied | SOIdIDINNW 201puDw zouly 6b61 — CUILW ‘o201pUDY ‘Zouy ‘oUNURBDIg oDIBay DU soUoIOdWey sB4nynD '%6 ‘Bod ‘7 oun] 'X IPA 0S61 — 801g Op Jo19d oyuouipasis22y | rejuog €Ol o'st jo‘ce Zl opoisg © 219 -0s op!Bay op % roorsel| Zeb6rol|28Ze SeZil | ZETBELE) pois 0101 IZzee |S Z0Z 0" ‘opi6ay Op [DIOL jOeEzOZ | 89S LL106 |S2Z ZELcL |6e SEELZ 129 1686 |96 09927 |OL 1189 eZ oo9y = |rt ZL69 | Z0BZ | 8L erzt | 281 ZOl 99% siZss vss 9PLEZ 18s vzv68 lor orr99 Zt 29981 ce a1z9 OP t O1eZ SL 09087 psunboig pwourdo pnoioquil| ‘N gov “61 pBupyuy joyuojso> jeqoz} “iS pnapuluouy weird SspAaou cepa (ey) wesor | oa 200, ppep/>| (soy) 2qm4s3] 1O1OL SOIdDINNW Syuspisa1 sad] — OG6] we soo5D) -uo|d sop 0A11243) 6ySL We EH124I0D erel — © Gyuswiaa|aqDINg Op Hydoid ODSnpoid junSoig opiBey ou DuDung ep oPSnpold -4) S40 LL ‘Bod Z OWOL K ICA 0S6L — [8048 Op Jp1eD SmeuIDesueD2y IA SINOd ees — |%4 |o0s jor oze |6z | ioe | sot opaisg © 2aggs opi6ey OP % oz set |ooe i |zez |tt9 | zo 8 | €z9 8 | soe ‘opoysg OP [DIOL — |e trol |Z 961 965 T | OF opj6ey Op 1901 == Jee aS ye 19 l Zot 1 | Lz pS5up6o1g — je - L aa L0G @ pwaundo) ean a = = | sé gol =\0k onaioquil ‘No | | Fatih Sard at = oa siz) | £ gdy-gdoi08} = Hi cS > = = = vbuoyy | eet joysoso> | | =y [te oe = ey o9t Jeqnz| “OS eral a = = % one pujuouy ae i am cal a = = wie sol “pep at panp aye cperes joy | 2 129 sOld|DINNW song | -odoy spapsy | -40} 9d 0484 =p -N = sopiznpoid soppauieg ‘ppoulio}sup44 @pOP'NUSAD Gy6l — PuyuRBeAg oBIBoy Ou 402N5y ep BUBD oP cLINPOd ¢ o1ppno Meek, Peal g euon Cen OSS — [801g Op jo12g ojuauDesusrey [A 91U04 34 om | O'od S'ys | s'L vs vos | 92 Zé opoisg o 21q -95 on1Bay OP J 4ei_|aise | oose| ziis | sie9 | oasseijzce | ait | soszt| esr? Opeysg [DIOL e 066 = Beee 6rez |el 109 | z96 | 009 | oP!8ey OP ipl - a =z Zove | cori | oz jo 96t | 1E = oSuBog ie = él |eze |érr jor eo eee pwieuodo> ty = Sb lee ese |zés |— eres HCE | pnajoquilt “N |] Saab: |— Josr |siz |— Joa for fo psy 8, | S s a — = 6e uae ts z pss = pBunyuy | | a ee a = of |= - |- ol £0 1eyunyso) aa = = l ot j= |— Soa 12492] “IS . ee Gap ewe Mace 96/0 a gor | 92 pnapuuouy = y Sa = Sola ugieg a eee ey C4) CH) yc | cy | (ees) ; F er0p] opp pio owoy| -uojew | oinr | owng ued |oiiog| -objy | undry ay ee 6P6l — spsaerig :puuDBoig opiBey pu sppsoduiay soInynD vy O1ppnD @ existéncia de uma agro-indtistria de bases rudimentares, mas de grande importancia para a regio, pois, como se vé pelo quadro que: elaboramos, a mandioca é oriunda, em sua maior parte, dos prdprios plantadores e ndo de terceiros, chegando a ter esta fabricacZo de fa- rinha um carater quase doméstico. Também a producao de fumo em folha ou de fumo em corda aleanga indices muito expressivos, pois 67,2% dos estabelecimentos. agricolas paraenses, que declararam produzir fumo, estavam na Bras gantina (quadro n’ 7); éstes estabelecimentos deram A regiao 94,806 da producao total de fumo em folha do Estado e 80% de todo o fumo em corda produzido no Para, em 1949, emprestando & mesma uma Posicéo de quase exclusividade nestes produtos arece-nos, portanto. que tais aspectos da producio agricola ree gional colocam a Bragantina numa posi¢do yerdadeiramente ” neris” em relacio ao Par’; a modéstia de sua exte (11 363 km*), que nao chega a atingi: a 1% da superfi concorre ainda mais para evi sui ge sio territorial ie do Estado, idenciar sua importdneia, No € portanto exagéro afirmar que grande parte da populacdo do Para vive de produtos originados da regio em estudo, pois que cla € evidentemente, grande mercado abastecedor da capital e de S mesma, © que equivale dizer que dela dependiam para viver 40% dos paraenses recenseados em 1960 Desta maneira, na Bragantina verifica-s aspectos demograficos e econdmi uma superposicio de icos dos mais sugestivos: a regiao mais populosa do Estado é também aquela que mais produz do ponto de vista agricola, apesar de seus solos reconhecidamente pobres.* Resta saber quando a sobrecarga demografica menta dia a dia, rompera o fragil equili contra a regio, pois nao existe correlacao entre o sumenty popula- cional € o da produgio agricola regional? por 1azhes ligadas ndo sé- Mente as condicoes naturais da Bragantina, mas, e também, Préprio efetivo humano, cuja pressao au- rio alimentar em que se en- ao seu 3 Camargo, Felisberto C. de — r Terra € coloniza fasnse Emilio Goeldi, pigs, 126-127, k +. Penteado, Antonio Rocha ntonis. 'noramna do Mundo, Tropica Faculdade de Filosofia “Sedes Sapientiae” n.0 10 gs 's10 No antigo ¢ ndvo qu: em Boletim do Museu Pas em Anuério da = Ag Quadro 6 1949 Produgée de Mandicca na Regio Bragantina | Danedloeencs Outros (#) 65 96 nN 8 MUNICIPIOS ua Senta Izabel Castanhal Anhanga Belém lgorapé-Aci Nova Timboteus Copenema — 45 — onanazrecoalol[oloa nHnortanh ao 2 oa Ce Saris ete hale | | ot ES elzis eo eee re ea og eee oe) elk : 4 SCNHOR] OO 3 4 & 8 338 fo te So Nn e8 Pll ee tlie: Nees = ee oF am coneos-¢3|/ 31 9] a o on oS o B/ SEI S2RSIRESS/Ziaie — | a 2/10 c Bl|avanuero09 o S| ge Fac ta4l ole g oeoonlelr|a = | Dellteirereme saree ell baie cen lien Sat OR ON 9/9) a 5 oS x~ORO Q B/2 |e~weRezaralelg 2 eae 3 als 3 6 gis 213 Total da RegiGo Braganca VI Recenseamento Geral do Brasil — 1950 Vol, X Tomo 2 pag. 116 Total do Estado % da Regiéo sdbre o Estado Fonte: Quadro 7 1949 Producao de Fumo na Regido Bragantina 8 fli Pti veg isles 5 28 /R]o]8 a 5 a ae Neetge ealiaa esl Mi Tes] ncsten| stint Sta | cM 8 55 2 23 ae ae a3 WW ee Spe eae EL. SB iR/e/1z2 GES ololo a8 as § I tees Salle 5 cee e PY ees nf o Seen 1) et) Siig ae a N 0 S$ a 2 See tet 92 wo oe Bo 58 o8 ala 8 oles 52 = ole z ° | Ex iz 8 gio) 2] es 3 = 3 8/2/S ) as = 82 33 Pale cals: 2s, 4.2 2 e\e8|/8/s SHtopEss|s | o @ | > Secs eae els|s| 3s 258255882 3) 30 8 f BSR 5785/2) 2] ee] fb — 46 — 1 2) CONDIGOES APRESENTADAS PELO QUADRO NATURAL © quadro natural da Bragantina apresenta condigoes de grande importancia que contribuem, poderosamente, para explicar a coloni~ zagao e 0 uso da terra da regio. Se, do ponto de vista topografico, & singeleza das formas de re- levo, que reflete a presenga de uma estrutura tabular, ndo chega a decerminar a existéncia de altitudes, eleyadas (vide mapa rn’ 1), 6 © fato de ser a regito formada de ‘terra firme” constitui aspecto de relevante interésse, pois que © problema tao ‘amazénico das inunda- cece nao afeta a Bragantina, salvo na Bren dos campos de Tracuateua © Braganga, Como conseqiiéncia dessa estrutura, as areias do quaternario an- tigo, que abrangem a maior parte da regido € que chegam a ter mais de 15 m de espessura, como na parte ‘alta do Instituto Agronomico do Norte, foram eitalhadas pelos cursos d'agua, que, do divisor oe corrido pela ferrovia, procuram as &guas do Atlantico ou do rio Gua- 1 Comargo, Felisberto y dei== Ons ella) pai 125s Sas Or aie , tomada a 6 a do homem aparecimenty das bow por pr areias do quaternéric Foto 4 — Apesar da frnea declividade terras em Anhan bre solos urenos culturas perm: dni io pluvial, agindo m terreno prepara pat do autor) estrago, — 48 — ma, Tal campeamento, conjuntamente com outros terrenos mais anti- gos, como & 0 caso dos sedimentos argilosos. de arenitos e calcarios da formacdo Pirabas (mioceno), recobre com delgado pacote sedi mentar as rochas pré-cambrianas, que. a sudoeste de Capanema, na lecalidade de Caieira, sao encontradas a, tio sdmente, 22 m de profundidade.* Dadas as origens dessas rochas sedimentares, antigas dunas que se formaram no coméco do quaternario: ou de depdsitos de um antigo mar consegiiente de uma transgressio verificada entre fins do oligo- ceno superior e principios de mioceno inferior.’ os agentes subaéreos que trabalharam ésses sedimentos. especialmente as aguas da chuva € os cursos d'fgua, nao tiveram dificuldades em escavar vales com perfis transversais simétricos, com vertentes relativamente abruptas € fundos planos, que so separados uns dos outros por interfldvios de tdpos muito regulares; numa tal topografia, em que se dispoem peguenas plataformas interfluviais, a amplitude altimétrica raramente ulttapassa a 20m, o que foi todavia importante para a construcao das estradas de ferro e de rodagem. que procuram transpor rios ¢ igarapés nos seus trechos de menor largura e profundidade. Os niveis dessas Plataformas se repetem. havendo, pelo menos, trés principais: um oci dental, proximo a Belém, que se situa entre 12 ¢ 18 m de altitude um central, bastante sensivel, entre Igarapé-Acu ¢ Nova T : Satara» Amerkonoy um arama figs tategle Para ont a 7 icilmente observado entre Ca- Panema e Braganca, situado entre as cotas de 20 30 m ¢ ice pace este. entre Benevides e Americano (vide mapa n’ 1). presenca désses niveis na tre vag cameo cia pay MN No conseque. entretanto,acarretae sé ‘ 40, se bem que haja a ventilacdo aja a 40 maior de toda a Bragantina, exatamente no seu trecho mais elevntc € cia jr ‘ cislmente Junto a Igarapé-Acu; nao ha, todavia, sensiveis alteracbes Ge aah (ue sejam capazes, gracas a estas influéncias topograticas ificar substancialmente os caracteristicos ¢lim da Bragantina ima e, através dos mesmos, atingir a utili, Propria economia regional mie ee Nem mesmo as ligeiras perturbacoes tectOnicas, ‘meridional da bacia de sedimentac no relévo da regiac: as amostras de cal fos no Igarapé Caraparu, em 1948, e que brino Petri,’ assim como ; Pimboteua, aticos essenciais agao do solo ea que afetaram a 9 de Pirabas, repercuticam io cristalizado, que coleta- entregamos ao Dr, Setem- 8 encontradas por palentologos em pesgui- Ferreira, Candido Simoes, ¢ Cunh: Panic tuna, Osvaldo Rodrigues da — “Contr faleontologia do Estado do Pari”, pig. 15 bi ‘Comtribuisdo Ob. cit., pig. 48, nto Brasil’, pigs, == 50 sas no Para! indicam sinais evidentes de falhas. Aquelas que pessoal- mente coletamos, foram retiradas de uma soleira situada préxima a for do Caraparu e que impedia a navegacio fluvial por ocasiao das iarés baixas: o Dr, Petri classificou-as como sendo um “calcario bre- choide, composto de fragmentos centimétricos de calcdrio original, atravessados por vénulas irregulares de calcita’.* O exame petro- grafico das amostras déste calcario, efetuado pelo Dr. Viktor Leinz, © pedido do Dr. Petri, revelou que "nao se dew nenhum metamorfis- " térmico, mas apenas cataclase que fragmentou o calcario, a qual foi acompanhada por cristalizagio parcial do mesmo indicando, por- tanto, a agdo de movimentos tecténicos”.” ‘ Esta cobertura sedimentar nao possui uma espessura considera- vel; muito ao contratio, 0 pré-cambriano esta aflorado no rio Guama, junto a localidade de Ourém, onde, como soleira, marca o ponto ter- minal da navegacao fluvial, Ble aparece também junto estagao de ‘Tracuateua, onde € explorado para fornecimento de rochas para cal- camento; a favor desta afirmativa, existe a perfuracio de Caicira, proximo a Capanema, onde o embasamento foi encontrado a cérca de 22 m de profundidade. , As porgSes ocidentais da regiao, constituidas por sedimentos are- noses e argilosos plio-pleistocénicos da série Barreisas, nos quais in- cluimos 9 antigo grupo de terrenos denominados “formagio Para’ nao possuem também espessura muito grande. ‘Tais fatos parecem-nos de grande utilidade para a boa compreen- sao das relagées existentes entre os diversos elementos que Sone quadro natural da regidio € sua ocupagao pelo homem, pois déles a decorrer importantes conseqiéncias, tanto no que se refere 1 " da regito, quanto no que diz respeito a see nuee em ee Se, de um modo geral, as condigées térmicas de clima sao semelhantes as da Amozbnla — temperaturas médias anuais a 25°C e 26°C, isotermas de vero e de inverno entre ae e 34°C. Com fracas amplitudes térmicas anuais, portanto — ( de ma pas ns 3, 4¢ 5) — ja as caracteristicas da pluviometria sao ie i diversas daquelas registradas no norte do pais, Os ces 7 Bek mostramsnos tais aspectos: o de numero 5 eoloca a Bragantina ae 1s porcdes mais chuvosas da Amaz6nia. no que se refere oor a anuais de chuva, gragas aos indices” pluviométricos salon Si INN «5! ae ete cual taal cece © nostram- , nos meses , cara tetevada do. que o que se encontra nos meses de Invemo, herreiea, Chndido SimBes, € Cunha, Osvaldo Rodrigues da — Ob. sit Petr, Setembrino —= Obs Gites PABs 28> Per, Selene pa regio da estrada de ferro de 4 Sioli) Harald — Braganca, Estado do. Pa i a 13. - 51= Fotos S'e 6 — Coniicbes da’ topografta da. HA gantina — Os niveis escalonados que o arresenta, ruramente possuem mais de 20 4 amplitude altimétrica. Na foto. super percebe- Norels sstrada que se dirige de Quatre Bocas a ‘ova Timbotcua, enire capociras raquiticas Presenga de dois niveis bem nitidos Na foto inferior, tirade no municipio de Ananin deus, na Fazenda Oriboca, vé-se 9, contato de dois niveis, aplainados © separados “por ni ad sivel degrau com cérea de 15 m de altura. (Fotos do autor) = 52 — Nota-se, portanto, que deve haver uma diferenca sensivel na quan= tidade de chuva registrada nessas duas épocas do ano; os dados que obtivemos confirmam tais fatos, pois ha uma estacao séca bem cae racterizada na Regido Bragantina, apos a estacdo chuvosa, que tem | inicio em dezembro e se prolonga até marco-abril e excepcionalmente até junho: dir-se-ia haver na maior parte da regio, salvo a “ilha su= perimida” de Belém, um regime pluviométrico tropical Os dados do pésto meteoroldgico de Tracuateua, gentilmente ce= didos pelo Dr. Agostinho de Castro Ribeiro, engenheiro-chefe do Pésto Agropecuario local, muito embora incompletos e referentes ape= nas ao periodo 1934-1946, sio bastante expressivos (grafico n® 2); por @les vé-se que os trés meses mais chuvosos, setembro a novembro, abarcaram, em 1939, 57.5% do total anual das precipitacdes; em 1940, 499%; em 1941. 67.5%; em 1942, 50.5%; em 1943, 63.5%: em 1944, e, em 1946, 51%, A nosso ver, os dados de Tracuateua, que fepresentam bem as condicées climaticas da Bragantina, dao-nos uma idéia da importancia désse periodo chuvoso, quase sempre superior a 50% dos respectivos totais anuais, pois essa desproporcao deve, for= sosamente, refletir-se na maneira de se util Da mesma forma, nao deixa de ter papel consideravel para a so- lugao desta questo 0 inicio da estagdo chuvosa, quando 0 solo, ap6s alguns meses de séca, recebe as primeiras precipitacoes pluviométricass conhecer a intensidade da erosio provocada por estas chuvas constie tui, a nosso ver, medida que se impée, se € desejo ver alqum dia em execucdo uma verdadeira politica agraria na Amazénia: infelizmene te, nada conhecemos até o presente momento, que tenha sido feito ma regio, nos moldes preconizados, desde 1937, pelo Servico de Cone Servacao do Solo do Departamento de Agricultura dos Estados Unie dos da América.! fea ean? em conta o comportamento da precipitacdo pluvioms trica em um periodo de anos de observacao, verificamos a existéncial de acentuados desvios; assim, 0 grifico n’ 3, construtdo com dade do Atlas Pluviométrico do Brasil, dii-nos conta dos desvios da pine Viosidade anual de Belém, Tracuateua ¢ Salinépolis. Por éle, notesai Free Tenn dttegularidade das precipitacdes, no periodo 1914-1938, mal trés localidades citadas, tanto dentro da “ilha” de superprecipitaia de Belem, como também na zona do Salgado, em Salindpolis, "Tea ceases QPtesenia 8 mesma anomalia ¢ as “normals” dessre extaghe passam a ser, na verdade, situaces “anormais”, Bragentina, come ce ear fe também completamente fora da Regi om ‘wis do Maranhéo, por exemplo; os dado Ge colctamos nacuela cidade e que se referem & estacds de Gace ar 0 solo. hone 337 Department of Agriculture — soi] Conservation Service — “Investigas tions in erosion contro! umati one ero and reclamation of eroded land at the ...” — Teentaal = 84.4 GRAFICO 2 — GRAFICO 5 — Precipitagio pluviométriea em Sto Lufs (Maranhiio) — 1935/1954 mm PRECIPITAGAO 700 2 | | PLUVIOMETRICA | | 600 EM SAO LUIZ * + 500 | MAXIMA (MaronhGo) a, 400 | | \ 1935-1954 i \ | 7 ; j i ce Seesetees srt dao-nos a mesma desvios, tanto no q no que concerne meses mais S¢cos Confirmam-se i :) a irregularidade d Bragantina, tanto de devem comprometer si dos, 0 que se é nosso objetivo estudar dente que elas deven! Amazonia, pois se o globo, especialmente da | As conseqiiéncias de regiao sao importantissim: grandes qualidades. Em Felisberto de Camargo, se situa parte do Instituto” mo “extremamente pobre, reserva” e que, segundo tilidade désse solo reside na a O mesmo autor afirma que 98¢ de graos de quartzo na p cia de minerais, que, d quimicos indispensdyeis & Da mesma mai ma conclusao, anali la-se de terras paupérrim série de problemas de A carta dos solos solos do Institute Ag em 1958, confirma os, a mesma nos di uma latossolos, amarelos ou 9). Os perfis de solo mesmos fatos, que i Peete alica. cial Rexitio Norte”, i ® Camargo, Felisber Camargo, Fel Nascimento, 120, Na foto em Gr 7 nc q i cultiva 6 ~ 4 Marathon, © mesn Prejudic: como expressivamente escreve Raymond Furon;' a laterita rocha, pedra Para da Bragentina, nada mais é do que o “Bowal” da Afri Central ou do que 0 “Bien-ho” do sudeste asidtico. E claro, portanto, que a aparente fertilidade dessas terras outro: ta cobertas de exuberantes matas tropicais residia, nio no solo, mas na propria floresta, cuja destruigao significou o exterminio da fonte abastecedora de humus e, concomitantemente, do préprio solo.® d # exatamente o que se verifica na regido onde as “matas seculas tes tém sido destruidas com as queimadas para a producao de duas ou trés safras de farinha ou de cereais e o terreno vai sendo abando- | nado como improdutivo e transformado em capoeiras de segunda otf terceira categoria. Os préprios leigos dizem que essas terra: ,88 sao produtivas enquanto existir um resto de cinza da floresta...” EB ins conscientemente vai-se praticando um crime sistematizado contra o futuro”.* Ao tratar das matas de terra firme da Amazénia, Edgard Kuhlmann cita o estudo feito por Paulo G, Souza sobre as diferentes ‘Ocorrencias désse tipo de mata, no que sao distinguidas as da Brae gantina da forma seguinte: “as florestas da Estrada de Ferro de Bras ganga (quase inteiramente devastadas) com acapu (Vouacapoua americana), “pau amarelo” (Enxylophora pataensis), “pau santo” (Zollernia paraensis), “massaranduba” (Mimusops sp), “jarana” (Chitoma sp), “mata-mata” (Eschweilera sp), A devastacao dessas matas tropicais foi, portanto, quase total, Geusedléncia da explotacdo desenfreada da regis pelos colonos nore destinos que nela se estabeleceram. Dai serem chocantes, porém exa- tas as palavras de Rubens Rodrigues Lima ao se referir a esta de- vastagao: “Por falta de conhecimentos das reais possibilidades do jue ainda perdura e que tem por base a explora resta a fogo para colheita de cereais, cujo valor, comumente, naquelas terras arenosas, néo compensaya o da madeira’ destruida”,’ A perda da matéria orginica resultante da destruigdo dessas mae tas € muito grande: num estudo efetuado em area de mata semelhan~ te @ Bragantina, Beirnaerte chegou no Congo ao Seguinte resultado, apos cuidadosa verificacao da matéria Organica destruida em um heetae 2 ‘Amazonie.Bresilienne’’ = * 1 i azonie ienne” — pa 6, tomo TI. : Camargo, Felisberto C. de — Ob. cit., pa ae na é pasa, Edgard — “Tipos de vegetagio” -— pig, 114, Rubens Rodrigues — “Oe efeitos dia duciadee sbbre a Yegetagho Gos solos arenosos da regito da estrada de fro 4 Broganga” — pig. 23, — 80 — CARTA DOS SOLOS DO LE’ ele conde de satan de (AN Onvenieaste roorcede coms FAQ. i re da floresta « 55 t de peq troncos de total de 964 t. As consid J tagio da Amazénia n da regiaio de pelo autor em trés ¢ heterogeneidade da vs as idéias de Rubens Ro mata, encontrou apen a maioria das quais com 32 géneros.? Em 1 0.10 m de diametro ne 112 palmeiras, 146 ervas, 19 servem para comproyar gue 2 possi incieioe! dam nao é a presenga de: s plos de mata primaria, Nas muitas yézes que per contramos, salvo em duas consideradas virgens; o fenomeno: registra-se nao s6 a0 rovia, como em direcdo ao lial oe a sio que se faga a regiao, por mais a impressio muito triste da Breenn homem, pois as capoeiras € 0 © que se vé é um revestimento foul es tanicos que diferem entre si no porte € “C formas extremas a capoeira primaria, isto €, © mato baixe, com mais o1 ttuido de ervas daninhas a cobertas e dominantes nos E assim vai-se “ultimo grau de degi resisténcia de algunas es désse matagal a insisténcia com que pas sapé ({mperata brat palum maritimum), | ete., caracteiaae 1 Beirnaerte, A. = ® Takeuchi, ‘Taketaety 4 4 8 Fotos 11 ¢ bocla a entre Casta Isa fertilidad = Bae triste p m da Bragane e a capoeira rala se interpe- ida pela acho do homem, As fotos tomadas junto A parada ferroviaria de Anhang stim © jo de destruigo dos recursos naturals da Bragantina, (Fotos do autor) 7960s ‘ocarre em cutras areas tropicais do globo. Gourou, apoiado em ol vacoes de Chevalier, sustenta a tese do recuo da floresta pela agao cendiaria do homem, em regiées tropicais com estacao séca curta,” onde a agricultura itinerante provoca o aparecimento de gramineas: “pantropicais”, inexistentes antes da destruicao das matas, citando, dentre as que vao medrar, onde havia florestas, na Costa do Mar fim: Imperata cilindrica, Sorghum guineense, Pennisetum purpureun, Hyparrhenia diplandra, Chasmopodium caudalum, Andropogon tecto- rum, E conclui, afirmando “Ces herbes sont complétement desséches” @ la fin de chaque saison séche et elles brilent tout les ans, empéchant Ia reprise des arbres et faisant le terrain de plus en plus favorable aux graminées”,* 7 Dentro da macega, entretanto, por mais incrivel que parega, Oo homem encontrou uma fonte de riqueza, que, no momento, desem= penha para a regio um papel importante: trata-se da malva, da qual a malva propriamente dita (Urena lobata) possui inegavel valor, j& que a malva branca (Waltheria americana) ndo desempenha tal funcao, FE verdadeiramente notavel a’ resistencia da Urena lobata, pois que, seja pelo fato de permanecerem suas sementes com vida latente muito tempo, seja pela resistencia que sua casca oferece ao apodrecimento, seja pela facilidade de disseminagao das sementes, consegue a malva reaparecer em areas onde havia sido eliminada por espécies arboreas.? Hoje. a difusao € auxiliada pelo homem, gragas’ 4 expansao dos malvais pela Bragantina central e oriental. Por estas palavras percebe-se 0 quao importante € o papel do homem na manutengao ou na quebra do equilibrio em que se acham os elementos do quadro natural. A derrubada da mata acelera o pro= esso erosivo, pois as chuvas atingem diretamente o solo, sem perda da yelocidade de queda das gatas e sem qualquer retencao das mes- ma’ pela cobertura vegetal. O escoamento das aguas da chuva se precessa rapida e yiolentamente e os elementos soltiveis do solo sao levados pelas enxurradas; a reconstituicao da mata tropical torna-se dificil ou mesmo impossivel, a nao ser que se ponha em pritica um sistema de protecdo dos recursos naturais renovaveis, que defenda 0. solo contra a erosao e que permita a reconstituicao das matas derru- badas para ceder lugar a uma agricultura racional e dirigida para © bem-estar de seus habitantes. a exemplo da Bragantina é digno de profunda meditagao: as ca- poeiras apresentam-se raquiticas, pois, em | 402 arvores examinadas: por Lima, 893 tinham diametro entre 0,25 e 0,10 m, 0 que correspon= dia a 63.69% do total; o mesmo autor, em area de mata, examinando 2 Gourou, Pierre — “Les pays tcopicaux” — pag. 49, nota n° 2, ® Lima, Rubens Rodrigues — Ob. cit. — pig. 30. =98' 1 840 arvores, encontrou 1 534, isto ¢, $3,36% do total, com o diame- tro acima apontado.' F preciso, portanto, um longo periado de descanso dessas terras, para que possam ser formados capoeiroes: entdo, talvez seja possivel seu aproveitamento pelo homem; ¢ também necessario, a nosso ver, a adogio de uma yerdadeira politica de reflorestamento na regio, sem o que o equilibrio entre o homem e a terra jamais sera restabe- lecido na Bragantina, Os trabalhos que se desenyolyem no Instituto Agrondmico do Norte, no sentido de reflorestar areas de solos are~ nosos, como os da regio, séo dignos das mais sérias atengies dos go- vernos do Estado do Para e da Reptiblica, se se pretende executar uma verdadeira politica de recuperagao de terras na Amazonia. Gragas 94 cance geograficos qu ae pode ser considerada uma area tipicamente s6 05 que pretendem localiz4-la no, Aa em funcio de ica b titude € que podem encard-la como equatorial, No que diz Bes a éste Se tas em trabalho publicado “Sedes Sapientiae’ + Stati ea ae denominagao “ “tropical” |. dada a Em primeiro lugar, pelas suas cot to de vista térmica a colocam como | assim identificou, segundo 1 Pe a a 4 a to L ange — Fotos 15 e 16 — A topografia tabuliforme da — A Bragantina, como regiio tropical tipica que 6 oferece ao homem uma topografia que resulta da “estrutura gondwinica” que pos sui. Na foto superior, a rodovia para Braganga nas proximidades de ‘Tracuateua, onde se desene Yolve um vasto patamar dessa estrutura; na foto) inferior, vista parcial das pequenas falésias que 10 Procedéncia dos colonos estrangeiros Paises Espanha Talia Suécia ,. Estados’ Unidos” Cuba. Belgica Os esforcos feitos f i s fracassaram por varios motivos; nao i porque as terras nao erai ‘aneed pelo fato de que a or deixavam a desejar Crur, Emesio — “A Estrada de Ferro de Braganga” — pags, $3 ¢ S4, 2 NS de colonos existentes BE 1582 < 69 1 5 16 3 m tao férteis como se pensava, mas também janizagfio e direcao dos niicleos coloniais muito lém disso, a variola e a febre amarela dizima-_ — 116 — vam os colonos pouco acostumados ao meio amazénico, especialmen- te os estrangeiros. Eo govérno do Para nao teve outro recurso senao o de sustar a imigracdo, ndo mais concedendo autorizagado para a ins- talagéo de noyos nticleos coloniais, 0 que foi concretizado em 1 pelo governador Montenegro, que nao s6 dissolveu o servigo de imi- gragdo como também determinou féssem emancipadas as colénias en- tao existentes.! O Estado do Para ja nao se achava mais em condi- goes de suportar tal sobrecarga, pois o valor da produgao agricola e industrial vinha decrescendo de forma assustadora; a decadéncia econémica seguiu-se politica, 4 social e moral.* Melancdlicamente, a colonizagéo chegara ao fim e, com @éle, o éxodo para o nordeste, pois, de “Braganca e Benjamin Constant, os cearenses abandonam os seus pequenos campos de culturas, dirigin- do-se a pé para o Maranhdo, visto nao poderem pagar passagens 4 Estrada de Ferro de Braganga, & incalculavel 0 nimero dos que se retiram daquela zona rural do Estado”.* A produgao agricola estava completamente desorganizada, pois, em 1921, um saco de milho chegou a ser vendido por quantia inferior a 1/3 do preco de custo, como se nota pelas informacées seguintes: Custo_ de producto : 16§000 Aviagio . ees 2 18000 Saco vazio .. siekaes: * $060 z Pagto, Intendéncia de Tearapé-Acu $240 ae Carreto até a parada ferrovidria . $100 . Frete para Belém . ae $480 Carreto para mercado Sio Bras $150 : Pago A entrada do mesmo .. $200 ¥ Total 188230 O prego de venda, na época, variava entre 21$500 e 225000; em 1921, todavia, s6 se colocou o produto a razio de 5$000 a 6§000 saco' Era evidente o prejulzo e o @xodo foi inevitavel; as caus ligadas ao quadro natural da regifio devem ser somadas eo lativas as condigdes humanas e econdmicas da Amazénia: 0 borracha repercutica na colonizagio da Bragantina eo seu térmi ecoou, desfavoravelmente, no process colonizador da Regido. povoou-se a Regido Bragantina, as terras cairam de preso, a cao rural-urbana determinou o incremento danagin muitos nordestinos regressaram aos Estados de orige ¥ oh 1 Cruz, Ernesto — Ob, eae 35 : oes aca oo * ae 4 Idem, ibidem — pag. nao surtiram efeito, apesar ainda de ser a mesma, em 1922, imy tante para o Estado do Para, no que se refere a producdo de de milho, de feijao, de farinha de mandioca, de algodao e de nem mesmo os colonos japonéses, instalados na Estacao Experimer tal que a Cia. Niponica de Plantacao do Brasil S/A criou em Caste nhal, trouxeram sucesso para a colonizaco recente da regiao.* A substituicio do colono estrangeiro pelo nacional processe se gradativamente e, ja na década 1910-1920, os ntcleos colo eram ocupados quase que somente por nordestinos; s6 o de Benj Constant continuaya a ter colonos brasileitos e espanhéis.* A colonizacao fracassara... A IMPORTANCIA DO CICLO DA BORRACHA — PARA A COLONIZAGAO DA REGIAO No capitulo anterior, procuramos demonstrar da, em suas linhas gerais, a ate ‘ ialmente entre os anos de e 17 cue ee ae ‘Depuilauifatp de Terras e Colonizagdo do Est Para, nesse sentido, € alias das mais interessantes itirar a elaboragio do mapa n° 10. a . ‘Nao deixa de chamar a atengio a 1 Imprensa Oficial — “O Paré em 1922” — pies. 6 0 9. 4 Revista Comercial do Par n.® 32 — aa en cei Servigo de Expansiio © Defesa Agricolas — “Questiondrio sobre as da agricultura dos municipios do Estado do Pard”, 1913 — pag. 2S. — 118 — mesma época, gracas ao café, reduzindo-se, naturalmente, as devidas Proporgées.! i O Parad consumia géneros vindos de outras regides do pais, por falta de zonas produtoras locais, como reclamava Leitao da Cunha em um de seus relatérios:? a Regiao Bragantina e até mesmo toda a Provincia do Para eram consideradas zonas de “fertilissimo territé- tio”, da mesma forma como Sao Paulo, assim tratado por Arnolfo Azevedo, como possuidor de “terras apropriadissimas a todas as culturas”." : Se, em Sao Paulo, ao findar o século passado, houve uma forte feacdo contra as idéias de Arnolfo Azevedo, relativas 4 criagao de niicleos coloniais e incremento da policultura, em victude da opasigaa dos latifundiarios do café, no Para a situac’o jA se mostrava muito’ mais fayoravel, pois o “progresso da renda nesta provincia esta bem longe de indicar 0 progresso da indistria agricola”, escrevia, em 1858, _ Leitao da Cunha. : Em meados do século XIX, a situacao da agricultura paraense era lamentavel, pois nado havia zonas agricolas capazes de abasteces es poucos milhares de habitantes da Provincia, muito espalhados pelo seu imenso territério, onde apenas se destacaya a aglomeracao di Belém, com seus 15000 habitantes. A evolucao demografica da ca pital paraense reflete muito bem 0 progresso do surto econémico pro- vocado pela borracha, pois que passou a ter 35000 habitantes, 1873, 60.000, em 1888, 96 560, em 1900, 120 000, em 1905, e 192 em 1907.* Tal crescimento, plenamente justificado pela crescente importan. cia da borracha, deve ter criado inimeros problemas aos paraenses, dentre éles, o da alimentacao, ja que “nao chegou a desenrolar-se | uma tradicao agricola no grande vale, e a pequena experiéncia em- _ preendida pelos portuguéses, logo apés a fundacéo de Belém, se perdeu”.* Tal fato pode ser muito bem verificado, quando se estuda a eyo- lugao econdmica da Amazénia, pois nunca houve na regiao “uma tradiga0 agricola", como diz Edison Carneiro; o fato de existirem em fins do seculo XVIII cérca de 221 000 pes de café, 90000 de cacau, 47700 de fumo e 870 de algodao’ nao constitui elemento capaz de nos fazer crer na existéncia dessa tradicao. Muito ao contrario, na 1 Azevedo, Aroldo de — “Arnolfo Azevedo, inii ida publi: ras 2 RS nolfo Azevedo, inicio da vida ptiblica, 1891-1899" 3, Cima, Ambrésio Leitio da — “Relatorio de 15 de agdsto de 185 3” Azevedo, Aroldo de — Ob. cit. — pig. 66 $ Guaha, Ambrésio Leitio da — Ob. ate ig. 36 nteado, Antonio Rocha — “Belém do Para, Pri "— % Carneito, Edison — “A Conquista da ‘Ameaboie" ret Le oS Carneiro, Edison — Ob. cit, — pag, 11. — 120 — extensa bibliografia amazOnica, indmeras sao as referéncias relativas A procura de produtos extrativos de origem vegetal — as famosas drogas do sertao — que se constituiram em importante elemento ca- paz de levar muitas expedigdes ao interior da grande regio: © crayo, a canela, o anil, a salsa, as sementes oleaginosas, etc., passaram a ser largamente procuradas e exportadas. Podemos mesmo aceitar, sem restricdes, a idéia de que na Amazénia se desenvolveu uma “men- talité de cuillette";! tal fato pode ser perfeitamente justificado por uma série de fatéres geograficos, pois nado s6 a populagdo era mais: escassa do que aquela que la existe atualmente, como a obtengao de produtos de coleta constituia trabalho relativamente facil e rendoso, que nao exigia nem grandes conhecimentos tecnicos, nem elevado ca- pital e nem mesmo numerosa méo-de-obra. Além disso, as atencdes estavam, nagueles segundo e terceiro séculos de nossa existéncia, vol- tadas para o agticar do nordeste e para o ouro de Minas Gerais. No século XLX, 0 surto cafeeiro no sudeste do Brasil passou a ter grande destaque nacional e € muito natural que, no Para, ainda na primeira metade do século passado, a situagdo das rendas da provincia nao in- dicasse progresso algum da “indistria agricola”, pois, como escrevia © Inspetor da Alfandega de Belém, em 1858, “ao passo que aumenta ‘a producao que depende de uma mera apropriagio e colheita de pro- dutos espontaneos da natureza, diminui sensivelmente aquela que de- pende da lavoura propriamente dita. Excecao feita do cacau, gue, nesta Provincia, ¢ quase um produto espontaneo da natureza, toda a mais lavoura tem decaido”.* O mesmo Inspetor, apés apresentar uma lista de produtos agricolas e de coleta, pela qual se verifica a exati- dao de sua afirmativa, conclui que “sé a tapioca tem tido aumento sensivel’, © que atribuia ao “incremento da populagao”,? Tais fatos coincidem com as idéias que expomos neste trabalho: nio hayia in- terésse pela agricultura na Amazonia, salvo a agricultura comercial, tentada pela Companhia de Comércio do Grao Para e Maranhio, com suas plantagées de algodao e cana-de-aciicar, notadament. ‘a fase em que esta Companhia operou em terras do Para ja inteiramente ultrapassada, quando do registro das informagdes | tidas no relatério de Leitto da Cunha. F A mentalidade coletora permanecia viva na Amaz6nia e tev maior desenvolyimento com 6 “boom” da borracha, que vai agir fator de colonizagdo da Bragantina; as cifras citadas por Lu deiro sio expressivas e com elas organizamos 0 quadro seguint ‘Wem, ibidem — pag. 120 Cunha, Ambrésio Leitfio da — *Relatério de 15 de ai Idem, ibidem — pig. 35. ea Cordeiro, Luiz — "O Estado do Pard’” — pig. 26. EXPORTACAO DE BORRACHA DO PARA rais devem ter dado @ste resultado”: a produgao agricola fenecta “para por de novo em via de progresso a agricultura da Prov: Anos Fina Sernambi Totais (quilos) torna-se indispensavel a colonizacéo estrangeira com seus habitos 4 trabalho e de vida arraigada ao solo”. A borracha, que pagava tudo, 1ic1837 120138 65113 iesast ‘ financiaria a colonizagio; estavamos ainda nos primeiros anos do sur~ 1839-1340 109 920 281 850 391770 to de progresso, que a seringa iria ocasionar ao Para. aie 1842-1843 181 320 89 040 270 360 ‘As exportacées de borracha aumentam, chegando a indices muito 1846-1847 201975 471.750 673725 mais expressivos do que os que registramos no quadro anterior; « pee ee 774090 1eags0 ebro fom Aragjo Lima, de 1865 a 1911, a exportagao do P 1856-1857 1190 265 175 $30 1365 795 a seguinte:* 1859-1860 1.853 880 609 645 2.463 525 : 1862-1863 2.643 565, 880.455 3 524020 Anos Quitos Tisha chegado a ver do Paré; seus 198000 habitante: (ange HS ae 1854) estariam acrescidos de 20 000 pessoas, em 1862, e a febre 1875 5 565 663 borracha tomou conta de todos. Nao havia o menor interésse pela 1880, 5317 O09 6237 216 188: S 4644 187 1890 ja se escreveu, aos habitantes das “classes inferiores agrada mais tes 8209 885 vida errante ¢ aventureira da caca e da pesca” ou entao, a explota-— 1901 13467 413 cao de seringais e castanhais ou, ainda, a “arriscadissima extra 1906 ed do 6leo e da salsa”. iyi. Nesses meados do século XIX. as importagdes tinham aume: fe . de forma notave] e atingiam os “géneros importados a pregos extra Pelos dados citados vé-se que foi entre 1870 e 1875 que, pel dinarios’; a borracha consumia o “braco trabalhador, a ponto de primeira vez, 0 Paré exportou mais de cinco milhoes de guilos de borracha; foi também nesse momento de sua histéria que a preciso receber de outras Provincias os géneros de primeira neces dade, e que dantes produziam até para fornecer-lhes. Isto € f Bragantina assistiu ao langamento da semente da colonizagao, | mente um mal, tanto mais quando os lucros avultadissimos dessa in ¢as a instalagao da colénia de Benevides (1875), na ee distria, que absorve e aniquila tédas as outras, longe de tenderem “, agricultura sucumbiu sob a influéncia fascinadora do fabri criaéo de pequenas propriedades e suas vantagens e a divisdo borracha que dominava em todos os municipios, monopoliz riqueza, sé dao, em dltimo resultado, acumularem esta em méos d bragos que outrora se empregavam na lavoura’, segundo, opi poucos ¢, pela maioria, estrangeiros, acarretando a miséria a grand Dr. Pedro Vicente de Azevedo,’ que acrescentava entio oe i massa daqueles. que, apés. por ela abandonam seus lares, seus de generos alimenticios na Provincia, tudo se impartando do, Sil quenos estabelecimentos e, talvez, suas familias para se entregal pais, até mesmo “o gado para abastecer o mercado da capita a uma vida de incertezas e na qual os ganhos de véspera evaporam-se © recurso de colonizar parte do territério paraense por el no dia seguinte”,* tos alienigenas parecia ser a solugdo mais indicada; toda | A atragdo da borracha levou quase toda a populaglo de Pall de medidas foi tomada, paca que, com a colonia de Benevis uma vida artificial: importaya-se tudo sem se importar com os prego pital da Provincia e a regio compreendida entre a borracha pagava tudo, muito embora ninguém notasse que os Braganga comegassem a ser efetivamente povo nhos de véspera” evaporavam-se no dia seguinte, Nao havia qt 5 relatérios dos governos provinciais ¢ estadual: fosse “braco trabalhador”, que nao se empregasse em atividade ligad do século passado € principio, dAste, para a & producao da borracha; 56 os das “classes inferiores” ainda pref era 0 interésse pela imigragao no Para, q iam a caga, a pesca ea “atriscadissima extcagdo do leo e da #3 ance Nice) partant, delve eatianhar gue, em 146%, je wecreniA Cunha, Ambrosio Leitfo da — Relates de, 19 que “a diminuigao da escravatura, 0 melhor preco dos produtos natu- cyte — “0 Ea * “Idem, ibidem — p 4 Cordeiro, Luiz — “O Estado do Paré’ — pég. 28 — 122 — Go para um dos males que mais afligia a Provincia debilitada d sua producao agricola. Dai os inumeros cuidados com que se caram os primeiros njicleos coloniais instalados na Regiao Braganti € as muitas vantagens que se concederam aos primeiros colonos. O) gue o govérno brasileiro nao dera para o Para no setor agricola, du- rante tantos anos de administracéo, a borracha forneceu-lhe no pouco tempo em que se constituiu num verdadeiro ciclo econémico de espl dor “efémero, transit6rio e alucinante”, no dizer expressivo de Araujo Lima,’ mas que deixou profundas e indeléveis marcas na geogra! amazénica. Também no que se refere a colonizacdo e imigragao, pele menos na Bragantina, 0 govérno central nio empatou grandes somas _ © os contratos para colocacdio de imigrantes foram feitos, quase sem- pre e diretamente, pelos interessados com o govérno paraense. * Lima, Aradjo — “A explotagio amazénica” — pig. 249, — 124 — 3 : O PAPEL DESEMPENHADO PELA ESTRADA a5 DE FERRO DE BRAGANCA Outro importante fator de colonizagao da Regiao Bragani a construgo da Estrada de Ferro de Braganga, velha a: tantos governos do Para da segunda metade do século XIX, cialmente a partir da época em que mais se tratou da inst niicleos coloniais na Regiio Bragantina, onde a presenga era indispensavel, como observamos, ao tratar da instalagio d nia de Benevides, A Regiao Bragantina, embora as portas d néo possuia qualquer ligagdo terrestre com a todo 0 acesso a regiio era feito por via fluvial, cargas a um prolongado percurso por vias a Marituba, de onde, por terra, ae quilometros de distancia da capital. A construgao da ferrovia era um _tisse 0 escoamento da produgao as deficiéncias d : solucdo que anteviam os paraenses era a ferrovia, que forneceria um “transporte facil e rapido para o mercado da capital”. . Todavia, nao surgiram interessados, desde 1870, época das pri- meiras tentativas, até fins da década entao iniciada, apesar dos es forcos do govérno provincial, que, estimulando a construcao da ferro- — via, oferecia uma série de regalias aos possiveis contratantes, inclu- sive © pagamento de um prémio de cinco contos de réis por quil metro de estrada construido.? Com os recursos de que dispunha, 0 govérno procurava por todos os meios ao seu alcance despertar o interésse pela ferrovia, cujo percurso nao apresenta grandes proble: mas de engenharia para resolver, visto que a Regido Bragantina s notabiliza pela topografia bastante plana que possui. Apesar de set | de trés anos 0 prazo de construcao e de ter sido ampliada de 20 para 40 anos a concessao de exploracao da estrada, ainda nao havia, no Para, quem se aventurasse a tal empreendimento. a ‘Tada a documentacao relativa ao assunto pode ser estudada len. do-se o trabalho citado de Ernesto Cruz, através do qual se fica sa-— bendo quao intimas eram as relagdes entre a colonizacao da regiao e a construcao da estrada de ferro; chegou-se, até mesmo, a prometer que seriam cedidas 10 léguas quadradas de terra para o estabeleci- mento de 10.000 imigrantes na regiao, na base da introducao de 2500 por ano, garantindo o govérno as “passagens dos colonos, ficando manutencéo dos mesmos a cargc da emprésa contratante™ Mesmo assim, os relatérios dos presidentes da Provincia do Para acusavam a inexisténcia de interessados na construgdo da ferrovia, gue apenas teve inicio em 1883, quando foram colocados os primeiros” trilhos. No ano seguinte, chegava a estrada a colénia de Benevides com 29 quilémetros de linha e sem que os contratantes se vissem obri- gados a introduzir os 10000 colonos em quatro anos, por acordo nado em 1885 com 0 goyérno provincial.’ A ferrovia, mal construid ofereceu, logo na inauguracao, um descarrilamento sem maiores seqiiéncias, mas os colonos de Benevides passaram a utiliza-la com — freqii@ncia, muito embora a estrada ja apresentasse deficit nos do primeiros meses de funcionamento. ‘Tal fato teve grande reper- cussao, porque a borracha pagava tudo; o deficit, em 1885, ja ultras passava a casa dos cingiienta e sete contos de réis, ano em que a ferro- via chegou a Santa Isabel. _ Com o aumento da despesa sobre a receita, 0 govérno viu-se obrigacao de solicitar a encampagao da emprésa, cobrindo as despes com apélices da divida publica e encerrando-se, assim, melancoli mente a primeira etapa da construgdo da ferrovia. Nesta oca: 4 Cruz, Guilherme Francisco — “Relatério de 17 de i Pe 65. i 3 janciro de 1874" — pag. 65. Gru Ernesto — “A Estrada de Ferro de Braganga” — pig. 65. ed” 3 Gruz, Ernesto — Ob, cit. — pag. 65. Idem, ibidem — pag. 75. = 126 — 1886, a coldnia de Aped ja era servida pela ferrovia e os seus rios queixayam-se da mA ligagio da estagao inicial de te obrigava aos colonos o pagamento de um frete suplementar, a fazer chegar ao mercado da cidade os produtos que transportavam — pela ferrovia. S6 em 1888 foi prolongada a ferrovia até as imedia- Ses do mercado; mesmo assim, continuavam os deficits que’ re- sidente Cardoso Junior atribuia a “falta de povoamento nas Se cs da estrada”, onde, “com excecio dos nécleos de Benevides, Santa Isabel, e coldnia Araripe, que agora se principia a povoa cee toda a zona ou € despovoada, ou contém pequenas barracas dispersas. Nao deixa de ser das mais interessantes esta afirmativ: is ela revela, inicialmente, que a marcha da colonizagdo se processava” jentamente e, em segundo lugar, que o povoamento se orga va de forma nucleada; além disso, os esperados resultados da coloniza- cao da Bragantina nao eram tio animadores como a principio ss pensara. © frete era insuficiente: a lenha era o principal produto transportado, além da cachaca, rapadura e farinha de mandioca. A partir de entao, a estrada seria construida no trecho mais central da Bragantina, ainda coberto por matas virgens; 0 govérno — do Para entraria em fase financeira pouco favoravel e a expansio dos trilhos se faria com lentidao maior ainda. Sdmente em 1897 che- garam os trilhos a Jambu-Acu; em 1903, a Livramento; em 1907, a Capanema; ¢, em 1908, a Braganca. 3 Faziam 25 anos que a obra tinha sido iniciada e agora, com set! ramais (do Prata e do Pinheiro), completavam-se 293 quilometros de trilhos assentados. Os deficits quase sempre predominaram du- rante a sua historia ¢, no govérno de Paes Carvalho, viu-se no art damento da estrada a solugdo do proalies estavamos no c 1900, em pleno perfodo aureo da borracha. De 1886 a 1916, via deu prejuizos que chegaram a ultrapassar, em 1898 € 18 de 240 contos de réis; de 1916 a 1920, deu superavit, chega mais de 162 contos de réis, em 1920. Passou, depois, por um | € de [raco superavit, que terminou em 1925 e, dai em diante, sentou deficits, Em 1936, foi entregue a Unido e, em 1957, ‘a integrar a Réde Ferrovidria Federal S.A. 4 evidente que a ferrovia cumpriu a da Regiao | Hagens com seu grande me um empreendimento de tal ordem 86 ree dae grandes sacrificios de seus animadores, gantina recebeu a ferrovia como uma € nio teve condigées geograficas para ‘ ss ae Fotos 22 ¢ 23 — A Estrada de Ferro de Brqs ganea — Apesar de todo o esforgo para dotar a Fegido de uma boa via de circulagio terrestre, a ferrovia néo resolveu éste magno problema. Na foto superior, vista parcial das oficinas da estrada de ferro em Marituba, podendo-se notar o estado lastimavel em que se acha 9 material rolanie. Na foto inferior, vé-se parte dos dormentes que a Stual administragio da ferrovia procura calocur ha linha férrea, para melhorar as condisoes do trifego. (Fotos do autor) Note-se, aliiis, na foto n° 25, 9 excelente estrada de rodagem, asfaltada, Paralela A ferrovia e que, afinal a substituiu (N, Ed.) — 128 — seria a razSo de ser de sua unidade. E notéria a decadéncia da estra- da, apds o “boom” provocado pela explotagdo da hevea, no Para; € com ela foi também o homem, ali introduzido pelas mesmas razoes, sofrendo igualmente as mesmas consegiiéncias.* ¥ 1 Em. 1966 foi a Estrada dos trhos ¢ transerenela: Ge punked ne ee iecmatiho sea acca EO 4 OS ELEMENTOS POVOADORES: A PRESENGA DO NORDESTINO O terceiro fator de povoamento da regio € encarnado pelo nor- destino, ja que os demais elementos colonizadores longe estao de ter 4 sua importancia e esto muito aquém do papel desempenhado pelos cearenses '. acs ‘A migragio de nordestinos para a Amaz6nia ainda esta para ser convenientemente estudada, apesar dos esforgos de Benchimol : com seu inguérito cireunserito a um grupo relativamente nordestinos, ja apresenta resultados dos mais interessantes; a0 do mesmo assunto, Virgilio Correia Filho* nfo entra em que permitam maior compreensio do mesmo, mantendo o diay de tantos outros que escreveram sobre tal questao. O contingente de nordestinos encontrado atualmente no E: do Para, segundo o Censo de 1950, era igual a 55 898 i pigs. 179 a 185. que representava quase que 50% de todo o grupo existente na Ama- zonia; dentro do contingente registrado no Para, os procedentes do Ceara correspondiam a, aproximadamente, 50% do total, ou seja, 26 912 cearenses. © segundo grupo em importancia era formado por maranhen-_ ses (13470), seguido pelos rio-grandenses do norte (6943), pa- raibanos (3671), piauienses (2265), pernambucanos (2035) e ala- goanos (602). Essa presenca do nordestino nao deixa de ser signi. ficativa, ja que muitos dos mesmos devem sua existéncia na regiao aquela atracao exercida pela Amazénia em seus periodos de grande surto econdmico provocado pela seringa. Por outro lado, e no mesmo ano, so em Belém viviam quase 7000 nordestinos dos 21 000 encon= trados nas capitais do Para, Amazonas e Acre, 0 que atesta ter havido migracao interna paraense deslocando-se o “cearense” das regides onde foi colocado inicialmente, para a metrépole da Amazénia, Se € assim no presente, quando se processou a ocupagao da Re- gito Bragantina o papel desempenhado pelos “cearenses” foi bem | maior, pois a populacdo da entao Provincia do Para era diminuta € havia falta de bragos para a explotacéo da hevea. & de se supor, portanto, que a grande maioria dos nordestinos tivesse sido emprega- da neste mister; 6, alias, 0 que se 1é sobre a Amazénia, no que se tefere ao povoamento dos vales do Jucua, do Purus e da conquista” do Acre. “Quando comecaram a chegar os imigrantes do nordeste, ja nao encontratiam a mesma facilidade para escolha de glebas no baixo Amazonas, ou por ventura o proprio impulso migratério os empurraria para terras distantes, cujo deyassamento contribuiriam a ultimar. Exploraram o Purus, o Jurua e seus afluentes, que os le- variam a desbravar 0 territério do Acre”. .* O problema parece-nos, entretanto, um pouco diferente; nfo cre- mos que aos nordestinos fosse dada a oportunidade de “escolher gle- _ bas” € muito menos no “baixo Amazonas”, nem aceitamos a idéia de que “o préprio impulso migratorio os empurraria” para o interior _ da Regi’o Amazénica, pois os “cearenses” foram colocados onde os seringalistas do Para e do Amazonas desejavam e em condigées que Se conhecem como nao muito humanas, conforme nos conta Benchimol | em seu citado inquérito.? No caso presente, a colocagio dos “cearen: ses” na Regiéo Bragantina foi uma tentativa de criar uma zona pi dutora de géneros alimenticios de primeira necessidade as portas da capital, com um numeroso grupo de nordestinos, entre os quais muitos deveriam enquadrar-se entre os classificados “agricultores” por Ben- chimol: “Sou perdido pela prantacdo. Eu vim a procura de um lugar que chova todo o ano pata poder criar ¢ prantar”.’ A maioria de 3 Correia Filho, Virgilio — “Devassamento © ocup: 2 Benchimol, Samuel — “O Cearense na Amazéni ® Benchimol, Samuel — Ob. cit. — pags, 258-: da Amaz6nia” — pég, 18 — pigs, 237-238, — 132 — ter chegado ao Para como “imigrante de improviso”; além das sécas, — as hi ace que se contavam no nordeste sobre a facilidade de “enri- car" na Amazénia @ custa de seringa e a propaganda que os alicia- dores faziam, especialmente nos centros urbanos, alcangaram grande repercussdo no seio de uma populagdo ja atormentada. + Estas sécas sucederam-se periddicamente, com caracteristicas tais, que podem ser classificadas como parciais, totais ou grandes; é 0 que nos revela Sampaio Ferraz em interessantissimo artigo. do qual reti- ramos os seguintes periodos de séca, cujas conseqiiéncias podem ter relacdes com a chegada de nordestinos na Regido Bragantina:* 5 Anos Classificagao 1845 total 1877-79 grande 1888-89, total 1891 total 1898 ‘parcial 1900 total 1902-03 parcial 1907 parcial 1915 total 1919 total 1932.33, total ; 1936 parcial 194144 grande evidente que, neste quadro, ndo foram considerados os anos anteriores a meados do século XIX; a séca nao € um fator de poy mento, embora possa atuar como “causa”, ficando 0 "boom" provo- cado pela borracha como fator determinante destas migracdes para a Amazonia, i J4 esbogamos 0 quadro sécio-econémico da grande regio + gunda metade do século passado, onde havia um desenvol nunca visto, mas de tal sorte original que, “repousando esta ridade ainda e sempre na borracha, tinha gerado uma situagdo lamen tavel de visivel decadéncia para a agricultura”* e o progresso paraen era obra da artificialidade do prego da borracha, pois “assim rava o Estado, perdendo em quantidade de producéo, mas gi em alta de prego”)? a produgdo agricola definhava e “a vida s tornando precéisia no Paré, pela elevacao dos principais género consumo. A carne era escassa...* ae 2 Fercn, J. de Sampaio — “Imingneia de uma “grande” pie 10 iu 14: z Sordiltes eee tado do Pari” — pig. 144. 4 Idem, ibidem — pag. 143. s Idem, ens ess Sng i No periodo situado entre 1890 e 1906, que Luiz Cordeiro di forma expressiva denomina “os tempos aureos do Para”, uma série de leis e projetos foram apresentados, concedendo vantagens e privile- gios, mandando construir “pontes, canais, trapiches. cais, edifi por téda parte, explorar minas, etc.”; as receitas do Estado excede- ram muitas vézes os orcamentos e houve verbas “como a da imigra. gd0, que, em um ano, excedeu a votada, quatro vézes". % Esta escandalosa fartura ofuscou a visio dos responsaveis pek Para; no que se refere a imigracao c colonizagao, “no primeiro perio do governamental da Repiblica, foram gastos 98:762 mil réis, sé contratos de imigracio”.* Esta, iniciada em 1875, com a instalacdo da colonia Benevide: iria sofrer profundas alteracoes, pois o elemento nacional era prati- | camente inexistente em tal empreendimento. Fo que se depreend da leitura de todos os relatérios anteriores a data da instalagao da citada colénia; © espirito dominante no Pari era o de empregar na colonizacao da Regiéo Bragantina o braco estrangeiro, ou, mais pa ticularmente, 0 braco europeu. Do relatério de Sa e Benevides, de 15 de fevereiro de 187 extraimos o seguinte e elucidativo trecho: “A 13 de junho de 1875, data da inauguracao da colénia, entré tam para ela 20 colonos, sendo: 16 franceses, 2 argentinos, 1 belga; déstes, existem 12. A 10 de julho entraram 46, senco: 27 franceses, 4 belgas, 1 prussiano, 5 italianos, e 9 espanhdis; déstes, existem 10. q A 10 de agésto entraram 58, sendo: 28 franceses, 21 espanhéis, 9 alemies, 4 italianos, 2 suicos, 3 ingléses ¢ 1 norte-americano; déstes, | existem 2. A 29 do dito més entraram 33, sendo: 20 franceses, 11 italianos, 1 espanhol e 1 suico; déstes, existem 2 aan No dia 1? de outubro entraram 20, send lianos; déstes, existem 6, oa ae A 7 de setembro entrou espontaneamente o colono espanhal_ Antonio Justo Leston, casado com a brasileira Antonia Alves Pereira que, infelizmente, enviuvou em 26 do dito més, declarando ela, porém, que Pecan em sua residéncia e cultura. Finalmente, em 30 do referido més, entrou tamb Prussiano Carlos Luiz Bergman, vindo de uma ‘colonia seven Os 43 colonos existentes na dita colénia, no dia 1° de janeiro tiltimo, pertencem as nacionalidades seguintes; =] 1 Idem, ibidem — pe. 152, ® Idem, ibidem — pag. 152 — 134 — Franceses 2... Belgag «ce seenev ewer: Argentinos. Ttalianos . Espanhois Prussiano Brasileiros | Reennek Os dois nacionais sao, a vitiva do colono espanhol Leston, Ant6- nia Alves Pereira, e 0 menor Gregé6rio, filho dos colonos franceses Pernarperborde e sua mulher Madame Pernarperborde, nascido na colonia em 30 de agosto de 1875".” Por éste relato percebe-se que a permantncia dos imigrantes en- trados foi muito pequena, pois que, em vez de 179 colonos, encon- travam-se na colénia, seis meses apos sua fundacao, apenas 43, ou seja, 24% do total recebido; além disso, grande era a variedade dos colonos quanto as nacionalidades, enquanto que o brasileiro primava pela auséncia: uma vitiva e um menor descendente de franceses. dividualmente destacados nas informagbes. 3 Esta situagao inicial foi completamente alterada alguns anos de~ pois, pelo que se lé no citado relatério de Mello Filho, que data de 1878. através do qual se verifica que “a estrada de Braganga, no lugar onde foi a colénia Benevides. vai atualmente se formando importante nticleo colonial de imigrantes cearenses, aos quais o flagelo da séca na sua Provincia tem obrigado a procurar éste solo de tanta uberda- de. Ali estéo cérea de 800 imigrantes, aos quais foram distribuidos lotes de terras, instrumentos agricolas e algum auxilio em dinheiro”. E, logo adiante, coneluindo 0 item referente a colonizagao, ltem-se ‘ox agradecimentos ao Presidente da Comissio de Colonizagio oe “eficaz auxilio e dedicag&o com que tem éle desempenhado o eni que lhe cometi de promover a tudo quanto € relativo ao fornecimento de socorros ao imigrante cearense ~ hi: Por ai se fae que, em menos de trés anos, mudara completa- mente a m localizado na Bragantina; ao europeu cedera o “cearense”. © ntimero de nordestinos era, por s muito elevado, principalmente, se comparando aos 43 colonos ramente localizados em Benevides, 0 que nos faz pensar numa mi cio em massa, ligada A divida 4 grande séca iniciada em 18 que se prolongou até 1 ap : EB E Dene acolheu; grande parte fol para ec bem menor, foi levada para a Bragantina, onde a 486 © anevdes, de 1876" — 2 Mello Filho, Dr. Joo Maria Corréa de terras, instrumentos agricolas e algum dinheiro”; houve da parte paraenses uma verdadeira compreensdo do fendmeno e¢ s Hse assim se procedendo, se estave socorrendo a flagelados ou retirant nordestinos Benevides foi 0 primeiro micleo colonial a recebé-los: ali e now nucleo de Pinheiro, os ‘cearenses” permaneceram pouco tempo, pois, ja em fevereiro de 1881, Gama e Abreu, referindo-se ao estado da colénia Benevides, escrevia o seguinte: “As chuvas e a abundancia no Ceara, além do natural apégo a terra natal, determinaram a saida de grande niimero de habitantes do ntcleo para aquela provincia. A cessacao dos sccorros, embora gradual, veio ainda aumentar a correna te de emigracdo; tudo isto tem produzido uma sensivel diminuigéo do. nimero de retirantes que ali existia”.' Realmente hayia passado o periodo tragico da grande séea de) 1877 a 1879 ¢ ja era tempo de regressar ao nordeste; os socorros que © Para prestara poderiam ser agora dispensados, pois nao tinkam vindo para “enricar”. A mentalidade nao difere daquela registrada por Benchimol: “Eu vim mode a séca” ‘Vim. porque me faltou trabalho" “Quando chover volto que nem ovelha a procura de | pastos Gama e Abreu interpreta bem ésse fendmeno, quando refuta orf ticas A ma administracdo da colénia Benevides. como causa dessa emie gracdo, escrevendo: ... “grande niimero de retirantes nunca quis cule dar em lotes, e quando éles hes eram entregues, os recusavam, fiane do-se nos socorros do govérno, julgando que éstes sé faltariam quando o Ceara, em boas circunstancias, permitisse 0 seu regresso: e ndo era destituido de fundemento éste modo de pensar _ © govérno do Para, socorrendo financeiramente aos retirantes, Nao conseguiu. como acabamos de ler, fixd-los ao sola; se éles recusd= vam os lotes de terras e procurayam manter-se com o auxilio gover« namental, provavelmente nem eram mesmo agricultores, Seria gente de cidade? Bstes auxilios que 0 govérno fornecia nao poderiam set tio elevados que permitissem 0 sustento dos “cearenses”; além disso, 9s prazos pelos quais cram concedidos nio deveriam ser infindavels. Ainda mesmo durante o tempo em que éstes recursos foram dados € apesar de com meus esforcos alcangar do govérno que éles durassem Por cérca de mais seis meses”, escreve Gama e Abreu, “eram éles © concedidos com a condicao de gradual diminuigdo e somente em retri- buigdo do trabalho, de modo que para uma familia era insuficiente © trabalho de duas ou trés pessoas, pagas a 600 ou 700 réis; daqui 1 Gama e Abreu, Dr, José C = 1881” — pix. 43) se a 3 Benchimol, Samuel — “O cearense na Amazonia” — pags 289 ¢ soguintes, © oGamie A ‘ oui : — pig ag, \Pret Dr. Jose Coelho da — “Relutdria de 15 de fevereiro de 1881" Relatorio de 15 de feverciro de — 136 — resultou que muitos dos que tinham lotes. com o fito em maior ganho, se aplicarem ao fabrico de borracha, recolhendo-se quando comecou o inverno e quase todos doentes”.t As concessées do govérno eram magn4nimas, mas exigiam uma “retribuigao em trabalho” e eram dadas com gradual diminuicao, for~ cando o imigrante a trabalhar para o sustento seu e de sua familia; tnas a borracha, pelo alto prego que pagava, desviou da agricultura muitos “'cearenses”, que, embrenhando-se pelas matas para sua extra- (do, no conseguiram escapar das febres ocasionadas pela malaria. Mesmo assim, 0 govérno havia gasto 94:648$181, dos quais 17:030S450 sairam dos cofres provinciais, no periodo compreendido entre 1? de janeiro de 1880 e 15 de fevereiro de 1881, apesar da te- ducdo de gastos com 0 “excessivo nimero de empregados”; todavia, referindo-se aos nordestinos, afirmava 0 tor do nucleo colonial de Benevides: “Se entre os imigrantes, aos quais se tem distribuido lotes, muitos procuram aumentar no cultivo, nao poucos nao ligam importancia ao trabalho, ou por serem essencialmente vadios ou por- que nunca souberam 0 gue foi lavoura, querendo apenas os lotes para negociar, passando-os e repassando-os por qualquer insignificante quantia e sem que disto tenha conhecimento esta Diretoria, que nao. anui a tais negociacoes, considerando, quando sabe dessas transagées, Ssses lotes como abandonados e cedendo-as a outros que melhor os tratem e que os nao tenham”* : f ‘Vé-se que € provavel que houvesse muitos citadinos pouco aoe tos a agricultura e que “nunca souberam o qué foi lavoura’”; pe - vel, também, que muitos féssem “artistas”, como os encontrou Ben- chimol: “sou artista, gragas a Deus. Dou valor a minha profissao. Gosto da minha arte. Vim porque me faltou trabalho’. Ou eram mesmo “essencialmente vadios", como escreve Jorge Sobrinho, “e pas- savam o tempo a negociar o seu lote”, passando e repassandlo-9 0 por “oualquer insignificante quantia”, & revelia da aaa ES A apégo & terra, trataya-se de uma posse temporaria; dai o desmat ania to co “grande plantio de mandioca e cana , que se processava lotes onde os “cearenses” se estabeleceram provisoriamente: Por isso, Gama e Abreu afirmava: “Nunca me persuadi que o nt- cleo conservasse o numero de habitantes que tinha, pois que nunca os retirantes deixaram de declarar que logo que as circunstancias sua provinela natal melhorassem, se retirariam - 1 Gama ¢ Abreu, Dr. José Coelho da — “Relatério de 15 de fevereiro de 1881" + Ieee ino — “ Relatirio de 15 de feve- Se ho, Antonio Bernardino — “Anexo a0 7 aio oe ith do Dr. José Sane da as ‘Abreu. — pags. XXV e XXVL 3 Benchimol, Samuel — Ob. cit. — pag. a ‘ «Jorge Sobrinhe, Antonio Bernardino — Ob. cit. — pig. XLV. . Gana. Abfed) Des José Coelho da — “Relatério de 15 de fev 1881” — pig. 44. = 187 = E os “cearenses” se retitaram mesmo; a populacao do niicleo Benevides, que chegara a registrar a entrada de 7 486 nordest viu seu efetivo humano diminuir, i Mas ja estava langado o fogo & mata e a agricultura itineran iria ser o trago marcante da ocupacao do solo pelo homem, em quas téda a Regiao Bragantina. O sertao do nordeste atravessaria a normais, até 1888-89, ¢ a migracdo para a Amaz6nia iria acompan © ciclo periédico das sécas, enquanto a borracha continuasse a ser a grande tazfo de progresso do norte brasileiro, Assim sendo, a colénia do Apett recebeu “cearenses”, a p de 1886, a de Marapanim foi criada para recebé-los e especialmer foram ali localizados nordestinos do Ceara e do Rio Grande do Norte © mesmo se passou com a colonia de Castanhal e com tédas as col nias e burgos agricolas que surgiram no iltimo qiiingiiénio do $6 passado: Santa Rosa, José de Alencar, Jambu-Acu, Santa Rita do rand, Ianetama, Inhangapi, Ferreira Pena e Anita Garibaldi. mesmo a coldnia de Benjamin Constant, situada na extremidade o tal da Bragantina, escapou as levas de nordestinos introduzidos fins do século XIX no Para. Houve nicleos, como o de Casta gue também foram criados especialmente para éste tipo de imigra tes: os de Araripe e Aped, que receberam inicialmente acorianos, Saram, a partir de 1886, a possuir populagées quase que exclusiva mente “cearenses”; 9 de Santa Rita do Carana foi fundado com: obrigago de o contratante ali localizar 50 familias “‘cearenses mesmo se passou com a colénia de Marapanim, desdcbrada em dui secées, a segunda das quais, alias, até teve o nome de José de Alencar. O fato @ que, ao chegar o ano de 1900, os nordestinos domin vam numéricamente; em José de Alencar, para 216 familias de nor. destinos, existiam trés estrangeiras; em Marapanim € 72 estrangeiras; em lanetama, 89 brasileiras niicleo de Inhangapi, s6 existiam 117 familias Garibaldi, havia 124 familias brasileiras e 33 estrangeiras; e, no ni cleo de Ferreira Pena, das 86 familias ali localizadas, 52 eram bra: leiras. Na colonia de Benjamin Constant, viviam 383 familias de no destinos, para um total de 574 familias A idéia de colonizar a Bragantina com imigrantes europeus esta va abandonada; a regio se acaboclaya, ou melhor dizendo, se “ destinizava”. Os 10 122 colonos existentes nos diferentes niicleos co 748, 0 que equivale a dizer que, Para as restantes colénias, sobrara apenas 978 colonos estrangeiros Se somarmos a éstes os 555 colonos_ — 138 — estrangeiros que viviam ent Jambu-Agu. encontramos um total de (03, ou seja, 75% dos mesmos. ‘ a Go ° exireliviatio desenfreado ¢ as queimadas, as pi dioca e milho, assim como plantagées fel ea ae fr ua a ai haga, passaram a. su i tas produ ae d Halls Gpie Hoje cla. opeerent Regiao Bragantina, transformando-a mae ne tole oe “mai ‘ormada pelo homem: a de mais repelente, como paisagem trans! ee eee zs de capoeiras raquiticas e de macegas. o§ €s eae conhedane no nordeste ie ee c a a oe = de * i 5 ae chado e a caixa de fosforos” simbolizavam bem esta agricultare pret 16 levou & decadéncia uma das mais pr o1 ‘ Slonizaqto que o Para poss, dada som vevel posi geoalca em relagao ao Estado e a sua capital. Com o dec . fneradase saldas dos nowdestinos na zeglo continuaam a aucedet- se; os jornais reclamavam contra os que se reti ae ae ‘os cearenses que se haviam refugiado no Pard por efeitos da seca do meio norte, estao correndo acodadamente em deman e ee que, em plena atividade, neste momento est movim ane ae suas fontes de vida, De Braganea € Benjamin Cc Ga iat a seus pequenos campos de cultura’ e regr a ae em “ndmero incalculavel”, ocasionando sérios psi eS per economia paraense, Tal espécie de transumancia @ longo pr ¢ veria trazer sérias conseqliéncias para a Brag ann tote - e constitui-se num de seus maiores ae mS Se ioe de cutlados na conservagao do solo, 0 espinto comere olas, a falta de cuidados na | . He a eatoe eae oportunismo de outros, levaram quase todos Pp dacao brutal das areas que ocuparam. 5 AS COLONIAS DA PORCGAO OCIDENTAL: BENEVIDES, APEu, CASTANHAL, FERREIRA PENA, GRANJA Al E SANTA ROSA No capitulo referente @ marcha do povoamento da reqido, curamos nla como se dew a ocupacio da Bragantina pelo ocasionando uma distributgdo geogratica de Joteamentos agricolas nos permitiu a possibilidace da distingdo de trés grupos de © da porgio ocidental, o da central e a da oriental. Cada grupo colénias assim delimitado possui suas caracterfsticas préprias, al de outtas comuns a t6da a Regido Bragantina, e No grupo de colénias da porcio ocidental, encontra-se o | meio niicleo colonial da Bragantina, do ponto de vista er Benevides, considerado a semente da colonizagao na regiao, — instalado em 1875. © sucesso inicial désse nicleo pode ser bem a liado pela néle existente em outubro sata Sue, de abies Si havia nenhum brasileiro. Dois anos depois, entreta rada essa composigéo, como ja se poderia tos no capitulo anterior, e a mesma era de 1 tale désses dois anos pode ser avaliada pelo seguinte quadro, que elaba ramos, baseado nas informagdes de Ernesto Cruz" e Sa Benevides Nacionalidade dos colonos Numero de colonos Out. 1875 Jan. 1876 Fey, 1877) Franceses 87 24 n Ktalianos 35 2 10 Espenhéis 3 8 2 Alemies im Ingléses 3 Surigos 3 Argentinos 2 Norte-umericano 1 Belgas 5 Prussiano. = Portugués = Brasileiros 4 1 26 Totais 180 7 Este quadro evidencia 0 fracasso da colonizacie estrangeira mal Porcao ocidental da Bragantina. ja se notando a debandada de Bom parte dos mesmos. Por outro lado, se subtrairmos ao total de colonoatt existentes em 1877 0 nimero de brasileiros, a populagao do nieleoly fica re ra a 91 habitantes, ou seja, a metade dagueles existens Em capitulos anteriores désse trabalho, ja abord: Pectos importantes relativos ao inicio da ocupac Nos ressaltar que os paraenses procuravam com ele resolver um dm Portante problema que se agravara com o desenvolvimento econ6micdh provocado pela borracha: o da alimentagio, A imigracao pareceulhes) Ser a solucio de tio grave problema; dai a chegada dos colonos frane Ceses e sua festiva colocacio em Benevi ‘acdo em Benevides. Que teria ido pi © fracasso do nicleo? ue ec ena jamos alguns as- Ao da regio; resta- : Em primeiro lugar, devemos ress Tasco colonial foram de grande uniformidade, possuindo cada um 2 a ou seja, 250 m de frente por 1 000 m de lado. fisses lotes era cee ee tees aos imigrantes, que recebiam imediatamente o ti Tete eee co, foveeme, como J acentiamos, mandava preparat . gando-os j4 com a mata parcialmente derrubada e as hab tagae i 4] tagées construidas. Em principio, parece-nos que os trabalhos prell inham sido feitos; além disso, garantia-se aos colonos tfil Itar o fato de que os lotes do 1 Cruz, Ernesto — “A Estrada de Fer # Sie Benevides, Dr. Francisco C de 1876" — pigs! 49’ 50 Oe ro de Braganea” — pfg. 8. a de — “Relaidrio de 1S de feve — 142 — certa assisténcia do Estado durante os seis primeiros meses, forne- cendo-lhes éste instrumentos agricolas, sementes e alimentos. As razées do insucesso devem ser outras; nao foi suficiente bus- car os primeiros imigrantes franceses no sul do Brasil, pois, pelo que se le na imprensa do Para, grande era o nimero de artistas entre os imigrantes e poucos os verdadeiros agricultores.” Alem disso, 0 desenvolvimento das condigées qeograficas do meio tropical e as dificuldades encontradas até para a colocacéo de seus produtos no mercado de Belém, devem ter contribuido. podero- samente, para o fracasso da colonizagao estrangeira, pois a colonia se encontrava isolada em plena mata yirgem, a mais de nove quild- metros do pequeno pérto fluvial do Benfica, através do qual se fazia ligagao com Belém, A entrada do colono nordestino nao deu os resultados esperados pelos paraenses de um “futuro Feliz que da lavoura deve resultar para © Para — dotado de gigantesca natureza — a necessidade de fazer medrar essa inddstria tao descurada na provincia”? pois os “cearen- ses” ndo contribuiram para a efetiva ocupacao do solo, de maneira permanente e definitiva, conforme ja assinalamos no ultimo capitulo. ‘A derrubada da mata eo conseqiiente comércio da madeira eram im- portantes na colénia, da qual um diretor informava ao Presidente da Provincia as intmeras dificuldades por éle encontradas nas adminis tracées de seus antecessores, através das quais se verifica ter havido uma série de falcatruas, que lesaram 0 tesouro da Provincia. Havia, portanto, uma certa desonestidade por parte da administragao da co- lonia, cuja desorganizagdo era evidente, e nela deve ser encontrada, também, uma das causas do fracasso da colonizagao; 0 govérno vincial gastara cérca de sessenta contos de réis, em 1880, em obras relativas a construgéo de uma estrada, que ligasse a colonia ao porto de Benfica, construgao de pontes, assentamento de trilhos, etc. de um total de noventa e seis contos dos gastos efetuados. Nela viviam 7486 colonos e jA existiam 985 ea muitas das ae ae cobertas por telhas de cavaco; os lotes rurais eram em numero 572 e os tips (povoados do Carmo e Santa Isabel), 100. A maior concentracao de lotes rurais verificaya-se junto 4 linha Fortaleza ou Estrada de Braganga, onde ja existiam 104 distribuidos aos colonos. Huncionavam no ntieleo quatro escolas, com 311 alunos, que as fre- giieniavam com irregularidade, em virtude das migragées dos pais rumo aos seringais. Ainda neste ano de 1880, informava o diretor do niicleo que o comércio tinha sua agdo diminuida e que o ntimero de casas comerciais estava consideravelmente reduzido, pois que nham-se com o dinheiro distribuido aos trabalhadores” € como tit io do Grilo Para”, de 30 de abril de 1875. it ae ‘Francisco Maria Corréa de — “Relatério de 15 vereiro de 1876" — pig. 45. — 143 — havido “redug&o das verbas votadas a sustentagao déste nucleo”, alén do “lancamento dos impostos” talyez houvessem estabelecimentos €0s merciais, que nem tivessem chegado a ter lucro, O mesmo informar te deplora a auséncia de “rapidas vias de comunicagao déste nicleo % capital”, “causa unica”, a seu ver “de se nao ter o mesmo ai consideravelmente. Por outro lado. a agricul grande plantio de mandioca e cana, o que se explica pela preseng de nordestinos, sem que fossem as mesmas bem aproveitadas para’ industrializa¢ao, devido a nao haver engenhos suficientes para moe a cana, nem bom preco para a farinha; o café e 0 cacau sao citat como tendo alguma plantacao. Jorge Sobrinho, o informante de que nos estamos valendo, | menta que houvesse aliciadores, enviados por seringalistas, atua no nitcleo, de la retirando colonos e levando-os para a regiao ilhas, onde os mesmos eram explorados, “nao ganhando alguns n para © seu regresso a colénia”, tendo muitos voltado “mais pobres’ que foram e outros prejudicados na satde e bem arrependidos de terem preferido o trabalho em seus lotes”. Disso tudo, esperava diretor que os nordestinos verificassem 0 resultado a que cheg aquéles “que nao firmam uma residéncia certa e mudam quotidian mente de profissao”, o que naturalmente deyeria servir de aviso par “nao mais serem enganados”, Pelas informacoes ainda contidas seu relatorio, yé-se que havia quem procurasse melhor utilizar a t como o colono italiano Miguel Monte Fusco, que encomendow engenho para fabricar acticar e aguardente, ou como o colono fra A. J. Narcise Viens, que era “o primeiro animador de engenho: vapor no nicleo, de cujo estabelecimento tem tirado vantagens, fae bricando bastante aguardente e tencionando aumenté-lo para fab car agicar’’, ou ainda, como o Dr. Martinho Domiense Pinto Bré que, através de propaganda, convidava os colonos para grande p tio de cana “para ser desmanchada de sociedade em acticar € agi dente’ Também um brasileiro, Joio Francisco da Silva Ledo, p suia “um engenho de ferro trabalhado por animais, em o qual fabeled nao pouca aguardente”. A éstes quatro. devem-se juntar “dois so} veis engenhos de madeira”, pertencentes aos nordestinos Rufino J de Barros ¢ Ignacio Alves Facanha, além de “algumas pequenas @ genhocas de madeira, em as quais fabrica-se alguma rapadura mel”.* : Esta eta a situacao da colonia que atravessava um periodo di | certa “animacao”, apesar do exodo que sempre se verificara: tal " magao” era explicada pelo citado diretor como um ee Bite a conseqiiéncia ligacdo terrestre entre a colonia e 0 pérto de Benfi ica, que permiti 1 Jorge Sobrinho, Antonio Bernardino — “Nijcleo Colonial de Sobr _ cleo ial de N. de Benevides” — anexo ao Relatério de 15 de ieee de 188 Coelho da Gama e Abreu — pig. 47. ‘ = 144 — xportagao para Belém da pinga, da rapadura e do melado pro ; capone Benevides, © responsavel pelo nacleo vaticinava a volvimento, quando houyesse ligagao ferroviaria do poyoado ce Sa Isabel até a capital, pois que assim se iriam diminuir os gastos dos colonos, ja que “o frete ou carreto nas carrocas € as vézes igual ao custo dos géneros”.* ee jimos, entretanto, que tal no aconteceu e nem mesmo a ferrovia pode suportar o eneargo, ja que nao hayia o esperado frete da zona Colonial, Mesmo assim, a esperanga dos que estavam em Benevide levou-os a apresentar ao Dr. Gama e Abreu um seohed ee S citando isengao de impostos prone e et erties i ticaio competente, que achaya que smente o colon - wea everia pages, pols era © unico em condigies de faz, 0 Presidente da Provincia declarava que “o proprio ‘Monte nae deve ser isento, pois, se éste colono tem um estabelecimento ciel que outros, € éle o fruto de um trabalho incessante, insano, 2 anos; éste homem € 0 simbolo do emigrante itil ao pee ° 7 pois, no comércio e na agricultura, OR ae bragos, m, além dos proprios haveres aumentados, ¢¢ Sino. a seguit-o seu exemplo, fazend frufiear @ solo, © em pnuco pretende montar maquinas para a sua indistria agricola” Por ai se vé que, no Para, havia justice we reathes oe i: do colono da Bragantina; a inauguracao da Ceo eae éxodo dos nordestinos debilitaram * tea ce Sas, aves que, em 1899 e 1900, ja quase mais an : i vila de Benfica. A co- ‘ovoados do Carmo, Benevides e a decadente Tonia de Benevides nen consta das oie de pay ae foram emancipados em 1902; féra um comp! fracasso tenta- ‘fen de colonizagéo oficial no Para ¢, em DS cae eee mio organizaram colonizagaéo alguma, quando, ae Se ctatel AEE: a ter participagiio em projetos de tal natureza. ee ie maneceram tragos, ro Mere Se e an 4 linhas coloniais, a prineipal das ae acommanhada atualmente pela ferrovia, junto & local des. A topografia plana do lugar favoreceu qu todos os lotes, salvo alguns poucos, ae: 4 centes dos lorcie a igarapé cane am, aqueéles lotes situados nos limites ve aes HPeckos lovallzados emi varreas A. principal 1 Idem, ibidem — pig. 47. - 2 Gama e Abreu, phos Coelho da — — pig. 45.

Você também pode gostar