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A necessidade da leitura de pequenos sinais analdgicos (pio- venientes de sensores e transdutores) é muito comum no meio industrial. Temperatura, umidade e campos eletromagnéticos s30 apenas alguns dos fatores que influenciam o funcio- namento de uma maquina, Por outro lado, é ineri- vel como, com apenas um pequeno amplificador operacional podemos monitorar essas grandezas, e gerar pequenos sinais de controle muito tteis ao téenico (ou usuario}. Quando falo sobre esse assunto estou me referindo a relagao custo-beneficio de um instrumento dedicado a analise de uma gran- deza, e um pequeno citcuito que pode ser tdo eficiente quanto ele (dependendo do caso), Por exemplo: Qual ¢ o instrumento cldssico para medir-se EMI? Resposta: O enalisador de espectio. Segunda pergunta: Vocé precisa, efetivamente, medir.a EMI, ou apenas detectar se ela esta ou nao em um nivel aceitavel? Bom, se 0 caso for “medir”a EMI, vocé precisa de um analisador de espectro (que pode custar cerca de US 10.000,00), mas, se vocé necesita apenas verificar se 0 nivel de EMI é ou nao aceitével, um pequeno circuito de U$ 10,00 po- dera resolver 0 caso. 0 objetivo deste artigo é proporcionar ao loitor algumas idéias praticas utilizando am- pliticadores operacionais, que podem resol ver varios problemas comuns na industria de forma simples e, principalmente, econd- mica. Para que o leitor possa aproveitar melhor essas idéias, vamos fazer antes uma revisao objetiva sobre amplificadores operacionais. Boa leitura! Alexandie Capelli SABER ELETRONICA Nt 9424JULHO/2001 DEFINIGAO DE AMPLIFICADOR OPERACIONAL © ampiificador operacional (que doravante ser chamado"A. O°) foi ari ginalmente desenvolvido para execu far operagées matematicas, dato seu nome “operacional’. Com 0 surgimen- to da tecnologia digital, esse tipa de Uitlizagaio deixou de ser interessante; por auto lado, o A.0 tornou-se um dos principais componentes para trata- mento de sinais analogices. Aidéia do amplificador operacional 6 antiga. Na 6poca das vélvulas, um amplificador operacional era cons: ‘ruido com 14 valvulas triode, Com 0 desenvolvimento dos semicondutores, alguns A.Os eram circuitos formados por 20. transistors @ algumas deze- nas de outros componentes. As pes: quisas para o desenvolvimento de um Circuito integrado como amplificador ‘operacional ganharam énfase na cor- fida espacial. Em 1967, a Fairchild construiu o primeiro A. O.como um Cl: © LA 702, Esse foi o primeiro A.O a ir paraa Lua, em 1969. Pouco tempo depois, a National aperfeicoou o projeto, 8 criou o uA 709, mais versatile robusto, Na época, esse Gl era vendido por US. 75, 00 cadal Na verdade, varias empresas to- maram parte no desenvolvimento do amplificador operacional. Dentre elas podemos citar: Zeltex; Burr-Brown; Nexus; Philbrick; Fairchild; © National Atualmente podemos encontrar centenas de tipos de amplificadores operacionais no mercado, © a maioria doles custa menos de US 1,00. Uma das aplicagbes mais comuns para 0 A. 6 como conversor anals- gico f digital, que é 0 “elo”entre os si- nais analégicos extemos (sensores) & acPU. Fisicamente, 0 A.O & um circtiito integrado ultlizado como“amplificacior” de tensdes, 0 simbolo do A. pode 24 = entrade no iversore 3 = antraca inversora Fig. 1 - Simbolo do arnplticador oeracional SABER ELETRONICA N? 842.JULHO!2001 2a Ba. Ser visto na figura 1, onde também encontramos a descri¢ao dos seus pinos basicos, Eletricamente, 0 A. comporta-se ‘como um amplificacor diferencial, isto &, sua saida é dada pela expressao: Vo = A (W(H}-V()), onde: Vo = tensdio de saicla ‘A= ganho V+ =tensdo da entrada nao inversora \- = tensao da entrada inversora, Nos préximos tGpicos deste artigo ‘estudaremas as diversas formas de se calcular 0 ganho. Antes de abordé-los, entretanto, vamos analisar 0 compor- tamento dindmico de um A.O através do exemplo da figura 2. A entracia V+ (nao inversora) tem uma fonte de tenséo senoidal, ja a entrada V- (inversora) é alimentada com um sinal quadrado. Suponha que 0 ganho para essa configuragaio seja 1 (A = 1 — nao amplifica e nem atenua a tensao). Como seria a forma-de-onda na sai- da? Para responder essa questo va- mos decompor em pontos as duas for- mas-de-onda da entrada do A. O, em fungéio dos pontos de interseccao & maximas (ou minimos). Para cada ponto vamos ulizar a expresséo ten- sao de saida do A. O: Vo=A(V+-V). Como a ganho (A) é unitdrio,entao teremos: Vo = V(4}-VO) Ponto 0: Iniciaremos nossa andlise pela ori- gem dos eixos coordenados. Nesse ponto o valor da entrada no inversora é OV, ea entrada inver- sora ¢ igual a“a'volts. Fig. 2 - Salida diferencial do A.0. Aplicando a expresso Vo = A (¥(r}-V)) teremos: Vo = 1 (O-a) =- a. ‘A saida para ponto 0, portanto, ¢ igual a -a Ponto 1: No ponto 1 temos V+ =a, e+ portanto: Vo = (a-a) Vo = OV. Ponto 2: Oponto 2 apresenta V+ =2.a, eV =, portanto : Vo =1 (2 a-a) Vo =a, Ponto 3: Novamente temos V+ “A, portanto: Vo = 1 (a-(-a)) Vo=2a Ponto 4: Q ponte 4 tem V+ = 0, @ V- portanto: Vo = 1 (O-a) Vo=-a Ponto 5: No ponta 5 temos uma situagdo invertida quanto a polaridade, isto 6, V4=-2,@\' =a, portanto: Vo = 1 (2aa) Vo=-3a. Ponto 6: Temos V+ to:Vo=1 (a Vo = 0 volts. -aev- a) a, portan- A anélise dos demais pontos sera andloga. Cabe lembrar que a configuracao para ganho unitario ndo é a apresen- tada na figura 3, contorme veremos mais adiante. © ganho 1 foi atribuido apenas para facilitar 0 entendimento do com- portamento dindmico de um.A. O, ten- do em vista sua natureza diferencial. A.O IDEAL E A.O REAL Quando utilizamos A.Os, sempre 08 consideramos como componentes ideais, isto 6, sem perdas, limitages de freqiéncia ou ganho. Embora o ‘componente real possua limitagoes {isicas, elas nao sao significativas na “Wogica’do projeto, mas sim, na esco- tha do melhor tipo de amplificador ‘operacional. Para melhor compreen- so desse conceito, vamos analisar as caracteristicas do A. O ideal. A) 0 AO ideal deve ser um com- Ponente linear, isto é, nao saturar. Essa ¢ a razao pela qual sua tenso de saida 6 expressa por: Vo = A (V(+)- V(). Tal expressao no é valida nos pontos de saturagao. Para que 0 A.O Soja puramente linear, ele deve am- pliicar apenas a diferenga dos sinais da entrada, e nunca o sinal comum as duas. Essa caracteristica, que sera es- tudada neste artigo, denomina-se MRR (Common Mode Rejection Ratio) ou razao de rejeicéo de modo comum. B) A impedancia de entrada de um AO ideal 6 infinita, isto 6, Zi = =, Isso significa que nao ha consu- mo de corrente pelas entradas do A.O, fazendo com que esse componente no interfira nos sinais aplicados a ele. Apenas como exemplo pratico, essa 6 uma caracteristica fundamental nos Circuitos utilizados na instrumentagao eletronica. C) OA. Oideal tem impedancia de saida nula, ou seja Z out = 0. Fisica- mente, isto quer dizer que, indepen- dentemente da intensidade da corren- te elétrica drenada pela sua saida, nao haverd queda de tensdo interna no AO. D) Aresposta em freqléncia de um A. O ideal deve ser ilimitada, isto 6, seu ganho néo deve variar em fungao da freqiiéncia do sinal E) O ganho do A. O ideal ¢ infinito Aze, “Mas, para que devo saber as ca- racteristicas de um A. O ideal se ele nao existe Dependendo da aplicacao, uma ou outra caracteristica do A.O real é mais significativa, Vamos a um exemplo pré- tico: Caracteristicas do A.O 741: a) razao de rejeigo de modo comum =90dB b) impedancia de entrada (Z in)=107 ©) impedéncia de saida (Z out) = 75.2 4d) frequéncia média de trabaino =100 kHz e) ganho = 200. 000. Notem que nenhum dos parame- {ros apresenta o valor ideal, mas mes- mo com as limitagdes de um A.O real, podemos escolher 0 tipo mais indica- do para nossa aplicagao, tendo como referencia os valores ideais. Ainda falando sobre exemplos pré- ticos, imaginem um circuito que deva ‘operar em 1 GHz. Com certeza, 0 Cl TA1 n€o 6 © componente indicado para esse citcuito, e nesse caso um AO para frequéncias mais altas seria necessério. Por outro lado, se estivés- semos monitorando um sensor Hall em 10 kHz, e que fornecesse 1 mV de salda, para um circuito de leitura operando com 10V, 0 Cl 741 serviria para amplificar esse sinal em 10.000 vezes para estabelecer um elo entre esas etapas, GANHO DO A. OE TERRA VIRTUAL Um dos conceitos “polémicos"nos cursos de Eletrénica é o “terra virtu- al’, também conhecido como “curto- Circuito virtual”. Por experiéncia pré- pria, sei que esse topico costuma transformar parte da nota nas avalia- des de eletrénica aplicada em uma Parcela também'virtual’, Para uma melhor compreensaéo desse assunto, vamos considerar 0 A. O como sendo ideal, portanto, a ex- pressdo: Vo = A (V(+) - V (-)) 6 valida, © que significa que ele € um compo- nente perfeitamente linear. ‘Como ja dissemos anteriormente, para um A..0 ideal 0 ganho ¢ infinito (A=~). Por outro lado, uma outra for- ma de esorever a expressao da ten- 0 de saida do A.O 6 vie) -V Como A =<, e qualquer numero dividido por infinito tende a zero, tere- mos: ViH}-V() = Vo = 0. E, portanto: V+ = V-. “Mas, o que isso tem a ver com terra ou curto-circuito virtual?” Ora, pelos calculos acima pode- mos notar que o potencial da entrada do inversora (V +) é igual ao da in- versora (V -). Eletricamente, quando um ponto do circuito tem o mesmo potencial de outro ponto ¢ porque eles estao liga- dos, ou seja, em curto-circuito. Normalmente, quando colocamos dois pontos de um circuito em "curto” temos uma corrente circulando. Alias, esse 6 o conceito de curto-circuito, isto 6, a presenca de uma corrente elétri- a no condutor na auséncia de dife- renga de potencial (ddp = tensaio = 0). Porém, na prética, observamos que nao ha corrente circulando entre as entradas do A. O, e esse ¢ justamen- te 0 motivo pelo qual atribuiu-se o ter- ‘mo “curto-circuito virtual’, pois embo- ra.comas entradas em “curto", no ha corrente. Outro modo de analisar esse fendmeno pode ser visto através da figura 3. ‘Como veremos mais adiante, esse circuito € um amplificador inversor, uma configuracao muito utiizada nos circuitos eletrénicos em geral. Notem que a entrada nao inversora (V +) esta aterrada, portanto, V + = 0. Mais uma vez aplicamos o termo'virtual’, visto que embora essa entrada tenha o mesmo potencial do terra (zero volt), no temos corrente circulando por ela, Portanto é um’terra virtual”. CONFIGURAGOES: BASICAS Os amplificadores operacionais podem operar em uma enorme varie- SABER ELETRONICA N° 342\JULHO/2001 dade de configuragdes. As mais co- muns sao: amplificador inversor; nao inversor; somador; integrador; diferen- ciador; e comparador. A) Amplificador inversor: A figura 4 mostra como devemos ligar um A.O para que ele funcione como amplificador inversor. Fig, 4- Ganho do ampiticadr inversor. Nessa configuragéo, seu ganho é dado por -R/R,, € 0 sinal negativo significa que ha uma inversao de fase de 180° da saida em relagao a entra- da, ‘Aplicando ainda o conceito de cur- to-circulto ou terra virtual, fica facil entender o porque do ganho (A) pode ser expresso por-R/R, Entende-se por ganho de tensao de um amplificador a razao entre a tenséo de salda e a tensao de entra- da, isto 6, A. Vout. Vin ‘Como a impedancia de entrada do ‘A.O pode ser considerada infinita (na pratica ela varia de 10° a 10° 0), a Corrente da fonte de tenséo V in pro- duz uma corrente (1.,) que é igual al , Por sua vez a corrente I,, pode ser expressa (lei de Ohm) por 1, = Vine () » Vin RR. (VQ) = 0), Analogamente 11, -VO-V out, =Vout R R VG) = 0 (terra virtuar’ SABER ELETRONICA NP 342\JULHO/2001 Como |, é igual a |, teremos: Vin. =Vout, R, R eportanto Vout _ Vin onde Vout = ganho = A. Vin “Como um A. 0 na configuracao de amplificador inversor comporta - se dinamicamente?” Observando a figura § podemos ver um exemplo pratico onde 0 A. O, alimentado com uma fonte simétrica de + 15 V, possui um sinal de entrada alternado de 2 Vpp aplicado a sua ‘entrada inversora, Notem que a forma- de-onda da saida, amplificada em 10 x, esta defasada de 180? em relagao a entrada, Essa 6 a principal caracte- ristica da entrada inversora. ‘Vout = 10(2Vpp - 0) = 20Vpr%pico-s-pico) Fig. 5 - Comportamento indica do ampliicadorinversor. Outro fator muito importante a ser considerado quando desenvolvemos circuitos com amplificadores operacio- nais 6 0 ponto de referéncia. © ponto de referéncia de um A. O depende do potencial aplicado a sua entrada nao inversora. Aliés, alguns autores atribu- ‘em 0 nome dessa entrada como en- trada de referéncia. A figura 6 ilustra o mesmo exem- plo da figura 5, porem, operando com uma nova referéncia de 3 V. Podemos notar que 0 ganho, de- fasagem e forma-de-onda da saida permanecem os mesmos, entretanto, a saida agora tem um nivel CC de 3V agregado, isto é, sua reteréncia (treshould) agora € 3 Vec, e nao mais 0 volt. ‘zener 3 V Fig. 6 - Ponto de referéncia do A.. A referéncia do A. O deve ser oui dadosamente analisada no desenvol- vimento de circuitos, pois ela esta “intimamente'ligada ao limite da ten- so de saida do amplificador opera- cional. A figura 7 mostra como a for- ma-de-onda de saida ficaria se o cit- cuito da figura 6 tivesse uma referén- cia de 6 Vee (a0 invés de 3 Voc). Fig. 7 - Sentide "Celfada’ Notem que a sendide de saida foi *ceifada’, pois ultrapassou o limite superior de alimentagao do A. O. Na pratica, 0 A. O real possui uma limitagao da tensao de saida ligeira- mente menor que sua alimentacao (aproximadamente 2 Voc). Isso ocor- re devido a perda interna do compo- nente (impedincia de saida). B) Amplificador nao inversor: O amplificador ndo inversor é ou- tra configuragao muito utilizada na ele- tronica. As principais caracteristicas desse circuito sao: Sinal de saida em fase com a entrada,e o ganho nunca pode ser menor do que 1 Aplicando sinais pela entrada nao inversora, a saida amplificada estard em fase com a entrada, e 0 ganho dessa configuragao é dado por: Av=1+R JR, Notem pela formula que, por me- nor que seja a razéo RJR, (zero, por ‘exemplo), 0 ganho permaneceré (no minimo) unitario. Esse tipo de circui- to, portanto, nao pode atenuar sinais (Av menor que 1). Observando a figura 8, e conside- rando 0 A. O como ideal, ao aplicar- mos 0 conceito de “curto-cirouito vir- tual’, fica bem facil determinarmos a expresso do ganho. ‘Como |, =|, (impedancia de en- trada do A. O infinita), e 1+ = 0 (pela mesma razao), temos: A, R, 1, =VGVout . Vin-Vout R, R, Vin R Az1+By +A A figura 9 apresenta um exemplo +124 +10} 4 a a t 10 An ag -12V}-— 10 pp * 10 =20Vpp Fig. 9 - Dindmica do A.O nao inversor, do comportamento dinamico dessa configuragao. “Como posso atenuar um sinal sem Inverter sua fase em relaco a entrada?” Nem sempre (aliés, quase nunca!), conseguimos “tratar’um sinal confor- me desejado com apenas um A.O. Imaginem que em determinado cir- cuito 0 sinal de saida deva ser 1/3 do sinal de entrada, e com mesma fase. Como o sinal de saida deve ser menor que 0 sinal de entrada, signif ca que nosso amplificador deve func! ‘onar como atenuador, ou seja, seu ganho deve ser menor que 1. Imedia- tamente, sabemos que uma configu- rag&o néo inversora néo poderé ser ‘ada, pois seu ganho minimo é igual a 1 (Av = 1+ R JR, portanto, ‘mesmo que R., Seja zero, Av sera igual at). Por outro lado, a configuragao in- versora pode assumir valores de ga- nho menores que 1 (A =-R., /R,), Po rém a saida do sinal ser defasada de 180° em relagdo a entrada Isoladamente, nenhuma delas ser- ve. A figura 10 mostra como podemos resolver o problema de modo bem sim- ples, utilizando dois operacionais em cascata (saida de um na entrada de outro). Notem que o primeiro deles tem © ganho igual a 1/3, o que atende a primeira necessidade do"projeto Embora com o sinal atenuado de- vidamente (ponto A), sua fase esta invertida, Para voltar a mesma fase do sinal de entrada, basta inverté-la no- vamente. ‘A segunda etapa do circuito faz exatamente isso, pois trata-se de um amplificador inversor com ganho uni- tério. A tenséo no ponto B est atenu- ada (1/3 da tenséo de entrada), e com mesma fase. Fig, 10 - Ampiificado- Tes em cascata ‘SABER ELETRONICA N° 342/JULHO/2001 C) Comparador de tensdo: Nés jé podemos concluir que, para controlarmos 0 ganho do operacional, temos que ter um resistor de realimen- tago (R,). A razao entre esse resistor eo resistor de entrada (R,)determina o ganho do circuit. Quando construimos configu (ges desse tipo, izemos que o circ esté em “malha fechada”. Fica facil entender como 0 ganho cde um ampiificador operacional torna- seinfinito (idealmente’ falando) na au- séncia do resistor de realimentacao R,, isto 6, em’malha aberta”. A figura 17 fornece um exemplo de um ampli- ficador inversor utiizado em malha aberta. O ganho dessa configuracao 6 - RR, portanto nao havendo R significa que R, tem resisténcia infini- ta(R,, =~). O ganho, entéo, é igual a Independente do valor de R,, 0 ganho serd sempre infnito, pois inf rito dividido por qualquer ntimero con- tinua sendo infinito. Ora, dinamica- mente, como 0 ganho é infinito, en- tao, a tensao de saida também ten- derd a infinito pois V out = V in, Av, € Ay =o. Portanto: Vout = Vin = <3 Vou Eo que significa saida com ten- so infinita para 0 A.O? Significa que o limite da tensao de saida sera estabelecido pela fonte-de- alimentagao do A. O. Resumindo, quando um A. O esté em malha aber ta, na sua saida, ou temos a tensdo minima da fonte, ou a tenséo maxi- ma. Nesse caso 0 A. O trabalha como um transistor no corte ou saturagao. Nesses pontos 0 A. O deixa de serum componente linear. Ainda no exemplo da figura 17 podemos notar que o fator determi- ante para a saida estar em + Vcc ou zero volt é 0 maior potencial aplicado 4¥eP Ry +5 45Vv call 1ko| Vout SABER ELETRONICA N? 342\JULHO/2001 em cada entrada. Caso 0 maior po- tencial seja o da entrada nao inverso- ra, a saida estar em + Veo, caso 0 maior potencial seja 0 da entrada in- versora, a saida estar em - Voc (ou zero volt para fontes néo simétricas). Essa configuragao é muito ttl, pois podemos estabelecer a tensdio de sa- ida, segundo uma comparagao de duas tensdes na entrada do A. O. Esse 6 0 motivo pelo qual o nome da confi- guracdo em malha aberta é “compa- rador de tensao”. Notem que a tenséo adotada como referéncia no exemplo foi 1 Vcc. Toda vez que o sinal senoidal aplicado na entrada inversora assumir valores. maiores que 1Vcc, a saida do operacional estar em 0 volt. Toda vez que esse sinal for inferior a1 Vcc, a saida estaré em 5 Voc. ‘Além de comparar duas tens6es, essa configuracdo converte sinais analogicos em digitais. O proprio circuito da figura 11 é (na esséncia) um conversor A/D de 1 bit. Como nao existe um A.O ideal, pode-se notar que a transigéo de 0 para 5 V, na realidade, nao ocorre de imediato. O tempo que 0 A.O demora Para responder a variag&o do sinal gera uma inclinagao ( rampa) nas bor- das da forma-de-onda. Essa caracte- ristica é denominada “slew-rate” taxa de inclinagao), e quanto menor ela for, maior a freqéncia que 0 componen- te podera trabalhar. Ainda levando em conta as limitagdes do A.O real em relagao ao ideal, se montassemos 0 Circuito da figura 11 de fato, observa- rlamos que nunca a tensao de saida atingiria 5 Vcc. Na verdade, ela seria ligeiramente menor, pois, devido a impedancia de saida, temos algumas perdas internas no AO “tamanho” dessa perda depen- de do tipo e do fabricante do compo- nente. "Fig. tt - Comparador de tens. eave) Vout i C ‘vy <¥e) Nano Vout = <0 (4Vpp) eur masno =v Vout minimo = cy | (oulso oe) Fig. 12 - Circuito itegrador. D) Integracior: A figura 12 ilustra um circuito mui- to utiizado na indéstria, que ¢ 0 am- plificador integrador. Podemos notar que, no lugar do resistor de realimen- taco, temos um capacitor. Isso signi- fica que no decorrer do tempo, 0 ga- nho dessa configuragao mudard, pois, inicialmente, o capacitor esta descar- regado. Quando o capacitor esta des- carregado ele comporta-se como um curto-circuito, isto é, R, = 02. Porém, 0s poucos, ele inicia 0 processo de carga, e sua “resisténoia” aumentara segundo uma constante de tempo dada por 1 / oRC. Fisicamente, ¢ como se ao invés de colocarmos um resistor fixo R,, colocéssemos um potenciémetro R,, © qual teria sua resisténcia aumenta- da proporcionalmente & rotacéo do seu eixo. Dessa forma 0 ganho au- mentard até atingir 0 valor de infinito, © que ocorrera quando 0 capacitor estiver totalmente carregado. A tensao de saida dessa configu- ragao pode ser dada por Vout= - 1/—AC [Vin dt + Ve (0). Na prética, esse circuito é muito utilizado nos acionamentos de moto- res elétricos, e faz parte das malhas de controle Pl (Proporcional e Inte- gral) e PID (Proporcional Integral e Diferencial), onde necessitamos que @ poténcia nado seja entregue de ime- diato ao motor, tanto na partida como nna reverséio do movimento. Com esse tipo de controle, podemos “atrasar” (através de uma rampa) o ganho da malha de controle, fazendo com que ‘© motor parta de modo suave, respei- tando as limitagdes elétricas da insta- lagdo, e as mecénicas da inércia da carga.

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